terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5561: Tabanca Grande (198): Rogério Cardoso, ex-Fur Mil da CART 643/BART 645 (Mansoa, 1964/66)

1. Vamos conhecer hoje o nosso camarada Rogério Cardoso, ex-Fur Mil da CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), que finalmente nos mandou as suas fotos da praxe.

O Rogério chegou até nós por intermédio do nosso camarada Carlos Brito, ex-Fur Mil da CCS/BART 645, que curiosamente, nunca se tendo apresentado formalmente à Tabanca, tem colaborações no nosso Blogue.


2. Vamos recordar o que escreveu Carlos Brito sobre Rogério Cardoso

O Rogério Cardoso foi Fur Mil Manutenção da CArt 643.
Foi condecorado por ao ter-se oferecido para substituir um camarada doente, ter sido ferido em combate.
Ele foi atingido por uma granada de RPG, que não explodiu, mas que lhe fracturou uma perna. Mesmo ferido, teve o bom (?) senso de pegar na granada e atirá-la para longe.
Também foi ele o autor e mentor da AM, feita num Unimog, que aparece nas fotos e que baptizou de Paulucha, em honra da sua filha Paula.
Na minha modesta opinião, a CArt 643 teve um desempenho brilhante, talvez os melhores Águias Negras, mas, como já disse anteriormente, todos foram bons... para nada.
O Rogério é também um dos fundadores da Associação Amizade do BArt 645.


Rogério e a sua autometralhadora Paulucha

O armamento apreendido ao IN. Entre ele está a granada que atingiu o Rogério, sem contudo rebentar.


3. Transcrição do Despacho publicado na OE n.º 13 - 3.ª série de 1966 e do Louvor que originou a Condecoração




4. Comentário de CV:

Caro Rogério, estás formalmente apresentado à Tertúlia. Não te digo para te instalares, porque já fazes parte dos que colaboram no Blogue, no teu caso, lembrando os bravos "Águias Negras".
Contamos com a tua colaboração activa na organização deste espólio de episódios e imagens da guerra colonial da Guiné.

Recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

20 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5509: Álbum fotográfico de Rogério Cardoso (1): A Paulucha e material apreendido ao IN (Rogério Cardoso / Carlos Brito)

21 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5515: Estórias avulsas (66): O grande amigo Sargento Bajouco da CART 642 (Rogério Cardoso)

22 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5521: Álbum fotográfico de Rogério Cardoso (2): Quotidiano da CART 643 em Bissorã
e
29 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5559: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (17): Mais uma história do Sargento Pilav Honório (Rogério Cardoso)

Vd. último poste da série de 27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5549: Tabanca Grande (197): Rui Santos, ex-Alf Mil da 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65

Guiné 63/74 - P5560: FAP (43): Parteiros à força... (Jorge Narciso, ex-1º Cabo Esp MMA, BA 12, 1969/70)


Guiné > Bissalanca > BA12 > O ex-1º Cabo Esp MMA (1968/69) junto a um heli Al III. (*). Estve na Guné de Março de 1969 a Dezembro de1970.

Foto: © Jorge Narciso (2009). Direitos reservados




Amigo Manuel [Amaro]

Este teu poste  fez-me relembrar uma também "não estória" aparentada,  que vivi na Guiné.

Tendo como actividade primeira a de mecânico dos helis, "tirocinei" também numa semi-especialidade (empírica,  pois sem qualquer preparação prévia) de auxilio à enfermagem, com o apoio necessário às enfermeiras páras, com quem realizávamos evacuações.

Pôr a soro, fazer pensos, executar e manter garrotes, massagens cardíacas, transfusões,etc. etc. foram infelizmente acções com as quais me familiarizei.

Mas partos, era coisa que para além do meu próprio (de que não me ficou nenhum registo) estava completamente fora do meu quotidiano.

Porém um certo dia é solicitada uma evacuação (sem enfermeira) para a ilha de Unhocomo (que em conjunto com a de Unocomozinho eram as mais longíquas nos Bijagós).

Usufruindo, no voo de ida, da sempre agrádavel imagem daquele belo arquipélago (e do mar envolvente, onde pululavam quantidades enormes de tubarões, que bem se viam lá de cima) e finalmente aterrados numa paradisíaca ilha, quem nos surge para embarque ?

SÓ (Ai, Ai) uma GRÁVIDA em fase final de parto!

Embarcada a parturiente e enquanto pensava como se iria desenrascar o, talvez, primeiro mecânico/parteiro, ponderei as envolventes:

(i) Quase uma hora de voo até Bissau;

(ii) A parturiante não só não dava mostras de entender (ou não estava para aí virada) patavina do que lhe ia tentando dizer, nem dos gestos de consolo que ia ensaiando;

(iii) O olhar do Piloto era ainda mais estupefacto e aflitivo que o meu próprio e talvez mesmo que o da citada.

Enfim e abreviando argumentos, já que a viagem essa parecia nunca mais acabar, já sem ilhas, nem mar, nem tubarões, todos ora resumidos e concentrados naquele corpo/ventre que cada vez mais se contorcia, felizmente, mais para mim que, coitada, para ela, lá se aguentou até ao Hospital Civil de Bissau (na única vez que ali aterrei) onde finalmente presumo terá dado à luz o seu rebento.

Os restantes 5 minutos de voo, no regresso a Bissalanca, foram para mim e para o Piloto, como a nossa própria "renascença".

Um Abraço

Jorge Narciso

2. Comentário de L.G.:

Jorge, deves estar a referir-te ao actual Hospital Nacional Simão Mendes, herdeiro do Hospital Civil de Bissau, do nosso tempo (mas de que não temos falado aqui, no nosso bloue)... Por outro lado, julgo - se a memória não me atraiçoa - que o nosso comum amigo Humberto Reis, em viagem de Bambadinca para Bissau, de heli, à boleia, viu-se na mesma situação que tu... Só que ele terá sido mesmo parteiro à força, já que o parto se consumou em pleno voo...  (O Humberto tinha a especialidade errada: acho que ele teria dado um belo piloto de helis, a avaliar pela frequència  com que apanhava boleias vossas para uma escapadela até Bissau...).

Nenhum de nós, militares,  estava preparado, técnica e culturalmente,  para estas delicadas missões de apoio à população civil, e muito menos para assistir a um parto de emergência... Também eu estive, conpletamente isolado, em tabancas em autodefesa, sem enfermeiro, sem caixa de primeiros socorros... As NT, na Guiné, não estavam preparadas para missões de paz... Mesmo assim, montámos escolas e postos sanitários,  fomos médicos, enfermeiros, parteiros, professores, fizémos reordenamentos, fomos engenheiros, carpinteiros, pedreiros...

Situações como estas deveriam ter relativamente frequentes, a partir do momento em que foi posta em marcha a política spinolista da Guiné Melhor, e os vossos helis eram aproveitados, no regresso à base, para dar boleia tanto a militares como a civis... Dizia-se que um heli custava por hora 15 contos, não sei quem pagava (se é que pagava) à FAP missões civis específicas, como esta que tu nos descreves...

A tua história merece ficar na montra do blogue, tal como já tinha acontecido com a alegada "não-estória" do Manuel Amaro, esse, sim enfermeiro, e na ocasião parteiro... à força.  Um bela história, afinal, de solidariedade humana, diga-se de passagem.  Não tenho dúvidas que tu farias o teu melhor, se a criancinha tivesse mesmo decidido sair do "bem bom" do ventre materno, enquanto o teu heli sobrevoava o mar infestado de tubarões...Enfim, hoje poderias acrescentar ao teu currículo de vida mais esta faceta, ao mesmo tempo divertida, a de aprendiz de parteiro... à força.

Continuação de boas festas, apesar da tragédia que se abateu sobre a nossa bela região oeste, na véspera de Natal. Espero que esteja tudo bem contigo. Luis.
________________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 20 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5305: Tabanca Grande (188): Jorge Narciso, ex-1º Cabo Esp MMA, BA 12, Bissalanca, 1969/70

Guiné 63/74 - P5559: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (17): Mais uma história do Sargento Pilav Honório (Rogério Cardoso)

1. Mensagem de Rogério Cardoso* (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), com data de 22 de Dezembro de 2009:

Amigo Carlos aqui vai mais uma.

Quem nos anos 64/65 não conhecia o Honório?

Sempre bem disposto e amigo, tinha um carinho especial por aqueles que sofriam no mato.

Nas paragens entre dois aquartelamentos, quase sempre enfiava uma Sagres para a viagem.

Estando eu em Bissorã e depois de uma breve paragem para largar correio, pedi-lhe para me levar para Bissau.
Respondeu-me afirmativamente mas que ia primeiro ao Olossato, e lá seguimos sempre como era costume, de um adeus nas asas do DO27 para quem ficava.

Já no Olossato um 1.º Sargento também lhe pediu boleia para Bissau.
Depois do sim, o 1.º Sargento mandou-me sair do lugar da frente, que eu vinha ocupando, pois eu era Furriel e ele 1.º Sargento, já que normalmente o DO27 não tinha lugares sentados atrás, motivado pelo transporte frequente de carga.

O Honório, Furriel Piloto, interrompeu o nosso diálogo dizendo que quem mandava no aparelho era ele e que eu ficava onde estava, o senhor 1.º Sargento que fosse para trás, o que aconteceu.

Do Olossato até Bissau, e depois de me avisar de soslaio, o nosso amigo Honorio fez dezenas de tropelias, fazia razantes até ás bolanhas, tentou aterrar na estrada de Mansoa/Bissau por mais que uma vez, etc.
Não havia dúvida que eu ouvia algum barulho vindo de trás, como que qualquer coisa a rebolar e um forte cheiro a azedo.

Quando tocámos na pista em Bissau eu preparei-me para sair e vejo o 1.º Sargento, um indivíduo obeso, deitado de costas espumando pela boca e nariz (naturalmente cerveja a mais) e sem conseguir sair.

Diz-me o Honório:

- Está feita justiça, este nunca mais se arma em importante.

Um abraço para todos os ex-combatentes,
Rogério Cardoso

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1967 > CART 1613 (1967/68) > Um Dornier, DO 27, na pista, de terra batida, do aquartelamento. Foto do saudoso Cap Ref José Neto (1927-2006).
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5521: Álbum fotográfico de Rogério Cardoso (2): Quotidiano da CART 643 em Bissorã

Vd. último poste da série de 21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4396: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (16): Uma história do Honório (Vítor Oliveira)

Guiné 63/74 - P5558: Parabéns a você (60): Luís Fernando Moreira, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 2789/BCAÇ 2928 (Editores)

1. Quis o nosso camarada Luís Fernando Moreira* conhecer o mundo antes do reveillon, e assim, a 29 de Dezembro de um ano já longínquo (1948 ou 1949) cá o tínhamos para contentamento dos papás, que assim o puderam levar, na noite de passagem de ano, ao Monte de Santa Luzia para desfrutar do belíssimo espectáculo do fogo de artifício sobre o lendário Rio Lima.

Caro Luís, não te esqueças de ir recriar esta situação, que não sendo plausível no ano em que nasceste, podes agora concretizar com a tua família. Moras numa das cidades mais bonitas de Portugal, que nesta época natalícia, a par do mês de Agosto aquando das Festas da Agonia, mais se ornamenta e mais bela se torna.

Toda a Tabanca te deseja o melhor, muitos e bons anos de vida, sempre com o aconchego da família e dos amigos que granjeaste ao longo da vida.


Há muito que fazes parte da nossa tabanca, mas só este ano foste apresentado formalmente à Tertúlia.
Deixo aqui o que sabemos de ti, o essencial.

Mensagem de Luís F. Moreira, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 2789/BCAÇ 2928, Bula, 1970/72, com data de 1 de Fevereiro de 2009:

Antes de mais um grande agradecimento pelo trabalho feito ao serviço de todos aqueles que perderam um pedaço da sua juventude na guerra. Muito obrigado.

Depois de algum tempo já consegui entrar em contacto com o genro do João Antão da minha Companhia e já enviei 3 fotos. Vou procurar manter o contacto e troca de informações.

Aproveito para enviar também para a nossa caserna três fotos, que me parece ter algum interesse a quem passou por BULA. A capela do Batalhão, o Monumento que deixamos em memoria dos nossos mortos e a equipa de futebol do grupo de Pete (um destacamento da CCaç 2789).

Enviarei depois as duas minhas para pertencer à grande Caserna.

Um Abraço a todos
Luís Moreira
Ex-Fur Mil Trms
CCaç 2789/BCaç 2928
BULA
1970/72

__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3876: Tabanca Grande (116): Luís F. Moreira, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 2789/BCAÇ 2928 (Bula, 1970/72)
e
15 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3894: O cruzeiro das nossas vidas (13): S.O.S., fogo a bordo do Carvalho Araújo (Luís F. Moreira)

Vd. último poste da série de 27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5543: Parabéns a você (59): José Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 4745 (Editores)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5557: Cancioneiro do Xime (2): Sangue, suor e lágrimas (Manuel Moreira)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xime > 1969 ou 1970 >  Im histórico do nosso blogue, o ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71, junto a um dos três Obuses 105 mm, de fabrico Krupp (eu próprio identifiquei a chapa com a marca de fabrico), que defendiam o aquartelamento do Xime (CART 2715, 1970/72).

Era uma arma da  II Guerra Mundial. O seu alcance, médio, não lhe permitia defender o destacamento da Ponta do Inglês, junto à Foz do Corubal.   Este destacamento, guarnecido por um Grupo de Combate da CART 1746, a que pertencia o Manuel Moreira (mas também o Gilberto Madail, figura pública, ligada ao mundo do futebol), foi abandonado pelas NT em finais de 1968. O Manuel Moreira,  que é membro da nossa Tabanca Grande, bem poderia contar-nos como foram os últimos tempos passados na Ponta do Inglês.  A CART 1746 esteve  em Bissorã  (Região do Oio), de Julho de 1967 a Janeiro de 1968,  e o resto do tempo, Junho de 1969, no Xime (Zona Leste) (*).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados



1. Letra que nos foi enviada pelo nosso camarada Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


Sangue, Suor e Lágrimas
por Manuel Vieira Moreira



1
Muitas noites tenho passado,
Na Guerra bem acordado,
Por não conseguir dormir.
Com os olhos sempre alerta,
Pois é sempre pela certa
Que os Turras cá possam vir. (Bis)

2
Certa noite fui acordado
E por estrondos alarmado,
Às duas da madrugada.
Mas rapidez é comigo,
Corri logo a um abrigo
P'ra responder de rajada. (Bis)

3
A nossa bela Nação
Defendo-a do coração,
Estas são as minhas dádivas.
Misturadas com a dor,
Lágrimas, Sangue e Suor,
Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)(Final)

Do Fado: Saudade, Silêncio e Sombra
Xime, 20 de Dezembro de 1968

______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)

Guiné 63/74 - P5556: Blogues da Nossa Blogosfera (30): Do caos ao cosmos, extensão de Reflexos e interferências (Regina Gouveia)

1. Mensagem de Regina Gouveia com data de 27 de Dezembro de 2009:

Aos meus amigos
Tenho já um segundo blogue, mais intimista, em que, mantendo a ligação à ciência, publicarei textos e imagens mais pessoais.

Poderão aceder em http://docaosaocosmos.blogspot.com/

Um abraço a todos com votos de um 2010 muito feliz
Regina Gouveia

Este blogue é como que uma extensão do blogue http://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/. Será um blogue mais intimista onde partilharei convosco textos e pinturas, de minha autoria e não só... (RG)


2. Comentário de CV:

Cara Regina, já visitei o seu novo Blogue, ainda em início de vida.

Porque tudo o que tenha a ver com a Guiné-Bissau é para nós motivo de interesse, não resisto a transcrever um dos primeiros postes que lá encontrei. Faço-o com a devida vénia e porque sei que não se zanga connosco.


Telejornal

Vejo o Telejornal no canal dois
A apresentadora fala da BSE, de clonagem, do Kosovo e, logo depois,
de um acidente no Cais do Sodré e da instabilidade na Guiné.
E eu empreendo no tempo uma viagem...
O Braima, a Binta, o Adrião, onde andarão neste momento?
Conheci-os em Bafatá, há muito tempo, iam buscar o "cume" no fim da refeição.
Recordo os seus olhos vivos de crianças pele negra, dentes alvos, sem igual
os passos apressados quando o vento anunciava em breve um temporal
Eu era aluna e eles mestres do crioulo de que mal guardo lembranças.



Das mulheres, recordo as suas vestes fossem mulheres grandes ou "bajudas"
no tronco, eram em geral desnudas, presos na cinta panos coloridos
que, de compridos, chegavam quase ao chão.
Algumas eram de tal modo belas que pareciam extraídas de telas
Recordo, servindo-me o café, o Infali com aquele seu olhar tão doce e triste
talvez o ar mais triste que eu já vi. Será que o café ainda existe?
Recordo aquele condutor, o Mamadu mostrando com orgulho o seu menino
Que terá feito deles o destino?
Recordo os passeios na estrada do Gabu os mangueiros, os troncos de poilão,
a mesquita, o mercado, a sensação de paz que tudo irradiava,
apesar do obus de Piche que atroava, apesar da maldição da guerra
cujo espectro por cima pairava.
Recordo ainda o cheiro e a cor da terra, o Colufe e o Geba sinuosos
onde canoas esguias deslizavam, recordo macaquitos numerosos
que entre os ramos das árvores saltavam enquanto que lagartos, preguiçosos,
ao sol, pelos caminhos se espraiavam e uma miríade de insectos buliçosos
ao nosso redor sempre volteavam.
Recordo o batuque daquele casamento. Na foto ficou bem impresso o momento
em que o dançarino fazia um mortal numa fantástica expressão corporal
Foi lá na Ponte Nova, naquela tabanca onde de azul se coloriam panos
que as mulheres usavam em volta da anca e que desciam quase até ao chão.
Tudo isto se passou há muitos anos.
A apresentadora fala agora em danos causados por uma longa estiagem
e mostra uma desértica paisagem.
Eu regresso da minha viagem e tento organizar o pensamento.
O telejornal está quase no final. Deve seguir-se a previsão do tempo.

__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5378: Blogoterapia (133): Falando do povo da Guiné-Bissau... e alguns poemas (Regina Gouveia)

Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5398: Blogues da Nossa Blogosfera (29): Portal Guerra Colonial Portuguesa: novas publicações (Jorge Santos)

Guiné 63/74 - P5555: A navegação no Rio Geba e as embarcações do meu tempo: Corubal, Formosa, BOR... (Manuel Amante da Rosa)


Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > 12 de Dezembro de 2009 > "Expresso dos Bijagós", o barco da carreira semanal Bissau-Bubaque, um antigo cacilheiro, adquirido pelo armador português que explora esta ligação marítima.

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados


1. Comentário do Manuel Amante da Rosa (que  está em Macau, ao serviço da CPLP), ao poste de 28 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5553: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/ Mai 71) (6): O Geba e as viagens do Bubaque

Caro Arsénio, por cá, em Macau (*), já é bastante tarde mas é a melhor hora para passar uma revista às actividades da Tabanca Grande.

Quanto ao navio [que aparece na foto, da autoria de Carlos Marques dos Santos] quer me parecer, pelo mastro da proa, suposição que a casa de leme estaria bem à popa e ser construído em ferro,  que seria um dos batelões ou lancha da casa Gouveia ou da Ultramarina.

Talvez, mas ainda sem certeza, possa ser um dos batelões da Marinha (BM2), para emprego civil.

Como se pode observar do amontoado de passageiros, sem qualquer protecção contra o sol ou outras intempéries,  o número de feridos e mortos em caso de ataque à passagem por Mato Cão sempre era,  infelizmente, significativo.

O Corubal e o Formosa eram navios de bom porte, estilizados, lindos, velozes, com boas condições de segurança e navegabilidade, que faziam a carreira de Bolama, Bubaque nos Bijagós, Cacine, Cacheu e alguns outros portos. Foram construídos nos Estaleiros de Viana do Castelo em 1952, pela placa que tinham no confortável camarote da primeira classe.

Dizia~se que o motor a diesel que tinham, penso que de oito ou dez cilindros, tinham sido construídos pela Alemanha nazi para os seus submarinos. Nunca comprovei este detalhe. Calavam mais de um metro e meio pelo que só vi uma vez o Formosa no porto de Xime na maré cheia. Mas que teriam chegado a Bambadinca antes da guerra.

Da última vez que viajei nele foi no fim da especialidade, em Bolama, com destino a Bissau acompanhado de mais de 300 militares que saíam do CIM [Centro de Instrução Militar]. Lembro-me de que viajou connosco o Capitão Moás, que era de Cavalaria.

Quanto ao BOR, como os outros, também era do Comando da Defesa Marítima. Era o que se chamava um ferryboat, para transporte de viaturas, cargas a granel, passageiros, gado e tudo o mais que houvesse, incluindo a guarnição de várias unidades militares a nível de companhias e seus apetrechos e viaturas. ~

Tinha dois potentes e ruidosos motores, um a bombordo e outro a estibordo, que lhe permitia grande capacidade de manobra e calava pouco. Mas era lento de exasperar e desconfortável. O sol era abrasador para quem não estivesse abrigado. Levava facilmente mais de 400 passageiros e cargas.Era seguro e muito utilizado para o transporte das guarnições militares.

O Rio Geba já não é, hoje, navegável a montante de Xime. A falta de navegação nesse trecho também contribuiu para o assoreamento do rio em muitos pontos. Mesmo para canoas a motor.

Tentarei trazer mais pormenores dos navios e gentes que desafiavam o Mato Cão.

Abraço
Manuel Amante
____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

 12 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5455: Memória dos lugares (60): O Rio Geba e o navio Bubaque, do meu pai (Manuel Amante da Rosa)

27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

Guiné 63/74 - P5554: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (24): Várias mensagens de Boas Festas (Editores)

Reproduzimos mais algumas mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico. Os editores e a Tertúlia retribuem e agradecem. 1. Mensagem de António José Pereira da Costa ***/***/***/***/*** 2. Mensagem de José Francisco Robalo Borrego Caríssimo Carlos Vinhal e Excelentíssima Família, Com a mais elevada consideração e estima venho desejar-vos um Santo Natal e um 2010 o melhor possível em todos os campos! Se for possível gostaria que esta Mensagem fosse extensível a todos os camaradas da Tabanca Grande e suas famílias. Deixo ao teu critério... São estes os votos mais sinceros do camarada e amigo JOSÉ BORREGO ABRAÇOS ***/***/***/***/*** 3. Mensagem de Jorge Rosales Aqui vai um abraço de votos de Boas Festas, com SAUDE, para ti e todo o pessoal da Tabanca. Jorge Rosales ***/***/***/***/*** 4. Mensagem de Jorge Teixeira Caros Tertulianos Queridos Editores e seu/nosso Cmdt, não menos amado. Caro Carlos Vinhal Camaradas (vou discursar?) Há uma coisa que não entendo, não percebo nada. Se o Natal é quando um homem quiser, dizem, porque é que só nesta altura, toda a gente envia as Boas Festas? Só para chatear e dar trabalho? (ao CV?) Têm 365 dias para o fazer, não se guardem para o último dia! Como eu não sou desses, aproveito esta altura boa para desejar a todos UM BOM NATAL E FELIZ ANO NOVO (será ao contrário?), já agora, como nos velhos tempos, além das Propriedades para o Ano Novo, também um adeus até ao meu regresso. BOAS FESTAS cumprim/jteix PS: (sempre a politica), outra vez, mas sem conotação. PS: Já alguém pensou que afinal JC também era um ex-combatente? Não foi ele que lutou contra os vendilhões do templo? (logo... lutou...) E como nós não foi vilipendiado, enxovalhado, desprezado e torturado pelos governantes? Afinal de que nos queixamos? Temos o que merecemos. jt ***/***/***/***/*** 5. Mensagem de Francisco Palma Estimado Luis Graça ; Carlos Vinhal e a TODOS os Camaradas da tabanca Grande e ex-Combatentes NATAL MUITO FELIZ E UM ANO 2010, PLENO DE SAUDE, AMOR E PAZ ***/***/***/***/*** 6. Mensagem de Luís Fonseca Os meus mais sinceros votos de um ÓPTIMO NATAL e um ANO NOVO pleno de realizações. Luis Fonseca ***/***/***/***/*** 7. Mensagem de Alberto Sousa e Silva Que a paz, o amor e a harmonia permaneça nos vossos corações e de toda a familia. Feliz Natal para todos os Tertulianos, Guiné. São os votos de: ALBERTO SILVA CCAÇ 2382 - BUBA 1968/1970 ***/***/***/***/*** 8. Mensagem de Manuel Vieira Moreira: Com votos de Santo Natal e Feliz Ano de 2010 para toda a Tabanca, envio mais uma das minhas Canções da Guiné que fazem parte da minha "Guerra". Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 Sangue, Suor e Lágrimas 1 Muitas noites tenho passado Na Guerra bem acordado Por não conseguir dormir. Com os olhos sempre alerta Pois é sempre pela certa Que os Turras cá possam vir. (Bis) 2 Certa noite fui acordado E por estrondos alarmado Às duas da madrugada. Mas rapidez é comigo Corri logo a um abrigo P"ra responder de rajada. (Bis) 3 A nossa bela Nação Defendo-a do coração Estas são as minhas dádivas. Misturadas com a dor Lágrimas, Sangue e Suor Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)(Final) Do Fado: Saudade, Silêncio e Sombra XIME, 20 de Dezembro de 1968 Um Abraço para todos ***/***/***/***/*** 9. Mensagem de António Graça de Abreu: Com os desejos de um Feliz Natal e um excelente Ano Novo 2010, Um abraço, António Graça de Abreu __________ Nota de CV: Vd. último poste da série com data de 27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5545: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (23): Gilda Pinho Brandão (ou Gilda Brás)

Guiné 63/74 - P5553: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/ Mai 71) (6): O Geba e as viagens do Bubaque



Guiné > Rio Geba > A caminho de Bissau > 1968 ou 1969 > O Fur Mil Carlos Marques dos Santos, da CART 2339, Mansambo, 1968/69, num dos típicos barcos civis de transporte de pessoal e de mercadoria, que fazia a ligação Bambadinca-Bissau-Bambadinca, passando pela temível Ponta Varela, na confluência do Rios Geba e Corubal e o assustador Mato Cão, no Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca. Estes barcos (alguns ligados a empresas comerciais, como a Casa Gouveia) tinham, como principal cliente a Manutenção Militar. Pelo Xime e por Bambadinca passava o "ventre da guerra" de toda a Zona Leste. (Não tenho a certeza se este era o "Bubaque", que pertencia ao pai do embaixador Manuel Amanante da Rosa, membro da nossa Tabanca Grande).

Foto: © Carlos Marques dos Santos (2006). Direitos reservados.


1. Texto de Arsénio Puim, escrito originalmente em resposta a um comentário de Manuel Amante da Rosa (*):

13 de Dezembro de 2009
Luis Graça



Mando um pequeno trabalho relativo ao comentário amigo de Manuel Amante da Rosa, sobre o «Bubaque». Também mandei hoje um comentário para José Marcelino Martins, com uma info.




2. Recordando... VI > Ainda o Geba e o "Bubaque"

Começo por enviar um abraço ao nosso camarada Manuel Amante da Rosa (**), cujo texto, publicado na sequência das minhas memórias sobre o rio Geba e a memorável viagem no «Bubaque», apreciei muito, em si e pelo encontro que nos proporcionou.

Como este mundo é pequeno e como é grande o poder deste blogue!

Obrigado pelos dados que nos forneceu sobre a «biografia» do histórico «Bubaque» e a carreira, que ele desempenhava com tanta proficiência, entre Bissau e Bambadinca.

Esta foi a minha viagem de eleição no território da Guiné, pela sua originalidade, pela sua distância e pelo seu encanto. O Geba estreito constituiu, de facto, o troço mais palpitante, nomeadamente o Mato Cão – até o nome não sabe bem – onde, desta vez, não estava o nosso alferes Cabral, de Missirá, para ver o barco passar e nos proteger. O trajecto do Geba largo, até ao Xime, eu já o tínha percorrido, em LDG, quando o nosso Batalhão deixou Bissau e veio para Bambadinca, mas era de noite e foi às escuras.

A viagem do «Bubaque», desde as 10 horas às cinco da tarde - não sei se parámos em algum porto intermédio, como o Xime, já não me lembro - correu muito bem, com muita ordem, boa convivência e sem qualquer problema. Foi um espectáculo permanente oferecido aos nossos olhos e que, como em outras ocasiões, me fez pensar e sentir: que pena a guerra!...

Julgo que o rio Geba é um importante recurso natural da Guiné, com grandes potencialidades, inclusive turísticas, pela sua navegabilidade e beleza, pela curiosidade do macaréu, pela sua importância piscícola assim como para a cultura do arroz nas bolanhas marginais.

E o mesmo se pode dizer do Corubal – não conheço os outros rios – que também é navegável, mas não era navegado na altura, por não oferecer segurança em razão da ocupação e controle da linha do Corubal pelos guerrilheiros.

Não sei o que acontece hoje, após a guerra. É possível que, com o livre trânsito das vias terrestres, as carreiras fluviais tenham perdido importância, ou não. Mas se eu voltasse à Guiné, gostaria de fazer, precisamente, a mesma viagem no Geba, que, afinal, não acabou em Bissau.

Depois de dormir uma noite no «Vaticano» - assim se chamava a residência do Capelão Chefe e onde ficavam os capelães que estavam no mato quando se deslocavam a Bissau – embarquei de novo na manhã do dia seguinte para Bolama, onde decorreu um encontro dos capelães militares do território.

Desta vez, o barco, ainda de menores dimensões, era o «Corubal» - não sei qual era a empresa proprietária –, que desceu o Canal do Geba (que o nosso Batalhão tinha subido alguns meses antes no Carvalho Araújo), circundou a costa leste da zona continental, passou ao largo da ilha das Cobras e a ilha das Areias, e três horas e meia depois aportava na majestosa e decadente antiga capital da Guiné, na excelente ilha de Bolama.

Arsénio Puim

Guiné 63/74 - P5552: FAP (42): Dois senhores da guerra: O Cabo 80 e o Cap Pára Terras Marques (Jorge Félix)





Guiné  > BCP 12 >  s/ data (c. 1968/´70) > 2 fotos do antigo Cap Pára  Terras Marques, hoje coronel reformado: a primeira, num convívio da CCP 122/BCP 12, em Bissalanca, BA 12; e outra, no mato.

Fotos (e legenda):  © Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do nosso amigo e camarada  Jorge Felix, ex-Alf Mil Pil Heli AL III (Bissalanca, BA 12, 1968/70), residente em Vila Nova de Gaia;

Assunto - O Oitenta (*)

Caro Luis,

Por se tratar de uma figura mitica dos Paraquedistas, o Oitenta,  envio-te este comentário que escrevi no P5546 (*), e a que darás mais relevo se assim o entenderes.

O Jaime era mais conhecido por Oitenta.

O Jaime foi chinado numa refrega no Bairro Alto. Quando chegaram os PM era tarde.

As lutas do Oitenta em Bissalanca eram, além de mais românticas, para matar o tempo, pois que passado o calor do sangue, o convivio recomeçava. Havia um fuzileiro de estimação chamado Tarzan, mas tudo era , como já disse,  muito romântico.

Transportei muitas vezes o Jaime  para as ZOPS, onde o vi sempre bem disposto, corajoso e solidário. Muitos roncos me ofereceu das investidas que fazia nos TASS (assaltos). Ficou tudo debaixo da minha cama em Bissalanca.

Muitas vezes disse ao Oitenta:
-Tens mais de pescoço que eu de perna !!  - e ríamos.

As histórias do Oitenta parecem todas um exagero mas uma tem que ser contada.

Porque se chamava Oitenta, o Jaime ? Dizem que na carreira de tiro,  na sua recruta, com duas metralhadoras, uma em cada mão, desenhou um oito com a esquerda e ao mesmo tempo um zero com a direita.

Outro Senhor da guerra por quem nutro grande amizade e é falado neste poste é o Terras Marques, companheiro de muitos voos e muita  água da Bolanha.

Junto uma foto sua algures no mato e outra num convivio no BCP 12 com a Companhia nº 122.
Jorge Félix

____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5546: FAP (41): Quem foi realmente o Cabo 80, 1º Cabo Pára-quedista nº 85/RD ? (Pedro Castanheira)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5551: Em busca de... (105): Furriéis Mil Art Araújo, Santos e Tobias Queirós (Guileje e Gadamael, 1972/74) (Luís Paiva)

1. Mensagem de Luís Paiva, ex-Fur Mil Art.ª, Guileje e Gadamael, 1972/73, com data de 16 de Dezembro de 2009:

Há vários anos que procuro encontrar 3 ex-Furriéis de Artilharia que estiveram comigo entre 1972 e 1973 em Guileje: o Araújo (salvo erro de Braga), o Santos (salvo erro de São João da Madeira) e o Tobias Queirós (com este ainda me encontrei algumas vezes num escritório da ex-Lusalite que existia algures na Baixa de Lisboa mas que entretanto fechou).

O Araújo teve a sorte de ser rendido antes da situação militar se complicar em Guileje. Mas já o mesmo não aconteceu com o Santos e o Queirós que comigo foram protagonistas dos tempos mais complicados que se seguiram e que levaram à retirada de Guileje para Gadamael.

Gostava de os rever pois com excepção do Tobias Queirós já não vejo os restantes há cerca de 37 anos. Ao Queirós perdi o rasto talvez há mais de 15.

Obrigado
Um abraço
Luís Paiva
ex-Fur Art
Guileje e Gadamael
1972 a Janeiro de 1974
NOP45376@sapo.pt
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série com data de 2 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5392: Em busca de... (104): Luís Zagallo (ex-Alf Mil, CCAÇ 1439) - Um pedido de ajuda do João Crisóstomo (EUA) que me encheu de lágrimas (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P5550: Convívios (179): Convívio espontâneo da CCav 2749/BCav 2922 (Hélder Sousa)



1. O nosso Camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil de Transmissões TSF (Bissau e Piche, 1970/72), enviou-nos a seguinte mensagem com data de 26 de Dezembro de 2009:

Almoço/Confraternização de elementos da CCav 2749 do BCav 2922

Camaradas,

Espero que as Festas lhes estejam a correr bem.



Envio a descrição e algumas fotos do que foi, aparentemente, mais um convívio de Natal.

Na verdade não se tratou de “mais um” convívio de Natal.Foi realmente a época natalícia que o proporcionou mas tratou-se de um encontro espontâneo de ex-militares, maioritariamente da CCav 2749 do BCav 2922, de Piche, que, ao tomarem conhecimento da presença em Portugal dum antigo camarada de armas que já não viam praticamente desde o regresso das terras africanas, o ex-Fur. Mil. Cav. MA Boto, a viver na África do Sul, rapidamente se mobilizaram para lhe fazerem um surpresa, mesmo correndo o risco de uma menor presença, devido à época e ao pouco tempo disponível para os contactos.

É notável como os laços de camaradagem forjados naquelas longínquas terras e nas condições comummente vividas possibilita que, num repente, tenha sido possível juntar num restaurante da Costa da Caparica, o 'Nova Praia', amigos que vieram de Braga, do Porto, de Évora e de Londres, para além dos habitantes dos arredores, apenas e só pelo desejo de reverem um amigo ausente há mais de 30 anos...

Avisado a tempo pelo Luís Borrega que, a partir da informação do Manuel Costa (de Braga), dinamizou alguns contactos e incumbindo os Vaguemestres a tratarem da logística (como convém!), também me foi possível comparecer, embora com o repasto já a decorrer, pois para além do tempo que estive com eles em Piche alguns dos furriéis foram também meus contemporâneos do 1º Ciclo do CSM da 3ª incorporação em Santarém em Julho de 69.

São estes gestos de amizade incondicional que fazem a 'imagem de marca' de todos aqueles viveram uma época de grande crescimento interior e que hoje estão cá para contar como se criam e alimentam amizades e disso dão testemunho para quem quiser tomar conhecimento.


Seguem-se algumas fotos ilustrativas com as respectivas legendas, cujos créditos devem ser imputados a Herlânder Galinho de Almeida.


Foto 1 - O grupo, onde vemos da esquerda para a direita, o Fur Mil. Transm. Henrique Ferreira da CCav 2749, o Fur. Mil, Vaguemestre Vitor José da CCS, o Alf. Mil. Artur Fernandes da CCav 2749 (hoje Coronel Ref.), o Fur. Mil. José Soares da 2749, o Fur. Mil. MA Fernando Boto da 2749, o Fur. Mil. Mec. Manuel Costa da 2749, o Fur. Mil Vaguemestre Herlander Almeida da 2749, o Fur. Mil. Carlos Carvalho da 2749, o Fur. Mil. Lourenço Melo e Castro da 2748, o 1º Cabo At. Alfredo Lopes da 2749, o Fur. Mil. Arlindo Costa da 2749, o Alf. Mil. José Belchiorinho da 2749 e o nosso 'tertuliano' Fur. Mil. MA Luís Borrega da 2749. O fotógrafo foi o Fur. Mil. MA Luís Encarnação da 2748



Foto 2 - Vemos, também da esquerda para a direita, o Fur. Mil. Arlindo Costa, o Fur. Mil. MA Luís Encarnação, o Fur. Mil. Transm. Hélder Sousa do STM, o Alf. Mil. José Belchiorinho e o 1º Cabo Alfredo Lopes

Foto 3 - Vemos, ao fundo, o Fur. Mil. José Soares, o Fur. Mil. Carlos Carvalho, o Fur. Mil. Fernando Boto e o Fur. Mil. Luís Encarnação e, em primeiro plano, o Fur. Mil. Mec. Manuel Costa, o Fur. Mil. Arlindo Costa e o Fur. Mil. Transm. Henrique Ferreira

Foto 4 - Vemos, para além da cabeça do Fur. Mil. Arlindo Costa, o Fur. Mil. Mec. Manuel Costa, o Fur. Mil. Luís Borrêga, o Alf. Mil. Artur Fernandes, o Fur. Mil. Hélder Sousa, o Alf. Mil. José Belchiorinho, o 1º Cabo Alfredo Lopes e o Fur. Mil. José Soares

Foto 5 - Identificamos, da esquerda para a direita, Hélder Sousa, José Belchiorinho, Arlindo Costa, Manuel Costa, Luís Borrega, Artur Fernandes e a Natividade (esposa do Hélder)

Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa / Luís Borrega
Fur Mil Trms TSF / Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922,

Fotos: © Herlânder Galinho de Almeida (2009). Direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5549: Tabanca Grande (197): Rui Santos, ex-Alf Mil da 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65

1. Mensagem de Rui Santos, ex-Alf Mil da 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65, com data de 16 de Dezembro de 2009:

Camarada/s: Faz tempo que não encontrava o vosso contacto e até pensei o pior, dado que não obtive resposta a um mail que enviei há bastante tempo até que hoje resolvi colocar na janela de pesquisa google "Caboxanque", e eis que me aparece o vosso novo contacto, não me fiz rogado e aqui estou! 

 Estive em comissão na Guiné de 1963 a 1965, fui Alferes Miliciano e o meu serviço foi... Bedanda 4.ª CCAÇ (guarnição normal), e depois Bolama com uma passagem por Fulacunda (10 dias). 

 Tenho muitas recordações, boas e más, mas são recordações que ninguém mas tira, e tenho felizmente uma memória excelente! Voltarei um dia para partilhar, e tentar o contacto de qualquer um que se lembre de mim e que ainda se arraste por este mundo, lembro dos alferes: Gonçalves, Grilo, Gouveia, Ribeiro, Teixeira Barata e o outro Barata; entre sargentos: Lopes Pereira, Lopes Junior, Centeio, Esturrica Lopes, e muitos outros que de momento estão envolvidos pela neblina das bolanhas. 16 de Dezembro de 2009 (vão 44 anos) RUI SANTOS MAIL: ruigdossantos@gmail.com 

  2. Segunda mensagem do nosso novo camarada Rui Santos, com data de 22 deste mês de Dezembro de 2009:

 Boas noites amigos: Tudo me tem corrido mal com este meu novo equipamento, este é o terceiro mail que escrevo hoje, espero que vos leve a minha gratidão por me terem comunicado! Nos outros mails alonguei-me em demasia e não consegui inserir as fotos, mas sou velho e penso que não sou burro, lá consegui! 

  Num pequeno resumo Fui incorporado em Agosto de 1962 e fiz o COM em Mafra. Daí fui para o RI15 (velho) em Tomar onde fui nomeado pelo Cap Coutinho, voluntário à força, para o 1.º Curso de Rangers (diziam) no CMEFED em Mafra. Uns dias em Lamego, pois fui mobilizado e mandaram-me regressar à unidade, com umas grandes peripécias, vindo no mesmo dia a Mafra, Tomar, Abrantes onde estava a minha Companhia. Logo o Capitão me mandou para Tancos tirar o Curso de Minas e Armadilhas, estas viagens todas no mesmo dia. 

Depois do Curso e quando regressei a Abrantes, ainda hoje estou para perceber, tinham partido sem mim, assim voltei a Tomar a aguardar ordens, e eis que cerca de 10 a 12 dias depois soube que o meu destino seria Guiné!! Neste pequeno relato se passaram 13 meses e meio. Embarcaram-me num cacilheiro de nome "Manuel Alfredo" no dia 10/9 e depois de um periodo de navegação pela mesa das refeições e das cartas, estamos no Pidjiguiti no dia 20/9/63. 

Após um periodo de 10 dias em Bissau, onde pensei que os terroristas tinham feito desembarcar vários batalhões de melgas e mosquitos e atacaram com tal gana as tenras carnes do maçarico, que me vacinaram e ainda hoje se algum desses bichos me morde cai logo morto!! Mais 10 dias de incubação psicológica, e levaram-me a Bissalanca onde me esperava um mini-constelation "Auster" de três lugares, o Furriel Piloto, o moi, e o sargento vaguemestre da 4.ª Companhia da Guarnição Normal de Bedanda. No ar, tudo verde lá em baixo, até que 45 a 50 minutos depois o piloto começou a tirar motor, acenei só com a cabeça, pois o barulho dos 4 motores era muito, e ele sorridente, disse: - B E D A N D A!!! 

 Aqueles penduricalhos não me cairam ao chão porque estava sentado, mas caí eu em mim... DOIS ANOS! Bom, espero não estar a aborrecer, mas havemos de falar e recordar, a gente nova não gosta que os velhos recordem, mas foi a nossa vida... Desculpem o modo de escrever mas o facto é que sempre fui descontraído quer debaixo de fogo, quer ao lado do fogo (lareira)! De qualquer modo, um (ou dois) abraços e espero não gastar mais papel mas sim saliva. Lisboa, 22 de Dezembro de 2009 Rui Santos Na "estrada" de Bolama para a ilha das Cobras ao volante do velho jeepão brasileiro, com o Cabo Enfermeiro No Quartel de Bedanda, a bordo do jeep que me foi alugado no "Bedanda Rent a car". 

  3. Comentário de CV 

 Caro Rui Santos, bem-vindo. Entra, acomoda-te, e fica desde já a saber que não és dos menos novos cá na caserna. Temos por companheiros alguns jovens já na casa dos setenta e com grande pedalada. Vais conhecê-los aos poucos, porque esperamos da tua parte uma colaboração activa. Palavra, puxa palavra e assim contamos as nossas peripécias. Como escreves nas entrelinhas, este é o local ideal para descarregarmos as nossas recordações, sem vermos os filhos e os netos a olhar para o cão, como que a dizer: - O cota é mesmo chato, não achas Boby? Temos já uns quantos camaradas do início da guerra na Guiné, mas não tantos que possamos dispensar mais um que nos ajude a montar o cantinho do puzzl correspondente ao início dos anos 60. A esmagadora maioria é de meio e fim da guerra. Vê tu que o nosso camarada Pedro Neves tem o descaramento de completar hoje uma porcaria de 58 anos de idade. Até podíamos considerar um insulto, mas a gente perdoa-lhe porque isto com o tempo passa-lhe. 

 Caro Rui, a partir de hoje tens mais, quase, 400 amigos com os quais poderás interagir, trocando impressões, fazendo comentários, etc. Contamos contigo no próximo Encontro Nacional da Tertúlia, onde poderás ver em carne e ossso estes teus novos amigos, para já virtuais. Deixo-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia. Manda as tuas histórias e fotos (devidamente legendadas), para o endereço do blogue: luis.graca.prof@gmail.com e em redundância para um dos editores, que posso ser eu ou o nosso MR, Magalhães Ribeiro, o mais famoso periquito da Guiné. Assim terás a certeza de que um de nós não vai perder de vista a tua mensagem. CV

 __________ 

Guiné 63/74 - P5548: Álbum fotográfico de João Graça (2): O Fatango ou macaco fidalgo (Procolobus badius) do Parque Nacional do Cantanhez


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional de Cantanhez > Iemberém > 9 Dezembro de 2009 > 15h50 > Macaco fidalgo vermelho (ou fatango, em crioulo). Nome científico: Procolobus  badius.

O Parque Nacional do Cantanhez, inaugurado em 19 de Março de 2008, tem um superfície de mais de 100 mil  hectares / 1000 km2 (superior ao nosso Parque Nacional da Peneda-Gerês, que tem 70 mil). No Parque vivem cerca de 40 mil pessoas. As suas potencialidades para o desenvolvimento integrado e sustentado da Guiné-Bissau estão estudadas, nomeadamente do ponto de vista do ecoturismo.

A falta de investigação científica sobre a rica e diversificada fauna do Cantanhez não tem permitido definir e sobretudo aplicar uma eficaz política,  integrada e transfronteiriça,   de conservação e protecção. Prevê-se que no final do 1º trimestre de 2010 já esteve disponível, em livro, o Guia dos Mamíferos do Cantanhez, segundo informação da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau.

A AD tem tido um papel pioneiro na criação e dinamização de EVA - Escolas de Verificação Ambiental (Elemento de contacto: Engª Agr e doutoranda em Educação, a nossa amiga Isabel Levy Ribeiro, portuguesa, esposa do Eng Agr Carlos Schwarz Silva, Pepito). (LG)

Fotos: © João Graça (2009). Direitos reservados. (*)

O fatango, macaco fidalgo vermelho, western red colobus (em inglês). Espécie: Procolobus badius. É uma espécie ameaçada,  fundamentalmemte devido à caça e à desflorestação.

São Mamíferos da ordem dos Primatas, ordem que compreende  o homem, os macacos e os prossímios.  Os primatas são: (i) especialmente arborícolas e omnívoros, (ii) dotados de cérebro grande e diferenciado, (iii) olhos bem desenvolvidos e voltados para a frente, permitindo a visão binocular, e (iv) membros com cinco dedos, o primeiro geralmente oponível aos demais.
 
O Procolobus badius é originário de África. Distribui-se pela África Ocidental (Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria...). Habita as florestas húmidas ou florestas-galeria. Na Guiné-Bissau, é uma das várias espécies de primatas existentes no Parque Nacional do Cantanhez (que inclui o dari, o chimpanzé).
 
Vive em grupos de 5 a 100 indivíduos. Cada grupo possui um território de cerca de 35 hectares. Alimenta-se de frutos, folhas, raízes e flores. Mede, em comprimento, entre 47 e 69 cm. A cauda mede entre 50 e 80 cm.  Pesa cerca de 8 quilos. É uma espécie ameaçada, EM PERIGO (EN, Endangered, isto é, considerada como estando a sofrer um risco muito elevado de extinção na natureza), segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas (versão 3.1, de 2001).
 
Vd. sítios na Net >

The IUCB Red List of Threatened Species >  Procolobus badius (em inglês)
Primate Factsheets > Red Colubus (em inglês)
Animal Diversity Web (em inglês)
ARKive (em inglês) (com excelentes vídeos)
Damisela (em espanhol)
GORP (em inglês)


[Dados recolhidos por L.G.]

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior > 24 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5531: Álbum fotográfico de João Graça (1): Médico em Iemberém por cinco dias

Guiné 63/74 – P5547: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (32): COMOP. BCaç 2892 - 1º Trimestre 1971 (Mário G R Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 32ª mensagem, em 26 de Dezembro de 2009:

Camaradas,

Nos postes P5452 e P5530 apresentei-vos uma descrição pormenorizada das actividades da minha CArt 2519, no Sector de Buba-Aldeia Formosa, nos 1º e 2º Semestres de 1970.

Continuo agora com as actividades no ano de 1971, período este em que as unidades do Sector tanto se empenharam e sacrificaram nas ZAs a seu cargo, já numa fase em que começavam mais em sobreviver, com o pensamento no seu regresso a casa e na sua substituição por outras unidades, do que propriamente em combater o IN.

Buba - Nhala - Mampatá - Aldeia Formosa
COMOP. BCaç 2892
1.º TRIMESTRE

JANEIRO de 1971

Sentia-se um forte crescimento da actividade IN, nas Zonas junto à fronteira, a Oeste de ALdeia Formosa, tentando o PAIGC fixar-se no terreno com vários Grupos armados, movimentando-se ao longo da linha fronteiriça, com a Guiné-Conakri, derivando de Oeste para Leste do nosso território.

As NT, nesta ZA a cargo da CArt 2521 e CCaç 2614 (que nesta altura tinha trocado com a CCaç 2615), empenhavam-se em patrulhamentos, emboscadas e colocação de minas nos itinerários de infiltração, procurando detectar sinais do IN, e impedir as suas acções na área.

O PAIGC, conhecedor do terreno e das nossas movimentações, conseguia contornar todas as nossas actividades, refugiando-se na fronteira quando pressentia a presença das NT, o que tornava infrutíferas todas as nossas iniciativas, caindo apenas nas nossas armadilhas implantadas no terreno, para o efeito.

Neste período registaram-se as seguintes acções do inimigo, sobre a Zona de Aldeia Formosa:

10-01-1971, registou-se um ataque ao aquartelamento com vários foguetões de 122 mm, accionados do outro lado da fronteira.

14-01-1971, novos ataques (duas vezes), ás 01h00 e 02h00, ambos com morteiros de 82 mm e RPG7, provenientes de Bungofé.

Neste dia, mais tarde, quando procedíamos ao reconhecimento do ataque na Zona de Bongofé, um Grupo de Combate da CCaç 2614, detectou-se a movimentação do IN, nesta área, em direcção a Sare Amadi. O GC progrediu no terreno em sua direcção e encontrou os seus abrigos, abertos ao longo da estrada de Contabane, perto de Sara Amadi, pelo que, se emboscou no local preparando-se para o combater, o que não chegou a acontecer. Recebeu ordens de regresso Aldeia Formosa, tendo, antes disso, armadilhado toda a área.

19-01-1971, uma viatura, na picada Aldeia Formosa - Paté Embaló, quando se deslocava para esta Tabanca accionou uma mina A/C, que destruiu a mesma, mas não causou qualquer ferido à NT.

23-01-1971, o IN atacou mais uma vez e com grande intensidade de fogo, Aldeia Formosa, utilizando foguetões de 122 mm e morteiros de 82 mm, sendo localizada a base dos disparos entre Chincambiló e o Rio Cancurã.

Registou-se a chegada a Aldeia Formosa da CCaç 18, composta por etnia Africana, para rendição da CArt 2521.

Neste mês, as ZA da Companhia CArt 2519 (Mampatá) e da CCaç 2615 (agora em Nhala), continuavam em contra-penetração, tentando deter o inimigo na sua infiltração para o Sector de Xitole.

A boa articulação destas Companhias no corredor de Missirá, a Norte e a Sul de Uane, e a sua constante permanência na ZA, e a implementação de um verdadeiro labirinto de armadilhas, veio a ter consequências na estratégia do PAIGC, que, neste período, tentava abrir um corredor de abastecimentos noutro Sector, nomeadamente a Oeste de Aldeia Formosa, entre Contabane, passando ao lado do Saltinho, em direcção ao interior.

26-01-1971, uma coluna de abastecimento inimiga, escoltada por elementos armados tentou passar através do corredor de Missirá. Foi detectada pelas NT, pelo que recuou para Sul, vindo a accionar duas minas A/P referenciadas em (Xitole, 4E8-98) e (Xitole, 4D9-98), sendo de salientar que estas minas estavam reforçadas com outros explosivos, o que deve ter provocado graves baixas entre as hostes inimigas.

27-01-1971, um Grupo armado do PAIGC, estimado em 30 elementos, tentou atacar Mampatá, vindo pelo trilho de Colibuia, sendo detectado pelas NT, quando preparava o ataque. O Grupo debandou para Sul, perseguido pela nossa tropa, vindo a cair nas nossas armadilhas implantadas a Sul de Colibuia.

Em BUBA, a CCaç 2616 continuava a fazer patrulhamentos e emboscadas na sua ZA, sem encontrar rasto do IN.

FEVEREIRO de 1971

O PAIGC continuava a implementar forças a Oeste de Ald. Formosa, tentando abrir um corredor de abastecimento para o interior, através das áreas desocupadas junto à fronteira na Zona de Contabane, atravessando o rio Corubal junto aos rápidos de Surire e flectindo em direcção a Ura Missirá.

As forças sediadas em Aldeia Formosa, redobraram os seus esforços para suster a infiltração do IN, emboscando, patrulhando e minando todos os novos trilhos abertos pelo inimigo.

02-02-1971, um Grupo armado do PAIGC, com base em Bongofé, atacou as forças da CArt 2521 e da CCaç 18, na zona de Sare Amadi e Jai Juli, com bastante intensidade, quando estas progrediam em direcção a Contabane. As NT reagiram ao fogo do IN, durante largo período de tempo e pediram o apoio do heli-canhão para desalojar o Grupo IN da sua posição, o que veio acontecer mais tarde, tendo os mesmos retirado para fora da nossa ZA. Nesta acção não se registou qualquer baixa nas NT.

11-02-1971, chegou a Mampatá a CCaç 3326, em rendição da CArt 2519, aproveitando o mesmo transporte que trouxe a CCaç 3326, para o regresso, até Bissau, de 2 Grupos de Combate da CArt 2519 e algum pessoal de apoio logístico da mesma Companhia.

20-02-1971, o PAIGC atacou Aldeia Formosa com basto poder de fogo, usando foguetões de 122 mm, dois dos quais caíram dentro da Tabanca, provocando 5 feridos entre a população civil.

20-02-1971, pelas 14h30, as forças da CArt 2519 e da CCaç 3326, emboscaram um Grupo armado do IN, a Sul de Colibuia, fora do "corredor", no momento em que mostrava a ZA à nova Companhia. O inimigo sofreu nesta acção 5 mortos confirmados no terreno e foi capturado diverso material ligeiro de guerra. As NT, tiveram 2 feridos ligeiros (1 milícia e um soldado da CCAÇ.3326).

25-02-1971, a CArt 2521 entregou oficialmente a sua ZA ao cuidado da CCaç 18.

28-02-1971, na coluna de reabastecimento de Aldeia Formosa - Buba, foi integrado o resto da CArt 2521, preparando-se o seu regresso à Metrópole e dando por terminada a sua missão em terras do Quebo.

A Sul, sobre o corredor de Missirã, a actividade do PAIGC era nesta altura nula, não se vislumbrando sinais de qualquer actividade hostil, o que, de algum modo, aliviou a tensão psicológica instalada no seio das NT em fim de comissão, nomeadamente na CArt 2519.

A CCaç 2615, continuava a fazer patrulhamentos e emboscadas a Norte de Uane, sobre o corredor de Missirá e a segurar o itinerário da estrada Buba-Aldeia Formosa.

MARÇO de 1971

03-03-1971, a CArt 2519 passa oficialmente a sua ZA para a CCaç.3326.

05-03-1971, dá-se definitivamente o regresso dos restantes elementos da CArt 2519, numa coluna de abastecimento a Buba, embarcando no dia seguinte a bordo de uma LDG, com destino a Bissau.

NOTA: Assim termino a narração deste período em terras do Quebo, deixando para os nossos sucessores, naquelas paragens, a narração das actividades e das estórias dos tempos seguintes (desde 06.03.1971 até à entrega do território em 1974).

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série do Autor em: