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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16964: Inquérito de 'online' (99): "Alguma vez votaste, em eleições legislativas, antes do 25 de Abril de 1974 ?"... Precisam-se pelo menos 100 respondentes até 3ª feira, dia 24, às 11h34


Foto: Assembleia da República / Palácio de São Bento (cortesia do sítio da CM Lisboa)


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"ALGUMA VEZ VOTASTE 
EM ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, 
ANTES DO 25 DE ABRIL DE 1974?"


1. Não estava recenseado, pelo que nunca votei 
2. Estava recenseado, mas nunca votei 
3. Estava recenseado e votei, pelo menos uma vez 
4, Não sei / não me lembro


Resposta.  até 24/1/2017, 3ª feira, até às 11h34, diretamente no blogue, ao canto superior esquerdo (*).


II. É a pergunta desta semana: quantos de nós, camaradas, estavam incluídos no tal milhão e oitocentos mil recenseados, que constavam dos cadernos eleitorais do Estado Novo, até ao 25 de Abril de 1974, podendo exercer o "direito de voto" nas eleições legislativas para a Assembleia Nacional (e apenas nestas) ?... Ou seja, apenas um em cada cinco portugueses!

Depois das eleições para a Presidência da República de 1958, por sufrágio universal, a Constituição (de 1933) foi alterada, passando a lei a prever que que o supremo magistrado da Nação passasse a ser eleito por um colégio eleitoral restrito de 602 membros.

Esses membros eram os seguintes: (i) deputados da Assembleia Nacional; (ii) membros da Câmara Corporativa;  (iii) representantes das estruturas administrativas dos territórios ultramarinos;  e (iv) representantes das câmaras municipais.

Lê-se no sítio oficial da Presidência da República Portuguesa, na nota biográfica de Américo Tomás: "O Colégio Eleitoral é o resultado das eleições de 1958. Foi criado para evitar situações problemáticas para o regime, como a hipótese de vir a ser eleito um candidato da oposição".

Recorde-se que em 1958, em eleição fraudulenta, Américo Tomás foi eleito com 75% dos votos (contra 25% do general Humberto Delgado), o que correspondia a 758 998 votos e 236 528 votos, respectivamente, para cada um dos candidatos....

O total dos recenseados nos "cadernos eleitorais" do Estado Novo, nas últimas eleições, as de 1973 eram cerca de 1 milhão e 800 mil para uma população de  pouco mais de 8,6 milhões, ou seja, pouco mais de 20%.

Compare-se esse número com o total de recenseados, para as primeiras eleições livres, em 25/4/1975, as eleições para a Assembleia Constituinte: mais de 6,7 milhões de eleitores (numa população de pouco mais de 8,7 milhões), o que equivale a 88,5% do total.

Nas eleições legislativas de 26/10/1969, eu estava há já cinco meses na Guiné  e exerci o meu direito de voto... Votei em branco mas não sei o que fizeram ao meu voto...

Recorde-se (para os mais novos...) que ante do 25 de Abril, o direito de voto era muito restrito, não era "um homem, um voto": só podiam votar: (i) os chefes de família (excluindo-se as mulheres e os filhos maiores que viviam com os pais); (ii) os indivíduos  com um grau de instrução igual ou superior a 4 anos e proprietários (excluíam.se  os analfabetos e os pobres...). O  recenseamento era administrativo e prestava-se a grandes arbitrariedades. Eram excluídos, administrativamente, dos cadernos eleitorais, muitos dos opositores ao regime... Enfim, a campanha eleitoral era de um mês, com muitos constrangimentos e intimidações para os da "oposição"... As assembleias de voto e as urnas eram controladas e manipuladas, não havia fiscalização, não havia partidos, não havia "tempos de antena"..
.
Em suma, um português podia morrer pela Pátria mas podia não ter direito de voto nas eleições para a Assembleia Nacional... 

No TO da Guiné, numa  companhia como a minha (a CCAÇ 2590/ÇÇAÇ 12), com de cerca de 60 militares metropolitanos graduados e especialistas, creio que só havia três camaradas inscritos nos cadernos eleitorais e, portanto, com direito de voto, ou seja 5%:  (i) eu (fur mil armas pesadas inf); (ii) o cmdt da companhia (o capitão de infantaria Carlos Brito, hoje cor ref);  e (iii) o  1º cabo apontador de armas pesadas inf, que pertencia ao 1º Gr Comb, o  José Manuel Quadrado (infelizmente já falecido), o "Alentejano", como era conhecido na caserna. Quantos aos restantes 100 portugueses, as praças guineenses, da CCAÇ 12, nem pensar, não tinham, capacidade eleitoral; eram todos analfabetos, com exceção do 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé (o único que, teoricamente, poderia votar, se estivesse recenseado...).

Na CCAÇ 2590, em 60 homens (metropolitanos)  só 3 estavam  recenseados nos cadernos eleitorais, o que é mais baixo (5%) do que a média nacional (20%). Pode ser que noutras companhias a proporção fosse maior.

Posso, por outro lado,  estar aqui a cometer uma injustiça, omitindo mais alguém, mas julgo que não, embora, para além do capitão QP, os restantes graduados do quadro, os dois segundos sargentos de infantaria, o José Martins Rosado Piça e Alberto Martins Videira também devessem, em princípio, estar recenseados. O 1º sargento de cavalaria Fernando Aires Fragata  ainda estava connosco: irá depois ingressar na antiga Escola Central de Sargentos, sita em Águeda, para frequentar o curso que dava a promoção a oficial do SGE. Alguns de nós, milicianos chegámos a dar-lhe explicações: português, matemática, etc.

Vamos lá responder a este inquérito. Precisamente de chegar pelo menos às 100 respostas.


III. Comentários sobre o tema (**):

(i) Carlos Vinhal

[Nasceu a 27 de Março de 1948 em Vila do Conde; vive em Leça da Palmeira, Matosinhos. aposentado da Administração dos Portos do Douro e Leixões SA; foi Fur Mil Art MA,  CART 2732 Mansabá, entre Abril de 1970 e Março de 1972; é coeditor do nosso blogue]

(...) Confesso a minha pouca importância dada à política de então, e até nem sei quando se adquiria o direito a votar. Seria aos 21 anos, coincidente com a aquisição da chamada maioridade?

Só me lembro do recenseamento no pós 25 de Abril e de ter votado pela primeira vez na minha vida (?) no dia 25 de Abril de 1975, quando até fiz parte de uma mesa de voto como escrutinador, acabando também por secretariar, já que o secretário nomeado me passou a pasta.

Não sei se era "lenda", mas dizia-se que os "votos" dos funcionários públicos que não votavam eram descarregados automaticamente nas listas do regime. De qualquer modo até 1975,  fui funcionário público assalariado de carácter permanente,  logo não devia contar para o número dos ditos "votantes".


(ii) António J. Pereira da Costa

[Coronel art ref, ex-alf art  da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art  e cmdt  das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74)]

(...) Sobre a inscrição dos militares profissionais no "caderno eleitoral" admito que tenha sido obrigatória. Porém, na década de 60, esse uso terá caído em desuso. Nos períodos eleitorais que apanhei na tropa, fui brindado com "prevenções" e nunca dei que os profissionais saíssem do quartel para cumprir o "dever cívico".

Nunca estive inscrito e nunca fui convidado/obrigado a inscrever-me. Às vezes fico com a ideia de que, para a maioria dos militares daquele tempo, a política era uma coisa menor que se tinha de aturar e mais nada...

(...) Sobre as eleições recordo as "chapeladas" feitas com os votos dos legionários que estavam de prevenção e, por isso, não podiam ir às mesas de voto. Então os comandantes levavam os respectivos votos que entravam para as urnas e depois... era só contar.

Ouvi, outro dia, dizer que o embaixador inglês em Lisboa comentava o dito do Salazar (eleições tão livres como na livre Inglaterra), em relação às eleições portuguesas do pós-guerra, que daquelas só conhecia as da Polónia.

Enfim, passou-se...
___________________

sábado, 19 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16737: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (10): A música das nossas vidas: "Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle, mon amour"... ou o braço de ferro entre o fur mil Renato Monteiro e o nosso primeiro Vaz, cuja amada esposa se chamava Isabel e vivia a 5 mil km de distância, em Vila Real, Portugal...


Foto nº 1A > Xime > CART 2520  > c. 1970 > Furriéis, à direita Renato Monteiro, seguindo-se o Oliveira, o José Nascimento e  o Fernandes


Foto nº 1


Foto nº 2 A > Xime > CART 2520 > c. 1970 > Da esquerda paar a direita, fur Renato Monteiro,  um dos picadores e  o fur José Nascimento


Foto nº 2


Foto nº 3A  > Xime > CART 2520 > c. 1970 > 1º. srgt  Vaz à direita, a seguir furriéis Nascimento e Soares...

Foto nº 3 


Foto nº 4


Foto nº 4 A A>  Xime > CART 2520 > c. 1970 > Da direita para a esquerda:  sentados, fur Monteiro, fur Durão e 2º. srgt  Zé do Ó. De pé, também da direita para a esquerda, fur Costa, fur Nascimento e Mancaman, filho do chefe dos picadores [, Mancaman Biai].

Guiné > Zona leste > Setor L1 >  Xime | CART 2520 (1969/71)

Fotos (e legendas): © José Nascimento (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, com data de 11 do corrente,  do nosso amigo e camarada algarvio José  Nascimento (ex-fur mil art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71):

Caro amigo e camarada Carlos Vinhal,

Aqui vai a história de um pequeno episódio passado entre o fur mil Renato Monteiro e o 1º. srgt Vaz,  da minha Cart 2520.

Já tive a felicidade de me encontar algumas vezes com o Renato Monteiro [, hoje escritor e fotógrafo,], mas o 1º. sgrt Vaz nunca mais o encontrei, creio até que já faleceu, gostava de o ter encontrado para lhe dar um grande abraço, isto apesar de ter havido algumas divergências entre nós, contudo existiu sempre muito respeito e sã camaradagem.

Um grande abraço,
José Nascimento 


2.  Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (10) > A música das nossas vidas: "Isabelle, Isabelle, Isabelle, mon amour"... ou o braço de ferro entre o fur mil Renato Monteiro e o nosso primeiro Vaz

por José Nascimento


Isabelle era a música preferida do furrriel Renato Monteiro e esta com alguma frequência dava umas voltas no pequeno gira-discos que morava no balcão do pequeno bar de sargentos no Xime.

Isabel vivia em Vila Real, ou nas suas proximidades, na longínqua Metrópole, amada esposa do 1º. sargento Vaz a quem já tinha dado dois rebentos, um na pré adolescência, o outro alguns anos mais novo. Já com alguns meses de Guiné,  a saudade do 1º. Vaz pela sua Isabel roía-lhe a alma.

Sempre que se proporcionava, o Renato Monteiro saltava para dentro do balcão do bar e punha às voltas a sua Isabelle preferida. Só que de tanto ouvir "chamar" por Isabelle,  a do Charles Aznavour, o 1º. sargento Vaz lembrava-se da sua Isabel, a que tinha ficado a milhas de distância,  e a sua cabeça também começava às voltas, girava, girava, ou melhor, entrava em parafuso.

Até chegou ao ponto de tentar proibir que o Monteiro ouvisse a sua música preferida, fazendo uso do maior número de divisas amarelas que ostentava sobre os seus esqueléticos ombros.

"Monteiro, não quero ouvir essa música",  vociferava o 1º. sargento.

"Mas se eu gosto?!," retorquia o furriel.

Normalmente ou era um, ou era outro que cedia e quando era o 1º sargento, refugiava-se na secretaria, batendo com alguma violência a já carcomida porta que a separava do bar de sargentos.

Até que um dia...

Mais uma vez o Monteiro liga a pequena máquina e entra em rotação a sua Isabelle, Isabelle, Isabelle mon amour (**).

De repente salta de dentro da secretaria, qual fera enfurecida,  o 1º. sargento Vaz.

"Outra vez Monteiro?!",  berrou.

Dirige-se ao pequeno gira-discos, saca a Isabelle do rotativo prato e exclama furioso:

"Agora só vai ouvi-lo no fim da comissão".

Enraivecido, enfia-se na secretaria e mete o pequeno disco no cofre aí existente e fecha-o à chave.

Não sei qual foi o destino desta Isabelle, se foi libertada ou se ficou prisioneira no cofre da CART 2520,  mesmo sem ter ido a julgamento. (***)

Um grande abraço para esta Tabanca que cada vez será maior.

José Nascimento
______________


(**) Letra da canção de Charles Aznavour (c. 1965/66):

Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle
Isabelle Isabelle Isabelle mon amour

Les heures près de toi
Fuient comme des secondes
Les journées loin de toi
Ressemblent à des années
Qui donnent à mon amour
Un goût de fin du monde
Elles troublent mon corps
Autant que ma pensée

Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle
Isabelle Isabelle Isabelle mon amour

Tu vis dans la lumière
Et moi dans les coins sombres
Car tu te meurs de vivre
Et je me meurs d'amour
Je me contenterais
De caresser ton ombre
Si tu voulais m'offrir
Ton destin pour toujours

Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle
Isabelle Isabelle Isabelle mon amour

[Letra reproduzidas com a devida vénia, a partir daqui:
http://www.paroles.net/charles-aznavour/paroles-isabelle#OXimuDIQg7WdWApW.99]

[Vd. também oágina oficial do cantor: Charles Aznavour (n. 1924),  O cantor francês, de origem arménia, vai atuar em Lisboa no próximo dia 10 de dezembro de 2016...Aos 92 anos!!! ]

Tradução (rápida) de LG:

As horas perto de ti
fogem como segundos,
os dias longe de ti
parecem  anos,
dando ao meu amor
um gosto de fim do mundo,
e perturbando tanto o meu corpo
como o meu pensamento

Isabel Isabel Isabel Isabel
Isabel Isabel Isabel,  meu amor

Tu vives na luz
e eu em cantos escuros,
porque tu morres de vida
e eu morro de amor.
Contentar-me-ia
em acariciar a tua sombra
se tu quisesses oferecer-me
o teu destino para sempre.

Isabel Isabel Isabel Isabel
Isabel Isabel Isabel,  meu amor

(***) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12684: Memória dos lugares (263): O Xime, ao tempo da CART 2520 (1969/71), comandada pelo cap mil António dos Santos Maltez, natural de Aveiro (Renato Monteiro)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13893: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXVI: O finório e o 1º sargento (José Luís Sousa, ex-fur mil, 1º pelotão)


1º encontro do pessoal da CCAÇ 2533, depois do regresso da Guiné... Foi em 1986... Foto da página do Facebook do Agostinho Gomes Evangelista, um rapaz que eu já convidei para integrar a Tabanca Grande: (i) andou na escola Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo; (ii) vive em Viana do Castelo; (iii) é natural da Ponte da Barca; e (iv) é Casado.

 O cap Sidónio (hoje coronel reformado) é o terceiro da primeira fila, ladeado à sua direita pelos alferes mil Mota e Neto.  O Evangelista é o último da penúltima fila, a contar da direita. O Nascimento não aparece na foto. Nem ele nem o Lessa.

(Foto reproduzida com a devida vénia; identificação dos camaradas feita  pelo Luís Nacimento; edição: LN/LG).


1. Mensagem da Jéssica Nascimento com data de 8 do corrente:

Boa tarde Sr. Luís Graça,

Junto envio em anexo o que solicitou ao meu avô [, foto acima].

Agradeço a sua simpatia em publicar a minha fotografia e os seus comentários.

Gostei muito :)

Um alfa bravo do meu avô Luis Nascimento e um beijo desta Tabanqueira Jéssica Nascimento.





Foto de Canjambari


2. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Hoje a histáoria é contada pelo ex-fur mil José Luís Simões (também do 1º pelotão):   é a propósito de um pobre "finório"  que seguiu o conselho da tropa, que mandava desenrascar (pp. 88/89)... Mas quem não conheceu finórios, na tropa e na guerra ?!... Havia-os de todos os tamanhos e feitios... Este, coitado, era um finório da arraia miúda. (LG)






1
Cartão de Boas Festas, com a foto do Luís Nascimento


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terça-feira, 10 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13267: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte X: (i) o galo que teve o nosso primeiro Pinheiro; e (ii) o pobre do porco que, morto por doença e enterrado, não se livrou da faca e do fogo... (Avelino Pereira)

1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte X (Fur mil at inf, 4º pelotão, Avelino Pereira)


Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo 1º ex-cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). Esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos às mãos,  em suporte digital,  através do Luís Nascimento (que também nos facultou um exemplar em papel e que, até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande). 

Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e desventuras vividas pelo  pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

Desta vez vamos  publicar dois episódios, contados pelo fur mil Avelino Pereira, do 4º pelotão, e que correspondem às pp. 50/53; (i) o galo que teve o 1º sargento Pinheiro; e (ii) o porco que, morto por doença e enterrado, não se livrou da faca e do lume.  

Nas duas fotos que se publicam também, a seguir, reconheço o nosso camarada, ex-1º cripto Luís Nascimento. Não preciso de dizer que o Avelino Pereira passa a estar automaticamente convidado a integrar a nossa Tabanca Grande. Basta-lhe, para o efeito,   manifestar esse desejo e mandar-nos as duas "chapas" da ordem: uma foto atual, e outra do tempo da tropa ou da guerra,,, (LG).












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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de junho de  2014 >  Guiné 63/74 - P13231: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte IX: (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo veio atuar a Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires...

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11909: 9º aniversário do nosso blogue: Os melhores postes da I Série (2004/06) (16): Memórias de Guileje ao tempo da CART 1613 (1967/68), por José Neto (1929-2007) - Parte IV : Os azarados sargentos...


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto  nº 15 > Acácia em flor


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto  nº 14 > Aspeto parcial da tabanca e quartel


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto  nº 28 > Espigueiros


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto nº 29 > Espigueiros



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto  nº 30 > Espigueiros



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) 1967 > Fotos do álbum de José Neto > Guileje 2 > Foto nº 31 > Espigueiros


Fotos: © José Neto (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da republicação das memórias do primeiro-sargento da Companhia de Artilharia nº 1613 (Guileje, 1967/68), o então 2º Sargento José Afonso da Silva Neto (, falecido em 2007, com o posto de capitão reformado) (*).

O Zé Neto,. como era conhecido entre nós,  é um dos primeiros 50 camaradas a ingressar no nosso blogue. Hoje somos 12 vezes mais, a maior parte dos tabanqueiros não o conheceram nem têm acesso à sua colaboração, dispersa, incluindo as valiosas fotos do seu álbum . Daí também esta nova edição dos seus postes sobre Guileje, no ano em que celebramos o 9º aniversário. Por outr lado, fez 40 anos, a 22 de maio de 1973, que retirámos de Guileje.

2. Memórias de Guileje, ao tempo da CART 1613, por José Neto (1929-2007) > Parte IV

O abrigo subterrâneo que nós, os sargentos, mais utilizávamos,  situava-se a meia dúzia de passos do coberto da messe, dado que parecia que os turras esperavam que acabássemos de jantar para abrir fogo [vd. planta do quartel de Guileje, 1966].

O acesso ao amplo salão enterrado era feito através dum pequeno poço para onde saltavam os que não tinham posto de combate definido e dali para o dito salão. A abertura era estreita e, se havia muita afluência, tornava-se necessário esperar vez para entrar, o que não deixava de provocar alguma confusão. Foi numa dessas confusões que levei com um furriel em cima do meu pé esquerdo. Andei mais de um mês com a perna engessada.

Doutra vez, nós ouvimos a orquestra a fazer o seu barulho para os lados do Mejo [a noroeste de Guileje] e as nossas transmissões entraram em acção a fazer as perguntas habituais à companhia de lá. Ao mesmo tempo eles faziam o mesmo para nós.

No reconhecimento veio a verificar-se que o ataque foi para despachar e chefe ouvir, porque os impactos eram bem visíveis num descampado a meio caminho entre as duas localidades. Não havia possibilidades de engano porque os quartéis estavam toda a noite iluminados.

Um dos ataques deu-se quando já lá se encontrava a CCAÇ 2317 que, em princípio, nos ia substituir. Nós, como é natural, transmitimos aos novatos a experiência acumulada de como safar o pêlo quando havia festivais. Só que o manual não previa a situação caricata que se passou.

Desencadeou-se a saraivada de morteiros e,  quando já todos estávamos recolhidos no abrigo, ouvimos alguém gritar:
─ Acudem-me!!! Salvem-me!!!.

Um furriel que estava mais perto da entrada do abrigo conseguiu entabular conversa com o aflito e disse-nos que era o 1º sargento da companhia nova [CCAÇ 2317] que foi apanhado na retrete quando o ataque começou e que não conseguia sair de lá.

Convém esclarecer que a latrina era daquelas em que o utilizador se põe de cócoras e defeca a poucos centímetros dos calcanhares. Para o sossegar,  dissemos-lhe que o cubículo estava protegido por um tecto de cibos e paredes fortes e que portanto não tivesse receio. O homem lá se aquietou, mas no nosso espírito subsistia a dúvida de qual seria o motivo que o impedia de dar uma pequena corrida e saltar para junto de nós. Quando a coisa acabou e as luzes se reacenderam,  fomos encontrar o 1º Sargento Martins preso por um pé no sifão da latrina.

Ao primeiro estrondo ergueu-se e, com a atrapalhação, escorregou no serviço que estava a fazer e calçou a cagadeira. Não pudemos conter as gargalhadas, pois o senhor continuava a tentar tirar o pé e não conseguia. Com calma, acabou por ser fácil. Bastou flectir a perna, ajoelhar-se e o calcanhar escorregou no bem lubrificado tubo do sifão.

Um dos efeitos mais aborrecidos das flagelações, a partir da altura em que eles tinham a pontaria mais afinada, era a destruição do forno da padaria. Ficávamos a pão duro, ou sem ele, uns três ou quatro dias até que se reconstruísse. Nunca foi atingido directamente, mas qualquer granada que rebentasse nas redondezas provocava o efeito de sopro suficiente para mandar com a frágil abóbada abaixo.

Durante uma das reconstruções eu estava por ali a dar os meus palpites quando o Soldado Fernandes se aproximou e me disse:
─ Estes gajos não percebem nada disto.
─ Então percebe você?
─ Eu já da primeira vez disse que punha isso em pé e só se lhe acertassem em cima é que desabava, mas eles é que acham que são os mestres ─ respondeu o Fernandes, cujos registos indicavam a profissão de estucador.
─ Ora bem, então você vai dizer o que entende que se deve fazer ─ ripostei.
─ Assim não. O meu sargento manda-os sair daqui, eu escolho um servente e enquanto eu estiver a trabalhar, esses (os pedreiros) não põem aqui o cu. Já tentei ensiná-los, mas correram comigo. Agora também não quero que eles aprendam a técnica, está bem?
─ Vamos a isso ─ Concordei.

Isto foi por volta das oito da manhã e à hora do almoço estava o forno erguido. O Fernandes pediu para que lhe levassem lá a refeição, pois queria guardar a obra dos olhares dos espiões, dado que só da parte da tarde é que rebocava com barro o exterior da cúpula. Antes do jantar a lenha já ardia dentro do novo forno e nunca mais desabou… Segredos do ofício.

Para concluir a descrição desta faceta da luta, as flagelações, resta-me acrescentar que durante o ano que estivemos em Guilege tivemos duas baixas mortais: uma criança, atingida pelos estilhaços duma granada; e um adulto, irmão do Régulo,  que, possivelmente, foi atingido pelo nosso fogo. Na investigação que foi feita, em que tomou parte o próprio irmão, conclui-se que ele, a vítima, devia estar no espigueiro, fora do perímetro fortificado, quando estalou o ataque e, ao querer saltar o talude, foi baleado por um dos elementos da Autometralhadora Fox que guarnecia aquele flanco.

Entre o pessoal militar e militarizado (os milícias) fui eu o mais castigado pelas flagelações, pois, como já referi, andei uns tempos com a perna engessada.

(Continua)
 __________

domingo, 25 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9265: (Ex)citações (167): Vagomestria(s) (Torcato Mendonça / José Brás)



Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Fotos Falanets II > Foto nº 47 > Em Mansambo, uma das mais paradísiacas estâncias de turismo militar no Leste, também havia rancho melhorado... Por exemplo, leitão balanta...

Foto: © Torcato Mendonça  (2006). Todos os direitos reservados.


1. Compilação de comentários do Torcato Mendonça e do José Brás ao poste P9246 (*):

(i) Torcato Mendonça:


Zé Brás: Agora li-te e vi que eras vagomestre ou coisa parecida. A minha CART tinha um. Mas quem organizava tudo era o 1º Sargento e não sei (ou sei?) quem mais. Eram os profissionais, os tais de uma comissão e fazem contas à vidinha.
- Vocês - dizia ele para os Furriéis de modo a ser ouvido por outros, a quem não diria, assim cara a cara -, vocês vão e dois anos depois acabou. Nós já estamos com algumas comissões… 

Eu esperava o dia. Já tinha havido “baile” e os papéis...enfim.  Um dia ri-me, se me ri. Caímos em valente emboscada e o homem vinha para férias. Acabou o tiroteio, as voltas normais e está a andar. Olho para o Nosso Primeiro:
- Porra, que cara é essa?
 Ainda tinha o sangue nos calcanhares..., diacho, que raio de profissional! ... E ria...Ai os profissionais! Ele diz-me:
- Queria encontrá-lo quando viesse de férias. 

O que vi levanta-me dúvidas. Olá, pensei eu...Nada contra os profissionais operacionais. Estes eram de secretaria. Competente nisso e, por isso mesmo,  governava a papelada e os eteceteras burocráticos da Companhia. Eu quase que ia ficando na Comissão Liquidatária, pois comandava a CART [2339]. Não fiquei,  para alegria dele(s).

O vagomestre ou mestre vago era (e é) um óptimo rapaz. Não tinha lança, não via moínhos e, se Dulcinea tivesse, era na terra dele. Menos ainda um Sancho...Assim tentava dar o melhor,ia de quando em vez numa coluna ao Sonaco [, a norte de Contuboel], terra de vacas .

Não tínhamos messe ou comida diferenciada de outros militares.Todos comiam e dormiam de forma igual. Foi essa a instrução recebida e praticada em Mansambo. Haviam duas mesas, uma pequena para oficiais e outra maior para sargentos. Estavam na metade interior de um abrigo em L; na outra metade estava o salão de festas (10/12 m2) de uma parte do meu grupo. Servia, aquele espaço de tudo, salão de refeições, de reuniões, de convívio e bar. 

Sim, de bar. Havia um frigorífico a petróleo mas quando os 10,5 disparavam, fornicavam os vidros da "chama" e nem sempre havia substitutos.Uma deliciosa merda, pá.

Nas Tabancas era pior e chegamos a comer feijão frade com feijão frade. Até o óleo da lata das cavalas se finou. Cavalas há muito que tinham cavado. Em visita o General resolveu a situação. Até tabaco houve nesse dia.Tabaco pá em cigarros. Felizmente, pois tudo se estava a acabar. Até as quecas se foram...
Áh...quanto custava uma Companhia. Nisso falamos fora da época do Papai Noel... Carrito?... Ainda, uns fulanos que por aí andam, nos vão ao bolso para o tal "fundo de reserva"... 


Torcato: Não, não [era] vago mestre nem mestre vago. Apenas um gajo mais daquele que refilavam da merda da mesa porque, pelo menos era o que parecia, havia quem quisesse comprar carrinho se voltasse. 

O maior refilão e mais teimoso dos refilões era eu, até que o Capitão (que também havia de andar com fome), deu um murro na mesa e gritou: 
- Porra, Zé Brás, você vai ser o próximo gerente da messe para sorjas e oficiais. 

E fui. E desatei a caprichar. Aquilo já não era a mesma coisa. Caramba! Arrisquei o pêlo algumas vezes indo a sítios danados quase sozinho. Num mês dei duas vezes leitão. A comida era boa e sobrava ainda para alguns soldados mais próximos da cozinha. 

Comprei copos de vidro, toalhas de mesa e outros luxos. No fim, o que sobrou não dava nem para cãozinho daqueles que abanam a cabeça sobre colcha colorida na retaguarda do carro/projecto do Primeiro.

 Houve mosquitos por cordas porque o homem explicava-me que numa boa administração tinha que se construir um fundo de reserva, e eu explicava-lhe que da dotação para a barriguinha da malta não se podia fazer, nem fundo nem reserva, coisas do meu avô que comia mal hoje com medo de ter de comer mal amanhã.

De novo o comandante comandou: 
- Gaita, pá. Ou se calam ou dou uma porrada num e não será no que me trata tão bem.
___________

Notas do editor:

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9142: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (11): Pilhas para o datador, ou um partida ao nosso Primeiro, com a cumplicidade do Capitão Lanjinhas

1. Outra história do José Ferraz de Carvalho, filho de um oficial da marinha, emigrante nos EUA desde 1970 (O Zé vive atualmente em Austin, Texas), ex-Fur Mil Op Esp, CART 1746 (Xime, 1969; CCS/QG, Bissau, 1969/70)(*)


Companheiro e Camarada Luís: Outra história humorística do meu tempo na CCS/QG-Bissau.

O tal Primeiro que tinha recentemente chegado de Lisboa, e que era da GNR (*), de início trabalhou para a Secção de Justiça do QG mas fez tal granel com a arquivo que ninguém conseguia encontrar nada porque decidiu reorganizar o arquivo por ordem alfabética e não por ordem do processo. Foi portanto transferido para outra secção. (**)

Ora bem, em conversa com ele na messe de sargentos um dia perguntei-lhe:
- Então,  ó meu Primeiro,  que tal no novo trabalho? - Diz-me ele:
- Ah,  nosso furriel,  comecei ontem e agora tenho um trabalho muito importante.
- Ah sim, então diga-me o que é que faz ?
- Bom - diz-me ele - sento-me a minha secretária e tenho esta máquina e um carimbo com uma setazinha e então quando chegam mensagens eu agarro na máquina e imprimo na mensagem a data de recepção, depois pego no carimbo e aqui tenho que ter muito cuidado porque se a setazinha não está em frente do nome da pessoa para quem  essa mensagem é dirigida, é uma chatice porque vai para outra pessoa...
- Ah - comentei eu - sim,  senhor,  isso é um trabalho da maior importância, ó meu Primeiro...

Fez-me então uma confidência:
- Ó nosso Furriel, eu tenho um problema com a essa máquina da data.
- Ah, sim? - digo eu - Qual é o problema ?
- Ontem a data estava correcta,  hoje já tinha carimbado uma quantidade de mensagens quando me dei conta que tinha a data de ontem e não a de hoje... O que é que eu faço ?...

Eu não queria acreditar no que o pobre Primeiro me estava a dizer e pensei que estava a reinar comigo e então continuei:
- Bom,  meu Primeiro,  lá na GNR não tinham esse tipo de máquina?
- Não - responde-me ele -  lá no quartel era tudo feito à mão...
- Não me diga!... Deixe-me lá ver se o posso desenrascar... - Diz-me ele:
- Ficava-lhe muito agradecido...

E aqui vem a estocada:
- Pois é,  ó meu Primeiro,  o que o senhor tem na sua secretária é um destes modernos datadores e o que o senhor precisa é de pilhas.
- Muito obrigado... E a propósito, onde é que eu arranjo essas pilhas ?...
- Isso é facil,  o Primeiro faz uma requisição em cinco cópias e apresenta-se na CCS/QG a despacho e eu peço ao nosso Capitão que assine essa requisição e com ela aprovada o Primeiro vai ao depósito e levanta essas pilhas.
- Mas,  ó nosso Furriel,  eu preciso delas hoje... Como é que faço essa requisição ?
- É simples, em papel timbrado e dirigida ao comandante da CCS/QG. O senhor escreve algo do estilo Vossa senhoria,  meu capitão,  venho por este meio requisitar pilhas para o datador da minha secção... O senhor assina e não se esqueça de escrever Aprovado e uma linha abaixo para o nosso capitão assinar...Bom, hoje depois do almoço passe por lá que eu arranjo-lhe isso... Até logo...

Eu a rir como um estúpido e a pensar:
- Vou reinar com o Langinhas [Cap Laranjeira Henriques, último comandante da CART 2339, Mansambo, 1968/69, colocado depois na CCS/QG, Bissau; fora colega de Liceu do Zé Ferraz]...

A minha secretária estava dentro do gabinete do Langinhas, por isso eu queria e podia ver a reacção dele quando esta partida se desenrolasse.

Aí chega o Primeiro,  eu morto de riso,  bate à porta do gabinete;
- Entre - diz o Langinhas...- Fazem as cortesias do costume e diz o Primeiro:
- Meu Capitão,  aqui o nosso Furriel foi uma grande ajuda.
- Ah sim ? - responde  o Langinhas -. E então o que é que  quer ?
- Preciso que me assine esta requisição. - E  põe-lhe o documento em frente...

Ah,  pá,  quando o Langinhas deixa cair a caneta... e dispara:
- Ó Primeiro,  espere lá fora...
O Primeiro olha para mim com um ar amedrontado e  lá vai porta fora.

Pergunta-me o Capitão:
- Ó Zé,  o que é isto?
Quando lhe expliquei os antecendentes,  rimo-nos a fartazana... Por fim, diz-me o Capitão:
- Manda lá entrar essa ave rara... - E dirigindo-se ao homem: 
- Ó nosso Primeiro,  aqui o nosso Furriel quis ajudá-lo mas não precisa desta requisição,  essa máquina datadora não deve precisar de pilhas mas o nosso Furriel aqui vai consigo e ensina-lhe como mudar a data...Não é verdade,  nosso Furriel?

Ah grande Langinhas,  o ultimo a rir é o que se ri melhor...

Um forte abraço, Zé


__________________

Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 2 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9130: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (12): Os azares de um Primeiro, periquito, que apanhou a Flor do Congo, na sua primeira viagem a África...


(**) Veja-se esta história apenas como um momento de humor de caserna, um espécie de caricatura desenhada com o lápis grosso do caricaturista....Não se façam, portanto, generalizações abusivas, nem se vejam aqui intenções de atacar nenhuma classe profissional do exército português de então. Conheci gente de muito mérito entre oficiais, sargentos e praças. Mas também conheci gente que eram verdadeiros erros de "casting". Na Guiné, havia de tudo, até básicos que, à noite, viam elefantes junto ao arame farpado do quartel...


Devo acrescentar que tive, na Guiné, bons amigos entre os sargentos do quadro. E até ajudei, com explicações, pelo menos dois Primeiros (da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e da CCS/BART 2917) a prepararem-se para o exame de acesso à então Escola Central de Sargentos, em Águeda.  Hoje, ao que sei, são majores reformados, embora nunca mais os tenha visto.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9130: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (12): Os azares de um Primeiro, periquito, que apanhou a Flor do Congo, na sua primeira viagem a África...

1. Outra história do Zé Ferraz, português radicado nos EUA desde 1970 (vive atualmente em Austin, Texas), ex-Fur Mil Op Esp, CART 1746 (Xime, 1969; CCS/QG, Bissau, 1969/70)(*)


Durante os fins de semana trabalho dois turnos por dia,  sábados e domingos,  16 horas respectivamente, num centro de reabilitação (para homens) a que clinicamente se chama aqui Men's Intensive Residential Treatment,  com uma duração  de 28/30 dias por paciente. Portanto tenho tempo para me entreter.

O Blogue ajuda-me psicologicamente a distanciar-me emocionalmente destes doentes e evitar as chamas Transfer and countertransfer issues... E é evidente que, à medida que me embrenho a ler os postes,  a minha memória acorda e é um ver se te avias...

Lembrei-me hoje de outra anedota nos meus tempos do QG-CTIG...

Apareceu na messe de sargentos  um Primeiro,  periquito,  recém chegado de Lisboa. Aparentemente ninguém conhecia; nem os outros Primeiros porquanto este pobre tipo tinha passado a maior para do seu serviço na Guarda Nacional Republicana que eu detestava por experiências passadas quando nós,  como estudantes,  nos anos 60,  fazíamos manifestações contra a ditadura do Salas... Enfim essa e outra história...

Ora bem,  o nosso Primeiro nunca tinha estado em África e muito menos com a nossa malta... Era como um camelo a olhar para um palácio...

Um dia, à conversa,  ele pergunta-me, em tom de confidência:
- Ó nosso Furriel, eu tenho um problema e não sei o que fazer...
- Ó meu Primeiro - disse-lhe eu - conte-me lá o que se passa a ver se eu o posso ajudar...

Diz-me ele:
- É que nestes últimos dias me apareceu esta merda nos sovacos e nas virilhas que me dá muita comichão e cheira mal,  há tres dias que não tomo banho...
- Ó meu Primeiro - respondi-lhe eu - o que o senhor apanhou é o que nos chamamos a Flor do Congo... É uma micose...
_ E, o nosso Furriel,  isso é perigoso?...
- Muito! - disse eu...
E agora pergunta o Primeiro:
- O que é que eu faço ?...
- Bom - disse-lheu - a Flor do Congo é um fungo e o que o senhor precisa é de lavar o corpo todo com água pura... Por exemplo,  o senhor compra o sabão encarnado e, como estamos na época da chuva,  quando estiver chover bem,  o primeiro ensaboa o seu corpo com o sabão e depois deixa que a chuva lave o corpo....

Passados uns dias aí estava o Primeiro,  nu em pelota,  fora do seu quarto,  na rua que passava em frente da messe de sargentos e ia para a messe de oficiais,  a lavar o corpo com o sabão encarnado e a malta na messe,  todos a rir...
- Ó Furriel como é que eu lavo a rego do cu ?... - Dizia-lhe eu:
- Meu Primeiro,  dobre-se prá frente,  ponha-se de cu pró ar e deixe que chuva lhe lave o cu ...

Mais gargalhas e o Primeiro nem se quer se deu conta .... Nisto, era noite, aí vem um carro, dá a curva e os farois batem no cu branquinho do Primeiro,  periquito ...
Mais gargalhas... O problema,  ouvimos mais tarde,  foi que a esposa de um oficial era passageira nessa viatura e aparentemente ficou mal impressionada com a brancura do cu do Primeiro e,  possivelmente o resto que viu,  porque o Primeiro não se perturbou com nada,  o que ele queria era ver-se livre da comichão...
Um forte abraço, Zé.
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 1 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9123: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (11): Uma cena do Júlio, em combate: Furriel, os meus t... ?!

domingo, 28 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6061: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (5): A mina A/P que estropiou o Vasconcelos na estrada para Cambajú

1. Mais um texto, singelo mas comovente,  do José Cortes, que vive em Coimbra (*):


Data: 7 de Março de 2010

Assunto: Narrativas de Fajonquito

Como prometi na minha entrada para a tertúlia, aqui vai a narrativa de um acontecimento, durante a comissão na Guiné.

A mina que estropiou o Vasconcelos.

Estamos em Outubro de 1972, mais ou menos 6 meses de comissão, dia 12 ou 13.

Ao fim da tarde daquele dia, três viaturas civis estão estacionadas na parada do aquartelamento, junto ao parque auto, a carregar pessoal. Como sabes,  a lotação das viaturas era mais que lotada.

Partiram logo de seguida com destino ao Senegal,  via nosso destacamento de Cambajú, que ficava junto á fronteira.

Passado pouco tempo de terem partido, talvez uma hora, ouvimos rebentamentos. Contactados os destacamentos, Cambajú dizia que era na estrada de acesso ao destacamento, mas que não havia NT no local.

Informamos que iam a caminho três viaturas civis com destino ao Senegal.

Saiu o grupo do furriel Deus, e ao chegar à picada,  o que demorou algum tempo pois tiveram que cumprir as normas de segurança entre as quais picar a estrada, depararam com as três viaturas incendiadas dentro do mato e com os civis alguns mortos e outros feridos,  principalmente queimados. Foram atacados a roquetada.

Foram levados para o destacamento e foi pedida a evacuação dos feridos.

A evacuação só podia ser feita no dia seguinte pois entretanto escureceu e os helis não voavam de noite.

No dia seguinte logo cedo é formada uma coluna de apoio ao destacamento, tanto para reabastecimento como para ajudar a cuidar dos feridos civis.

A coluna partiu, e a partir da Bolanha de Nhacra, começa-se a pôr em prática os processos de segurança entre os quais a picagem da estrada. A velocidade da coluna é reduzida e avançamos a passo de caracol, como era necessário.

Eu seguia na Mercedes,  uma viatura pesada de carga,  que transportava colchões para os civis que não precisavam de evacuação mas ficavam no destacamento para serem tratados. E outros artigos de reabastecimento. A meu lado seguia o condutor,  salvo erro era o Celestino, apoiado no guarda lamas e em cima do pára-choques ia o Vasconcelos,  soldado mecânico,  que era a primeira vez que saía do aquartelamento.

Como a velocidade das viaturas era reduzida devido à picagem, e a segurança até ao local do acidente no sentido Cambajú - Fajonquito estava feita pelo pessoal do destacamento, quando nos aproximamos do local onde as viaturas tinham sido atacadas, a coluna parou, para que a segurança que estava na estrada seguisse nas viaturas para o destacamento e deixávmos os nossos na estrada.

O Vasconcelos,  pela sua inexperiência, mal viu as viaturas queimadas,  saltou do pára choques da Mercedes, para ir ver as viaturas que estavam dentro da mata aí uns 20-30 metros. Ao dar os primeiros passos,.  ouviu-se um rebentamento... Tudo no chão... Quando o pó começou a assentar,  os gritos do Vasconcelos quebram o silêncio que entretanto se estabeleceu pelo susto. O Vasconcelos tinha pisado uma mina A/P que estava colocada no trilho de acesso às viaturas civis.

A experiência do comandante do pelotão de milícia de Cambajú,  e talvez não só, não se safou de ser apontado como sabedor da localização das minas, tal foi a rapidez com que detectou a segunda mina e procedeu ao seu levantamento.

Depois de levantada a mina,  fomos buscar o Vasconcelos que não parava de gritar. A sua perna direita tinha desaparecido até á coxa, o fémur estava sem carne até ao joelho e a sua perna esquerda tinha fractura exposta do perónio e no joelho.

Colocado o Vasconcelos num colchão dos que vinham na viatura, a mesma partiu em direcção ao destacamento, onde tinha acabado de chegar heli que ia fazer a evacuação dos civis feridos no ataque do dia anterior.

No destacamento foi outra guerra,  porque os civis não queriam deixar que o nosso homem fosse evacuado e eles não. Os ferido mais graves acompanharam o Vasconcelos e os mais ligeiros ficaram, mas foi preciso o furriel Deus impor a sua autoridade de arma em punho.

Isto passou-se salvo erro (pelo dia) no dia 14 de  Outubro de 1972. Nunca mais soubemos nada do Vasconcelos.

Em Novembro de 1998, 26 anos depois, ouvi na Rádio Renascença uma mensagem onde só apanhei a palavra Deixóspoisar, liguei para a RR onde me foi dado o contacto de quem tinha deixado a mensagem. Quando liguei e do outro lado me responderam que quem falava era o Vasconcelos,  as lágrimas caíram pela cara abaixo,  a minha mulher de volta de mim a perguntar o que era, eu sem poder falar, tal era a emoção de estar a falar com a pessoa que eu nunca mais pensava encontrar. No fim de semana seguinte o Vasconcelos almoçou em minha casa comigo,  começamos a trocar alguns contactos que tínhamos e a partir daí os encontros da companhia fizeram-se anualmente, coisa que nunca tinha acontecido nos 27 anos antes.

Pronto,  esta foi uma das ocorrências em que estive envolvido, depois hão-de seguir outras.

Um abraço, José Cortes

2. No mesmo dia o José mandou a seguinte mensagem do seu camarada José Bebiano, com conhecimento ao nosso blogue:



Caro amigo José Bebiano: Espero não te maçar com os meus emails,  nem sei se queres recordar os tempos da Guiné.

 Queria-te perguntar se te lembras de um furriel da companhia 2742, que era de Coimbra.  Só o conheco lá e mesmo assim falámos pucas vezes, porque eu andava a ser enganado pelo sargento que a companhia tinha,.  do material de guerra. Entregou-me listas com armas que já não existiam e depois vi-me enrascado para me safar no fim da comissão. Valeu-me um sargento ajudante do Batalhão do Serviço de Material, que era pai do nosso alferes Filipe.

 Caso te lembres do nome do Furriel, que salvo erro se chamava Borges mas não tenho a certeza, agradecia pode ser que o encontre por cá. 

Já agora ainda não te disse mas eu sou de Coimbra,  nascido e criado. Sou funcionáriodo SUCH (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), faço serviço já vinte e seis anos, como técnico de manutenção nos Hospitais da Universidade de Coimbra, ainda estou no activo pelo menos mais dois anos não quero ir já para casa. Tenho dois filhos, uma com 34 anos e um com 32 anos e um neto de cada um, que são a alegria dos avós. 

terça-feira, 14 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4684: (Ex)citações (35): Milicianos ou do Quadro Permanente, todos fomos combatentes (Paulo Santiago)

1. No dia 13 de Julho de 2009, Paulo Santiago (*), Ex-Alf Mil, Cmdt do Pel Caç Nat 53,
Saltinho, 1970/72, fez este comentário no poste Guiné 63/74 - P4672 (**):

Queiram desculpar, estas discussões estéreis, ía dizer, já cheiram mal, mas digo melhor, são uma MERDA...

Será que este blogue passou a ser um espaço para historiadores e doutrinadores?

Milicianos versus QP's, qual o interesse? Houve bons e maus, nos dois campos, mas isto é uma afirmação à La Palisse. Já contei por aí parte da minha vivência na Guiné, e sabem que o pior personagem que encontrei naquele teatro foi precisamente um miliciano (Capitão). Daqui não vou generalizar, que todos os milicianos (eu incluído) eram maus, seria um ultrage. Mas esta generalização(sem Generais, como algures diz o Mexia Alves) está a ser tentada em relação aos militares do QP. Não vou falar de militares do QP que conheci e eram excelentes, vou até Guiledje (só cá faltava, dirão) para lembrar dois mortos, o Cap Tinoco de Faria e o Cap Assunção Silva... eram do QP.

Dirão alguns, "...e quantos Milicianos lá morreram"? Muitos, direi eu, incluindo Soldados. Mas deixemos Guiledje e vamos até Guidaje (já agora!?), penso que foi o meu amigo e conterrâneo, Vitor Tavares, que falou no assunto num poste inserido no blogue, há meses atrás, quando contou a odisseia do socorro dos Páras aquele aquartelamento na fronteira com o Senegal. Contava ele, ficarem impressionados verem um tipo, já não muito novo, quando dos ataques, de pingalim na mão, a coordenar o fogo de morteiros e outras armas, com rebentamentos a toda a volta. Tratava-se do Major Correia de Campos. E para que não esqueçam, relembro o "massacre do Chão Manjaco", morreu um Alf Mil, mas morreram três Majores da nata de Oficiais Superiores do ComChefe.

O nosso camarada Mário Fitas falou, várias vezes, com admiração, no Cap Costa Campos, comandante dos "Lassas", que participava nas Operações, apesar de já andar nos quase 40 anos de idade.

Fui buscar estes exemplos, há mais, porque me chateia esta treta de descarregar as culpas sobre os oficiais do QP. Parece que não andámos todos lá... Parece que o Xime, onde esteve o Pereira da Costa era uma colónia de férias...
Fui miliciano com orgulho, não tenho qualquer ligação familiar com militares do Quadro, mas não tenho qualquer preconceito em relação a eles. Temos alguns aqui no blogue... poderíamos ter mais... acabemos com estas tricas.

Abraço
P.Santiago
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4046: Ainda a atroz dúvida da Cidália, 37 anos depois: O meu marido morreu mesmo na emboscada do Quirafo ? (Paulo Santiago)

(**) Vd. poste de 12 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4672: Blogoterapia (114): Quem somos nós? (António J. Pereira da Costa)

Vd. último poste da série de 13 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4680: (Ex)citações (34): Resposta ao amigo Pereira da Costa (J. Mexia Alves)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3893: Tributo aos nossos Sargentos do QP que mantinham as contas em dia (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem do nosso camarada José Francisco Robalo Borrego (*), Ten Cor que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda, Guiné 1970/72, com data de 12 de Fevereiro de 2009:

Camarada e amigo Carlos Vinhal,

Envio-te, para publicação, por favor, mais um contributo da Guiné para o prestígio da nossa Tabanca Grande, fazendo um pouco de justiça ao saber e experiência da classe de Sargentos do Quadro Permanente que se revelou no apoio dado aos Oficiais e Sargentos Milicianos (Quadro Complemento), principalmente àqueles Oficiais que tiveram a enorme responsabilidade de comandarem Companhias e cuja experiência de comando era muito incipiente no que respeitava à vertente administrativa.

Os Primeiros-Sargentos que respondiam pelas Companhias eram responsáveis, perante o Comandante, de toda a administração, incluindo a panóplia dos materiais, sendo coadjuvados por um ou mais Segundos-Sargentos. Pertenciam às Armas Combatentes, mas como tinham formação administrativa e a média das idades andava pelos 40 anos eram nomeados (mobilizados) para tarefas administrivas e não operacionais. Era uma prática que estava institucionalizada no Exército.

Recordo que, em 1972, o senhor Capitão Miliciano que comandava a Companhia de Bajocunda me ter relatado que não tinha experiência nenhuma de comando. Que tinha embarcado para a Guiné como Alferes e desembarcado como Capitão, Comandante de Companhia, mas tinha tido a sorte de ter a seu lado um Primeiro-Sargento muito competente e fiável, que já estava na terceira comissão e que orientava com mestria toda a máquina administrativa sem ser necessário a sua intervenção era, por assim dizer, um descanso!

O mesmo senhor Oficial de quem guardo as melhores recordações, por ser um homem culto e muito humano no relacionamento, confidenciou-me que se tivesse algum problema administrativo na Companhia, resultante de má administração, que o pudesse afectar, quando fosse de férias à Metrópole já não regressava à Guiné, porque provavelmente desertaria para o estrangeiro, mas que tal não era necessário, porque tinha a certeza que o seu Adjunto Administrativo tinha tudo em boa ordem. É evidente que ninguém é perfeito e houve, com certeza, casos menos bons, mas na generalidade penso que estes combatentes não operacionais foram úteis no apoio que prestaram aos combatentes operacionais, aliás considerados, por muitos, como peças importantes na engrenagem militar.

Quero também dedicar uma palavra de apreço e estima a todos os outros Sargentos que não pertencendo às Armas Combatentes deram o seu generoso contributo para o esforço de guerra na Guiné e nos outros Teatros de Operações.

Caro Carlos Vinhal,
já que estou a falar de Bajocunda, aproveito para contar uma pequena história que me veio à memória e tem a ver com um comerciante branco que tinha o monopólio do negócio da mancarra (amendoim). Quando o dito comerciante saía do Aquartelamento para tratar dos seus negócios algures no Senegal (segundo se dizia), o Comandante da Companhia ficava preocupado, porque de certeza que nessa noite havia flagelação ao Quartel.

É espantoso como um único homem, ainda por cima civil, punha uma Companhia de militares com os nervos à flor da pele! o homem circulava à vontade entre Bajocunda e Pirada com o seu veículo sem que nada lhe acontecesse, contrastando com o azar das NT que, de vez em quando, sofriam emboscadas e detectavam minas. Mera coincidência? Ou algo mais...? Enfim, coisas da guerra!

Um abraço amigo e fraterno do
José Borrego


2. Comentário de CV:

Quero aproveitar este poste do Ten Cor José Francisco Borrego, para prestar a minha homenagem ao (no início da Comissão da CART 2732) Segundo-Sargento João da Costa Rita, homem competente e honesto que desempenhou as funções de Primeiro-Sargento da Companhia na ausência de um Primeiro que não chegou a embarcar.
Acabou por ser promovido a meio da comissão, continuando a desempenhar o seu cargo até à Comissão Liquidatária, já depois do nosso regresso.

Deixo uma transcrição da última página da História da Unidade CART 2732:

CITAÇÃO

Pela correcta elaboração das contas e ainda pelo respeito aos prazos superiormente determinados para o seu envio, verifica-se a boa colaboração prestada à CSCA/QG/CTIG por algumas subunidades.
Este procedimento, por prestigiante para essas subunidades e para o próprio CTIG, merece ser citado, motivo pelo qual se referem as seguintes:

.................................
.................................
Companhia de Artilharia n.º 2732
.................................
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3445: Tabanca Grande (96): Ten Cor José Francisco Robalo Borrego, ex-1.º Cabo do Gr Art 7 e Furriel QP do 9.º PELART (1970/72)