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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16885: Manuscrito(s) (Luís Graça) (106): Que 2017 seja, para os jovens idosos da Tabanca Grande, um ano de prática do envelhecimento ativo, saudável e produtivo, a exemplo dos meus amigos caminheiros do Parque da Quinta das Conchas, Lumiar, Lisboa


Lisboa 18 de dezembro de 2016 >  Lisboa > Jardim Olavo Bilac,  Largo das Necessidades >  A Lisboa ribeirinha ao lusco-fusco. Lisboa  (e o resto do pais ..) é cada vez mais uma cidade de... jovens idosos (e de adultos idosos e de idosos-idosos) que aprendem a viver e a envelhecer de maneira ativa e saudável.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]




As janeiras dos caminheiros da Quinta das Conchas


por Luis Graça






Anda o poeta desinspirado
Nesta quadra de natal,
Mais que triste, desassossegado,
Quando no mundo triunfa o mal.


Mas hoje de conta façamos
Que a quadra vai ter magia,
E a todos vós desejamos
Bom almoço e alegria.

Natal é consumição,
Mas não p’ra estes caminheiros,
Tratam bem do coração,
Na saúde são os primeiros.

Fazem guerra ao colesterol,
Os das Conchas, gente amiga,
Gostam de apanhar sol
E fazem guerra à barriga.

Também gostam de blá-blá,
Os donzéis e as donzelas,
São inimigos do sofá,
Tanto eles como elas.

Aqui respiram bem fundo,
Desligam o complicómetro,
Depois de viajar p'lo mundo,
E fazer muito quilómetro.

Ninguém chateia ninguém,
Nem ninguém se atropela,
Sabe-se o gosto o que a vida tem
E anda-se com mais cautela.

Neste almoço de Natal,
A amizade estreita laços,
Que esta gente quer, afinal,
É beijinhos e… abraços!

Boas festas, queridos amigos,
Mais um ano está passado,
Com fintas a alguns perigos, 
Mas por certo bem gozado.


Lisboa, Quinta das Conchas,

20 de dezembro de 2016 (*)

Comentário de LG:

Já aqui falei deste de grupo de gente senior (**), que inclui alguns amigos e camaradas da Guiné, membros da nossa Tabanca Grande (Alice Carneiro, João Martins, Joaquim Pinto de Carvalho e esposa Maria do Céu, bem como outros antigos combatentes) e que se juntam todas as terças feiras de manhã para conviver e fazer duas horas de caminhada no Parque da Quinta das Conchas, no Lumiar, em Lisboa (vd. aqui o sitio da Camara Municipal de Lisboa).

De tempos a tempo fazem uma visita lúdico-gastronómico-cultural, geralmente de dois dias, fora de Lisboa... E almoçam juntos, em certas datas marcantes. Antes da partida para as férias de verão, fazem uma celebração gastronómico-tertuliana no restaurante O Arranhó, ali perto da Quinta das Conchas. Fazem também um almoço de Natal.

São todos ou quase todos (e são mais as donzelas do que os donzéis) gente reformada,  das mais diversas profissões, magistrados, advogados, professores, engenheiros, médicos, enfermeiros, jornalistas, topógrafos, técnicos de serviço social, etc. Gostam de viahar pelo mundo fora, e alguns já conhecem, os quatros cantos do planeta,,,

É a tertúlia da Quinta das Conchas, como eu lhes chamo, mas à qual eu ainda não pertenço,  formalmente... Acolhe-me com simpatia e amizade, sempre que por lá apareço... Uma vez por outra, sento-me à mesa com eles e elas, os/as caminheiros/as da Quinta das Conchas, para dar dois dedos de conversa, almoçar, tomar um café, ... Digamos, três ou quatro vezes por ano... Costumo levar para a "sobremesa" uns versinhos, de fabrico próprio,,, Estes foram os últimos que fiz (e que a Alice "declamou"), há dias, no almoço de Natal, a que eu não pude ir.

Regressam no início do novo ano de 2017... E oxalá / inshallá / enxalé o seu exemplo frutifique, nomeadamente entre os nossos grã/tabanqueiros.., que são mais "sedentários".

Porqu~e destacar este grupo de am,igos/as ? Os caminheiros da Quinta das Conchas promovem o envelhecimento ativo, e saudável, através da atividade física e do convívio, importantes para a gente se manter á tona da vida, com saúde e qualidade de vida,,, E são, de facto,  um exemplo a seguir... Quem quiser lá aparecer às 3ªs feiras, às 10h00, será bem vindo. Reunem-se a essa para tomar café (, entrada pela Rua da  Tobis Portuguesa), antes de darem início à caminhada de duas horas... Cada um ao seu ritmo, pois claro... Não há metas nem pódium...

Recorde-se que a OMS (Organização Mundial de Saúde) define envelhecimento ativo como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.

Que 2017 seja, para os jovens idosos da Tabanca Grande,  um ano de prática do envelhecimento ativo, saudável e produtivo, a exemplo  dos nossos  amigos caminheiros do Parque da Quinta das Conchas, Lumiar,  Lisboa.  (LG)
______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16846: Manuscrito(s) (Luís Graça) (105): Natal de 1955 (... quando ainda o Pai Natal não tinha sequestrado e morto o Menino Jesus)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16301: Manuscritos(s) (Luís Graça) (87): Um exemplo, de promoção do envelhecimento ativo e saudável, para os nossos tabanqueiros sedentários: a tertúlia dos caminheiros da Quinta das Conchas, Lumiar, Lisboa,

1. Há um grupo de gente sénior, alguns amigos e camaradas da Guiné, membros da nossa Tabanca Grande (Alice Carneiro, João Martins, Joaquim Pinto de Carvalho e esposa Maria do Céu ...) que se juntam todas as terças feiras de manhã para conviver e fazer duas horas de caminhada na Quinta das Conchas, no Lumiar, em Lisboa... 

De tempos a tempo fazem uma visita lúdico-gastronómico-cultural, geralmente de dois dias, fora de Lisboa... E almoçam juntos, em certas datas marcantes. Antes da partida para as férias de verão, fazem uma celebração gastronómico-tertuliana no restaurante O Arranhó, ali perto da Quinta das Conchas.  São todos ou quase todos (e são mais elas do que eles) gente reformada, das mais diversas profissões, magistrados, advogados, professores, engenheiros, médicos, enfermeiros, jornalistas, topógrafos, técnicos de serviço social, etc.

É a tertúlia da Quinta das Conchas, ao qual eu não pertenço, mas que me acolhe com simpatia e amizade, sempre que por lá apareço... Uma vez por outra, sento-me à mesa come eles e elas, os/as caminheiros/as da Quinta das Conchas, para dar dois dedos de conversa, tomar um café, almoçar... Costumo levar para a "sobremesa" uns versinhos, de fabrico próprio,,,  Estes foram os últimos que fiz (e declamei), ontem, no encerramento das atividades da tertúlia... Publico também os do útimo Natal.

Regressam no início do novo ano de 2016/17... E oxalá / inshallá / enxalé o seu exemplo frutifique, nomeadamente entre os nossos "tabanqueiros".., que são mais "sedentários". Os caminheiros da Quinta das Conchas promovem o envelhecimento ativo, e saudável,  através da atividade física e do convívio. [ A Organização Mundial de Saúde define envelhecimento ativo como o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.]

Não é preciso lembrar que Portugal é cada vez mais um país grisalho: falando com números, e reportando-nos ao início da guerra colonial, 1961, basta-nos  comparar dois índices ou indicadores;
(i) em 1961 o índice de envelhecimento era de 27,5%; hoje (2015). é de 143.9 %. [O índice de envelhecimento é o número de pessoas com 65 e mais anos por cada 100 pessoas menores de 15 anos. Um valor inferior a 100 significa que há menos idosos do que jovens. Relação entre a população idosa e a população jovem, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14].


(ii) O índice de longevidade é o número de pessoas com 75 e mais anos por cada 100 pessoas com 65 e mais anos. Quanto mais alto é o índice, mais envelhecida é a população idosa. Em 1961 era de 33.6%, hoje (2015) é de 49,0%. (Fonte: Pordata).

Para o João Martins [, foto atual, à esquerda,] que anteontem foi submetido a uma intervenção cirúrgica programada, eu desejo-lhe (e, por certo, os seus companheiros da Quinta das Conchas também lhe desejam, tendo sido comentada a sua ausência) uma rápida convalescença e restabelecimento. [Tem página no Facebook.] LG



Natal de 2015

Depois do café, p’la manhã,
Cá na quinta, sempre às terças,
Nesta pista de tartã,
Eles dão a volta às berças.

Poucos  são os de Lisboa,
Vieram do sul, centro e norte,
Caminhar é coisa boa,
Dá saúde, esconjura a morte.

É um grupo excursionista,
Desportivo e cultural,
Não há cá gente pessimista,
Pode é não ser… pontual.

P’ra chefiar nenhum se oferece,
Nem o grupo tem um hino,
Tem líder, ao que parece,
Vai à frente, o Laurentino.

São os das Conchas, os concheiros,
Dão a volta a Portugal,
Uns valentes caminheiros,
P’ra todos…Bom Natal!


Quinta das Conchas, 
3ª feira, 15/12/2015

LG



Em louvor aos caminheiros 
da Quinta das Conchas

É gente de grande fibra,
Que corre as maratonas,
Mesmo sem ouro ou  libra,
Salta logo das poltronas.

Salta logo das poltronas,
Faça chuva ou faça sol,
Rapazes e mocetonas,
Fazem guerra ao colesterol.

Fazem guerra ao colesterol,
Os das Conchas, caminheiros,
Uns a passo de caracol,
Outros esp’rando p’los companheiros.

Outros esp’rando p’los companheiros,
Sem olhar para o cronómetro,
Os últimos são os primeiros,
Depois de muito quilómetro.

Depois de muito quilómetro,
No melhor tartã do mundo,
Desliga-se o complicómetro,
Respira-se o ar, bem fundo.

Respira-se o ar, bem fundo,
Dão-se dois dedos de blá-blá,
E um não, bem rotundo,
Aos chatos de cá e lá.

Aos chatos de cá e lá,
Que nos dão cabo da vida,
Sacanas, é o que mais há,
Nesta terra prometida.

Nesta terra prometida,
Ponta mais acidental
Da Europa, tão querida,
Ser das Conchas é bom sinal.

Ser das Conchas é bom sinal,
É ser da vida campeão,
É viver em Portugal,
E ter um grande… coração!

E ter um grande coração,
Em corpo tão enfezado,
É um dos males da Nação,
Mas não é um triste fado.

Mas não é um triste fado,
Este é um povo de heróis,
Não há destino danado
Nem festas só de cachecóis.

Nem festas só de cachecóis,
P’ra esta gente valente,
Nem tremoços e caracóis
São p’rá elite dirigente.

São p’rá elite dirigente
Os bons tachos e panelas,
O povo, esse,  que aguente
C’ os pontapés nas canelas.

C’os pontapés nas canelas,
E os calos de andar a pé,
Caminheiros, eles e elas,
Voltam p’ró ano, cheios… de fé.

LG

Viva a tertúlia da Quinta das Conchas!
Boas férias de verão para todos/as os/as caminheiros/as!
Não tenham nenhum achaque
E, cuidado, com as caneladas dos gajos, durões,  
do Goldman Saque Saque!!!


Almoço de encerramento das atividades da tertúlia, 
ano económico, desportivo, recreativo, cultural, jantarista, excursionista e promotor de saúde, de 2015/2016.

Restaurante O Arranhó [, passe a publicidade: gente simpática, comida caseira, atmosfera familiar, espaço acolhedor, boa relação qualidade-preço]

Lisboa, Quinta das Conchas, 3ª feira,  12 de julho de 2015

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sábado, 31 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15308: Blogpoesia (422): Com trastes e trapos velhos... (J. L. Mendes Gomes)

Com trapos e trastes velhos…

por J.L. Mendes Gomes

Aproveitei uma trégua,
Subi ao sótão,
Peguei nos tarecos,
Trapos e vestes,
Enchi o meu barco
E avancei pelo mar.

Vieram piratas,
Subiram a bordo,
Ficaram perdidos,
Com tanto valor.

Assim me salvei.
Uma lembrança de sorte.
Tudo tem préstimo,
O valor duma vida
Para quem o quiser.

Me assusta este tempo
Que passa a correr.
Um ano passou,
Quase morria,
Não deu para viver…

Ouvindo Hélène Grimaud ao piano

Berlim, 25 de Outubro de 2015 | 8h19m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

[ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66; vive habitualmente entre Berlim e Mafra; autor do livro de poemas Baladas de Berlim, Lisboa, Chiado Editora, 2013, 229 pp.]
______________

Nota do editor;

Último poste da série > 18 de outubro de  2015 >  Guiné 63/74 - P15264: Blogpoesia (421): Quero lavar minha alma... (J. L. Mendes Gomes)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15060: Notas de leitura (753): "Diário dos Caminhos de Santiago", do nosso camarada Abílio Machado, português e minhoto, com costela galega, ex-alf mil, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72... Um livro que nos ajuda a aprender a envelhecer de maneira saudável, ativa e produtiva... (Luís Graça)

1. A obra:

Título: Diário dos Caminhos de Santiago

Autor: Abílio Machado

Número de páginas: 358

Editora: Edita-me
[Rua Barata Feyo, 140, sala 1.10,
4250-076 Porto]

Ano: 2013

Ilustrações (capa e interior): Miguel Teixeira

Tamanho: 235 x 153 mm


ISBN 987-989-743-011-4

Preço: 15 €

Excerto da obra


2. Nota biográfica > Abílio Machado

Abílio Machado nasceu em janeiro de 1947, em Guardizela, Guimarães, numa família humilde, sendo o mais velho de oito irmãos.

Frequentou a escola primária de 53 a 56.

Aos 10 anos ingressou no seminário, o que terá marcado a sua personalidade e o interesse pela vida cultural.

Abandonado o seminário, vai para Coimbra, em 66, onde segue a vida académica, no curso de Direito. Fez o serviço militar obrigatório de 1969 a 1972, tendo sido mobilizado para a guerra colonial, na Guiné, de 1970 a 1972 [, CCS/BART 2917, Bambadinca].

Trabalhou como delegado de informação médica durante 31 anos. Aos 60 anos aposentou-se.

Em 1985, dinamiza um grupo de jovens desafiando-os para cantarem as janeiras e... desde aí a música como que fez acordes com a amizade mantendo-se uma presença constante na sua vida.
Narrador de histórias, amante da boa gastronomia, a sabedoria é um acento tónico no seu dia a dia, que gosta de partilhar como bom conversador.

Não guarda para si o que aprende e com frequência o ouvimos transmitir histórias deste e doutros mundos. 

Amante da natureza e dos homens, com a teimosia que lhe corre nas veias, iniciou-se como peregrino a Santiago em agosto de 1993, após - segundo diz - uma conversa tida com o Santo.

Os motivos culturais, do espírito, a curiosidade histórica fizeram com que se apaixonasse por estes caminhos e não mais parou, somou ao registo do olhar, as palavras salpicadas da alma, no seu exponente máximo de sentido crítico e sensibilidade... 

A 10 ade gosto de 1993, “a torre da velha igreja exultou, batendo as nove badaladas...” e os primeiros caminhos de Santiago surgem enternecidos e eternizados, por vontade e por paixão, estreando-se na literatura com os seus diários, pincelados de um humor característico.

Redescobre-se um narrador que estava adormecido. O seu destino era mesmo este e isso o deve a um santo...

A natureza e os caminhos foram os seus cúmplices... e no silêncio das folhas quase se ouve o resvalar das pedras... avancemos, rumo a Compostela!

Fonte: texto e fotos: Edita-me [com a devida vénia].


3. Comentário de L.G.:

Já aqui temos falado do Abílio Machado, nosso camarada e amigo de Bambadinca (CCS / BART 2917, 1970/72). E sobretudo a propósito de música. Ele é um dos fundadores, em finais de 1985, na Maia, de um notável grupo musical, o Toque de Caixa, de que saíram, além de inúmeros espetáculos ao vivo,  dois CD,  Histórias do Som (1993) e  Cruzes, Canhoto (2010).

 O seu gosto pela música, as suas excecionais qualidades humanas, o sentido da camaradagem, a afabilidade,  o gosto pelo convívio, o "espírito coimbrão", a irrequietude intelectual... eu já os conhecida de Bambadinca: o "Bilocas", como era tratado carinhosamente, esteve connosco em Bambadinca, entre maio de 1970 e março de 1971. Alf mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72, fizemos lá uma bela amizade: ele, "baladeiro", tocava viola, mas era um "periquito", um alferes de secretaria, e nós, operacionais, já calejados da guerra, "pretos de 1ª classe", da CCAÇ 12, uma companhia de intervenção africana, ao serviço dos senhores da guerra de Bambadinca e de Bafatá...

Quando digo nós, refiro- me a mim, ao Humberto Reis, ao Tony Levezinho, ao Zé da Ilha (José Vieira de Sousa), o GG  ( Gabriel Gonçalves, o nosso cripto), e outros, noctívagos, que gostávamos de cantar, beber, conviver, de preferência, pelas horas altas da noite... Ele era dos poucos alferes, para além do Zé Luís Vacas de Carvalho,  que nos acompanhava nessas noites de insónia,  de copos e de tertúlia... Como se o bar de sargentos de Bambadinca (e os nossos quartos...) fosse uma república coimbrã...

Perdi-o de vista até 2007.  Foi a música e, claro, o nosso blogue e a Guiné, por mão do Humberto Reis e do Benjamim Durães, que de novo nos aproximou... Em boa hora!...  O que não conhecia do Abílio era o gosto pela escrita e a paixão pelo sagradlo e pelo profano, onde se incluen os caminhos de Santiago, o "matamouros"...

Mandou-me em março passado, uma cópia do seu livro, o "Diário dos Caminhos de Santiago", com a seguinte dedicatória:

"Para o Luís, velho amigo, com quem, noutras guerras, os caminhos da vida me fizeram encontrado. Com a amizade do Abílio Machado, 9/3/2015".

No "meu querido mês de agosto" de 2015, tentei pôr as leituras em dia, e um dos livros de praia e de cabeceira, que li de um fôlego,  foi justamente o "Diário dos Caminhos de Santiago". De maneira obsessiva, empenhada, determinada, o "português e minhoto" Abílio Machado, com costela galega, meteu-se nas suas tamanquinhas, e de cajado na mão, começou por fazer o "caminho português" (Vila Nova da Telha / Santiago de Compostela), entre 10 e 16 de agosto de 1993, o ano do Jubileu...

Treze anos depois, já reformado da indústria farmacêutica, retomou os caminhos de Santiago, sem nunca se esquecer do seu "vade mecum", o caderninho de notas ou diário de caminhante: caminho aragonês (Col de Somport / Puente la Reina, 2 a 9 de abril de 2006); caminho inglês (Ferrol / Pontedeume / Betanzos / Ardemil / Santiago,  13 a 18 de abril de 2009); caminho de Finisterra ou Fisterra (Santiago / Negreira / Oliveiroa / Muxia / Fisterra, 16 a 20 de agosto de 2010) e, por fim, caminho de Navarra ou caminho de Prisciliano (18 de maio a 17 de junho de 2011).

A minha primeira reação foi de "inveja": como eu gostaria de ter estado, não no lugar do caminheiro, mas a seu lado... E depois, não menos emocional, a de admiração e de regozijo. Passei ainda a ter mais orgulho deste amigo e camarada da Guiné que foi capaz de realizar um sonho e superar-se a si próprio... Porque a vida e o sonho são como os caminhos de Santiago... "A onde ira o meu romeiro /, Meu romeiro a onde ira, / Caminho de Compostela, / Não sey se la chegara"... O provérbio é galego, a citação, logo no início do livro, dá o mote, e mostra o tamanho do desafio.

Tomei uma série de notas, a lápis, nas margens do livro, que quero compartilhar com o autor e os seus leitores, atuais e potenciais. Fica para um próximo poste. Quero apenas registar, agora,  quanto me agradou a escrita, viva, fresca, solta, criativa, muitas vezes "caligráfica". O tom é o do bom humor, da ironia e da auto-ironia: nos caminhos de Santiago, também há saudações provocações e piropos brejeiros... As referências, no texto,  historiográficas, geográficas e toponímicas são muito úteis, sem nem nunca serem pesadas como nos trabalhos académicos da gente erudita (...e chata). O Abílio foi um fantástico caminheiro, quase sempre solitário, mas que fazia antes o seu TPC, o seu trabalho de casa. Aprendi muito com ele.

Parabéns, "Bilocas", amigo e camarada, pela capacidade de sofrimento, superação e realização, e pelo teu trabalho, literário, que passa a ser uma referência útil e até obrigatória para os futuros romeiros de Santiago.

Já desafiei a Alice para pegar na trouxa e zarpar: ela é muito mais caminheira (e gaiteira) do que eu,.. Confesso que o teu exemplo é contagiante... Mais importante: é a prova provada de que os "camaradas da Guiné" podem, apesar da idade e o do contexto societal depressivo, aprender a envelhecer de maneira saudável, ativa e até produtiva. Afinal, o(s) caminho(s) de Santiago, para além do mito e da realidade, é(são) sobretudo um estado de espírito, sem deixar(em) de ter o requsito da boa forma... física!

Um grande alfabravo fraterno. LG

PS - Falei esta manhã, através do telemóvel, com o Abílio, que estava em Albufeira, fazendo de avô baboso (e talentoso) de dois netos gémeos, da sua sua filha Rita (que é diretora de 2 hoteis  em terra de mouros). A música agora pode esperar e o Santiago também. Diz-me que vai falando com o santo, e que ainda não cumpriu a promessa (ou a penitência ?) toda,., Antes dos 70 anos, ainda vai ter que pamilhar, desta vez com companhia, o difícil mas deslumbrante caminho do norte, que segue entre mar e montanha.

Também confirmei, com ele, o ano em que voltou á Guiné, por terra, de jipe: foi no início de 2013. Tenho o relato em papel, falta-me o ficheiro digital e algumas fotos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15058: Notas de leitura (752): “O Guardião”, por Fernando Antunes, Edição de Setembro de 2011 (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11020: Facebook...ando (21): Joaquim Ruivo, ex-1.º cabo mec obus 8.8, BAC 1 (Santa Luzia, Bissau, out 61/ fev 64): Tocando os "Olhos Negros", no seu bandolim...




Vendas Novas > 23 de dezembro de 2012 > O Joaquim Ruivo, tocando no seu bandolim, os "Olhos Negros... Fonte: Página pessoal no Facebook (reproduzido com a devida vénia...)



"Com o Sancho do meu amigo Alfredo. O que tem piada é que nós íamos daqui, com a ideia de que os macacos eram uns animais muito espertos e os guineenses nenhum queria ser parecido com eles. Queriam antes ser parecidos com as gazelas"...




"Eu, ao lado do homem que extrai o vinho de palma. O instrumento que ele tem à volta do pescoço, serve para subir às palmeiras e é feito de materiais recolhidos da natureza, mas que lhes dá total segurança".



"Trepando à palmeira para a recolha do vinho de palma. (eu nem com um cabo de aço de 20mm, me atrevia a estar naquela posição àquela altura)"...




Foto sem legenda...  [O Joaquim e a sua "pasteleira"]... Esta e as outras fotos acima  devem ser dos primeiros  tempos de Bissau,  Santa Luzia, c. 1961/62.


Fotos (e legendas): © Joaquim Ruivo (2013). Todos os direitos reservados



1. O Joaquim Ruivo já aqui foi apresentado. Foi 1º cabo mecânico de obus 8.8. É um dos nossos camaradas mais velhos... Ele é mais velho do que a guerra! Ou melhor, como ele diz, tem "mais tempo de paz do que de guerra".

Em boa verdade, chegou à Guiné em outubro... de 1961. Já a guerra tinha rebentado em Angola. E o seu amigo e conterrâneo Domingos Samúdio, passados dois meses, ficaria prisioneiro na Índia (em, 19 de dezembro de 1969). O Joaquim teve mais sorte: colocado na BAC (Bateria de Artilharia de Campanha), em Santa Luzia, passou a maior parte do tempo em Bissau (, presumo eu). Nas vésperas da Op Tridente, esteve em Catió a "afinar" os obuses 8.8. Não sei se chegou a ir ao Como, julgo que não. Logo a seguir regressou a casa, em fevereiro de 1964.

Sente-se honrado por  pertencer à Tabanca Grande. E nós também,. É natural de Brotas, Évora. Nasceu em 1939, e vive em Vendas Novas. Tem uma página no Facebook (desde 6 de novembro de 2010), é um ativissimo feicebuqueiro...

É um homem que parece estar bem na sua pele, é uma fonte de inspiração, para todos nós, pela sua sabedoria,  alegria de viver, sentido de família, sociabilidade, participação na vida da sua comunidade... Enfim, é também um bom exemplo daquilo  a que nós, em saúde pública, chamamos o "envelhecimento ativo" . (Segundo a Organização Mundial da Saúde, é o o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, com vista à melhoria da qualidade de vida das pessoas que envelhecem). 

Em suma, temos que aprender com ele. E, a esse propósito,  eu não resisti a incorporar, com a devida vénia, o vídeo, acima, em que ele mostra as suas habilidades com o bandolim (não, não  é a viola campaniça....). É, de resto, um homem que gosta de música e sabe ler pautas de música!... Mas que belíssimos 73 anos! (Carlos, aponta aí, ele faz 74, no próximo dia 3 de agosto!)...

 Publicamos mais algumas fotos singelas do seu álbum. E que são testemunhas também da pacatez da vida em Bissau (e arredores) no seu tempo... Com um abraço de homenagem ao Joaquim Ruivo e a todos os cmaradas da "farda amarela" que ainda conheceram a Guiné,  em 1961 e 1962, de antes da guerra... Não serão muitos, mais uma razão para serem aqui justamente lembrados e homenageados... Somos todos "piras" por comparação com eles... LG

PS - Já agora ouçam aqui uma versão coral dos Olhos negros (Trad. dos Açores / Ilha Terceira), com arranjo do nosso querido amigo e camarada, herói do Como, Mário Roseira Dias... ´É linmda a música (e a letra!)... Como veem, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Olhos negros (Trad. dos Açores / Ilha Terceira)

Os teus olhos, negros, negros,
São gentios, são gentios da Guiné. (Bis)

Ai da Guiné, por serem negros,
Da Guiné por serem negros,
Gentios por não terem fé. (Bis)

Os teus olhos são brilhantes,
Semelhantes
Aos luzeiros que o céu tem. (Bis)

Os olhos negros, que eu preferi
E que nunca vi
De côr mais linda a ninguém (Bis)

Os teus olhos, negros negros...

___________