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domingo, 30 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6500: Meu pai, meu velho, meu camarada (22): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (5) (Luís Graça)



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo  (ou Ribeiro de Julião ?) > Legenda: "Jantar em San Vicente, Nosse terre. Nativos em festa. Recordações da minha estada em C. Verde (Expedição). 1941-1943. Luís Henriques".




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Ribeira de Julião  > 1943  > Legenda, a tinta verde, já quase impercetível: "Dançando o batuque na Ribeira de Julião,  no dia [da festa ?] de S. João [...] 1943. Luis Henriques". Foto Melo.




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Hospital, fundado em 1899.




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Julho de 1942 > Praça e  Mercado da  cidade



 


Vídeo (1' 30''): © Luís Graça (2010). Alojado em You Tube > Nhabijoes


"30 pessoas morriam por dia, no Mindelo", em São Vicente, no auge da fome que grassou em Cabo Verde... A cidade do Mindelo, cuja economia foi profundamente afectada pela guerra,  não escapou aos horrores da seca e da fome. Aí estavam estacionados alguns milhares (c. de 3300)  expedicionários portugueses, como o 1º  cabo Luís Henriques, nº 188/41 (1º Pelotão, 3º Companhia, 1º Batalhão, RI 5).

Os mortos eram levados em esquife e enterrados em vala comum, no cemitério de Monte Sossego. Não se sabe qual foi a morbimortalidade entre os soldados, mas também deve ter sido elevada (por turbeculose, doenças diarreicas, e outras).

Foi, só mais tarde,  ao ler o romance Hora di Bai (editado pela Vértice em 1962), do Manuel Ferreira (1917-1992), expedicionário como o meu pai (esteve no Mindelo entre 1941 e 1947), que eu me apercebi  dessa tragédia imensa, a seca e  a fome que assolou, em 1941/43,  o arquipélago de Cabo Verde (e depois de novo, no pós-guerrem 1946/48). E que matou meninos como o Joãozinho, que rondavam o quartel e que o meu pai protegia, dando-lhe os restos de comida. (Em 1941/43, ilhas como S. Nicolau e o Fogo perdem cerca de um terço da sua população).

O meu pai, à beira de completar 90 anos, já não é capaz de dar, com precisão, as datas em que terá ocorrido o pico da epidemia de fome. Muitos militares portugueses não tiveram  a exacta consciência dessa tragédia que, de resto, também não foi conhecida pela população portuguesa metropolitana.  Até por que em no Portugal metropolitano a morte, nomeadamente a mortalidade infantil (mais de 120 casos por 1000!) era banal, a par da mortalidade por tuberculose entre os jovens (10% de todas as mortes!). 

 Os números que o meu pai cita, devem referir-se ao 1º semestre de 1943. Ele diz que "não viu,  ouvia dizer",  quando esteve internado ("quatro meses"), no hospital militar (ou anexo, um estabelecimento de repouso,  a nordeste da cidade do Mindelo), já na parte final da sua comissão. Ele esteve 26 meses na Ilha, como expedicionário entre julho de 1941 e setembro de 1943. Teve alta da junta médica hospitalar em 17/8/1943. 

De qualquer modo, trinta mortos por dia era muita gente, numa ilha que não tinha mais do que 15 mil habitantes (em 1940), e contou com a presença de mais de 3300 expedicionários, entre meados de 1941 e finais de 1943 (o que dava um elevada densidade militar na ilha: 4,5 habitantes por cada expedicionário).

Texto e fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados
__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:



Vd. também 

24 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5154: Meu pai, meu velho, meu camarada (19): Cabo Verde, 1942: Plano de defesa do arquipélago, de Santos Costa (José Martins)

15 de Outubro de 2009 >Guiné 63/74 - P5109: Meu pai, meu velho, meu camarada (18): Do Mindelo a... Bambadinca, com futebol pelo meio (Nelson Herbert / Luís Graça)

12 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5101: Meu pai, meu velho, meu camarada (17): Ilha de S. Vicente, S. Pedro, 1943: Armando Duarte Lopes (Nelson Herbert)

27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)

9 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4926: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, S. Vicente, 1943/44 (Hélder Sousa)

20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)

sábado, 22 de outubro de 2005

Guiné 63/74 - P234: Cabo Verde (1941/43) (3): sodade di Son Vicente (Luís Graça)

Fotos do velho album de meu pai, 1º cabo nº 188/41, que esteve como expedicionário em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, de 1941 a 1943:

Legenda: "No dia em que fiz 22 anos tirei esta fotografia em Mindelo, encerrando (?) as minhas vinte e duas primaveras felizes. Luis Henriques. Em 19/8/943. S. Vicente, C. Verde

"Senti neste dia muitas saudades dos meus, dos amigos e também da minha terra. Luís".

© Luís Graça (2005)

O meu pai tem hoje 85 anos feitos. Nasceu, portanto, em 1920. Aos vinte e um anos partiu para Cabo Verde, no paquete Mouzinho, integrado no 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Raínha), para reforço do sistema de defesa do arquipélago (1).

Ao longo de 26 meses, foi mandando cartas e fotografias (estas, geralmente em formato pequeno), sempre com legendas no verso. As cartas infelizmente perderam-se. Mas das fotos ainda restam algumas dezenas. Têm algum interesse para documentar a vida dos militares, expedicionários em Cabo Verde, naquela época.

Ainda hoje ele me conta estórias e factos desse tempo. O que me impressiona é a sua memória: sabe de cor os nomes e os números de identificação de alguns dos seus melhores amigos e camaradas. Era, além disso, um jovem sensível à miséria com que então vivia a população local. Quando estava no hospital, "fraco dos pulmões", recebeu a visita da irmã do seu "impedido", o Joãozinho, de cinco anos:
- Bo cabo Luís, o bo impedido Joãozinho morreu!

O meu pai pegou no dinheiro que tinha, ali à mão, na enfermaria do hospital - "dezasseis escudos e oitenta centavos" - e deu-o á família do Joãozinho. Acho que foi um gesto bonito e solidário...

Naquela época, o pré de um 1º cabo deveria andar nos 130 escudos por mês. As mulheres cabo-verdianas, muitas vezes com os filhos às costas, trabalhavam no porto, descarregando milho: uma equipa de duas ganhava 2 tostões (um tostão para cada uma) por cada saco de milho descarregado dos barcos...

Além disso, o 1º cabo 188/41 gostava de ajudar os seus camaradas, escrevendo-lhe as cartas para a Metrópole. Ele terá escrito centenas ou até milhares de cartas. Só para um dos seus amigos, rancheiro, analfabeto, ele escrevia 22 cartas por semana. Mas tinha muitos mais clientes. Ele diz-me que no seu pelotão (na época 45 homens), "se calhar metade não sabia ler nem escrever"...

© Luís Graça (2005)

Legenda: "Junto às cozinhas. Pessoal rancheiro. Dia de vinho, dia de alegria. Depois de um jantar à portugesa. Lazareto. Abril 43. Luís Henriques [na foto, é o primeiro, do lado esquerdo]. 3/5/43" .

As dificuldades eram muitas para o pessoal expedicionário. A alimentação era má e pouco ou nada variada: "Massa com feijão ao almoço; feijão com massa ao jantar". A morbimortalidae elevada (tuberculose, febres intestinais, doenças venéreas...), fazendo jus à frase que ele memorizou e que estava na parede do fotógrafo no Mindelo: "Ouro, seda, vaidade, podridão / No cemitério, igualdade / Mas debaixo do chão"...

© Luís Graça (2005)

Legenda: "Tubarão das águas de S. Vicente, apanhado em Junho de 1942. Luis Henriques".

A tropa, em S. Vicente, não teria muito que fazer, paa além de uns exercícios de manutenção de homens e material. Uma das actividades favorias dos militares portugueses era a praia e o mergulho. O meu pai, nascido à beira-mar, filho, neto e bisneto de gente ligada ao mar, adorava nadar e fazer mergulho, mas tinha medo dos tubarões... Há várias fotos de tubarões apanhados ao largo da ilha. Todavia, os ataques a seres humanos não seria muito frequente, embora ele ainda hoje me conte estórias de tubarões que arrancaram pernas e deixaram marcas de dentes no corpo de alguns incautos...
_________

(1) vd. posts anteriores

12 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIV: Os mortos e os esquecidos do Império: Cabo Verde (1941/43)

26 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXVI: Antologia (11): Cabo Verde (1941/1943)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)

Foto a esquerda > Legenda:

 "No dia em que fiz 22 anos tirei esta fotografia em Mindelo, encerrando (?) as minhas vinte e duas primaveras felizes. Luis Henriques. Em 19/8/943. S. Vicente, C. Verde... Senti neste dia muitas saudades dos meus, dos amigos e também da minha terra [, Lourinhã]. Luís"....

Casou com a Maria da Graça (n. 1922), em 2 de Fevereiro de 1946. Em 29 de Janeiro de 1947, tiveram o primeiro rebento (foto à direita)... Aqui estou eu, om oito meses, ao colo da minha mãe, e ao lado do meu pai, Lourinhã, Jardim da Nossa Senhora dos Anjos, Setembro de 1947


Memórias de Cabo Verde (1941/43)


Luís Henriques: Nascido em 1920, na Lourinhã, 1º cabo nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, Batalhão do Regimento de Infantaria nº 5, expedicionário em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, cidade do Mindelo, de 1941 a 1943.


Se bo ta moda um tracolança
'M ca sabê
Se bo vida ta na balança
'M ca e culpode



VELOCIDADE / Cesária Évora


E m'dojr bo caba q'ues esparate
Pa ca ba pobe nome d'velocidade (2 vezes)
Oia q'ma tude cosa forte
Um dia ta t'chega na fim

Se bo ta moda um tracolança
'M ca sabê (2 vezes)
Se bo vida ta na balança
'M ca e culpode

Ja'l soma ta bem ta treme
Q'tude se vaidade estilusinha (2 vezes)
Ele ca t'ma fe na ques desgraçode
Q'tava traz d'quel esquina ta guital

Se bo ta moda um tracolança (...)

Instrumental de clarinete

Se bo ta moda um tracolança (...)

Ja'l soma ta bem ta treme. . .

Se bo ta moda um tracolanca...



1. Meu pai, meu velho, meu camarada:


Ontem, 19 de Março, dia do pai, a escassos meses de fazeres 89 anos, já no ocaso da tua vida, quis-te fazer uma singela homenagem, recuperando alguns escritos e fotos das tuas memórias de Cabo Verde, 1941/43 (*). Tenho consciência de que o nosso relógio biológico não nos permite adiar para as calendas gregas estas conversas de pais-filhos. Quando éramos mais novos, não tínhamos tempo nem pachorra para confidências e sobretudo para revisitarmos o passado. Agora, temos mais paz e sobretudo mais sabedoria e cumplicidade.

Eu próprio, vasculhando em tempos o baú das minhas memórias (físicas) da guerra colonial, acabei por deparar com as velhas fotografias, amarelas, riscadas, rasgadas, amarrotadas, algumas delas já irrecuperáveis, do teu tempo de expedicionário em Cabo Verde. Começa por aqui o meu interesse por esse tempo em que eras jovem e foste chamado a cumprir o teu dever para com a Pátria.

Por ironia do destino, também tu fizeste a tua tropa no Ultramar, em plena II Guerra Mundial, como muitos outros jovens da tua geração. Vinte e oito anos depois, eu seguirei as tuas peugadas, passarei ao largo de Cabo Verde e irei desembarcar em Bissau, em finais de Maio de 1969. E, já agora, deixa-me dizer-te quanto me penitencia o facto de nunca de ter escrito uma simples carta ou aerograma a dizer-te: "Meu camarada...". Nunca te chamei camarada!

Já as conhecia, de puto, a essas velhas fotos. Conheci-as, de cor e salteado, de tanto ter desfolheado o album, de capa preta, com papel transparente para as proteger. SE queres que te diga, esse álbum de fotografias foi para mim um janela para o mundo. Foi-se progressivamente desconjuntando, até desaparecer. Não sei como algumas das fotos sobreviveram mais de sessenta anos. Uma boa parte acabou por se perder, com muita pena minha, que hoje lhe dou outro valor.





Alfragide, em minha casa > 1º trimestre de 2008 > Aos 88 anos, Luís Henriques fala da sua estadia no Mindelo, como expedicionário, no tempo da II Guerra Mundial... Uma fala espontânea, genuína, sincera, singela, ingénua, sem quaisquer preocupações com o politicamente correcto... Vídeo não editado. É uma conversa... a três: avô, filho e neto... Em fundo, surgem vozes femininas, chamando para o jantar: a neta, a nora...

Vídeo (8' 21''): © Luís Graça (2008). Direitos Reservados (Alojado no You Tube > Nhabijoes. )


Nunca entendi, em puto, o significado dessas fotos do teu álbum. Que fazias tu, que faziam aqueles homens numa terra distante, numa ilha careca, sem árvores nem bichos, aonde se chegava por mar, em grandes barcos que levavam magotes de gente ? Uma terra onde não chovia e a fome matava a pobre gente que lá vivia ou vegetava!... Foi mais tarde, ao ler a Hora di Bai, do Manuel Ferreira (1917-1992), expedicionário como tu (entre 1941 e 1947), que eu soube dessa tragédia imensa, a fome que assolou, nos anos 40, São Nicolau, São Vicente e outras ilhas do arquipélago.

Foto (à esquerda) > Legenda > No verso da foto:

"O Paquete Mouzinho. Oferecido pelo meu amigo José B. Lourenço no dia em que o fui visitar ao Hospital em São Vicente. 26 de Julho de 1942. Luís Henriques,(...) em S. Vicente, C. Verde".




Dá-me uma certa nostalgia, pai, quando revejo as tuas velhas fotos, de ti, expedicionário (que palavrão!), em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, durante a II Guerra Mundial (1941/43). É que elas também fazem parte do meu imaginário de criança.

O fascínio que tenho pelo mar e pelas ilhas vem também muito provavelmente deste contacto precoce com Cabo Verde, que de resto só conheço por imagens: minto, estive uma hora ou duas no avião da TAP Lisboa-Bissau, quando regressei de férias, da minha comissão militar na Guiné, em paragem técnica, no aeroporto do Sal... Julgo que nem sequer descemos do avião. A única imagem com que fiquei da ilha foi... a de um cabra a roer sacos de plástico junto do arame farpado do aeroposto!


Foto (à esquerda) > Legenda no verso da foto:" No dia 11 de Abril chegaram estes dois barcos hospitais italianos ao porto de S. Vicente para irem fazer troca de prisioneiros e doentes com os ingleses. 1942. Luís Henriques".



A minha geração, a da guerra colonial (1961-1974), a que viveu e lutou duramente em Angola, Moçambique e Guiné, tem tendência a ignorar ou a esquecer a geração anterior, a de seus pais, que, em nome da Pátria, também foi mobilizada para os mais diversos sítios dos nossos territórios ultramarinos. Os sacrifícios que eles fizeram foram enormes: não poucos morreram, por motivo de doença; e outros terão ficado com a saúde arruinada.

É certo que os soldados da tua geração, pai, não estiveram directamente em guerra (excepto em Timor, ocupada pelos japoneses), mas os expedicionários (como então se chamavam) sofreram o pesadelo da II Guerra Mundial. Sei muito pouco da história político-militar dessa época, mas em Cabo Verde chegou a temer-se a invasão dos alemães, dado o valor estratégico do arquipélago, à semelhança do arquipélago dos Açores, cobiçado pelos aliados. Quantas vezes me falavas disso, meu velho, dos espiões, alemães, italianos, ingleses..., que por lá havia.

Legenda da foto à esquerda: No verso da foto, lê-se:

"23/7/1941. Chegada ao 1º Batalhão Expedicionário do R.I. nº 5 a São Vicente, Cabo Verde. Na fotografia estou eu com alguns camaradas da minha companhia. No porto do Mindelo fomos entusiasticamente recebidos. Luís Henriques".








Reproduzo aqui um testemunho, publicado pelo Diário de Notícias, no âmbito da celebração do 60º aniversário do fim da II Guerra Mundial, da capitulação da Alemanha nazi, a 8 de Maio de 1945. Um dia em que tudo pareceu possível... , até no Portugal de Salazar.

Aproveito para inserir aqui mais algumas fotos, recuperadas e digitalizadas, do teu/nosso velho álbum, devidamente anotadas e datadas, com a tua bonita letra, pai, e às vezes a tinta verde (eu sei que eras tu quem escrevia as cartas para as namoradas dos teus camaradas que eram analfabetos, às vezes vinte e tal ou mais por semana).



Foto à esquerda > Legenda > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >

"O belo porto de mar de São Vicente; ao centro o ilhéu que se confunde com um barco. Outubro de 1941". Luís Henriques (ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, no Lazareto, 1941/43).







"Viver em Cabo Verde à espera da invasão" . Diário de Notícias. 14 de Abril de 2005.

"Eles eram missionários, homens com uma missão de paz e não de guerra. O seu objectivo era defender Cabo Verde de uma possível invasão alemã durante a II Guerra Mundial." A história de um desses soldados, António Gavina, do corpo expedicionário do Regimento de Infantaria 11, de Setúbal, é contada pela sua filha, Vanda Gavina.

"O meu pai devia ter vinte e poucos anos quando foi para a ilha do Sal. Acabou por ficar lá durante quase quatro anos", recorda. Os pormenores da passagem do pai pelo arquipélago de Cabo Verde já começam a ser esquecidos, mas uma coisa ficará para sempre na sua memória "Eles não passavam fome, mas viviam em muitas dificuldades, com muitas restrições."


Foto (à esquerda) > Legenda no verso da foto:

"Posição das peças anti-áereas no Monte Socego, São Vicente, Cabo Verde. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura [,natural da Lourinhã,] em 21/3/43. Luís Henriques".



"Os anos da II Guerra Mundial foram anos de seca nas ilhas do Atlântico. A comida não abundava e os soldados alimentavam-se com aquilo que podiam. As recordações desse tempo deixaram marcas em António Gavina. "O meu pai nunca mais comeu percebes na vida. Tudo porque em Cabo Verde viu um dos habitantes locais morrer quando os tentava apanhar", referiu Vanda Gavina.

"Outro dos problemas que o regimento teve de enfrentar foram as doenças. "Lembro-me de o meu pai contar que houve muitos colegas que morreram devido a alguns surtos de doenças que afectaram os homens da companhia."

Cabo Verde > São Vicente > Legenda:

" As peças antiaéreas do Monte Sossego [monte sobranceiro a
João Ribeiro, pelas indicações que o meu pai me dá; também havia artilharia contra-costa]. Fotografia oferecido pelo meu amigo Boaventura em 21/7(?)/43 em Mindelo. S. Vicente. Luís H. ".



Segundo a informação que me deste em tempo, meu pai, esta peça, depois de montada, só ao fim de seis meses é que poderia ser usada... Em Janeiro de 1942, a ilha foi sobrevoada por um avião não identificado (possivelmente alemão) e esta anti-aérea ainda não estava montada. Houve alarme geral... O pelotão dele (o 1º da 3ª Companhia do Batalhão de Infantaria nº 5) foi destacado, por uns dias, para o Calhau...

Foto (à esquerda) > Legenda:






Cabo Verde > São Vicente > Mindelo > "O pôr do sol em São Vicente. O célebre Monte da Cara... E o lindo porto do mar que parece adormecido. Maio de 1963. São Vicente. Luís [Henriques] ".´



"Em 1939, pouco antes do início da II Guerra, Portugal autorizou o Governo de Benito Mussolini a construir um aeroporto na ilha do Sal, para servir de ligação com os países da América do Sul. Com o início do conflito, o projecto italiano, com casas prefabricadas, foi abandonado. Enquanto aguardavam a invasão alemã, que não chegou, os soldados portugueses ajudavam à criação de melhores condições de vida. "Eles ajudaram a construir habitações, não só para eles mas também para os cabo-verdianos", lembra Vanda Gavina.




Sodade de Son Vicente e do Mindelo

Embora não conhecendo as ilhas (como já disse, estive uma escassa hora ou duas no Sal, em paragem técnica do avião que me trouxe de férias, de Bissau a Lisboa, em 1970), prendem-me laços de afectividade a São Vicente e à cidade do Mindelo. Ou, no mínimo, memórias de infância.




Fo (à esquerda) > Legenda no verso da foto:

"O Palácio do Governador de Cabo Verde, situado em Mindelo, [Ilha de] São Vicente. Luís Henriques. 1 de Maio de 1942".


Lembras-te, meu velho ? Falavas-me (e ainda falas hoje, vd. vídeo acima) da ilha e da sua gente com ternura, saudade e compaixão. Felizmente está vivo. Tenho aqui vindo a reproduzir algumas das fotos do seu tempo, que possam ter algum valor documental, apesar da fraca qualidade da imagem (a digitalização foi feita sobre cópias em formato reduzido e em muito mau estado).


Mindelo, hoje a 2ª segunda cidade de Cabo Verde, é, além disso, a terra natal, entre muitos outros artistas, do (i) maior compositor de mornas de Cabo verde, de seu nome (artístico) B.Leza (injustamente esquecido, comemoru-se e a 3 de Dezembro de 2005, o seu 1º centenário de nascimento), além da (ii) grande Cesária Évora.


Foto (à esquerda) > Legenda no verso da foto (a tinta verde, já quase ilegível):´

"Dançando o batuque (sic) na Ribeira de São João, no dia de São João , no interior (?) de São Vicente. Luís Henriques. 24/6/1943".

A festa de São João Baptista Baptista era então (e continua a ser) uma das festividades maiores das Ilhas e da comunidade cabo-verdiana da diáspora.

Amílcar Cabral, embora nascido em Bafatá (1924), de pais caboverdeanos, regressou à terra dos seus antepassados em 1932, e completou no Mindelo o Curso Liceal, em 1943. Era quatro anos mais novo do que tu, meu pai. A guerra de libertação da Guiné terá começado a germinar, enquanto ideia, no Liceu do Mindelo. Não sei, é uma mera hipótese a ser explorada pelos biógrafos de Amílcar Cabral e demais historiadores da guerra colonial. Agora é possível até que se tenha cruzado no Mindelo.

Os mortos e os esquecidos do Império


Cabo Verde > São Vicente > Legenda:

"Hábito de São Vicente. Pisando o milho num almofariz para depois fazerem a cachupa. São Vicente. Maio de 1943 (?). Luís Henriques"




Foram anos muito difíceis para o povo caboverdiano e, em especial, para os mindelenses. Mas também não foram fáceis para os expedicionários portugueses cuja missão, na ilha de São Vicente, era defendê-la de um eventual ataque quer das potências do Eixo (em particular a Alemanha) quer dos Aliados (e em especial a Inglaterra).

As dificuldades eram muitas para o pessoal expedicionário. A alimentação era má e pouco ou nada variada: "Massa com feijão ao almoço; feijão com massa ao jantar". A morbimortalidae elevada (tuberculose, febres intestinais, doenças venéreas...), fazendo jus à frase que ele memorizou e que estava na parede do fotógrafo no Mindelo: "Ouro, seda, vaidade, podridão / No cemitério, igualdade / Mas debaixo do chão"...

A tropa, em S. Vicente, não teria muito que fazer, paa além de uns exercícios de manutenção de homens e material. Uma das actividades favorias dos militares portugueses era a praia e o mergulho.



Foto (à esquerda) > Legenda:

"Tubarão das águas de S. Vicente, apanhado em Junho de 1942. Luis Henriques".


O meu pai, nascido à beira-mar, filho, neto e bisneto de gente ligada ao mar, adorava nadar e fazer mergulho, mas tinha medo dos tubarões... Há várias fotos de tubarões apanhados ao largo da ilha. Todavia, os ataques a seres humanos não seria muito frequente, embora ele ainda hoje me conte estórias de tubarões que arrancaram pernas e deixaram marcas de dentes no corpo de alguns incautos...

Muitos soldados portugueses morreram lá, de tuberculose, de doença, de desnutrição, de solidão, de saudade. Os seus restos mortais ficaram, para sempre, longe de casa, da terra natal, da Pátria.

São os mortos e os esquecidos do Império. Uma saga que durou cinco séculos, e que atravessou a minha própria família do lado paterno: a minha bisavó Maria Augusta Maçarica, nascida em Ribamar em 1864, descendia justamente dos pobres diabos arrebanhados, à força, para os porões das caravelas e nas naus. Embarcados como pau para toda a obra, daí a alcunha (Maçaricos) e, possivelmente mais tarde, o apelido de família (Maçarico).


Foto (à esquerda) > Legenda > "Junto às cozinhas. Pessoal rancheiro. Dia de vinho, dia de alegria. Depois de um jantar à portugesa. Lazareto. Abril 43. Luís Henriques [na foto, é o primeiro, do lado esquerdo]. 3/5/43" .


O meu pai era o 1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5. Ele escrevia muito bem e rápido. Diz que a amizade com os rancheiros era muito importante: os pequenos favores (como o escrever as cartas para as namoradas, madrinhas de guerra, familiares e amigos) eram pagos, pelo pessoal do rancho, com mais um copo ou naco de carne...



O mar marcou-os, aos Maçariços, de tal maneira que nunca conseguiram viver longe dele: foram (e continuam a ser) gente ribeirinha, concentrados maioritariamente em Ribamar da Lourinhã, mas também com um possível núcleo em Mira, sendo marinheiros, aventureiros, mercadores, pescadores, calafates, construtores de barcos, mestres de traineiras, pescadores de lagosta, pescadores do alto, cabos de mar, peixeiros, negociantes de peixe, donos de restaurantes, tascas e hotéis à beira mar, perdidos e achados nas setes partidas do mundo, junto aos cais...


Legenda no verso da foto:

Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (hospitalar). Luís Henriques".


Meu pai: serve também esta evocação nostálgicas dos teus e dos meus antepassados, para dizer que a geração do teu filho foi a coveira do Império. Não sei se entendes (e aceitas) a expressão. Mas também não faz mal. 500 anos depois, fomos nós que liquidámos o Império. Objectivamente falando. E logo na Guiné. Foi na Guiné que enterrámos os últimos mortos e os últimos esquecidos do Império. Que derrubámos o último padrão das quinas e arreámos a última bandeira verde-rubra. Não é sem um arrepio que escrevo isto...

Mas hoje apeteceu-me invocar aqui os meus antepassados, a nossa gente, e mais concretamente o meu pai, meu velho, meu camarada. Tal como o David Guimarães que há tempos teve a ternura de chamar aqui, à colação, o seu velho pai, herói da 1ª Grande Guerra...

Espero que os meus amigos e camaradas ga Guiné não achem abusivo o 'tempo de antena' que me permiti usar... É, um pouco, para compensar, embora tardiamente, as coisas que na altura, quando estive na Guiné (1969/71) não lhe disse, por não poder ou não querer dizer-lhas...

Um Alfa Bravo, meu pai, pelo exemplo e valores que me deste. Teu, Luís Manel.


Versos ditos pelos bisnetos à avó velhinha Maria da Graça (n. 1922) no dia 6 de Agosto de 2008. Casou com o Luís Henriques, em 2 de Fevereiro de 1946 (foto à esquerda). Ainda em Cabo Verde, por volta de meados de 1943, ele tinha-lhe mandado a seguinte quadra (sempre teve jeito para o improviso e a rima):

Maria, minha cachopa,
Não me sais do pensamento,
Tão logo saia da tropa,
Trataremos do casamento.


No dia dos anos da Maria da Graça, quisemos glosar o célebre verso e mandámos-lhe mais uns tantos...

Felizmente que ainda hoje estão os dois vivos e formem um belo par no Lar e Centro de Dia de Nossa Senhora da Guia, Atalaia, Lourinhã




Minha mãe, minha avozinha,
Tens a graça até no nome,
Não é por seres mais velhinha
Que de amor passarás fome.

Brilhas como uma estrela,
No teu quarto, lá no lar,
Tens uma linda janela,
Com vista de céu e mar.

De toda a gente é querida,
A nossa avó Maria,
Deus te dê uma longa vida
No lar Senhora da Guia.

Maria, minha cachopa…
- Dizia o avô, babado,
Afinal saiu de tropa,
E não ficou logo casado.

Tiveram que esperar,
A Maria e o Luís,
Antes de poder casar
E ser um casal feliz.

É uma bela união
Que deu netos e bisnetos,
Não falhando o coração,
Chegará aos tetranetos.

Tive um sonho visionário
(Que a vida não é só enganos):
Ver o avô milionário,
E a avó chegar aos cem anos.

Parabéns, querida avó,
Por mais este aniversário;
Votos tenho um, um só,
Estar contigo no centenário.


Texto e fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes

12 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIV: Cabo Verde (1941/43) (1): os mortos e os esquecidos do império (Luís Graça)

26 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXVI: Cabo Verde (1941/1943) (2): esperando os invasores (Luís Graça)

22 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLIV: Cabo Verde (1941/43) (3): sodade di Son Vicente (Luís Graça)

4 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXV: Cabo Verde (1941/43) (4): Mindelo, terra de B.Leza e de Cesária Évora (Luís Graça)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7641: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (3): Alerta aos camaradas que subscreveram, mas não confirmaram a assinatura (Inácio Silva)

1. Mensagem de Inácio Silva, ex-1.º Cabo da CART 2732, Mansabá, 1970/72, com data de 18 de Janeiro de 2011:

Boa tarde caros Amigos:

SOLICITO A PUBLICAÇÃO DO EMAIL E DA LISTA ANEXA*

A lista anexa contém os nomes dos subscritores que estiveram no Site PETIÇÃO PÚBLICA para assinar a petição mas NÃO CONFIRMARAM A SUA ASSINATURA, tornando nula a sua intenção. Também não deixaram o seu email para poderem ser contactados.

Da consulta à lista das assinaturas da PETIÇÃO "Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios", verifiquei que, cerca de 26,5% das subscrições não tem a sua assinatura confirmada. Estes subscritores terão que procurar, na sua caixa do correio, um email enviado pelo PETIÇÃO PÚBLICA que contém um link para a confirmação. Depois de clicar nesse link, receberão um outro email dizendo que a sua assinatura foi confirmada.

Se já não conseguir confirmar a sua assinatura, então a subscrição será considerada nula. Neste caso, poderá efectuar nova nova subscrição. Se o fizer, informe para o email inacio.silwa@gmail.com, para ser retirada a subscrição nula.

Um abraço.
Inácio Silva
ex-CART 2732
Mansabá-Guiné


(*) LISTA DOS SUBSCRITORES CUJA ASSINATURA NÃO FOI CONFIRMADA
(Estes subscritores não deixaram o email disponível)


ABILIO DELGADO
Acácio de Jesus Seabra Conde
Adelino Nuno Marinha dos Reis e Moura
Adérito Caldeira Cordeiro
Albino Antonio Guimaraes Pereira Garcez
Alfredo Aurélio Pereira Monteiro
Amadeu José Martins Gonçalves
Amilcar Joaquim Avó Dias
Ana Maria Andrade
Ana Paula Fernandes Ginja Ferreira
Aníbal Ramos de Melo
Antonio Blayer Soares
António Camões Flores
antonio carvalho rodrigues do nascimento
ANTÓNIO CORREIA
ANTÓNIO DOS SANTOS MAIA
António José Henriques Rodrigues
Antonio Martins Moreira
António Pereira dos Santos
António Rapado Correia
Armando Benfeito da Costa
Armènio Evangelista Mendes Zagalo
Artur Jorge Gorjão da Fonseca Almeida
Carlos Alberto Frade Leitão
Carlos António Carreira da Gama
Carlos dos santos varela
Carlos Jorge Lopes Marques pereira
Carlos Manuel Gouveia Pestana
carlos Parreiras Fernandes
Catarina Joana Branco Gonçalves
Cláudio Francisco Portalegre Trindade
constantino da silva costa
Diamqantino de Almeida Santos
Eduardo Ferreira Campos
Eduardo Guilhermino Evangelista Luis
Elisa conceiçao Almeida Carvalho Leite
Emanuel João de Canha Frazão Afonso
Fernando Artur Esteves Marreiros
Fernando Guilherme Pedras de Freitas
Fernando Manuel Barros Nunes
Fernando Manuel da Silva Cabral
Fernando Manuel Gonçalves Mascarenhas
fernando martins ferreira
FERNANDO SOUSA DE MATOS PIRES
Filipe Manuel Castanho Pinheiro
Filipe Miguel Garcia Fernandes
Firmino da Silva Barros
Francisco Diogo Candeias Godinho
Francisco Gomes da Silva
FRANCISCO JORGE DE PINHO
Frederico Carlos dos Reis Morais
Geraldo dos Anjos Cascais
germano jose pereira penha
Graciano Fernando de Almeida Barbosa
Gualter ALves Vieira
Helder Duarte Rodrigues de Assunção
Helder Lourenço
Humberto Simões dos Reis
joao adelino alves miranda
João Diogo Silva Cardoso
João Elvio Freitas Faria
João Evangelista de Jesus Hipólito
joao Pedro Emauz Leite Ribeiro
Joaquim Antonio Henriques Silvério
Joaquim Augusto Neves Eliseu
joaquim da conceição paiva
Joaquim da Cruz Marques
jose antonio celestino de assis
jose antonio timoteo machado
JOSE AUGUSTO LEITE DE ARAUJO
Jose Conceiçao Batista Afonso
José Fernando Rosa Lopes
José Ferreira da Silva
José Luís Pinto Vieira
Jose Manuel Maia Mendes Sousa
jose manuel moreno de azevedo campos
Jose Paulino silva
jose rodrigues pereira
Jose Sequeira Silva da Venda
jose silva nunes
JOVINO AUGUSTO ARMADA LOURENÇO DA CHÃO
Luis Alberto Pessoa da Fonseca e Castro
luis Francisco Dias Fânzeres Martins
Luis Manuel da Graça Henriques
Luis Manuel Vieira Ferreira
Luís Manuel Vitorino Ribeiro
Luís Rodrigues Cardoso Moreira
Manuel António da Conceição Santos
MANUEL DE CASTRO BARBOSA
Manuel Diogo da Silva Gomes
Manuel Fernandes da Luz
Manuel Jorge de Carvalho Sampaio Faria
Manuel Simões Fernandes
Marcos Vitor Leonardo
Maria Alice Monteiro Grilo
MARIA ARMINDA NEVES CASTRO
Mário Fernando Lima de Oliveira
Mário Macedo Caixeiro
Mário Pedro dos Santos Aguiar
Nádia Filipa Pombo Simão
Raul Armando da Cruz Domingues Ribeiro
Ricardo Jorge da SIlva Mota
Ruy José Cardoso Pereira Branquinho
SANDRA LOURENÇO ALVES
Tiago Miguel Rebelo Tavares
Tiago Miguel Santos Duarte
Vasco de Almeida e Costa
vitor antonio de jesus ferrinho
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7625: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (2): Informação e incentivo (Inácio Silva / Amaro Samúdio)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11358: Meu pai, meu velho, meu camarada (38): Evocando a figura de Luís Henriques (1920-2012) que há precisamente um ano se despedia da terra da alegria (Luís Graça / Pedro Martins)


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques " [, 1º cabo inf, 3º Companhia, 1º Batalhão, RI 5, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 1941/43, entretanto integrado no RI 23].


Lourinhã > c. 1920 > A mãe, muito querida, de Luís Henriques, que morreu, em 1922, quando ele tinha 2 anos de idade. O meu pai tinha raízes na Lourinhã: pelo lado do seu pai, Domingos Henriques  , no Montoito, e pelo lado da avó materna, Maria Augusta de Sousa, em Ribamar (clã Maçarico). Sua mãe, Alvarina de Jesus, morreu jovem, em 1922, de tuberculose, fato que o marcaria para toda a vida: a mãe nunca lhe pôde dar um beijo, afagava-lhe o rosto com a ponta dos dedos!... E nos seus três últimos dias de existência, em que eu tive o privilégio de o acompanhar no seu leito de morte, evocou o nome da mãe Alvarina, por mais de um vez. Tinha uma enorme afeição por ela. O pai, Domingos Henriques, casou três vezes: do primeiro casamento, não teve filhos; do segundo teve dois, Luís e Domingos; e do terceiro, teve onze... Era um homem remediado, com "sete propriedades": arruinou-se com os amigos e com tantos... filhos. Ainda o conheci, de muletas e de beata ao canto da boca... (LG).


Lourinhã > 6/12/1942 > Nazaré, Maria Adelaide e Ascensão, três vizinhas e amigas de Luís Henriques, fotografada na ponte sobre o Rio Grande, Lourinhã Foto enviada para o amigo e vizinho, expedicionário em Cabo Verde, com "votos de verdadeira e sincera amizade". A primeira parte da legenda é ilegível. Lembro-te de todas elas. A Maria Adelaide já morreu. Da Ascensão perdi-lhe o rasto. A Nazaré, conhecia-a bem, era a tia da Mariete, a família toda foi para a América, com a família no em meados dos anos 50. E julgo que casou lá... Será que ainda é viva ? Era "ajuntadeira" (costureira de calçado), e trabalhou muito para o meu pai, sapateiro, que dava trabalho a muita gente na Lourinhã. Lembro-me bem a ti Adelina, mãe da Nazaré, nossa vizinha, e que era um, espécie de curandeira lá do bairro... Nós morávamos na rua dos Valados, ou do Castelo, e elas na rua, paralela, a do Clube... Quando puto, e quando doente, ela - a tia Adelina - aplicava-me as suas mezinhas, receitas da medicina popular com séculos de eficácia simbólica e terapêutica... Lembro-me, com repulsa, das suas unturas, na garganta, feitas com merda e gordura de galinha, para tratar da papeira... (LG)


Lourinhã > s/d [. década de 1940] > Julgo tratar-se da comissão de festas da Confraria de N. Sra. dos Anjos, de que fez parte o meu pai [,o primeiro á direita], mas também o seu primo António de Sousa, já falecido, músico, saxofonista,  fundador do conjunto  Dó Ré Mi [, primeiro à esquerda] e o meio-irmão do meu pai, José, de alcunha Vassourinha [, segundo à esquerda]... Reconheço ainda o seu primo Abel Sousa, o quinto a contar da esquerda, entre o João Pinheiro e o Rei (tesoureiro da CML)... Reconheço ainda o pai do meu querido e falecido amigo João Manuel Delgado: era carpinteiro,  o quarto a contar da direita.. (LG).


Cabo Verde > S. Vicente > Julho de 1942 > "Num dos quintais dos aquartelamentos do Monte num grupo de amigos e, entre eles, Luís Henriques [, o segundo do lado esquerdo, na 2ª fila,] que ia para os treinos do voleibol".


Cabo Verde > S. Vicente > 1/12/1942 > "Uma das fases do jogo de voleibol no dia da festa da Restauração, organizada pelo R. I.  nº 5, em Lazareto, 1/12/1942, S. Vicente, C.Verde. Luís Henriques".



Cabo Verde > S. Vicente > 1943 > Postal da época, "Coladeira do S. João"  [ou cola san djon] >  Legenda no verso da foto (a tinta verde, já quase ilegível): "Dançando o batuque (sic) na Ribeira de São João, no dia de São João , no interior (?) de São Vicente. Luís Henriques. 24/6/1943". [A festa de São João Baptista  continua a ser uma das festividades maiores das ilhas do Barlavento  e da comunidade caboverdiana da diáspora, por exemplo, no bairro da Cova da Moura, Amadora; ainda hoje, "em São Vicente a festa decorre na Ribeira de Julião, localidade que dista poucos quilómetros da cidade do Mindelo. Mesquitela Lima descreve-a como uma espécie de romaria onde há de tudo um pouco: Missa, comeres, beberes e dança, acompanhada de tambores e de apitos. A dança é a umbicada. A anteceder o dia de São João Baptista, coincidindo com a festa pagã do solstício de Junho, há o tradicional saltar da fogueira (lumenaras)" .

 Fotos: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Legendas de Luís Henriques e de L.G.]


Lourinhã > s/ d [, c. década de 50] > Praça da República: praça dos automóveis de aluguer. E, ao fundo, a Rua Grande. Postal ilustrado. Edição do GEAL - Museu da Lourinhã. [Reproduzido com a devida vénia].

Do lado esquerdo, não visível na foto, ficava a Escola do Ensino Primário Conde de Ferreira onde eu estudei (1954/58), infelizmente já deitada abaixo tal como o coreto, ao lado da Igreja Matriz, antiga igreja do convento dos Franciscanos (e moinumento nacional). O coreto  vê-se melhor  na foto a seguir...

A rua que se vê ao fundo era (e ainda é) uma rua bonita, do Séc. XVIII... Para nós, era a Rua Grande, por onde passava todo o trânsito local, regional e nacional (Felizmente, hoje é uma rua pedonal)...

A política do bota-abaixismo do presidente da Câmara Municipal, Licínio Cruz  (, lourinhanense, e ainda para mais arquiteto!), deposto com o 25 de Abril de 1974, levou à perda deste belíssimo património edificado, a escola e o coreto... O edifício, nas traseiras da praça de táxis, também já não existe... O resto da Praça da República mantêm-se de pé, em especial os edifícios do lado direito  (antigos edifícios da Repartição de Finanças e do Tribunal da Comarca; neste último está instalado o Museu da Lourinhã - ou Museu dos Dinossauros -  onde se pode ver uma das mais valiosas colecções paleontológicas da Europa). (LG).



Lourinhã > s/ d [, c. década de 50] > Praça da República: o velho coreto [, demolido no princípio dos anos 70,]. Este foi um dos  lugares (mágicos) das brincadeiras da minha infância: era aqui, neste empedrado que, na hora do recreio escolar, jogávamos ao "hoquei em patins"... sem patins e com "sticks" de pau de tramagueira... Era também aqui que ouvíamos os concertos da Banda da Lourinhã, fundada em 2 de janeiro de 1878... Postal ilustrado. Edição do GEAL - Museu da Lourinhã. [Reproduzido com a devida vénia]. (LG).


1. Faz hoje um ano que se despediu desta terra da alegria (parafraseando o título do último livro do poeta Ruy Belo, publicado em vida, Despeço-me da terra da alegria, 1978) o homem simples e bom que foi o meu pai, meu velho e meu camarada Luís Henriques (19/8/1920-8/4/2012).

Reproduzo aqui, com a devida vénia, um texto de opinião, do jornalista da RTP, Pedro Martins, lourinhanense, publicado no blogue Lourinhã Local, e que é um singela e sincera homenagem ao seu antigo treinador, Luis Henriques, popular e carinhosamente conhecido como o Ti Luís Sapateiro...

A Lourinhã, a sua terra, Cabo Verde (e em particular a ilha de São Vicente), onde esteve 26 meses como expedicionário durante a II Guerra Mundial,  e o futebol, de que foi praticante e treinador, foram três paixões do meu pai. Recordá-lo é cultivar a sua memória e cultivar a memória é de algum modo, tentar imortalizar alguém, mesmo que essa seja uma forma, ingénua  mas muita humana, de lutarmos contra o efeito devastador e irreversível da morte que nos aparta, para sempre, dos nossos entes queridos...

Ainda ontem estive no cemitério da Lourinhã, junto ao seu jazigo. E falei com ele, em voz alta,. como costumo fazer, sem receio do ridículo. É a minha maneira, muito pessoal, a par da escrita e da fotografia, de fazer o luto pela sua perda. Faz hoje um ano, que ele se despediu de nós, para sempre. Escolheu um domingo de Páscoa, e uma manhã soalheira para se despedir da terra da alegria, e daqueles de quem mais amava, os seus filhos, netos e bisnetos... Já a sua  "Maria, minha cachopa", a viver no mesmo lar em que ambos estavam, desde 2008,  ainda hoje tem a convicção que ele anda por ali perto: "não está aqui, foi trabalhar"... Para mim, e para a sua família e amigos, ele estará sempre por ali, nos labirintos da memória, mesmo que eu oiça o poeta (e meu vizinho, ali da Praia da Consolação) dizer:

(...) Chegou enfim o tempo do adeus
Ouço a canção efémera das coisas
despeço-me da terra da alegria
já reconheço a música da morte (...)

(Ruy Belo, in Todos os Poemas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p. 624) (LG)


3. Blogue Lourinhã Local > 26 de fevereiro de 2013 > ; "Ti Luís Sapateiro - o mestre do fair-play", por Pedro Martins

Os recentes incidentes durante os jogos Sp. Braga-Paços de Ferreira e V. Guimarães B-Sp. Baga B voltam a colocar,  em primeiro plano da atualidade desportiva, a questão da violência nos recintos desportivos.

A possibilidade que os clubes têm atualmente – em tempo de crise  –  de poderem poupar uns trocos no policiamento é uma verdadeira bomba relógio. Afinal como é possível que em certos jogos sejam os stewards (assistentes de recintos desportivos) os únicos a zelar pela segurança de todos?!

Receio realmente que a situação possa ainda piorar mais no futuro, caso os responsáveis governamentais e do futebol português não alterem um regulamento que é um verdadeiro aliado daqueles “adeptos” que se deslocam aos estádios (ou pavilhões) apenas com um intuito: o de derrotar/aniquilar os inimigos através da violência física.

Será que vai ser preciso esperar por uma morte num estádio para tomar medidas drásticas? Não quero acreditar nessa hipótese. E nem de propósito. Este domingo ao fazer um jogo de futsal tomei conhecimento de uma importante e louvável iniciativa dos responsáveis pela modalidade no Sporting. Durante uma semana, atletas, treinadores e dirigentes do clube, mas também alunos de várias escolas do concelho de Odivelas, tomaram contato com o Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED).

Mas afinal o que é o PNED? Nada mais, nada menos que um conjunto de iniciativas planificadas por parte do governo que visam promover os valores inerentes à prática desportiva, como o fair-play, o respeito pelas regras do jogo, o respeito pelo outro, o jogo limpo, a responsabilidade, a amizade, a relação e a interajuda entre todos os agentes desportivos.

Algo que tem de ser incutido aos desportistas logo em criança mas também, e acima de tudo aos pais, muitas vezes os primeiros responsáveis por situações delicadas no desporto mais jovem, principalmente no futebol.

Quem já não assistiu a um jogo de formação e ficou horrorizado com o comportamento de alguns pais nas bancadas? Um péssimo exemplo para os filhos, numa altura em que estes estão a dar os primeiros passos no desporto.


Estádio do Sporting Clube Lourinhanense (SCL) > 8 de fevereiro de 2003 > Homenagem, ainda em vida, ao sócio nº 1 do SCL, Luís Henriques (1920-2013). Ao centro, o meu pai, já de muletas, tendo à sua direita o presidente do município, José Manuel Custódio (, e também presidente da assembleia geral do clube), e à esquerda o diretor do SCL, Miguel Fernando Oliveira Pinto (O SCL foi fundado em 26 de Março de 1926, sendo a filial nº 24 do Sporting Clube de Portugal.  (LG)

Foto: Cortesia do blogue Lourinhã Local (2013) e do blogue do neto, André Henriques Anastácio (2012)



E depois também não nos podemos esquecer do (importante) papel que têm os treinadores no crescimento desportivo dos jovens atletas. São eles os primeiros a ensinar que não se pode ganhar com batota, que é preciso respeitar os adversários e os árbitros, além de que devem também ser eles a exigir aos jovens o máximo de fair-play, combater a violência e proibir o tal jogo duro.

Daí que não possa deixar de aqui recordar com muita saudade o ser humano que maiores conhecimentos me transmitiu no futebol, ainda nos meus tempos de criança na Lourinhã. Não esquecendo aquele que foi o meu primeiro treinador (o senhor Germano, do Casal Juncal), foi no entanto o Ti Luís Sapateiro a pessoa que sem dúvida me marcou mais quando comecei a dar os meus primeiros passos como desportista. A mim mas não só. Pelas mãos deste treinador “à moda antiga” passaram muitos jovens do concelho da Lourinhã.

Infelizmente o Ti Luís Sapateiro deixou-nos há cerca de um ano mas a sua memória continua bem viva. Aquele que chegou a ser o sócio número um do Lourinhanense tinha sempre uma palavra amiga, um sorriso no rosto e um enorme respeito por todos os agentes desportivos. Ainda hoje recordo com muita saudade, os conselhos que nos dava... e quase sempre em frases que rimavam.

Que falta fazem hoje em dia, no desporto português, pessoas como o Ti Luís Sapateiro.

Pedro Martins

[Reproduzido aqui com a devida vénia]
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11275: Meu pai, meu velho, meu camarada (37): Memórias do Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, no dia do pai...

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21213: Os nossos regressos (38): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): uma longa viagem de nove dias, no velhinho T/T Carvalho Araújo, de 16 a 26 de junho de 1970, com um dia no Funchal (Fotos: Otacílio Luz Henriques)


Foto nº 436  > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo > Ao largo, c. 16-26 de junho de 1970 > O 1º cabo bate-chapas Otacílio Luz Henriques


Foto nº 405 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970


Foto nº 438 > T/T Carvalho Araújo >  Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > O navio estava já em fim de vida...


Foto nº 419 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970. O navio 'engalanado'... Regressa casa,vivo e são, era o maior ronco...


Foto nº 434  > T/T Carvalho Araújo >  CCS/BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Um camarada do 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em primeiro plano, a fumar um cigarro, debruçado sobre a amurada do navio.


Foto nº 421 >  T/T Carvalho Araújo > Temos dúvida se ainda está no cais de Bissau, em16 de junho de 1970, ou já está atracado no porto do Funchal...


Foto nº 410 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 423 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 >  Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 431 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 > Parece  er a zona da Barreirinha (hje, da "noite funchalense").. À direita, a zona do Lazareto.


Foto nº 437 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 >  O núcleo histórico do Fnchal, com a marina, o Forte de São Tiago, etc,


 Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Hotel ?


 Foto nº 425 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro plano o 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em segundo plano a cidade e, ao fundo, à direita,  a baía do Funchal


Foto nº 414 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970  > Ao  fumdo, à esquerda, parece ser a zona do Lido.


Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro, a igreka que se vê, com duas torres, parece ser a de Santo António, segundo o nosso coeditor Carlos Vinhal.


Foto nº 407 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Vista da baía do Funchal, ao fundo à esquerda, a ponta do Garaju.


Foto nº 441 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 404 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 415  > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16-26 de junho de 1970 >  Estádio dos Barreiros, hoje estádio do Marítimo... Foi inaugurado em 1957..(E remodelao em 2009.)


Foto nº  432 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16.26 de junho de 1970 >  A Igreja de São Martinho 

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Já aqui publicámos, em tempos, bastantes fotos do álbum do Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Augusto, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), e também viola baixo do conjunto musical "Os Bambas D' Incas" de que faziam parte, ainda, o José Maria de Sousa [, Ferreira], soldado do pelotão de intendência de Bambadinca (viola solo),   e os primeiros cabos, todos da CCS,  o Tony ("cantor romântico", vocalista), o Peixoto (bateria) e o Serafim (viola ritmo). 

No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia, além do comandante, o alf mil  oficial de manutenção Ismael Augusto (. membro da nossa Tabanca Grande), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)...

O pelotão tinha  ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (1º cabo Vieira João Ferraz). Os restantes dezanove elementos do pelotão eram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...


T/T Carvalho Araújo
2. Para comemorar os 50 anos do regresso do Comando e CCS/BCAÇ 2852, mais a CCAÇ 2404 (um das 3 unidades de quadrícula do batalhão), no T/T Carvalho Araújo, com partida de Bissau em 16 de junho de 1970 e chegada a Lisboa a 26, vamos publicar mais umas fotos do álbum do "Chapinhas". 

São imagens de "slides", digitalizados, mas de qualidade variável. Selecionámos as melhorzinhas, sendo a maior parte do Funchal e arredores. Têm algum interesse documental.

O navio ficou um dia no Funchal, o que permitiu que alguns militares, em grupo, alugassem  táxis e fossem dar uma voltinha pela ilha. Foi o caso do Otacílio, que tirou "slides" de algumas paisagens. Mas o álbum não traz legendas e a numeração não é exatamente cronológica, tem a ver a com a ordem da digitalização... Guardámos apenas os três últimos dígitos para identificar as imagens.

Alguns dos nossos leitores poderão ajudar-nos a completar as legendas, a começar pelo coeditor Carlos Vinhal, que pertenceu a uma companhia madeirense, a CART 2732, mobilizada pelo BAG 2, sita no Pico de S. Martinho, no Funchal. (E que partiu para o TO da Guiné a partir do cais do porto do Funchal.)

Muitos de nós, no regresso, fizemos estas voltinhas, nalgumas escassas horas. Cinquenta anos depois a Madeira está bastante diferente, seguramente tem muito mais cimento... Mas continua a ser a  "pérola do Atlântico"...

O T/T Carvalho Araújo levou 9 dias a fazer uma viagem de cinco dias, em condições normais. Segundo o comandante da CCS/BCAÇ 2852, o alf mil trms Fernando Calado, o navio esteve parado em alto mar mais um dia, por causa de um tufão.

Incrivelmente, dou conta de que o Otacílio ainda não é membro da Tabanca Grande; fiquei à espera, estes anos todos, do seu endereço de email e de uma foto atual... Nem sei se ele visita o nosso blogue. Alguém me disse que andava entretido com um monte alentejano que tinha comprado... Vou reparar esta injustiça: O Otacílio Luz Henriques tem 14 referências no nosso blogue. Um alfabravo fraterno para ele, se nos ler...


Foto nº 516 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Aproximação ao continente, se não erro.


Foto nº 513 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Estuário do Tejo (?)  > Chegada a 26 de junho de 1970 


Foto nº 520 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > BCAÇ 2852 > T/T Carvalho Araújo > Estuário do Tejo >  Ponte Salazar e Monumento de Cristo Rei > Chegada a 26 de junho de 1970.

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21208: Os nossos regressos (38): O pessoal do Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968 / 70) chegou a Lisboa, no T/T Carvalho Araújo, a 26 de junho de 1970 (Fernando Calado)