Guiné-Bissau > Região de Oio > Sara > Março-abril de 1974 > Cambança do rio, em canoa > Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 13 - Life in Sara, Guinea-Bissau - Local “ferry” - 1974
Guiné-Bissau > Região de Oio > Sara > Março-abril de 1974 > Cambança do rio, em canoa > Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 14 - Life in Sara, Guinea-Bissau - River “ferry” - 1974
Guiné-Bissau > Região de Oio > Sara > Março-abril de 1974 > Cambança, em canoa >
Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 17 - Life in Sara, Guinea-Bissau - River crossing by canoe - 1974
Guiné-Bissau > Região de Oio > Sara > Março-abril de 1974 > Cambança, em canoa >
Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 16 - Life in Sara, Guinea-Bissau - “Ferry” reaching the other river bank - 1974
Guiné-Bissau > Região de Oio > Sara > Março-abril de 1974 > Cambança, em canoa >
Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 15 - Life in Sara, Guinea-Bissau - Old man stepping onto the “ferry” - 1974
Guiné-Bissau > Campada > Fronteira com o Senegal > Roel Coutinho na escola de ensino secundário ("college") / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 7 09 - Campada college on the northern frontline, Guinea-Bissau - 1974
1. O médico neerlandês Roel Coutinho é uma figura mediática no seu país, com grande prestígio científico e profissional, tendo-se destacado na luta e prevenção do HIV/SIDA,mas também na pandemia de gripe A (H1N1) em 2009 e mais recentemente na pandemia de Covid-19.
Roel Coutinho, 2016, foto de Patrick Sternfeld / capa da revista "Benjamin", junho 2016, ano 28, nº 104. Com a devida vénia... |
(em inglês, "JMW - Jewish Social Work", "Trabalho Social Judaico", em português), Roel Coutinho aceita falar da sua ascendência portuguesa e judaica, além naturalmente da sua juventude e da sua carreira académica.
(i) Os pais eram judeus, não religiosos.
(ii) Conheceram em Amsterdão e se casaram no início da guerra;
(iii) Em Laren, a sudeste de Amesterdão, na província da Holanda do Norte, conseguiram a solidariedade de uma famíia holandesa que os escodeu, durante um ano e meio; foi aí que nasceu a sua irmã mais velha; depois tiveram que mudar de esconderijo, com regulardade, até que conseguiram novos papéis de identidade, graças à cumplicidade de alguém no município,
(iv) Foram tempos de grandes dificuldades que deixaram marcas profundas na família, nos pais e na irmã. Mas a guerra, o pós-guerra e o antissemitismo eram discutidos em casa, se bem que às escondidas. Falava-se dos parentes e amigos dos pais que morreram deportados.
(v) Não fez o "Bar Mitzvá", aos 13 anos (como manda a tradição judaica"), porque os pais não eram religiosos. O pai era de origem judaica portuguesa, a sua família existia há séculos na Holanda / Países Baixos. "O meu pai era anarquista, era de esquerda, a religião não era importante para ele. A minha mãe, de origem alemã, também nºao teve educação religiosa"
(vi) Na adolescência, Coutinho foi vítma de atitudes racistas, No ensino secundário, tinha um amigo do peito, praticavam desporto juntos e gostavam de conviver um com o outro. Um dia o jovem Coutinho teve uma paixoneta inocente pela irmão mais nova do amigo. E, para sua surpresa, o pai da rapariga foi de uma intolerância atroz. Durante anos Coutinho sofreu com esta expriência traumatica por parte do pai de um amigo, que já durante a guerra era um antissemita.
(vii) Coutinho foi estudar medicina e viajou depois de um ano para Israel por alguns meses com um amigo não-judeu. Ele acha que essa viagem pode ter tido algo a ver com a anterior experiência traumática. A viagem foi cativante e divertida mas ele em momento algum se sentiu identificado com Israel.
(ix) Confessa que este incidente foi menos dramático que o primeiro, mas ele ficou a pensar: “Se eu tivesse sido mais conscientemente judeu, eu teria podido responder melhor. Se tu tens amigos judeus, podes falar sobre isso, trocam experiências, mas eu tinha que ser judeu, o que nunca assumi"
(x) Hoje, mais velho e reformado, interessa-se por história, lê muito sobre a guerra e em especial sobre a história dos judeus neerlandeses.
Último poste da série > 6 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23953: "Una rivoluzione...fotogenica" (3): Roel Coutinho, médico neerlandês, de origem portuguesa sefardita, cooperante, que esteve ao lado do PAIGC, em 1973/74 - Parte II: Mulheres e crianças