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sexta-feira, 10 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25502: Tabanca Grande (556): o malae Rui Chamusco, cofundador e líder histórico da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor-Leste, passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 886

Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O novo membro da Tabanca de Porto Dinheiro: natural de Malcata, Sabugal, vive parte do ano na Lourinhã, professor de Educação Musical no ensino oficial, reformado,  e de Português, Filosofia e Latim no ensino Particular. ativista da causa de Timor-Leste (lidera um projeto de construção de escolas nas montanhas de Timor Lorosae e apadrinhamento de crianças)... E a partir de agora, 10 de maio de 2024, novo membro da Tabanca Grande, nº 886.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Escreveu o nosso editor LG (*):

Rui, "I want you for the Portuguese Armed Forces"... Não cometeste nenhum crime (nem sequer um pequeno delito) mas estás "desterrado" (por uma boa causa...) em terra que outrora foi de "desterro e encarceramento" , Timor-Leste, a ponta mais extrema, no sudoeste asiático, do nosso ex-glorioso império... (Terra de desterro e encarceramento desde, pelo menos, o séc. XVIII, o nosso século barroco e extravagante, até à II Guerra Mundial.)...Àparte o "humor negro de caserna" (negro, sem conotação racista), decidi dar-te "honras de Tabanca Grande"... Passas a ser o nosso grão-tabanqueiro nº 886 (**).

Afinal, faltava cá um "lince" da serra da Malcata... e um "cônsul em Dili"... Morreu o império, viva Timor e as demais novas nações lusófonas, filhas também do 25 de Abril de 1974.

Já cá tens amigos: estou eu, o João (que é o "cônsul de Nova Iorque" e o régulo da Tabanca da Diáspora Lusófono), o Eduardo (que é agora, infelizmente a contragosto e tristeza de todos nós, o nosso "assessor junto de São Pedro", faz-nos muita falta cá em baixo)... Tens outros "lourinhanenses": o Pinto Carvalho, o Jaime Silva, o Carlos Silvério...

Contigo, encaminhamo-nos para os cerca de 900 "amigos e camaradas da Guiné"... que se sentam, os vivos e os mortos, à sombra de um mágico, secular, simbólico, fraterno poilão (a árvore sagrada da Guiné-Bissau, de presença obrigatória em qualquer tabanca).

Já sei, pelo teu "padrinho" João, que aceitas o meu convite... Não são "honras de Panteão" (bolas, felizmente estás vivo!, e para o Panteão, na pior das hipóteses, só daqui a duas décadas depois de comeres o teu primeiro, único e último cogumelo venenoso da serra da Malcata)...

Não é o Panteão, é ainda muito melhor: afinal, "o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!"...

Tu não nos lês, estás longe com Net limitada nas montanhas de Liquiçá, mas ficas a saber que tenho publicado excertos das tuas crónicas, de que sou fã (*) ...

E vou fazendo figas para que não venhas desta vez com as mãos a abanar...(isto é, resolvas de vez o momentoso e aflitivo problema da falta de professores na tua/ vossa escola de São Francisco de Assis.


(Lourinhã, Vimeiro, 1952- Torres Vedras, 2019).




Nova Iorque > 6 de outubro de 2019 > João Crisóstomo (1) e Vilma Kracun (Crisóstomo, por casamento) (2) recebem na sua casa em Queens a embaixadora de Timor nas Nações Unidas, Milena Pires (3) e o embaixador de Portugal nas Nações Unidas, Francisco Duarte Lopes (7), bem como o nosso amigo e agora membro da Tabanca Grande Rui Chamusco (5) e ainda Graça Dinis (4) e Rosa Henriques (6).

Foto (e legenda): Edgar João, página pessoal do Facebook (2019), com a devida vénia...[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Fundadores: Rui Chamusco,
Glória Sobral e Gaspar Sobral
2. Rui, contigo fica melhor composta a nossa Tabanca Grande... 

Aprendi, na escolinha do Conde de Ferreira da Lourinhã, que o meu Portugal ia do Minho (onde nunca tinha ido antes do 25 de Abril) a Timor (que eu não sabia nem era capaz de imaginar que ficava a 14 mil km de distância da minha casa...).

Ora, embora este blogue tenha um especial enfoque na Guiné-Bissau (e na partilha da experiência da guerra colonial / guerra do ultramar), nada nem ninguém nos impede de falar das outras terras do planeta onde houve e há presença de Portugal e dos Portugueses. E depois ainda sabemos pouco da história 
(mas também da geografia e da cultura) de Timor-Leste, hoje país independente, membro da CPLP.

Por outro lado, e como podes ver, temos publicitado a vossa (da ASTIL) conta solidária nos "teus" postes... Já te pedi o nº fiscal da ASTIL para, ainda até ao final de Junho, alguém de boa vontade e retardatário poder transferir os 0,5% do IRS para a ASTIL. (Mas, se bem me lembro, dado o estatuto da ASTIL, vocês não podiam, ou ainda não podem,  aproveitar esse benefício fiscal, o que é pena. )


 Timor Leste > Liquiçá > Manati > Boebau > 2018 > Escola de  São Francisco de Assis (ESFA), obra da ASTIL  e da comunidade local.
 
Foto (e legenda): © Rui Chamusco (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


No nosso blogue (que já fez 20 anos) procuramos ajudar algumas ONGD, com sede em Portugal,  que fazem trabalho sério e solidário na Guiné-Bissau, e prestam contas, como a Ajuda Amiga ou a Afectos Com Letras...

Tu, que sempre foste "paisano", há uns anos atrás, dizias-me que eras um "malae", um estrangeiro (em tétum), para mais branco e de cabelos brancos (não é o que te chamam os putos em Dili e em Liquiçá ? )

Querias dizer um "malae" em relação à tropa, à guerra, à Guiné... Mas isso é superável. E já tens mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue. Afinal, pelo menos deste 2017 que colaboras connosco e fazias parte da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, quando o Eduardo Jorge Ferreira , estava vivo e era o régulo. E sempre gostaste de lá ir aos nossos convívios (***).

Foi aí que nasceu, da nossa comum amizade com o Eduardo Jorge e o João Crisóstomo, o nosso interesse por (e o  nosso apoio a) o trabalho que tu e a ASTIL estão a fazer "por mor das crianças timorenses mas também da língua que nos serve de traço de união".   

Pessoas como tu e a famila luso-timorense Sobral são um exemplotter para todos, portugueses. E, no teu caso,  com os teus 77 anos, fazes-me "inveja":  estás em Timor pela 5a. vez, desde 2018. São pelo menos 150 mil km feitos de avião, fora as horas, dias e semanas a calcorrear Timor , de carro, moto ou a pé, montanha acima, montanha abaixo...

Em suma, estás apresentado à Tabanca Grande, não digas mais que és um "malae", um estranho, um estrangeiro,  no blogue dos "amigos e camaradas da Guiné".

E aproveito para te desejar boas notícias e bom regresso, por estes dias, à "casinha lusitana".
__________

Observações: Malae, s. Estrangeiro, pessoa que não pertence à "raça" parda ou malaia; malae mutin, branco, europeu, português; malae sina, chinês; malae metan, africano, holandês; adj. estrangeiro, importado, que não é nativo; cf. timur.

Fonte: Adapt. de Mendes, Manuel Patrício,  e Laranjeira, Manuel Mendes (1935). Dicionário Tétum-Português. Macau: N.T. Fernandes & Filhos. (Para os interessados: há um dicionário de Português. Tétum e de  Tétum - Português, da Porto Editira, 2017, 416 pp.)

PS - O Rui nasceu em 2 de janeiro de 1947. E tem página no Facebook.

(...) Antes de mais quero agradecer-te o agradável encontro de tabanqueiros em Porto Dinheiro.

(...) Estar convosco foi um privilégio, que lembrarei para sempre. É a segunda vez que participo em encontros de camaradas de guerra colonial (por sinal o primeiro também perto daqui, no restaurante "O Pardal", com um batalhão que combateu em Moçambique), e desde então admiro e respeito, com conhecimento de causa, os valores de camaradagem que estes encontros transmitem. Obrigado por me terem incluído no vosso ambiente.

Como me foi pedido, deixo aqui o IBAN da conta aberta na CGD - agência do Sabugal - com destino à angariação de fundos para o Projeto de Solidariedade "Uma Escola em Timor Lorosa'e" e apadrinhamento de crianças em bairros pobres de Dili. (...)


Vd. também postes de: 


(****) Vd. postes de 


quinta-feira, 9 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25499: S(C)em Comentários (36): Os 50 anos do 25 de Abril foram bem celebrados neste canto do mundo, Timor-Leste , onde quase ninguém fala o português, mas que tem um grande carinho e afeição com os portugueses, com Portugal (Rui Chamuco)


1. Destaque da última crónica de Rui Chamusco (*):

(...)  Embora muito longe de Portugal, a celebração dos 50 anos da Revolução de Abril não me é indiferente.  Até por que em 1974 tinha eu 27 anos, com vivências e episódios em que o anterior regime deixou marcas inesquecíveis.

 (...) Apraz-me registar que também aqui, em Timor-Leste, em Dili, os 50 anos são bem celebrados. Primeiro através da visita do Presidente Ramos Horta a Portugal para participar nas celebrações. Depois com um programa de atividades que se estende desde o dia 13 de abril a 4 de maio, e que tem como lema “Democracia e Liberdade pautam as comemorações do 25 de Abril".

(...) Os 50 anos são bem celebrados neste canto do mundo, onde quase ninguém fala o português, mas que tem um grande carinho e afeição com os portugueses, com Portugal.

(...) Mas o que me emocionou até verter algumas lágrimas, foi ver como noutras paragens, por exemplo na Galiza, em Paris, em Timor-Leste e muitas mais, tanta gente cantava, com alma e coração, as canções de antes e depois, como que a agradecer a revolução dos cravos. 

E ouvir cantar “Grândola, Vila Morena” por tantas vozes empolgadas pelo entusiasmo e a emoção, deixa-nos extasiados, sem palavras, com os olhos embaciados de lágrimas. Quem viveu o antes e o depois de Abril, não pode ficar indiferente à forma como o 50º aniversário foi vivido. (...) (**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25498: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte V

(**) Último poste da série > 3 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25475: S(C)em Comentários (35): "Barrigas de meia", no gíria do PAIGC (Cherno Baldé, Bissau)

Guiné 61/74 - P25498: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte V


Timor > Dili > Projeto CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar) > "No passado dia 25 de fevereiro chegaram a Timor-Leste 36 docentes portugueses que irão desempenhar funções pela primeira vez no Projeto CAFE, juntando-se aos 107 docentes que renovaram, no início de 2024, os contratos de cooperação anteriormente celebrados. Foram recebidos pela Coordenação Geral tendo ocorrido posteriormente uma receção na Embaixada de Portugal em Díli (...).

"Este Projeto o qual constitui para o Estado Português e para o Ministério da Educação, o projeto de maior envergadura por si coordenado e cofinanciado no quadro dos acordos de cooperação bilateral na área da educação, mediante o qual se promove a educação e o ensino em Língua Portuguesa em 13 municípios daquele país, envolvendo no presente ano alunos cerca de 11 000 alunos, 150 docentes portugueses e mais de 300 docentes timorenses.

"O Projeto CAFE tem como principais vertentes desenvolver e consolidar o ensino em língua portuguesa naquele território, a nível do ensino não superior, reforçar a formação de docentes timorenses e promover a maior qualificação do sistema educativo timorense, respondendo a três necessidades concretas: (i)  formação complementar a jovens recém-qualificados;: (ii) ensino público de qualidade; (iii) Ações de formação e capacitação."

Fonte: Adapt de Direção - Geral de Administração Escolar > Notícias > 1 de março de 2024 (com a devida vénia...)


1. O Rui Chamusco  de regressar de Timor ao fim de 3 meses de estadia... É a sua quinta visita Chamas-lhe o Som Quixote da lusofonia e o seu 'mano' Eustáquio (da família Sobra, onde ele fca, em Dili), o Sancho Pança: resistiu e lutou nas montanhas contra a ocupação indonésia.  

Depois de terem construído, em 2017,  a Escola São Francisco de Assis (ESFA) ,  na montanha de Liquiçá, ele e a Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste, querem agora o  assegurar a colocação de professores, com formação específica. (*)

Nesta 5ª crónica volta a dar-nos exemplos das  partuclaridades da(s) cultura(s) timorense(s) mas também das dificuldads que se depararam ao ensino da língua portuguesa, que é língua oficial, falada por poucos, a par do tétum.


O Rui Chamusco é um beirão admirável, generoso, solidário, amigo do seu amigo,  "lince" nascido na serra da Malcata, no concelho de Sabugal (terra de desterro na Idade Média, tal como Timor o foi do séc. XVIII até à II Guerra Mundial, "terra abençoada por Deus", diziam os nossos colonialistas republicanos, mas duramente castigada pelo Diabo em figura de gente, primeiro os japoneses, depois os indonésios e as milícias pró-indonésias, até à sua independência, já no início deste milénio). 

É professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã;  é cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste. Será, dentro de dias,  um novo membro da Tabanca Grande (pelo que ele tem feito por Timor-Leste e pela lusofonia).  Tem 77 anos, mora na Lourinhã.  Era grande amigo do nosso tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira (de resto, colegas, professores) e agora meu e do João Crisóstomo (o nosso "cônsul em Nova Iorque").


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte V



Rui Chamusco e o seu amigo e 'mano'
Gaspar Sobral. Em Dili, fica hospedado casa do Eustáquio,
irmão do Gaspar. Foto: LG (2017)
Quinta crónica, enviada de Timor Leste, em 1 de maio último, às 1:14, pelo Rui Chamusco, na sua 5ª estadia (fev/maio 2024).


 
16.04.2024, quinta feira - E vivam os mortos!...

Há culturas assim. Viver é morrer; morrer é viver, dependendo daquilo em que se acredita. Também em Timor isso acontece.

Hoje foi o funeral de um vizinho.   A meio da tarde ouve-se grande agitação aqui nas redondezas                                                                                                                       e até o pátio dos “Sobrais” está cheio de pessoas que procuram entrar ou subir para as "microletes" (**) e as "carehs" a fim de acompanharem o féretro ao cemitério de Becora. 

Mas quando já tudo parecia tranquilo, com as cerimónias terminadas, eis que se ouve uma grande algazarra de vozes, músicas e outros sons, dando a entender que a “festa” ainda não tinha acabado. Fui ver e confirmar com o Eustáquio que assim era.

Faz parte do funeral. As pessoas voltam ao local donde partiram e continuam a celebrar a morte através da refeição e do convívio. Tudo muito naturalmente, sem grande estresse, porque todos ajudam. Isto é que é viver! Morremos nós, mas vivem os outros. A morte e a vida de braço dado.

E assim a vida continua...

17.04.2024, quarta feira - De encontro em encontro

Aquilo que já nem esperávamos aconteceu. A meio da tarde, o meu telemóvel chama, e vejo que é da Coordenação CAFE (***). Apreensivo atendo, mas fico estupefacto quando do outro lado da linha ouço alguém a dizer:

 É o professor Rui Chamusco? Daqui fala o senhor Roger Soares e é para saber se esta tarde pode vir à Coordenação CAFE, porque estou disponível.

 Ok!”respondi eu. Estamos de saída para aí.

E lá vou eu mais o Eustáquio para este encontro, na esperança de que nos ajudem a encontrar uma solução para a colocação de professores na ESFA. E, de um momento para o outro, conseguimos a audiência pretendida.

Para aquilo que nos tinham dito da nova coordenação, confesso que fiquei muito sensibilizado e surpreendido pela atitude dos coordenadores, a saber o dr. Roger Soares e a Dra. Lina Vicente (já conhecida de anos anteriores).

Ambos se mostraram muito recetivos às nossas informações e propostas, penso até que é por aqui que passará uma decisão favorável. Até nos prometeram uma visita à ESFA, ainda que por compromissos já assumidos não possam participar na celebração do 6º aniversário. Vamos a ver! Temos batido a tantas portas que alguma se há-de abrir. Nem que seja para severem livres de nós... “O pedinte tantas vezes bate à porta que o patrão, talvez já chateado com tantos batimentos, se levanta e vem dar-lhe a esmola.”

19.04.2024, sexta feira  - Hospital Guido Valadares

Hoje passámos toda amanhã no hospital, para acompanharmos a Nanda (Fernanda) que é (será a mulher do Zinon e, por conseguinte, a nora do Eustáquio), que foi a uma consulta de endocrinologia devido a um nódulo a tiroide. Este hospital de Dili está sempre cheio de gente. É um hospital público e por isso ninguém paga nada. Também por isso é muito procurado.

Não admira, portanto, o tempo que se tem de esperar para ser atendido. Não há marcação de consultas, e a chamada é por ordem de chegada. Mesmo assim, tudo numa boa nesta sala (?) de espera. Há que esperar até que chamem pelo nome. Até houve momentos de humor que os próprios doentes tentavam criar para aliviar o ambiente. E, para que isso acontecesse, oEustáquio muito contribuiu, conversando com as pessoas que já lá estavam ou as que iam chegando. 

Uma das pessoas que esperava pela consulta tinha a bengala que utilizam os deficientes visuais, e viu-se logo pelo seu comportamento que realmente não via nada. Foi então que o Eustáquio se abeirou dele e da sua esposa para se dar a conhecer. Mas afinal eles já se conheciam e até habitam perto um do outro. 

Quiseram saber da vida de um do outro e, claro está, com perguntas cujas respostas não eram nada agradáveis. Por exemplo quando perguntaram ao Eustáquio pela Aurora (sua mulher) e ouviram a frase “a Aurora já morreu, faz o dia 19 de julho um ano, ouviu-se um Ohhhh! impressionante pela surpresa. 

Também ficámos deveras impressionados quando o amigo revelou a causa da cegueira. Fizeram-lhe uma intervenção à tiroide, e teve como consequência acessória a falta devisão. Mas, no meio de toda esta tragédia, houve um grande momento de humor, quando ele diz para o Eustáquio: “Pois. Eu olhava para onde não devia olhar, e agora fiquei cego”. Toda a gente riu a bom rir com a piada. 

E é isto! Mesmo no meio da adversidade, há sempre a possibilidade de “virar o bico ao prego”. Que resiliência, meus amigos!... Ainda nós nos queixamos por tudo e por nada.

21.04.2024, sábdo  - História de um capacete de motorista

Tobias desde há uns dias que é figura diária na casa do Eustáquio, de quem é afilhado, e vem ajudar nas obras que estão em curso: colocação do chão em mosaicos. Também não teve vida fácil, e até já esteve preso, não sei nem me importam as razões, perdendo, entretanto, a primeira mulher que aproveitou a ausência dele para arranjar outro. Está claro que o Tobias teve todo o direito de, já liberto, poder também encontrar outra mulher, da qual já nasceram dois filhos. 

O mais velho, Marcelino, de quatro anos, há dias que vem com o pai e faz o encanto dos nossos olhos e ouvidos. Muito bonito e vivaz, fala com clareza o tétum e de vez em quando algumas palavras em português que o abô Rui vai debitando. Eu chamo-lhe “Marcelinho pão e vinho”, e é um regalo ver os dois “inhos” em ação: a criança e o velho; o menino e o velhinho. “De velhinho se volta a menino”. 

A primeira vez que lhe dei dois rebuçados foi a correr para o pai, dizendo: este é para o mano. Logo aí me cativou pelo sentido de partilha e de família.

Mas vamos à história do capacete. O Tobias viu uma criança com um capacete e foi logo a correr para ver se seria o seu, que estava junto da sua motorizada, não fosse ele a ficar outra vez sem o seu. E foi então que surgiu a história do capacete. Há tempos apareceram uns rapazes a quererem vender um capacete. O Tobias, como precisava de um, comprou-o e, legalmente, tudo estava bem, passando o Tobias a utilizá-lo nas suas deslocações e viagens. Até que uma vez, alguém que vinha atrás que por acaso até é polícia,  reconheceu o capacete e, ultrapassando-o,  se pôs à sua frente fazendo-o parar e dizendo: "Onde roubaste esse capacete?" O Tobias, que até tem dificuldade em começar a falar, respondeu-lhe: "Eu não o roubei, eu comprei”. E gerou-se ali a confusão habitual: "compraste a quem, etc, etc"... Então o Tobias disse ao polícia: “Se tem dúvidas vamos ali a casa do meu padrinho para confirmar". E assim foi. 

Na entrada da casa do Eustáquio esclareceu-se tudo. Um grupo de rapazolas aqui do canto, armados em larápios vão furtando as coisas que podem para depois venderem na candonga. Através da descoberta deste roubo concluíram que também sacos de cimento e outras coisas foram levadas da casa em construção desse mesmo polícia. Conclusão: o capacete foi devolvido ao seu primeiro dono, e os outros materiais furtados foram pagos através de uma multa que aplicaram a esses jovens. Só que, como esses jovens não tivessem o dinheiro suficiente para o pagamento da multa, então as famílias aqui do canto pagaram entre si mas com um sério aviso: "Se voltais a fazer isso deixamos que vos prendam e passem a cumprir a pena na prisão”. 

Tudo se resolveu, exceto o Tobias que ficou a arder, sem o dinheiro com que tinha pago ofamoso capacete.

22.04.2024, segunda feira - Vítima do massacre de Liquiçá

Esta tarde fomos ao município de Liquiçá falar do concelho de Sabugal, um encontro previamente combinado no âmbito do acordo de colaboração celebrado entre os dois municípios. Nada que superasse as expetativas, para além de dar a conhecer o nosso município, tal e qual como já se fez nonSabugal em relação ao município de Liquiçá. Vamos a ver, na prática, em que é que se traduz este acordo de colaboração.

À saída das salas da presidência estava o senhor Manuel Nunes Serrão, personalidade bem conhecida de Liquiçá, que amavelmente nos veio cumprimentar, falando a língua portuguesa. Irmão do amigo senhor Renato que em 2019 visitou o Sabugal e outras terras portuguesas que criaram laços com o município de Liquiçá, depressa nos envolvemos em conversa de amigos que estão contentes por se encontrarem e travarem conhecimento.

Foi então, quando fiquei a saber o que aconteceu com este senhor Manuel Serrão durante o “massacre na igreja de Liquiçá”. Em 1999, cinco meses antes do plesbicito sobre a independência de Timor-Leste, as milícias apoiadas pelas tropas indonésias irromperam pela igreja onde estavam à volta de 2000 pessoas ali abrigadas e, à catanada, massacraram aquelagente. Bastantes morreram (dizem que mais ou menos 100 pessoas), e muitos deles ficaram mutilados. Arrepiante!... 

Pois o senhor Manuel foi uma dessas vítimas que, por sorte ou graça de Deus, levou uma catanada no pescoço, sendo bem visível a enorme cicatriz. Segundo os médicos que o operaram, a sua sorte foi a veia principal não ter sido atingida, caso contrário faria agora parte da lista dos mortos desse massacre. 

São estes testemunhos vivos que nos fazem pensar se a violência, a brutalidade, as armas têm algum sentido em qualquer parte do mundo. Quanto mais não vale o diálogo, a tolerância, as relhas e os arados. “Não queremos mais o ódio /Não queremos mais a fome / Não queremos mais a guerra / Queremos pão para toda a terra”.

23.04,2024, terça feira  - Festa na aldeia!?

Tudo aconteceu ao final da tarde. Já tinha conhecimento de que hoje seria o jogo de estreia da equipa feminina de futsal de Ailok Laran, da qual a Adobe, a Elixce e a Felismina fazem parte. A equipe e a sua comitiva de adeptos deslocaram-se ao campo da aldeia de Tahan Timor, que até tem dois jogadores de futebol na seleção nacional. Tudo levava a crer que o mais certo seria a derrota de Ailok Laran. Aliás, ao intervalo já perdiam por 3 a zero, o que supunha virem de lá com um cabazada de golos. Mas o milagre aconteceu. A equipe perdedora ao intervalo remontou e conseguiu empatar e ganhar o jogo por 3-4. 

As heroínas são sobretudo as três moças da família Sobral: a Adobe pelas defesas que fez como guarda-redes, a Mina(Felismina) que fez o hattrik e a Elixce que marcou também o seu golo.

Conclusão: até ao lavar dos cestos é vindima.

23.04.204, terça feira - “Cultura” e medicina em conflito

Nem dá para acreditar, mas é verdade. Ontem à noite, depois de uma tarde cansativa, chegamos de Liquiçá estafados a Ailok Laran com uma vontade enorme de irmos descansar. Foi o que eu fiz e, assim faria também o Eustáquio se nada houvesse em contra. Mas não. Passadas algumas horas ouvia o Eustáquio ao telemóvel, conversando com a família da Nanda, que nos dias anteriores teve consulta médica, seguindo-se exames e análises para detetar a causa e a consequente solução para o problema, com apossibilidade de uma intervenção cirúrgica. E, quando supostamente todos esperavam o seguimento do processo, eis que chega o telefonema de um tio da Nanda para dizer:”Toda a família não está de acordo com esse processo. A nossa cultura tem outra explicação para a doença da Nanda, e é isso que vamos fazer”. 

E tudo ficou em standby, para seguir esse tratamento da sua cultura. Eu que já ouvi e tenho conhecimento de mais histórias destas, fico perplexo e nem sei o que hei-de pensar. Há rituais que respeito e acato, mas há coisas incompreensíveis que nos fazem duvidar e até rejeitar. E então esta de alguém ficar com determinada doença só por que comeu algo que a “cultura” não permite comer, é demais. Gostaria de explicar melhor, mas não posso, ou não devo. Valha-nos Deus!...

24.04.2024  - Ainda sobre culturas

Fiquei a saber que aqui, em Timor-Leste, há diferentes culturas segundo algumas regiões: cultura de Ermera, cultura de Dili, cultura de Açabe, cultura de Maubisse, etc. Todas elas ainda muito arraigadas nas populações.

Os mais velhos são os seus grandes defensores, e temem que os mais novos, influenciados pela modernidade, um dia as possam esquecer e abandonar.

São crenças que herdarem dos seus antepassados e que defendem “com unhas e dentes”. Muitas delas determinam o presente e o futuro dos seus cidadãos, nomeadamente no que se refere a comportamentos e atitudes perante os acontecimentos. Tenho ainda bem presente os rituais que os anciãos de Boebau / Manati realizaram por ocasião da inauguração da Escola São Francisco de Assis, nos quais exigiram a nossa presença e participação (eu e o Gaspar). 

E aqui vos deixo, como exemplo, esta descrição relativa às festas do “barlake”. É comum sempre que há uma festa ritual as famílias contribuíram com os seus “dotes” para as refeições, nomeadamente oferecendo animais (vacas, porcos, cabras), ou até dinheiro. 

Há regras muito rigorosas sobre quem tem de oferecer e a quem, quem pode consumir e o quê. Se um tio ou tia oferecer, por exemplo,  uma vaca ao sobrinho, todos podem comer esse animal exceto as pessoas do sexo feminino (sobrinhas). A pior parte do animal para consumo é sempre o pescoço, e sobretudo do fahi (porco). Quem fizer o contrário está sujeito a ter doenças do pescoço. Por exemplo, se alguém tem um problema de tiroide, é por que comeu carne do pescoço da vaca ou do porco. Já dá para entender alguma coisa do que escrevi anteriormente?...

24.04.2024, quarta feira - Mais uma do Eustáquio

Em amena cavaqueira, e depois de muitos comentários sobre a vida em Timor-Leste, mais concretamente em Dili e arredores, o Eustáquio sai-se com esta: “ Não compreendo por que é que aqui, em Timor, quando a gente vai fazer a inspeção aos carros, colocam a viatura em cima dos rolos e abanam para todos os lados. Então as estradas não estão já cheias de buracos que fazem a gente baloiçar de um lado para o outro? Precisam de mais provas de resistência?” 

Muito bem observado... E se quiserem mais provas que me chamem a mim, pois ao longo destas cinco estadias tenho sido vítima de todo este desconforto. Às portas de Dili, e até dentro da cidade, isso acontece. Quem tiver dúvidas faça o caminho do mercado de Perunas e outras circundantes, que logo se convence. Vão-se os carros mas ficam oscaminhos...

25.04.2024, quinta feira  - 25 de Abril, SEMPRE!...

Embora muito longe de Portugal, a celebração dos 50 anos da Revolução de Abril não me é indiferente. Até por que em 1974 tinha eu 27 anos, com vivências e episódios em que o anterior regime deixou marcas inesquecíveis.

Só quem de alguma maneira não sentiu na pele a vida em ditadura é que poderá ser a favor do “antigamente”. “Que los hay, los hay!...” Mas nem esses saudosistas, nem os que nasceram em “berço de oiro” da democracia, poderão abafar as conquistas e os valores que a Revolução dos Cravos nos legou. Felizmente que as forças democráticas bem presentes na sociedade portuguesa se mobilizaram para dar o devido destaque à celebração dos 50 anos. 

Todos nós sabemos que ainda há muito por fazer, sobretudo ao nível da justiça social. Todos nós somos críticos, e ainda bem, das políticas implementadas durante estes 50 anos. Todos nós queremos mais e melhor para nós e para os outros. Mas nada nem ninguém poderá aniquilar a valentia, a originalidade e, sobretudo, as consequências desta Revolução dos Cravos.

A luta continua! A vitória é difícil, mas é nossa!... 

Apraz-me registar que também aqui, em Timor-Leste, em Dili, os 50 anos são bem celebrados. Primeiro através da visita do Presidente Ramos Horta a Portugal para participar nas celebrações. Depois com um programa de atividades que se estende desde o dia 13 de abril a 4 de maio, e que tem como lema “Democracia e Liberdade pautam as comemorações do 25 de abril". E por fim, talvez a que mais agrada aos alunos das escolas, o governo deu tolerância de ponto. Seja como for, os 50 anos são bem celebrados neste canto do mundo, onde quase ninguém fala o português, mas que tem um grande carinho e afeição com os portugueses, com Portugal.

27.04.2024, sábado - Quando a emoção nos invade...

O fadista pergunta e responde: “Quando a tristeza me invade?... Canto o fado!” Mas não é de tristeza que se trata. É de emoção. E vem tudo isto a propósito do rescaldo das celebrações dos 50 anos de abril. Graças aos meios digitais, temos acesso às manifestações e ações que se desenvolveram em grande parte do nosso país. É uma confirmação de que abril está bem vivo, e que os seus valores continuarão a orientar a sociedade portuguesa.

Mas o que me emocionou até verter algumas lágrimas, foi ver como noutras paragens, por exemplo na Galiza, em Paris, em Timor-Leste e muitas mais, tanta gente cantava, com alma e coração, as canções de antes e depois, como que a agradecer a revolução dos cravos. 

E ouvir cantar “Grândola Vila Morena” por tantas vozes empolgadas pelo entusiasmo e a emoção deixa-nos extasiados, sem palavras, com os olhos embaciados de lágrimas. Quem viveu o antes e o depois de abril, não pode ficar indiferente à forma como o 50º aniversário foi vivido. E, Deus queira, que cada aniversário a caminho dos 100, seja a atualização deste espírito que o 25 de abril de 1974 nos ofereceu. 25 de Abril SEMPRE!... (...)

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Conta solidária da Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (ASTIL)

IBAN: PT50 0035 0702 000297617308 4

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 3 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25473: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte IV

(**) Microlete: o termo já vem grafado no Priberam

Timor: Veículo privado de transporte colectivo de passageiros. Etimologia: de oirgem obscura.

"microlete", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/microlete.

(***) CAFE > Projeto dos Centros de Aprendi<agem e Formação Escolar

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25473: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte IV




Timor Leste > Liquiçá > Manati > Boebau > A "menina dos olhos" do Rui Chamusco, a sua Escola (dele, da ASTIL)  de São Francisco de Assis... onde faltam professores para ensinar o português às crianças que vinham longe, na montanha...

Fotos (e legenda): © Rui Chamusco (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Rui Chamusco é um verdadeiro Dom Quixote, lutando contra os moinhos de vento da indiferença, da inércia, da burocracia... Está a 15 dias d regressar de Timor depois da sua quinta estadia, de 3 meses... E o Sancho Pança é o seu 'mano' Eustáquio, que resistiu e lutou nas montanhas contra a ocupação indonésia.  Mas até lá espera poder ultrapassar dificuldades burocráticas e falta de pessoal docente, problemas que afetam o funcionamento e o futuro da Escola São Francisco de Assis (ESFA), construída e apoiada pela ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste. Nesta crónica volta a abordar alguns aspetos da idiossincrasia timorense mas também das tremendas dificuldads que se depararam ao desenvolvimento da língua portuguesa, que é língua ofiicial, a par do tétum.

Recorde-se que o Rui Chamusco, em breve nosso novo tabanqueiro, tem 77 anos, é professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã; natural de Malcata, concelho de Sabugal, é cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste.


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - Parte IV



Rui Chamusco e o seu amigo e 'mano'
Gaspar Sobral. Em Dili, fica hospedado casa do Eustáquio,
irmão do Gaspar. Foto: LG (2017)
Quarta crónica, enviada de Timor Leste, em 16 de abril último, às 2:18, pelo Rui Chamusco, na sua 5ª estadia (fev/maio 2024).


 

02.04.2004, terça feira  - As “loucuras” do vizinho

O Felisberto é o nosso vizinho do lado direito que já, por diversas vezes, deu azo às notícias mais caricatas que podemos imaginar. O que ele fez durante o tempo da invasão indonésia é realmente de loucos, ou de espertos, 
que para se livrar de determinadas situações, 
como por exemplo quando era aprisionado, recorria às suas “táticas de guerra” que lhe traziam sempre bons resultados. (...)  

O Felisberto lê muito, anda quase sempre de bíblia ou lá o que é na mão ou debaixo do braço, recita versículos e capítulos para basear a sua argumentação, e nas conversas que procura praticamente só ele é que fala.

Debita palavras e as frases, em tétum português, com muita facilidade, e da sua figura profética saírem sermões que nunca mais acabam. Mas esta que ontem o Eustáquio me descreveu é que não lembra nem ao diabo. 

Segundo o Eustáquio, o Felisberto durante 40 dias recusou-se a comer e a beber fosse o que fosse. Cada dia dava mais sinais de debilitado e fraco, com olheiras impressionantes e a pele encostada aos ossos. E resistiu até que pode, parece que até ao trigésimo nono dia. E, faltando um dia para os quarenta,
foi-se abaixo, desmaiou. 

A recuperação foi rápida. Ao fim de três quatro dias, o Felisberto está de novo em forma para prosseguir a sua missão. Eu disse ao Eustáquio que não acredito que o Felisberto estivesse tanto tempo sem comer e sem beber, mas ele afirma a pés juntos que foi verdade, que ninguém sabe como aguentou mas é verdade.
E E agora? Acredite quem quiser...

03.04.2024, quarta feira   - Ora toma lá mais esta...

Já, por várias vezes referi que, aqui em Timor, as coisas vão-se fazendo. Nada de pressas, porque temos todo o tempo do mundo. Às vezes fazem-nos crer que é por falta de dinheiro que as coisas não se fazem, não avançam. Mas, cá para mim, é também já um jeito de ser. 

Também em Ailok Laran é assim. A casa de família do Eustáquio tem sempre obras em curso. Aos pouquinhos vai-se fazendo e acrescentando a casa mãe dos “Sobral” , que ressalta neste contexto habitacional. Desta vez a empreitada é para assentar os mosaicos em grande parte do piso rés do chão. Para tal o Zinon, embora ausente no estrangeiro, quis orientar este trabalho, dando instruções
ao pai Eustáquio que iria ajustar esta obra a um trabalhador que um seu amigo conhecia.

E assim se fez. Depois de visitar e ver o que tinha a fazer, combinaram o preço e mãos à obra. Ontem começaram os trabalhos. Entretanto, o Eustáquio que tinha ido a Boebau voltando à tardinha, viu o trabalho já feito e não gostou. Não estava a seu gosto nem como ele sabia fazer. Telefona ao Zinon dizendo o que se passa, resultando de tudo isso o cancelamento do contrato. 

E, logo hoje de manhã, ele mais o Tobias (seu “sobrinho”) metem mãos à obra, corrigindo o que não estava bem e prosseguindo a colocação dos referidos mosaicos. Agora mesmo, enquanto escrevo, estou ouvindo os toques do martelinho de madeiro ou borracha assentando e ajustando cada mosaico. 

Ao almoço, em conversa informal ele revelou-me o segredo: “É preciso sentimento para fazer este
trabalho. O outro senhor assentava as peças mas não tinha sentimento.” E pronto. No final da obra vamos ter uma casa cheia de sentimentos.

03.04.2024, quarte feira  - Esta mocinhas novas...

A Adobe e as primas (Zaida e Mina) são umas moçoilas adolescentes que despertam para a vida. Muito unidas para tudo, com surpresas que nos encantam. Estão na fase das pinturas das caras e das unhas. Cada uma ajuda a outra, ou então só cada uma, aplicam os materiais apropriados, com toques e retoques, muitas miradas ao espelho, poses para a fotografia, etc... 

E então não é que elas ficam mesmo giras?! Pena é que logo a seguir desfaçam a beleza que conseguiram alcançar. Mas pouco importa, porque elas são mesmo lindas sem serem pintadas. Mas, lá que elas são muito vaidosas, ah lá isso são... “ Minina Bonita! “, como dizem por aqui.

04.04.2024, quinta feira  - Mentes espertas

Hoje a conversa com o Eustáquio deu nestas duas histórias que aconteceram por aqui mas que podemos encontrar em muitos outros lados. E tudo veio à baila de lhe ter contado a história do primo Manel Russo que, depois de concluir a Aliance Française, em Paris, foi pedir trabalho ao Institut du Vrai Portugais, cujo proprietário e diretor era o nosso conhecido ex-padre Zé Pedro. 

O Manel, qual professor, ficou agradecido porque lhe foi dito: “ Se quiseres podes começar a trabalhar já amanhã." E assim fez. Passou-se um mês de trabalho, e o novo professor, como o ordenado nunca mais era pago, foi junto do diretor e perguntou: “Alors, mon salaire?” O diretor olhou para ele e retorquiu: “ O teu salário?! Tu só me pediste para trabalhar!”. 

Então o Eustáquio riu, mas acrescentou duas histórias mais ou menos relacionadas com a que acabei de contar.

A primeira: Um senhor que vive nas montanhas teve de vir à capital para tratar dos seus assuntos. Chegada a hora do almoço procurou um restaurante onde pudesse comer. Entrou, sentou-se a uma mesa, e de pronto chegou um empregado que lhe perguntou: “O que quer comer?” E logo lhe fez uma lista do pretendido. 

Comeu e bebeu o que pediu e, para espanto geral, o senhor levantou-se para ir embora. Foi então que o empregado o atalhou e lhe disse: “ o senhor ainda não pagou”. Ao que o cliente respondeu: “você
perguntou-me só o que queria comer e beber. Porque é que agora tenho de pagar? O senhor ofereceu, não é?...”

A segunda é esta: Veio um senhor de longe num bis (espécie de autocarro) até à cidade. Chegou ao destino e pagou uma quarta (25 cêntimos) ao condutor. Depois, teve que alugar um táxi convencional para a casa onde iria ficar. Perguntou quanto era ao chauffeur e ele respondeu: “3 dólares”. E o viajante, espantado, comentou: “Eh!... então eu paguei uma quarta por um carro grande e agora por um pequenino são três dólares!

Não pode!... E assim funcionam estas mentes brilhantes...

06.04,2024, sábado - Impressionante!

Vamos lá a ver quem faz mais barulho, quem tem oa aparelhagem de som mais potente... Isto até poderia ser tomado com um concurso, mas não é bem assim. Neste sábado de fim de semana, ouvem-se músicas provenientes de todos os lados: vizinhos de trás, vizinhos da frente, vizinhos do lado, vendedores ambulantes, e até cá em casa se ouvem an canções que a Adobe está frequentemente cantando mas sem amplificação.

Isto é uma animação matinal fora de série. E não é por que haja festa na aldeia. É assim mesmo. Cada um à sua maneira curte a vida, mesmo que seja ouvindo as músicas preferidas em altos decibéis. Aqui ou a gente se deixa levar por toda esta agitação musical ou então é para ficar surdo. A lei do ruído não existe, e não podes recriminar ninguém pela utilização que faz dos sons. 

Neste contexto, há momentos que ouvi algo contraditório. Com o nível de som audível a centenas de metros, alguém cantava, acompanhado com guitarra e bateria, a mítica canção de Paul Simon “the souns of the silence”. Como é que o silêncio se pode ouvir ou cantar em altos berros, com ritmos
marcantes?! 

É uma amálgama de emoções. Calma, que agora aqui ao lado fez-se silêncio, e até já se ouvem os passarinhos a piar, os galos a cantar e as crianças a chamar, a rir, a chorar.

07.04.204, doingo,  - “Pancadas de Molière”

Cada dia, cada noite avança de surpresa em surpresa. Sem horas para começar ou acabar, vão-se fazendo as coisas conforme a disponibilidade e a vontade. Com-se quando há fome (e há para comer), dorme-se quando há vontade de dormir, trabalha-se quando há que trabalhar. Sem pressas, com sentimento e coração. E nós, os ocidentais, vamos lá a entender isto?!... 

Ontem o Eustáquio chegou estoirado das viagens às montanhas e, mesmo assim, não deixou para trás o que tem de fazer, a saber: assentamento de mosaicos nos rés do chão, como já antes descrevi. Ele e o Tobias agarraram-se à obra, e aí vai disto. Já eram duas horas da manhã e ainda se ouviam as pancadinhas nos mosaicos que, minuciosamente eram assentes e testados pelo nível de água e pelos sons que o martelo de borracha garantiam. Agora imaginem para alguém que aqui se deita pelas 22 horas e que tem bom ouvido o tormento destas “pancadinhas de Molière”. 

Mas, como um bom timorense, também direi.” Quem tem mesmo sono, dorme. Quem não tem sono, não precisa de dormir, só está na cama”. E o que mais me admira no meio de tudo isto é a resistência e o saber do Eustáquio que, onde mete a mão, as coisas são feitas mas bem feitas, demore o tempo que demorar. É um “homem dos sete(ou mais) ofícios” que qualquer patrão gostaria de ter, com pancadas ou sem “pancadas de Molière”.

08.04.2024, segunda fera  - Tanto para fazer!...

E lá vamos nós outra vez a Liquiçá, fazer o que temos que fazer: entregar o dossiê do processo da proposta de colaboração na Direção da Educação; apresentar cumprimentos ao novo Presidente da Administração Municipal; visitar o Cafe de Liquiçá. 

E começo a ser como os timorenses (grego com os gregos; troiano com os troianos). Não por conveniência, mas porque são mesmo assim. O diretor da educação disse-os logo que o processo irá ser demorado, porque têm de pedir o parecer jurídico, que por sua vez também será demorado, e só depois se apresentará ao ministério da educação para que seja tomada uma decisão final. Que ao menos seja a nosso favor! 

O encontro no município correu bem, embora tivesse sido escasso. No entanto, ficou um encontro marcado para o dia 22 de abril, no qual darei a conhecer o município de Sabugal, servindo-me das informações e materiais de que fui portador. E tudo isto porque há um acordo de colaboração entre os dois municípios Liquiçá e Sabugal que é preciso desenvolver.

A visita ao CAFE tinha como objetivo saber notícias da Maria que frequenta o pré-escolar e da Titânia que frequenta o 5º ano. Azar!... Os alunos estão de férias, porque é o final do 1º período, e os professores estão nas reuniões de avaliação. Felizmente que a professora Teresa, coordenadora da escola, nos dispensou o seu tempo para pormos a conversa em dia.

10.04.2024, quarta feira  - Gleno... Pleno

Um dia em cheio! A convite do amigo professor Mário Louro, fomos até ao grnde vale de Gleno, para a escola CAFE, onde alguns professores e alunos nos esperavam para nos apresentarem o trabalho em elaboração de um sketch sobre os 50 anos do 25 de Abril em Portugal. 

Quiseram ouvir as minhas dicas, sobretudo as relacionadas com a música (porque dizem que eu, como professor de música, sou especialista, e que humildemente tentei fazer) mas, confesso, que pouco ou nada pude acrescentar porque tudo estava já muito bem escolhido. Mais um pouco de performance e o trabalho ficaria cinco estrelas. 

Valeu a pena conhecer esta gente, estes amigos e poder partilhar com eles a maior parte das horas deste dia. E, já agora, muito sucesso para o fim a que se destina: contribuição do Cafe de Gleno para a celebração do 25 de Abril, a pedido da embaixada de Portugal. Valeu a pena subir montes, descer vales, serpentear caminhos e estradas.

Um facto interessante é que em Tibar, na ida e na volta, ao visitarmos a fraternidade dos Capuchinhos e a fraternidade das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, se tenha verificado o mesmo acontecimento: depois de batermos à porta ou tocarmos a campainha várias vezes, e já desistindo de sermos atendidos, aparece um capuchinho que nos atende e a carrinha das irmãs que, amavelmente nos saúdam. Em ambos os casos tivemos de voltar para trás, mas valeu bem a pena. A irmã Teresa, superiora da comunidade, depois de eu me apresentar perguntou-me logo: “Você é da Guarda?”... "Sim”... É que a irmã Rita, que vive na comunidade de Lautem e que também é da Guarda, perguntou por si. Na celebração do envio esteve com a sua mãe que lhe manda cumprimentos, beijos e abraços”. 

Ora aqui está uma grande confusão! Então a minha mãe já faleceu em 2004, e eu com 77 anos já bem feitos, como pode isso ser? Depressa me dei conta de todo este engano e retifiquei a situação. De qualquer forma, peno ainda estar com a irmã Rita e agradecer-lhe esta preciosa encomenda.

12.04.2024, sexta feira  - Mas o que é que Deus anda a fazer ?

Cada dia que passa enriquece-nos com conhecimentos vindos de histórias e casos que nos contam. Ontem foi a irmã Teresa que nos contou este caso. Havia num lar um senhor que fez 99 anos e todos os que com ele lidavam o animavam dizendo: “ Senhor José, vamos lá ter ânimo porque você é a pessoa mais idosa desta casa, e temos de festejar os seus cem anos.”

 E o tempo foi decorrendo, até que se soube da existência de uma senhora que já tinha feito os 100. Então a mesma pessoa que o animava chegou um dia à sua beira e disse: “Senhor José, afinal não é você a pessoa mais velha, porque há uma senhora que já fez os 100 anos”. Ao que o velhote retorquiu: “Mas o que é que Deus anda a fazer? Esqueceu-se de a levar?”... 

E ainda há quem queira morrer...Ai Costa! A vida Costa!...

12.04.2024, sexta feira  - Eustáquio, o “perfecionista”.

Já por várias vezes referi o zelo com que o Eustáquio faz e e cuida das coisas. Como ele diz: “Há-que fazer as coisas com sentimento”. Então não é que o artista que agora anda a assentar os mosaicos cá em casa, não seguiu a linha que lhe indicava a boa direção? E vai daí que o Eustáquio, já depois de se ir embora o trabalhador, se deu conta do desvio e procedeu ele mesmo ao alinhamento, como que a dizer “amanhã quando chegar vou mostrar-lhe o erro e vai ter que arrancar para pôr de novo”. 

Dito e feito. Esta manhã que já vai a meio, cá se ouvem as marteladas a desfazer o que já estava feito, para refazer como deve ser. Não sei não, mas se isto se desse com alguns portugueses, quem sabe se acatariam as ordens do Eustáquio sem barafustarem. Mas aqui em Ailok Laran, o Eustáquio é um homem de respeito que muitos procuram para resolver situações e, com certeza, ninguém se atreveria a contestar as suas ordens. E até porque ele tem razão.(...)
 

15.04.2024, segunda feira  - Mais uma voltinha...

Esta vida é um carrossel que, de volta em volta, faz a vida acontecer. A volta de hoje insere-se nos esforços que temos vindo a fazer para encontrar uma solução para a colocação de professores na escola São francisco de Assis. Hoje, por sugestão e influência do Dr. Dionísio Babo, anterior ministro da Justiça e atualmente embaixador de Timor Leste na ONU, vamos falar com o professor Roger Soares, coordenador das escolas CAFE neste país. 

Não sei o que isto vai dar, mas parece-me que pouco mais passará de uma apresentação. Ou então ficará tudo em promessas que nunca serão cumpridas, como já vai sendo habitual neste contexto.  Presencialmente louvam o que estamos fazendo, batem palmas a este projeto solidário, mas não passa daqui. 

Eu sei lá o que mais podemos fazer!? E eu gostava tanto que este assunto se resolvesse durante esta minha estadia em Timor. É que daqui a um mês, 15 de Maio, estarei de regresso a Portugal. E, com franqueza, não sei quando e se voltarei. As viagens e as condições de vida já fazem mossa neste corpo em envelhecimento. Mas o futuro só a Deus pertence...

15.04.2024, segunda feira  - De novo esta história...

Creio que já abordei esta história numa das crónicas das estadias anteriores, mas a sua graciosidade é tanta que hoje, ao coment-la com o Eustáquio, deu-me vontade de a reescrever. Então aqui vai. 

Conta-se que um rapaz, filho de gente de posses, foienviado para Portugal afim de fazer os estudos num seminário para vir a ser padre. (padre / amo é talvez das profissões mais estimadas e respeitadas, ainda hoje, aqui em Timor Leste). O rapaz foi para Portugal mas em vez frequentar os estudos do seminário
dedica-se a outras ocupações que derretiam o dinheiro enviado periodicamente pelo pai.

Entretanto, chegou a altura de ele regressar a Timor e este “falso estudante” do que se lembrou? Comprou o pano preto necessário e foi ao alfaiate mandar fazer uma batina. Quando o avião aterrou em Dili, tinha a família à sua espera que orgulhosamente acolhia o filho padre. E, como de padre não tinha nada, ía proferindo frases em “latim” para que acreditassem que ele tinha mesmo estudado para padre em Portugal. 

Uma das frases mais célebres é esta: “Ó canes como me pat lá sa me. Eu sou cá como te.” Ora,
quem percebe alguma coisa de latim, vê logo que não há na frase nada que se aproveite.
O resto da história não se sabe. Mas quem o ouvia afirmava: “Sim! Ele fala latim, como
os padres. E esta história acaba assim..

15.04.2024,  segunda feira - Isto dá que pensar...

Pátria! Pátria! Timor-Leste, nossa nação. Glória ao povo e aos heróis da nossa libertação!” Quem não vibrou com a independência deste país irmão? Aqui ou no estrangeiro, e sobretudo em Portugal, foram momentos de emoção ao ouvirmos pela primeira vez o hino de Timor-Leste e ao vermos içar pela primeira vez a bandeira deste povo. Foi um momento muito esperado e muito vivido. 

De então para cá 23 anos já são decorridos e, como em qualquer país, há quem se pergunte sobre as vantagens e as desvantagens de ser um país independente ou de ser uma província da Indonésia. Ainda hoje ouvi um comentário de alguém que sofreu muito com a invasão: 

“No tempo dos indonésios havia estradas boas para todos os distritos, escolas também. Agora com a independência, há alguns que têm bons empregos, bons carros, boas escolas e outras coisas mais. Mas a maioria do povo o que é que tem? Se o referendo fosse hoje, se calhar não votaria a favor da independência.” 

Por outro lado, a língua bahassa ainda está muito arreigada na população. Muito mais que a língua portuguesa, que é a segunda língua oficial. E, apesar dos muitos esforços que os governos de Portugal e de Timor têm feito, não vai ser nada fácil fazer vingar a língua de Camões. Nas famílias, nos mercados e na maioria das escolas fala-se o tétum e o bahassa e não o português. É muito lindo querer que as pessoas falem a nossa língua, mas não será fácil ou até mesmo impossível que isso aconteça. Quem me dera poder estar enganado...

15.04.2024, segunda feira  - É fazendo que se aprende a fazer...

Neste caso é bebendo que se apanha o gosto. O Eustáquio, durante a sua estadia em Portugal viu que as pessoas consumiam um bebida que sempre o intrigou e desejaria experimentar, mas que não o fez. Hoje, no bar do Pateo, ao perguntar-lhe o que queria beber, primeiro pediu um sumo de compal, só que depois avistou uma garrafa de Frize e pediu para trocar, porque queria experimentar aquela bebida que desde Portugal o intrigava. 

Já numa mesa sentados para saborearmos o que tínhamos pedido, o Eustáquio, com muita apreensão, leva a Frize à boca e, de repente, repele a bebida dizendo:” Eh pá, não presta! Não tem gosto!” Pudera, pois a Frize é uma água mineral gaseificada!... Ainda lhe adicionou dois pacotes de açúcar que sobraram do meu café mas, mesmo assim, não conseguiu consumir a porção que a garrafa continha. Fez questão de trazê-la para casa como recordação desta degustação.

(Revisão / fixação de texto: LG)

Conta solidária da Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (ASTIL)

IBAN: PT50 0035 0702 000297617308 4
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Nota do leitor: