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sábado, 30 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7196: Blogoterapia (166): Um abraço fraterno neste ultrapassar dos 2,1 milhões de visitas (Torcato Mendonça)

1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), com data de 28 de Outubro de 2010:

PARA VOCÊS, CAROS AMIGOS EDITORES O MEU ABRAÇO FRATERNO DE PARABÉNS PELO BLOGUE "LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ" TER ULTRAPASSADO OS 2,1 MILHÕES DE VISITAS.

Gentes, jovens de juventude interrompida e não vivida, feitos homens duros à pressa
Foto de Torcato Mendonça


A letra maiúscula não é grito. É saudação amiga e agradecida, como muitos o devem estar, pelo Vosso Trabalho, pelo tempo gasto, dado, oferecido e, quantas vezes a aturarem casmurros (eu por exemplo) neste dar a conhecer combatentes, gentes que um dia de suas terras partiram e por outros mundos andaram, uns voltaram e outros não. Penso que ninguém voltou inteiro, ninguém voltou igual ao jovensito que partiu.

Gentes, jovens de juventude interrompida e não vivida. Gentes, jovens, feitos homens duros à pressa a verem, a viverem o que nunca deviam ter visto ou os fizeram ver. Gentes, jovens, feitos homens duros de aço em que as lágrimas, mesmo as de raiva secaram e, mesmo assim amaram e amam um Povo que com eles viveu o quotidiano ou, por força de opção de parte desse Povo os combateram por uma liberdade... liberdade que eles na sua Pátria também não conheciam.

Vidas.Vidas vividas e sofridas, vidas que muitos quiseram esquecidas e, sem disso se aperceberem, voltaram a trazer ao seu presente, voltaram a desatar nós de memória ou a empurrarem para o presente espuma dessa memória outrora vivida.

Isto era um abraço e virou ladainha. Vocês conhecem-me e vou teclando e pondo letras em bicha de pirilau conforme SINTO.

ABRAÇO e caminhem, porque não caminhemos, para os 3 Milhões. Contribuamos pela amizade dos Povos, pelo fim da xenofobia e racismo, pela Liberdade e Fraternidade e pelo estreitar das Desigualdades.

Nada mais, de tanto que havia a dizer... tanto!

Abraço do Torcato
__________

Notas de CV:

(*) Vd. último poste de 7 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7096: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (23): Os Filhos d'um Deus Menor

Vd. último poste da série de 30 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7195: Blogoterapia (165): A geração da guerra (Joaquim mexia Alves)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7000: O nosso blogue em números (7): Homenagem à terra onde aprendemos a ser solidários (Paulo Salgado)


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado* (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), com data de 15 de Setembro de 2010, que trazia em anexo três belíssimas fotografias da Guiné-Bissau:

Caríssimos,

Nesta data memorável**, postai três imagens de autor – uma singela homenagem à Terra onde, sobretudo, aprendemos a ser solidários.

Paulo Salgado





Fotos: © Paulo Salgado (2010). Todos os direitos reservados.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. último poste de 14 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6389: Bombolom II (Paulo Salgado) (1): Morreu o Gomes - O anti-herói

(**) Vd. poste de 15 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6988: O blogue em números (6): 2 milhões de visualizações (26% a partir do estrangeiro), c. 2800 visualizações por dia, c. 450 membros, c. 7000 postes, c. 35 comentários diários... Um pequeno ronco!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6313: O 6º aniversário do nosso blogue (31): Tiraram-me a G3, mas fiquei com uma caneta (Joaquim Mexia Alves)

1. Sem outro comentário, aqui este deixado pelo nosso camarada Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, no Poste 6312

A minha homenagem à Tabanca Grande na pessoa do Luís Graça

 Tiraram-me a G3
mas fiquei com uma caneta…

Mas não foi só a mim que a tiraram,
foi também àqueles lá estiveram.

Àqueles que comigo estavam
e àqueles que haviam de estar…

Mas não tem mal,
porque continuamos a disparar,
as balas da recordação,
as granadas da memória,
os fornilhos da indignação…

Mas não tem mal,
porque continuamos a cruzar
as picadas da camaradagem,
os rios da amizade,
os encontros da camarigagem….

Mas não tem mal,
porque nos continuamos a encontrar,
à sombra do imbondeiro,
que nos traz sombra do passado
e nos reconstrói no encontro
o nosso corpo inteiro…

Mas não tem mal,
porque continuamos
sós como sempre fomos,
abandonados daqueles
que nos deviam honrar…

Mas não tem mal
porque aprendemos,
a contar apenas connosco,
no ter, no haver e no ser,
porque aqueles que nos governam,
apenas nos querem esquecer…

Mas não tem mal,
porque somos,
muito mais que uma centena,
muito mais do que um milhar,
ou mesmo de um milhão,
somos tão só e simplesmente
uma grande multidão,
que não esquece,
nem se envergonha,
e grita aos sete ventos,
que afinal somos gente
que tem vida e coração…

Que não se arrependa ninguém,
de contar o que viveu,
de escrever tudo o que viu,
de revelar a realidade…
Para que não haja outros agora,
que, sem nada conhecer,
venham contar uma história,
que nunca aconteceu,
que em tempo algum existiu,
dando-lhe foros de verdade….

Tiraram-me a G3
mas fiquei com uma caneta…


Monte Real, 4 de Maio de 2010
Um abraço camarigo para todos
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 – P6291: Memória dos lugares (71): No Xitole: Francisco Silva, Lima Rodrigues, António Barroso e... (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 29 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6279: O 6º aniversário do nosso blogue (30): Parabéns Rapazote (José da Câmara)

Guiné 63/74 - P6312: O nosso blogue em números (4): 6300 postes, 1,7 milhões de páginas visitadas, 6 postes e 37 comentários por dia, 411 membros (500 no final do ano ?) (Luís Graça)


Figueira da Foz > Praia da Cova > 31 de Março de 2010 > "Já não me embalam as ondas / do mar, e as ondas do mar / eu guardei. / Pus na gaveta onde escondo / coisas que não ouso mostrar a ninguém" ... Letra de uma canção dos Deolinda, "Uma ilha", do último CD, "Dois selos e um carimbo" (2010)... Ah!, e obrigado ao camarada António Pimentel por me ter ensinado o caminho para o restaurante Carrossel, na Cova - Gala, Figueira da Foz...

Foto: © Luís Graça (2010). Direitos reservados.


1. Amigos e camaradas: acabámos de atingir a cifra dos 1,7 milhões de páginas visitadas, o que quer dizer mais 400 mil desde o início do ano e, portanto, um média de 75 mil por mês / 2500 por dia de Janeiro a Abril. (*).

É de referir que a evolução deste indicador tem sido favorável, com um crescimento sustentado ao longo do tempo: partimos das 22, 5 mil visitas... em finais de Maio de 2006 (fim da I Série, e abertura do actual blogue), para atingir as 400 mil em Outubro de 2007, as 800 mil em Outubro de 2008, o milhão em Fevereiro de 2009, o 1,4 milhões em Dezembro de 2009 e agora os 1,7 milhões.

Em 23 de Abril passado, perfizemos seis anos, o que já é uma bonita (e quase improvável) idade na blogosfera. A efeméride foi celebrada com discrição, como é nosso timbre. Mesmo assim, fomos tema de secção Sociedade da revista Visão, na sua edição dessa semana (22 de Abril de 2010).

No final da I Série, em Maio de 2006, o número de tertulianos (como então designávamos os membros da nossa Tabanca Grande, antes, Tertúlia) era cerca de 110 (**). Em final de 2009, éramos 390, hoje somos 411 (mais 21 em 4 meses) e o desafio, proposto por alguns de nós (Manuel Maia, mais concretamente), é chegar à difícil (mas não impossível) cifra dos 500 até ao fim do ano. É uma meta ambiciosa mas exequível, com maior militância... bloguística: basta passar de 5 para 10, por mês, o número de entradas na Tabanca Grande...

O ano transacto foi o mais produtivo em número de postes publicados: cerca de 1900, mais 600 do que em relação ao ano anterior (2008). Mas este ano, só nos primeiros quatro meses, já publicámos cerca de 720, o que dá em média 180 por mês / 6 por dia.

Quanto aos comentários, nem já os conto (em Abril ultrapassaram os 1100, ou seja, 37 por dia em média), constatando apenas o facto de se manter, e de maneira sustentada, o bom nível de participação dos nossos leitores (e a boa qualidade de muitas intervenções). Parabéns a eles, comentadores!

No próximo dia 26 de Junho vamos realizar o nosso V Encontro Nacional, em Monte Real, e a menos de dois meses já quase atingimos uma centena de inscrições... Mas queremos não só igualar como até ultrapassar o número de participantes do ano passado, em Ortigosa, que andou nos 120/130 (com os retardatários...). É um estímulo para a equipa que está a organizar o encontro: Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves, Miguel Pessoa, Jero e Belarmino Sardinha... Uma bela equipa!

Os meus votos de parabéns extensivos a todos: leitores, autores, comentadores, editores... Esperemos poder continuar por aqui, eu e todos vocês, mais os periquitos que hão-de chegar ao longo deste ano (até aos 500 ?!) , enquanto nos aprouver e nos sentirmos úteis, activos, confortáveis, produtivos, saudáveis, entre amigos e camaradas da Guiné... Até lá, precisamos de recrutar dois editores, um júnior e outro sénior (para substituir o Virgínio Briote, que vai entrar na idade de oiro...).

Voluntários, precisam-se para dar continuidade àquela que já é - dizem - a maior comunidade virtual de veteranos de guerra (ou melhor, de ex-combatentes de uma guerra, de um TO específico)... Seguramente, a da Guiné (1963/74). Provavelmente a maior, do género, na blogosfera, ou no mínino a maior da minha rua...

Um chicoração a todos/as.
Luís Graça

PSA - E, por favor favor, amigos e camaradas, parafraseando os Deolinda (uma revelação recente da nossa música popular portuguesa!), não se percam na problemática (da) colocação do mastro!

A problemática colocação de um mastro
para efeitos de enfeitar a avenida,
com balões dependurados,
papelinhos coloridos,
trouxe um insólito sarilho à autarquia.
É que esta edilidade
agiu em conformidade
com o gosto colosssal de dois ou três
e anunciou com muito orgulho,
muita pompa e barulho,
que o maior mastro do mundo é português (...)

Deolinda - Dois selos e um carimbo (2010) (Com a devida vénia...)
______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 4 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5589: O blogue em números (3): 390 tabanqueiros, 5590 postes, um milhão e 400 mil páginas visitadas, 50 mil por mês, 30 comentários por dia...

(**) O primeiro poste publicado foi em 23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

Lista dos dez primeiros postes do nosso blogue (1ª série):

23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

25 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)

28 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça

7 de Dezembro de 2004 > Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)

20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

22 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)

28 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

29 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (1) (Luís Graça)


(***) Por mera curiosidade (histórica...), vd. lista, por ordem alfabética, dos membros do nosso blogue, no final da I Série, em 1 de Junho de 2006. Alguns deles andam por aí sem dar notícia(s) à malta... Espero, ao menos, que todos estejam ao menos de boa saúde... que nós, por cá, estamos todos bem, graças a Deus.

A. Marques Lopes
A. Mendes
Abel Maria Rodrigues
Afonso M.F. Sousa
Aires Ferreira
Albano Costa
Amaro Samúdio
Américo Marques
Ana Ferreira
Antero F. C. Santos
António Baia
António Duarte
António J. Serradas Pereira
António (ou Tony) Levezinho
António Rosinha
António Santos
António Santos Almeida
Armindo Batata
Artur Ramos
Belmiro Vaqueiro
Carlos Fortunato
Carlos Marques dos Santos
Carlos Schwarz (Pepito)
Carlos Vinhal
Carvalhido da Ponte
David Guimarães
Eduardo Magalhães Ribeiro
Ernesto Ribeiro
Fernando Chapouto
Fernando Franco
Fernando Gomes de Carvalho
Hernani Acácio Figueiredo
Hugo Costa
Hugo Moura Ferreira
Humberto Reis
Idálio Reis
J. C. Mussá Biai
J. L. Mendes Gomes
J. L. Vacas de Carvalho
João Carvalho
João S. Parreira
João Santiago
João Tunes
João Varanda
Joaquim Fernandes
Joaquim Guimarães
Joaquim Mexia Alves
Jorge Cabral
Jorge Rijo
Jorge Rosmaninho
Jorge Santos
Jorge Tavares
José Barreto Pires
José Bastos
José Casimiro Caravalho
José Luís de Sousa
José Manuel Samouco
José Martins
José (ou Zé) Neto
José (ou Zé) Teixeira
Júlio Benavente
Leopoldo Amado
Luis Carvalhido
Luís Graça
Luís Moreira (V. Castelo)
Luís Moreira (Lisboa)
Manuel Carvalhido
Manuel Castro
Manuel Correia Bastos
Manuel Cruz
Manuel Domingues
Manuel G. Ferreira
Manuel Lema Santos
Manuel Mata
Manuel Melo
Manuel Oliveira Pereira
Manuel Rebocho
Manuela Gonçalves (Nela)
Mário Armas de Sousa
Mário Beja Santos
Mário Cruz
Mário de Oliveira (Padre)
Mário Dias (ou Mário Roseira Dias)
Mário Migueis
Martins Julião
Maurício Nunes Vieira
Nuno Rubim
Orlando Figueiredo
Paula Salgado
Paulo Lage Raposo
Paulo & Conceição Salgado
Paulo Santiago
Pedro Lauret
Raul Albino
Renato Monteiro
Rogério Freire
Rui Esteves
Rui Felício
Sadibo Dabo
Sérgio Pereira
Sousa de Castro
Tino (ou Constantino) Neves
Tomás Oliveira
Torcato Mendonça
Victor David
Victor Tavares
Virgínio Briote
Vitor Junqueira
Xico Allen
Zélia Neno.

sábado, 24 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6242: O 6º aniversário do nosso blogue (28): O meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber (Manuel Maia)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), enviada hoje mesmo ao nosso Blogue:

Camaradas
Sendo impossível deixar de cair em lugares comuns quando se pretende expressar o nosso regozijo e especialmente agradecimento, ao comandante e seus "cabos d`ordens", limitar-me-ei a dar o meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber .

Hoje é também dia de aniversário de um irmão meu e por isso mesmo tenho estado noutras guerras...

Se a capacidade criativa do Luís é por demais conhecida e merecedora dos maiores encómios, a quem saúdo daqui com um abraço forte de parabéns pela ideia e pela máquina tão bem oleada que gerou, os mosqueteiros de que se fez acompanhar, têm, eles também, uma enorme responsabilidade, nesta coisa fantástica de falarmos, tu cá tu lá, evidenciando um espírito de abertura extremamente saudável e sobretudo prenhe de amizade, pese embora o surgimento aqui ou ali de pequenos atritos motivados pela poeira que uma vez por outra se cola à engrenagem...

Esta vivência que já vai no sexto ano de existência, ( "malheureusement" só a descobri o ano passado...) será provavelmente, um "caso sério" a este nível, quer pela quantidade de "atabancados" quer ainda pelos posts e comentários em número verdadeiramente estrondoso...

Estou certo que cimentado que está, já só tem um caminho a seguir... crescer, crescer exponencialmente por forma a transformar as quatro centenas de "escribas" que somos em meio milhar já neste 2010, e ir por aí fora...

Amigo, avisa amigo, amigo traz outro amigo...

Parabéns, uma vez mais, ao Luís, e "sus muchachos", mas também a todos os que com as suas histórias vão enriquecendo e solidificando esta amizade que tem como base de sustentação, a vivência naquela terra que amamos mau grado os sacrificios lá passados...

Abraço a todos os tabanqueiros
Manuel Maia
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5798: Agenda cultural (57): Apresentação da História de Portugal Em Sextilhas, dia 26 de Fevereiro em Moreira da Maia (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6240: O 6º aniversário do nosso blogue (27): Parabéns

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6231: O 6º aniversário do nosso blogue (26): Parabéns Luís Graça por este Espaço de Memória Futura (Luís Faria)

1. Texto de Luís Faria* (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) chagado até nós, alusivo ao nosso aniversário:

6.º Aniversário do Blogue
23-ABR-2010


Talvez saudoso(?) de uma mocidade que tantos e tantos Camaradas de Armas “formatou” como homens para toda uma vida de Esperança, mas desiludido e apreensivo por continuar a constatar que ao longo de todos estes anos, para muitos se foi dissipando essa Esperança.

A meu ver ficaram e continuam perdidos e abandonados à insensibilidade de uma Sociedade em que fomos esquecidos, maltratados, vilipendiados pela Política, pelos Governos e pela maioria dos nossos Políticos!

Continuamos e continuaremos a sê-lo, enquanto a vida se nos vai esgotando, a menos que consigamos uma chamada de consciência colectiva!

A própria Instituição Militar pouco fez/faz por nós (Milicianos, em especial), por aqueles que a serviram abnegadamente, com tamanha escassez de meios e condições tantas vezes infra-humanas, em Teatros tão exigentes e fatídicos como os do ex-Ultramar Português, esquecendo-os, abandonando-os, não procurando assegurar ou que assegurem, a tantos e tantos, um mínimo de dignidade Humana mais que merecida e devida, deixando-os à deriva com todas as mazelas físicas e psíquicas, que os têm levado à degradação espiritual e física - com consequências tantas vezes funestas - “medalhas” ganhas no cumprimento do dever, em defesa do que à altura, não esqueçamos, também era a nossa Pátria Una e Indivisível, PORTUGAL.

Tudo isto… com a complacência doentia e egoísta da maioria dos Cidadãos (onde os ex - Combatentes se incluem) que, salvo honrosas excepções, individualmente ou em Associação, cumprem com o seu dever de Cidadãos, tentando minorar ao menos um pouco todo esse sofrimento que continua e continuará a grassar pelo nosso País, cada vez mais alienado de uma realidade Histórica passada, que parecem continuar a CONSIDERAR VERGONHOSA, devendo como tal ser esquecida… apagada até, votando ao esquecimento os seus intervenientes “anónimos”, quer os já infelizmente falecidos quer os ainda vivos, esperando talvez que estes últimos acabem por desaparecer e que a cal branca “coma” definitivamente a ”NÓDOA INCÓMODA“!?

Pela parte que me toca, TENHO ORGULHO, MUITO ORGULHO em pertencer a esse Grande Grupo de Portuguesas e Portugueses que ajudaram a escrever uma Página da nossa História, como outros o fizeram outrora.

Incluo Mães, Pais, Esposas, Filhos - que sofreram e choraram (ainda hoje o fazem!), que viveram de outro modo mas à mesma intensamente, esse pedaço da nossa História.

A meu ver, por norma somos na grande maioria demasiado individualistas, acomodatícios, egoístas até, olhando para o lado e assobiando se pressentimos que algo que devamos assumir nos vai tirar do nosso “não é nada comigo… que se cosa!!”

E nós, Ex-Combatentes ainda vivos da guerra do Ultramar, temos o País que não merecemos mas que “aceitamos”, já que também pouco ou nada fizemos ou fazemos para alterar esta e outras realidades.

É neste contexto e talvez a esta luz, que há meia dúzia de anos atrás surge a “CHAMA” de uma vela acesa pelo Luís Graça que, com a complementaridade do Vinhal, Briote e M. Ribeiro, foi evoluindo até se transformar no que é já hoje, um FAROL sinalizador de um espaço de excepção, de Ex-Combatentes que na sua diversidade humana e sociocultural o alimentam com os seus escritos.

Espaço de convivência na pluralidade de opiniões, de transversalidade de vivências havidas, de reabilitação de afectos e emoções, de expurgo de “fantasmas e demónios“.

Espaço de afectos, de amizades, de encontros e reencontros.
Espaço de conhecimento, de saber, de ideias e por vezes de controvérsia.
Espaço (quer-se), de verdade, de autenticidade, de humildade, de tolerância.
Espaço de vida, de “terapia”, de esperança ainda.
Espaço de consulta.

Espaço de “Memória Futura”

Espaço que começa a “prender” a atenção desta nossa Sociedade “amorfa e instalada”, abanando-a podendo vir a ser o início da tal chamada de consciência colectiva, quem sabe ?!

Espaço NOSSO, dos Ex-COMBATENTES!

Parabéns “Luís Graça & Camaradas da Guiné”

Parabéns Mulheres e Homens que mantêm este espaço vivo.

Luís Faria
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6156: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (28): Teixeira Pinto - O Bolo

Vd. último poste de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6230: O 6º aniversário do nosso blogue (25): Sonho inverosímil (Mário G. R. Pinto)

Guiné 63/74 - P6229: O 6º aniversário do nosso blogue (24): No aniversário do Blogue, homenagem à Guiné (Conceição Salgado)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), de hoje:

Luís, Carlos,
Parece que toda a família Salgado despertou – é este bichinho da Guiné, que ficou, que marcou…

A Conceição quis dar o seu contributo a partir de Luanda…

Mantenhas pa tudus.
Paulo Salgado


A nossa tertuliana Conceição Salgado em Uaque


No Aniversário do Blog

Homenagem à Guiné



Guiné,
Como adolescente trouxeste-me:
Sofrimento
Temor
Ansiedade
Também me ensinaste
Reflexão sobre o sentido:
Da vida
Da guerra
Da paz
Da amizade

Aprendizagem e ressentimento
Nunca te queria conhecer!

Anos 90
Já adulta
Finalmente conheci-te
Fiquei cativa
Pelo teu bafo quente
Teu cheiro a bolanha
Tuas ilhas
Teu mar
Tuas florestas
Teus rios
Tuas picadas

Tuas cidades esventradas
Teu povo sofrido
Fizeram-me compreender
Melhor o Mundo

Ao conhecer-te
Descobri-me
Outra pessoa

Por tudo que me deste
Estarás sempre em mim
Obrigada.


Conceição Salgado
23 de Abril de 2010
__________

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6228: O 6º aniversário do nosso blogue (23): Obrigada a todos, em meu nome e da Cidália, por nos terem permitido entrar nas vossas vidas (Cátia Félix)

Guiné 63/74 - P6227: O 6º aniversário do nosso blogue (21): Pequena homenagem ao nosso Blogue (Jaime Machado)

1. Mensagem do nosso camarada, Jaime Machado*, ex-Alf Mil Cav, Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70, de hoje:

Caro Luis, Caro Carlos
Chegado, como sabem, há muito poucos dias da "nossa" Guiné não tive ainda tempo de escrever nada para homenagear o Blogue que me "obrigou" a voltar à Guiné.

Fi-lo, naturalmente com todo o gosto e emoção!

À guiza de pequena homenagem envio para vós com pedido excepcional de publicação urgente duas fotos que anexo.

Ambas da mesma mulher: uma tirada em Bambadinca em 1968 outra tirada em Bissau em 19 de Abril de 2010.

Repito nas duas fotos está a mesma mulher: com 18 e com 58 anos!

Bem hajam por terem criado este Blogue.

O meu mais sincero agradecimento.
Jaime



__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6032: Os nossos seres, saberes e lazeres (18): Conversa com o meu neto (Jaime Machado)

Vd. último poste da série de23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6226: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns de um emigrado (José Belo)

Guiné 63/74 - P6225: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns editores, participantes e denunciantes do medo, do horror... (Felismina Costa)

1. Mensagem de Felismina Costa*, a partir de hoje mais uma amiga e tertuliana do nosso Blogue, com um poema que nos dedica e que vai sensibilizar todos os nossos camaradas, tenho a certeza.


6º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE

Parabéns Srs Editores!
Parabéns a todos os participantes
A todos os denunciantes
Do medo, do horror, do degredo...
Em terra linda, que vos encantou.
Parabéns, porque sois capazes de denunciar!
De gritar a vossa revolta.
A vossa digna revolta.
Parabéns, porque sois vós, a vóz com razão
Que não teme a repressão,
Que não bajula, que não pactua,
Que não se acobarda.
Parabéns, porque... sobrevivesteis!
Porque fizesteis questão de contar, de relatar,
De registar os horrores, que presensiasteis,
quando ainda meninos, vos mandaram matar...
Terrível realidade, que em vossos peitos se instalou
e que em muitos, deixou marcas físicas, psíquicas,
continuamente revividas...
Mas ditas!
Mas... que eles não apagam.
Haja ao menos o blogue, o vosso amado blogue, onde despejam alegrias e tristezas.
Onde contam, como ninguém, as vossas certezas e incertezas.
Comungo convosco desta festa, desta festa, onde celebram, a vossa...
Sobrevivência!


Parabéns
Felismina Costa
__________

Notas de CV:

(*) Felismina Costa, recorreu ao nosso Blogue em Fevereiro passado, para tentar encontrar o seu afilhado de guerra dos tempos de 1963/64, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário do BENG 447.

No tempo em que ainda era menina, mas sensibilizada para a nobre missão de apoiar moralmente, quem longe do seio meio familiar, não tinha junto de si: mãe, irmã, esposa, namorada ou amiga que lhe dedicasse um pouco de afecto, adoptou como afilhado um camarada, que como nós, combatia na Guiné.

Dele nunca mais teve notícias, até que se lembrou de o procurar, vd. poste de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5894: Em busca de... (119): Afilhado de guerra, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64 (Felismina Costa).

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6224: O 6º aniversário do nosso blogue (19): Um povo e uma terra que estão no meu coração (Paula Salgado, Londres)

Guiné 63/74 - P6223: O 6º aniversário do nosso blogue (18): Ensinamento de vida (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 20 de Abril de 2010:

Meus caros camarigos editores
Tenho pensado na forma de festejar o aniversário da Tabanca Grande que se aproxima.
Quis escrever alguma coisa que marcasse o dia.
E fui andando "por qui, por li", como se diz na minha terra e... nada!

Numa procura que estava a fazer de textos antigos para um trabalho em mãos, deparei-me com algo que escrevi e publiquei no meu blogue, depois do nosso Convívio de 2007.
Ao lê-lo percebi que seria a melhor homenagem que poderia fazer ao nosso espaço de tertúlia e amizade.

Anexo o texto.

Porque o mesmo contêm a expressão viva daquilo que eu vivo como homem de fé, compreenderei se acharem que não o devem publicar como "presente" de aniversário, por eventual critica de "proselitismo".

Tal não me passa pela cabeça, mas, volto a dizer, compreenderei perfeitamente a vossa decisão.
Ficará a intenção e a minha sempre constante amizade e camaradagem, para melhor dizer, camarigagem.

Um abraço deste camarigo
Joaquim


ENSINAMENTO DE VIDA

Tive um fim-de-semana muito ocupado, mas sobretudo vivido muito intensamente.

No Sábado estive num almoço convívio com ex-combatentes da Guiné, (onde estive de 1971 a 1973), e hoje, Domingo, participei na Sé de Leiria, na celebração da Eucaristia de Ordenação de um Presbítero, o Marco, e um Diácono, o Marcelo, que pertence desde a primeira hora à nossa Comunidade Luz e Vida.

Perguntarão o que tem uma coisa a ver com a outra, e também eu perguntei isso mesmo ao meu Deus e Senhor, que sempre nos dá algum ensinamento sobre o que vai acontecendo no dia-a-dia das nossas vidas.

No almoço convívio, (de muitos ex-combatentes que se reúnem num blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné), estavam por isso mesmo, muitos camaradas de armas, (como nos costumamos chamar), de diversas idades, proveniências e unidades militares, dos quais muitos não se conheciam ainda pessoalmente.

No entanto, o sentir, a identificação de algo comum, a unidade de uma experiência colectiva, a comunhão de todos estes sentimentos e vivências, fazia com que nos sentíssemos todos iguais, todos irmanados, todos acolhedores, todos no fundo como um só, embora tão diferentes nas nossas vidas, desde a idade, à política e com certeza à religião.

Na Eucaristia da Ordenação do Marco e do Marcelo, estávamos também pessoas de diversas idades, diversas experiências de vida, locais diferentes, diferentes “sentires”, diferentes modos de viver a Fé, mas no entanto, todos unidos, acolhedores, sorrindo uns para os outros, querendo dar as mãos, e na diversidade, comungando a e na unidade com o Senhor Nosso Deus.

E então o que é que em eventos tão diferentes, se pode encontrar como ensinamento para a vida?

E a resposta é a própria vida, a vida que se dá, que se entrega, a vida que se recebe, a vida que se predispõe para os outros e dos outros para nós.

Com efeito, na guerra, colocamos a nossa vida nas mãos dos outros, dos que estão ao nosso lado, que nos acompanham e que às vezes apenas conhecemos ali, enquanto os outros nos entregam as suas vidas, confiando em que as vamos proteger com as nossas próprias vidas.

Só com essa entrega mútua de confiança, é possível sobreviver na guerra.

Essa vivência faz-nos identificar com todos os que estiveram na guerra, no nosso tempo, no nosso sitio, ou tempos e sítios totalmente diferentes.

Quando nos encontramos, conhecendo-nos ou não, apesar de todas as diferenças que possam existir entre cada um, abraçamo-nos, acolhemo-nos e comungamos de um mesmo sentimento: a vida que continuamos a ter.

Na vivência da Fé, na e em Igreja, a vida só tem sentido se for uma oferta permanente a Deus, e por Deus aos outros.

Só posso viver e crescer em comunhão com os outros e para os outros, senão arrisco-me a perecer na primeira dificuldade, a cair na primeira tentação.

A minha salvação só tem sentido na salvação dos outros e os outros contam com a minha entrega em oração por eles, como eu conto com a sua entrega em oração por mim.

Pode mesmo chegar-se um dia ao extremo de termos, por amor, de dar a vida pelos outros, entregando-nos confiantemente nas mãos do Criador, como ainda hoje tantos fazem, em nome de Deus, pelos seus irmãos.

E não interessa onde estamos, onde nos encontramos, no nosso país ou outro qualquer, porque nos identificamos e reconhecemos nessa entrega de amor a Deus e aos outros.

Na guerra os outros confiam que eu os protegerei e contam com as minhas capacidades, como eu conto com as deles, para chegarmos sãos e vivos ao nosso ponto de partida.

Na Igreja, os outros contam com as minhas orações, com o meu testemunho de vida, como eu conto com o deles, para crescermos juntos na Fé e alcançarmos a Salvação, que nos foi dada por Jesus Cristo Nosso Senhor.

A entrega da nossa vida, pelos outros e dos outros por nós, leva-nos a este encontro de comunhão de sermos um só com o mesmo objectivo.

A diferença está em que, na guerra a finalidade é preservarmos a nossa vida, muitas vezes aniquilando a vida do outro.

Na vivência da Fé, em Igreja, a finalidade é a salvação do outro com a entrega da nossa vida, alcançando também a nossa salvação.

Monte Real, 30 de Abril de 2007
JMA
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6112: Parabéns a você (99): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil OP Esp (Os editores)

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P622: O 6º aniversário do nosso blogue (17): Quem disse que hoje não havia rancho melhorado ? (Torcato Mendonça)

Guiné 63/74 - P6220: O 6º aniversário do nosso blogue (16): Um Blogue? Sei lá o que é isso! (Paulo Santiago)

1. Mensagem de Paulo Santiago* (ex-Alf Mil do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), com data de 22 de Abril de 2010:

Camaradas

Entrei, pacificamente, nesta Tabanca em 26 de Junho de 2006, e por cá me tenho aguentado com muita satisfação e bem estar.

Muitos tabanqueiros chegaram a esta morança, porque houve um ou uns tabanqueiros que disseram: é pá, anda aí na net um Régulo, o Luís Graça Baldé, também há quem o conheça por Mamadú Henriques, construiu um Reordenamento, onde se exorcisam antigos fantasmas e se faz blogoterapia... A mim ninguém me deu esta dica.

Em Fevereiro de 2005, fui à Guiné acompanhado pelo meu filho João, sozinhos, malucos, chamaram-nos, e antes da partida, tive de ir à GNR, era na altura arguido com termo de identidade e residência, chamavam-me arruaceiro, tinha batido numa senhora, era a acusação, e assim tive de comunicar a minha ausência para aquela terra vermelha da qual tinha imensas saudades.

A viagem foi um arraial de emoções, está descrita por aí, mas aconteceu que vim mais apanhado, aquele meu encontro, no Quirafo, com a carcassa da GMC, deixou-me arrasado. Tenho de contar esta tragédia, tenho de dar porrada em quem provocou esta mortandade. Como fazê-lo? interrogava-me.

Entretanto, a minha mulher ofereceu-me este portátil, onde continuo a clicar com um só dedo, e um dia um amigo diz-me: oh caralho, tens de fazer um blogue para descarregares essas merdas que tens na cabeça. Um blogue? sei lá o que é isso, respondi-lhe. Mas, esse meu amigo deixou-me umas instruções, e penso que andava à procura de um nome para o tal imaginário blogue, e quando escrevo Guiné, aparece-me a página que bem conheceis. CCAÇ 12, Bambadinca, e aparece-me a foto do Vacas de Carvalho, de lenço amarelo, sentado na torre da Daimller, e recuei a Outubro-Novembro de 1971, era o único que conhecia... e assim entrei para o Luís Graça e Camaradas da Guiné.

Descarreguei tudo. Hoje sinto que sou outro graças ao Luís, não serei o único, estou a lembrar-me do Batista que será uma pessoa diferente daquela que conheci, juntamente com o Álvaro Basto, há três anos atrás. Lembro, recentemente, a guineense Neusa Danho, filha do 1.º Sargento Miliciano Cristóvão Santos, que graças ao blogue conseguiu encontrar camaradas do pai, falecido quando ela era recém nascida. Hoje, curiosamente, recebi um telefonema da Cidália Cunha, viúva do 1.º Cabo António Ferreira, e notei que era outra pessoa, agora já fez o luto, e também aqui graças ao Graça.

Luís, tu criaste esta imensa Tabanca de afectos, mereces o meu/nosso reconhecimento.

Neste aniversário recebe um grande abraço de amizade, extensivo ao Briote, ao Vinhal e ao Magalhães Ribeiro. Agora, graças a vós, os nossos filhos já sabem onde os pais andaram na juventude.
Bem-Hajam!
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6150: O Spínola que eu conheci (8): O Militar que foi meu Comandante-Chefe (Paulo Santiago)

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6219: O 6º aniversário do nosso blogue (15): Seis anos de vida! É Obra! Vamos reflectir (Hélder Sousa)

Guiné 63/74 - P6219: O 6º aniversário do nosso blogue (15): Seis anos de vida! É Obra! Vamos reflectir (Hélder Sousa)

Texto enviado hoje mesmo pelo nosso camarada Hélder Valério Sousa* (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72) alusivo ao aniversário do nosso Blogue:


O NOSSO BLOGUE

Caros camaradas, amigos e outros…

O nosso Blogue vai fazer 6 anos de vida! É obra!


Nesta época de vertigem, em que as coisas são moda e rapidamente descartáveis, criar, manter, alimentar e desenvolver um Blogue, principalmente com as características deste nosso, é de facto um caso notável.

Mas, afinal, de que estamos a falar? O que é, realmente, o nosso Blogue?

Aquando do aniversário do ‘criador’, o Luís Graça, tive a oportunidade de, para o felicitar, apresentar algumas frases sobre o Blogue, salientando principalmente como ideia-chave que a ‘criação ultrapassou o criador’, ou seja, o Blogue já não seria do Luís Graça (pelo menos em exclusivo e na prática) mas sim de nós todos, que na realidade o adoptámos, o acarinhámos e o desenvolvemos constantemente, de tal modo que podemos escrever sem errar “O Nosso Blogue”, quando a ele nos referimos.

Outras coisas também lhe chamei: lugar de afectos, espaço de memórias, local de controvérsias, catalizador de sentimentos, revelação de poetas e prosadores, propiciador de ‘blogueterapia’, motivador de encontros e reencontros, forja de amizades que se criam e se renovam, etc.

Entretanto, também ocorrem convulsões!

Um ‘post’ recente, do Alberto Branquinho, vem lançar um grito de alerta, provocar um abanão, colocando uma série de interrogações para a aparente abstinência de colaboração de alguns camaradas que já não ‘produzem’ artigos faz bastante tempo. E a propósito desse ‘post’ o Carlos Vinhal avança com algumas considerações, confessando, na prática, que a situação é conhecida e causa preocupação, apelando à participação de todos, conforme as suas possibilidades. Sucedem-se vários comentários de camaradas que fazem sentir a oportunidade e a justeza das interrogações do Branquinho, salientando aqui, sem desprimor para qualquer outro, a intervenção do António Matos, na linha de algumas outras (passadas) intervenções que ele já teve, com a caracterização, na sua opinião, de algumas ‘doenças infantis’ que afectam o nosso Blogue e no sentido de ‘recentrar’ os seus objectivos.

Pois então que se faça essa reflexão, se ‘recentrem’ os objectivos. Como se fará isso? E como? De que modo? E onde? E quando?


O QUE DISTINGUE O NOSSO BLOGUE

Voltando ao “nosso Blogue”, o que mais se poderá dizer? O que o torna distinto e portanto ‘apetecível’? O que o faz ter e manter um conjunto de ‘acompanhantes’ bem mais numeroso do que aqueles que se encorajaram a incorporá-lo?

Há uma questão que às vezes me colocam. “Porquê isso da Guiné? Foi pior para vocês do que para os outros? Há aí alguma competição no sentido de que ‘a minha guerra foi pior que a tua’, foram mais sofredores, ou ganhadores, ou sacrificados que os outros?”.

Não, não há nenhuma competição, não faz sentido algum. Os traços são comuns aos diversos T.O., pois em todos houve os que ‘embarcaram’ convencidos que estavam a ‘defender a civilização ocidental e cristã contra os interesses inconfessáveis dos estrangeiros’ e houve os outros, que foram por sentido do dever, por não terem alternativa, por acharem que sim, por outro motivo qualquer, mas para todos houve na prática o afastamento da família, dos amigos, do meio de vida, da escola, do trabalho, vidas interrompidas (e algumas delas acabadas…), enviados para ambientes estranhos onde houve que fazer adaptações (e rápidas), quer em termos pessoais quer em termos operacionais.

Para o rememorar desses tempos acontecem os encontros, os almoços, as confraternizações: dos diversos grupos funcionais, dos elementos dos cursos, do pessoal das Companhias, dos Batalhões, de outras Unidades e/ou actividades; aparecem vários Blogues, alguns mais simples, outros com qualidade acrescida, dessas Unidades.

E então o que é que diferencia e torna interessante o “Luís Graça & Camaradas da Guiné”?

Um dos méritos é que pretende abranger todo o tempo em que durou o, chamemos-lhe assim, ‘conflito’; transversalmente a todo o espaço territorial; aposta numa atitude de reconciliação com o passado (preservando a memória); estende a mão aos antigos adversários apelando à sua participação; promove uma postura de respeito mas ao mesmo tempo de ‘igualdade’ entre os seus membros. Deste modo será quase possível, com a continuação dos depoimentos e das participações, fazer a história dos diversos locais ao longo desses tempos e também, ao cruzar as informações, fazer o ‘filme’ em cada ano e apreciar os desenvolvimentos ocorridos.

Isto não faz qualquer concorrência com as histórias e convívios das diversas Unidades, mas antes as completa e pode fazer o traço de união para que cada uma delas compreenda o ‘antes’ e também, conforme os casos e a época, o ‘depois’ (onde e quando houve depois) dos locais por onde andaram.

Para além destes aspectos acresce que a relativa pequenez do T.O. (comparado com Angola e Moçambique) faz com que todos os que de nós por lá passaram, de uma maneira geral, ‘conheçam’ o território da Guiné. Em qualquer ponto onde se estivesse chegavam as notícias (muitas vezes deturpadas ou exageradas, é certo) de acontecimentos, perto ou longe, mas que nos irmanavam nos sucessos ou nos lamentos dos sacrifícios e vidas perdidas, que ocorriam em locais cujos nomes eram muitas vezes pronunciados com respeito, temor, reverência. Isso unia-nos e ainda hoje nos une.

Mesmo em Bissau, tantas vezes referenciada como ‘a guerra do ar condicionado’, não eram raras as vezes em que se ouviam distintamente os rebentamentos do outro lado do Geba, provocando reacções de solidariedade e de desejo de que aqueles que estavam a ‘embrulhar’ tivessem sorte. Já relatei que tenho um amigo e colega de curso que estando colocado em Luanda levou uma ‘porrada’ por aquelas coisas menores que aconteciam na tropa e em locais onde era mais exigente o aprumo e, em consequência disso, foi destacado para o Luso. Pois daí enviou-me um aerograma lamentando a sua pouca sorte, pela ‘porrada’ e por ter sido enviado para ‘zona de guerra’, já que “por vezes, ouvia os canhões a apenas 25 km”. Para todos os que estiveram na Guiné é então fácil entender a solidariedade tácita imediata que se estabelece entre nós.

São, portanto, estes dois aspectos essenciais, a ‘transversalidade no tempo e no espaço’, e o da ‘identificação comum de todos com tudo’, aliados ao facto de quase todos termos dito “Guiné, nunca mais!” mas isso ser quase impossível pois “voltamos lá” muitas vezes, seja pela ‘procura da juventude perdida’, seja pela marca indelével que aquela terra, aquela gentes e aquelas paisagens nos deixaram, são esses aspectos, dizia, que nos ligam fortemente ao Blogue a ponto de, mesmo quando é varrido por questões ou assuntos que não nos agradam, mantermos a nossa atenção e o interesse.

Acontece que o nosso Blogue é acompanhado, seguido, ‘vigiado’, por muita gente que, por uma razão ou outra, não se atreve a ‘bater à porta’ da Tabanca, mas isso não é preocupação pois esse período de namoro é absolutamente natural. Algumas coisas originam reservas para que se entusiasmem e passem a colaborar activamente mas, se houver engenho e arte para ‘resolver’ essas questões, é certo que mais vontades se acrescentarão para tornar o ‘puzzle da memória’ mais completo.

Pessoalmente, assim de repente, lembro-me de duas mãos-cheias de gente que conhece e segue o nosso Blogue mas não o integram (ainda?): da Marinha, de Moçambique, da Guiné… acham que não têm relevância ou que as suas histórias não são interessantes, ou então que lhes falta ‘o jeito’, a qualidade… seremos pacientes e aguardaremos que tomem coragem!


E INIMIGOS? TERÁ O NOSSO BLOGUE INIMIGOS?

Certamente que sim!

Não é o Blogue uma espécie de ‘organismo vivo’, em boa medida já bem representativo da sociedade em que se insere? Então, o que é que se espera? Não é a sociedade constituída por antagonismos? Pois também certamente que sim, e isso reflecte-se necessariamente na atitude para com o Blogue.

E como se manifesta essa inimizade?

Bem, há pelo menos dois grandes grupos que podem ser caracterizados, cada qual com as suas ‘nuances’… e existem fora e dentro do Blogue.

Na maior parte dos casos não se trata bem de inimizade, mas sim de mágoa, de interpretações erradas ou também consequência de queixas justas, se bem que pontuais.

Fora, podemos encontrar aqueles que dizem que o Blogue ‘é só para os amigos dos editores’, coisa pouco sustentável porque são tão diversos os camaradas que têm textos e artigos publicados que não se vê maneira de sustentar tal afirmação;

Também há quem reclame da excessiva ‘intelectualização’ (aparente), que levaria ao afastamento ou não-aparição de camaradas com menos capacidade literária, mas isso não é uma verdadeira razão pois temos tido possibilidade de apreciar contributos de camaradas com essas alegadas menores capacidades e a quem os editores ajudam, compondo os textos. As queixas aqui são mais do género 'é só para os antigos oficiais, que agora são todos escritores’, o que é injusto e também pouco sustentável, face à quantidade e variedade das intervenções publicadas.

Mas há aqueles para quem o Blogue, como manifestação de grupo, de solidariedade, de partilha, com capacidade de mobilização de vontades e fonte de esclarecimento, aparece como uma ameaça, pois tudo o que ‘cheirar’ a defesa do colectivo é ‘perigoso’. E isso é verdade tanto para os que se sentem ameaçados quando se veicula a reivindicação pelo respeito e memória dos que tombaram ao serviço da Pátria (fosse lá pelos motivos que fosse) como para aqueles que querem ‘cavalgar’ descontentamentos legítimos e ‘reescrever’ a História à luz das suas próprias concepções.

Dentro, também se podem encontrar sinais que, certamente de modo involuntário, fomentam inimizades. Dum modo geral configuram infracções às regras do Blogue, pelo que, se escrupulosamente respeitadas, evitariam a maior parte das situações menos boas que por vezes surgem e que fazem ‘azedar’ o ambiente. Já alguém alvitrou ao Luís para ‘deixar sair as G3 de vez em quando’ como forma de ‘aliviar tensões’ mas isso, em si mesmo, pode descambar e criar fracções totalmente indesejáveis. É um jogo perigoso.


QUE FAZER?

Para já, impõe-se reflectir como sugerido ou motivado pelo artigo do A. Branquinho.

A forma de o fazer poderá ser constituída por artigos ou textos de opinião ou sugestões enviadas para o Blogue e que cheguem ao conhecimento colectivo, onde se apontem caminhos e acções a tomar e a desenvolver.

Pode também passar pela apreciação e discussão em ‘grupos de trabalho’ que tracem ou sugiram os novos (se for o caso) caminhos a seguir, ou o reforço organizativo existente.

Pensem (pensemos) nisso!

Entretanto, e para terminar, resta dar os parabéns ao “Nosso Blogue”, que é como quem diz, dar os parabéns ao seu criador, aos editores que o materializam e a nós todos que o alimentamos, acarinhamos e defendemos.

Que tenha longa vida e que nos vejamos representados nele!


Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
Fur Mil TRMS TSF
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6099: A Guiné aos olhos das actuais gerações (2): Marta Ceitil, sente que está a aprender e a crescer na Guiné-Bissau (Hélder Sousa)

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6218: O 6º aniversário do nosso blogue (14): Homenagem ao Blogue e aos Mendes que nos acompanharam (Paulo Salgado)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6006: O 6º aniversário do nosso Blogue (9): O Blogue, o futuro, os nossos encontros, os dias em que não me sinto fora de prazo... (Juvenal Amado)

1. O nosso camarada Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), brinda-nos com mais um dos seus admiráveis textos, desta feita alusivo ao aniversário do nosso Blogue.

Palavras simples de um homem sensível aos problemas do dia-a-dia da maioria dos portugueses cujos vencimentos, quando os têm, estão muito longe dos multimilionários ordenados e prémios dos gestores de empresas públicas que vivem à custa de todos nós, mesmo daqueles que quase já não têm ordenado.


O BLOGUE E O FUTURO

Nestes dias cinzentos e chuvosos pensamos no que fomos, no que somos e no que poderíamos ter sido.
A vida de cada um é um acto único, em que só alguns têm aquele quê especial, que os faz vir à boca de cena várias vezes.

Diz-se que os actores agradecem os aplausos do público. Por que razão se desvirtua esse momento, dizendo que os actores vieram diversas vezes agradecer ao público e não o contrário e legitimo? O público é que deve agradecer.

Assim somos nós todos, depois de tudo darmos, temos de agradecer que o nos é devido. Depois de uma vida inteira de trabalho produtivo em prol da sociedade, eis que nos encontramos de repente sós. Olhamos para as mãos, o que vamos fazer com elas?

Fomos pintores, torneiros, mecânicos, pedreiros… Durante uma vida  e agora não somos nada.
- O senhor tem que se apresentar 15 em 15 dias sob pena de lhe ser cortado o subsídio!!!

Por de trás da secretária a funcionária, com idade para ser nossa neta, revira os olhos e adverte:
- Isto não é para esquecer, pode vir antes mas nunca depois.

Somos culpados de não termos trabalho, é esse o nosso crime. Parece prisão domiciliária, onde nos apresentamos no posto da guarda, para saberem que não fugimos. Fugir,  para onde? De nós próprios, pois os outros já não nos vêm.
- Não pode ultrapassar o prazo. Se ultrapassar o prazo perde o subsídio!!!

 E depois, sim,  e depois vamos comer o quê?

À dor de já estar fora de prazo, junta-se o estigma de peça obsoleta, que tira a senha e espera que o mostrador pisque o seu número, para assim ser atendido por um técnico de desemprego que nunca esteve desempregado.

Lentamente engrossamos um cortejo onde se perde o respeito dos outros e,  posteriormente, vamos perdendo o respeito por nós próprios.

Ainda enchemos o peito de ar, perfilamo-nos em memória das nossas vivências. Mas,  camaradas,  quando estamos juntos, ainda somos gente.
O Passos soube de mim pelo blogue e o ex-Cabo Enfermeiro Catroga,  que vive na Suíça, também viu a sua foto lá, juntamente com o Médico, o Correia, o Furriel Graça e o Russo.

Fazemos desses momentos autênticas transfusões de vida. Voltamos a ser jovens. No fim, custa voltar à realidade. É como estivessemos num local onde tudo é equilibrado e perfeito.

Porque ansiamos por esses momentos? Porque já estamos ansiosos pelo aniversário do nosso Blogue?

O camarada José Belo disse-me que na Suécia se faria a terapia de grupo numa enorme sala branca, com cadeiras brancas, dispostas em U, nós todos de branco, falaríamos de nós e o terapeuta tiraria notas num caderno branco. Também ali estávamos a fazer terapia, mas de forma em que não necessitávamos de descer ao fundo de nosso ser, expondo as nossas entranhas retorcidas, vomitando o pó, sede, suor e sangue derramado, no chão daquela sala branca.

Descomplexados, sentados a uma mesa onde saboreámos o passado e a amizade, que esteve sempre ali, só que não a tínhamos encontrado.

Será assim que iremos festejar o aniversário do nosso blogue, pois ele devolve-nos o nosso orgulho e autoestima, com o maravilhoso trabalho de todos, mas em especial do Luís e dos nossos queridos editores. Nesses dias não me sinto fora de prazo.

Um abraço e até a Ortigosa
Juvenal Amado


Obs - Seguem-se algumas fotos,  de Juvenal Amado,  do Encontro da Tabanca do Centro, ocorrido no dia 26 de Fevereiro de 2010, em Monte Real. As legendas são da responsabilidade do Editor (que não esteve presente).

No sentido dos ponteiros do relógio: Luís Graça, Mexia Alves, Hélder Sousa, José Belo (vindo expressamente da Suécia) e Teresa (Marques Santos)

Nesta foto pontua o Cor Ref Coutinho e Lima e a esposa, Isabel, retardatários. De pé, ao fundo, da esquerda para a direita, José Eduardo Oliveira (JERO), Alice Carneiro e o ex-Cap Mil Vasco da Gama com uma camisola da nique...

Teresa, Luís e metade do 'strelado' Miguel Pessoa. Ao fundo brilha a estrela do  JERO...


Nesta foto, o Luís e o Miguel (desta vez completo e a seu lado, como sempre, a Giselda) conversam com o Jorge Narciso (ex-Melec da BA12, portanto  também da FAP).

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5955: Estórias do Juvenal Amado (25): O Sertã e os companheiros da tenda de campanha

Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5893: O 6º aniversário do nosso Blogue (8): Como é que se consegue pôr centenas de ex-combatentes a falar? (Manuel Marinho)

domingo, 14 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5993: Blogues que nos citam (3): Divagando - O Povo Português Vai Morrendo, de José Grave

1. Por sugestão do nosso camarada José Martins, e com a devida autorização de José Grave, Editor do Blogue Divagando, transcrevemos o seu poste de 29 de Janeiro de 2010 com o sugestivo título "O povo português vai morrendo".




O POVO PORTUGUÊS VAI MORRENDO

E já há muito tempo. De um blog muito interessante, dos ex-combatentes na Guiné, que os mais novos deveriam consultar para aprenderem, aqui, tirei a seguinte transcrição:

Não trouxeram o corpo do Viegas para Mansoa, meteram-no na urna e seguiu de barco para Bissau. Tenho sido eu a tratar das coisas dele, fui-lhe mexer na mala e fazer o espólio de todos os seus pertences para enviar à família. Possuía tão pouco, algumas quinquilharias e uma roupita tão pobre! O povo português vai morrendo, o nosso David foi apenas mais um.

Os ex-combatentes não foram bem ouvidos pelo país. E o país está hoje a pagar por isso. Claro que os políticos, jovens e ambiciosos, sem escrúpulos e sem convicções, não gostam dos ex-combatentes nem do que eles dizem. Nem querem saber do que eles sentem. Não percebem que os ex-combatentes sentem Portugal. Os soldados sempre lutaram para dar tempo e espaço à política, a fim de resolver os problemas.

Infelizmente os políticos, ou por incompetência ou por má-fé, ou ainda por estupidez, não resolvem. Sobretudo sempre tem faltado aos políticos, em Portugal e não só, a visão estratégica e geoestratégica para as boas decisões pacíficas e de desenvolvimento. Que tem de ser global. Até lá, até se atingir esse patamar, continuará a haver guerras, má distribuição da riqueza e muito sofrimento para muitas populações. Melhores políticos necessitam-se para este planeta. E novos modelos. Este modelo de democracia que se quer impor e dinamizar por todo o lado já provou que, facilmente, fica nas mãos de corruptos e vigaristas. Que depois manipulam as regras da democracia a seu belo prazer e impunidade. É um bug deste modelo de democracia, que permite a falha da segurança das regras e, como consequência, a minagem a partir do seu âmago.

Do excelente blog dedicado a António Quadros com link aí ao lado, remato com esta citação, de lá extraída, do post de 26/1/2010 :

Só o futuro tem realidade atêntica (sic), porque lhe fazemos face constantemente.


Comentário de CV:

Caros camaradas, imaginem aonde nos leva o link "aqui" do início do texto. Exactamente ao nosso Blogue e ao poste 3826* de António Graça de Abreu. Até a citação é retirada do seu livro "Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura" inserta no mesmo poste.
O camarada José Grave desenvolve a partir dali a sua ideia quanto ao tratamento dado aos ex-combatentes da guerra colonial, seguindo-se uns considerandos de ordem política.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3826: FAP (3): A entrada em acção dos Strella, vista do CAOP1, Mansoa, Março-Maio de 1973 (António Graça de Abreu)

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1789: Blogues que nos citam (2): Amante da Rosa ou a Geração das Flores da Revolução de Bissau

terça-feira, 9 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5957: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (21): Não é que o Albino Silva é mesmo o moço da Gandra? (Mário Migueis)

O nosso camarada Mário Migueis* (ex-Fur Mil de Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72) deixou este comentário no poste 5918**:

Caro Albino Silva:
Uma vez mais perante um texto teu, uma vez mais comentei para mim mesmo, ao observar com atenção a tua fotografia do tempo da Guiné:

- Tem piada, parece um moço de Gandra, dos meus tempos de rapaz.

Só que, desta feita, deu-me para confirmar se não se trataria mesmo da pessoa em causa e fui vasculhar as tuas origens cá no blogue.
Só parei no poste da tua apresentação, onde estava bem patente aquilo que, sem grande convicção, admiti como possível, que era seres natural e/ou morador em Esposende.
Penso que nasceste e moraste (talvez ainda mores) na freguesia de Gandra, muito próximo, pois, da minha casa, já que moro logo à entrada sul da Avenida Marginal, em Esposende, de onde sou natural.
Pois, meu caro, foi com alguma surpresa e muita satisfação que confirmei a tua condição de meu conterrâneo, tanto mais que não pode deixar de sentir uma pontinha de orgulho quem tem por vizinho um homem de tanta sensibilidade e que tão bom uso sabe fazer de uma caneta ou equivalente.

Vou ter que reservar algumas horas para ler tudo o que até agora já escreveste para o blogue, uma vez que, pelos vistos, já és velhinho por cá (2007, salvo erro).
Falar-te mais de mim, no sentido de tentar que me reconheças, não caberá, por razões óbvias, nos limites deste pequeno espaço de comentários aos textos publicados.

Deixarei isso para um dia em que ambos tenhamos alguma disponibilidade para nos sentarmos num canto qualquer da nossa bonita terra e conversarmos à vontade sobre tudo e mais alguma coisa, incluindo impressões sobre este blogue, que também ele é factor de união. Até lá, um grande abraço do

Mário Migueis
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5929: Estórias avulsas (76): Como reencontrei um camarada ao fim de 15 anos (Mário Migueis)

(**) Vd. poste de 2 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5918: Blogpoesia (66): Querida Pátria (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 5 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5596: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (20): Antonio Reis, ex-1º Cabo Enf, Bissau, HM 241, 1966-1968, e escritor (Rui Alexandrino Ferreira / Luís Graça)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5873: Contraponto (Alberto Branquinho) (6): (Especial) Os seis anos do Blogue

Mensagem de Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data 21 de Fevereiro de 2010:

Caro Vinhal
Aqui vai o meu contributo para a festa dos 6 anos do blogue, incluido no Contraponto.

Um abraço do
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO (6)

OS SEIS ANOS


Ouvi (ou li?) que está a fazer seis anos um rapaz-adulto que dá pelo nome de Blogue do Graça. Proporciona encontros (por vezes pequenos desencontros…), reencontros, amizade, companheirismo, camaradagem entre rapazes na casa dos sessenta, que passaram pela Guiné quando tinham vintes. Além de outros e outras com vinculo a pessoas e às coisas dessa terra.
É filho do Luís Graça (conhecem?), mas da mãe não há notícia. (Será a E.N.S.P.?).

O rapaz (já crescido, bem crescido) vem sendo acompanhado por dois, três, quatro padrinhos, mais ou menos da idade do pai. Alimentam-no. E dessa acção do pai e dos padrinhos resultam variadíssimas intervenções no corpo do próprio Blogue do Graça, onde todo e qualquer outro, a quem eles já tenham “passado cartão”, pode dar conta das suas façanhas de guerra, das suas experiências menos ou nada guerreiras, dos seus sofrimentos, medos e angústias de guerreiro, das suas tiradas intelectuais, do seu diletantismo, do seu literatismo, do seu ecumenismo, da sua benemerência, do seu humanismo, das suas sensibilidades, ironias, frontalidade, das suas experiências mais ou menos relacionadas com a sua vida na Guiné (ou partir do momento em que foram, de novo, paridos para a vida quando abandonaram Bissau, em barco ou avião).

Aos mortos, aos ressuscitados (há um, pelo menos), aos afectados física e psiquicamente pela guerra, dá o rapaz Blogue espaço, lembrança e vida. E, também, àqueles que estiveram “do outro lado” da guerra e aos que a conheceram enquanto crianças ou aos que, porque ainda não nascidos nesses tempos, eram, então, água, carbono, sais minerais, cálcio, proteínas… vagueando por essa e outras terras do planeta nosso.

Mas o que mais enternece e nos toca na ponta do bico do fundo do coração é que, apesar de toda essa diversidade, cada um pode falar de si e dos outros e encontra nesses outros a ressurreição dos tempos e da juventude (que na Guiné deixou em grande parte) e os encontros/reencontros se sucedem, se repetem e é como se fossem sempre a primeira vez. E os que aparecem pela primeira vez sentem-se, comportam-se e relacionam-se com os outros presentes como se tivessem estado sempre presentes desde o princípio dos séculos.
Alguém pode explicar isto? (É que não é matéria de Sociologia do Trabalho. Ou será da Saúde?)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5767: Contraponto (Alberto Branquinho) (5): Nojo, ou um alferes descomposto

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5860: O 6º aniversário do nosso Blogue (7): Sempre em frente (José Eduardo Reis de Oliveira – JERO -, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675)


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66) e enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 21 de Fevereiro de 2010:

Camaradas,

Com alguma solenidade aqui estou eu a enviar um texto, com o título "Sempre em frente", com que pretendo homenagear os Editor do blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné", co-Editores, e demais Camaradas que têm colaborado com as suas mensagens, para o crescimento do blogue que tanto mudou a minha vida, desde que nele "entrei".

Com o simbolismo do texto, que também tem muita leitura nas entrelinhas, pretendo homenagear todos aqueles que, ao longo de seis anos, têm conseguido manter cada vez mais viva a memória e respeito que são devidos aos ex-combatentes.

Bem hajam por isso.
Guardámos até hoje – quarenta e tal anos passados -o nº.2 do jornal “Sempre em Frente” de 5 de Agosto de 1965,“Órgão das Sete Ninfas do Cacheu”, propriedade do «490 & Companhias».
“SEMPRE EM FRENTE”

(ORGÃO DAS SETE NINFAS DO CACHEU)

Numa fase em que tanto se fala das pressões a que a Imprensa e os jornalistas dos nossos dias estão sujeitos pelos órgãos do Poder recordamos um jornal d’outros tempos, de que foi proprietário o “490 & Companhias” (1).
Recuando no tempo...

Tinha como Director «O Constante», Editor «O Constâncio» e Redactor «O Constantino»!!!

Em artigo da Direcção, titulado “Razão de Ser”, reportava-se ao número anterior – o número 1 – e reafirmava-se – jogando com as palavras - que... «Sempre em Frente» não é um papel impresso, mas uma ideia que se expressa... que vive dentro de nós, e se comunica aos outros, não para propagandear e sugestionar, mas para estabelecer amplo convívio, pela comunicação de sentimentos que mereçam ser convividos».

Antes disso esclarecia o Editor que… «SEMPRE EM FRENTE nasceu com um ideal e os ideais são sempre superiores à opinião. Esta costuma precisamente impor-se, governar e escravizar os que não têm nenhum ideal».

À distância no tempo interrogamo-nos porque não temos o nº. 1 do “SEMPRE EM FRENTE”…

Talvez dificuldades de “distribuição” não o tenham feito chegar a Binta (e à CCaç.675), que se situava a 20 Kms. de Farim, onde era “impresso” o “Órgão das Sete Ninfas do Cacheu”, propriedade do «490 & Companhias».Recordamos – só para situar quem hoje nos leia – que a C.Caç.675 foi uma Companhia Independente que, de Junho de 1964 a Abril de 1965 , esteve subordinada ao B.Cav. 490, comandado pelo mítico Ten. Coronel Fernando Cavaleiro.

Neste número 2, a que nos temos vindo a referir, haviam dois artigos –“Tabanca Nova”, da responsabilidade de “Ardina Camuflado” e “O Cais que Não Caiu”, de “Turista do Cacheu” – que confirmam a mensagem do Editorial“... a obra de reconstrução... e os que conseguiram sair do ódio e do rancor que a guerra carrega, para que à guerra suceda à paz, como à tempestade se segue a bonança... que restitui a ordem... e os valores que dão sentido à vida.»

Ora estes artigos tinham a ver com a “minha” Companhia 675 , comandada pelo “meu” Capitão Tomé Pinto.

Julgamos que terá sido por isso que guardámos esta “relíquia” jornalística (que conta hoje quarenta e tal anos) e que nesta data, como reconhecimento e “prenda” do 6º.aniversário do nosso blogue ofereço aos seus Editores para os arquivos do nosso “Luís Graça e Camaradas da Guiné”´.
E chega o momento de desvendar quem era o Director «Constante», o Editor «Constâncio» e o Redactor «Constantino».

Foi o lendário Capelão Padre Monteiro da Gama que, atrevemo-nos a dizer, foi um dos grandes homens do seu tempo na Guiné.

Neste momento tão especial do nosso blogue aqui fica também a nossa humilde homenagem à sua memória.

Num tempo em que tanto se fala dos problemas da Imprensa e dos jornalistas e da promiscuidade e jogos interesses que “moram” junto do Poder sabe-nos bem recordar pessoas como o Padre Gama!
Nota (1): Reprodução parcial da capa da revista “Sempre em Frente”, nº. 2, edição do (Batalhão) 490 & Companhias. Revista do arquivo pessoal do autor, 05.08.1965.

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

21 de Fevereiro de 2010 >
Guiné 63/74 - P5856: O 6º aniversário do nosso Blogue (6): Seis (6) anos em prol da História de Portugal e da Guiné-Bissau (Mário Fitas)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5819: O 6º aniversário do nosso Blogue (3): No início de Maio de 2006, tínhamos 100 tertulianos, 735 postes publicados e 3 mil páginas visitadas por mês (Luís Graça)


Ao fim de 735 postes (usávamos então uma numeração romana...), no início de Maio de 2006, o nosso blogue , I Série, tinha cerca de 100 membros, registados, e uma média de 3 mil páginas visitadas por mês... (No final de Maio de 2006, atingiríamos um total de 26500).

Hoje estamos nos 400 amigos e camaradas da Guiné, já publicámos mais de 5800 postes e estamos prestes a atinjir o milhão e meio de páginas visitadas...

São são uns pequenos elementos para a petite histoire do nosso blogue, cujo primeiro poste remonta a 23 de Abril de 2004 (*)... Daqui de Braga, com um chicoração para todos/as... LG

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Reprodução do poste de 23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXII: Entrevista a Fernando Pereira, correspondente do Expresso, sobre o Projecto Guileje

(i) Mensagem de Fernando Pereira, correspondente do semanário 'Expresso' na Guiné-Bissau:


Caro senhor: Sou Fernando Pereira, jornalista guineense, correspondente do semanário Expresso na Guiné. Estou a preparar um artigo sobre o projecto Guiledje, da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento. Nesse âmbito, queria saber o seguinte: (i) Que tipo de apoio o senhor e os participantes do blogue-fora-nada pensam atribuir ao projecto ? (ii) O que os atrai nesta iniciativa ? (iii) Já agora, quantas pessoas participam no fórum do vosso blogue ? (iv) Acha que a reconstituição do quartel de Guiledje e o lançamento de um turismo ecológico poderiam atrair visitas portuguesas a essas paragens ?

Se for possivel, agradecia uma resposta, o mais urgente possivel, a estas questões.
Cordialmente
FPereira

(ii) Respondi-lhe na volta do correio. O jornalista foi simpático, agradecendo-me de imediato "a atenção, assim como as interessantes evocações e opiniões".

P - Tipo de apoio que o senhor e os participantes do Blogue-fora-nada pensam atribuir ao projecto ?

Em cerca de 735 posts (ou textos) publicados no blogue, no espaço de um ano, uns 10% foram dedicados ou fazem referência a Guileje (ou Guiledje, segundo a grafia da Guiné-Bissau).


Guileje, o aquartelamento de Guileje, o corredor da morte de Guileje, a Mata do Cantanhez, mas também Madina do Boé, Gandembel e Gandamael, entre outros locais no sul, têm ainda hoje, passados mais de trinta anos sobre o fim da guerra colonial, uma enorme carga mítica, simbólica e afectiva para os ex-combatentes portugueses na Guiné...


A retirada de Madina do Boé saldou-se por um trágico acidente que vitimou quase meia centena de camaradas nossos; mas Guileje é considerado o único aquartelamento da Guiné que fomos compelidos a abandonar por razões militares e psicológicas: a pressão da guerrilha do PAIGC era de tal ordem que a situação se tornou insustentável...


Tanto para as tropas portugueses como para o PAIGC é um momento, se não de viragem (militar), pelo menos carregado de simbolismo...


Eu estive destacado, na zona leste, em Bambadinca, numa companhia africana, a CCAÇ 12, de Junho de 1969 a Fevereiro de 1971. Não conheci Guileje nem Gandambel. Mas no meu tempo contavam-se muitas estórias (falsas ou verdadeiras) sobre a degradação da situação militar no sul, e em especial em Guileje, Gadamael, Gandembel. Por exemplo, era extremamente popular a letra do Hino de Gandembel. Cantarolávamos, para espantar os nossos medos, exorcizar os nossos fantasmas e denunciar o absurdo daquela guerra a que estava condenada toda a juventude de um país, as quadras do Hino de Gandembel:


Gandembel das morteiradas,
Dos abrigos de madeira
Onde nós, pobres soldados,
Imitamos a toupeira.

(...) Temos por v'zinhos Balana ,
Do outro lado o Guileje,
E ao som das canhoadas
Só a Gê-Três te protege
(...)


Numa primeira fase, apoiamos o projecto Guileje, da AD - Acção para o Desenvolvimento, dando-o a conhecer, divulgando-o na Internet, recolhendo documentação sobre a presença militar portuguesa em Guileje (incluindo testemunhos de militares que por lá passaram)...

P - O que os atrai nesta iniciativa ?

Citando o líder da AD e autor da ideia, Pepito, o projecto Guiledje representa o triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da história...


É importantíssimo que a Guiné-Bissau recolha e preserve os testemunhos dos guerrilheiros do PAIG que lutaram pela independência, e que pertencem a uma geração que está a desaparecer... É importante igualmente ouvir o depoimento dos ex-combatentes e das autoridades militares portuguesas...

P - Quantas pessoas participam no forum do vosso blogue ?

Temos já uma lista de cem membros com endereços por e-mail...Por outro lado, o nosso blogue tem uma média de 3 mil visitas por mês... Há um crescente número de pessoas que o visitam, dentro e fora do país...

P - Acha que a reconstituição do quartel de Guiledje e o lançamento de um turismo ecológico poderiam atrair visitas portuguesas a essas paragens ?

Há uma crescente interesse pela Guiné-Bissau, por parte de uma geração como a minha que fez a guerra colonial e que hoje tem disponibilidade, vontade e poder de compra para ir à Guiné, juntar o útil ao agradável: fazer a sua romagem de saudade, exorcizar os seus fantasmas, visitar os lugares e as gentes que estão na sua memória, reconciliar-se com o passado, evocar os seus mortos, fazer o luto, conhecer o país de hoje, contribuir também para o seu desenvolvimento através de projectos integrados e inovadores como me parece ser este, liderado pelo Pepito e a AD...

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes desta série:

14 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5815: O 6.º aniversário do nosso Blogue (2): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Joaquim Mexia Alves)

13 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5807: O 6.º aniversário do nosso Blogue (1): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Jorge Félix / Carlos Vinhal)