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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18333: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Quem são os camaradas da CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70), que assistiram aos últimos minutos de vida do trágico herói limiano António da Silva Capela (1947-1969), uma das vítimas mortais da emboscada, em 18/10/1969, no último dia da Op Ostra Amarga ? Estou a fazer a biografia deste filho de Ponte de Lima, que não pode ficar sepultado na vala comum do esquecimento na sua terra natal... (Mário Leitão)




Foto nº 2


Foto nº 3


 Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6



Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


 Foto nº 10



Foto nº 11


 Foto nº 12


Foto nº 13



Foto nº 14

Footogramas, selecionados por Mário Leitão, do vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", ORTF, Paris, 1969] , hoje disponível no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58'').


1. Mensagem, com data de 8 do corrente, do nosso camarada: Mário Leitão [ hoje farmacêutico reformado, ex- Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973; residente em Ponte de Lima, membro da nossa Tabanca Grande, escritor, autor de livros como "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012).



Camarada Luís, um grande abraço!

Não sei se será possível ou oportuno pedir à nossa comunidade de grão-tabanqueiros e aos visitantes assíduos as identificações dos camaradas que aparecem nos frames do vídeo ORTF sobre a morte de ANTÓNIO DA SILVA CAPELA, ocorrida no último dia da Operação Ostra Amarga. (*)

A questão é a seguinte: estou a terminar a biografia desse herói limiano (que tem o seu nome numa rua de Loures, mas que é desconhecido em Ponte de Lima!) e gostaria de deixar para a história o maior número de referências possível!

Referir alguns dos camaradas cujos rostos aparecem no filme, seria elementar sob o ponto de vista de rigor histórico, creio eu.

De resto, a biografia do Soldado Atirador de Cavalaria António Capela (CCAV 2487) está bastante completa, havendo uma descrição cronológica dos acontecimentos desde a madrugada do dia 18/10/1969, até ao regresso ao aquartelamento, no final da tarde.

Se for possível lançar um SOS, seria muito bom!
Outro abraço, extensivo a toda a tua equipa!

Muito obrigado!


Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2497 / BCAV 2862  (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido, numa emboscada,  no decurso da Op Ostra Amarga (que ficou também ironicamente conhecida como Op Paris Match)... Os nossos camaradas foram atingidos por um LGFog inimigo.

As duas vítimas mortais foram: (i) o Henrique Ferreira da Anunciação Costa, soldado clarim n.º 03434368, natural de Ferrel,  freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche,  que teve morte imediata; e (ii) o  António da Silva Capela, soldado atirador n.º 0721868, natural da freguesia de Cabaços, concelho de Ponte de Lima:  morreu à espera da helievacuação.  Está sepultado no cemitério de Lousa, concelho de Loures (, município onde tem também nome de rua, homenagem realizada dois anos depois, em 1971).

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo Capitão Cav José Sentieiro, hoje coronel ref) caem num emboscada do PAIGC... O combate é presenciado por jornalistas estrangeiros e registado em filme por uma equipa da televisão francesa... No fotograma acima (foto nº 1), as NT prestam os primeiros socorros a um dos feridos graves. Um dos militares transporta, às costas, uma fiada de granadas de LGFog 3,7...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote, editor jubilado do nosso blogue (*)


2. Comentário do editor LG:


Fazemos um apelo para que os nossos leitores, e em especial os da CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70), possam idenrtificar estes camaradas que estiveram envolvidos na Op Ostra Amarga. (**)

O nosso camarada Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à indispensável e exaustiva recolha e tratamento da informação relativa aos 52 limianos, os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra do ultramar (1961/74).

A lista (52 nomes no total). já aqui por nós publicada.  é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Os camaradas mortos no TO da Guiné  foram assinalados a vermelho (sublinhado). Um deles foi o António da Silva Capela, sold at, CCAV 2487 (1969/70), morto em combate no decurso da Op Ostra Amarga, e cuja atroz agonia foi filmada por uma equipa da televisão francesa, de visita ao TO da Guiné.

3. Este é o vídeo mais 'pornográfico' da guerra da Guiné, passado e repassado nas nossas estações televisivas,  na Net e no cinema, muitas vezes sem um mínimo de "pudor", sem uma informação de contexto, sem citação da fonte: a helievacuação ipsylon que não chegou a tempo, a atroz agonia do sold at da CCAV 2487, António da Silva Capela, natural de Ponte de Lima, mortalmente atingido nessa emboscada, no último dia da Op Ostra Amarga, no subsetor de Bula, região do Cacheu, uma ostra amarga para Spínola, para todos nós  e para os jornalistas franceses que cobriram este acontecimento de guerra.

O vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", com resumo analítico, em português, no poste P2249 (*)] , está disponível no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58''). Foi produzido pela ORTF, a estação de televisão pública francesa, em 1969. Não o podemos reproduzir, diretamente aqui, no blogue, pro razões de direitos de autor.  Mas apelamos a que os nossos leitores o vejam ou revejam, no portal do INA.fr [clicar aqui "Guerre en Guinée"]  para melhor identificação dos nossos camaradas, cujos fotogramas constam da primeira parte deste poste, e que vão renumerados, de 2 a 14.

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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17292: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte II


Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 


De Adelino Pereira de Sousa a Cândido de Abreu Vieira (n=10)

(Continua)

1. Continuação da divulgação do artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão,  farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73. 

O Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à indispensável e exaustiva recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra do ultramar (1961/74).

A lista (52 nomes no total) é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Publicam-se os 10 primeiros nomes. Os camaradas mortos no TO da Guiné vão assinalados a vermelho (sublinhado). Um deles é o António da Silva Capela, sold at, CCAV 2487 (1969/70),  morto em combate no decurso da Op Ostra Amarga, e cuja atroz agonia foi filmada por uma equipa da televisão francesa, de visita ao TO da Guiné.

O vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", com resumo pormenorizado, em português,  no poste P2249 (**)] , está disponível aqui, no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58''). Foi produzido pela ORTF, em 1969.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17240: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte I

(**) 8 de novembro de 2007 >  Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)


sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16577: Vídeos da guerra (13): Documentário "Cartas da Guerra - Making of" (, produção O Som e a Fúria, 2016) passou na RTP2, dia 14 de setembro de 2016, e pode ser visto "on line"




Três fotogramas do documentário "Cartas da Guerra - Making Of" (Com a devida vénia..., à produtora e à RTP2)


CARTAS DA GUERRA - MAKING OF  > RTP2, dia 14 de Setembro, às 21h. Está disponível aqui (para quem o quiser ver e rever):

http://www.rtp.pt/play/p2791/cartas-de-guerra-making-of


Sinopse:

O processo por detrás das câmaras. Como Ivo Ferreira  construiu esta obra dramática, segundo um argumento seu e de Edgar Medina que se inspira em "D´Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobo Antunes (na altura um jovem alferes destacado para Angola) escreveu à mulher.



Ano de 1971. António (Miguel Nunes), de 28 anos, é incorporado no exército português para servir como médico numa das piores zonas da Guerra Colonial, no Leste de Angola. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher amada que se viu obrigado a deixar, ele vai matando as saudades através de longas cartas que durante dois anos lhe escreve. Através delas, o espectador vai conhecendo o homem solitário por detrás do soldado, as suas angústias, desejos e esperanças. Com o passar do tempo, António apaixona-se por África e toma posições políticas?


1. “Cartas da Guerra – Making Of”,  da produtora O Som e a Fúria,  revela-nos aquilo que habitualmente não se vê no ecrã, quando vamos ao cinema ver um filme: os bastidores, os atores "sem maquilhagem", os exteriores,  a construção de cenários, os técnicos,  os intervalos das filamgens, as entrevistas com diferentes elementas das equipas, o processo por detrás das câmaras da realização, enfim, o filme do filme.

Neste caso trata-se de um filme ("making of") sobre o filme português "Cartas da Guerra",  do realizador Ivo M. Ferreira, com argumento do próprio e de Edgar Medina. Inspira-se  em "D’ Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobos Antunes escreveu à sua mulher em Luanda, Huambo, Moxico e Malanje ( e que as filhas do casal Maria José e Joana Lobo Antunes publicaram depois da morte da mãe, mas com o consentimento desta em vida e naturalmente do pai), bem como nos primeiros romances do autor ("Os Cus de Judas", "Memória de Elefante").,,,

O filme é protagonizado por Margarida Vila-Nova e por Miguel Nunes, e passado no ano de 1971,  no leste de Angola. António (Miguel Nunes), de 28 anos, alferes miliciano médico, é mobilizado para a guerra do ultramar/guerra colonial. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher que ele ama, que espera um/a filho/a dele e que se vê obrigado a deixar, em Lisboa, vai matando o tempo e as saudades através do único meio de que de que dispõe: a carta, o aerograma...  Lisboa fica a muitos milhares de quilómetros de distância...

Para além de uma poderosa história de amor,  vamos descobrindo um homem, que é militar e é médico (, licenciado em 1969),   com as suas angústias, os seus desejos e as suas esperanças,  e que se vai transformando na maneira como vê a guerra, a camaradagem, a solidão, a vida, a África e o mundo. Ver aqui o trailer do filme.

2. Título Original: Cartas da Guerra – Making Of (26' 05'')

"Cartas da Guerra",  de Ivo M. Ferreira, estreado comercialmente entre nós, em 1 de setembro passado,  é o filme português candidato à nomeação para Óscar de melhor filme estrangeiro e para Goya de melhor filme Ibero-Americano, de acordo com a Academia Portuguesa de Cinema.  Esta também na lista dos 50 filmes, de trinta e tal países, selecinados pela Academia Europeia de Cinema para o prémio do melhor filme europeu.

O filme está em exibição nos cinemas e deve em breve chegar aos 15 mil espectadores.

"Cartas da Guerra" teve estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim de 2016 e já foi apresentado nos festivais de Sidney, Hong Kong, Thessaloniki, entre outros.

O filme já tem estreia comercial assegurada para França, Espanha, Bélgica, Holanda e Brasil, entre finais de 2016 e 2017.

O filme contou com apoios portugueses (por ex., o exército, além do dinheiro dos contribuintes..,) e de Angola (em particular, das Forças Armadas Angolanas, bem como das populações e  do ex-governador do Cuando Cubango, gen Francisco Higino Lopes Carneiro,  e um dos homens fortes do MPLA, recentemente nomeado para governador da província de Luanda). O Cuando Cubango é conhecido como as "terras do fim do mundo"...

O projeto do filme remonat a 2009. A rodagem em Angola teve também as suas peripécias e contratempos. O “décor” principal,  o aquartelamento de Chiúme, foi construído de raiz, com a paricipação ativa da população local.  O filme conta com um mão cheia de jovens atores e técnicos talentosos, portugueses e angolanos. O realizador diz explicitamenet que não quis fazer um "filme convencional" de guerra. É mais uma história de amor em tempo e espaço de guerra.

A opinião dos antigos combatentes que já viram o filme está longe de ser consensual. No nosso  blogue já aqui opinaram alguns dos nossos camaradas.

Já na altura, a publicação das cartas  e posteriores declarações de A, Lobo Antunes também levantaram polémica. Mas o filme não é do escritor António Lobo, é de um jovem e talentoso realizador Ivo M. Ferreira que quis assumir o risco de fazer um filme a partir de material literário (cartas, aerogramas, e não um conto, uma novela ou um romance...) que não é o mais moldável... Pode-se perguntar se os autores do argumento conseguiram ou não libertar-se do formato imposto pelo escritor ? Conseguiram ou não escrever um bom guião ?

Uma das várias cenas tocantes do filme (e visível no documentário sobre o "making of") é a relação "que se estabelece com a pequena actriz de cinco anos e o seu avô, da comunidade nómada Khoisan, que iria representar o papel de Tchihinga, a menina que Lobo Antunes salva, após uma operação militar, e apresenta à mulher Maria José numa das suas cartas. “Ontem trouxe uma miúda da mata. Os pais digamos que partiram para um mundo melhor. É de raça kamessekele, tem cerca de 3/4 anos e chama-se Tchihinga. Fiquei com ela. É muito bonita (…). Devo dizer que já gosto muito dela”, (António Lobo Antunes, Chiúme, 30.11.71). Este era um momento importante na narrativa do filme. “Tchihinga é uma história a que António Lobo Antunes volta frequentemente, nas crónicas, de vez em quando lá vem a personagem”, diz o realizador (cit por Cláudia Aranda - O filme das cartas do fim do mundo, Pontop Final, (Macau), 7 de agosto de 2015).

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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15291: Vídeos da guerra (12): "A ternura dos 20 anos", de Armando Ferreira, natural de Alpiarça, escultor de profissão, ex-fur mil cav, CCAV 8353 (Cumeré, Bula, Pete, Ilondé, Bissau, 1973/74): uma emocionante e emocionada homenagem aos seus camaradas mortos e feridos, há 42 anos, no "batismo de fogo", em 5/5/1973, em Bula, em que "deixei de ser eu" (sic)


Vídeo (11' 29'') do Armando Ferreira, nosso grã-tabanqueiro nº 704, disponível no You Tube > Armando Ferreira.





Foto nº 1 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 2 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 3 > O fur mil at cav Armando Ferreira e mais furrieis na classe turística do navio que os levou, em março de 1973, até à Guiné

Foto nº 4 > O fur mil at cav Armando Ferreira



Foto nº 5 > P fut mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, morto em combate em 5/5/1973, mês e meio depois da companhia ter chegado ao TO da Guiné. Era um dos amigos chegados do Armando Ferreira: andaram juntos desde o primeiro dia, na recruta e especiliadade em Santarém, na EPC



Foto nº 5 > O fur mil at cav Armando Ferreira


Foto nº 6 > O fur mil at cav Armando Ferreira e camaradas


Foto nº 7 > Foto sem legenda...[Segundo o "olho clínico" do nosso amigo Cherno Baldé, esta foto deve deve ter sido "tirada entre junho a agosto de 1974, no período de euforia do pós-25A74, nela estão elementos da guerrilha e jovens simpatizantes do PAIGC"... Não se sabe o local.]

Fotos: © Armando Ferreira (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. O Armando Ferreira, natural de Alpiarça, escultor de profissão, foi fur mil cav, CCAV 8353, Cumeré, Bula e Pete (1973/74). 

Esta companhia não pertenceu ao BCAV 8320/72, era independente. Foi mobilizada pelo RC 3. Partiu para a Guiné em 16/3/1973 e regressou a 29/8/1974 (17 meses de comissão). Esteve em Bula, Pete, Ilondé e Bissau. Cmdt: cap mil cav António Mota Calado

Veio  substituir a mítica companhia do cap cav Salgueiro Maia, a CCAV 3420 (Bula, 1971/73).  Neste vídeo, de mais de 11 minutos, o Armando faz um emocionado e emociante relato do historial da sua companhia, declamando em "voz off" um dramático e longo texto poético,  a que deu significativamente o título "A ternura dos 20 anos"... 

O vídeo foi colocado no You Tube,  42 anos depois do "batismo de fogo" do Armando e dos seus camaradas, a trágica emboscada que a companhia sofreu em 5/5/1973, na região de Bula,  de que resultaram as 17 primeiras baixas da companhia, das quais 4 mortos:

(i) fur mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, natural da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que era um dos seus grandes amigos;

(ii) 1º cabo at cav José João Marques Agostinho, natural de Reguengo Grande, Lourinhã;

(iii) Sold at cav João Luís Pereira dos Santos, natural de Brejos da Moita, Alhos Vedros, Moita; e

(iv) Sold at cav Quintino Batalha Cartaxo, natural de Castelo, Sesimbra.

Mais tarde, em 4/11/1973, da mesma companhia morrerá, também em combate, Madaíl Baptista, natural de Carvalhais, Ponte de Vagos, Vagos. (Dados do portal Ultramar TerraWeb).

As fotos acima reproduzidas foram recuperadas do vídeo.  Espero que o Armando nos ceda cópias das originais, com maior resolução (**).

Esta CCAV 8353 tem um um blogue em construção, editado pelo Nuno Esteves. Até
a data da entrada do Armando Ferreira na nossa Tabanca Grande não tínhamos qualquer referência a esta subunidade. Temos alguns camaradas do tempo do Armando, e do BCAV 8320/72, que estiveram em Bula como o Fernando Súcio, o Leonel Olhero ou o José Alberto Leal Pinto.

Não confundir este BCAV 8320/72 com o BCAV 8320/73, a que pertenceu por exemplo  o Nelson Henriques Cerveira (fur mil enf, CCS/BCAV 8320/73, Bissorã e Bissau, 1974).

O BCAV 8320/72 foi mobilizado pelo RC 3, partiu para o TO da Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve em Bula, sendo comandado pelo ten cor cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Era composto,  para além da CCS, pelas seguintes unidades de quadrícula: 1ª C/BCAV 8320/72 (Bula, Pete, Nhamate e Bissau); 2ª BCAV 8320/72 (Bula, Nhamate); e 3ª C/BCAV 8320/72 (Bula, BIssorã, Catió, Pete).






Guiné > região de Cacheu > Bula > CCS/BCAÇ 8320/72 (Bula, 1972/74) > Casa dos geradores > O fur mil Olhero vendo os estragos causados por um míssil. O Leonel Olhero, ex-fur mil cav, e nosso grã-tabanqueiro, pertencia ao EREC 3432 (Panhard), 1971/73.

Foto: © Leonel Olhero (2012). Todos os direitos reservados [Edição: CV]


2. Enquanto artista plástico,  e nomeadamente escultor, o nosso camarada Armando Ferreira tem participado em diversas exposições individuais e colectivas: Lisboa, Porto, Faro, Monsaraz,Torres Novas,  Alpiarça.  Está representado com obras em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Holanda. É também autor de cartazes, cenários interiores e exteriores para várias sessões comemorativas: festivais da canção infantil, encontros musicais, ilustração de livros infantis e designers for books. Tem diversas entrevistas, críticas e apreciações por nomes ligados á arte, publicadas em revistas, jornais nacionais, televisão e em várias obras literárias (Portugal e Espanha). (LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15287: Tabanca Grande (475): Armando Ferreira, ex-Fur Mil Cav da CCAV 8353 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)

(**) Último poste da série > 31 de outubro de  2012 > Guiné 63/74 - P10600: Vídeos da guerra (11): Sete anos no bacalhau em alternativa aos dois anos no ultramar: o filme A Outra Guerra (Portugal, 2010, 48')

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10600: Vídeos da guerra (11): Sete anos no bacalhau em alternativa aos dois anos no ultramar: o filme A Outra Guerra (Portugal, 2010, 48')




"A outra guerra", filme documentário, realizado por Elsa Sertório e Ansgar Schäfer, em 2010. Trailer inserido no You Tube pela distribuidora, Kintop.

Vídeo (1' 09''): Alojado em You Tuve > KintopPT (2011) (Reproduzido aqui com a devida vénia)

"Uma viagem no Crioula recordando as fainas do bacalhau em plena guerra colonial. Nas décadas de sessenta e setenta, em plena guerra colonial, os jovens portugueses podiam 'oferecer-se' para a pesca do bacalhau para escapar à guerra colonial.  Através de uma viagem, hoje, a bordo do último lugre português da pesca do bacalhau – o Creoula –, três antigos pescadores da grande faina contam as razões das suas escolhas. Recordam as campanhas de seis intermináveis meses nas águas geladas dos bancos da Terra Nova e as duras condições de vida e de trabalho da sua juventude" (Sinopse: RTP 2).

Estreia: DocLisboa 2010. Estreia Televisiva: RTP2 (2011).

Ficha Técnica
Título Original: A Outra Guerra
Realização e Produção: Elsa Sertório e Ansgar Schäfer
Ano: 2010
Betacam Digital, PAL, 48 minutos
Emissão: RTP2 - 2011-01-23
Distribuição: Kinop.

Já aqui falámos deste filme que teve a sua estreia no Doclisboa2010. Passou igualmente na RTP2, e julgo que neste momento está disponível em DVD. Aqui fica, entretanto, uma iota da sua produtora e distribuidora, a Kinop, para quem se interessa pela apaixonante história da pesca do bacalhau e pela sua relação, em 1960/70,  com a guerra colonial. Sete anos no bacalhau equivaliam a 2 de Guiné, Angola ou Moçambique.

2. Nota da produção e realização do filme:

Partir para a guerra ou partir para a pesca do bacalhau? Já quase ninguém recorda que os jovens portugueses tinham nesta alternativa uma possibilidade de escapar aos perigos de um conflito militar em três frentes.

Os pescadores bacalhoeiros estavam sujeitos a condições especiais, particularmente duras, a uma disciplina muito semelhante à militar. Quando iniciámos este projecto, fascinava-nos, em particular, o dilema imposto pelo regime de os homens terem que escolher entre a guerra colonial e a pesca do bacalhau.

Iniciámos o trabalho de pesquisa convencidos de que muitos jovens do interior teriam escolhido partir para a pesca do bacalhau, por ela ter a vantagem sobre a guerra colonial de ser um trabalho remunerado e de gozar da auréola romântica e heróica construída pelo regime. À medida que nos envolvíamos na pesquisa de documentos e de testemunhos, fomos descobrindo que a pesca não tinha esse poder de atracção senão para aqueles que já estavam familiarizados com o mar. Terá sido porque o recrutamento se fazia apenas nos centros piscatórios? Terá sido porque aqueles que iam para a guerra colonial já sabiam que o que os esperava nos bancos do Norte era algo parecido com uma guerra? A nossa ideia de partida começava a ser abalada, o que fazia crescer ainda mais a motivação para fazer deste filme uma oportunidade de investigação «ao vivo». Pelos relatos que tínhamos ouvido sobre a pesca nos bancos da Terra Nova, parecia-nos tratar-se efectivamente da escolha entre duas guerras.

«Sem a guerra, não teria havido pesca do bacalhau», diz-nos um dos antigos pescadores do filme. Com efeito, nos anos 50, a PIDE andava pelas praias, a recrutar à força pescadores para os bancos da Terra Nova. Mas, quando rebenta a guerra colonial, e perante a escolha que lhes é imposta pelo regime, são os próprios pescadores que passam a procurar ser contratados nos bacalhoeiros para «fugir à guerra».

Neste documentário, tomamos como marcos o início dos anos 60 e o final dos anos 70. É um período de mudanças importantes na política portuguesa da pesca do bacalhau, que coincide com o início e o fim da guerra colonial em África e com um dos grandes fluxos de emigração também relacionado com a guerra e as suas consequências económicas e políticas: por um lado, a pauperização de largas camadas da população; por outro, uma deserção numerosa. Esse período irá prolongar-se até meados dos anos 70 com a queda do regime, em Abril de 1974, e o desmantelamento da frota bacalhoeira. Damos, no nosso trabalho, um especial valor aos contributos orais dos protagonistas, com toda a carga de subjectividade que eles trazem consigo. A história não se faz apenas a partir dos arquivos. É indispensável que no reviver desta parte da história portuguesa participem os actores directos que trabalharam a bordo dos navios bacalhoeiros e que felizmente ainda se encontram entre nós, hoje, para nos poderem transmitir as suas memórias.

(Fonte: Kintop > Filmes > A outra guerra > Nota de intenções) (Reproduzido com a devida vénia)





Cortesia do blogue de António Balau, Nazaré, imagens com palavras > Alguns dos homens da Nazaré "que foram ao bacalhau" (poste de 10/6/2009).  Legenda do autor: "Dos registos constam 912 pescadores da Nazaré, na Pesca do Bacalhau. No Centro Cultural da Nazaré, poderá visitar a Caixa da Memória, onde estão as fotos de alguns pescadores da Nazaré. Esta exposição pretende ser um tributo aos homens que foram ao Bacalhau. Fotos: "Portugal no Mar-Homens que foram ao Bacalhau", coor. Álvaro Garrido, 2008"

3. Depoimento de um antigo pescador do bacalhau, Jaime Pontes, publicado em 3/12/201, no blogue Caxinas a Freguesia:

"A Outra Guerra, será que o título condiz ? Eu estou de acordo e com certeza muitos dos que passaram por essa vida , também não discordarão, até porque ainda estão vivos muitos dos que passaram por essas vivências e,  como eu, sabem que era assim mesmo, não havia alternativa, ou guerra colonial ou pesca do bacalhau.

"Claro que quem vivia da pesca preferia ir para o bacalhau,  sempre se ganhava algum e tinha mais possibilidades de escapar com vida ,então entre as duas guerras se escolhia a menos má, eram tempos difíceis esses! Cada vez que os pescadores se juntavam para pedir melhores condições, logo o Sr. Tenreiro,  então Coordenador do Grémio do Bacalhau, o tal Paizinho dos pobres,  enviava a polícia DGS,  antiga PIDE,  para calar os pescadores e eu tenho dados concretos,  como uma vez estive quase para ser preso e mandado para o Ultramar , o que quer dizer frente da Batalha e com certeza mais alguns que nunca estivemos de acordo com as condições de então sobre o pouco que se ganhava.

Nessa altura havia duas propostas em cima da mesa para discutir com o Sr. Alves,  Inspector da PIDE/DGS do Porto, o Sr. Inspector da Pide pediu 3 pescadores que estivessem presos à tropa - era esse o nome para quem ainda não tivesse dado as 7 viagens que era de lei livrar a tropa, Então como se negaram os mais novos a ir a presença do Sr Alves,  comigo vieram dois dos mais velhos,  já livres,  o Tio Abraão do Coca,  já falecido, e o Zeca Varandas,e discutimos essas duas propostas para as novas viagens do bacalhau, coisa que o Sr. Alves nunca nos deixava fazer, era falar, o homem realmente era feroz,  diria mesmo escolhido para amedrontar,  mas fomos firmes e por dois dias discutimos,embora ele sempre dizia que os mais novos iam para o Ultramar,  o que quer dizer Guerra,  e os mais velhos presos. Isto era de mais, por aí se via que ele já nem sabia como nos virar. Passados uns 10 dias lá conseguimos a mísera vitória, que era mais 5 coroas como se dizia nessa altura em gíria por quintal de bacalhau e passar a Páscoa com as famílias e então a partir daí irmos com Deus para o bacalhau. Felizmente conseguimos isso, mas não sem haver uma luta feroz com o Sr. Tenreiro e a PIDE,  isso tenho eu gravado na minha Memória ...As minhas vivências do Bacalhau, de  1963 a 1969 !!!"
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10128: Vídeos da guerra (10): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte II) (Henrique Cardoso)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10133: (De) caras (12): Foi com um arrepio que voltei ao Xime e a Mansambo, ao ver o vídeo sobre o quotidiano da Cart 2339 (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo António Vaz, ex- cap mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69), com data de ontem, com um comentário sobre o vídeo, excecional, de 50 minutos (, editado em duas partes), que publicámos sobre a vida e a obra dos Viriatos, o pessoal da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo), vídeo esse  que terá passado despercebido a muitos dos nossos camaradas que conheceram a região, e/ou que foram contemporâneos dos acontecimentos:


Data: 8 de Julho de 2012 17:59

Assunto: Imagens da Cart 2339

Camaradas da Cart 2339:

Foi com um arrepio que vi as imagens do vosso e nosso quotidiano no sector L1 da Guiné onde andei com a CArt 1746 do Xime. Operações de desmatação fizemos duas ou três,  sendo uma delas a Cabeça Rapada; fui a Mansambo mais que uma vez, comandei a 2339,  se não me engano 2 vezes,  por impedimento do vosso Capitão (Soares ?) e recordo que vocês eram Malta Porreira.

Revi e revivi as picadas, a intensa chuva, os tornadinhos, as bajudas, tudo.

Um grande agradecimento e um enorme elogio pelo que me foi dado ver e pelo cuidado posto na edição das imagens que não foi de certeza tarefa fácil.

Não há nada como a TROPA MACACA que nós fomos.

Abração do António Vaz
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sábado, 7 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10128: Vídeos da guerra (10): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte II) (Henrique Cardoso)


Vídeo (15' 03''): Henrique Cardoso. Alojado no You Tube > Nhabijoes


II parte do vídeo do ex-Alf Mil Henrique J.F. Cardoso sobre a história da CART 2339 (Fá Mandinga e Massambo, 1968/69) (*).

Cópia gentilmente cedida pelo seu/nosso camarada ex-Alf Mil Torcato Mendonça ou Carlos Marques dos Santos (um deles, já não posso precisar), para ser divulgado através do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. No total (partes I e II), o vídeo sobre a CART 2339 (1968/69) tem cerca de 50 m. Realização, digitalização e insonorização do Henrique J. F. Cardoso (Senhora da Hora, Matosinhos).

Esta subunidade esteve na zona leste da Guiné, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão. Os Viriatos, nome de guerra desta subnidade de quadrícula, construiram de raíz o aquartelamento de Mansambo, entre Bambadinca e o Xitole. Participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969):

Sinopse da parte II:

(i) patrulhamento ofensivo e regresso ao quartel,

(ii) o Gr Comb do alf mil Cardoso vai reforçar Candamã, um das últimas tabanca fulas do regulado do Corubal, juntamente com Afiá [, possivelmente em junho de 1969];

(iii) construção do sistema de autodefesa da tabanca (arame farpado, abrigos, treino da população...)

(iv) a vida quotidiana da tropa em Candamã;

(v) uma chuva tropical (estamos em plena época das chuvas, em 1969);

(vi) coluna a Bambadinca,  com picagem do itinerário dentro do subsetor de Mansambo; (vi) regresso a casa, por avião, do alf mil Cardoso;

(vii) regresso do restante pessoal da CART 2339, por barco, no T/T Uíge.




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Mansambo > Mansambo (sede da CART 2339, 1968/69) e Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal > Carta do Xime (1961) > Escala 1/50 mil. Pormenor > A distância em linha reta entre Mansambo e Candamã era de 10 km... pela picada seria 15 km.

Sabemos, pela história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), que em junho de 1969, a CART 2339 (Mansambo) tem, um Gr Com destacado na Ponte do Rio Udunduma, e outro Gr Comb em Candamã (com uma secção em Afiã); em julho, continua a ter um Gr Comb em Candamã, e outro em Galomaro (reforço do COP 7) (, neste caso, sabemos que é o ; em agosto, idem... Não sei exatamente em que data é o Torcato Mendonça deve ter ido para Candamã. Pode ter sido em junho, agosto ou até setembro...(Vd. aqui as fotos falantes de Candamã, aliás as melhores que temos, em toda a Web, sobre Candamã... faça-se o teste: Pesquisar > Google > Images > Candamã...).

Na história da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), e relativamente à atividade do mês de agosto de 1969, pode ler-se:

(...) Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, é atacada durante mais de duas horas até ao amanhecer do 30 de Julho. Esse brutal ataque (o PAIGC utilizou um bigrupo e armamento pesado) surgiu na sequência do recrudescimento da actividade IN no tradicional triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, após a Op Lança Afiada. (...)

Foi um mês "quente", o de julho de 1969, no setor L1, o mês em que a CCAÇ 12 teve o seu batismo de fogo... Confirmei na história do BCAÇ 2852 (1968/70), Cap. II, pag. 90, bem como na História da Minha Unidade, a CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

As coisas andavam bravas lá para aqueles lados (vd. carta de Duas Fontes ou Bangácia, nome do sede do posto administrativo que, com a guerra, terá perdido importância, em detrimento de Galomaro):

Na madrugada de 30 de Julho de 1969, eu estava em , ainda as armas dos defensores da tabanca fumegavam... (só registo a actividade da guerrilha que, haveríamos de saber mais tarde, era comandada pelo Mamadu Indjai, na zona de acção da tua CART 2339, Mansambo):

(i) No dia 1 de Julho, às 20h00, um Grupo IN , estimado em 30 elementos, flagelou à distância o destacamento de Dulombi [, a sudeste de Galomaro / Duas Fontes]... durante duas horas (!). Os camaradas do PAIGC utilizaram Mort 60, LGFog , Metralhadoras Ligeiras e armas automáticas. Causaram 1 morto e 7 feridos, todos civis. Retiraram na direcção Norte...

(2) Em 10, um outro grupo IN (não se sabe quantos) emboscaram um grupo de 4 civis de Dulombi, a partir de uma árvore, em Paiai Numba [, a sul de Padada, vd. carta da Padada]. Só dois dos civis consequiram regressar a Dulombi, para contar o sucedido...

(3) Quatro dias depois, a 14, por volta das 16h05, um bigrupo (cerca de 60 elementos) - que presumivelmente se dirigia a Dulombi - reagiu a uma emboscada nossa em (PADADA 2E4), com Mort 60, LGFog e armas automáticas durante cerca de 35 minutos... Antes de retirar para Sudoeste, o IN causa às NT 1 morto, 2 feridos graves (1 civil), 3 feridos ligeiros, além de danos materiais num rádio CHP (de mal o menos)...

(4) No dia seguinte, às 20h00, um grupo IN (estimado em cerca de 40 elementos) atacou as tabancas de Cansamba e Madina Alage, durante 60 minutos, com Mort 60, LFog e armas automáticas mas, desta vez, felizmente, sem consequências... O IN retirou na direcção da tabanca de Samba Arabe, levando consigo um elemento da população...

(5) A 20, pelas 20h00, tocou de novo a vez a Cansamba, flagelada por um grupo de 30 guerrilheiros, durante 20 minutos, sem consequências... Retirou na mesma direcção (Samba Arabe)...

(6) A 24, às 00h45, é atacado o destacamento de Dulombi, da direcção SSW. O IN, estimado, em 60 elementos, utiliza LGFog e armas automáticas.

(7) Nesse mesmo dia, às 17h20, o aquartelamento de Mansambo é flagelado, a grande distância, com Mort 82, a partir da direcção sudoeste. Sem consequências. Na outra ponta do Sector L1, o Xime é flagelado, às 19h45 por canhão s/r.

(8) Meia hora depois, a sul de Madina Xaquili, a cerca de 1 Km, um grupo IN não estimado reagiu a forças da CCAÇ 2445, causando 6 feridos ligeiros, entre os quais 2 milícias. Simultaneamente, este destacamento é flagelado à distância, com Mort 60 e LGFog. Há apenas danos numa viatura GMC. O IN retira na direcção de Padada. Três Grupos de Combate da CCAÇ 12 (na altura, ainda CCAÇ 2590) tiveram aqui, nesse dia, o seu baptismo de fogo... em farda nº 3 (!).

(9) No dia seguinte, à 1h20, é atacado o destacamento de Quirafo, durante 3 horas (!), por um grupo estimado em mais de 100 elementos, que utilizam 3 Canhões s/r, 3 Mort 82, vários Mort 60, RPG 2 e 7, Metr Lig e outras armas automáticas... Felizmente, há apenas 1 ferido, mas as instalações do destacamento ficam praticamente destruídas, bem como os rádios DHS e AN/RC-9 e quatro G-3... O arame farpado fora cortado em vários pontos...

(10) A 26, há uma nova flagelação do Xime, às 17h45, da direcção Sul. Com Canhão s/r e Mort 82. Durante 10 minutos. No Xime está a CART 2520, com menos dois pelotões (um destacado em Galomaro e outro - duas secçõas - na Ponte do Rio Udunduma).

(11) No dia seguinte, 27, às 16h50, Mansambo volta a ser flagelado, à distância, durante 10 minutos, com Mort 82. Sem consequências.

(12) Em 28, por volta das 22h30, o dcstacamento de Madina Xaquili vai conhecer o inferno: durante 1 hora e meia, é atacado de todas as direcções, por um grupo de cerca de 60 elementos, com Mort 82, Mort 60, LGFog e armas automáticas. Há dois feridos.

(13) A 29, às 10 da manhã, um grupo IN reagiu, durante 10 minutos, a um patrulha nossa, a 200 metros a SW de Dulombi, que acabava de sair na sequência do rebentamento de uma mina A/C. O IN, que utilizou Mort 60, LGFog e armas automáticas, causou 2 feridos civis.

(14) A 30, às 18h00, Mansambo sofre nova flagelação à distância, da direcção SW. Durante 20 minutos. Com Canhão s/r e Mort 82. Sem consequências.

(15) A fechar o mês (quente) de Setembro, é a vez da tabanca em audodefesa de Candamã [, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo, ] conhecer o inferno: a 30, às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas, causando um 1 ferido grave e 4 feridos feridos às NT e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil... Valeu o comportamento heróico dos homens de Mansambo - menos de um pelotão (uma secção estava em Afiá)!... Homens que eu conheci e abracei, nessa mesma madrugada, quando a aldeia ainda fumegava, na sequência de incêndio de várias tabancas!
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Nota do editor:

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10124: Vídeos da guerra (9): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte I) (Henrique Cardoso)



Vídeo do ex-Alf Mil Henrique J.F. Cardoso. Cópia gentilmente cedida pelo seu/nosso camarada ex-Alf Mil Torcato Mendonça, para ser divulgado através do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


Esta subunidade, a CART 2339 (que tem c. 135 referências no nosso blogue) esteve na zona leste da Guiné, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão (e depois do seguinte, o BART 2917, 1970/72).


Os Viriatos, nome de guerra da valorosa CART 2339, unidade de quadrícula, construiram de raíz  um aquartelamento em Mansambo (c. 180 referências), entre Bambadinca e o Xitole [, vd. carta do Xime]. Participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969). 

O Alf Mil Cardoso foi também comandante (interino) da CART 2339. Estamos-lhe gratos pela cedência do vídeo (originalmente, uma sequência de pequenos filmes em super 8 mm, que ele depois montou, digitalizou e sonorizou). 


O vídeo, no total, tem uma duração de 50 m. O camarada Torcato Mendonça (ou o Carlos Marques dos Santos ?, já não posso garantir com toda a certeza..) fez-me chegar às mãos, há uns atrás, uma cópia com autorização do autor para a sua divulgação pública. Por razões técnicas (incompatibilidades de formato, duração, etc.), só agora (em maio de 2012) nos  foi possível carregar o vídeo (em duas partes) na nossa conta no You Tube (nome da conta: Nhabijoes).

O mínimo que se pode dizer é que é um documento,  excecional e raro,  que vai enriquecer o nosso blogue e sobretudo vai emocionar alguns de nós, pela reconstituição detalhada da vida quotidiana de uma heróica unidade de quadrícula no leste da Guiné, colocada no sector L1, a que correspondia, grosso modo, o temível triângulo Bambadinca - Xime - Xitole. 


A câmara de filmar (em super 8 mm, julgo eu: tinha sido lançadas no mercado por volta de 1965) acompanha o autor desde o dia da partida da companhia (em 14 de janeiro de 1968) até ao regresso à metrópole (em finais de 1969).  Além de disciplinado, o nosso camarada Cardoso é uma pessoa com "olhar treinado", e "mão firme", além de grande sensibilidade e gosto estético,  o que lhe permitiu captar aspetos surpreendentes da nossa vida quotidiana de combatentes, bem como da dos guineenses.


Através do Torcato Mendonça (Fundão) ou do Carlos Marques dos Santos (Coimbra), ou de ambos, eu vou convidar o nosso camarada Henrique Cardoso a integrar a nossa Tabanca Grande. Seria uma honra para nós e uma forma, singela, de lhe dizermos quão gratos estamos pela existência e a disponibilização deste documento precioso, pro aí esquecido (mas não perdido). Sabemos que ele: (i) vive na Senhora da Hora, Matosinhos; (ii) é amigo do Jaime Machado (nosso grã-tabanqueiro); (iii) tinha um plano de filmagens,  e usava de facto uma câmara super 8. (Informação dada ao telefone pelo TM, a quem desejamos um fim de semana descansado, heart friendly & healthy week-end (o mesmo é dizer, um fim de semana de sopinhas e descanso)...

Aqui fica uma sinopse da Parte I do vídeo. A II Parte será inserida, em breve, no nosso blogue (Já está também disponível no You Tube > Nhabijoes, inclui o regresso dos Viriatos a casa).


Parte I: Vida e obra dos Viriatos (nome de guerra do pessoal da CART 2339) 


(i) Embarque para o TO da Guiné (em 14 de janeiro de 1968), 
(ii) viagem no T/T Ana Mafalda, navio da marinha mercante, da Sociedade Geral (SG), 
(iii) partida e despedida no Cais da Rocha Conde Óbidos [, quem é o valente - Viriato ? - que aparece a emborcar uma garrafa de uisque para matar a saudade ?] 
(iv) as dificeis (e nada seguras) condições da vida e de trabalho a bordo, 
(v) passagem por Cabo Verde (Ilha do Sal, em 19 de janeiro), c/ escolta de navio da Marinha de Guerra, 
(vi) chegada a Bissau (em 21 de janeiro), 
(vii) visita (demorada à cidade, monumentos, sítios emblemáticos), 
(viii) desfile militar defronte do palácio do Governador (gen Schulz), a célebre charanga militar,
(ix) viagem de LDG pelo rio Geba acima (em 25 de janeiro), 
(x) aproximação à temível Ponta Varela, antes do Xime, e o habitual reconhecimento por fogo de morteirete, pelos marinheiros da lancha (momento sempre de alguma tensão para os 'piras'), 
(xi) chegada ao porto fluvial de Bambadinca (, sem dúvida, a LDG não ficou no Xime), 
(xii) apresentação e estadia em Fá Mandinga, 
(xiii) a vida quotidiana no aquartelamento (higiene, limpeza, lazer, futebol, correio, convívio...), 
(xiv) a alimentação, as refeições. 
(xv) a partilha das 'sobras' com os putos da tabanca, 
(xvi)  a descoberta da África "exótica" (fauna e flora), 
(xvii) visita a uma tabanca dos arredores (regulado de Badora, 
(xviii) as bajudas, a fonte, 
(xix) a primeira visita a Bafatá, a bela "capital" da zona leste, 
(xx) o rio Geba, as canoas,
(xxi) o regresso em coluna, a Fá Mandinga, na estrada alcatroada Bafatá-Bambadinca,
(xxii) a transferência da CART 2339 para Mansambo,
 (xxiii) a heróica construção, de raiz, do aquartelamento de Mansambo (documentada com muito detalhe), 
(xxiv) a (despreocupada) ida à famigerada fonte (, poucos tempo depois, a 11 de julho de 1968, o bigrupo da zona apanhou à unha um Viriato mais descuidado...), 
(xxv) a morte e o esquartejamento da vaca, 
(xxvi) o fabrico do pão, 
(xxvii) as queimadas, 
(xxviii) a visita a uma tabanca em autodefesa, e  entrega da bandeira verde-rubra ao chefe da tabanca, 
(xxix) as Trms desejam aos Viriatos uma Páscoa feliz (em 1968 ?, em 1969 ?,  o domingo de Páscoa em 1968 foi a 14 de abril; em 1969, foi a 6 de abril), 
(xxx) uma partida de futebol, 
(xxxi) a equipa da  "televisão Mansambo",  o bom humor dos Viriatos,
(xxxii) a população na fonte, as crianças, as bajudas,
(xxxiii) o início (violento, tropical, precoce) da época das chuvas (talvez em maio de 1969, com o quartel já construído ao longo de 1968), 
(xxxiv) chegada de pessoal em viatura, 
(xxxv) uma banho de chuveiro,   já dentro do quartel (o que pressupunha a abertura de um poço dentro do perímetro no quartel, dispensando a perigosa ida à fonte, exterior),   
(xvi) instalação e teste dos obuses 10.5,
(xxxvii) operação Cabeça Rapada (grande mobilização da população civil para capinagem da estrada Bambadinca-Xitole) [, 
 desenrolou-se de finais de Março a meados de Maio de 1969, talvez por seis fases ou seis operações, diz o Torcato Mendonça],  
(xxxviii) instalação da força de segurança, 
(xxxix) os trabalhos de capinagem, 
(xl) o regresso de militares e civis... 

Fim da I Parte. (**)

Vídeo (35' 33''): Henrique Cardoso. Alojado em You Tube > Nhabijoes




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 > Abril de 1968 > Fase de construção do aquartelamento (que o PAIGC, através da rádio Libertação, em Conacri, chamava "campo fortificado de Mansambo")...Os Alferes Milicianos Cardoso e Rodrigues apanham banhos de luar...


Legenda do Carlos Marques dos Santos, o primeiro dos Viriatos  a chegar ao nosso blogue, tendo depois trazido com ele o Torcato Mendonça:


A propósito!... Sabem onde foi tirada esta foto? Em Mansambo, a céu aberto. Camas de ferro nos fossos que iriam ser o aquartelamento fortificado de Mansambo. Data: Abril de 1968. A foto é do Henrique Cardoso, alferes da CART 2339 e seu comandante. Os 3 Capitães, que comandaram a Companhia anteriormente estiveram sempre doentes !!! Ele assumiu o comando. Era miliciano e responsável. Podes publicar, se quiseres. O Cardoso autorizará. Tenho o seu aval. CMSantos".



Foto: © Henrique Cardoso / Carlos Marques Santos (2005)
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Notas do editor:

(*) 23 de novembro de 2006 >

(**) Último poste da série > 12 de março de 2008 >

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4546: (Ex)citações (31): Tenho pena daquele povo afável que vive hoje na miséria absoluta! (J. Carlos Neves)

1. Mensagem de José Carlos Neves (*), ex-Soldado Radiotelegrafista do STM, Cufar, 1974, com data de 15 de Junho de 2009:

Assunto: Filme de George Freire 62/63

Olá a toda a tabanca!

Gostaria de felicitar o nosso camarada George Freire pelo belíssimo filme que fez da sua Comissão na Guiné. Atendendo às condições que havia na altura julgo poder dizer, como profissional da imagem, que está uma bela obra.

Além da recordação que terá para o George também para nós nos faz refelectir. Como era a Guiné antes da Guerra e como ficou depois!

Deixaria umas perguntas no ar. E faço-o com toda a modéstia pois posso estar errado pela falta de conhecimento. Não estaria o povo guineense agora bem melhor se tivessemos continuado lá e sem haver guerra? Será que éramos tão maus como colonizadores?

Julgo que quem ia para o Ultramar, ia para fazer vida lá e não para sacar, como outros povos o fizeram em Africa. Julgo que embora todo o povo tenha direito à sua independência, aquele não estava preparado para o ser. E vê-se por aquilo que ainda hoje se passa na nossa querida Guiné

Não pensem que sou a favor do outro regime, até porque foi o 25 de Abril que me safou as costas, mas tenho pena daquele povo afável que vive hoje na absoluta miséria!

Um Alba Bravo para toda a Tabanca e até Sábado

José Carlos Neves
Soldado Radiotelegrafista do STM
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4322: Tabanca Grande (138): José Carlos Neves, ex-Soldado Radiotelegrafista do STM, Cufar, 1974

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4424: (Ex)citações (30): O meu pai só aprendeu as letras que o trabalho lhe ensinou (José da Câmara)