(...) "A função do Petrolino, designado como “e;pitrólino”e; devido à pronúncia local, era percorrer as aldeias do concelho nas “voltas”, constituídas pelo alvará, carroça, macho, reservatórios, líquidos e produtos em armazém. Vendia azeite e petróleo assim como sabão e aguardente. O petroleo era originário da BP-Britum Petroleo e da Vacuumm, que pertencia ao Sr. José Maria de Carvalho, e o azeite era proveniente de Castelo Branco.
"Esta actividade foi transmitida pelo Sr. Veríssimo, de Poiares – Coimbra, ao Sr. José António Mateus que doou, juntamente com o filho, a totalidade da exposição presente no museu." (...)
O Sr. Garcia foi disso um exemplo típico. Fixou-se na Lourinhã em 1955 executando sempre a actividade de amolador e adquirindo mais tarde uma taberna, na antiga praça, que era conhecida como “Taberna do Espanhol”.
Da exposição sobressai a roda do amolador, roda essa que o Sr. Garcia doou para o Museu e vinha amolar facas e tesouras na presença dos visitantes, como na foto. (..)
Lembremos aqui (porque também fazem parte da nossa identidade, da nossa infància, das nossas memórias..) outros ofícios e profissões que desapareceram, no campo e na cidade, com as mudanças operadas pelo desenvolvimento da econonia de mercado, a motorização dos transportes, a mecanização e automitazação do trabalho, a urbanização, o consumo de massa, etc.:
Deixem-me acrescentar mais alguns ofícios e profissões que desapareceram com a industrialização e o êxodo da população rural para as cidades e para o estrangeiro... E dentro das próprias cidades, com a "modernização" (caso do aguadeiro e do limpa-chaminés, por exemplo).
(i) leiteiro e/ou queijeiro que vendia porta a porta (queijos de cabra e ovelha)
(ii) aguadeiro (nas vilas e cidades, antes do saneamento básico) (em Lisboa eram galegosó, depois dos negros e antes dos escravos)
(iii) cocheiro (condutor de carroças, charretes, carruagens); falando dele, temos que falar do segeiro, o construtor de veículos de tracção animal, ambos vítimas do automóvel; nas casa ricas o cocheiro passou a "chaufeur" ou chofer...
(iv) correeiro (faz arreios, albardas para os cavalos, machos e burros)
(v) sapateiro / sapateiro-remendão (fazendo calçado novo ou só consertos)
(vi) latoeiro / funileiro (no Norte, diz-se caldeireiro; no Norte; trabalha o cobre, a folha de Flandres, faz alambiques, caldeiras, artigos de latoaria...)
(vii) limpa-chaminés;
(viii) borreiro / sarreiro (limpava comprava as as borras e o sarro dos depósitos do vinho. nomeadamente na regiáo do Oeste e Ribatejo);
(ix) tanoeiro (nas regiões vinicolas)
(x) amola-tesouras / amolador ( oficío muito ligado aos galegos);
(xi) parteira/aparadeira (quando os partos eram em casa, até tarde, ao final dos anos 60)
(xii) barbeiro-sangrador (profissão oficialmente extinta, com a proibição da flebotomia ou sangria m 1875!);
(xiii) boticário (fábricava medicamentos "caseiros" ou segundo formulários codificados, a pedido do médico, antes do desenvolvimento da indústria farmacêutica)
(xiv) alfaiate (o pronto-a-vestir matou o alfaiate, que agora só existe na alta costura)
(xv) chapeleiro
(xvi) taberneiro
(xvii) carvoeiro (vendedor de carvão)
(xviii) oleiro
(xix) lavadeira (no rio ou lavouro público ) e engomadeira (que passava a ferro com ferro aquecido a carvão, hoje "ferro elétrico")
(xx) caiador (no sul, pintavam-se as casas com cal)
(xxi) varina / vendedora de peixe (que se fazia notar pelos seus pregóes e a canastra à cabeça)
(xxii) saltimbanco (ambulante), animando as ruas e praças de vilas e aldeias)
(xxiii) vendedor de água fresca e capilé (nomeadamente nas cidades, no verão) (ver aqui foto do grande fotógrafo portuguès Joshua Benoliel, de 1918)
(xxiv) quinquilheiro (feirante, em geral, que vendia quinquilharia, bugigangas, miudezas...)
(xxv) capelista (vendedor, em loja de quinquilharias ou materiais usados na costura e enfeites de vestuário, como fitas, linhas ou botões, etc.)
(xxvi) vendedor de banha da cobra nas feiras
(xxvii) outros vendedores ambulantes ou em feiras (muitas vezes sazonais, adaptaram-se aos tempos modernos: o assador e vendedor de castanhas, por exemplo; ou o vendedor de gelados e bolas de berlim, nas praias)
(xxviii) ardina (vendia jornais, não confundir com jornaleiro, trabalhador agrícola pago à jorna, como o cavador de enxada)
(xxix) modista / costureira / alfaiate (na realidade eram ofícios distintos, o ultimo era exercido por homens, fazia fatos para homens);
(xxx) bordadeira
(xxxi) ajuntadeira (costureira de botas, sapatos, artigos de pele)
(xxxii) moleiro (no sul, há moinhos de vento;no norte, engenhos movidos a água; engenhos de linho, engenhos de farinha)
(xxxiii) fotógrafo "à lá minuta" (tiraram-nos os primeiros retratos quando éramos miúdos)
(xxxiv) telefonista dos correios
(xxxv) boletineiro (entregava os telegramas)
(xxxvi) engraxador de sapatos (na cidade)
(xxxvii) calceteiro (trabalha no empedramento de estradas, ruas, passeios, etc.).
(xxxviii) canteiro (edreiro ou artífice que trabalha a pedra de cantaria)
(xxxix) matador de porcos, castrador, açougeiro e equivalentes
(xl) pastor / guardador de rebanhos ( adueiro (pastor de porcos)
(xli) regente escolar (do tempo em que não havia em número suficiente professores/professoras diplomadas pelas Escolas do Magistério Primário)
(xlii) regedor (antiga autoridade administrativa de uma freguesia civil; função extinta com o advento do 25 de abril de 1974; era uma #"figura camiliana")
Serrador e Resineiro
Carpinteiro
Torneiro
Amolador
Ourives
Segeiro
Lavadeira – Engomadeira
Botica
Canteiro
Pitrolino
Sapateiro
Tanoeiro
Pirolitos
Correeiro
Arreador – Tosquiador
Escola
Alfaiate
Fotógrafo
E em todas as terras da província as alcunhas estavam muitas vezes relacionadas com as profissões (Luís Sapateiro, Jorge Funileiro, o Capelista, Ambrósio Correeiro, o Pitrolino ) ou a naturalidade (Zé Penicheiro, a Bimba, o Espanhol).
Nota do editor