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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14271: In Memoriam (219): Faz hoje um ano que o Pepito nos deixou, demasiado cedo, sem tempo para se despedir dos muitos amigos que tinha (e continua a ter) pelo mundo... Vamos recordá-lo numa documentário que a RTP2 passou em 2011 ("Eu Sou África - Carlos Schwarz da Silva, Episódio 10")... E vamos fazer força para que o seu nome passe a ser recordado numa rua de Bissau



Lisboa > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da NOVA > 6 de setembro de 2007 > Engº Agrº Carlos Schwarz da Silva (Bissau, 1949-Lisboa, 2014).

Pepito, para sempre! (*)...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.


Portugal > Alcobaça > São Martinho do Porto > Estrada do Facho > Casa do Cruzeiro  > c. 1957 > O pai, Artur Augusto Silva (1912-1983), com os filhos,  da esquerda para a direita, João, Iko e Carlos (1949-2014).  Cortesia de João Schwarz da Silva, que nos diz que a data deve ser "provavelmente 1957"... Teria então o Pepito (, nascido em Bissau, em 1949) os seus oito anos...

Foto (e legenda): © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados.




São Martinho do Porto > Estrada do Facho > 7 de Agosto de 2008 > Casa do Cruzeiro, a casa de verão de Carla Schwarz da Silva, mãe do nosso saudoso amigo Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2014)...
 Uma vista fabulosa da baía de São Martinho do Porto, a partir da janela do quarto que era, na altura, do Pepito e da Isabel Levy Ribeiro.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


São Martinho do Porto > Estrada do Facho > Casa do Cruzeiro > 7 de Agosto de 2008 > Casa de verão de Carla Schwarz da Silva, mãe do nosso saudoso amigo Carlos Schwarz da Silva (Pepito) (Bissau, 1 de4 dezembro de 1949 - lisboa, 18 de fevereiro de 2014). Na foto, mãe e filho.

O Pepito vinha todos os anos,com a família, passar férias nesta casa de praia, em agosto. Adorava estar horas, em amena cavaqueira coma família e os amigos, á sombra dos pinheiros da casa. A casa era já secular, tendo  pertencido a um conhecido ator do teatro de revista, de Lisboa. O avô do Pepito, Samuel Schwarz, comprou-a e ofereceu à fillha, em meados dos anos 30, se não erro.  Artur Augusto Silva foi advogado em Alcobaça e em Porto de Mós no pós-guerra. O casal viveu em Alcobaça entre 1945 e 1949, antes de partirem para a Guiné (ele, em finais de 1948 e o resto da família em 1949). Foram amigos pessoais e visitas de casa do pintor Luciano Santos (Setúbal, 1911-Lisboa, 2006).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.



Lisboa > 1950  > Em primeiro plano, o Carlos, ainda bebé, mais os irmãos Henrique (Iko) e João.

Foto: © António Lopes (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.Todos os direitos reservados.


1. Morreu faz um ano, hoje... De repente, demasiado cedo,  sem se poder despedir da  vida e dos muitos amigos que tinha pelo mundo...  Tinham vindo a Lisboa para celebrar os 99 anos da mãe (a 14 de fevereiro de 2014) e fazer exames médicos... Morreu 4 dias depois...

Sentimos todos a sua falta... Vamos recordá-lo numa documentário que a RTP2 passou em 2011...

Carlos Schwarz da Silva | 09 Abr, 2011 | Episódio 10

http://www.rtp.pt/play/p663/e43062/eu-sou-africa



Ficha Técnica:

Género: Documentário
Produção: Vitrimedia;
Realização: Maria João Guardão


Sinopse:

Carlos Schwarz da Silva, guineense nascido em [Bissau], em 1949, só exerceu o nome enquanto se fazia engenheiro agrónomo em Lisboa, ao mesmo tempo que se diplomava na luta estudantil contra a ditadura. 

Na Guiné Bissau, todos o conhecem como Pepito, lutador incansável contra as más práticas de Estado, mas sobretudo contra a fome, pela cidadania e pelo desenvolvimento. Fundador do pioneiro DEPA (Departamento de Experimentação e Pesquisa Agrícola) e da ONG Ação para o Desenvolvimento (AD), deputado, neto de polacos que sobreviveram ao Gueto de Varsóvia, filho de um jurista nacionalista preso pela PIDE, pai de 3 filhos, avô de 2 netos, Pepito é, nas palavras dos anciãos balantas, um “homem grande”. 

"Eu Sou África” é uma série documental de 10 episódios, dois por cada um dos PALOP: Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Cada um dos filmes desta série retrata a vida e a obra de uma africana ou africano implicado na história e no desenvolvimento social, político e cultural do país onde nasceu. “Eu Sou África” revela dez heróis desconhecidos do grande público e desfaz os lugares comuns depreciativos da realidade dos PALOP. Na diversidade das suas experiências e reflexões, o que estes dez africanos dão a ver é a emergência de uma nova África de língua portuguesa – um lugar em que a esperança tem toda a razão de ser.

(Fonte: RTP, com a devida vénia)

2. Comentário de L.G. (**):

O Pepito (1949-2014) foi, em 2011,  uma das vinte personalidades escolhidas pela realizadora do programa "Eu Sou África", Maria João Guardão, para ilustrar a ideia de que a África, a África dorida e sofrida de ontem e de hoje, é um continente de esperança e de futuro.

O programa, em dez episódios, passou na RTP2, e na RTP África. Em  9/4/2011, a realizadora do programa, Maria João Guardão, mandou-nos uma sinopse do vídeo do episódio nº 10, com uma simpática  mensagem  dirigia ao nosso blogue no dia em que o filme passou na RTP2:

 (.,..) Sou realizadora de uma série documental - Eu Sou África - , cujo último episódio se mostra hoje [, sábado,] na RTP2, 19h. Sucede que este último episódio se fez com e à volta de Carlos Schwarz da Silva, Pepito, e dos seus. E sucede ainda que a primeira vez que li a historia da vida dele foi no auto-retrato publicado na sua Tabanca [, vd. A sombra do pau torto, por Carlos Schwarz] (...)

Um ano depois da sua morte sabemos que há gente que o amava e admirava que está a fazer esforços para perpetuar o seu nome numa rua de Bissau. Foi a boa notícia que há dias nos deu a Catarina Schwarz:

(...) A minha avó em tempos e em tom de desabafo, disse que gostaria de ver o nome do meu pai numa rua de Bissau. Nós começamos a tratar desse assunto junto à Câmara Municipal de Bissau e ao que parece a Associação de Moradores de Quelelé [, bairro onde a AD tem a sua sede e fica a casa de família] teve a mesma ideia e intenção. Vamos muito provavelmente unir esforços para que isso aconteça. (...)

Vamos também juntar os nossos pauzinhos e dar força a esta iniciativa. A Guiné e a África precisam de exemplos de vida como a deste  homem com quem tivemos o  privilégio de conviver e que contava, na nossa Tabanca Grande, com bastantes amigos, gente que o estimava e admirava(**)

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Notas do editor

(*) Vd. poste de 18 de fevereiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12738: In Memoriam (178): Carlos Schwarz da Silva (1949-2014)... Pepito ca mori! (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 15 de fevereiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14262: In memoriam (218): morreu um "homem grande", o nosso camarada Amadú Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), que fez parte do Batalhão de Comandos Africanos e da CCAÇ 21, um combatente valoroso e um homem de valores (Virgínio Briote)

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14255: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (7): José Eduardo Reis Oliveira (Tabanca de São Martinho do Porto)

1. Mensagem do nosso camarada José Eduardo Oliveira (JERO) (ex-Fur Mil da CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), com data de 11 de Fevereiro de 2014:


Feliz aniversário Dona Clara Schwarz

No dia em que completa 100 anos é uma emoção especial estar por perto para a ajudar a sorrir e a chorar. Com tantas memórias, tantas recordações terá motivos sem fim para sorrir. E outros para chorar. Porque a vida é cheia de vivências, de amor.
Neste dia tão especial que Deus lhe conceda tempo para chorar pelos que já partiram. Mas também que tenha disposição para os recordar com imensa saudade mas com um sorriso.
Que possa partilhar com os familiares e amigos que estarão perto de si.
Parabéns. E que possa continuar a olhar a vida como uma dádiva de Deus.

Com particular estima e apreço,
José Eduardo Oliveira (JERO)

PS- Se me permite uma humilde "prenda", que tem a ver com a tarde do dia em que fez 95 anos!!!


Regresso ao passado em São Martinho do Porto…

Absolutamente por acaso estive em passado recente - 21 de Agosto - na Casa de férias da família Schwarz da Silva.
A meio da tarde desse dia 21 o Luís Graça, a quem me une uma amizade muito especial por termos sido ex-combatentes da Guiné, telefonou-me por se ter lembrado que eu poderia estar de férias em São Martinho. Acertou e passado poucos minutos foi-me possível juntar-me à aniversariante.

…Do lado dos donos da casa estava a matriarca, Clara Schwarz, a nossa 'tabanqueira' com a bonita idade de 95 anos, o seu filho Carlos (Pepito), a esposa, Isabel Levy Ribeiro, e a mãe desta... A Isabel ofereceu-nos uma deliciosa cachupa...


Recordar é viver e não mais esqueci a surpreendente troca de impressões que tive nessa tarde…
Para meu espanto a D. Clara e o seu marido, o advogado Artur Augusto Silva, tinham residido em Alcobaça na década de 1940, antes do casal partir para a Guiné em 1949. Mais exactamente entre 1945 e 1949. A D. Clara Schwarz tentou explicar-me onde então moravam em Alcobaça mas não deu para entender.
Mas lembrava-se de muita coisa desses velhos tempos ...


Tinham sido amigos pessoais e visitas de casa do Pintor Luciano Santos.

Depois saltámos… para advogados do tempo do seu marido Artur Augusto Silva.
Recordava-se do Dr. Pinna Cabral e de uma paixão complicada de uma sua familiar próxima, que muito agitou a sociedade do seu tempo na então pacata vila de Alcobaça…

Mas voltando um bocadinho atrás e ao início da nossa conversa em que recordámos acontecimentos da década de 40, referiu-me os jovens refugiados austríacos que Alcobaça (e o resto de Portugal) então receberam .

Mal a dona da “Casa do Cruzeiro” referiu os miúdos austríacos lembrei-me (com emoção) do Hans e do Helmutt com quem tinha brincado numa casa da família Raposo Magalhães. ”Vi” à distância no tempo dois miúdos altos, que usavam calções compridos.

Clara Schwarz, que fala alemão descreveu-me ainda uma menina confiada a uma família dos arredores de Alcobaça (Vestiaria???) , que vivia com muitas dificuldades devido aos fracos recursos da sua família de acolhimento. Essa menina - de quem eu não me recordo - veio mais tarde a ser confiada à família de um médico de Alcobaça - Dr. Nascimento e Sousa…

E hoje posso surpreendê-la com uma fotografia que entretanto encontrei e que aqui reproduzo onde estão duas meninas austríacas desse tempo. A fotografia não tem muita qualidade mas as meninas em causa estão em destaque (com cor mais escura) em relação aos outros meninos.


Fotografia das refugiadas austríacas... Na fila de trás o 3º. miúdo a contar da esquerda sou eu. Teria então uns 10 ou 11 anos de idade (1950-51).


Estão passados cerca de setenta anos…

Para não alongar mais esta” memória” salientamos a extraordinária lucidez, cultura e sensibilidade de Dona Clara Schwarz... Uma vida, uma memória espantosa... - que o Luís Graça quer homenagear (e muito bem) quando completa hoje em 14 de Fevereiro de 2015 os seus 100 anos!


Até sempre…
Recordo com muita saúde e gratidão pela inesquecível tarde de 21 de Agosto de 2010, um dos melhores momentos que vivi nas férias de Agosto desse ano.
JERO
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14254: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (6): António Estácio, seu aluno de Francês no Liceu Honório Barreto, em Bissau

Guiné 63/74 - P14253: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (5): João Martins (Tabanca de São Martinho do Porto)


Alcobaça > São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > Foto de LG




1. Mensagem do nosso camarada João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art.ª do BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70), com data de 8 de Fevereiro de 2015:

Assunto:  14/2/2015: A "mindjer grande" faz 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito, decana da Tabanca Grande


Clara Schwarz

É com um misto de saudade, de admiração e de agradecimento que escrevo estas singelas palavras.

Saudade, porque tive o privilégio de vos conhecer numa tarde quente de verão em S. Martinho do Porto, desfrutando na vossa acolhedora casa, de um ambiente de confraternização, em que os sentimentos de amizade e de partilha eram predominantes.

Recordo que foi nesse almoço que conheci o Pepito que nos deixa muitas saudades pois era um homem preocupado com o bem estar e a felicidade dos outros, lutando, na medida das suas forças, por uma Guiné mais próspera com a possibilidade de contribuir para melhores condições de vida.

Admiração, porque a Clara, durante toda a sua vida, assumindo o papel de mãe e de professora, transmitiu educação e valores, dando um verdadeiro exemplo de cidadania e contribuindo para um Mundo melhor.

Agradecimento, porque todos nós, só podemos agradecer todo esse esforço, sacrifício e, até, sofrimento, porque a vida dedicada ao bem comum também tem, como contrapartida, os seus contratempos e as suas dificuldades.

Bem haja Clara, e que Deus lhe conceda muita saúde, muitos anos de vida e muitas felicidades.
João Martins
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14252: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (4): José Teixeira (Tabanca Pequena, Matosinhos)

Guiné 63/74 - P14252: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (4): José Teixeira (Tabanca Pequena, Matosinhos)


Alcobaça > Martinho do Porto > 21 de Agosto de 2010 > Casa do Cruzeiro > A Clara Schwarz, uma cidadão do mundo, uma mulher de grande coragem e cultura, que ajudou a fundar o Liceu Honório Barreto, em Bissau, onde foi professora de francês... É licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.


Foto: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados




Alcobaça > Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Casa do Cruzeiro > A Clara Schwarz, uma cidadão do mundo, uma mulher de grande coragem e cultura, com um experiência de 25 anos de Guiné (onde foi professora de francês no Liceu Honório Barreto, em Bissau). É licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa... .Aqui, aos 96 ano, no convívio da Tabanca de São Martinho do Porto  com o Zé Teixeira e os filhos Tiafo e Joana...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do José Teixeira, um dos régulos da Tabanca de Matosinhos:

Cem anos bem vividos. É que se pode dizer da D. Clara.

Uma mulher voltada para o mundo, muito atenta aos acontecimento, sobretudo com uma vida muito ativa e sempre aberta à comunidade. Ainda hoje continua a cativar amizades, pela simpatia que irradia.

Tive o grato prazer de a conhecer há uns anos atrás na sua casa de S. Martinho do Porto, na tertúlia que o saudoso amigo Pepito, seu filho, organizava todos os anos, quando vinha passar um mesito com a mãe.  Dizia ele que tinha de vir à fonte e na verdade, a D. Clara é uma fonte de afetos e uma fonte de sabedoria. Conversar com ela e viajar com ela ao seu passado de luta, é gratificante, pelo que se aprende com seu exemplo e dedicação a causas que considerava fundamentais, como o ensino do povo da Guiné, como forma de desenvolvimento.

Num desses encontros, levei os meus filhos. Juntamo-nos, um grupo de amigos, com um denominador comum, a Guiné, centrados no Pepito e os seus sonhos de promoção humana das gentes daquele país. Mesmo ao lado uma simpática velhinha cativava a atenção de dois jovens, pela sua jovialidade e visão atual do mundo. Era a D. Clara que lhes falava da Guiné, do tempo que por lá andou e como conseguiu dar vida aos seus projetos. Escutavam-na atentamente com uns olhitos a brilhar, de espanto talvez, ou, de bem-estar pela forma como a D. Clara expunha apaixonadamente as suas ideias.

Muito obrigado D. Clara pelos 100 anos de vida ativa. Quero expressar-lhe o meu apreço e a minha gratidão, pelo que aprendi consigo nas vezes que nos encontramos em sua casa.

Cá de longe, quero enviar-lhe um profundo abraço de parabéns e desejar-lhe muita saúde.

José Teixeira
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Nota do editor:

Último poste da série de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14251: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (3): Patrício Ribeiro (Bissau)

Guiné 63/74 - P14249: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (1): 100 anos não é apenas uma vida, são muitas vidas, que atravessam dois séculos e muitos lugares do mundo (Luís Graça)







Guiné > s/d > "Durante a  estadia na Guiné [, 1948-1966], Artur [Augusto Silva] viveu feliz tanto em Bissau onde trabalhava como em Varela onde ia em geral passar as férias do Natal. Aqui vão  fotografias desses tempos".

[As fotos são da página do filho do casal, João Schwarz da Silva, que vive em Paris: Des Gens Interessants. Temos a sua amável autorização para utilizar a documentação inserida na sua página sobre pessoas que tiveram vidas "interessantes", basicamente amigos e família, a começar pelos seus pais, Artur Augusto Silva e Clara Schwarz da Silva, nascidos respetivamente em 1912 e 1915]

Fotos (e legendas):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]



Portugal > Alcobaça > São Martinho do Porto > Estrada do Facho > Casa do Cruzeiro  > c. 1957 > O pai, Artur Augusto Silva (1912-1983), com os filhos, da esquerda para a direita, João, Iko [Henrique] e Carlos (1949-2014).

Cortesia de João Schwarz da Silva, que nos diz que a data deve ser "provavelmente 1957"... Teria então o Pepito (, nascido em Bissau, em 1949) os seus oito anitos... Que matulão, para a idade!  Nessa altura, a família vivia em Bissau e vinha passar férias à metrópole, mais concretamente na "Casa do Cruzeiro"...

Foto (e legenda): © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG, com a devida vénia]



Da esquerda para a direita, Clara Schwarz, Maria Helena  e Amílcar Cabral, na estrada de regresso de Dakar para Bissau em 1954.

Foto do arquivo pessoal de Clara Schwarz. O seu marido, o escritor e jurista Artur Augusto Silva, é que conviveu mais com Amílcar  Cabral. Clara, que foi professora no Liceu de Bissau, traduziu textos (técnicos, não políticos) de Cabral para francês.  Pepito, o filho mais novo, nasceu em Bissau, em 1949.

 Foi o nosso saudoso amigo Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2014) quem nos cedeu esta foto, na altura em que aqui publicámos um notável texto seu sobre "Amílca Cabral, um agrónomo antes do seu tempo"...

Amílcar Cabral, casado com Maria Helena, regressou a Bissau, em setembro de 1952, tinha então 28 anos. Em entrevista dada, em Bissau, ao Diário de Lisboa, em 27/5/1980, três anos antes de morrer, Artur confidenciou que "privou bastante" com  Amílcar Cabral.  Ambos eram membros do Centro de Estudos da Guiné. A última vez que o viu,  foi em setembro de 1956, dias antes de fundar o PAI [mais tarde, PAIGC]. Uns meses antes, tinham-se encontrado em Angola e combinado um jantar em Bissau. Amílcar passou à clandestinidade, e o jantar nunca mais se realizou.

Foto; © Carlos Schwarz (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: LG, com a devida vénia].


 Guiné > Bissau > 1953 > Vista aérea da cidade, tirada na direcção sul-norte. Ao centro, a avenida principal, a Av República (hoje Av Amílcar Cabral) onde já se erguia, à direita, a sé catedral (arquiteto João Simões / Gabinete de Urbanização Colonial, 1945).  Ao fundo da avenida, do lado esquerdo já se erguia o cinema UDIB, o melhor edifício da cidade (arquiteto Jorge Chaves, 1949-52), de iniciativa privada. Em Bissau, com cerca de 5 mil habitantes, era lá que se reunia a elite local...

Ao fundo, à direita, o bairro de Santa Luzia  (1948), com uma estrutura reticulada: foi a primeira experiência de alojamento para populações nativas. Em primeiro plano o cais do Pidjiguiti, e parte da zona portuária ainda em obras...

Quando Artur e Clara chegaram a Bissau, no final dos anos 40, a cidade estava em plena fase de densolvimento, graças ao dinamismo e *a visão do governador Sarmento Rodrigues. Vários edifícios públicos estavam a construir-se,  havia ruas por asfaltar, espaços para ajardinar e alindar...


Foto (e legenda): © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG, com a devida vénia]


1. Mensagem do nosso editor LG:

Camaradas, amigos/as: hoje, sábado, 14, a nossa amiga Clara Schwarz faz 100 anos. Nasceu em Lisboa em 1915. De origem judia (pai polaco e mãe russa), casou com o escritor e advogado Artur Augusto Silva (, nascido na Ilha da Brava, Cabo Verde, em 1912).  Teve 3 filhos, o mais novo dos quais o nosso saudoso Pepito (1949-2014). Clara viveu na Guiné em dois períodos: 1949-1966 e depois da independência, até ao ano da morte do marido, em 1983.

Licenciou-se em letras pela Universidade de Lisboa e frequentou o Conservatório Nacional de Música (onde tirou o curso de violino). Foi professora no liceu Honório Barreto, em Bissau. Tem gente, no nosso blogue, que foram seus alunos: estou-me a lembrar do António Estácio, do Manuel Amante da Rosa... (Ambos escreveram um pequeno depoimento para esta ocasião, que publicaremos a seguir.) Foi amiga ou pelo menos privou com o casal Cabral, Helena e Amílcar. No início dos anos 50, fez inclusive traduções, para francês, de trabalhos técnicos do engº agrº Amílcar Cabral.

O  pai de Artur Augusto Silva  havia falecido 1925 em Lisboa,  onde se encontrava para tratamentos. Deixava a esposa de 50 anos de idade e dois filhos ainda menores, João e Artur, que foram viver para casa da irmã Cristina, em Lisboa. Esta irmã mais velha (n. 1904)  tinha casado com o médico Augusto Pereira Brandão que na altura trabalhava em Farim, na Guiné.



S/d > S/d/ > "Da esquerda para a direita,  Cristina (nasceu em 1904), Artur (nasceu em 1912), Henrique e Margarida (os pais) e João (nasceu em 1910)."

Foto (e legenda):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]

Por sua vez, já aqui falámos do seu irmão, e tio do Pepito, o João Augusto Silva. Sobre ele escreveu Mário Beja  Santos:

(...) João Augusto Silva (1910-1990) foi funcionário da Administração Colonial na Guiné, em Angola e Moçambique. Desenhador, naturalista, decorador e escritor, foi galardoado em 1936 com o Prémio de Literatura Colonial da Agência Geral das Colónias. Foi também caçador, tendo abandonado a espingarda em troca da máquina fotográfica, com a qual se dedicou a capturar imagens de uma
das suas paixões: os animais. Nasceu em Cabo Verde, passou parte da infância na Guiné, terra a que regressará entre 1928 e 1936. As suas obras maiores são: “África: Da Vida e Amor da Selva” e “Animais Selvagens: Contribuição para o Estudo da Fauna de Moçambique”. Administrador do Parque da Gorongosa, será mais tarde Curador do Jardim Zoológico de Lisboa. Sobre a Gorongosa deixou um livro da maior importância “Gorongosa: Experiências de um Caçador de Imagens”. Foi recentemente homenageado pela Sociedade de Geografia de Lisboa. Foi irmão de Artur Augusto Silva, um investigador e poeta luso-guineense, aqui já várias vezes auferido, e tio do nosso confrade Pepito." (...)




Belíssima xilogravura de João Augusto Silva, publicada na revista "Momento", de fevereiro de 1936.


Foto (e legenda):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]


Desiludido com a vida do pós-guerra em Portugal, Artur decide partir, em finais de 1948, para a Guiné. Chega ao território em 6/11/1948. A família (Clara, João e Henrique) ir-se-á juntar-lhe no ano seguinte. Carlos ("Pepito") nasce em 1949.

Artur, até 1966, exerce naquele território a sua profissão de advogado, mas também fez de notário e até substituto do Delegado do Procurador da República. [Sobre Artur Augusto Silva temos duas dezenas e meia e meia de referências no blogue]

Escreve o seu filho João: "Em 1948, partiu para a Guiné (Bissau) para ali continuar a advocacia, com um sentimento pesado de frustração pela derrota politica, deixando para trás o Movimento de Unidade Democrática [MUD,] , desfeito, Leiria e Alcobaça, a mulher e dois filhos que em 1949 se juntaram a ele". (...). Depois da guerra, em 1945, o dr. Artur Augusto, como era conhecido, tinham esperanças na mudança democrática e pacífica do regime de Salazar.  Em 1947, o MUD foi ilegalizado e o o seu nome continuou debaixo do olho da política política... até ao 25 de abril.

Na Guiné, "foi um dos fundadores do Colégio Liceu de Bissau (Liceu Honório Barreto) que no inicio a partir de 1949 ocupava umas salas do Museu da Guiné que tinha sido criado em 1947 num edifício junto do Palácio do Governador". Em julho de 1952 era  governador Raimundo Serrão... "De 1949 a 1956, o liceu ocupou algumas salas do Museu. Só a partir do inicio do ano lectivo 1956 é que o Instituto Liceal Honório Barreto passou a poder contar com instalações próprias." 

Foi também membro do Centro de Estudos da Guiné. Licenciado em Direito, Artur havia estado, de 1939 a 1941, em Angola, como secretário particular do Governador Geral, dr. Manuel Marques Mano; de regresso a Portugal exerceu advocacia em Lisboa, Alcobaça e Porto de Mós. O casal viveu em Alcobaça e tinha casa de praia em São Martinho do Porto. Diz o filho João: "Depois de se casar, Artur Augusto exerceu a advocacia em Lisboa, mas a convite de Luciano Santos, um amigo pintor, decidiu mudar-se para Alcobaça onde havia falta de advogados".


Lisboa > s/d > c. 1930/40 > Artur Augusto Silva, numa festa,  com a Clara (à direita) e uma amiga.



Lisboa > 1935  > "Foi como director da revista Momento que Artur Augusto acompanhou o funeral de Fernando Pessoa em 1935, Possivelmente a única fotografia tirada nessa altura, mostra Artur à direita da fotografia ligeiramente encoberto por outro participante"

Fotos (e legendas):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]

Ainda como estudante (, passou pelo Liceu Camões, foi colega de faculdade de Álvaro Cunhal), e depois como recém-licencidado, Artur  Augusto participou intensamente da vida cultural e literária de Lisboa dos anos 30. Foi director da revista "Momento" e, nessa qualidade, acompanhou o funeral de Fernando Pessoa,  em 1935.

"Publicou vários livros, fez reportagens, dirigiu saraus literários, organizou exposições de arte moderna, promoveu conferências culturais na Casa da Imprensa, na Sociedade Nacional de Belas Artes e em vários outros locais de Portugal nomeadamente no Grémio Alentejano e no Porto", escreve o seu filho João Schwarz da Silva, que vive em Paris, numa sentida e bela homenagem que faz ao seu pai, na sua página "Des Gens Intéressants" [, Pessoas Interessantews].

Em 1953, morre o pai de Clara, Samuel Schwarz (, nascido em Zgierz, Polónia, Rússia, em 1880). Havia-se formado, em 1904, aos 24 anos, como engenheiro civil de minas, na École National Supérieure de Mines de Paris.




Bilhete de identidade de cidadão português de Samuel Schwarz, emitido em 25 de janeiro de 1941.



Autorização de residência, emitida em 19/2/11927, para a mãe de Clara, Agata Schwarz


Fotos (e legendas):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]


Samuel trabalhou em diversos países na indústria petrolífera (Baku, Cáucaso Russo) e na indústria mineira (Polónia, Inglaterra, Espanha, Itália e, por fim, Portugal). Em 1914, casa em Odessa com  Agatha Barbash,  filha de um banqueiro. (Nascida em 1884, em Tulczyn, Ucrânia, virá a morrer em 1950, em Lisboa)

Na altura em que eclodiu a I Guerra Mundial, em  1914, com 34 anos de idade, Samuel estava em viagem de núpcias em Portugal. Decidiu cá ficar. Começa a trabalhar em 1915 numa mina de volfrâmio, em Vilar Formoso, e noutra de estanho, em Belomonte, Na época vivia em Lisboa. Em 14 de fevereiro de 1915 nasce a sua filha, Clara.

Os cristãos-novos em Portugal no século XX
Autor: Samuel Schwarz
Editora: Livros Cotovia
Local: Lisboa
Colecção: Judaica
Ano de Edição: 2010
N.º de Páginas: 200
ISBN: 978-972-795-309-7

Sobre a vida fascinante deste homem Samuel Schwarz (1880-1953), vd. aqui o artigo escrito pelo seu neto João Schwarz da Silva:  judeu asquenaze,  era fluente em nove línguas,incluindo o hebreu. Foi um conceituado estudioso do judaísmo em Portugal, arqueólogo, historiador, autor da descoberta e da revelação pública, em 1925, da comunidade cripto-judaica de Belmonte, e .  bem como da antiga sinagoga de Tomar que comprou e efereceu ao Estado Português. Em 2010,  os Livros Cotiva reeditaram, em livro, o seu trabalho, de 1925, sobre os cristãos-.novos da Beira Baixa e, em especial,  de Belmonte, os rituais do Babatm do Kiopur e da Páscoa, orações ditas em português arcaico misturadas com palavras hebraicas, e que foram transmidas, sempre pelas mulheres, ao longo de quatro séculos e meio, pro sucessivas gerações.

Fotografia e assinatura no passporte do marido, emitido em
23 de agosto de 1946. Cortesia de João Schwarz da Silva 
Clara Schwarz da Silva é  nossa grã-tabanqueira desde 2010... Entrou para a Tabanca Grande, mais precisamente,  em, 14 de fevereiro de 2010, aos 95 anos.  Passou então a ser a Mulher Grande da nossa Tabanca Grande, com o nº de entrada 397. Hoje temos mais de 675 membros. É a nossa decana, e também a "mulher grande" da Tabanca de São Martinho do Porto (que se reuniu todos os todos os anos em agosto, quando o Pepito vinha de férias, de 2008 a 2012). Alguns de nós têm o privilégio de a conhecer e de ter privado com ela e a sua família, na famosa "casa do Cruzeiro", em São Martinho do Porto.

Foi sempre um mulher independente e cosmopolita. Até há bem pouco tempo era muito autónoma, usando com desenvoltura o telefone, o skype, o mail, a internet, e visitando o nosso  blogue… Ainda ontem telefonou à Maria Alice Carneiro, mamtendo com ela uma conversa perfeitamente normnal... Conduziu até tarde, com mais de 90 anos. Tem uma memória prodigiosa, é culta, é poliglota, e tem um grande  orgulho de seu pai, engenheiro de minas, de origem polaca,

Se outras não fossem válidas, bastaria invocar aqui o seu papel como co-fundadora, juntamenete com o marido e outros,  do Liceu Honório Barreto, hoje Liceu Nacional Kwame N' Krumah. Mais: foi professora de francês (e creio que também de português) de inúmeros guineenses, incluindo  dirigentes do PAIGC... (É capaz ainda de os citar de cor, e avaliar um a um!)...

Fala, sempre e ainda hoje, com muita ternura do seu marido, Artur, como um homem que "conhecia e amava a África" como poucos... Recordo-me de ela ter.me oferecido com dedicatória um pequena brochura dele, "Pequena Viagem Através de África"... Foi uma conferência que ele pronunciou na Associação Comercial da Guiné, em 1963, no 46.º aniversário da sua fundação. É uma admirável lição de sapiência e de sabedoria.

Três anos depois, em 1966, a PIDE prendia-o no aeroporto de Lisboa. O seu único crime era o de ser defensor de presos políticos... Libertado graças à intervenção pessoal, ao que se soube,  de Marcelo Caetano, seu professor de direito, após quatro ou cinco meses de Caxias, sem culpa formada, seria impedido de voltar à sua querida Guiné, agora a ferro e fogo... Sabe-se que o governador Schulz considerou-o "persona non grata" no território.




"Foi preso no aeroporto de Lisboa à chegada de Bissau [, em 26 de agosto de 1966,]  já em plena luta de libertação da Guiné, e foi detido na prisão de Caxias durante 4 meses sem julgamento. Foi libertado a 23 de Dezembro de 1966, por influência de alguns amigos que lhe conheciam e admiravam o carácter, mas foi-lhe fixada residência na capital . Escassos dias antes da libertação de Artur da prisão de Caxias, o Governador da Guiné (Arnaldo Schulz) mostra-se preocupado com a sua eventual libertação. [Sua Excelência o Governador é de opinião que aquele senhor não deve voltar à Guiné, pelo menos enquanto se mantiver o terrorismo".]

Foto (e legenda):  © João Schwarz da Silva  (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG, com a devida vénia]


Clara falou-me uma vez deste episódio triste e do cinismo do governador, Schulz, que era visita da casa dos Silva, em Bissau, e que inclusive acompanhou o Artur, até ao aeroporto, nessa triste viagem sem regresso... Só depois da independência é que Artur (e a Clara) voltaria, a convite de Luís Cabral, para desempenhar o lugar de juiz do Supremo Tribunal de Justiça... E lá morreria, em Bissau, em 1983. Era especialista em direito consuetudinário. Publicou livros sobre os usos e costumes jurídicos dos felupes, mandingas e fulas.

É também com a mesma frontalidade e coragem que a Clara vem protestar, em 2005, junto do Presidente da Câmara de Belmonte pela imperdoável omissão do nome do seu pai, Samuel, no recém-inaugurado Museu Judaico de Belmonte. Embora tarde, a injustiça foi reparada em 2007.

(...) "S. Schwarz está na origem da descoberta dos cristãos novos de Belmonte. Graças à sua enorme sabedoria ele revelou os ritos e costumes destes cristãos novos, em numerosos livros dos quais o principal, publicado em 1925, 'Os cristãos novos em Portugal no Século XX' , livros esses que são uma referência incontestável tanto para historiadores portugueses como estrangeiros." (...)

Hoje, sábado, 14 de fevereiro de 2015, os filhos, netos e bisnetos vão fazer-lhe uma festinha íntima. Ela fez questão de dizer "não queria nada", porque ainda não ultrapassou a profunda dor causada pela morte, inesperada, do seu querido Carlos... E não era seguramente esta a festa dos 100 anos que a gente tinha imaginado para ela...

À distância (, ela mora em Paço de Arcos, Oeiras), e respeitando a sua intimidade, queremos apenas levar-lhe uma palavra de afeto, apreço, conforto, amizade e homenagem... 100 anos não é apenas uma vida, são muitas vidas, que atravessam dois séculos e muitos lugares do mundo... Mais de metade da sua família, da Europa de leste, desapareceu com a II Guerra Mundial. E ela conheceu uma boa parte dela quando visitou a Polónia em 1938 (*)...

Clara Schwarz é uma mãe coragem. E um exemplo de vida, inspirador, para todos nós. Alguns/algumas de nós fizeram questão de  escrever duas linhas sobre esta mulher e nossa amiga, que sempre manifestou um grande interesse e carinho pelo nosso blogue. São esses testemunhos que publicamos a seguir, a par deste pequena resenha biográfica, que só possível graças à amável e afetuosa cumplicidade do João (que veio ontem de Paris se juntar à festa de família). Também sei que, pelo menos os filhos do Pepito, Ivan e Catarina, vai estar hoje a cantar os parabéns à avó, a "mindjer grande" que nos orgulha a todos/as. (**)

O editor Luís Graça (em nome pessoal e da Tabanca Grande)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4863: Agenda cultural (24): A História de Cristina, por Mikael Levin, no CCB, de 31/8 a 8/11 (Carlos Schwarz, 'Pepito' / Luís Graça)

(**) Vd. poste anterior de 14 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14248: Parabéns a você (860): Senhora Dona Clara Schwarz, Amiga Centenária, Grã-Tabanqueira

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10261: Convívios (464): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte III)



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro <  11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > A dona da casa, a dra Clara Schwarz.
João Graça, médico interno de psiquiatria, músico, nosso grã-tabanqueiro, tocou algumas das peças do seu reportório de música klezmer e irlandesa, em homenagem aos presentes, e muito em especial   à dona da casa, cujos antepassados eram da Europa de leste, polacos, da parte do pai, russos por parte da mãe...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O João Martins e a esposa do Zé Teixeira, simpatiquíssima (mas cujo nome lamentavelmente não apontei no meu caderno de notas!)...


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > A Joana Graça... Bem disposta, e brincalhona, esteve dez minutos a "falar em russo" com o irmão do dr. Reynaldo sem que este tivesse dado conta de que ela, excelente imitadora de "línguas estrangeiras", não domina o russo... O Pepito, bem como a dona da casa, mais uma vez, divertiram.se com a "lata" da Joana,...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto >  O médico, urologista, dr. Reynaldo Urgaleno... De origem cubana, trabalha no Hospital de Aveiro. Estve em missão de cooperação na Guiné-Bissau.


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Cecília, esposa do Reynaldo. Portuguesa, conheceu o marido na Guiné-Bissau.  Serviu de intérprete ao futuro marido e contou-nos algumas histórias desse tempo de Guiné... Como o leitor deve calcular, a relação terapêutica entre o urologista e o doente não é das mais fáceis, sobretudo da "primeira vez"... O homem guineense, por razões de pudor, culturais e outras,  não se sente confortável com o "toque rectal"... Pelo que a vida de um urologista,. estrangeiro (e da sua intérprete) não é propriamente um mar de pétalas de acácias...


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O irmão do Reynaldo, é engenheiro naval, trabalha e vive em Portugal (segundo percebi, na marinha mercante). Fala russo, tendo vivido seis anos em São Petersburgo.


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O anfitrião dso encontro e régulo da
Tabanca, diretor executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, de férias em Portugal.  Sempre  otimista (mesmo em relação ao futuro do seu país, onde nada neste momento funciona, a nível da administração pública...), falou-me com grande entusiasmo do novo projecto em que a AD  está envolvida, "Cacheu, caminho de escravos"...

Fotos (e legendas): © Luis Graça (2012). Todos os direitos reservados

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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10257: Convívios (463): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte II)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10257: Convívios (463): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte II)

  

Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Da esquerda para a direita, o Eduardo Moutinho Oliveira, advogado, membro da Tabanca de Matosinhos, o João Martinhs, o JERO e o Zé Teixeira... Em primeiro plano, de perfil, a Joana Graça... O grupo está assistir a uma exibição de violino... O João Graça, que é médico, interno de psiquiatria, é também músico, do grupo Melech Mechaya (especialista em música klezmer)... A dra Clara Schwarz, filha de pianista russa, tem por sua vez o curso de violino do Conservatório de Música de Lisboa...

Infelizmente, e por lapso meu, é a única foto em que aparece o Eduardo Moutinho F. Santos, presença habitual dos nossos convívios... Desta vez ele prometeu-me que ia "tratar dos papéis" para formalizar a sua entrada (oficial) na Tabanca Grande... Em conversa com ele, vim a saber que é casado com a doutora Maria José Moutinho Santos, professora e investigadora do Departamento de História da Faculdade de Letras do Porto, com algumas áreas de interesse científico também afins às minhas...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O João Graça e o JERO.



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro >  11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O JERO fez questão de tirar uma foto com o João Graça, com quem o prazer de conversar com algum tempo e vagar... O JERO tem um pouco afastado estado das nossas lides bloguísticas, por razões de saúde... Aproveito para lhe desejar  um rápido restabelecimento... Ele veio acompanhado da sua filha que, no entanto, não pôde ficar para o almoço-convívio que se prolongou pela tarde dentro...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Da esquerda para a direita: o João Graça, a Alice Carneiro, a Isabel e o Pepito...


Fotos (e legendas):© Luis Graça (2012). Todos os direitos reservados

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10256: Convívios (462): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte I)

Guiné 63/74 - P10256: Convívios (462): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte I)


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto >  Um pormenor de um pano africano da sala de convívio da casa de veraneio da família Schwarz da Silva



Alcobaça, São Martinho do Porto  > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > A dona da casa, Clara Schwarz da Silva, com a neta Cristina... A Casa do Cruzeiro é das mais antigas de São Martinho do Porto (pertenceu a um ator de revista e foi comprada pelo Eng Samuel Schwarz para a sua filha Clara Schwarz, nascida a 14 de fevereiro de 1915).


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto >  A dona da casa e decana da Tabanca Grande, Clara Schwarz, mãe do Pepito.


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Clara Schwarz, de 97 anos, lendo a dedicatória do João Graça, manuscrita na contracapa do úiltimo CD dos Melech Mechaya



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto >  A senhora Leonor Levy Ribeiro, mãe da Isabel.



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Cristina da Silva, filha do Pepito e da Isabel, ex-.quadro superior da empresa que explora ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau. Nasceu na Guiné-Bissau, estudou psicologia social em Lisboa, no ISCTE.  Tem mais dois irmãos: a Catarina (Pepas) que está também na Guiné-Bissau, erabalha neste momento num projeto financiado pelas Nações Unidas, ligado ás questões da biodiversidade e da proteção do ambiente; e o Ivan, que vive em Portugal. 


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso grã-tabanqueiro, e uma vez por ano nosso anfitrião na Tabanca de São Martinho do Porto...


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Outra grã-trabanqueira, a Isabel, esposa do Pepito,  especialista em questões de educação ambiental.


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro >11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso Esquilo Sorridente... o Zé Teixeira, que veio expressamente de Matosinhos, com a esposa e o camarada  Eduardo Moutinho F. Santos... É presença habitual (e obrigatória) dos  encontros desta e doutras Tabancas...


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > A esposa do Zé Teixeira... Tivemos pena que os filhos, desta vez, não tenham podido vir: Joana Teixeira, psicóloga, e Tiago Teixeira, médico, infecciologista, com forte ligação à Guiiné-Bissau e de cujo trabalho na área da cooperação e da solidariedade já aqui temos falado...


Alcobaça, São Martinho do Porto > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O grã-tabanqueiro João Martins cujos antepassados estão fortemente ligados a São Martinho do Porto... Ele próprio sempre passou férias nesta belíssima praia... e tem lá a casa  de férias dos pais, que está a restaurar... Veio expressamente de Lisboa para poder estar neste encontro, a convite expresso do Luís Graça e do Pepito...


Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Outra grã-tabanqueira, Alice Carneiro...


1. Esta é a terceira edição do convívio da Tabanca de São Martinho do Porto. O ano passado foi a 13 de agosto.  E há dois anos, em 25 de agosto

Marcaram presença este ano: 

 (i) o Zé Teixeria e a esposa, o Eduardo  Moutinho F. Santos, o Luís Graça, a Maria Alice Ferreira Carneiro, o João Graça, a Joana Graça, o José Eduardo Oliveira (o JERO), o João Martins;

(ii) Do lado do nosso anfitrião, o Pepito, deu-nos a honra da sua presença, a sua querida mãe, Clara Schwarz, a Isabel Levy Ribeiro, a mãe da Isabel (Leonor Levy Ribeiro), a Cristina Silva, filha do Pepito e da Isabel;

(iii) E ainda os amigos do Pepito, o médico cubano, urologista no Hospital de Aveiro, que trabalhou na Guiné-Bissau, o dr. Reynaldo Urgaleno, a esposa, portuguesa, Cecília, e ainda um irmão, que também vive e trabalha em Portugal, engenheiro naval.

Recorde-se que o  nosso anfitrião, Pepito, tem aproveitado, nos últimos três anos, as suas férias portuguesas para juntar (e conviver com) alguns dos seus amigos portugueses (uma parte dos quais são membros da Tabanca Grande, parceira da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento)... O encontro da Tabanca de São Martinho do Porto, em Agosto de cada ano, já se tornou "obrigatório"... E é sempre um grande prazer aceitar o convite dos donos da casa... 

Este ano foi possível conciliar algumas agendas: foi o caso do nosso grã-tabanqueiro João Graça (cujo grupo musical, os Melech Mechaya,  ia actuar, no dia seguinte, em Porto de Mós, curiosamente uma terra onde, nos anos 40, o pai do Pepito, Augusto Silva, exerceu advocacia).

(Continua)
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Nota do editor: