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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16680: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (17): que país terá acolhido o sold básico a aux cozinheiro Manuel Augusto Gomes Miranda ? Talvez a Holanda, em maio de 1970, com o apoio do Comité Angola de Amsterdão (Tino Neves, ex- 1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CSS/BCAÇ 2893 (1969/71) > O 1º cabo escriturário Constantino (Tino) Neves e o sold básico aux cozinheiro Miranda, em missão de PU - Polícia de Unidade. "A foto foi tirada no salão do cinema de Nova Lamego, numa festa de variedades, em que actuava uma cantora vinda da Metrópole, do Seixal, e eu estava de cabo de dia. Como o furriel destinado à Polícia da Unidade (PU) se tinha baldado, o oficial de dia, o capitão, comandante da CCS, mandou-me substituir o furriel, e assim aproveitei para ir assistir às variedades". (*)

Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Telegrama enviado por Amílcar Cabral, em 15 de maio de 1970, para o Comité Angola, sedeado em Amsterdão, Holanda. (Cortesia dlo portal Casa Comum / Arquivo Amílcar Cabral).

Fonte: Casa Comum
Fundação Mário Soares
Pasta: 07070.117.043
Assunto: Jovens desertores
Remetente: Cabral, PAIGC
Destinatário: Angola Comité
Data: Sexta, 15 de Maio de 1970
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Telegramas.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondência

Citação:
(1970), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34754 (2016-11-3)


1. Comentário  do Tino Neves [ex- 1º cabo escriturário da CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71] ao poste P16672 (*)

Olá,  Luis. Respondendo ao teu pedido sobre a identidade do Miranda, fiz a minha pesquisa sobre os dados que tenho sobre todos os militares da CCS/BCAÇ 2893, que consegui na altura em que comecei a organizar os convívios da Companhia.

Na História da Unidade tenho a referência ao único Miranda  da CCS que foi punido em fevereiro e março de 1970, com 10 (dez) dias de prisão disciplinar agravada em ambos os meses, ou seja 10 + 10 dias de prisão. 

Trata-se do Manuel Augusto Gomes Miranda, soldado auxiliar de cozinheiro nº mec. 084929/66. [,Como se vê, um velhinho de 1966!]

Nunca consegui saber o contacto dele nem onde residia. Como referi no poste em causa, alguém num dos convívios que organizei, me disse que ele após o 25 de Abril  regressou à terra dele e foi recebido como um herói. 

A quando do ataque de 15/11/1970 [a Nova Lamego] ele com toda a certeza já lá não estaria, pois a punição dele foi em fevereiro e março de 1970. 

Um abraço, Tino Neves


 2. Resposta do editor [Tabanca Grande]

Obrigado, Tino...  Tendo a punição sido dada em fevereiro de 1970 e agravada em março [, pelo Cmd Agrup 2957, de Bafatá], a  deserção do Miranda deve ter sido logo a seguir, talvez por volta de março/abril, uma decisão que só poderia ter sido tomada "a quente"... O Miranda era um animal acossado pelo medo, depois do que fez (ou do que foi acusado) e do "bullying" de que passou a ser vítima...

Mas quem nos garante que o Miranda  não tenha morrido "pelo caminho" ? O PAIGC não costumava "acampar" nos arredores de Nova Lamego... Não sabemos se ele foi levado para a região do Boé ou se foi logo encaminhado para Conacri... Amílcar Cabral adorava receber os desertores e os prisioneiros tugas...

Na Net não há rasto do seu nome... O que parece vir confirmar o provérbio popular, "de gente pobre até o rasto é triste"...

Mais próximo destas datas, encontrei no Arquivo Amílcar Cabral um telegrama, assinado por Amílcar Cabral, e com data de 15 de maio de 1970, dirigido ao Comité Angola, em Amsterdão, Holanda. Eis o teor do telegrama, em inglês:

"Please inform possibility receive two young desertors arriving by plane without visa. Cabral PAIGC"

[Tradução: "Por favor digam-nos da possibilidade de receber dois jovens desertores que irão chegar de avião sem visto de permanência".]

É possível que o nosso Manuel Augusto Gomes Miranda seja um destes 2 jovens desertores que o Amílcar Cabral, sem grandes condições logísticas para os receber, recambiou para a Holanda. Deve viver hoje na Holanda, e talvez até tenha a nacionalidade holandesa, a menos que tenha regressado a Portugal e viva ainda algures, numa terreola perdida atrás do sol posto...  È apenas uma pista... 

Talvez os arquivos do "Comité Angola", de Amsterdão, um das organizações holandesas que apoiavam os movimentos nacionalistas africanos que lutavam contra o colonialismo português (e contra o "apartheid" na África do Sul), possam confirmar ou informar esta nossa hipótese de investigação... 

Mas será que existem esses arquivos ? Existem... em holandês. Aqui: Archief Komitee Zuidelijk Afrika   [Angola Comitee/Holland Committee on Southern Africa 1961-1997]

Contrariamente aos portugueses, os holandeses guardam tudo o que tem interesse documental e serve os seus interesses...

___________

Nota do editor:

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16672: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (16): o caso do soldado básico auxiliar de cozinheiro Miranda (Tino Neves, ex- 1º cabo escriturário da CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)



Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CSS/BCAÇ 2893 (1969/71) > O 1º cabo escriturário Constantino (Tino) Neves e o sold básico auxiliar de cozinheiro Miranda, em missão de PU - Polícia de Unidade. "A foto foi tirada no salão do cinema de Nova Lamego, numa festa de variedades, em que actuava uma cantora vinda da Metrópole, do Seixal, e eu estava de cabo de dia. Como o furriel destinado à Polícia da Unidade (PU) se tinha baldado, o oficial de dia, o capitão, comandante da CCS, mandou-me substituir o furriel, e assim aproveitei para ir assistir às variedades".  O Miranda, acusado justa ou injustamente de ser "amigo do alheio", acabou por "fugir" para o PAIGC...

Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 


1. Este texto, que se segue,  esteve para ser publicado em abril de 2007, chegou mesmo a ser editado sob o nº 1645, e depois retirado; devia inaugurar a série "Estórias do Gabu" (*)...

Por razões editoriais, ficou em "stand by": considerava-se, na época. que o tema da "dcserção" era delicado, polémico  e até fracturante; por outro lado, havia algum pudor em identificar o militar em causa, pertencente à CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71).

 Acabámos por publicá-lo em 10/11/2012, com pequenas alterações (*).  Afinal, é a história (pública) de um "desertor" (, "fujão", era o termo ainda cru e cruel, que vinha no título da "estória do Gabu"), contada por um camarada, o Constantino Neves,  que com ele privou e conviveu...

Toda a gente da CCS/BCAÇ 2893 sabia da história e muita gente inclusive terá acabado,    sem o querer,  por empurrar o Miranda, para os braços do inimigo de ontem... Não vemos hoje razões para esconder o seu rosto, mais de 45 anos passados sobre o acontecimento.

De resto, este militar, que foi nosso camarada,  é apenas identificado pelo apelido, como era prática comum na tropa.  Não sabemos nada sobre o seu paradeiro atual, nem sequer sabemos se ainda estará vivo.  Mais: não sabemos pormenhores sobre a sua saída do quartel (velho) de Nova Lamego nem sobre a sua eventual colaboração com o IN.

Convém lembrar que este caso se passou em 1970 por volta de março/abril de 1970. Em 15 de novembro desse ano, Nova Lamego é atacado em força, brutalmente,  pelo PAIGC,  originando 3 mortos entre as NT, 4 feridos graves, 8 ligeiros, 8 mortos entre a população, 50 feridos graves, 30 ligeiros (**)...

Não sabemos se a traição do Miranda foi ao ponto de fornecer informações preciosas, ao PAIGC, sobre o quartel (velho) e a vila de Nova Lamego. A verdade é que esta flagelação  a instalações militares e civis nossas foi das mais graves e "cegas" de que eu tive conhecimento, no leste, no meu tempo (maio de 1969/março de 1971). Também não sabemos se o Miranda nesta altura ainda estava nas fileiras do PAIGC, se é que alguma vez esteve... Entre o mito e a realidade, é sempre difícil descobrir a verdade (***)...

A  ter sido um caso de deserção (e tecnica e juridicamente foi), parece-nos um caso "atípico"... [Ou talvez não, veja-se o que esteve na origem de outra "deserção", já aqui relatada, a do fuzileiro António Trindade Tavares, o célebre G3 (**), Ambas  são histórias que, antes de provocarem a nossa indignaçãoo, devem merecer a nossa compaixão.]

Sobre o Miranda não encontrámos qualquer registo no Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum / Fundação Mário Soares. De resto, sobre os "nossos desertores" o Arquivo Amílcar Cabral é pobrezinhho... (LG)


2. O texto a seguir é da autoria  do nosso camarada Constantino (ou Tino) Neves, ex- 1º cabo escriturário da CCS / BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71) (*)


Conheci em tempos um camarada nosso que, em Nova Lamego, desertou para o PAIGC. Não me compete fazer juízos de valor sobre o seu comportamento.

Trata-se do soldado auxiliar de cozinheiro [, de apelido Miranda], de que mando foto, em que está marcado com uma seta a branco...

A foto foi tirada no salão do cinema de Nova Lamego, numa festa de variedades, em que actuava uma cantora vinda da Metrópole, do Seixal, e eu estava de cabo de dia. Como o furriel destinado à Polícia da Unidade (PU) se tinha baldado, o oficial de dia, o capitão, comandante da CCS, mandou-me substituir o furriel, e assim aproveitei para ir assistir às variedades.

O soldado Miranda,  já era velhinho (de 1966), e fora mobilizado para a Guiné, por castigo, pelo vício que tinha,  dizia-se, de se "apropriar do alheio", vício de que não se curou, tendo assaltado um dia, aliás uma noite, a Sala do Soldado,  e roubado 20.000$00 [, vinte contos], o que era bastante dinheiro na altura. [Equivaleria hoje a 5.698,45 €. (LG)]

Em fevereiro de 1970, o Miranda  foi punido com 10 dias de prisão disciplinar agravada e em março de 1970 novamente com mais 10 dias de prisão disciplinar agravada, referente ao mesmo delito, dados por Bafatá [Comando de Agrupamento 2957].

E, em face disso, nós dizíamos-lhe que ele iria apanhar 20 anos, 1 ano por cada conto roubado, quando a Ordem de Serviço (O.S.) chegasse ao general Spínola. O pobre coitado acreditou, de tal maneira que pediu a um elemento civil, a trabalhar no quartel (velho), nas limpezas, para que o ajudasse a fugir e que o levasse para junto do PAIGC. O pedido foi aceite, e ele fugiu.

Mais tarde, em alguns ataques, foram deixados nos locais de onde nos atacavam, vários papéis supostamente escritos pela mão do soldado Miranda, a solicitar para que fizéssemos o mesmo, que seríamos bem recebidos, como ele, que estava muito satisfeito, porque agora ele era o cozinheiro de serviço dos guerrilheiros.

Também havia relatos de que, em várias emboscadas, chegaram a ouvir ex-militares portugueses a gritar do outro lado, dizendo o seu nome, posto e nº mecanográfico, e que se entregassem, porque estávamos do lado errado.

Portanto, o soldado básico Miranda. não fugiu por motivos políticos, mas sim por medo à prisão. Isto é o que eu presumo. De qualquer modo, era uma situação diferente da de outros, desertores ou refractários, que, na metropóle, arriscaram a fuga nos Altos Pirinéus e a possibilidade de serem capturados ou mesmo alvejados pela polícia.

Um Abraço
Tino Neves


3. Comentários do editor, do autor e de Rogério Cardoso (*)

(i) Editor:

Tino: O teu camarada Miranda, soldado básico, auxiliar de cozinheiro (como outros soldados básicos que eu conheci, já com antecedentes "disciplinares"...), seria apenas um "pobre diabo", como se  pode deduzir da tua versão dos acontecimentos.

 Não sei se ele ainda é vivo e tem família, amigos, vizinhos, se vive algures em Portugal, e até se poderá vir a ter conhecimento deste poste... Espero bem que sim, que esteja vivo e de boa saúde, e que inclusive nos possa ler.

Como sabes, o nosso blogue não é nenhum tribunal (muito menos militar). E não fazemos  justiça, muito menos por nossas próprias mãos. Como qualquer um de nós que passou pelo TO da Guiné, o teu camarada Miranda  tem o direito ao bom nome e reputação,  tem direito a defender-se, se for caso disso, das acusações que lhe foram feitas.

Hesitámos em identicá-lo, mesmo através do apelido:  mas hoje já não faz qualquer sentido, a punição dele vem na Ordem de Serviço do batalhão, e na história da unidade, possivelmente disponível no Arquivo Histórico Militar para consulta de qualquer um de nós. E depois a deserção é um ato tão público como os demais que aqui relatamos e relembramos todos os dias: os ataque,  flagelações ou emboscadas no dia tal e  tal, as baixas que tivemos, os louvores, etc...

Já tinhamos publicado esta estória, sem a identificação clara do militar em causa... Mas afinal  o caso é público e notório, podendo toda a gente da tua CCS corroborar, confirmar ou infirmar a tua versão dos factos. Sabes disso, e por isso também não podem ser postas em causa a tua palavra e a tua boa fé... Já a memória pode ser mais traiçoeira..,

Como tive ocasião de te dizer,  esta história teve uma vida atribulada no blogue. Deveria ter sido a estória do Gabu nº 1. Não o foi. Hoje, que voltamos a abrir o dossiê dos "desertores", achamos que ela ser publicada, apenas com um título diferente daquele que tinhas sugerido, em que chamavas "fujão" ao teu cmarada... "Desertor" é uma palavra feia para a maior de nós, ex-combatentes, mas "fujão" ainda é mais...

Tino, quero que saibas que tens jeito e talento para contar estas histórias de caserna, passadas na "tua" Nova Lamega, de que tambéns boas recordações. Obrigado pela tua colaboração. E continuamos sempre à espera de mais. De resto, és um membro da nossa Tabanca Grande, de longa data,  sempre solícto e prestável. Boa saúde, longa vida e excelente memória.


(ii) Tino Neves

Uns anos atrás, um camarada da minha companhia contou-me que ele, o "fugitivo", quando regressou à sua terra natal, foi recebido como um herói, com recepção e tudo.

Tentei contactá-lo mas não consegui. Desconheço o seu paradeiro.

(iii) Rogério Cardoso

Eu também concordo, que a fuga teve a ver com o medo à provável quantidade de anos de prisão   que iria ter pelo furto e antecedentes, e que no fim era um pobre diabo, que a sua deserção não era por motivos politicos, o que na altura era o mais grave.

Pois se outros fugiram, individuos com grandes responsabilidades de comando, como oficiais, e foram desculpados e até candidatos a altos cargos da Nação, porque não este moço?

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10645: Estórias do Gabu (7): O soldado básico que um dia se passou para o lado do inimigo...

(**) 15 de julho de 2016 >  Guiné 63/74 - P16305: Efemérides (233): 15 de novembro de 1970, às 11 da noite, o quartel e a vila de Nova Lamego são violentamente flagelados com fogo de 4 morteiros 82, durante 35 minutos... 3 mortos entre as NT, 4 feridos graves, 8 ligeiros; 8 mortos entre a população, 50 feridos graves, 30 ligeiros... Valeram-nos os Fiat G-91 estacionados em Bafatá... Spínola mandou construir um quartel novo, fora da vila, inaugurado em 31/1/1971 (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, 1969/71)

(***) Vd. último poste da série > 27 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16647: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (15): Desertor era o militar que (i) foi incorporado, (ii) estava nas fileiras e (iii) as abandonava ao fim de algum tempo... Desconfio um bocado do número de desertores que foi avançado pelos historiadores Miguel Cardina e Susana Martins, se for aplicada a definição exacta dos regulamentos da época (António J. Pereira da Costa, cor art ref)

sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16576: O cruzeiro das nossas vidas (24): Ainda o regresso a casa, no inesquecível paquete Uíge, da Companhia Colonial de Navegação, em março de 1971 (Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)



N/M Uige > Viagem Bissau-Lisboa > Março de 1971 >  O ten SGE José Maria Barata  mais a esposa dona Floripes da Palma Teixeira Barata... A família (que incluía os 3 filhos menores, Rui, de 8 anos e as gémeas Sofia e Adelaide, de 7) viajou em 1ª classe. O ten Barata regressou mais cedo, nesta data, pro razões de saúde.


 Viagem Bissau-Lisboa >  Novembro de 1969 > O ten SGE José Maria Barata, do lado direito ao centro,  num grupo de alferes milicianos da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71). O BCAÇ 2893 partiu de Lisboa, moblizaqdo pelo BCAÇ 10, em 25/11/1969 e regressaria à metrópole, depois de cumprida sua missão, em 25/9/1971.

Esteve sempre em Nova Lamego.´Foi seu comandante o ten cor inf Fernando Carneiro de Magalhães. Companhias de quadrícula: CCAÇ 26167, 2618 e 2619..

O nosso camarada Constantino Neves, identificou os oficiais desta foto; ao lado do ten Barata, junto à janela de oculos escuros está o alferes mec auto José dos Santos Rosado de Oliveira (1), à frente deste (1), também de óculos, está o alferes de transmissões, caboverdiano, Antónop Augusto Gonçalves (2); de frente ao ten Barata, está o alferes João dos Santos Serra Lavadinho (3). Dos outros dois ele não se recorda dos nomes mas diz que eram do Batalhão ("basta ver o emblema do batalhão num deles").


Ver  a lista dos passageiros da 1ª classe embarcados em Bissau e com destino a Lisboa (, abaixo reproduzida): eram 46, entre militares (35) e civis (11), na maioria familiares (mulheres e crianças). Há 3 famílias a bordo, com crianças: as famílias Barata, Vidal Saraiva e Brandão. Estas duas últimas eram de médicos milicianos, em serviço seguramente no HM 241.  O alf mil médico Vidal Saraiva  (1936-2105) esteve com alguns de nós em Bambadinca, em 1970, ao tempo do BART 2917,  e já foi aqui homenageado no nosso blogue.

A única família que "vinha do mato" (Nova Lamego), era a família Barata, um caso raro, excecional. (Os Barata tiveram todos o "batismo de fogo", em 15/11/1970, em Nova Lamego; é possível que o ten José Maria Barata tenha decidido antecipar o regresso da família, face ao agravamento da situação militar no leste da Guiné, e em particular na região do Gabu).

Nota curiosa... nesta viagem do N/M Uíge, que partiu de Bissau em 2/3/1971,  vieram também, de regresso a casa, pelo menos dois camaradas nossos,  o César Dias (em classe turística) (ex-fur mil sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71) e o Manuel [Carline] Resende [Ferreira]  (em 1ª classe) (ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71).

Como alguém disse, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!


Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e  legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Adelaide Barata, aos 7 anos
1. A nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo mandou-nos, a 19 de setembro último, mais umas recordações do tempo em que esteve, aos 7 anos,  na Guiné, mais exatamente em Nova Lamego, com o pai, a mãe e os irmãos, tendo regressado no N/M Uíge,  em 2 de  março de 1971.

 Amigo Luís,

Mais uma recordação do nosso regresso da Guiné.  

Na ida para o leste da Guiné, em 1970, sei que apanhámos um avião, bastante barulhento, de Bissau para Nova Lamego, e o regresso foi da mesma forma [, talvez um Dakota]. 

Quando regressámos a Lisboa foi naquele paquete inesquecível UIGE- Companhia Colonial de Navegação" (*)

Beijinhos
Adelaide











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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16305: Efemérides (233): 15 de novembro de 1970, às 11 da noite, o quartel e a vila de Nova Lamego são violentamente flagelados com fogo de 4 morteiros 82, durante 35 minutos... 3 mortos entre as NT, 4 feridos graves, 8 ligeiros; 8 mortos entre a população, 50 feridos graves, 30 ligeiros... Valeram-nos os Fiat G-91 estacionados em Bafatá... Spínola mandou construir um quartel novo, fora da vila, inaugurado em 31/1/1971 (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, 1969/71)



Guiné- Bissau > Região de Bafatá > Gabu (antiga Nova Lamega) > Fevereiro de 2005 > O José Couto entre dois militares das Forças Armadas da Guiné-Bissau, no centro da parada do antigo quartel das NT, junto ao monumento de homenagem a Amílcar Cabral (que, por sua vez, é uma canibalização do memorial aos mortos do BCAÇ 2893, que esteve ali sediado, o comando e a CSS,  entre 1969/71).

Foto: © José Couto / Tino Neves (2006). Foto gentilmente cedida por José Couto (ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.



Guiné > Região de Gabu > Gabu (Nova Lamego) > Memorial aos mortos do BCAÇ 2893 (1969/71)... A mesma pedra, virada ao contrário, irá servir - depois da independência - para lavrar uma homenagem ao "pai da Pátria", Amílcar Cabral (foto acima)...Sempre foi assim com todos os "conquistadores": os romanos construiram  sobre as ruinas gregas, os visigodos sobre as ruínas romanas, os mouros sobre as ruínas cristãs, os cristãos da reconquista sobre as ruínas do Al-Andalus, e por aí fora...

Os mortos do batalhão foram os seguintes: (i) Sold J. Rodrigues e Sold A. Seixas (CCS) [, mortos o ataque ao quartel e povoação em 15/11/1970, 1º aniversário do batalhão]; (ii) Sold J.Cavalheiro e Sold J. Paiva (CCAÇ 2618); (iii) Sold J. Conde (CCAÇ 2617); e (iv) Sold S. Fernandes e Sold A. Dias (CCAÇ 2619).

Foto : © Tino Neves (2012). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71) > Cerimónia de Inauguração do Quartel Novo em 31 de Janeiro de 1971.

Fotos do Constantino (ou Tino) Neves, ex-1º Cabo Escriturário, CCS/BCAÇ 2893, membro da nossa Tabanca Grande desde 2006.

Foto: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.


Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71)  > 1970 > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares.


 Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71)  > 1970 > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado esquerdo da foto de conjunto).


Guiné > Zona leste > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71) 1970 > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (Gabú) > Principais edifícios civis e militares. (Lado direito da foto de conjunto).

Imagem aérea do quartel antigo e da vila.O quartel estava situado no centro da vila, formando um rectângulo e ocupando alguns edifícios civis. A foto, cedida por Roseira Coelho (,que o Tino Neves presume que fosse ten pilav), já vinha com as marcas sem a respectiva legenda. O Tino Neves completou a legenda:

(1) Caserna das Praças;
(2) Casas civis (para alugar);
(3) Loja dos irmãos Libaneses;
(4) Depósito de géneros;
(5) Estação dos CTT (civil);
(6) Destacamento de Engenharia;
(7) Messe de Oficiais;
(8) Messe de Sargentos;
(9) Parque e Oficinas Auto;
(10) Refeitório;
(11) Dormitório de alguns Sargentos;
(12) Sala do Soldado;
(13) Parque de Jogos.

Foto (e legenda): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Lembranças de Nova Lamego: a  flagelação ao quartel e vila  em 15/11/1970 (*)

por Constantino Neves (ex-1º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71) [, foto à direita]

O Batalhão de Caçadores 2893 foi formado em Chaves no ano de 1969. Era empregado de escritório e usaram os meus conhecimentos como primeiro cabo escriturário na CCS (Companhia de Comandos e Serviços).

A 15 de novembro de 1969 embarcámos para a Guiné, na Lisboa, no cais da  Rocha Conde de Óbidos, no T/T Uíge, regressando mais tarde no T/T Niassa.

Chegado a Nova Lamego (, hoje Gabu), eu não saía para o mato em missões,  durante o dia estava com  máquina de escrever mas à noite andava de G3.

O primeiro aniversário da nosso batalhão, a 15 de novembro de 1970, era para ser um dia de festa, mas foi um  dia fatídico. Fazíamos um ano que tínhamos embarcado. O nosso Comandante resolveu fazer uma festa, em comemoração desse dia, convidando um Oficial, um Sargento e um Praça em representação dos aquartelamentos mais próximos, pois, para além dum jantar melhorado para todos os presentes, também foi organizada uma festa de variedades no edifício do cinema da vila.

Como é natural, festa que se preze, não pode prescindir de um momento de "fogo de artifício"... Apesar de ninguém ter pensado e esperado que isso acontecesse, tivemos uma visita inesperada: sem que fosse convidado, o pessoal do PAIGC  veio  contribuir com a sua parte para "abrilhantar" a festa.

Às onze e tal da noite, quando a malta já estava toda deitada, começou a morteirada. Quando caiu a primeira já vinham 30 no ar. Fomos ver no final e eles atiraram 122.

Dois camaradas da minha CCS, foram atingidos pela única granada de morteiro que arrebentou dentro do quartel, quando ambos estavam escondidos debaixo de uma viatura GMC - que estava estacionada junto ao dormitório de alguns Sargentos [vd foto acima, ponto (11)], quando a mesma caiu a 1 metro deles. Foram eles o Soldado Básico Seixas e o Soldado Maqueiro Joaquim Rodrigues.

O sargento morto era um ex-militar da CCAÇ 5, "Os Gatos Pretos" (sedeados em Canjadude),  o 2º sargento mil enfermeiro, Cipriano Mendes Pereira, guineense, de etnia manjaca: estava mais a esposa,  de passagem para Bissau, de férias, mas resolveu ficar mais um dia para participar na festa do aniversário do Batalhão. Morreu, junto a sua esposa, no quintal de sua casa. Deixaram órfãs 2 crianças (um casal),  de tenra idade. Tinha sido colocado no HM 241, em Bissau, tendo deixado de pertencer à CCAÇ 5 em 10/10/1970.

Houve mortos e feridos, graves e ligeiros, também na população. Caiu uma granada de morteiro numa palhota, morreram todas as pessoas que lá estavam. No quartel só caiu uma mas bastou para matou dois camaradas da minha companhia. Fui-me esconder num posto de rádio que era blindado. Já estava quase cheio mas consegui enfiar-me lá dentro enquanto outro camarada ficou à porta e ainda apanhou com estilhaços nas pernas.

O ten SGE Barata, da CCS,  também estava com a família, em Nova Lamego: esposa e 3 filhos menores (1 rapaz e duas gémeas). Adelaide Barata Carrêlo, então com 7 anos, era uma das duas meninas. Num depoimento emocionado que iremos publicar, noutro poste, recorda os seus medos dessa noite. É a nossa mais recente grã-tabanqueira, com o nº 721.(**)


Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > 1969 > CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos (1968/70) > O Fur Mil Transmissões José Marcelino Martins com o seu amigo e camarada Cipriano Mendes Pereira (srgt mil enf) [Foto à direita] (***)

Foto: © José Martins (2006) . Todos os direitos reservados.

Por causa desse episódio, o Spínola decidiu mandar construir um quartel novo, a um quilómetro da povoação, para evitar baixas colaterais. Irá ser inaugurado em 31/1/1971.

Este acontecimento foi notícia na Metrópole como Chacina em Nova Lamego.

A nossa sorte foi os FIAT estarem na zona de Bafatá, e estarem em contacto com o comando de Bafatá e por sua vez o comando de Bafatá em contacto connosco. Ao aperceber-se do acontecimento, deu ordem aos FIAT para virem em nosso socorro, se não as morteiradas não teriam sido somente 122.

Eis o  que ficou seca e telegraficamente escrito, para a História, na brochura da História da Unidade (****):

"Dia 15/11/70:

BCAÇ 2893 comemorou o aniversário de comissão nesta província. Foi convidado de honra o Exmo. Cmdt CAOP 2.

Grupo Inimigo, constituído aproximadamente por 150 elementos, flagelou Nova Lamego durante 35 minutos, com fogo de 4 morteiros 82 (cerca de 122 granadas) e armas ligeiras, causando às NT 3 mortos (1 sargento), 4 feridos graves (1 milícia) e 8 ligeiros. A população sofreu 8 mortos, 50 feridos graves e 30 ligeiros.

As NT reagiram com fogo de morteiro 81 e de canhão s/r, manobra de envolvimento e perseguição , apoiada pela FAP [Força Aérea Portuguesa], causando ao IN baixas prováveis. Artilharia de Cabuca e Piche bate[u] com fogo de obus prováveis itinerários de retirada do IN".
____________

Notas do editor:

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16040: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (7): A capela do Xime (set 1972) e o nicho de Mansambo (dez 1973)... A devoção mariana e a "canibalização" dos nichos... (Sousa de Castro, 1.º cabo radiotelegrafista, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74)



Fotio nº 1 A  > Mansambo > 19 de dezdembro de 1973 > O Sousa de Castro junto ao nicho, originalmente construído pela CCAÇ 2404 (novembro de 1969/maio de 1970), e que a CART 2714 (1970/72), que veio a seguir, "adaptou"..."Senhora, protege a CART 2714"




Fotoº 1  >  O Sousa de Castro, em Mansambo, em 19 de dezembro de 1973 (data que vem na legenda da foto). 


Foto nº 2 > O Sousa de Castro na capela do Xime, em 17 de setembro de 1972... Pareceque a capela era já pouco usada pela rapaziada da CART 3494 que em março de 1973 foi substituída pela CCAÇ 12, cujos militares, quase todos do recrutamento local, eram fulas e muçulmanos... Havia tamb+em uma pequena mesquita no Xime. A capela cristã, no final, também servia de depósito de caixões com restos mortais de militares portugueses que aguardavam, o transporte fluvial para Bissau.


Fotos: © Sousa de Castro (2016). Todos os direitos reservados




Foto nº 3 >  Nicho construído em Mansambo pela CCAÇ 2404 (Binar e Mansambo, 1968/70). A CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 substituiu a CART 2339, "Os Viriatos" (Mansambo) entre novembro de 1969 e maio de 1970... Foi, por sua vez, rendida pela CART 2714 ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (1970/1972).   A CART 2714 foi rendida pela CART 3493 (que em março de 1963 foi para Cobumba, na região de Tombali), sendo substituída pela  CART 3494, do mesmo batalhão (BART trocou o Xime por Mansambo... O nicho mariano diz: "Senhora protege a CCAÇ 2404"...

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Mansambo > 1996 > Monumento erigido pela CART 2714  ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (1970/1972). Era o único que restava de pé quando o Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) voltou à Guiné, quinze anos depois.

Foto: © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, com data de 30 de zbril, que nos envou o Sousa de Castro [ex-1º cabo radiotelegrafista, CART 3494, Xime e Mansmabo, 1971/74; vive em Viana do Castelo; é o nosso grã-tabanqueiro nº 2]

Duas fotos para completar post em apreço (*)

Ter em conta a legenda do nicho em Mansambo [, comparando com a foto nº 3: a CART 2714 / BART 2917, Mansambo,. 1970/72, "canibalizou" o nicho original que era da CAÇ 2404, BCAÇ 2852, 1968/70]

Cumprimentos,

SdC

2. Comentário do editor:

Obrigado, António, pelo teu "olho clínico". Nunca tinha dado conta deste fenómeno a que se pode chamar, sem ofensa, e com toda a propriedade,  "canibalização": canibalizar, segundo o dicionário, também significa "reaproveitar peças de aparelhos, viaturas, armas, etc., em outros mecanismos semelhantes".

O "desenrascanço" do português, na tropa e na guerra, levava-nos muitos vezes a isso, nomeadamente no caso da manutenção e reparação das viaturas... Mas com monumentos e nichos religiosos ainda não me tinha dado conta... Minto: há pelo menos um caso, aqui já relatado, de aproveitamento de um memorial nosso por parte dos "camaradas do PAIGC" (**)... E putro, muito mais espantoso, de "canibalização" praticada pela naturação: neste caso, trata-se de uma "reapropriação: na natureza nada se perde tudo de transforma, até a carcassa de uma antiga vitura militar das NT, em Guileje (***).

A malta da CART 2714  quando foi para Mansambo aproveitou o nicho constrruído pelos rapazes da CCAÇ 2404 (que lá estiverm uns meses, até acabar a comissão)... E fizeram bem, em procurar a proteção da "santa das santas" Afinal, para a CCAÇ 2404 a guerra já tinha acabado.

De resto, a canibalização é uma prática corrente entre os "povos", a nossa civilização (, as nossas cidades; Lisboa, por exemplo)  é composta de "sucessivas camadas" dos povos conquistados e conquistadores: os lusitanos foram romanizados, cristianizados, islamizados, recristianizados... Das antas fizemos capelas como a Anta de Pavia, hoje monumento nacional!... Das mesquitas (como a de Mértola) fizemos igrejas... E há-se ser assim pelos séculos pelos séculos ("secula seculorum")... LG



Guiné- Bissau > Região de Bafatá > Gabu (antiga Nova Lamega) > Fevereiro de 2005 > O José Couto entre dois militares das Forças Armadas, no centro da parada do antigo quartel das NT, junto ao monumento de homenagem a Amílcar Cabral (que, por sua vez, é uma canibalização do memorial aos mortos do BCAÇ 2893, que esteve ali sediado entre 1969/71).

Foto: © José Couto / Tino Neves (2006). Foto gentilmente cedida por José Couto (ex-furriel miliciano de transmissões, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2005 >  Foto  de uma carcaça de um viatura militar das NT que a natureza "canibalizou" (***)... Foto enviada, como prenda do Nata de 2005 pelo nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014).

Foto: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2005). Todos os direitos reservados

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30 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16034: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (5): Capelas, igrejas e nichos religiosos no mato: fotos de António Santos, Arlindo Roda, Benjamim Durães, Carlos Silva, Jorge Pinto, Mota Tavares, Zé Neto (1929-2007)

(**) Vd. lposte de 7 de dezembro de 2006 >  Guiné 63/74 - P1349: Quartel Novo de Nova Lamego: paredes finas e chapa de zinco (Tino Neves)

(***) Vd. poste de 14 de dezembro de  2005 > Guiné 63/74 - P348: A Nossa Foto de Natal 2005

(...) "Olá, Luís: Há dias falava-te de apropriação da língua portuguesa (...). Depois de vir ontem de Guiledje, onde tirei esta fotografia, posso-te falar de apropriação pela natureza: uma carcaça de camião com mais de 30 anos, envolvida por uma árvore que entretanto por lá nasceu. Nem que se queira, não se pode tirar o esqueleto de lá.... Abraços, Pepito" (...)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14893: Inquérito online: "Na Guiné, durante a comissão, utilizei os CTT para telefonar para casa": 1. Sim, em Bissau; 2. Sim, fora de Bissau; 3. Sim, em Bissau e fora de Bissau; 4. Não, nunca utilizei; 5. Já não me lembro... Fecha 5ª feira, dia 24



Edifício dos CTT de Mansoa, foto de César Dias (c. 1969/71)
Mensagem que seguiu, hoje,  pelo correio interno da Tabanca Grande;

Amigos e camaradas, camarigos:


Alguns camaradas telefonavam, para casa (ou para os amigos, colegas de trabalho, etc.), a partir dos CTT (Bissau, Mansoa, Bambadinca, Bafatá, Gabu, Catió...).

Não havia estações em todo o lado. E as ligações não eram fáceis (*)... Por outro lado, poucos de nós tinham, na época, telefone em casa... 

Na Guiné, no nosso tempo, tinha-se de marcar dia e hora, com a menina dos CTT, para ligar para casa, a 4 mil km de distância... Nem sei qual era o tarifário... Felizmente que isso foi no século passado... Mas deve haver histórias à volta deste tema... Uma ou outra já foi contada no blogue  (*).

Guiné-Bissau, Gabu, 2005. Antigo edifício, colonial,
dos CTT, agora recuperado.  Imagem: Tino Neves (1969/71)
..
Entretanto, está a decorrer até ao dia 24 uma sondagem sobre a utilização dos CTT para as nossas chamadas para a metrópole...

Na maior parte dos "buracos" onde (sobre)vivemos não havia estes luxos da civilização... Como não havia outros, ainda mais elementares, como a água potável, a eletricidade, o frigorífico, o rádio... Muitos de nós nunca telefonaram para casa: confesso que foi o meu caso...

Aqui vai o mote para a sondagem desta semana...

SONDAGEM: "NA GUINÉ, DURANTE A COMISSÃO, UTILIZEI OS  CTT PARA TELEFONAR PARA CASA".

Responder a uma das cinco hipóteses:


1. Sim, em Bissau



2. Sim, fora de Bissau

3. Sim, em Bissau e fora de Bissau

4. Não, nunca utilizei

5. Já não me lembro



Por favor, não respondam por email, mas sim no sítio próprio, na coluna do lado esquerdo do blogue, ao alto...

Se tiverem fotos de editícios dos CTT (e histórias relacionadas com...), mandem...

Mandem também um bate-estradas nas férias deste verão de 2015... Ao menos para fazer prova de vida!

Abraços, xicorações, beijinhos. Luís Graça

________________


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14301: Pensamento do dia (20): "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus, checas". (Grafito, c. 1968/70)


Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves (que também passou pela Guiné), irmão do nosso camarada Tino Neves, junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus,  checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito, na Guiné (ou maçarico, em Angola). (**)

Foto: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.[Editada por L.G.]


1. Comentário do editor:

Pode ser uma boa frase ou um pretexto para uma reflexão à volta do tema da sondagem desta semana (*). Em que   medida a guerra muda os combatentes, física e psicologicamente ? E como é que os antigos combatentes, nomeadamente os que passaram pelo TO da Guiné,  se veem hoje, 40 ou 50 anos depois ?... Obviamente, o grafito (a frase inscrita na parede, algures num quartel em Mueda, no norte de Moçambique,. por volta de 1968/70) não tem que ser tomado à letra... Tem um sentido figurado. (**)

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(**) Último poste da série > 25 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14297: Pensamento do dia (19): A sociedade de Brunhoso (Francisco Baptista)

terça-feira, 22 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13429: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (20): Imagens de braços tatuados, do tempo da guerra colonial, precisam-se para trabalho jornalístico sobre a história da tatuagem em Portugal...



Guiné > Tatuagem de braço direito com os dizeres "Guiné 69-71". Foto de Luís Nascimento, natural de Lisboa, a viver em Viseu, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (*)

 Foto: © Luís Nascimento (2014). Todos os direitos reservados




Guiné > Tattagem de braço direito com os dizeres "Guiné 15-11-69". Foto de Constantiino Neves (ou Tino Neves , ex-1º  cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego (Gabu), 1969/71. Vive na Civa da Pieddae, Almada (*)
Foto: © Constantino Neves (2014). Todos os direitos reservados


1. Recentemente fomos contactados, pelo jornalista Bernardo Mendonça que está a fazer uma trabalho, para a Revista do Expresso, sobre a história da tatuagem em Portugal. A resposta que se segue foi dada pelo nosso editor LG a 3 do correnjte:

Caro Bernardo:

A foto em causa (e que anexo) foi-me enviada em 2007 pelo meu camarada Constantino (ou Tino) Neves, que mora na Cova da Piedade, e a quem dou conhecimento deste mail. Devo ter o "original" algures num disco externo, mas não creio que tenha melhor resolução do que a imagem que foi publicada no blogue... Sugiro que o contacte através do mail dele... Pode ser que consiga uma digitalização com melhor resolução.

Tenho mais uma foto, do Luís Nascimento (Viseu), com uma tatuagem no braço (Guiné 69/71). Terá que pedir-lhe autorizaçãio, através do endereço de email da neta, Jessica Nascimento.

Por fim, envio-lhe um pequeno texto de José Corceiro... que reforça a ideia que, no nosso tempo, na Guiné, havia camaradas (sobretudo praças) que usavam tatuagens no braço ou no peito: Guiné 69/71, Amor de mãe, Amor de esposa... Pode também tentar contactá-lo, por sugestão minha.

Estes três camaradas meus são membros (registados) do nosso blogue que, como sabe, tem um a política de respeito pela propriedade intelectual. Mas,  à partida, estes camaradas irão colaborar consigo. (*)

Pode procurar também no blogue por "tatuagem" e "tatuagens"... Em mais de 3 mil, não tenho essa palavra-.chave ou marcador... Não me têm aparecido mais histórias e fotos com tatuagens... Mas podemos fazer um apelo... Para quando é que quer ter o material pronto ?...

Desejo-lhe bom trabalho. Não se esqueça mencionar o autor da foto e o blogue Luís Graça & Camaradas d Guiné (que é, e pretende ser, também, "fonte de informação e conhecimento") (**). 


Um alfabravo (Abraço). Luís Graça

2. Mail que o Tino Neves mandou ao jornalista, na mesma data:

Sr. Bernardo Mendonça;

Serve este email, para lhe dar a minha autorização para utilizar a minha imagem do meu braço tatuado, mais informo que a imagem está na resolução original, a razão de se ver um pouco mal, é pelo facto de já ter mais de 40 anos e como disse no blogue, a tatuagem foi feita com poucas picadelas daí já estar um pouco sumida.

Só mais um reparo, ao tornar a ler o meu comentário no blogue, reparei numa gafe, à qual ainda não tinha reparado, que a data de 15-11-1969 não era a data da minha chegada à Guiné, mas sim doembarque no paquete Uíge em Lisboa.

Sem mais agradecer-lhe o trabalho que vai fazer, pois os jovens da nossa geração e em especial os antigos combatentes, merecem que sejamos sempre lembrados, não só os que já partiram mas também os que ainda cá estão, pois os nossos governantes julgam que já não existimos, ou sonham que assim seja!!!!

Bem haja, um alfabravo

Tino Neves

_____________________

Notas do editor:


(*) Vd, postes de:

4 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1922: Tatuagens (1): Sangue, suor e lágrimas (Tino Neves)

(..:) Para além de actualmente estar muito na moda fazer, ter e mostrar o seu corpo tatuado, nos anos 60 e 70, também, e principalmente os ex-Combatentes, se tinha por hábito/costume, fazer tatuagens. Julgo eu que a razão principal não era só por moda. A tatuagem, para os nossos camaradas que fizeram a guerra do Ultramar, era assim como uma espécie de selo, uma marca do seu estado de espírito na altura (... mas também um sinal da sua passagem por África e pela guerra, para que mais tarde todos vissem, na Metrópole, por onde eles passaram e o que passaram).

Achei, portanto, que seria um tema interessante para o nosso blogue, não só para que comentem as minhas afirmações anteriores, se estarão correctas ou não, ou se haverá outras razões [para explicar o fenómeno], que julgo que sim.

Desde 1970 até aos nossos dias, tenho visto tatuagens lindas e bem feitas, outras não tanto (estou a referir-me somente a tatuagens feitas durante 1963 /74, relacionadas ao que normalmente se fazia na altura em comissão de serviço no Ultramar).

Daí eu fazer o desafio/pedido para que enviem as imagens das vossas tatuagens, e comentá-las se possível, pois tenho a certeza que vamos ter uma grande colecção delas e com comentários interessantes. (..:)

7 de abril de  2010 > Guiné 63/74 - P6122: (Ex)citações (64): Guerras feitas, amores desfeitos (José Corceiro)

 6 de novembro de  2013 >  Guiné 63/74 - P12258: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte VI): Farim, em finais de 1970 e princípios de 1971

(**)  Ultimo poste da série >  
21 de julho de  2014 >  Guiné 63/74 - P13427: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (19): Onde adquirir um exemplar (ou uma cópia) do Caderno de Poesias Poilão, editado em 1974, em Bissau


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11517: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (39): Respostas (nº 75/76/77): Constantino (ou Tino) Neves (CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71); João Melo ( CCAV 8351, Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74); e Fernado Costa (CCS / BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74)

Resposta nº  73> Constantino (ou Tino) Neves [, ex- 1º Cabo
Escriturário da CCS do BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71)]
(1) Quando é que descobriste o blogue ? (*)
Setembro de 2006. Ainda o blogue não era conhecido por Tabanca Grande.

(2) Como ou através de quem ?
Apesar de não ter carta de marinhagem, naveguei, naveguei e descubri.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Desde o dia 3 de Outubro de 2006. [Vd. poste P1146]

(4) Com que regularidade visitas o blogue ?
Diariamente.

(5) Tens mandado material?
Ultimamente não. Falta de estórias.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ?
Fui lá uma vez, mas como não aprecio (não sou fã) do Facebook, nunca mais lá fui. Abri conta lá, por ter recebido muitos convites. Pus lá algumas fotos iniciais e mais nada.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
Já respondi atrás.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
As histórias individuais, e em especial as da minha zona (Gabú).

(9) O que gostas menos do Blogue ?
Ainda não encontrei nada para responder a isso.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ?
Na verdade, no arranque e na mudança de página, há uma certa demora, mas não é desesperante.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? Guiné, Guiné e Guiné, tudo o que se leia ou veja sobre a Guiné mexe comigo (suponho que também todos os Tabanqueiros tenham sido picados por esse bichinho). E a camaradagem entre todos.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
Nos 3 primeiros.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
SIM, SIM, SIM, SIM, sim, sim ...

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Não me ocorre nada neste momento.


Resposta nº  >  João Melo [, ex-1.º Cabo Op Cripto,  CCAV 8351, Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74] ]

Camarada Luís Graça.

Ainda me mantendo em "banho maria",  após o encontro anual  da minha família dos "Tigres de Cumbijã" onde, além dos elementos que por norma nunca falham, tivemos o prazer e o privilégio da presença dos nossos camaradas e amigos José Casimiro Carvalho e Magalhães Ribeiro que mais uma vez responderam à chamada...

Relativamente ao inquérito do blogue, vou responder de seguida, antecipando o meu pedido de desculpas a todos os que fazem um esforço desmedido para o manterem vivo, devido à minha pouca participação no mesmo que afinal é de todos nós.

1. O blogue descobri-o há cerca de 5 anos.

2. Através do meu ex comandante,   cap Vasco da Gama. [Ou foi o contrário ?]

3. Sou membro [da Tabanca Grande] desde essa data. 

4. Já visitei com mais frequência. Ultimamente, tenho-o visitado com menos regularidade.

5. Já enviei e prometo que enviarei mais...

6. Não conheço a página no facebook, mas vou já explorá-la.

7. Ao facebook vou diariamente

8. No blogue, gosto sinceramente de todos os postes  (concorde ou não com eles) mas, eles definem um modo de estar com cariz pessoal. 

9. Não tenho o direito de não gostar de alguma coisa. Todos os que o enriquecem com as suas vivências e experiências, dão o seu melhor.

10. Há já bastante tempo, achava o blogue algo lento. Ultimamente está bastante melhor.

11. [O que o blogue representa para mim...] Recordações, conhecimentos novos de vivências de camaradas e uma nostalgia que acho salutar.

12. Nunca participei nos encontros nacionais [da Tabanca Grande].

13. Estou a ponderar este ano. Falámos sobre isso[ no encontro da nossa companhia]

14. Claro que, a garra, a genica,o fôlego e a força anímica do blogue são inversamente proporcionais aos anos que por todos nós passam!.

15. Criticas, sugestões e comentários:  irei incluir numa das minhas próximas prestações.

Um Alfa Bravo dos fortes


 Resposta nº 75 > Fernando Costa [, ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, mar73 / set74)]


(1) Quando é que descobriste o blogue ? Talvez há 4 anos.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada): Pesquisa na Net,

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Sou membro desde essa altura.

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) Ultimamente tenho visitado pouco, mas já fui um leitor quase diário.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) 
Já enviei muito material para o Blogue.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ? Sim

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? Não

(8/9) O que gostas mais (e menos) do Blogue ? E do Facebook ? Saber da opinião de quem esteve na Guiné.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...). Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? Como sou saudosista, é uma ligação ao passada, e foi através dele que consegui encontrar alguns camaradas.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ? Nunca,.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? Nunca me posso comprometer porque como sou músico, estou sempre sujeito a ter serviços principalmente aos fins de semana.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? Acho que tem todas as condições para continuar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer: Só faço votos para que possamos estar em contacto durante muitos anos. Um abraço.
_________________

Nota do editor:

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11514: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (38): Respostas (nº 73/74): Mário Bravo (ex-alf mil médico, CCAÇ 6, Bedanda, dez 71/mar 72; e HM 241, Bissau, 1972); José Cancela (ex-sold apont metr, CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11128: Inquérito online: "As praxes aos piras, no meu tempo, só lhes fizeram bem"... (6): Noum total de 81 respondentes, mais de metade manifestou uma opinião favorável...




1. Resultados da sondagem que acaba de correr no nosso blogue, de 14 a 20 do corrente: O tema era as praxes (militares). Pedia-se a opinião do leitor em relação à frase "As praxes aos piras, no meu  tempo, não lhes fizeram mal"...

Responderam 81 leitores. Os resultados evidenciam um certa fratura relativamente à questão em apreço. De qualquer modo, as respostas negativas poderão estar enviesadas pelas denúncias,  nestes últimos anos, de abusos cometidos com as praxes quer académicas quer militares, abusos de que a comunicação social se tem feito eco... Mas também pelas experiências individuais, cá na Metrópole, no período de instrução militar (recruta e especialidade)..

(i) Apenas 1 em cada cada 4 dos respondentes à nossa sondagem discorda  do enunciado, revelando por isso uma opinião negativa em relação às praxes a que eram submetidos, no TO da Guiné, os "piras", abreviatura de "periquitos" (ou sejam, os recém-chegados):

(ii) Um em cada cinco não tem opinião sobre o assunto, não se tendo prounciado a favor ou a contra:

(iii) Pelo contrário, mais de metade (53%) dos respondentes manifestou uma opinião favorável  às praxes e aos efeitos benéficos sobre os "piras"...



Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves, irmão do nosso camarada Tino Neves,  junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito. (**)

Foto: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.[Editada por L.G.]

2. Damos agora mais tempo de antena aos que, tendo respondido à nossa sondagem, manifestaram, em comentários,  opinião crítica ou reservas em relação às praxes, nomeadamente no seio da instituição militar.

(i) Henrique Cerqueira [, comentário ao poste P11119]

(...) Em minha opinião qualquer tipo de praxe tem tendência a descambar em abuso.E basta que uma só pessoa saia magoada dessa situação, para que seja considerada por mim uma inusitada situação,  a praxe.
Ainda em minha opinião e na nossa sociedade a "iniciação" de qualquer criança para o seu percurso de vida deve ser sempre através do amor, carinho, boa moral , bons exemplos familiares, boa educação. Enfim, muito amor e carinho.Vi na Guiné na altura do Fanado crianças com graves infecções no pénis porque após a circuncisão tiveram que sarar o corte com o pénis metido em terra e completamente sós num retiro forçado. Só para provarem que já eram adultos???... Eu sei lá o quê. Daí,  quanto a iniciações,  nada prova que seja benéfico no caráter da pessoa.


Em outras situações acontece que grande parte dos praxados fica com "mazelas" ainda que momentâneas.
Assim sendo,  e mais uma vez,  eu sou contra qualquer tipo de praxe e até contra o que é chamado de "iniciação".

Esta é a minha opinião e não é por qualquer trauma por ter sido violentamente praxado em Tavira. Quanto a mim,  e em especial em todos os organismos do Estado,  sejam eles militares ou civis,  deveriam ser banidas as praxes e severamente castigados aqueles que  as praticam .Um jovem ou uma criança quando entra nessas instituições normalmente está tão desamparado  e assustad0,  já que é um "alvo" apetecível para os potenciais abusadores das praxes. (...)

(ii)  C.Martins [, comentário ao poste P11100]

(...) Tem piada que apenas vejo aqui contadas umas brincadeiras sem grande maldade e até com alguma graça. O que eu gostava era de ver contadas aquelas com violentações, humilhações e outras "ções"..sádicas e afins. Desafio qualquer praxista, daqueles puros e pseudo-duros a contar se tem "tomates"..

É que com "pseudo-praxistas" estilo AGA [, António Graça de Abreu,]  ou "nosso alfero J.Cabral".
posso eu bem.. É que V. Exas não passavam de uns brincalhões.

Quero realçar que na Guiné nunca fui praxado... É que lá para as bandas do sul não havia tempo nem disposição para isso. Até uma simples voltinha em redor do aquartelamento poderia ser a "morte do artista ou artistas". Como tudo na vida uns mais sortudos do que outros. (...).



(iii) Hélder Sousa [, comentário ao poste P11095]: 

(...) Parece que é preciso ter opinião sobre esta 'coisa' da praxe. Ora bem, tenho por aqui um problema, pois não atino com uma resposta certa.

Por um lado percebo que uma 'certa praxe', com graça, com ironia, com civilidade, que não se estribe na humilhação do(s) visado(s) acabe por ajudar a cimentar um 'certo espírito de corpo', seja no meio militar, estudantil, clubístico ou outro qualquer.

Por outro lado entendo que o acto de 'praxar', possibilitando o anonimato ou a cobertura de grupo, pode potenciar a revelação de atitudes ou comportamentos bem primários, cobardes e desumanos.

É portanto, entre estas 'balizas' que a 'coisa' se movimenta e confesso que não tenho opinião 'definitiva' sobre a 'bondade' da praxe. Compreendo quem a defende mas sinto-me afastado da sua aplicação. (...)


______________

(**) Luís Graça escreveu sobre este mural o seguinte (excerto):

(...) [ Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus checas"]

(...) É um pensamento que é válido
para todas as situações de guerra.
Os jovens, quase imberbes,
os meninos de sua mãe
(como escreveu o grande Pessoa),
que chegam à frente de batalha,
ainda são cordeiros,
inocentes,
virgens,
imaculados...
O horror e a violência da guerra
irão transformá-los em lobos,
em duros,
em violentos,
em conspurcados...
Não necessariamente predadores,
assassinos,
criminosos...
(que é o estereótipo
que o ser humano ainda guarda
do pobre do lobo mau!)...

Mas há, seguramente, uma perda de inocência:
nenhum de nós foi para a Guiné
e veio de lá impunemente,
igual...
Os nossos amigos e familiares deram conta disso:
já não éramos os mesmos,
nunca mais fomos os mesmos...

Acho que é isto
que o inspirado autor do mural de Mueda quis dizer.
É claro que há também aqui
a dose habitual de bravata e de fanfarronice:
é uma frase para intimidar
os 'checas', os 'piras', os 'maçaricos', os novatos...

Também os militares, profissão de risco,
têm a sua ideologia defensiva,
as suas crenças,
os seus talismãs,
os seus mesinhos
(usavam-nos os guerrilheiros
na Guiné,
em Angola,
em Moçambique,
não obstante a sua 'formação' racionalista,
marxista-leninista,
dita revolucionária)...
A bravata e a fanfarronice,
além das praxes e do álcool,
ajudavam-nos, a todos nós,
a lidar com o medo,
as situações-limite,
a morte,
o sofrimento, físico e moral,
a impotência,
o desespero… (...)


In: Luís Graça > Blogpoesia > Quarta-feira, Abril 15, 2009 > Blogantologia(s) II - (78): A guerra como forma (heróica) de suicídio... altruista