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terça-feira, 12 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25265: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Lançamento do livro em 2010 - Parte I: texto da intervenção do Nuno Rogeiro

Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 > Sessão de lançamento do livro do Amadú Bailo Djaló, "Comando, Guineense, Português" (edição da Associação dos Comandos, Lisboa, 2010) > A sessão foi presidida  pelo presidente da Associação de Comandos, Dr. José Lobo do Amaral.

A apresentação do livro do Amadu Djaló (o segundo da mesa, a contar da esquerda para a direita), esteve a  cargo de três oradores: o cor 'cmd' ref Raul Folques  (o último comandante do Batalhão de Comandos da Guiné), o cor inf ref e escritor Manuel Bernardo (o último da ponta, do lado direito) e ainda o jornalista e analista político Nuno Rogeiro (o primeiro da ponta, do lado esquerdo).  Vamos relembrá-las aqui, às três intervenções, começando pela do Nuno Rogeiro.

Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 >Sessão de  lançamento do livro do Amadú Bailo Djaló, "Comando, Guineense, Português" (edição da Associação dos Comandos, Lisboa, 2010). > A brilhante intervenção do Nuno Rogeiro, que se reproduz a seguir.

Fotos (e legendas): © Virgínio Briote (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 > Sessão de lançamento do livro "Guineense, Comando, Português" (edição da Associação dos Comandos, Lisboa, 2010) >  Aspecto geral da assistência, que encheu a ala central das famosas caves manuelinas... Na primeira fila, do lado direito, reconhecemos a dra. Maria Irene, esposa do Virgínio Briote bem como o comandante Alpoím Calvão, além do representante do Chefe do Estado-Maior do Exército. A meio, na outra ala, a filha e o neto do Amadu Djaló.


Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 > Sessão de lançamento do livro "Guineense, Comando, Português" (edição da Associação dos Comandos, Lisboa,  2010). O Autor, Amadu Bailo Djaló, membro da nossa Tabanca Grande, e o presidente da Associação de Comandos, Dr.  José Lobo do Amaral... Nas suas palavras de abertura, este último  fez questão de, em nome da associação,  agradecer "ao sócio comando Virgínio António Moreira da Silva Briote a disponibilidade, competência e dedicação com que acompanhou esta Memória, sem a qual não teria sido possível esta edição"... 

No final, também nos  agradeceu a divulgação do evento,  dada pelo nosso blogue,  e manifestou o seu regozijo pela entusiasmo com que foi recebida o 1º volume das memórias do Amadu bem como  pelo pluralismo das abordagens dos oradores.

Fotos (e legendas): © Luis Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


 

Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) 



O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)


1. Foi um dia grande para o nosso Amadu Djaló, o da apresentação do seu livro, no Museu Militar, em Lisboa, no 15 de Abril de 2010. Mas também para o seu amigo, camarada e editor literário, Virgínio Briote.

Vamos recordar os melhores momentos desse evento, a que o nosso blogue dedicou nada mais nada menos do que cinco postes. 

O livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il.)  foi um acontecimento cultural, social e militar, juntando alguns conhecidas personalidades e sobretudo muitos amigos e camaradas, incluindo guineenses, e membros da nossa Tabanca Grande (alguns, infelizmente, já falecidos).

Vamos relembrar aqui as intervenções dos três oradores (Nuno Rogeiro, Raul Folques, Manuel Bernardes), começando pela do jornalista, escritor e analista político Nuno Rogeir0 que consideramos a mais original e estimulante nota de leitura do livro, do autor e da sua história de vida.


NO FIM DAS GUERRAS

por Nuno Rogeiro


A guerra e as suas entranhas, em terras próximas ou estranhas, sempre fascinaram, revoltaram e mobilizaram o homem.

Anarquistas e conservadores, aristocratas e operários, fascistas e antifascistas, descamisados e oficiais de monóculo, sobreviventes das trincheiras e gaseados, soldados de assalto e feridos de morte, poetas e prosadores, pintores e pensadores, muitos investiram as mais nobres energias na reflexão sobre o campo de batalha.

Este pode ser visto como uma simples planície da técnica, da era da espada ou da era de Urânio. Ou ser antes olhado, de forma que se diria “existencialista”, como um vale de lágrimas e revelações, onde se morre e se nasce, mas sobretudo onde habitam homens e mulheres comuns. E onde residem, soberbas ou incógnitas, evidentes ou traiçoeiras, contínuas ou explosivas, a violência e a morte.

Tivemos grandes obras sobre este continente trágico, onde vemos já não como um espelho baço, mas face a face. Como “As Tempestades Aço” de Jünger, como “O Fogo”, de Henri Barbusse, como E.E. Cummings em “O Enorme Quarto”, ou o “Entre Parêntesis” de David Jones, como o “Ronge Maille Vainqueur”, de Lucien Descaves, qualquer livro sobre guerra perturba, alerta, impede a normalidade. E pode despertar, para lá do desespero, a esperança.

É o caso do livro que nos traz aqui. Relato de guerra, seco e sem adornos desnecessários, este volume de Amadu Djaló, escrito em português escorreito e de lei, é tanto uma história de morte como de vida. De tempo de matar e de proteger. De tempo de golpes de mão, executados com precisão e destemor, e de lágrimas por uma criança perdida, em Darsalame Baio, na margem, literalmente na margem: à beira do rio Burontoni, à beira de sentença salomónica.

Relato de vida militar, da obediência perinde ac cadaver, também é uma fiel e lúcida exposição das dúvidas dos combatentes, quando confrontados já não com a obediência, a lealdade e a técnica, mas com os juízos políticos, a diplomacia e as relações internacionais.

Este clima de homens divididos encontra-se na breve descrição do prelúdio à operação “Mar Verde”: resgatar companheiros presos fazia parte da missão, mas o que dizer de levar a cabo um acto de guerra em território estrangeiro?

Estaríamos perante uma violação da soberania alheia, mesmo se de estado hostil, ou antes diante de uma espécie de auto-defesa legítima? Seria “regime change”, ou contra-ataque a quem nos agredia, ou oferecia bases a quem nos ofendesse?

“Obedientes como cadáveres”, como diria Inácio de Loyola. Mas pode um cadáver reflectir, se a alma, prestes a partir, ainda o habitar?

Relato de guerra, este volume, o primeiro de memória, é antes de mais um admirável retrato, de história oral e testemunhos vivos, sobre a humanidade, os seus encontros e desencontros, amores e desamores.

É a história dos condutores sem carta, dos oficiais à estalada em frente de soldados envergonhados, dos civis ambulantes que levavam o cinema às tabancas, de um ataque de abelhas que abatem um homem rijo, de romances ao luar, de misérias na estrada. Um relato de delicadeza e pudor.

Pudor na descrição do que hoje diríamos violência sexual, violência racial, violência animal. O autor, homem bom e reservado, é também bom e reservado, na visualização da desumanidade: o oficial que diz que “preto é como a tartaruga” não é “racista”, mas apenas “um branco mau”.

Este é também um livro sobre o terrível abandono, sobre a inutilidade, sobre o esquecimento. Sobre o absurdo.

Cito, talvez imprecisamente e sem consultar o original, um poema de um dos nossos grandes vates, António Manuel Couto Viana:

“A minha Pátria alçou o braço
Pátria pacífica e pequena
Baixou-o logo de cansaço
Foi Pena

“Cedo arrasou a altiva torre
Que ergueram todos
De mãos dadas
Agora sei como se morre
Por nada”


Esta obra, relato de guerra e do pós-guerra, relato da paz e da pós-paz, é também o mapa deste desencanto, dos combates declarados inúteis, dos combatentes declarados redundantes, dos feridos declarados descartáveis, dos órfãos e viúvas declarados dispensáveis, dos mortos declarados inexistentes, por regulamento ou decreto.

Mas é também uma história, se bem que só esboçada, de reconciliações e de abraços. Abraços e reconciliações às vezes traídos.

O autor encontra-se, a seguir ao 25 de Abril de 1974, com o cabo-verdiano Antero Alfama, quadro do vencedor político, o PAIGC. Os compromissos feitos pelo último são de transição generosa, de integração de todos os guineenses, sem vinganças ou retaliações, sem tribunais especiais ou valas comuns, sem julgamentos secretos e tiros na nuca, sem o “N’kré vivé”, o processo de choques eléctricos, sem asfixia colectiva, em antigos depósitos de munições. Promessas rasgadas pelo processo “revolucionário” em curso em Bissau, mas sobretudo pela iluminação sanguinolenta de algumas vanguardas.

Não vale hoje a pena, se calhar, chorar mais sobre as vidas derramadas, nesse intervalo onde Portugal, independentemente de credos, doutrinas, regimes e pessoas, não fez tudo o que devia, para proteger os que combateram em seu nome.

Não valerá a pena chorar mais sobre o “incidente”, que levou à execução de centenas de comandos, milicianos, civis, em Farim, Cumeré, Portogole, Mansabá, a partir de 1974.

Não valerá mais a pena chorar sobre a aplicação do artigo 86 da Lei de Justiça Militar do novo partido no poder. Não valerá mais a pena chorar sobre aqueles que preferiram ficar na Guiné, a sua terra, em vez de fugir ou de pedir colocação nas instâncias burocráticas de Lisboa.

Não valerá mais a pena chorar por aqueles que aguardavam por oportunidades para continuar a servir a Guiné, ou para serem julgados por crimes de guerra, com todas as garantias e recurso à verdade.

Não valerá mais a pena chorar por este processo. Mas será uma vergonha não o lembrar. Será uma vergonha ter vergonha de o lembrar.

Este livro é também, na tradição dos grandes relatos de combatentes, de tropas de escol ou de guerrilhas, de milícias ou de regimentos fardados a rigor, de irregulares ou de exércitos convencionais, este é também um relato sobre sonhos e premonições, sobre lendas e o outro mundo, sobre conchas mágicas e aparições.

É o caso de João Bacar Jaló, que fecha os olhos, e sabe o que vai acontecer nesse dia.

Nessa zona da mente onde desembarcamos do sono para o sonho, fazem-se também episódios onde imaginamos a morte, às tantas de tal, sem falta.

E lá está ela, pontual no encontro, no fim da picada. Ela, a velha ceifeira, que vem buscar os últimos guerreiros.

É também este um relato sobre acções militares das forças especiais, numa guerra que hoje se chamaria “de baixa intensidade”, mas que teve picos próximos de confrontos convencionais, com emprego de todos os meios, da aviação à artilharia, dos meios navais ribeirinhos à ofensiva em linha contra quartéis e bases.

É, no plano técnico, um bom relato, se bem que parcial e provisório, de incidentes localizados do “nevoeiro da guerra”, com descrições exactas de tácticas e princípios, doutrinas de contra-insurreição e aquilo que a prática, e as lições aprendidas, fazem aos manuais.

É a história da missão, talvez impossível, de ganhar corações e espíritos, num conflito subversivo, às vezes de armas combinadas, com os Harvard e os Alouette a zunir sobre as cabeças dos infantes, às vezes continuação de acções de polícia, de missões de assuntos civis, de operações psicológicas.

Às vezes, muitas vezes, demasiadas vezes, com “vítimas colaterais”, de um lado e de outro. Como diz o autor, no confronto verbal com o comandante guerrilheiro Pedro Nazi, logo a seguir ao cessar-fogo: “Porque se nas zonas libertadas vocês apresentam mil órfãos, nós também vos mostramos órfãos aqui na zona. O chicote da guerra é comprido, muito comprido” (p.205).

Neste sentido, o livro cumpre também o preenchimento da lacuna sobre relatos pessoais, ou de grupo, sobre pormenores operacionais na África Lusófona, do ponto de vista das forças armadas portuguesas e do seu inimigo.

Essa lacuna, que se foi preenchendo, nas últimas décadas, com documentos e relatórios de estado-maior, com romances de base realista, com fragmentos e com monografias, tem ainda muito poucas contribuições dos militares africanos, de um e de outro lado da barricada.

Não seria impensada a criação de uma instituição, no seio da parte da CPLP que directamente viveu as guerras africanas, que pudesse, mais activamente, colmatar a brecha.

Oio, Canjambari, Cunacó, Antuane, Cameconde, Bedanda…Nestas páginas pode-se também deambular pela Guiné desconhecida, uma terra onde as famílias, as raízes, os clãs e os laços ultrapassam fronteiras, e se espraiam para além dos estados definidos pelas regras das administrações europeias, ou dos orgulhos nacionais pós-europeus.

Este é assim, ainda, num tempo que preza os relatos de viagem e as descobertas das partidas do mundo, uma espécie de introdução à Guiné, à querida Guiné de todos os portugueses, tenham ou não deixado o seu melhor naquela terra.

À querida Guiné que – penso poder falar em nome de todos os presentes – continuamos a querer soberana, desenvolvida, feliz e capaz de repartir riqueza pelos seus filhos.

À querida Guiné que, acima de golpes de estado e revoluções, pronunciamentos e discursos com má pronúncia, sublevações e homicídios, narcotráfico e cleptocracia, ameaças estrangeiras e cancros internos, tem suficientes filhos, talentos e energias para erguer um futuro diferente. Um futuro melhor.

Porque este é também um livro para o futuro. Uma espécie de filho do autor, e dos que o ajudaram ao parto intelectual. Um manifesto que lembra, como no desfiladeiro das Termópilas:

“Estrangeiro, vai dizer a Atenas
Que morremos aqui para cumprir a sua Lei”.


Mas que, para além dessa lápide de sacrifício, afirma ainda, de forma límpida, o principio do amor entre os homens. Da possibilidade de recomeçar, mesmo na mais negra das noites. Da disposição firme de dar a mão a antigos inimigos, de erguer torres em conjunto, de obter a absolvição, e de absolver. Ou, como fizeram os bispos polacos, em 18 de Novembro de 1965, duas décadas apenas depois da grande carnificina, na carta pastoral aos irmãos alemães:

“Vimos perdoar, mas sobretudo pedir para ser perdoados”.

No fim das guerras, na lembrança interior, no armistício sem amnésia, na paz dos bravos, na reparação dos males, na humildade de reconhecer o que se fez, o que se sofreu, o que se poderia ter feito, na disponibilidade para afirmar os seus valores e reconhecer os dos outros, desta forma se fazem os futuros pactos de não agressão, os irmãos e os aliados.

E assim se alcança, talvez por milagre, a eternidade.

(Revisão / fixação de texto, negritos e itálicos: LG) (Com a devida vénia ao autor e ao nosso coeditor Virgínio Briote, que nos facultou o texto.)
___________

Nota do editor:

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25201: Convívios (979): 54.º almoço-convívio da Tabanca da Linha, levado a efeito neste dia 22 de Fevereiro, em Algés... Palmas, isso sim, para o magnífico régulo, o Manuel Resende, que com o seu ar discreto mas sempre com grande eficiência "monta e desmonta este bivaque" - Parte I

 


Foto nº 1 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Malta do CIM de Contuboel (junho/julho de 1969, da CCAÇ 12 e da CART 11): da esquerda para a direita, Luís Graça (CCAÇ 12),  António F. Marques (CCAÇ 12), Abílio Duarte (CART 11), Humberto Reis  (CCAÇ 12) e Manuel Macias  (CART 11) (o "penetra", o da ponta direita, é o Carlos Silvério, meu conterrâneo e primo, por afinidade, ex.fur mil at cav, CCAV 3378, Olossato e Brá, 1971/73)... Fizemos um brinde à saúde do Valdemar Queiroz, que foi muito recordado à minha mesa, por mim e pelo Abílio Duarte, e também pelo Manuel Macias. "Força, Valdemar, desta hás de safar-te!!...


Foto nº 2 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > A mesa onde eu fiquei, ao meu lado o António Graça de Abreu.


Foto nº 3 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Mais outros dois convivas da minha mesa: o Arménio Santos (Oeiras) e o António Casquilho Alves (Lisboa)


Foto nº 4 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Ainda na minha mesa, o Abílio Duarte (Amadora) e o João Parreira (São Domingos de Rana)


Foto nº 5 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O Carlos Silva e a esposa (que moram em Massamá) mais o Zé Rodrigues (Belas)


Foto nº 6 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O indefetível Jorge Ferreira (ao centro) mais a esposa e, à direita, o Paraíso Pinto (se não erro), também ele tabanquero fiel da Linha...


Foto nº 7 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > A Ilda e o Zé Carioca, que raramente falham... Moram em Cascais.


Foto nº 8 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O José Miguel Louro e a sua companheira (moram em Algueirão)



Foto nº 9 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O João Rebelo (Lisboa), o Jorge Canhão e um camarada que veio com ele de Setúbal,  o José Silva.


Foto nº 10 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Também nunca falham, Manuel Macias (Linda-A-Velha) e Luís Paulino (Algés)... os dois da ponta, o camarada do meio e o Jorge Rochá. 


Foto nº 11 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Carlos Silvério (Lourinhã), Jorge Pinto (Sintra) e José Miguel Louro (Algueirão)


Foto nº 13 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O Raul Folques /Muratl/ Parede), à nossa direita... Os outros camaradas José Augusto Oliveira (Linda-A-Velha) e  Ernesto Baptista  (Sintra) 

Fotos: © Manuel Resende (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Jà não ia a um convívio da Tabanca da Linha há uns largos meses... Daí me escaparem alguns nomes nas legendas das fotos que agora se publicam (I Parte) (Já os recuperei com a ajuda do Manuel Resende)... 

Confesso que gostei de rever a malta... Éramos para aí uns 70... Estou, estamos mais velhos... e alguns mais vezes a caminho dos médicos e do hospital... Mas o espírito de corpo (mais do que o espírito e o corpo, em separado) continua "fixe"... Sã convívio, tolerância, amizade, camaradagem, descontração, vontade de (con)viver... Sim, tolerância, respeito mútuo...Cabemos lá todos com tudo o os que une e até com aquilo que nos pode separar... 

São duas horas e meia que valem "ouro, incenso e mirra"... Fica aqui um primeiro apontamento do 54º almoço-convívio dos "magníficos". 

No pouco tempo dos aperitivos (meia hora, de pé, antes da malta se sentar à mesa-redonda), dá para pôr a conversa em dia, tirar dúvidas, contar estórias, fazer pedidos e sugestões para o blogue... 

Mesmo com um minuto para cada um (além do pastel de bacalhau e do copo de branco...), consegui falar com o Raul Folques, o Jorge Ferreira, o Domingos Robalo, o Francisco H. Silva, o Jorge Pinto, o João Martins, o Humberto Reis, o António F. Marques, o António Figuinha, o Augusto Silva Santos, o Carlos Silva, etc., e, depois, mais folgadamemte, com os camaradas que ficaram na minha mesa. 

Senhoras, eram poucas desta vez (quatro).

Palmas, isso sim, para o magnífico régulo, o Manuel Resende, que com o seu ar discreto mas sempre com grande  eficiência ( e com o apoio da gerência do restaurante "Caravela de Ouro",  o Lopes, que também foi comando em Angola,,,) "monta e desmonta este bivaque": é ele que organiza estes almoços-convívios numa magnífica sala (privativa...) com vista privilegiada para Pedrouços  e o estuário do Tejo, trata da ementa, discute o preço, anuncia e divulga o evento no Facebook, faz a lista dos inscritos, recebe a massa, tira as fotos... e duvido que, por fim, chegue a almoçar!... 

É duma dedicação extraordinária à Tabanca da Linha e aos seus magníficos tabanqueiros... 

Pela lista que a seguir se publica, o raio de ação da Tabanca da Linha tem-se vindo a alargar umas léguas, desta já vai da Lourinhã (Luís Graça e Carlos Silvério) a Setúbal, passando por Montejunto (Cadaval) (Joaquim Pinto Carvalho, com quem mal falei!)... 

Não digam, pois, que os "meninos da Linha" são elitistas... Para a próxima, está convidada mais tropa e até já temos um "nova-iorquino" inscrito como membro da Tabanca da Linha, o João Crisóstomo!...

PS - Obrigado ao Carlos Silvério e à minha prima Zita pela boleia que me deram até Alfragide, no regresso a casa... s vezes também moro por estas bandas, mas oficialmente estou na Lourinhã, onde faço ginástica com PT.)


(Continua)

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Nota do editor;

Último poste da série > 19 de fevereiro de 2024 > 
Guiné 61/74 - P25187: Convívios (978): 54º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Restaurante Caravela de Ouro, Algés, 5ª feira, 22 de fevereiro de 2024... Últimas inscrições até às 12h00 de 3ª feira

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25177: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Anexos: II. Comandos Africanos: breve cronologia.

 

Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) 




O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)


1. Ainda com base no manuscrito, digitalizado, do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) (*), vamos publicar os "Anexos" (pp. 287-299).

O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra , facultou-nos uma cópia digital. (O Virgínio, com a sua santa paciência e a sua grande generosidade, gastou mais de um ano a ajudar o Amadu a pòr as suas memórias direitinhas em formato word, a pedido da Associação dos Comandos, a quem, de resto, manifestamos também o nosso apreço e gratidão...).

O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem mais  de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manuscritaas foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever (e eventualmente publicar no nosso blogue). Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubilado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou incompleto). E ele prometei-nos que ia começar a fazê-lo, "para a semana"...

Anexos


II. Comandos Africanos: breve cronologia (pp. 288/289)

  • 23Abr69:

despacho do Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Brigadeiro António de Spínola, determinando a selecção de militares destinados à formação de quadros destinados à Companhia de Comandos a organizar oportunamente e constituídos na sua totalidade por elementos guineenses;

  • 14Jul69:

início do estágio de instrução de quadros para a futura Companhia de Comandos Africana, a cargo da 15ª CCmds (Capitães Garcia Lopes e Barbosa Henriques).

  • 6Set69:
final do estágio de instrução;

  • 5Dez69:

colocação na CCmds Africana de 1ºs  cabos milicianos do recrutamento da Guiné, do 1º Curso de Sargentos Milicianos efectuado em Fá Mandinga, sob a responsabilidade da 15ª CCmds;
  • 5Jan70:

início da recruta de militares do 1º turno de 1969 e dos voluntários para a formação da 1ª CCmds Africana, a iniciar em 14 de Fevereiro de 1970 (em Fá Mandinga, Sector L1, Bambadinca);
  • 13Fev70:

cerimónia de graduação de oficiais e sargentos que foram integrar a CCmds Africana;

  • 14Fev70:

início da 1ª fase do curso de Comandos;

  • 21Jun / 15Jul70:

treino operacional na região de Bajocunda;

  • 15Jul70:

fim do curso em Fá Mandinga e constituição da 1ª CCmds Africana, comandada pelo Tenente Graduado João Bacar Jaló, tendo como supervisor o Major Comando Leal de Almeida; colocada em Fá Mandinga, ficou como unidade de intervenção e reserva do Com-Chefe; a partir desta data, manteve-se em reforço do COT 1, em face do aumento da pressão IN. na área, até finais de Set70, tendo recolhido depois a Fá;

  • 30out-7nov70:

foi atribuída como reforço ao sector L1 (Bambadincva), efectua operações no Enxalé;

  •  21/22 Nov70:

operação “Mar Verde”, Conakry.

  • princípios de Dez70 / finais de Jan/71:

destacou 3 pelotões para reforço temporário das guarniçõe de Gadamael e Guileje;

  • de fevereiro a meados de Julho de 1971:

reforço a outros sectores, fez operações  nas zonas de Nova Sintra, Brandão, Jabadá e Bissássema;

  • 12Jun/20Set71:

2º curso de Comandos Africanos; c onstituição da 2ª CCmds Africana e recompletamento da 1ª CCmds; nomeados supervisores da 2ª e 1ª CCmds Africanas os Capitães Comandos Miquelina Simões e Ferreira da Silva.


  • de finais de Julho até Agosto de 1971,

a 1ª CCmdfs esteve em Bolama para recuperação, deslocando-se depois pra Brá, Bissau, nas instalações do futur0 BCmds da Guiné:

  • 30Nov71:

criado o Destacamento de Unidades de Comandos em Brá, sob o comando do Major Leal de Almeida, sendo 2º Comandante o Capitão Miquelina Simões, acumulando com o cargo de supervisor da 2ª CCmds Africana;

  • Out71/set72
a 1ª e a 2ª CCmds Africanos participam, em conjunto,  em ações em Candocea Beafaa (6Out71), Choquemone (18-12Out71), Tancroal (29Out/1Nov71),MOrés (20/24Dez71 e 7-12Fev72),Gussará-Tambicoó (30Mai-3Jun72),pensínsula de Gampará (11-15Nov71 e 24/28Nov71), Caboiana-Churo(28Ab-1Mai72, 26/28JJun72,19/21Dez72) e na região de Salancaur-Unal-Guileje (28Mar-8Abr72).

  • 30Jun/30Set72:

3º curso de Comandos Africanos em Fá Mandinga, destinado à formação da 3ª CCmds;

  • 29Set72:

extinção do Destacamento de Unidades de Comandos;

2Nov72:

nomeação do Comandante e 2º Comandante do BCmds da Guiné, respectivamente o Major Comando Almeida Bruno e Capitão Comando Raul Folques, tendo como supervisores os Capitães Comandos Baptista da Silva da 1ª CCmds, Miquelina Simões da 2ª, Baptista Serra, da 3ª e Matos Gomes da 1ª CCmds.
  • 3Nov72:

cerimónia da constituição do Batalhão de Comandos da Guiné, com a presença do Governador e Comandante-Chefe, onde foram entregues os crachás aos novos Comandos, graduados oficiais e sargentos e entregues os guiões à 3ª CCmds e ao Batalhão de Comandos da Guiné;

  • 1Abr73:

extintas as equipas de supervisão.

  • 30Mai73:

nomeação de uma equipa do BCmds para representarem as Tropas Africanas do CTIG na exposição “Paz e Progresso”, realizada em Lisboa, entre 10 e 24 de Junho de 1973;

  •  29Jun73:

comemorado pela 1ª vez na Guiné o “Dia do Comando”, com a presença do General Comandante-Chefe e de todos os Comandantes, Directores e Chefes da Armada, Exército e Força Aérea: nesta cerimónia, os Comandos do 4º curso juraram Bandeira e receberam os crachás e foram graduados novos oficiais e sargentos; o comando do Batalhão de Comandos da Guiné foi entregue ao Major Raul Folques.

  • 1Mar/29Jun73:

4º curso de Comandos;

  • 15Nov73/31Jan74:

5º curso de Comandos;

  • 7/Set974
extinção do BCMds da Guiné.



Guiné > Brá > 1973 > O furriel graduado 'comando' Cicri Vieira a cumprimentar o Major Raul Folques, comandante do Batalhão de Comandos da Guiné (no período de 28jul73 a 30abr74) (O major Raul Folques sucedeu ao major Almeida Bruno). (Foto publicada no livro do Amadu Djalõ, na pág. 197).





Lisboa >  2009 >  Da esquerda para a direita, o cor inf 'comando' ref Raul Folques e o ten general 'comando' ref Almeida Bruno (os dois primeiros comandantes do Batalhão de Comandos da Guiné, e ambos Torre e Espada) e o saudoso grã-tabanqueiro Amadu Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015).

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Fichas de unidade (CECA, 2002)


Batalhão de Comandos da Guiné

Identificação: BCmds

Crndt: Maj Cav Cmd João de Almeida Bruno | Maj Inf Cmd Raul Miguel Socorro Folgues | Maj Inf Cmd Florindo Eugénio Batista Morais

2º Crndt: Cap Inf Cmd Raul Miguel Socorro Folgues | Cap Inf Cmd João Batista Serra | Cap Cav Cmd Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes | Cap Art Cmd José Castelo Glória Alves

Início: 02Nov72 | Extinção: 07Set74

Síntese da Actividade Operacional

A unidade foi criada, a título provisório, em 2Nov72, a fim de integrar as subunidades de Comandos da Metrópole em actuação na Guiné e também as CCmds Africanas, passando a superintende no seu emprego operacional e no seu apoio administrativo e logístico.

Em 1Abr73, o BCmds foi criado a título definitivo, tendo a sua organização sido aprovada por despacho de 21Fev73 do ministro do Exército..

Desenvolveu intensa actividade operacional, efectuando diversas operações independentes em áreas de intervenção do Comando-Chefe ou em coordenação com os batalhões dos diferentes sectores onde as suas forças foram utilizadas, nomeadamente nas regiões de Cantanhez (operação "Falcão Dourado", de 15 a 19Jan73, e operação "Kangurú Indisposto", de 21 a 23 Mar73); de Morés (operação "Topázio Cantante", de 25 a 27Jan73); de Changalana-Sara (operação "Esmeralda Negra", de 13 a j 6Fev73); de Morés e Cubonge (operação "Empresa Titânica'', de 27Fev73 a 0IMar73); de Samoge-Guidage (operação "Ametista Real", em 20 e 2IMai73); de Caboiana (operação "Malaquite Utópica", de 21 a 22 Jul73 e operação "Gema Opalina", de 24 a 27Set73); de Choquernone (operação "Milho Verde/2", de 14 a 17Fev74); de Biambifoi (operação "Seara Encantada", de 22 a 26Fev74) e de Canguelifá (operação "Neve Gelada", de 21 a 23Mar74), entre outras. As suas subunidades, em especial as metropolitanas, foram ainda atribuídas em reforço de outros batalhões, por períodos variáveis, para intervenção em operações específicas ou reforço continuado do respectivo sector.

Das operações efectuadas, refere-se especialmente a operação "Ametista Real", efectuada de 17 a 20Mai73, em que, tendo sofrido 14 mortos e 25 feridos graves, provocou ao inimigo 67 mortos e muitos feridos, destruindo ainda 2 metralhadoras antiaéreas e 22 depósitos de armamento e munições com 300 espingardas, 112 pistolas-metralhadoras, 100 metralhadores ligeiras, 11 morteiros, 14 canhões sem recuo, 588 lança-granadas foguete, 21 rampas de foguetão 122, 1785 munições de armas pesadas, 53 foguetões de 122,905 minas e 50.000 munições de armas ligeiras.

Destacou-se também, pela oportunidade da intervenção e captura de 3 morteiros 120,367 granadas de morteiro, 1 lança granadas foguete e 2 espingardas e 26 mortos causados ao inimigo, a acção sobre a base de fogos que atacava Canquelifá, em 21Mar74.

Em 20Ag074, as três subunidades de pessoal africano foram desarmadas, tendo passado os seus efectivos à disponibilidade.

Em 7Set74, o batalhão foi desactivado e exinto.

Observações - Não tem História da Unidade.

CECA (2002), pp. 646/647

1ª Companhia de Comandos Africanos

Identificação:  1ª CCmdsAfr

Crndt: Cap Grad Cmd João Bacar Jaló |Ten Grad Cmd Abdulai Queta Jamanca | Ten Grad Cmd Cicri Marques Vieira | Cap Grad Cmd Zacarias Saiegh

Início: 9Ju169 | Extinção: 7Set74

Síntese da Actividade Operacional

Foi organizada em Fá Mandinga a partir de 09Ju169, exclusivamente com pessoal natural da Guiné e foi formada com base em anteriores Grupos de Comandos existentes junto dos batalhões, tendo iniciado a sua instrução em 6Fev70 e efectuado o juramento de bandeira em 26Abr70.

A subunidade ficou colocada com a sede em Fá Mandinga, com a missão de intervenção e reserva do Comando-Chefe, após ter terminado o seu treino operacional na região de Bajocunda, de 2IJun70 a 15Ju170, e onde, seguidamente, se manteve em reforço do COT 1, em face do aumento da pressão
inimiga na área, até finais de Set70, tendo então recolhido a Fá Mandinga.

A partir de 300ut70, foi atribuída em reforço de vários sectores, tendo tomado parte em operações nas regiões de Enxalé, de 300ut70 a 07Nov70, na zona de acção do BArt 2927; de Nova Sintra, Brandão, Jabadá e Bissássema, de Fev71 a meados de Julho71, em reforço do BArt 2924. 

Tomou ainda parte na operação "Mar Verde", em 21 e 22Nov70, em acção sobre Conacri e destacou três pelotões para reforço temporário das guarnições de Gadamael e Guileje, de princípios de Dez70 a finais de Jan71.

Em finais de Ju171, seguiu de Tite para Bolama, para um curto período de descanso e recuperação, tendo, em meados de Ago71, passado a ficar instalada em Brá (Bissau), nas instalações do futuro BCmds.

Seguidamente, passou a efectuar operações conjuntas com a 2ª CCmds Afr, em regiões diversas, nomeadamente nas regiões de Cancodeá Beafada, em 60ut71; do Choquemone, de 18 a 220ut71; de Tancroal, de 290ut71 a 1Nov71; do Morés, de 20 a 24Dez71 e de 7 a 12Fev72; de Gussará-Tambicó, de 30Mai72 a 3Jun72 e ainda as operações preparatórias e de consolidação da instalação do COP 7 na pensínsula de Gampará (operação "Satélite Dourado", de 11 a 15Nov71 e a operação Pérola Amarela", de 24 a 28Nov71). 

Tomou também parte em operações desenvolvidas pelo CAOP 1, na região de Caboiana-
-Churo, de 28Abr71 a 1Mai72, de 26 a 28Jun72 e de 19 a 21Dez72 e pelo COP 4, na região de Salancaúr-Unal-Guileje, de 28Mar72 a 08Abr72.

Em 2Nov72, foi integrada no BCmds, então criado, tendo tomado parte em todas as operações planeadas e comandadas por este e tendo ainda sido atribuída algumas vezes para realização de operações desenvolvidas pelos sectores ou comandos equivalentes.

A 1ª CCmdsAfr foi desactivada e extinta em 7Set74, com as restantes forças do BCmds.

Observações - Não tem História da Unidade.

CECA (2002), pp. 648/649

2ª Companhia de Comandos Africanos

Identificação 2.a CCmdsAfr
Cmdt: Ten Grad Cmd Mamadu Saliu Bari | Ten Grad Cmd Adriano Sisseco | Ten Grad Cmd Armando Carolino Barbosa
Início: 15Abr71 | Extinção: 7Set74

Síntese da Actividade Operacional

Foi organizada e instruída em Fá Mandinga a partir de 15Abr71 exclusivamente com pessoal africano natural da Guiné e foi formada com base em anterior Grupos de Comandos existentes junto dos batalhões e com graduados vindos da 1ª CCmds Afr, tendo realizado o treino operacional de 28Ag071 a 23Set71, o qual incluiu a participação em operações realizadas nas regiões de Sancorlá-Cossarandim e Ponta Varela, no sector do BArt 2917.

A subunidade ficou colocada em Fá Mandinga, com a função de intervenção e reserva do Comando-Chefe, tendo sido atribuída inicialmente ao BArt 2917, com vista à realização de operações nas regiões de Malafo-Enxalé, em 10/11Set71 e Gã Júlio, de 2 a 40ut71.

Em meados de Out71, passou a ficar instalada em Brá (Bissau) nas instalações do futuro BCmds, em conjunto com a 1ª CCmds Africana com a qual passou a tomar parte em operações realizadas em regiões diversas, nomeadamente nas regiões de Cancodeá Beafada, em 60ut71; do Choquemone, de18 a 220ut71; de Tancroal, de 290ut71 a 01Nov71; do Morés, de 20 a 24Dez71 e de 7 a l2Fev72; de Gussará-Tambicó, de 30Mai72 a 03Jun72 e ainda as operações preparatórias e de consolidação da instalação do COP 7 na península de Gampará (operação "Satélite Dourado", de l l a 15Nov71 e
operação "Pérola Amarela", de 24 a 28Nov71.

Tomou também parte em operações desenvolvidas pelo CAOP 1 na região de Caboiana-Churo, de 28Abr71 a IMai72, de 26 a 28Jun72 e de 19 a 21Dez72 e pelo COP 4, de 28Mar72 a 08Abr72. 

Realizou ainda operações em diversas zonas de acção, nomeadamente na região de Suarecunda, em 17Jan72 e de 18 a 21Mai72, no sector do BCaç 3832 e de Sare Bacar, em 06Mai72, no sector do BCav 3864, entre outras.

Em 2Nov72, foi integrada no BCmds, então criado, tendo tomado parte em toda as operações planeadas e comandadas por este batalhão e tendo ainda sido atribuída algumas vezes para realização de operações desenvolvidas pelos sectores ou comandos equivalentes.

A 2ª CCmds Afr foi desactivada e extinta em 07Set74, com as restantes forças do BCmds.

Observações - Não tem História da Unidade.

CECA (2002), pp. 650/51

3ª Companhia de Comandos Africanos

Identificação: 3ª  CCmds Afr

Crndt: Alf Grad Cmd António Jalibá Gomes |  Ten Grad Cmd Bacar Djassi | Alf Grad Cmd Aliú Fada Candé | Alf Grad Cmd Malan Baldé

Início: 14Abr72 | Extinção: 07Set74

Síntese da Actividade Operacional

Foi organizada e instruída em Fá Mandinga a partir de 14Abr72 até 16Set72, para concretização do despacho de 3Mar72 do CCFAG, sendo constituída exclusivamente com pessoal africano natural da Guiné, recrutado nas subunidades africanas da organização territorial e das subunidades de milícias e com graduados vindos das anteriores CCmds Afr, tendo a imposição das insígnias de "comando" sido efectuada na cerimónia de criação do BCmds, em 2Nov72.

Em 2Nov72, foi integrada no BCmds, então criado, ficando instalada em Brá (Bissau) e tomando parte nas operações planeadas e comandadas por aquele batalhão. Algumas vezes foi atribuída para realização de operações desenvolvidas por sectores ou comandos equivalentes, nomeadamente na região de CampadaJ Barraca Banana, em 4Dez72, no sector do BCav 3846.

A 3ª CCmds Afr foi desactivada e extinta em 7Set74, com as restantes forças do BCmds.

Observações -  Não tem História da Unidade.

CECA (2002), pág. 652

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 648/652.
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25166: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Anexos: algumas notas biográficas I


Lisboa > Mesquita Central de Lisboa  > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015) > Da esquerda para a direita, (i) Cor Ferreira A A Silva, (ii) sobrinho e (iii) filho do Amadú [que vive em Londres], (iv) José António A Pereira (da 38ª CCmds), (v) filho mais do Amadú [que vive em Lérida, Espanha], (vi) neta do Amadu, (vii) Saiegh (do BCCmds Africanos), (viii) Mário Dias, (ix) Virgínio Briote e (x) um outro guineense não identificado.

Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2015).  Todos os direitos reservados. [Edição e kegendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Mesquita Central de  de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló > Da esquerda para a direita, Jaquité (fur cmd BCmd da Guiné), cor cmd Raul  Folques (cmdt BCmds da Guiné), Amílcar Mendes e José António Pereira, ambos da 38ª CCmds, Virgínio Briote.

Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e kegendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



 Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) 




O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)


1. Ainda com base no manuscrito, digitalizado, do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) (*), vamos publicar os "Anexos" (pp. 287-299)

O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra , facultou-nos uma cópia digital. (O Virgínio, com a sua santa paciência e a sua grande generosidade, gastou mais de um ano a ajudar o Amadua a pòr as suas memórias direitinhas em formato word, a pedido da Associação dos Comandos, a quem, de resto, manifestamos também o nosso apreço e gratidão...).

O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manuscritaas foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever (e eventualmente publicar no nosso blogue). Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubilado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou incompleto). E ele prometei-nos que ia começar a fazê-lo, "para a semana"...

Anexos


I. Algumas Notas sobre o Amadu Bailo Djaló (pp. 288/289)

(i) Amadu Bailo Djaló nasceu em Bafatá, em 1940;

(ii) filho de Cherno Iaia Djaló e de Ana Condé;

(iii) aos 14 anos, o irmão mais velho levou-o para Boké, para casa de um tio, de onde era natural a mãe; o pai era de Fulamorie, também da República da Guiné-Conakry.

(iv) um ano depois regressou a Bafatá; aos 16 anos conheceu, pela primeira vez, Bissau e um ano depois Bolama;

(v) desde muito jovem quis ganhar dinheiro e ser independente: começou por organizar bailes e festas, juntamente com um primo, para a juventude de Bafatá, a quem cobrava as entradas; as meninas de então chamavam ao Amadu Mari Velo;

(vi) enquanto não foi incorporado, foi trabalhando na construção civil, primeiro no Gabu, como capataz, um pouco mais tarde em Bafatá (estávamos em 1958);

(vii) nos princípios de janeiro do ano seguinte, regressou a Bafatá; como sabia ler e escrever, foi para a campanha da mancarra; aos 20 anos quis dar um salto, tornar-se verdadeiramente independente: conseguiu abrir uma banca para negociar no Mercado de Bafatá;

(viii) mas a incorporação estava à porta: recenseado pelo concelho de Bafatá, sob o nº 21 em 1962, foi alistado em 04jan62, como voluntário, no Centro de Instrução Militar;

(ix) depois da recruta em Bolama, seguiu-se o CICA/BAC, em Bissau, depois Bedanda na 4ª CCaç, a 1ª CCaç em Farim;

(x) regressou à CCS/QG, depois os Comandos de 1964 a 1966, voltou à CCS/QG, depois os BCav 757, BCac1877, BCav1905 e BCac2856, todos sediados em Bafatá;

(xi) em meados de Jul69foi transferido para a 15ª CCmds, seguindo-se então a 1ª CCmds Africanos, o BCmds da Guiné e a CCaç21 (base em Bambadinca) até ao 25 de Abril de 1974;

(xii) foi promovido a 1º Cabo em 1Jan66 e louvado pelas actuações em operações no ano de 1966; novamente louvado em 1967, em OS do BCaç1877, de 30Set67, pelo seu comportamento em acções de combate durante o ano de 1967 (07Jan/24Set67);

(xiii) foi graduado em furriel em 6Fev70 e 2º Sargento em 7Nov71, tendo sido louvado pelas acções em que participou durante o ano de 1972. Condecorado com a Medalha de Cruz de Guerra de 3ª Classe em 1973[1].

(xiv) foi novamente graduado em alferes em 28Jun73; pela sua actuação nas operações durante o ano de 1973 recebeu novo louvor.

(xv) Passou à disponibilidade em 01Jan75, devido à independência do território da Guiné.

A carreira militar de Amadu Bailo Djaló em datas:

  • 1º Cabo em 1Jan66;
  • Furriel Graduado em 6Fev70;
  • 2º Sargento Graduado em 7Nov71;
  • Alferes Graduado em 28Jun73, até à passagem à disponibilidade;
  • Desgraduado (sem o seu acordo), por despacho de 18Nov86, com efeitos a partir de 1Jan75, regressando ao posto de 1º Cabo, posto que possuía antes das sucessivas graduações;
  • Presente á JHI / HMP em 19Mar87, foi julgado apto parcialmente para o trabalho, com a desvalorização de 23,5% por agravamento de ferimentos em combate. [2] 
_________

Notas do autor ou do editor:

[1] Nos 8 tomos 
do 5º volume da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974  - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) (...) , não existe referência à referida condecoração.

[2] Estes dois últimos parágrafos não constam da edição em papel (pág. 289). (LG)

(Revisão / fixação de texto: LG)
___________


(**) Sobre a infância, adolescência e juventude antes da tropa, vd, os postes:


(...) A minha família era da Guiné Francesa. O meu pai, Tcherno Iaia Tata Djaló, nasceu em 1895, em Tata Fulamori, a meia dúzia de quilómetros de Piche, e a minha mãe, Ana Condé, que nasceu em 1904, era da vila de Boké. O meu pai amava muito os seus filhos, era um homem que estou sempre a recordar. Trabalhou muitos anos como empregado de balcão numa loja de um libanês, de nome Assad. (...)

26 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23739: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte V: a juventude antes da tropa, quando o pai sonhava para ele uma grande carreira no exército francês

(...) Dizia-me que não queria que eu fizesse tropa no exército português, pois nunca passaria de cabo. Falava-me disto como se fosse um segredo. Que, em consultas que tinha feito, tinha visto para mim um posto brilhante, com galões, que na Guiné nunca eu viria ter. Que preto não conseguia postos desses na Guiné.(...)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25104: Casos: a verdade sobre... (42): O "making of" do livro do Amadu Djaló (1940 - 2015), "Guineense. Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il.) (Virgínio Briote)



Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > Em primeiro plano, o Virgínio Briote e o Amadu Djaló, um e outro muito acarinhados por todos. Não sei o que é o que Virgínio, um homem sábio, europeu, estava a pensar, mas possivelmente estava a organizar a sua resposta à questão, pertinente, levantada pelo Amadúnico,    outro homem sábio, africano: 

"Os portugueses, a alguns povos, deram-lhes novos nomes e apelidos, livros para estudar e consideraram-nos civilizados. Desta civilização não precisávamos, mas faltava-nos a cultura, porque a cultura, de onde sai não acaba e de onde entra não enche. E no nosso Alcorão está tudo, moral, comportamento cívico e civilização e nós não precisávamos de ser civilizados, o que nos faltava era escola para aumentar os nossos conhecimentos"...




Projecto de capa do livro do Amadu Djaló, membro da nossa Tabanca Grande, já entretanto alterado... Finalmente, e depois de um longo calvário, chegam ao fim os árduos trabalhos do "making of"  do livro, da história de vida do Amadu que teve, no Virgínio Briote, mais do que 'copy desk', um editor literário, um amigo, um camarada, um confidente, um cúmplice, um advogado de defesa, um verdadeiro defensor dos seus interesses, editoriais, morais  e materiais. (...Na edição do 1º volume, que esteve cargo da Associação de Comandos, estava-se então, em fevereiro de 2010,  na fase final de revisão de provas tipográficas. O Virgínio referiu nessa altura a excelente colaboração de dois camaradas nossos, o Carlos Silva e o Manuel Lema Santos. (...)  (LG) (*)


Lisboa >  Museu Militar >  15 de Abril de 2010 > Lançamento do livro do Amadú Bailo Djaló,  membro da nossa Tabanca Grande, "Comando, Guineense, Português" (Lisboa: Associação dos Comandos, 2010, 229 pp., 150 fotos, preço de capa: 25 €). 

O Amadu e a seu lado a filha (e o neto, que não se vê na foto)...  Foi pena que, entretanto,  não tenha saído em vida o 2º volume, com as aventuras e desvanturas do autor, a seguir à independência do seu pais. Vivia então em Portugal, na Amadora. Acabou a sua carreira militar como alf comando graduado, na CCAÇ 21, comandada pelo ten cmd grad Jamanca, um dos primeiros camaradas guineenses a ser fuzilado pelo PAIGC.


Lisboa > Museu Militar > 15 de Abril de 2010 > Lançamento do livro do Amadu Bailo Djaló, membro da nossa Tabanca Grande, aqui na foto com o presidente da Associação de Comandos, dr. José Lobo do Amaral... 

Nas suas palavras de abertura, Lobo do Amaral  fez questão de, em nome da associação,  agradecer "ao sócio comando Virgínio António Moreira da Silva Briote a disponibilidade, competência e dedicação com que acompanhou esta Memória, sem a qual não teria sido poossível esta edição"... 

No final, também nos agradeceu a divulgação dada pelo nosso blogue e manifestou o seu regozijo pela entusiasmo com que foi recebida o 1º volume das memórias do Amadu bem pelo pluralismo das abordagens dos oradores.

Fotos (e legendas): © Luis Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Comentário de Virgínio Briote ao poste P25087 (**):

O Amadu depois do fim do Gr Cmds  "Fantasmas",  do Maurício  Saraiva, voltou para o QG e foi o Luís Rainha que, sentindo que o seu grupo tinha poucos guineenses experientes, o foi lá buscar e trouxe também o Kassimo. 

O Amadu distinguia-se pelas maturidade e pelo bom senso na análise das situações.

Quando o reencontrei em Lisboa, aí por 2005 (o meu anos da reforma), falou-me das recordações que tinha da sua Guiné, da sua família. Pouco tempo depois o Presidente da Assocaição de Comandos  telefonou-me, convidando-me a visitar as instalações na Duque d'Ávila. 

No contacto que tivemos pediu-me um artigo sobre os Gr Cmds do CTIG dos anos 1965/66. Foi pouco depois da publicação do artigo que me voltou a telefonar para novo encontro na Associação. E foi nesse encontro que me falou dos dois maços de folhas A4, que eram uma espécie de diário do Amadu Jaló. 

E depois, foi a leitura ou tentativa de leitura porque havia muitas partes ilegíveis para mim, o reencontro com o Amadú, a visita a casa dele, e o programa que estabelecemos para o esboço do livro. 

Seguiu-se o trabalho, encontros em minha casa, almoçávamos juntos, esclarecíamos dúvidas e andávamos para a frente. Ele fazia questão do livro ser "exactamente" o que tinha escrito, sem nenhum desvio. Foi um trabalho muito longo, por vezes ele adoecia ou tinha alguém em casa doente ou visita da Guiné, o que fez com que dessemos o trabalho pronto para entrega, quase um anos depois. 

O que se passou depois foram divergências, talvez o acordo entre as partes não tenha ficado bem claro, o que levou o Amadú a ficar um tanto queixoso da Associação de Comandos..

Amadu Djaló
Ficou no meu espírito a ideia que era um Homem. Adorava a sua Família e a sua Guiné. E estava numa fase de grande tristeza pela falta de rumo da vida política na sua Terra. Nos últimos meses da sua vida as dificuldades respiratórias acentuaram-se. Levei-o várias vezes ao Hospital Amadora-Sintra, deram-lhe alta e não havia ninguém para o ir buscar. Era inverno, peguei no sobretudo e fui buscá-lo ao hospital para o levar para casa. Não tinha roupa, deixei-o ficar em casa bem agasalhado.

Tempos depois foi novamente internado no Hospital de Belém e lá encontrei o cor Raul Folques em visita a um familiar muito chegado e lhe disse que ia visitar o Amadú. 

Vários episódios se repetiram até que ele queria escrever outro livro, eu disse-lhe que não contasse com a minha ajuda por motivos facilmente compreensíveis.  Ofereceu-me um molhe de folhas A4 e disse para eu fazer o que quisesse com elas. Morreu dias depois e, conforme nos tinha pedido, queria ser enterrado em Bafatá junto aos Pais.

Para finalizar este comentário que já vai longo, o Amadu Djaló, amava a sua Família, a Guiné e Portugal.
V Briote

Nota: este comentário vai sem revisão. Desculpem.


2. Comentário adicional de Joaquim Luis Fernandes ao poste P25087 (**)

Não sei porquê, mas ao acabar de ler o comentário do camarada Virgínio Briote, fui acometido por um sentimento de profunda dor, que me arrasou os olhos de água.

A dor e os dramas que a guerra tece! Quem nela andou e sofreu jamais os esquece.

Para o Amadu Djaló que partiu, que descanse em paz. Para todos nós ainda vivos, que não nos falte a paz.

Que saibamos optar sempre pela concórdia e pela paz E a exemplo dos Maiores, amar a Família e a Pátria Mesmo sentindo que algumas vezes nos é ingrata.

Abraços Fraternos
JLFernandes


3. Em complemento deste importante esclarecimento feito pelo Virgínio Briote, e que editamos na série "Casos: a verdade sobre..." (***): comentário do editor LG ao blogue criado em dezembro de 2010 pelo filho do Amadu Djaló, que vivia em Londres, Idriça Djaló, e que infelizmente não teve continuidade, embora ainda se mantenha "on line" (****)


Meu camarigo (camarada e amigo) Amadu:

Soube pelo teu mano Briote que estavas agora em Londres, ao pé dos teus filhos. Nós estamos bem onde estão os nossos entes queridos. Desejo-te boa estadia e boa saúde. Esse clima não é o melhor para os teus problemas respiratórios. 

Em contrapartida, tens o carinho e o amor da tua família. Na vida nunca temos tudo. Sei também do teu desejo de ainda voltar à tua terra, à nossa querida Guiné. Vamos manter acesa a chama da esperança. Isso vai concretizar-se, esse teu sonho. 

Até lá ficamos também a aguardar a publicação do teu 2º livro de memórias. É importante que o completes. Confia no Briote, que tem sido mais do que teu amigo e irmão. E confia em nós, os membros do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, onde tens muita gente que te estima, admira e leu o livro. (...) . 

Parabéns por este blogue que te abriu o teu filho Adriça. Mas é preciso alimentá-lo... Prometemos vir cá de vez em quando... 

Um Alfa Bravo (ABraço). Mantenhas para toda a família. Luís Graça
 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de  2010 > Guiné 63/74 - P5883: Biliografia de uma guerra (55): Lançamento, previsto para fins de Março, do livro do Amadu Djaló, Guineense, Comando, Português: 1º Volume: Comandos Africanos, 1964-1974 (Virgínio Briote)


(***) Último poste desta série > 17 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25079: Casos: a verdade sobre... (41): "Canquelifá era o seu nome" - Uma batalha de há 50 anos (José Peixoto, ex-1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, 1972/74) - IV (e última) Parte: O nosso batismo de fogo, na bolanha do Macaco-Cão, em 29 de agosto de 1973

(****) Vd. poste de 6 de dezembro de  2010 > Guiné 63/74 - P7391: Blogues da nossa blogosfera (40): Amadu Bailo Djaló, agora em Londres: Guineense, Comando, Português (Idriça Djaló)