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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9079: (Ex)citações (157): O sentido da expressão "assassinos de Mampatá" (Mário Pinto, CART 2519, 1969/71)

1. Comentário ao poste P9059, colocado por Mário Pinto (de seu nome completo, Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519, "Os morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71):

do Mário Pinto Caros camaradas:


A Cart 2519 a que eu pertencia quando se instalou em Mampatá por volta do fim de Agosto de 1969, depois da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa,  de má memória, recebeu como missão interceptar as colunas do PAIGC no corredor de Missirá que se deslocavam de Sul para norte via Nhacobá-Uane-Xitole.

Para cumprimento desta missão todos os dias um Grupo de Combate reforçado fazia emboscada no dito corredor em quanto outro Gr Comb patrulhava as imediações perto do corredor.

Neste contexto de acção foram diversas as vezes que interceptámos as colunas do PAIGC que na sua maioria era composta por carregadores civis, (população nativa controlada pelo PAIGC,) que se tornaram vítimas da guerra por força das circunstâncias do fogo aberto por nós quando caíam na zona da emboscada.

Era habitual depois da emboscada fazermos aproximação e reconhecimento ao local para recolher o material e feridos do IN se os houvesse e confrontarmo-nos com a realidade da acção.

Fomos também muitas vezes apeliados de ASSASSINOS pela Rádio Conakry, julgo que era norma o trato dado a todos nós pelo PAIGC quando tinham baixas.

Por isso acho que o termo Assassinos de Mampatá, a meu ver,  é um termo mais antigo que a CCAÇ  3326, herdou quando rendeu a minha Companhia em Mampatá.

Quanto á expressão: "Quando chegámos a Mampatá entrámos a matar, naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistámos"... 

Camaradas, lamento dizer mas não é correcto e posso confirmar pelos relatórios que tenho em meu poder.

Toda a Zona era complicada, sim, mas dominada pelas nossas forças que se movimentavam por toda a ZA causando vários desaires ao PAIGC, conforme se pode ver nos documentos e Historial da CART 2519. Agora julgo existir aqui é uma discrepância, pois como é sabido que as condições apartir do segundo semestre de 1971 tornaram-se mais duras e cresceram de intensidade por força de uma acção mais forte das tropas do PAIGC.

Posto isto...

Um abraço

Mário Pinto


PS - Em poste de 4 de Agosto de 2011, publicado no seu blogue (CART 2519 - Os Morcegos de Mampatá), o Mário Pinto informa o seguinte:

"Informo todos os Morcegos que já tenho pronto vários livros em Fotocópias do nosso Cap Jacinto Manuel Barrelas  Há Sangue na Picada. Quem o pretender deverá fazer o pedido para o meu email, pintanof@gmail.com ou pelo telm 931648953. O mesmo será enviado gratuitamente para a morada indicada pelos camaradas" .
____________


Nota do editor:

Vd. último poste da série > 15 de Novembro de 2011 >  Guiné 63/74 - P9046: (Ex)citações (156): A recensão a Pami Na Dondo foi feita não ao livro mas à pessoa do autor (Mário Fitas)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9059: Memória dos lugares (163): Mampatá saúda Mampatá (António Carvalho / José Câmara / José Eduardo Alves / Mário Pinto)

Região de Tombali > Mampatá > Uma foto aérea de povoação e aquartelamento.
Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .


Comentários deixados no Poste 9052*, referente à apresentação à tertúlia do nosso novo camarada José Santos que foi 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro na CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1071/73:

1. Do nosso camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto foi Fur Mil At Art na CART 2519 (Os Morcegos de Mampatá), Buba, Aldeia Formosa e Mampatá,1969 a 1971:

Caro José Santos
Em meu nome e da Cart 2519, Os Morcegos de Mampatá, dou-te as boas vindas ao nosso convívio.

Como deves estar lembrado a CCAÇ 3326, foi a Companhia que rendeu a minha em Fevereiro de 1971. Nesse altura metade da minha Companhia seguiu para Bissau via Buba, através de LDG, ficando 2 Gr Comb em Mampatá, um dos quais o meu.

Na primeira saída que fiz com vocês para o corredor de Missirá, tiveram o vosso baptismo de fogo num forte contacto e onde a CCAÇ 3326 teve os primeiros feridos e o IN 2 mortos e algumas baixas. Como resultado, vocês tiveram o o vosso primeiro material capturado (ronco).

Mampatá encontra-se no Blog, bem documentada, em períodos distintos conforme as unidades que por lá passaram sendo o período com menos informação o ocupado pela CCAÇ 3326 (1971/72). Convido-te [para o fazer], se puderes e estiveres interessado, para assim conseguirmos fechar o círculo das unidades instaladas em Mampatá.

Um abraço
Mário Pinto
ex-Fur Mil CART 2519


2. Do nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74:

Caro José Santos:
Também te saúdo de forma muito especial porque também sou de Mampatá. Fui Fur Mil Enf da CART 6250 que vos foi render, no fim de Julho de 72. Só me lembro do Real e do vosso capitão que nunca mais encontrei.
Devo dizer-te que passámos a comissão a proteger os trabalhos de abertura e asfaltagem de duas estradas: uma entre Aldeia e Buba com passagem por Mampatá e Nhala, e outra ligando Mampatá a Colibuía, Cumbidjã e Nhacobá.

Um abraço
António Carvalho


Do nosso camarada José Eduardo Alves, ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74:

Camarada e amigo José Santos,
Em primeiro deixa-me dar-te as boas vindas ao blogue. Eu, José Eduardo Alves, fui condutor da CART 6250 que vos foi render a Mampatá. Estou contente por saber que estás com ideias em ir ajudar aquela gente para o hospital da Comura, pois eu indiretamente estou ligado à gente que faz lá serviço de voluntariado.

Já fui 3 anos seguidos à Guiné-Bissau, claro visitar a gente de Mampatá onde tenho bons amigos. Fui com a minha esposa, e no próximo ano talvez volte lá.

Um abraço, depois falamos.
José Eduardo Alves


4. Finalmente, do lado de lá do Atlântico, do nosso camarada José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73, estes dois comentários:

Bem-vindo ao Blogue. Em tempos estive em contacto com o Brum. Por aqui, no estado de Massachusetts, conheço o Soldado Condutor Auto Manuel Fortuna, natural do Faial. Vive em Taunton. Também tenho os contactos dos Fur Mil José Bendito e Fernando Portugal.

Se estiveres interessado no meu contacto, podes pedi-lo aos editores.

Já agora, tal como o Luís Graça, gostaria de saber de onde veio essa história dos “Jovens Assassinos de Mampatá”. Tenho alguma dificuldade em aceitar que o vosso Cap Paula de Carvalho, um Comandante muito austero, permitisse o nome de guerra “Jovens Assassinos de Mampatá”. Mesmo assim tudo é possível.

Eu tenho um crachá da vossa companhia, “Os Sempre Operacionais”. Foi este crachá que esteve presente no último convívio da CCaç 3327 e para o qual foram convidadas as CCaçs 3326 e 3328.

Um abraço,
José Câmara
CCaç 3327


5. Ainda do camarada José da Câmara:

Caros amigos,
Decidi prosseguir um pouco mais com o meu comentário anterior por ter sentido que o nome de guerra "Jovens Assassinos" não se coadunava com a docilidade do soldado açoriano. Também não é menos verdade que conheci muitos dos militares que compunham a CCaç 3326, com os seus graduados e mantenho correspondência com alguns. Foi a um desses graduados que me dirigi para aclarar um pouco sobre aquele nome de guerra.

Tal como deixara antever antes, nunca houve nome de guerra Jovens Assassinos de Mampatá, mas uma alcunha feita por forças exteriores à Companhia.

Por ter entendido que essa alcunha não orgulhava o meu correspondente, camarada e amigo, pedi-lhe e foi-me concedida a devida autorização para usar as suas próprias palavras na explicação do que então aconteceu.

Com a devida vénia:

“Quando chegámos a Mampatá entrámos a "matar" naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistamos .

Foram uns primeiros 7 ou 8 meses verdadeiramente infernais. Mas atenção:
NÃO FOMOS NÓS QUE NOS BAPTIZÁMOS COMO "JOVENS ASSASINOS DE MAMPATÁ"
Nós fomos baptizados assim pelo PAIGC e por outras Companhias que souberam do nosso percurso ao fazermos a "limpeza" da zona.

Não tenho orgulho nisso, por que as guerras têm sempre o lado injusto. Mas era a lei da sobrevivência. Eram eles ou nós.”

De notar que o grande e único juízo de valor que esse nosso camarada faz, que importa realçar, é a sua afirmação “Não tenho orgulho nisso”, nesse nome, acrescento. Nas mesmas circunstâncias, como filho dos Açores e de Portugal, eu também não teria, nem tenho.

Um abraço amigo,
José Câmara
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Vd. último poste da série de 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9016: Memória dos lugares (162): Farim do Cantanhez e suas gentes... (João Graça)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8432: Efemérides (71): 42ª Aniversário da morte em combate do Sold At Vítor Manuel Parreira Caetano, CART 2519 (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas,

Ao aproximar-se o dia 20 de Junho de 2011, toda a CART 2519 “Os Morcegos de Mampatá” relembra o fatídico dia (jamais esquecido), do falecimento de um camarada nosso, que acompanhava a construção da maldita estrada nova Buba – Aldeia Formosa.


É pois um dia de homenagem (42 anos passaram), ao Soldado Atirador nº 17618068, Vítor Manuel Parreira Caetano, que faleceu em combate.





«Logo ao nascer do sol seguiu na frente da coluna constituída por máquinas da TECIL, capinadores, outros Grupos de Combate e uma força da CART 2519, constituída por 2 Grupos de Combate comandados pelo Alf Mil Frade - 2.º Comandante da Companhia -, em direcção aos trabalhos da estrada nova Buba-Aldeia Formosa.

Enquanto duas Secções picavam a estrada, o 2º. Grupo de Combate flanqueava o lado esquerdo da estrada em direcção a Sare Usso, num cruzamento que dividia a estrada velha da nova, local sempre considerado de grande tensão e perigo iminente, pois era um dos locais mais perigosos e fatídicos da ZO.

Passado o local sem incidentes seguiu a força, com a mesma disposição, em direcção a Sare Dibane onde se iriam começar os trabalhos desse dia.

Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos d
esse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.

Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.

O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.

Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.


Assim, o pessoal foi descontraindo e com o decorrer do tempo foi relaxando os nervos e a atenção devida à vida na mata que circundava a abertura da estrada.
Já passava das 14H00, perto de iniciarmos o regresso a Mampatá, quando a tragédia aconteceu. Um grupo do IN, estimado em 20 elementos aproximou-se do local onde se encontrava a força de protecção, sem ser detectado e abriu fogo de RPG 2 e tiro de metralhadora ligeira sobre a NT durante alguns minutos.

Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
Nesta acção, o IN causou as primeiras 3 baixas à CART 2519:

- Sold. At. N.º 17618068 - Vítor Manuel Parreira Caetano - Morto;
- ..."....."....".. 14218368 - José Ferreira Rodrigues Serrano - Ferido;

- ..."....."....".. 19101268 - António Relha Chouriço - Ferido.

Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.

Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.

Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.

Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»


Descansa em PAZ camarada!

Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
____________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 >
Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8419: Cancioneiro de Mampatá (3): Estrada da morte [ Buba-Aldeia Formosa] ( António Samarra / Mário Pinto)

1. Mensagem do nosso camarigo Mário Gualter Rodrigues Pinto (ou tão só Mário Pinto), inserida como comentário ao poste P8414 (*):

Como diz quem sabe e por lá passou,  Mampatá inspirava os 'Poetas',  talvez por isso vários foram escritos por quem tinha arte e jeito. O Zé Manuel [Lopes],  além de arte e engenho para tal,  teve o condão de nos despertar para as rimas contadas das vivências por todos os que passaram por Mampatá... Aos que naquela estrada Buba-Aldeia Formosa lutaram. Mário Pinto



Cancioneiro de Mampatá (3) (**)

ESTRADA DA MORTE

Naquela maldita estrada,
A morte nos espreita;
Se o IN nos metralha,
A malta logo se deita.

Há minas e fornilhos 
Que fazem muitas mazelas,
As picas vão a caminho
Com a malta à procura delas.

De repente a emboscada,
Na curva de Sare Usso, 
A malta responde à metralha
Com tudo o que tem a uso.

Chamem os bombardeiros
Para os turras desalojar,
Bombas, roquetes e tiroteios,
Tudo para o IN matar.

Na puta da confusão
Abrimos fogo, ao desnorte,
Os turras fugiram em turbilhão
E nós tivemos manga de sorte.

Buba, estamos chegando,
Vindos de Mampatá, 
Com' esta 'strada d'embrulhanço,
De má memória, não há.

Escrito por: 

António Samarra
Sold At Cart 2519 
(Os Morcegos de Mampatá, Mampatá, 1969/71)  

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8416: Blogpoesia (151): Gostava de vos falar dos esquecidos... (Josema)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8301: Parabéns a você (261): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519 (Tertúlia / Editores)

Postal de aniversário de Miguel Pessoa


PARABÉNS A VOCÊ

20 DE MAIO DE 2011


NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA MÁRIO PINTO AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

____________

Notas de CV:

Mário Gualter Rodrigues Pinto foi Fur Mil At Art na CART 2519 (Os Morcegos de Mampatá) que andou por terras de Buba, Aldeia Formosa e Mampatá nos anos de 1969 a 1971

(*) Vd. também Estórias de Mário Pinto

Vd. último poste da série de 19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8297: Parabéns a você (260): Xico Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 - Os Metralhas (Tertúlia / Editores)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8251: Convívios (334): Almoço/convívio do pessoal da CART 2519, dia 7 de Maio de 2011, no Moita do Ribatejo (Mário Pinto)




1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:

CART 2519 OS MORCEGOS DE MAMPATÁ OS COIRÕES

Camaradas,


Sábado, dia 07/05/2011, realizou-se mais um convívio da Cart 2519 - Os Morcegos de Mampatá -, na Moita do Ribatejo, com a participação de 64 Morcegos e alguns familiares.


Fez precisamente 42 anos que a Cart 2519 embarcou no Niassa a caminho da Guiné e o momento foi recordado por todos os presentes.


Saudamos com alegria, particularmente, pela primeira vez nas nossas festas a presença dos furriéis milicianos Manuel Canejo e José Severino.


O evento contou também com o Capitão da Companhia – Jacinto Manuel Barrelas -, hoje Coronel na reserva, tornando o convívio, já de si bastante participado, ainda mais animado.


Foi com saudade que vimos chegar a hora das despedidas.


Para o ano haverá mais, esperando que com todos os que este ano marcaram a sua presença, pois nos últimos anos alguns Morcegos, infelizmente, já “partiram”.
Um abraço
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519
__________
Nota de M.R.:



segunda-feira, 14 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7942: Cancioneiro de Mampatá (2): Versos de Edmundo Santos (CART 2515, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1969/71), reproduzidos no blogue do nosso camarada Mário Pinto



Blogue do nosso amigo e  camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, dedicado aos Morcegos de Mampatá, também conhecidos por Coirões de Mampatá, que fizeram parte da CART 2515 (Mampatá, 1969/71)... A companhia passou também por Buba e Aldeia Formosa. O Mário Pinto, que vive no Barreiro,  está profissionalmente ligado à hotelaria. Tem, além deste, mais dois blogues que merecem uma visita: A Ilha do Rato (ele é um paixonado do seu rio, o Tejo)  e O Tacho ao Lume (ou não fosse ele também chef e gourmet).


1. Os Morcegos de Mampatá vão comemorar este ano os 40 anos do seu  regresso a casa, como de resto já aqui noticiámos no nosso blogue... A festa vai ser na Quinta do Branco, na Moita do Ribateja, no próximo dia 7 de Maio. A concentração do pessoal que vai chegando será  junto à estação da CP. Os Coirões que fazem parte da Comissão Organizadora são: Mário Pinto (Tel. 212051384 / Tm 931648953);  Inácio (Tel 922094072 /Tm 965268234); e Edmundo (Tm 963735598),.

2. Entretanto, de uma visita mais detalhada ao blogue do Mário Pinto [, foto à esquerda, quando jovem combatente], descobrimos três poemas que fazem parte do Cancioneiro de Mampatá (*), em boa hora recolhidos e divulgados pelo Mário. A autoria é do Edmundo Santos.

Com os meus parabéns, e a devida vénia,  a ambos, tomo a liberdade de os reproduzir aqui, de modo a poderem chegar ao conhecimento de um público mais vasto, de leitores, combatentes e não-combatebtes.  No final de cada poema, indica-se a data de publicação do poste com o respectivo link.

Fazemos, mais uma vez, um apelo para que  estas manifestações (culturais) do nosso quotidiano no teatro de operações não se percam por esquecimento, ignorância, negligência, incúria... Há um espólio (imaterial) por fazer... Essa é também a razão de ser do nosso blogue... (LG)



OS MORCEGOS
por Edmundo Santos

Aqui não temos parança,
andamos sempre a alinhar,
uns a fazer segurança
e outros a patrulhar.


Só nos resta a esperança
de um dia poder voltar.
Ai!,  uma vida pior
do que esta não há,
chamamo-nos os MORCEGOS,
mas ai, vejam lá,
a malta só nos conhece
pelos COIRÕES de Mampatá.


Todos os dias há saídas,
com o perigo sempre a rondar,
são poucas as alegrias
e muito para contar,
não há lugar p'ra sossego,
é a vida de um MORCEGO.


Edmundo Soares
Guiné 1969


ESTOU FARTO DELES,  TIREM-ME DAQUI!
por Edmundo Santos

Tenho corrido manga de estradas,
que em tão má hora eu conheci,
tenho caido em emboscadas,
Estou farto deles,  tirem-me daqui!

Noites no mato debaixo de água
são realidades que eu já vivi,
tenho a alma cheia de mágoa,
Estou farto deles tirem-me daqui!

Muita fominha tenho passado,
por causa dela me ressenti,
tenho o corpito todo enfezado,
Estou farto deles,  tirem-me daqui!


Edmundo Santos
Guiné 1969


FADO DA METRALHA
por Edmundo Santos

De pica na mão,
lá ia a maralha
com toda a metralha,
de olhos no chão;
para não haver falha,
piquem bem o trilho,
tomem atenção;
sou de opinião
que se houver fornilho
ai que Deus nos valha.

E naquela estrada,
junto ao cruzamento,
as dores que me deste,
mais uma emboscada,
no meu pensamento,
nessa mata agreste
e os bombardeiros,
fiéis companheiros,
em qualquer momento
iam atacando
e turras matando,
sem dó nem lamento.

Adeus, Mampatá,
quero-te esquecer,
fizeste sofrer
quem andou por cá,
pronto a combater,
ó maldita terra
onde nada há
e digo-te já
que toda esta guerra
foi dura a valer.

25/9/2009

[ Revisão / fixação de texto: L.G.]

______________


Nota de L.G.:

Vd. poste anterior desta série > 18 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3471: Cancioneiro de Mampatá (1): Hino da CART 6250, Os Unidos (Mampatá, 1972/74) (José Manuel Lopes)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7906: Convívios (297): Almoço/convívio do pessoal da CART 2519, dia 7 de Maio de 2011, no Moita do Ribatejo (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:
CART 2519 OS MORCEGOS DE MAMPATÁ OS COIRÕES

ALMOÇO/CONVÍVIO
Fazemos este ano 40 anos que chegámos da Guiné, vamos comemorar esta data no dia 7 de Maio de 2011 na Quinta do Branco – MOITA DO RIBATEJO, com concentração dos Coirões junto às instalações da CP.
Programa
10h00 – Início da concentração (Largo da Estação da CP)
12h00 – Recepção na Quinta do Branco
12h30 – Entradas e aperitivos na esplanada
13h00 - Almoço servido no (Salão)
15h00 – Baile
17h00 – Abertura do Bufete (lanche)
18h00 – Partir do bolo e espumante
19h00 – Encerramento
Almoço – Sopa do Mar, Vitela assada c/batatinhas assadas e legumes, Gelado á Chefe. Bebidas – Vinho Tinto e branco, Cerveja, sumos e águas, café e digestivo.
Haverá – Imperial, sumos e águas durante a tarde. Bufete (Lanche) – Camarão, Leitão, Lombo de Porco, Franguinhos, Presunto, Carnes frias, Enchidos, Saladas várias, Pastelaria e Doces vários.
Nota – Os Whiskys e Aguardentes velhas não estão incluídos.
Custo p/pessoa: 35 Euros.
Crianças até aos 10 anos: 17,5 Euros.
Crianças até aos 4 anos: Estão isentas.
Transportes
Os camaradas que optarem por virem de comboio, tanto do Norte como do Sul, devem utilizar a Estação do Pinhal Novo, com ligação á MOITA DO RIBATEJO.
A comissão
Mário Pinto...... Telef. 212051384 ou 931648953
Inácio................ Tel 922094072 ou 965268234
Edmundo.......... Tel 963735598
__________
Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:

domingo, 17 de outubro de 2010

Guiné 63/74 – P7139: Controvérsias (105): Sensatez e rigor no nosso blogue (Mário Gualter Rodrigues Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem, em 16 de Outubro passado:

Camaradas,
Pensei maduramente antes de comentar o poste P7117, da autoria do nosso camarada José Dinis, face ao tema que aborda, que a meu ver tem muita pertinência e muita matéria para alguma polémica e discussão.
SENSATEZ E RIGOR NO NOSSO BLOGUE (POSTE P7117)


Foram invocados pelo José Diniz no poste P7117, termos como SENSATEZ, RIGOR, CONHECIMENTO, SABER, SABEDORIA e INTELECTUAL, na introdução das nossas narrações ou comentários no Blogue.

Julgo que todos nós já atingimos a idade da maturação sensata e rigorosa dos nossos actos, e afirmações, embora às vezes com a irreverência e o calor dos temas, em que nos transcendemos nas análises e comentários.

Na maior parte das vezes baseados na nossa experiência de vida e na observação dos factos de que, ao longo das nossas vidas, temos sido intérpretes.

Conhecimentos e alguma sabedoria básica todos nós temos (uns mais outros menos como é evidente), lembro-me dos anciões da minha terra que os possuíam em doses enormes e poucos eram letrados. Muitos até o seu nome tinham dificuldade em escrever, mas não deixavam de narrar verbalmente os acontecimentos e factos por eles vividos e as experiências de vida por eles vividas na 1.ª Guerra Mundial, em França, e na Guerra Civil Espanhola, mais tarde.

Todos eles demonstravam aos nossos olhos, na altura, um conhecimento que nos deixavam extasiados.

Sabedoria profunda, meus caros, é um pouco mais complicado pois só os mais eleitos e as mentes mais iluminadas podem dar-se a esse luxo.

No entanto nós, os Tertulianos deste Blogue, que narramos e comentamos as nossas aventuras e desventuras de um período das nossas vidas temos o dever e obrigação de escrever de modo a que todos nos entendam, deixando de parte as filosofias intelectuais, que são formas de expressão mais elaboradas, sujeitas as mais variadas e engenhosas interpretações por vezes prenhes de má fé, distorcidas e depreciativas dos reais objectivos das peças escritas.

Meu caro José Dinis, invocaste no teu texto o livro Elites Militares, do nosso camarada Manuel Rebocho, que muita polémica tem dado entre alguns de nós.

Sendo o livro uma pesquisa, para uma tese do Autor, e que uma das finalidades é o estudo estatístico do empenho dos Militares do QP e dos Milicianos, o mesmo lança-nos dados e pistas importantes, ao longo do seu livro, para que cada um tire as análises e as ilações que entender. Não basta ler alguns extractos o livro para adquirir noções e conhecimentos para se retirar uma análise concisa deste polémico e discutido tema. É necessário lê-lo na íntegra!

Segundo me disse o Manuel Rebocho, não foi levianamente que retirou e concluiu as matérias e conclusões a que chegou e narrou na sua publicação, mas sim fruto de variadíssimos, fundados e meticulosos estudos e investigações.

De entre a bibliografia consultada, lembro-me de me ter citado, por exemplo, a seguinte literatura:

África, Vitória Traída - Joaquim da Luz Cunha
A Psicologia da Incompetência dos Militares - Norman Dixon
O Exército na Guerra Subversiva - EME (1963) 3 volumes
Resenha Histórico - Militar das campanhas da Guiné 61-74
Notas Sobre os Postos do Exército Português -Gastão Melo Matos
Porque Perdemos a Guerra - Manuel Pereira Crespo
Guerra na Guiné - Hélio Felgas (1967)
O Comportamento Político dos Militares - Medeiros Ferreira

Assim, o nosso referido camarada leu, analisou, adquiriu e reuniu os conhecimentos que lhe permitiram interpretar e compreender as diferenças entre os desempenhos dos Militares do QP e Milicianos.

Também outros livros, que tenho na memória, ajudam a perceber melhor esta controvérsia, tais como: Rumo a Fulacunda, Peão das Nicas e Uma Diligência Adiada, que me levam a concluir que têm fundamento e plena aceitação as filosofias do seu livro.

Não pretendo, com estas minhas palavras, crucificar os Militares do QP, pois, como em tudo na vida, houveram inúmeras excepções, que muito digna e honrosamente honraram as nossas Forças Armadas e o nosso país, mas sim fazer uma análise de desempenho de quem cumpriu e de quem não o soube, ou não quis fazer, mas tinha escolhido a carreira militar como profissão e, assim, assumido compromissos de dever e honra em nome dessas mesmas supremas instituições.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6825: Controvérsias (101): Puros e Espúrios 2 (Mário Gualter Rodrigues Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem, em 3 de Agosto de 2010:

Camaradas,

Hoje continuo a abordar uma matéria sensível que, como disse no poste anterior - P6728 -, é a velha polémica entre Oficiais do QP, que não queriam ser confundidos com os Oficiais do QC (Milicianos), tendo mesmo sido publicado um decreto-lei que deu origem aos:

PUROS E ESPÚRIOS 2
Como é do conhecimento dos camaradas do blogue e de quem nos lê, camaradas ou não, surgiu uma controversa sobre quem comandou as Unidades de Combate, nos últimos e mais gravosos anos da Guerra de África,
Oficiais do QP/Milicianos.

O assunto pode nem ser relevante, do ponto de vista militar, mas, será seguramente importante para nos avaliarmos enquanto povo, que já deu e quer dar, ao mundo, lições de bom comportamento moral e social.

Para uma apreciação fidedigna, sigamos uma metodologia adequada, ou seja:

1.º - Dados

No passado dia 13 de Julho de 2010, publicou o nosso blogue um trabalho meu.

Este trabalho consistia na publicação de uma “Exposição sobre o D. L. n.º 353/73 assinada por vários Capitães e datada de Bissau, 28 de Agosto de 1973”.

2.º Análise

Para se analisar, com objectividade a questão QP/Milicianos, há que saber que Unidades Operacionais Comandavam, todos e cada um destes Capitães (que assinaram a exposição), e qual era o Aquartelamento onde estava situada a sede dessa mesma Unidade.

É evidente que esta resposta deve ser dada pelo Oficial que contesta as conclusões da Tese de Doutoramento do Camarada Manuel Rebocho e, obviamente, publicada no nosso blogue.

Naturalmente, e como se sabe e observa, não nos importa saber “mobilizações; colocações; acções; posições e todos os ões que se entendam ou possam entender: o que está em causa são os Comandos Operacionais que exerciam, naquele dia, e não noutro.

Compreende-se, com naturalidade, que uma análise requer um acto; um espaço; um tempo; não uma miscelânea de conveniência. Assim:
O acto -------------------- É o comando que exerciam;
O Espaço ---------------- É a Guiné;
O tempo ----------------- É o dia 28 de Agosto de 1973.

Tudo o que sejam respostas para entreter, seguem directamente para o seu arquivo lógico: o caixote dos papéis.

Nesta pergunta não se enquadram os Capitães Pára-Quedistas, pois esses eram efectivamente operacionais, como o afirma e reconhece o Camarada Rebocho, na sua Tese. Logo, se está esclarecido, mais nada pode esclarecer. Desde logo, qualquer comentário que envolva estes Oficiais, tem o seu arquivo definido...

3.º Análise

A análise, como se compreende, só poderá ser efectuada depois da resposta à questão ora colocada.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. também sobre esta matéria, do mesmo autor, o poste de:

13 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6728: Controvérsias (94): Puros e Espúrios (Mário Gualter Rodrigues Pinto)

Vd. último poste desta série em:

30 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6809: Controvérsias (100): O que é que o País pode dar aos ex-combatentes? (José Brás)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6728: Controvérsias (94): Puros e Espúrios (Mário Gualter Rodrigues Pinto)

1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem, em 8 de Julho de 2010:

Camaradas,
Hoje abordo uma matéria sensível que é a velha polémica entre Oficiais do QP, que não queriam ser confundidos com os Oficiais do QC (Milicianos), tendo mesmo sido publicado um decreto-lei que deu origem aos:

PUROS E ESPÚRIOS

Em 1973, foi criado o célebre Decreto-Lei 353/73, que permitia ao Oficiais do Quadro Complementar (Milicianos), aceder ao posto de Capitães desde que frequentassem a AM durante um ano e um estágio de seis meses numa Companhia Operacional.

Este decreto-lei nunca foi aceite pelos Oficiais do QP, com incidência particular na Guiné de onde partiu uma forte contestação ao mesmo liderada, na altura, pelo Capitão Vasco Lourenço e apoiada por um grande número do Oficiais do QP, que chegaram a elaborar um documento que foi dirigido a várias entidades militares superiores de então, conforme se comprova pelos documentos anexos.

A contestação teve percussões nos meios Oficiais do Exército vindo a criar duas fracções antagónicas que vieram a ser conhecidas como PUROS e ESPÚRIOS. Nem sempre esta questão foi pacífica tendo mesmo azedado entre os relacionamentos entre os Oficiais do QP e do QC conforme se pode ver no documento ms14-1.

Por força desta contestação e apresentação duma delegação junto do Sr. General Spínola, na altura Vice-Chefe do Estado Maior do Exército, nasceu o Decreto-lei 409/73, que pouco alterava o anterior mas serviu para demonstrar a força dos Oficiais do QP, perante os do QC. [Spínola só em Nov73 (salvo erro no dia 17) foi nomeado pelo PM como vice-CEMGFA, cargo no qual veio a ser empossado apenas em Jan74 (salvo erro no dia 14)]... (estes "salvo erro", devem-se apenas à circunstância de não estar ao momento no meu "posto de sentinela"; acaso interesse à apreciação do desenvolvimento deste 'case study', poderei informar com todo a precisão quem foram os responsáveis pela elaboração dos dec.353 e 409/73, quem e quando os aprovou a nível castrense e a nível político, etc.).

Quem hoje acusa de egoísmo e pequenez quem conhece e esgrima estes factos aquando da abordagem deste tema, já naquela altura lutava por uma divisão de classes que devia estar unida e não desperdiçada (no meu entender) torcida luta de interesses.

Mas já alguém havia profetizado este acontecimento!

As Forças Armadas irão debater-se em primeiro lugar com clivações internas entre oficiais de carreira e oficiais milicianos, gerando-se aqui e ali fenómenos de defesa corporativa habilmente organizados por chefes militares com projectos políticos próprios, ou alheios… Palavras de MEDEIROS FERREIRA." celebérrimo desertor, 'de facto' e 'de jure'; (foram proferidas quando e onde?)

Como vêem as lutas e desentendimento entre Militares de Carreira e Milicianos já é antiga e não de agora



















NOTA: Com os meus agradecimentos pessoais ao Camarada Abreu dos Santos, pela colaboração que me prestou nas questões de pormenor do texto.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

7 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6687: Controvérsias (93): Nunca entendi a querela QP-Milicianos... O fim do serviço militar obrigatório foi um desastre nacional (Morais da Silva, Cor Art Ref)

sábado, 29 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6488: Controvérsias (78): Como foi e como é que se comporta uma anti-guerrilha perante uma guerrilha (Mário Gualter Rodrigues Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem, em 25 de Maio de 2010:

Camaradas,

Resolvi intervir, também, face ao repto lançado pelo nosso amigo e camarada Mário Fitas, no comentário que fez no poste P6470 da autoria do camarada José Manuel Diniz.

COMO FOI E COMO É QUE SE COMPORTA UMA ANTI-GUERRILHA PERANTE UMA GUERRILHA
Quase todos, para não dizer a totalidade de nós, fomos mal preparados e instruídos, para enfrentar os cenários de guerra onde, por sorte ou azar, fomos parar.

Nos centros de instrução, que todos nós frequentamos, em Escolas Práticas do Exército, especialmente nas especialidades operacionais, foram-nos administradas aulas teóricas e práticas de Guerrilha, Anti-guerrilha e Contra -guerrilha.

Também todos nós temos em mente os instrutores que se esforçavam para que as matérias ministradas, fossem compreendidas e absorvidas, tanto na teoria como na prática e, para isso, não hesitavam em dar-nos cabo do “coirão” em acções e reacções simuladas às realidades do conflito, segundo planos e programas de instrução delineadas, quer pelos próprios, quer pelos Comandantes das respectivas Unidades.

Alguns desses instrutores eram oficiais do QP, já com várias passagens por uma, ou mais, das zonas do conflito em Angola, Moçambique ou Guiné. Todos eles nos transmitiam, o melhor que sabiam e podiam, as suas experiências de combate do(s) TO(s) por onde tinham passado.

Foram-nos administrados vários tipos de instrução táctica, física e psíquica, sobre os diversos tipos de armamento e equipamento. Aprumaram-nos e corrigiram-nos à sua maneira. Estudamos os manuais e os apontamentos que nos deram.

E, o que é certo, é que na realidade acabamos por constatar ao longo do tempo no TO, que tínhamos que nos adaptar, reaprender, desenrascar à boa moda portuguesa e, sobretudo, sobreviver!

Se lerem o poste P2717, de 03AGO2008, vamos encontrar algumas considerações bem oportunas do nosso camarada A. Marques Lopes (Coronel DFA na reforma), sobre o “Manual do Oficial Miliciano” e as instruções que o mesmo continha para a guerra de guerrilha.

Passo a citar um pequeno extracto: “Não deixa de ser irónico; Este Manual foi um presente envenenado, para muitos jovens Portugueses que passaram pelo TO, com responsabilidade no comando de homens mal preparados.”

Formaram-se batalhões, companhias, pelotões e secções para uma guerra de anti-guerrilha, cujo objectivo era combater acções de guerrilha, enfrentando um adversário que tinha vasto conhecimento das nossas posições, que como todos sabemos eram fixas no terreno e nós tínhamos que “esgravatar” muito tarrafo, picadas e bolanhas para localizar o IN e, quando o localizávamos, o mesmo tinha excelente segurança na fuga, nomeadamente para zonas territoriais fora do nosso alcance, como eram os casos além fronteiras dos países que nos rodeavam e onde estávamos proibidos de entrar.

A maioria dos Sectores Operacionais não tiveram quadros logísticos de oficiais à altura dos acontecimentos e das suas responsabilidades. Desconheciam quase tudo sobre o IN, as suas estratégias de acção, os seus números de efectivos, a sua localização no terreno e outros dados fundamentais. Não é segredo para ninguém que a sua maioria se refugiava dentro dos aquartelamentos deixando as hostilidades no exterior, a cargo dos alferes e furriéis milicianos.

Os mapas de Sector e ZA estavam na sua maioria desactualizados, pois neles constavam tabancas já desaparecidas, linhas de água inexistentes e estradas e trilhos que o mato tinha absorvido através do tempo e do abandono.

Nos croquis que nos eram distribuídos para os diversos tipos de missões, constatamos que diversas cotas e distâncias estavam erradas, o que nos levou, várias vezes, a entrarmos dentro de ZE do COMCHEF (as chamadas ZV).

Tivemos de rever o armamento por nossa iniciativa, por exemplo, concluímos que era inútil levar uma bazuca para o mato, pois só nos atrapalhava e não era prática.

Aumentamos, isso sim, o número de portadores de dilagramas a fim de acrescer o poder de fogo e em vez de levarmos uma HK, passamos a sair com duas (uma á frente das colunas e outra na retaguarda). Deixamos crescer as barbas e tornamo-nos “bichos do mato”, desenvolvendo sobretudo técnicas e manhas preciosas nas deslocações pelo meio da mata.

Mais tarde quando já conhecíamos toda a nossa ZA e sem precisarmos dos mapas e croquis, para executarmos as nossas missões e com a experiência que fomos acumulando sobre os comportamentos habituais do IN, fizemo-nos “esquecidos” de ordens obsoletas e teóricas e começamos a obter maior êxito nos resultados finais.

No entanto não posso deixar de narrar consequências negativas, que por vezes éramos obrigados a fazer em nome da segurança.

A minha Companhia tinha a ser cargo e como missão principal interceptar e dificultar ao máximo os movimentos e as colunas de abastecimento do IN, no corredor de Missirã, que derivando de Salancur se dirigiam ao Sector de Xitole.
Como é previsível atingir, era um local de forte risco de contacto e todo o cuidado de aproximação e instalação do pessoal, era feito de uma forma cuidada e discreta.

Os momentos aí passados quando nos encontrávamos emboscados eram tensos e cheios de angústia, dada a eminente passagem do IN, pelo que, o silêncio, a concentração e a observação de qualquer movimento suspeito eram fulcrais neste tipo de espera.

Só que, para nosso espanto pessoal, muitas vezes os Senhores do Comando Operacional resolviam dar uma voltinha de DO, pelas nossas posições denunciando-nos, involuntariamente como é óbvio, ao IN. O que nos tinha custado tanto suor e dor alcançar desmoronava-se assim, em instantes, pela satisfação dos primeiros em dar a sua voltinha numa DO.

Nessas ocasiões as emboscadas eram logo abortadas por nós, pois já sabíamos que tínhamos sido referenciados e não estávamos ali a fazer nada, regressando a posições mais confortáveis e menos perigosas, passando o resto do tempo em alerta até ao termo das respectivas missões.

Mário Fitas, o meu tempo não teve nada a ver com o teu, teve a ver com circunstâncias do meu Sector e com quem nos comandou e dirigiu.

Os comportamentos de Anti-guerrilha perante a Guerrilha, foram aqueles que os nossos comandantes delinearam, mas não comandaram.

Poucos deram o corpo ao manifesto e foram os milicianos que tiveram a responsabilidade e a iniciativa, muitas vezes espontânea e circunstancial.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6433: Parabéns a você (115): Completa hoje 65 anos o nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto (ex-Fur Mil da CART 2519)

1. Completa hoje 65 anos o nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os morcegos de Mampatá", Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71, que se apresentou nesta Tabanca Grande em 24 de Julho de 2009, poste P4735.

Postal de aniversário da autoria do Miguel Pessoa dedicado ao Mário Pinto, que veio acompanhado de um sério aviso à navegação (não é à aérea, é à bloguista claro): “Mas não se habituem mal, que eu só vou fazendo isto para uns tantos que vou contactando - para os restantes não tenho suficiente conhecimento pessoal, nem sapiência, nem paciência...”. Por isso Camaradas, quem quiser um “paparico” destes no seu aniversário já sabe o que tem que fazer, ok!

O seu primeiro contacto está registado no poste P4673, datado de 12JUL2009, onde o Pinto deixou o seguinte comentário:

Caro José Teixeira,

Tenho seguido com atenção as tuas recordações da Guine.

Também estive em Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, em 1969/71.

Pertenci á CART 2519 - Os morcegos de Mampatá, por isso vivo com intensidade as tuas recordações.

Já agora se estiveres interessado em saber algo mais sobre a minha companhia, vai ao Blogue: http://www.cart2519osmorcegosdemampata.blogspot.com/

Um abraço,
Mário Pinto

2. O Mário tem sido um dos nossos Camaradas mais interventivos no blogue, tendo-me já por diversas vezes dirigido mensagens a demonstrar o seu espanto com o grau de agressividade e intolerância demonstrado por alguns dos críticos habituais.

Outro motivo controverso que o tem admirado é a exaltação e os inúmeros elogios dirigidos a determinados tipos de textos e de redacção escrita (não que eles não sejam merecidos… mas), em detrimento dos restantes, o que na sua opinião apenas afasta aqueles que pensando não atingir tal nível se auto-excluem de nos enviar qualquer palavra e consequentemente qualquer imagem que possuam dos nossos tempos da Guiné.

Que cada um tire as suas ilações!

3. Mas hoje é para se falar de festa e alegria pois não é todos os dias que festeja mais um aniversário e, independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, dirigir-te os melhores PARABÉNS.

Mais acrescentamos que o nosso maior desejo, neste dia, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.

E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.

Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.

Com manga de abraços fraternos... manga deles mesmo!
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

16 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6399: Parabéns a você (114): Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAÇ 8351, Cumbijã, 1972/74 (Carlos Vinhal / Belarmino Sardinha / Giselda e Miguel Pessoa / JERO / Manuel Maia)