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terça-feira, 23 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6039: (Ex)citações (61): O desvario de um capitão de cavalaria, que matou a tiro um militar e um civil, no Senegal, e que apanhou 12 meses de presídio militar (Carlos Cordeiro)

1. Comentário, de 21 do corrente,  do nosso camarada Carlos Cordeiro (*), ao poste P6022 (**)

Caro Luís,

Sobre o infeliz acontecimento, há um testemunho no "Correio da Manhã" [, reproduzido no blogue Leste de Angola]:

http://lestedeangola.weblog.com.pt/arquivo/264295.html (***)

Além disso, veja-se a sentença do Supremo Tribunal Administrativo relativamente a um recurso apresentado pelo Cap Botelho contra o facto de não ter sido promovido a Major (o despacho é de 12/1/93 - na caixa find, ao colocar-se Botelho, surge logo a sentença).

Este acto (e outros) por ele cometido teve gravíssimas repercussões na sua carreira militar (****). Depois de submetido a Junta Médica, passou à reserva, em 1974. É muito importante a leitura da sentença para se compreender o seu comportamento militar.

www.dre.pt/pdfgratisac/1993/32110.pdf

Abraço,

Carlos Cordeiro

[ Revisão / fixação de texto / selecção de excertos / título: L.G.]
______________

Notas de L.G.:

(*) Foi Fur Mil Inf no Centro de Instrução de Comandos, em Angola, nos anos de 1969/71; irmão do infortunado Cap  Pára José Costa Cordeiro, morto em acidente em 1973 (CCP 123/BCP 12); é Professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores, Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel,

(**) Vd. poste de 19 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6022: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (4): Ainda o caso do Cap Patrício que foi, por castigo, para a CCAÇ 15, Mansoa, e do comandante do Esq Rec Fox de Bafatá que invadiu o Senegal com as chaimites

Vd. também poste de 20 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6028: A propósito do Dia do Pai... e da história do Esq Rec Fox 3431 (Bafatá, 1971/73)

(***) Trata-se de um depoimento de um militar do Esq Rec Fox 3431 (Bafatá, Setembro de 1971/ Junho de 1973), Sérgio Marques dos Santos, hoje motorista de táxis no Porto, e um dos organizadores habituais do convívio anual da unidade... Não consegui apurar a data, ao certo, em que este depoimento foi publicado, na revista "Domingo", do jornal "Correio da Manhã", na série "A Minha Guerra"... Muito provavelmente foi publicado no ano de 2008. Também não sei quem foi o jornalista que recolheu e tratou o depoimento do Sérigo Marques dos Santos.  Tomo a liberdade de reproduzir alguns excertos, com a devida vénia:

 (...) Foi uma tarde louca, aquela de Outubro de 1972, em Pirada, no Leste da Guiné, na fronteira com o Senegal. Eu integrava um pelotão de reconhecimento composto por duas viaturas blindadas, uma ‘White’ e uma ‘Chaimite’, que fazia escolta ao comandante do Batalhão de Caçadores (BCAÇ) 3884, a Uacaba, Mafanco, Sonaco, Paúnca e Pirada. A certa altura, no intervalo de uma reunião de oficiais, o nosso comandante, o capitão de Cavalaria Manuel Eduardo Alves Botelho, diz: 'Venham comigo, vamos dar uma volta!' Fomos, éramos uma dezena de homens.


"Passámos a fronteira e penetrámos quatro ou cinco quilómetros no Senegal. Nenhum de nós adivinhava a intenção do capitão, que continuava entusiasmado a conduzir-nos por território estrangeiro adentro. A certa altura, avistámos um acampamento militar de senegaleses. A ‘White’ foi obrigada a interromper a marcha, por causa das valas feitas pelos militares estrangeiros, mas a ‘Chaimite’, que tudo passa, entrou no acampamento.


"Os senegaleses ficaram surpreendidos, mas não esboçaram qualquer atitude hostil. Pelo contrário, entraram num convívio estreito com os nossos camaradas de Pirada, onde frequentemente iam buscar cerveja. Estavam a saudar-nos com acenos, aos quais nós correspondíamos, quando, subitamente, o capitão, que empunhava uma pistola, desatou aos tiros em direcção aos pretos senegaleses.


"As tropas senegalesas, apanhadas completamente de surpresa, correram em todas as direcções, tentando abrigar-se do fogo do nosso comandante. Um tenente do exército senegalês, que se aproximara um pouco mais, caiu morto e um soldado ficou ferido. Antes que pudessem recuperar e ripostar, o capitão Alves Botelho ordenou a nossa retirada.


"No caminho de regresso à Guiné, quando passávamos por dois camponeses senegaleses, que seguiam de bicicleta e que também nos saudaram, o nosso capitão, que estava definitivamente de cabeça perdida, disparou a sua pistola contra eles. Um morreu e o outro ficou ferido. 'Eram terroristas?', alguém perguntou ao capitão Alves Botelho. O oficial apenas ordenou que continuássemos até Pirada.


"Estes actos foram uma loucura que ninguém compreendeu. Em Pirada, os oficiais e comandantes ficaram ‘loucos’ quando souberam, pois os senegaleses eram nossos amigos e confiavam em nós. O comandante da unidade ordenou o regresso imediato do pelotão de reconhecimento envolvido no tiroteio a Bafatá. O capitão foi enviado sob detenção para Bissau, por helicóptero, na manhã seguinte. Três dias depois, o capitão Alves Botelho reuniu o Esquadrão e fez um discurso de despedida. Foi enviado para a Metrópole, para os serviços de Psiquiatria de um hospital militar e, mais tarde, abatido ao efectivo. Nunca mais soube dele, sei apenas que faleceu há quatro anos.


"Este episódio foi dos piores e mais gratuitos que vivi durante a guerra, mas houve outros igualmente trágicos. A nossa tarefa consistia em fazer a segurança às colunas de abastecimento aos nossos aquartelamentos. Eu conduzia a ‘Chaimite’ ou, eventualmente, a ‘White’. Em alternativa, era atirador numa das viaturas. E foram inúmeras as ocasiões em que estivemos debaixo de fogo. Era impressionante como os ‘turras’ tinham conhecimento das nossas saídas. Muitas vezes, só sabíamos à meia-noite do dia anterior, mas eles sabiam antes e emboscavam-nos. As nossas colunas reagiam, o pessoal dos ‘Unimog’ e das ‘Berliet’ atirava-se para as bermas e eu andava às voltas na ‘Chaimite’ a fazer fogo indiscriminadamente" (...)

Fonte: Leste de Angola > 5 de Outubro de 2008 > "Abatemos um um militar e um civil sem razão"

 (****) Entre outras punições, registe-se a condenação do Cap Cav Alves Botelho em 12 meses de presídio militar, pelo Tribunal Militar Territorial da Guiné, em Junho de 1973, conforme se pode ler, a pp, 45, da  setença do STA, documento citado pelo Carlos Cordeiro

terça-feira, 1 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3008: O caso do embaixador de Portugal em Bissau (4): Não ao linchamento popular... (João Tunes / J. Mexia Alves)

1. Mensagem do João Tunes, cujo reaparecimento no nosso blogue eu só posso saudar, com amizade e apreço [O João está habitualmente no seu blogue Água Lisa (6)]:

Caro Luís,

Tenho assistido perplexo a esta guerra contra o embaixador português na Guiné. Decerto uma guerra fundamentada e justa, do ponto de vista dos seus promotores e dos indignados seguidores. Mas com uma componente emocional desbragada e uma tremenda carga agressiva nas palavras como se meio mundo desatasse, por um incidente que não testemunhou, à morteirada contra os muros da nossa embaixada em Bissau.

Claro que não ponho em causa o testemunho do Pepito nem da filha. Muito menos a gravidade da invocada falta de educação. Mas custa-me que se fuzile um embaixador português sem direito a legítima defesa, como me custaria para qualquer comum cidadão, delinquente que fosse. O MNE tem um orgão de fiscalização da actividade diplomática (não sei como se chama mas sei que o tem). Não seria mais correcto dirigir para aí a exigência da abertura de um inquérito à ocorrência e depois o apuramento das responsabilidades? Porque, como está a ser, não passa de um linchamento por justiça popular. Façam-no se o blogue para aí se voltar, mas fica aqui dito que não alinho em condenações sumárias. A mim basta-me fazer-te chegar esta declaração pois já não tenho idade para andar a dar tiros em embaixadores em incidentes que implicam no relacionamento do nosso país com países estrangeiros, o que pressupõe uma gravidade de intervenção que não se compadece com a leviandade de seguir-se a reboque da versão de uma das partes.

Abraço do
João Tunes

2. Também o Joaquim Mexias Alves nos acaba de mandar a seguinte mensagem sobre o caso do Embaixador de Portugal em Bissau:

Caro Luís e Camaradas;

Este caso do Embaixador tem andado a incomodar-me e tenho procurado palavras para exprimir o que queria dizer.

Já não preciso, pois o João Tunes encarregou-se disso, por isso, pedindo-lhas emprestadas, faço minhas as suas palavras.

É preciso saber tudo, o que aconteceu, o que pode ter acontecido, e o que já podia ter acontecido antes.

Os serviços respectivos que investiguem e decidam em conformidade, informando os interessados.

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves

3. De igual modo o J. L. Vacas de Carvalho, nos manda dizer: "Por mim aguardo até saber mais detalhes. Zé Luis"...


O Zé Luís, que é amigo da mulher do senhor embaixador, já nos tinha dito que ele, o senhor embaixador, era a educação em pessoa.. E eu respondi-lhe que, no mínimo, ele não fora feliz connosco, em Bissau, durante o Simpósio Internacional de Guileje (29/2 a 1/7/2008) e não parece ter sido educado para com uma lusoguineense e para com dois outros nossos amigos guineenses...

4. Comentário de L.G.:

Sou particularmente sensível às palavras do João Tunes: temos que saber gerir as nossas emoções, e nomeadamente em público, no blogue... Falei originalmente em "assobios e pateadas". Claro que estava a falar em termos metafóricos... Não quis inflamar a caserna e, muito menos, incentivá-la a pegar na G3 e no morteiro 60... Manifestei a minha solidariedade à Cristina, ao Pepito e à Isabel Miranda... Manifestei também a minha indignação (e é difícil fazê-lo sem alguma emoção, já que nenhum de nós é propriamente um animal de sangue frio...). Mas também estabeleci os meus próprios limites e as minhas regras. Retomo o que então escrevi (1):

(...) Pepito: Não conheço senão a tua versão dos acontecimentos. Todos os conflitos têm o verso e o reverso. Não creio, todavia, que tenham sido dadas quaisquer explicações (muito menos apresentadas desculpas) pelo senhor embaixador ou pela embaixada, relativamente a este incidente... Mas, conhecendo-te como te conheço, acredito na tua palavra e na tua versão dos factos. Herdaste do teu pai a verticalidade, a coragem e a honestidade intelectual. Não irias seguramente fazer deste incidente um caso público, a não ser por razões de dignidade (...).

Estou (ou estava na altura) seguramente mais preocupado com os nossos amigos guineenses e com as pequenas mazelas e sequelas que, eventualmente, este caso (algo insólito) possa (ou pudesse) ter nas relações de amizade e de cooperação entre nós todos... É fundamental que a Embaixada de Portugal em Bissau seja uma referência e um motivo de orgulho para todos nós, portugueses e guineenses. Quanto à falta de consideração e de respeito pelos antigos combatentes, a começar pelo Terreiro do Paço... bom, a isso infelizmente já estamos de há muito habituados. Não devíamos estar, mas estamos...

Resta-me dar, aqui, por encerrado este caso, a menos que os próprios serviços de relações públicas da Embaixada de Portugal em Bissau queiram - o que me parece de todo improvável - appresentar e divulgar, através do nosso blogue, a sua versão dos acontecimentos.

Não sei como funcionam os nossos representantes diplomáticos, quais são as suas regras de ser e de estar, a sua cultura profissional e institucional. Julgo que tradicionalmente cultivam o low-profile, uma vez que têm de ser discretos... A própria palavra diplomacia, pelas conotações que foi ganhando ao longo dos tempos, não parece ser compatível com a ideia de simplicidade, transparência, fairness, que esperamos hoje de uma administração pública pós-moderna... Pela nossa parte, queremos continuar a ser um blogue, aberto, emocional e socialmente inteligente, tolerante, plural, ético e friendly... Não somos seguramente um blogue caceteiro...

_________

Nota de L.G.:

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2040: No almoço da tertúlia de Matosinhos com o António Batista, o nosso morto-vivo do Quirafo (Paulo Santiago)

Mensagem do Paulo Santiago, em viagem até Matosinhos, para um almoço-convívio com os Camaradas da minitertúlia, como eles se auto-designam e, já agora, à mesa com uns belos chocos grelhados. (Co-editor: vb):

Hoje foi dia de almoço especial, juntei-me à Minitertúlia de Matosinhos, faltando o Marques Lopes, em viagem para Lisboa.

Tivemos como convidado o António Batista. Ele merece.

A Casa da Teresa, local do encontro, fica bem situada, junto ao cais e os choquinhos grelhados que comi, estavam muito bons.

O convivio foi óptimo e o Xico Allen convenceu-me a ir até à Guiné de carro. Saída de Portugal a 21 ou 22 de Fevereiro de 2008, chegada a Bissau a 1 de Março, regressando dia 7 de avião a Portugal.

Deve ser uma bela viagem. Se já estivesse reformado,regressava de carro, como não estou terei que utilizar o meio aéreo para o regresso.

Seguem as fotos do encontro de hoje.

Vinhal, Álvaro Basto, Pimentel, Pires, Xico Allen, Zé Teixeira (sem a G3ertrudes), Batista, e o filho do Pires

O Zé Teixeira, o Batista e o filho do Pires.

Paulo Santiago, Vinhal, Álvaro Basto e Pimentel.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1999: Vamos arranjar uma caderneta militar nova para o António Batista (Rui Ferreira / Paulo Santiago)

Espanha > Região Autónoma da Galiza > Santiago de Compostela > 28 de Junho de 2007 > O nosso Paulo...Radical, mais a Médica Veterinária Rosário Azevedo, uma jovem de 28 anos, sua colega na Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro. Os dois partiram, com as suas Bikes, de Astorga a 23... Uma sugestão (e um exemplo) de férias alternativas e sobretudo de companheirismo. Parabéns, Paulo!

Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados.


1. Mensagem do Paulo Santiago, com data de 25 do corrente:

Luís:

Telefonou-me, hoje à tarde, o Rui Alexandrino [Ferreira] (1) a convidar-me para o seu aniversário (64 anos) no próximo dia 4, onde, por motivos pessoais, e com grande pena minha, não poderei estar presente. Ele está de férias no Algarve, sem acesso ao blogue.

Falei-lhe na minha/nossa luta para preenchermos o "espaço de vazio" da Caderneta do António Batista (2). O Ruizinho, com aquela humanidade que tu conheces, disse-me:
-Paulo, tem calma, deixa passar este tempo de férias, depois iremos aos Arquivos do Exército e vamos arranjar uma Caderneta nova e correcta para esse ex-combatente e prisioneiro de guerra.

Antes tinha estado com a minha Chefe de Divisão, que também me questionou sobre o assunto. À Anabela (é a minha coordenadora) disse-me que andava nervoso, devido a um encontro,que ia ter na 6ªfeira.
- Como é que correu?

Após lhe fazer um relato, com alguma emoção, confesso, mostrou-se também chocada como puderam fazer tal coisa ao António Batista (2). Estava outra veterinária presente,também completamente espantada com tal drama humano. Não pensavam ser possível tal coisa. Há uma semana atrás,telefonou-me a DrªAnabela, tinha-lhe dado o endereço do blogue, vira o post com o Batista a colocar a coroa de flores e dizia-me:
- Oh Paulo, tem que me explicar isto, como é possível um homem dado como morto aparecer vivo ?

São estes dramas, estes traumas, estas tragédias que temos e devemos explicar e contar às pessoas mais novas, porque elas sabem que houve uma guerra mas não imaginam o que a nossa geração lá passou. Dizia-me também a Anabela:
- Depois de ler o blogue, compreendo melhor, era eu novita, o padrinho da minha irmã fez a guerra na Guiné e regressou muito estranho, nós não entendíamos as atitudes do senhor, a sua personalidade alterara-se radicalmente.

No Sábado, fui com a minha amiga e companheira de aventuras, a Rosário, que também lê o blogue, fazer uma caminhada na Serra de Sicó, seguida de um almoço em casa do Vitor Junqueira. Caminhava,ía-lhe contando o meu encontro da véspera, a revolta que me assolara no regresso da Maia, alguma paz de espírito que estava a sentir com aquela caminhada, mas o pior seria à noite quando me sentasse em frente do computador. Normalmente só escrevo depois de jantar, fecho-me no escritório, vou teclando, muitas vezes tenho de parar, porque as lágrimas enchem-me os olhos,volto a escrever, perdendo muitas vezes a noção do tempo, eu que tenho de me levantar às 6H00.

Hoje a minha chefe, na despedida, perguntava-me pelo ambiente, que continua tenso, no meu local de trabalho (3). Respondi-lhe:
- Doutora, neste momento estou forte e marimbando-me para qualquer ameaça, cumpro cada vez com mais afinco o meu serviço mas, na minha cabeça, está uma mente reforçada a tentar soluções para o drama do Batista.

Luís, o teu/nosso blogue é visitado, cada dia que passa, por mais pessoas, algumas bastante jovens, ficam-nos a conhecer e a compreender. Foi um dos motivos para que o criaste. Continua firme no comando com a companhia do Vinhal e Briote.

Abraço
Paulo



2. Comentário de L.G.:

Paulo, dizes bem, o nosso blogue... Estamos-te reconhecidos, a ti e ao Álvaro Basto e por outars camaradas como o Ayala Botto ou o Rui Ferreira, por esta tentativa (que será sucedida) de ajudar a recuperar a dignidade e a honra de um camarada nosso que conehceu o inferno (a emboscada do Quirafo, o massacre dos camaradas, a morte anunciada, a prisão, o pelotão de fuzilamento, a libertação, o regresso ao outro mundo, a visita à sua própria campa, o pesadelo kafkiano da peluda...).
_______

Notas de L.G.


(1) Vd. post de 17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1285: Bibliografia de uma guerra (14): Rumo a Fulacunda, um best seller, de Rui Alexandrino Ferreira (Luís Graça)

(2) Vd. posts de:

23 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)

22 de Julho de 2007:Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1990: Carta aberta ao Cor Ayala Botto: O caso Batista: O que fazer para salvar a sua honra militar ? (Paulo Santiago)

24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1991: O Simplex, o Kafka e o Batista ou a Estória do Vivo que a Burocracia Quer como Morto (João Tunes)

(3) O Paulo, que trabalha na Inspecção Sanitária, ligado à Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro, mais concretamente num dado matadouro da região, desafou há dias - no princípio do mês de Julho - com os seus amigos e camaradas, dando-nos conta das "graves ameaças" a que esteve ou tem estado sujeito... Escusado será dizer que teve a solidariedade, em peso, dos seus camaradas da Guiné... Por se tratar de um assunto delicado e particular, não vamos publicar aqui a troca de emails que o assunto já proporcionou entre nós... Mas estamos atentos, vigilantes e solidarários...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1990: Carta aberta ao Cor Ayala Botto: O caso Batista: O que fazer para salvar a sua honra militar ? (Paulo Santiago)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Campo de futebol > Cerimónia de Encerramento 1º Curso de Instrução de Companhgais de Milícias > 24 de Dezembro de 1971, > O Com-Chefe General Spínola passa revista às tropas (milícias) em parada. O Alf Santiago segue atrás com o Cap Tomás, ajudante de campo do general Spínola, antecessor do Cap Cav Ayala Botto (hoje, coronel ma reforma e membro da nossa tertúlia) (1).

Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados.

1. Texto do Paulo Santiago:

Caro Coronel Ayalla Botto:

Eu, emotivo e, ainda,combatente de causas justas, sinto-me revoltado com a situação criada ao Batista, ex-combatente na Guiné e prisioneiro de Guerra.

Se ainda não leste, vai ao nosso blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné ver os posts sobre a pessoa em causa (2).

Antes de continuar, faço um breve preâmbulo de apresentação. Sei que és amigo do Carlos Clemente, um dos meus maiores amigos desde o dia em que cheguei à Guiné, em Outubro de 1970 (3) .

Penso que também estavas convidado,para um jantar, perto de Oliveira do Hospital, em casa do Coronel Carvalhais, no passado dia 27 de Junho. Já em 2006 tinha ido a esse jantar, a que não estiveste presente. Este ano não fui, andava naquela data pedalando no Caminho de Santiago Francês.

Há meses, fiquei muito chocado quando soube, através de um comum amigo, da morte inesperada do cunhado do Clemente, Gen António Palma. Há dez anos, estive 6 meses em Lisboa num Curso de Formação da Direção-Geral de Veterinária. Todas as 3ªs feiras jantava em casa do Carlos, onde também ía o António, que me dava boleia para o local onde estava alojado.

Contigo na Guiné, só estive uma vez. Foi no Saltinho, após o Gen Spínola ter recebido uma carta de um militar, queixando-se da péssima qualidade do rancho, que era óptima na CCAÇ 2701, companhia do Carlos. Esse episódio já o contei no blogue.

Tive vários contactos com o Gen Spínola, principalmente em Bambadinca, quando comandava uma Companhia de Instrução de Milícias, isso ainda no tempo do teu antecessor, Cap Tomás. No dia 24 de Dezembro de 71, dia da cerimónia de encerramento do 1º curso que dei aos Milícias, fui à boleia no heli para o Saltinho, onde o General ía fazer uma visita de Natal e eu passar aquela data com os meus homens, [do Pel Caç Nat 53].

Mas, voltemos ao Batista. Como escrevi no blogue, é um homem humilde e sem rancores.
Senti que aquele ex-militar tem uma grande mágoa, em virtude de a sua Caderneta
Militar omitir a sua condição de Combatente e Prisioneiro de Guerra.

Sinto que era um documento que talvez gostasse de mostrar aos netos. Mais que qualquer possível pensão, o seu lamento é o apagamento feito do período de Julho 71 a Novembro de 74. Um qualquer burocrata cometeu esta injustiça, daí a minha revolta.

Será possível alguém refazer aquela parte, bem sofrida, da vida do ex-Soldado António
Batista? Agradeço-te se puderes fazer alguma coisa,ou dar-me algumas dicas para que justiça seja feita. Tudo isto mexeu comigo.

Um abraço de camaradagem do

Paulo Santiago
(ex-Alf Mil Cmdt do pel Caç Nat 53,
Saltinho,1970/72)

___________

Notas dos editores:

(1) Vd. post de 6 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1407: Tertúlia: apresenta-se o Coronel de Cavalaria Carlos Ayala Botto, ajudante de campo do General Spínola

(2) Vd. posts de:

23 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)

22 de Julho de 2007:Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

(3) Vd. posts de:

12 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1168: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (1): Periquito gozado

13 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1170: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (2): nhac nhac nhac nhac ou um teste de liderança

19 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1192: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (3): De prevenção por causa da invasão de Conacri

13 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1275: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (4): tropa-macaca, com três cruzes de guerra

4 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1338: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (5): estreia dos Órgãos de Estaline, os Katiusha

13 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1424: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (6): amigos do peito da CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72)

5 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1564: Memórias de um Comandante de Pelotão de Caçadores Nativos (Paulo Santiago) (7): Fogo no capinzal

12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1653: Memórias de um Comandante de Pelotão de Caçadores Nativos (Paulo Santiago) (8): A pontaria dos artilheiros de Aldeia Formosa

23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1687: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (9): Maluqueiras na picada Saltinho-Galomaro-Bafatá

3 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1812: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (10): As mulheres dos meus homens eram minhas irmãs

terça-feira, 12 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1837: Pensando na Gilda, no Picão, no Zé da Desordem... O nosso grito no 10 de Junho (Torcato Mendonça / Luís Graça)

Portugal > Lourinhã > 10 de Junho de 2007 > Este jovem não morreu na Guiné, em Angola ou em Moçambique, não morrreu na guerra colonial... Não morreu, crivado de balas, em Bagdade ou no Rio de Janeiro... Morreu - ou melhor, não regressou do seu sono profundo - nas traseiras da minha casa de fim de semana, no pátio da Misericórdia da Lourinhã... Ironicamente no dia 10 de Junho de 2007, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades...

Encontrei-o, de manhã, a escassos metros do meu carro, quando ia regressar a Lisboa e ainda pensava passar pelo Monumento aos Mortos do Ultramar, junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, para me encontrar com alguns dos habitués da cerimónia do 10 de Junho, e que são membros da nossa tertúlia... Desta vez não tinha nada combinado com ninguém, mas de repente perdi a vontade de lá ir... Que me desculpem a franqueza os camaradas e amigos da Guiné que possivelmente também me procuraram...

Não o conhecia, mas era meu conterrâneo, natural da Lourinhã, ao que parece... Dizem que morreu de overdose, um palavrão ou um eufemismo que usamos para esconder a nossa incapacidade, como comunidade, como sociedade, como país, como Nação, como Estado, em criar futuro, esperança, solidariedade, suporte social, sentido de vida... para muitos dos nossos jovens que hoje já não lutam contra o pesadelo da guerra colonial, mas têm que lidar com outros demónios, igualmente predadores e assassinos...

Levava a máquina a tiracolo. Não foi por morbidez ou voyeurismo que tirei a foto, mas sim por que uma foto de alguém que morre, tão jovem, de noite, abandonado na rua de uma pacatíssima vila do oeste estremenho como a da minha terra, deve interpelar-nos, deve incomodar-nos, deve inclusive tirar-nos o sono, deve mexer com as nossas consciências, com os nossos sentidos, com a nossa razão, com o nosso coração...

O absurdo da morte - seja aqui, hoje, na Lourinhã ou no Darfur, como ontem na Guiné, no Quirafo ou na Ponta do Inglês - continua, no mínimo, a indignar-nos e a obrigar-nos a escrever... Why ? Porque se morre hoje, tão jovem, de morte violenta, nas nossas ruas, nas esquinas da noite, nas nossas estradas, nos nossos estaleiros de construção, nas nossas fábricas... ? Como ontem nas picadas, nas bolanhas e nos aquartelamentos da Guiné ? Por overdose, por acidente, por suicídio, por homicídio ? Com a nossa cumplicidade, a nossa burocracia, o nosso cinismo, a nossa indiferença, o nosso egoísmo...

Ironicamente, neste quadro tétrico em que o elemento central da composição é um corpo já com sinais de rigidez cadavérica, as garrafas, uma de álcool e outra de água mineral, parecem ser as únicas testemunhas, mudas, de pé, da tragédia que acabou de se consumar durante a noite (ao que presumo)...

Ironicamente ainda, o rótulo da garrafa é de um uísque novo, o VAT 69, talvez a mais popular marca de uísque do nosso tempo, na Guiné (1)... Na época, a nossa droga era o álcool e o tabaco... Ainda não conhecíamos as outras drogas (ditas pesadas, ilegais...) que hoje matam os nossos filhos e irmãos... Nem sequer a erva, a marijuana, tinha chegado à Guiné do nosso tempo...

Enfim, deixem-me acrescentar esta reflexão - algo melancólica e amarga, horas depois do dia dos nossos mortos e dos nossos heróis - ao Grito (sic) que, do Fundão, nos lança o Torcato, a propósito de casos aqui relatados, ora dramáticos ora trágicos, como o da Gilda, do Picão ou do Zé da Desordem...

Citando o Jorge Cabral e o poema que ele dedicou ao Zé da Desordem:

Que te matou, Irmão?
Uma mina? Um tiro? Uma granada?
Ou foi a Solidão,
Que transformou a vida em emboscada?


Coube-nos, historicamente, o papel (necessário mas repulsivo) de coveiros do Império... Nós fomos a geração das hienas e dos jagudis... Outros foram garbosamente, gloriosamente, os leões e os leopardos... Liquidámos o Império (colonial) há pouco mais de 30 anos, regressámos a casa (vencidos ? vencedores ? nem vencidos nem vencedores ?)... Dizem que também fomos parteiros... De um novo regime, de uma sociedade que se queria nova, de novos países... De qualquer modo, há ainda uma ou mais gerações (a nossa e a a dos nossos filhos) a pagar a pesada factura social e humana desse parto doloroso que fechou um ciclo de 500 anos na história do nosso país e que deu origem a novos países lusófonos...

Cá e lá, em Portugal, na Guiné, em Angola, em Moçambique, em Timor, a vida continua entretanto a pregar-nos partidas... É claro que o drama individual não conta para os historiadores... Dos fracos não reza a História, dizem-nos os leões e os leopardos antes de acabarem nas garras e nos dentes das hienas e dos jagudis... É bom, não esquecê-lo, sobretudo nos tempos de arrogância e de mediatismo em que vivemos, e numa sociedade que apenas glorifica "aqueles que da lei da morte se vão libertando" (citando, mal, o nosso grande Camões).

Obrigado, Torcato, foste tu que me deste o mote, o (pre)texto... e definitivamente deixa de pensar e escrever que nos podes chatear com as tuas sempre oportuníssimas notas de comentário aos posts que mandamos para a blogosfera... (LG)

Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.


Mensagem do Torcato Mendonça:

Luís Graça:

1. Vi agora o post do desabafo sobre a Gilda (2). Dias depois, desse meu desabafo, apareceu a caso do Picão (3) ; muito antes tinha aparecido o Zé da Desordem (4). A este, do Jorge Cabral, respondi.

Agora ao do Picão, escrito pelo Amaral Bernardo, ficou a revolta cá dentro… Não queria chatear... só que hoje, 10 de Junho, dizem ser o dia das Forças Armadas, dos Combatentes, dos que, com glória, da vida se libertaram, dizia um sujeito qualquer!

Não gosto dos dias evocativos disto ou daquilo… Tolero, aceito, mas todos os dias são dias de tudo o que querem evocar ou comemorar… Mais ainda, no que aos ex-Combatente diz respeito. Em redundância – respeito, merecem todos os homens e mulheres, que para lá foram empurrados, em juventude perdida, em posterior sofrimento até hoje e, aos poucos, esses sim, não em glória (?) mas em sofrimento, desta vida vão desaparecendo.

Acho que devemos fazer algo. Há tanta gente por aí…e outros que por lá ficaram.

2. Os putos são da Tabanca do Jorge Cabral – Fá Mandinga [e não de Mansambo] (5). Um deles tem um pé deformado, creio que era elefantíase. Seria? Escrevi algo sobre isso. Lá, em Bambadinca, falei com um médico, mas o pai era contra mesinho de branco e não só.

Termino, talvez seja necessário dar um GRITO, a dizer basta e queremos, exigimos, além de respeito, que estes homens sejam tratados com dignidade. Mais não digo, sobe a revolta e vocês não merecem ser chateados com tanto palavreado.

Um abraço,

PS - PARABÉNS PELA FOTO "UM HOMEM E A SUA CRUZ"... ESPECTACULAR! (3)
___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

(...) "Guiné, 24 de Dezembro de 1969. Exma menina e saudosa madrinha: (...) Lá na metrópole há gente que pensa que isto é bonito. Que a África é bonita. Eu digo-lhe que isto é bonito mas é para os bichos. São matas e bolanhas que metem medo, cobertas de capim alto, e onde se escondem esses turras que nos querem acabar com a vida. E mais triste ainda quando se aproxima o dia e a hora em que era pressuposto estarmos todos em família, juntos à mesa na noite da Consoada. Vai ser a primeira noite de Natal que aqui passo. Com a canhota numa mão e uma garrafa de Vat 69 na outra" (...) .

[Vat 69:] Marca de uísque escocês, muito popular na época entre os militares (Havia uma generosa distribuição de bebidas alcoólicas nas frentes de guerra, com destaque para o uísque, 'from Scotland for the exclusive use of the Portuguese Armed Forces').

Na época o salário de um soldado-atirador (cerca de 1500 a 1800 escudos, parte dos quais depositado na metrópole) dava para comprar mais de uma garrafa de uísque (novo) no serviço de aprivisionamento militar (cerca de 40 pesos ou escudos por unidade). No entanto, a bebida mais popular entre os soldados era cerveja. Uma garrafa de cerveja de 0,6 litros chamava-se 'bazuca'.


(2) Vd. post de 6 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)


(3) Vd. post de 8 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1823: Camaradas que já nos deixaram (2): O Picão, da CCS do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), que morreu há dias na miséria (Amaral Bernardo)

(4) Vd. post de 3 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1398: Poema de Natal: Só agora, camarada, te mataram (Jorge Cabral)


(...) "Correia da Manhã > S/d [Dezembro de 2006] > A recorte de jornal dando a notícia de que um ex-combatente na Guiné, de 60 anos, foi encontrado morto na barraca que lhe servia de casa, em Ponte da Barca, Nazaré (...).

"Segundo informações da GNR, não havia suspeita de crime e o cadáver estava já em adiantado estado de decomposição. O ex-combatente, que era conhecido na vila piscatória como o Zé da Desordem , era divorciado e tinha dois filhos já adultos... Ultimamente afastara-se da família, vivendo sozinho numa barraca, sem quaisquer condições de dignidade. Diz ainda a notícia que trabalhava esporadicamente na construção civil e sofria de diversos problemas de saúde, tendo já estado hospitalizado" (...).

(5) Vd. post de 10 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1829: Tabanca Grande (9): À Gilda e a todas as vítimas de guerras, discriminação, racismo... (Torcato Mendonça)