quinta-feira, 1 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6087: Notas de leitura (86): A Lebre, de Álvaro Guerra - a intervenção da tolerâcia numa escrita que escapou à censura (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Março de 2010:

Queridos amigos,
É sempre bom voltar a reler quem escreve bem.
Aguardo esperançadamente que um dos nossos tertulianos me possa emprestar a obra que ainda falta fazer a recensão, “O Capitão Nemo e eu”.
E agora volto aos poetas nacionalistas que acreditaram no Portugal Império.

Um abraço do
Mário


A invenção da tolerância numa escrita que escapou à censura

Beja Santos

“A Lebre” é um dos primeiros romances de Álvaro Guerra (Prelo Editora, 1970), pertence ao conjunto de obras de marcada influência neo-realista e do nouveau roman, onde pontificaram Alain Robbe-Grillet e Nathalie Sarautte. Importa recordar que Guerra se sentia devedor de Alves Redol (também ele de Vila Franca de Xira) e que a sua estadia em Paris, depois de ter combatido na Guiné, o abriu ao estilo solto, fragmentário de diferentes narrativas que oferecem ao escritor e ao leitor diferentes possibilidades de entendimento da realidade. “A Lebre” é mais uma novela e goza da cumplicidade de uma ampla abertura ao neo-realismo não escolástico e às composições desse novo romance que marcou a literatura europeia entre os anos 50 e os anos 70.

Basta atender ao arranque da obra: “Era belo, como quem guardava muito de uma infância não pura mas indefesa, beleza ainda próxima do sono da criança, de costas, cabelos negros espalhados na almofada branca, braços abertos em anglo recto, mãos fechadas, ainda indecifrável beleza de começo e separação”. E segue-se um longo período, tal como encontramos nas obras anteriores, uma cavalgada de sentimentos, descrições, homens, animais e coisas em trepidação. As personagens são senhores da terra, com respeitáveis pergaminhos, gente disposta a tudo para que a tradição não se perca. Lemos e recordamos “Barrancos de Cegos”, de Alves Redol, e “O Delfim”, de José Cardoso Pires, obras incontornáveis da década de 60. A estes senhores da terra, tradicionalistas, respeitadores da ordem estabelecida, segue-se a geração mais jovem, indiferente a tais valores, pronta para as transgressões. Como pano de fundo, numa linguagem irrecusavelmente antropomórfica, uma caçada à lebre, perto de Monte Vau: a tragédia dos humanos e dos animais vai cruzar-se. Naquela lezíria a caminho do Alentejo chocam-se destinos como o de Inês, filha de Mário Bernardes que tem por amante Miguel Diogo Meireles, o dono da coutada e António seu filho. Inês vai para Paris e aí terá uma relação amorosa com Sekou, um guineense. Custa a crer que a censura não se tenha apercebido da carga explosiva e indecorosa destes conteúdos, mesmo tratados com cuidados cabalísticos. Inês pergunta a Sekou quando é que ele vai libertar os seus irmãos, ele está apto a lutar por uma terra nova, “encontrando-se em trânsito acidental pelas capitais antigas, cumprindo o instrutivo mas dogmático circuito Pequim – Praga – Paris até à tal nova terra onde chegará armado e com duas ou três recordações de factos e gente que, na verdade, não lhe pertencem pois que de seu terá ainda o que há-de estar na mira da sua espingarda ou no lugar onde a mina será dissimulada”. O sacrilégio maior é que António anunciou ao senhor da terra que não irá à guerra, aquela que a ordem estabelecida cauciona lá longe. A geração da ordem está a entrar em pânico: uma branca que se entrega a um preto, um filho de linhagem que recusa os deveres da guerra.

Os parágrafos com vida interior encadeiam-se, a trama desvela-se como se tivesse um fio condutor de tragédia grega, os humanos estão tensos, os galos também, começou a batida. O filho vai desaparecer a caminho de Paris, sente-se abandonado por Deus, mesmo sabendo que há filhos de gente amiga e conhecida que se espalhou pela Suécia, Genebra e Argel.

Na caçada, um dos mais belos galgos não percebe as artimanhas da lebre, esbarronda-se contra o arame farpado, fica cega e condenada a morrer. Miguel entra no seu Lancia, mete o revólver no porta-luvas, atira-se à estrada, o crime do filho e da cabra da amante que dorme com um preto não ficarão impunes. Próprio do nouveau roman, Álvaro Guerra antecipa e recua, empola os discursos interiores, sumaria os estados de tensão, arredonda-os ao maior denominador simples. É um permanente vaivém entre Monte Vau e Paris, no meio uma caçada à lebre e um carro que se irá estampar entre Salamanca e Valladolid, Miguel não chegara ao seu destino e antes a lebre dera provas de astúcia condenando o galgo: “Agora sim, o instinto da lebre será a sua salvação – ei-la que se furta, enfim, sob o arame farpado, no último momento, como se não lhe bastasse escapar e precisasse também de vingar-se. Na perseguição cega que o assombra, Scorpian II - «Os arames! Os arames!», «Aquele cão vai matar-se!» - choca de frente com as pontas aguçadas que lhe rasgam a pele e carne, lhe furam os olhos, vergastam o peito, o envolvem em dor e sangue, de modo que o ganido lhe sai da goela como um urro e logo tomba num inútil debater-se contra o irremediável, de veias subitamente abertas esguichando o espesso líquido quente, uma das patas dianteiras suspensa, vertical, presa naquilo que lhe estilhaçou tendões e nervos treinados para correr e ganhar, um uivo prolongado e agudo, forçando a terra numa urgência de para dentro dela entrar...»”.

Esta a escrita de Álvaro de Guerra, há um pouco da Guiné, de que a censura não se apercebeu. Uma escrita que prenuncia outras obras muito belas que vieram depois.

Pude ler “A Lebre” graças à amabilidade do nosso camarada Manuel Joaquim. Continuo à espera que uma outra alma caridosa me empreste o último livro de Álvaro de Guerra que fala da Guiné: “O Capitão Nemo e eu”. Quem o possui, faça favor de dar sinal de vida.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 31 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6083: Notas de leitura (85): Vestiram-se os Poetas de Soldados, antologia de Rodrigo Emílio (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6086: Ser solidário (63): Gente feliz... com lágrimas: a Cadi e a sua filha, a Maria Alice do Cantanhez (Pepito / Luís Graça)












Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > 6 de Março de 2010 > O Pepito e o Domingos Fonseca, da AD - Acção para o Desenvolvimento, fez a entrega pessoal de roupinhas enviadas pelo correio (!) pela Alice de Lisboa para a Alice do Cantanhez, a filha da Cadi, nascida a 17 de Janeiro último, neta de Abdul Indjai,  antigo guerrilheiro do  PAIGC (onde foi fuzileiro), e bisneta de um antigo militar que serviu o Exército Português em Macau durante a II Guerra Mundial.

Fotos: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Direitos reservados


1. O subtítulo deste poste (Gente feliz... com lágrimas) é roubado, com a devida vénia,  ao título homónimo de um romance (1988) do  nosso ilustre camarada  açoriano João de Melo, furriel miliciano enfermeiro em Angola, na CART 3449 (1971/74), experiência que já o tinha levado a escrever Autópsia de um mar entre ruínas (1984), seguramente um das obras de referência da já vasta literatura da guerra colonial.

Conheci a Cadi (ou melhor, conhecemos, a Alice, a Júlia, o Nuno Rubim e eu) por ocasião da nossa visita ao sul da Guiné, no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). Tinha o ar de pequena gazela frágil, meiga, carente de afecto... Estava grávida. Essa história já aqui foi contada:


Cadi, de seu nome.
Amorosa.
Uma ternura.
Uma jóia de miúda.
Tinha a graça de uma gazela
apascentando na orla da bolanha.
Era nalu.
Vivia em Farim do Cantanhez.
Filha de um velho combatente da liberdade da pátria,
com direito a pensão
ao fim do mês.
Estava grávida de muitas luas.
Atrelou-se à Júlia e à Alice
em Iemberém,
no início de Março de 2008.
Com aquela candura, doçura, espanto e maravilhamento
das crianças africanas,
quando vêem uma Mulher Grande, branca. (...) (*)

A Cadi caíu nas boas graças das nossas senhoras, adoráveis, amorosas e maternais: a Júlia Rubim, a Alice Carneiro, a Isabel Levy Ribeiro, esposa do Pepito... Vivia em Farim do Cantanhez. Uns meses depois, em meados de 2008, viemos a saber que ela tinha estado  às portas da morte. E que  perdera o seu primeiro e único filho, o Nuninho, de 4 meses (Nuninho, em homenagem ao capitão fula, o Cor Art Ref Nuno Rubim). Como eu escrevi na altura: "Por paludismo. Por abandono. Por falta de tudo (ou quase tudo). Por falta de cuidados de saúde (primários e secundários). Por falência dos serviços públicos de saúde. Por falta de médicos que vêm estudar para Portugal e não voltam.... Por ser guineense, por ter nascido num dos piores países do mundo no que diz respeito a indicadores de saúde materno-infantil"...

Valeu-lhe na altura a solidariedade dos novos amigos, Júlia e Nuno Rubim (dois seres humanos de eleição!), bem como do jovem Moisés Caetano Pinto, o Tino, que trabalha para a AD, a ONG do nosso amigo Pepito (**). A Júlia e o Nuno proporcionaram à Cadi os cuidados médicos de uma clínica privada, em Bissau, sem o que muito provavelmente teria morrido, juntamente com o seu neném...

Em 2010, a Alice e eu mantivemos alguns contactos telefónicos com a Cadi.   Em Dezembro de 2009, o João Graça, médico  e músico, está de férias na Guiné (com uma semana de voluntariado em Iemberém, no Centro de Saúde Materno-Infantil, local) (***). Na sua bagagem, levava roupas, um telemóvel e algum dinheiro para a Cadi. Recomendaram-lhe que  só fizesse a entrega no último dia da sua estadia em Iemberém...

Espantosa coincidência, o João vai observar em Iemberém uma jovem grávida que virá a descobrir um ou dois dias depois ser a Cadi. Na conversa possível com alguém que mal fala o português, o João ficou a ser o nome do futuro cidadão guineense:
- Si for menino, será Luís... Si for minina, será Maria Alice - esclareceu a grávida, de sete meses...
- Estranho, são os nomes dos meus pais... - lá pensou ele, para os botões da sua bata branca...

Ao fim da tarde, o João está a telefonar-nos, em plena Iemberém, a relatar o seu primeiro dia... Diz-nos que ainda não  encontrara a Cadi, ou melhor, ainda não sabia quem era nem como encontrá-la... Sugerimos-lhe que perguntasse a alguém...
- A Cadi é aquela que te vai servir o pequeno almoço todos os dias...

A Cadi estava ali mesmo, por detrás dele.. Trabalhava agora na estrutura hoteleira da AD, em Iemberém, servindo à mesa. A família vivia em Farim do Cantanhez, onde o João irá uma manhã, muito cedo, com os guias, para observar um dos grupos de daris (chimpanzés) que circulam pelo Parque Nacional do Cantanhez. Conheceu o pai (***) e também a avó da Cadi...

O João que acabara de observar  a Cadi como médico, ganhou um nova amiga...Na altura, a grávida parecia estar de boa saúde e o bebé também, embora com riscos de nascer prematuramente.  Umas semanas depois,  soubemos que a Cadi  tinha  parido uma moça (como se diz no Alentejo), a que pôs o nome Maria Alice... Data de nascimento: 17 de Janeiro de 2010. 

A madrinha portuguesa, Alice Carneiro,  aproveitou as facilidades concedidas pelos CTT portugueses e pela AD para mandar as primeiras roupinhas para a Alice do Cantanhez... Mandou duas caixas, pelo correio (tarifa:  2,98 € por caixa até 2 quilos/ endereço postal: AD - Acção para o Desenvolvimento, Caixa Postal 606, Bissau, República da Guiné-Bissau).

E a verdade é que dois dias depois (!) a encomenda chegava ao destinatário... O Pepito, simpaticamente, fez questão de nos dizer que entregava pessoalmente a encomenda à Alice do Cantanhez logo que fosse em trabalho a Iemberém...

A 6 de Março, o Pepito mandou-nos um mail, com fotos em anexo:


Luís: Estou a regressar do sul onde entreguei à Alice de Cantanhez as roupas que vocês mandaram. A Cadi delirou e agradece muito. Regressou a Farim,  toda satisfeita.  Seguem 10 fotos em 2 emails. Tenho mais noticias dos bloguistas que te irei enviar. Abraços, Pepito.

Respondi na volta do correio:

Pepito: Não imaginas a alegria da Alice de Lisboa ao saber notícias de (e ver pela primeira vez a) Alice do Cantanhez, que ela já assumiu como afilhada!... Recebemos a tua surpresa, com emoção, são estas pequenas coisas da vida que também nos dão alegria e satisfação. Da tua parte foi um gesto muito bonito, que nos tocou muito, fazeres questão de ir pessoalmente a Iemberém entregar a encomendazinha... Estou também grato ao Domingos, tenho que lhe mandar uma lembrança, um dia destes (Ele gosta de ler ?).

Olha, Pepito, a Alice de Lisboa quer que a Alice do Cantanhez aprenda a falar a e a escrever bem o português para ser uma grande mulher e uma cidadã orgulhosa da sua terra e ela poder comunicar com ela e com a mãe... Está disposta a em pagar-lhe a escolinha, em Farim ou em Iemberém. Mas até lá é preciso que a Alice se torne forte e saudável... Gostávamos de saber algo mais sobre a  Cadi (que mal fala o português, ao telefone, o João deixou-lhe um telemóvel...), o marido, a família da Cadi, em especial o pai, antigo combatente...

Descobri também há dias um antigo soldado meu, o José Carlos Suleimane Baldé, que foi meu intérprete, guia, guarda-costas, cozinheiro, confidente e amigo, e que eu ajudei a fazer a 4ª classe!!! Vive em Amedalai, a seguir ao Xime, na estrada para Bambadinca... Já lhe publiquei um poema, e ele escreve bem, tem uma letra bonita... Há uma jurista do Tribunal de Contas, a Dra. Maria Odete Cardoso, que se corresponde com ele... Se alguém da AD passar por lá, vê se sabes notícia dele...

 Um abração do Luís. Chicorações da Alice e do João e da Joana.


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Notas de L.G.:

(*)  Vd. poste de 24 de Setembro de 2008 > Blogantologia(s) (II) - (72) Nasceu e morreu um pretinho da Guiné [Luís Graça]



(***) O pai da Cadi, Abdú Indjai,  nalu, é um "combatente da liberdade da pátria", guerrilheiro do PAIG, desde 23 de Janeiro de 1963. Nasceu em 1947, em Farim de Cubucaré. O seu pai, avô da Cadi, esteve ao serviço do exército português em Macau, possivelmente durante a II Guerra Mundial. Publicaremos em breve a "biografia" que nos foi enviada pelo Pepito.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Guiné 63/74 – P6085: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (31): Perfeito. Um sítio onde possa ver o céu!


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66) e enviou-nos uma mensagem (a 31ª), com data de 29 de Março de 2010:

Camaradas,

Depois de uma longa ausência, justificada por estar, ou melhor, continuar em variadas frentes - avô itinerante, jornalista, blogger (já passei as 9.000 páginas visitadas em 7 meses... no meu blogue) e sei lá que mais - volto ao vosso contacto, com uma história de vida.

Uma história que começou há muito tempo - na guerra, na Guiné - e continua nos nossos dias com outras armadilhas.

Porque também na vida real, principalmente depois dos 60, há "caminhos" onde se corre o perigo de encontrar (e pisar) minas A/P. E ficar sem uma perna, amarrado a uma cama e/ou a uma cadeira de rodas.

Todos nós, ex-Combatentes, "rapazes" que começamos a estar "fora da garantia", corremos riscos idênticos ao do protagonista da história que hoje vos envio.

É uma fase difícil do "campeonato" da vida. Apesar dos exemplos à nossa volta julgo que ninguém está preparado. Se acontecer é muito importante ter família e amigos por perto.

O PERFEITO
Um sítio onde possa ver o céu!
E se quem o diz é um preso, no primeiro dia de liberdade após o cumprimento de uma longa pena de prisão, percebe-se a intenção e a força do adjectivo.
Mas “Perfeito” pode ser também um apelido, embora não seja vulgar.
Conheci na minha vida militar um soldado com esse apelido.
António Araújo Pinto Perfeito era um militar da C.Caç. 675 com quem convivi de perto durante cerca de dois anos, na Guiné.
Colaborou comigo num “jornal de parede” que fizemos na Companhia na altura do primeiro Natal passado em Binta, sede da “quadrícula” que nos calhou em sorte nos longínquos anos 60.Mais propriamente entre Julho de 64 a Abril de 66.
O Perfeito era um soldado com o “nariz empinado” que falava sem medo com patentes superiores à sua.
Alfacinha de gema tinha algum “complexo de superioridade” que, entre os seus pares, não lhe granjeava grandes simpatias.
Como qualquer militar que se “preze” acabou a sua passagem pela vida militar com um castigo e um louvor. A “porrada”, perfeitamente estúpida, valeu-lhe a despromoção de 1º. Cabo a Soldado, por não ter respondido satisfatoriamente a um pergunta do Comandante da Unidade, Coronel Paletti, sobre umas peúgas que estavam penduradas num banco perto da casa da guarda!!!
Esta história pode ser estranha e surreal a quem não andou na tropa. Para quem foi militar sabe perfeitamente que isto, ou pior, pode acontecer num dia de azar…
Curiosamente soube desta história hoje, dia 28 de Março de 2010, pelo meu amigo Belmiro Tavares, que foi Alferes Miliciano na mesma C.Caç. 675.
Tinham passado poucas horas em relação à visita que fizemos à casa do Perfeito, no Bairro da Encarnação, em Lisboa.
O Perfeito está muito doente. Está acamado e recupera de uma operação recente. Devido a diabetes amputaram-lhe uma perna. Estava com uma máscara para lhe auxiliar a respiração quando o visitámos no seu quarto. O seu aspecto era impressionante – pela magreza e pela exagerada dilatação das suas narinas.
Depois dos cumprimentos iniciais pediu a sua mulher para lhe tirar a máscara para poder conversar com os seus amigos da tropa: o Tavares, o Figueiredo e o cronista.
Surpreendeu-me o facto de as suas primeiras palavras serem a respeito do Benfica e da sua satisfação em relação à vitória do dia anterior sobre o Braga. Conversámos algum e tempo e, obviamente que, à distância no tempo, fomos ter, sem dificuldade à evocação do nosso “jornal de parede” dos velhos tempos da Guiné. O Perfeito até se recordava do tema do seu artigo: “O boato é crime”.
Disse-nos como passava os dias: a dormitar e a ver televisão. Já se levantava e ia, de cadeira de rodas, para outros compartimentos da sua casa.
- E não vais até ao jardim, perguntei.
Por enquanto não, porque não posso apanhar frio.
Despedimo-nos ao fim de algum tempo porque era hora de almoço.
Fiquei um pouco para trás pois queria dar um abraço ao Perfeito. Não consegui evitar umas lágrimas que, infelizmente “contaminaram” a boa disposição (aparente) do Perfeito.
A mulher acompanhou-me à porta.
O Tavares e o Figueiredo já estavam a entrar no carro.
- Ó Oliveira custa-te a andar, perguntou o Tavares.
- Custa-me, pá, respondi. - Estou feito num “oito”…
Cá fora estava um dia de sol. Parece que finalmente íamos ter Primavera.
Desejei sinceramente que o Perfeito, dentro em breve, pudesse vir até ao seu jardim.
A um sítio onde possa ver o céu.

Um grande abraço e votos de boa Páscoa.

Até breve e até sempre,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

10 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5799: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (30): Força Carlos

Guiné 63/74 - P6084: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (16): Páscoa e Casamento na Mata dos Madeiros


1. Mensagem de José Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 25 de Março de 2010:

Caro e amigo Carlos Vinhal,
Junto encontrarás mais um pouco do meu passeio pela Mata dos Madeiros.
A Páscoa de 1971 deixou-me marcas bem vivas. Tenho pena, sim, de no meu álbum de recordações não haver fotos alusivas aos acontecimentos desse dia.
No contexto da história também uso algum palavreadao que, ao tempo, era tabú nos Açores. A intenção é relatar o que então se passou.

Um abraço amigo para ti e para todos os camaradas,
José Câmara


Memórias e histórias minhas (16)
Páscoa e Casamento na Mata dos Madeiros


Para os militares da CCaç 3327 a Páscoa, a festa religiosa mais importante do calendário litúrgico do povo açoriano, passada na Mata dos Madeiros foi diferente. Ali, no meio do mato, o cordeiro pascal seria protagonizado pelo Furriel Miliciano Fernando Pedro Ramos da Silva, que passaria à classe de sargentos milicianos casados.

Não consituíu surpresa que, a meio da tarde do dia de Páscoa de 1971, o Comandante da Companhia Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves, um homem culto e humanista, mandasse regressar os dois Pelotões que se encontravam no mato. Para ele, a Páscoa tinha que ser partilhada em família, e a CCaç 3327 já o era; também havia que celebrar o casamento do Furriel Miliciano Fernando Silva do 2.° GComb.

O nubente, sorridente, surgiu do mato acompanhado por muitos amigos. Vinham todos vestidos da mesma cor, com adornos de todos os gostos (fossem eles morteiros, metralhadores, granadas e outros tais), perfumados com o suor de alguns dias, e cheiinhos do pó da terra que lhes servia de leito desde que chegaram à Mata. Tanto assim era que se se passasse a unha na pele, lá ficava um sulco parecido com os regos feitos pelos arados nas terrinhas dos Açores.

José Câmara no seu belo, arejado, solarengo e confortável escritório da Mata dos Madeiros.

A messe improvisada que também foi inaugurada nesse dia, e nunca mais foi usada, cujo ar condicionado era proporcionado pelos buraquinhos entre as folhas de palmeira, serviu de palco a estas celebrações da Páscoa e Casamento por Procuração.

Depois do almoço melhorado (se bem me recordo bacalhau com grão), seguiram-se os discursos, atentamente escutados pelos presentes. O mais aguardado era, sem dúvida alguma, o do Fur Mil Fernando Silva. Estoicamente, com aquele seu ar de bébé sorridente, enfrentou a plateia formada pelos seus camaradas, e botou palavra:

- Porra, eu aqui a ração de combate e ela lá, a comer bolo!

Os camaradas maravilhados com aquele longo e corajoso discurso desataram aos vivas, aos bravos, às palmas e às palmadinhas nas costas do nubente. Ninguém queria perder esta ocasião única na história da CCaç 3327, e desejar a melhor das luas-de-mel ao feliz noivo. A emoção era forte. Em algumas caras viam-se correr algumas lágrimas.

Passada a euforia e a emoção do momento, os chefes de mesa, homens experientes nestas coisas de casamentos elegantes, abriram as portas brancas de um frigorífico a petróleo que por ali tinha sido montado. Por detrás delas estavam as dançarinas que iriam deliciar os presentes.

Aleluia!

Eram todas loirinhas, fossem elas Sagres ou Cucas. Em corridinho saltaram para as mesas improvisadas, chocando umas nas outras. O tilintar dos seus adornos espicaçavam a nossa curiosidade, e aquele "pop" do abrir a boca soava a beijos mandados com a palma da mão, e faziam crescer água na boca. Aquelas meninas evoluíam nuas, frescas, jorrando suor em bica (tal era o calor) por todos os poros. Retorciam-se em velúpias de prazer todas as vezes que lhes tocávamos, para desaparecerem por encantos, todas as vezes que as beijávamos. Eram beijos de paixão contida, sôfregos de dias sem pinga.

José Câmara: na Mata dos Madeiros o visual adaptava-se à medida do tempo ali passado

De repente todos se calaram. A realidade voltava ao presente. Na face de alguns daqueles meninos ainda rolavam algumas lágrimas rebeldes. Ali, ao nosso lado, estava a guerra.

O Fernando Silva tinha que dar continuidade à sua missão. Tinha que voltar para o desconhecido, para a mata, para a segurança nocturna afastada. Vi-o caminhar com o seu grupo.

Dizem as más-línguas do tempo, que o jovem noivo cometeu o pecado de adultério durante a noite. Não se sabe ao certo o que o levou a cometer tamanho sacrilégio.

Agarrado à sua amante de ocasião, a G-3, entre suspiros, ais e velúpias de prazer a que não era alheio a ajuda do mel deixado pelas formigas, mosquitos, e outros picantes e trepadores, o Fernando lá ía atraiçoando a sua jovem esposa, que ainda comia bolo em Lisboa, perante o olhar maroto e complacente da lua que pairava sobre a Mata dos Madeiros. O barro vermelho da Mata era testemunha silenciosa dos orgasmos prazenteiros da sua traição.

Nunca se soube, se a jovem esposa perdoou o facto de ter sido, assim, repudiada na sua noite de núpcias.

No dia 13 de Abril de 1971 escrevi uma carta à minha madrinha de guerra. Foi assim que me referi a esta história:

"Tivemos uma jantarada especial, pois houve um casamento por Procuração de um Furriel da minha Companhia. Um casamento que nós jamais poderemos esquecer... discursos... e algumas lágrimas à mistura.
Enfim, este foi o meu Domingo de Páscoa. Saudade e nada mais."


Infelizmente, e após a nossa comissão, nunca mais tive contacto com o Fernando Silva. Dele apenas sei que viveu durante alguns anos na Póvoa de Santo Adrião.

José Câmara
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6067: (Ex)citações (53): As tropas Pára-quedistas preparavam-se para a guerra como para uma cerimónia em Parada (José da Câmara/Hoss)

Vd. último poste da série de 18 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6018: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (15): Um erro de periquitos e o piar dos nossos camaradas

Guiné 63/74 - P6083: Notas de leitura (85): Vestiram-se os Poetas de Soldados, antologia de Rodrigo Emílio (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Março de 2010:

Queridos amigos,
Sou um sortudo, já tenho as obras do Cristóvão de Aguiar, amanhã falo de A Lebre do Álvaro Guerra e depois tenho o Álamo Oliveira em cima da mesa.
É impressionante o número de escritos de açorianos (José Martins Garcia, Cristóvão de Aguiar, Álamo Oliveira... mas há mais).
Aos poucos, vai-se clarificando esta literatura pródiga da guerra da Guiné.
Uma agradável surpresa! E que venha um especialista proceder à respectiva antologia.

Um abraço do
Mário


Vestiram-se os poetas de soldados

Beja Santos

“Vestiram-se os Poetas de Soldados, Canto da Pátria em Guerra”, é o título da antologia seleccionada e prefaciada por Rodrigo Emílio, sem dúvida um dos poetas neofascistas portugueses mais importantes. A antologia foi apresentada no dia 1 de Junho de 1973, data da abertura do polémico 1.º Congresso Nacional dos Combatentes que, como escreve Riccardo Marchi em “Império, Nação, Revolução, As Direitas Radicais Portuguesas no Fim do Estado Novo (1959 – 1974)” (Texto Editores, 2009), foi o último grande evento em que participaram os nacionais-revolucionários. Rodrigo Emílio insinua que há uma apreensão que lavra no espírito de todos os combatentes “só à simples ideia de que possa coincidir este acontecimento de confraternização com um período de desonra para o país”. Como é do conhecimento de todos, os neofascistas já estavam, ao tempo, em total desavença com Marcelo Caetano e a sua política federalista. Para eles, o Portugal eterno era irrevogável. A antologia intercala poemas de Fernando Pessoa, António de Navarro, Miguel Torga, Pedro Homem de Mello, Natércia Freire, Goulart Nogueira, Fernando Guedes e Couto Viana, alguns deles nomes sonantes do nacionalismo, com poesia de expedicionários apoiantes do ideal do Portugal eterno, aqueles que se sentiam unidos pelo princípio intransigente de que o Império atravessava oceanos e ia até Timor. Rodrigo Emílio (1944 – 2004) foi alferes em Moçambique e deixou uma obra poética assinalável, um misto de nacionalismo e de futurismo, recorrendo frequentemente à sátira e a imagens contundentes. A selecção orienta-se pelo verso épico, os poetas soldados glorificam a gesta do império, dizem-se prontos a morrer por ele. Logo Jorge Silveira Machado, alferes miliciano que combateu na Guiné em 1963 e foi ferido em campanha:

Deixámos tudo sobre o cais
Mas tudo veio connosco e muito mais
No silêncio descobri a hora exacta
de recolher os frutos
e o silêncio que ganhei no chão
– que um homem quando morre e quando mata
ainda tem alguns minutos
de ganhar a paz na própria mão

Só conta a hora em que se rasga a estrada
mesmo que o inimigo a tenha já cercada

a hora de soltar o fogo e criar vida
a hora de soltar a morte e vê-la erguida
à nossa volta
a hora de cerrar os dentes sobre o inimigo



Armor Pires Mota, aqui sobejamente referenciado também viu em letra de forma lançado o seu protesto:

Basta!

Ah, não me gritem, não! o que a vida é,
que dói a vida, mil vezes suja e gasta,

vós que sois heróis à mesa do café
num comodismo vão de chá-canasta.

Vinde: a bandeira está de pé!
Rasgai os pergaminhos velhos da vossa casta!



E noutro poema:

– Irmãos, quem não souber ser eterno até ao fim,
Rasgue já a bandeira, não venha atrás de mim!...



João de Matos e Silva, foi também alferes miliciano, a sua épica irmana com a de todos os outros:

Na luz incandescente que se alteia,
cai desprezado o rito da batalha.
E no estretor da morte em agonia,
desfaz-se em sombras o clarão do dia
e cala-se a metralha.
Este é o tempo, sim. Este é o tempo...
Vem da penumbra a luz surgindo embora.
Soam clarins na mata-desta-hora
que o medo não desterra.
Sinal de quase paz
num tempo que é de guerra.



De Almeida Matos, outro combatente na Guiné:

Jovem ainda, loiro de ilusões
olhar onde morava a luz do céu,
mas decidido e forte, a dar lições,
de coragem e nobreza. Assim morreu.



José Valle de Figueiredo foi um dos ideólogos do neofascismo português. Como escreveu Riccardo Marchi, o seu nome aparece associado a diferentes publicações como as revistas de 57, Cidadela e Itinerário (o livro “Vestiram-se os Poetas de Soldados” é uma edição da Cidadela) e irá comparecer, tal como Rodrigo Emílio no 1.º Congresso dos Combatentes. Combateu igualmente na Guiné, de 1967 a 1969. Temos finalmente Luís Sá Cunha, que combateu na Guiné de 1969 a 1971 e cuja lírica acarreta um aviso premonitório:

Ficou-me por destino
ser memória
da vontade que com outros pereceu
– Só o Passado se vê no espelho
da História,
sempre o Presente em presença
de si se esqueceu.
Que a Pátria Inteira
viva.
O resto, nada importa.
Que só não podemos ser
em nossas vidas
as ruínas vivas de uma Pátria Morta!


Antes desta antologia, Pinharanda Gomes coordenara “O Corpo da Pátria, antologia poética sobre a guerra no Ultramar, 1961 – 1971” (Editora Pax, Braga – 1971). Desses poetas da frente que estiveram na Guiné falaremos mais tarde.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6070: Notas de leitura (84): O Pé na Paisagem, de Filipe Leandro Martins (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6082: Os nossos regressos (20): A impressionante chegada a Figo Maduro na noite de 22 de Março de 1972 (António Tavares)

1. Mensagem de António Tavares* (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72, com data de 23 de Março de 2010:

Caro Vinhal,
Em 22 de Março de 2010 fez 38 anos que a CCS/BCAÇ 2912, chegou, pelas 21HOO, ao Aeroporto Militar de Figo Maduro em Lisboa.

Foi impressionante a chegada… ouvir o barulho, o bater nos enormes vidros e os gritos dos familiares quando nos viram passar dentro do Aeroporto… parecia que os ditos vidros caíam em cima de nós, abafando-nos… um pouco mais tarde é que houve os contactos físicos.

Não sei qual o ruído mais ensurdecedor, se o da nossa partida de barco, em 25-04-1970, ou o da chegada… retenho ambos na minha memória visual e auditiva.

Estava habituado a presenciar partidas e chegadas de batalhões ao RAP2 - actual RA5 -, na Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia… aquelas ruas circundantes ao quartel e a estação ferroviária das Devesas pareciam um mar de gente aflita a gritar aos seus familiares!

Era diferente… era a minha chegada sozinho, aliás como aconteceu a tantos outros ex-camaradas!

Cumpridas as formalidades militares e após o recebimento do documento em anexo - folha A5 - seguimos a nossa vida… o mágico papel… a tão esperada vida civil.

Começava o abandono dos governantes aos ex-combatentes civis do meu Batalhão.

Já tínhamos servido e muitíssimo bem a Pátria! Todos com mazelas, umas maiores do que outras, da guerra de guerrilha vivida em 1970/72 nas matas do Leste da Guiné.

Recordo que fiz a viagem para o Porto - Campanhã - no lento comboio correio, que partiu de Santa Apolónia às 24H00. Circulou cheio de tropas e cada um ficava pelas paragens mais próximas da sua terra. Abraços e boa sorte desejavam uns aos outros na despedida.

No 1.º Convívio da CCS/BCAÇ 2912, em Paços de Ferreira, no dia 25 de Junho de 1994, já quase ninguém se conhecia decorridos 22 anos!

Passados 37 anos encontrei na Tabanca Grande - P4573 - o Vasco Joaquim, que andava à procura de ex-camaradas da CCS conforme o seu P3124.

Chegámos a Campanhã às 08H00 de 23-03-1972, uma viagem de oito horas.

Em Campanhã havia poucos transportes pelo que tivemos de juntar - 4 - e andar de táxi a distribuir os camaradas pelas suas residências; um ficou para a última paragem neste caso eu na minha ansiada Foz do Douro, onde cheguei pelas 08H30 à minha habitação e revi os meus saudosos PAIS!

A viagem, de avião Boeing 707 – 320, dos aeroportos de Bissalanca - (BA12) - a Figo Maduro demorou quatro horas!

O nosso Batalhão foi das primeiras tropas a utilizar os meios aéreos da TAM-FAP.

Havia dois aviões Boeing 707-320 para transporte das tropas, cada qual com a sua rota, leia-se Guiné - (BA12) e Luanda - (BA9)… mais tarde Beira - (BA10) em Moçambique.

Eram iguais aos aviões civis -TAP - , diferentes na cor e na tripulação, que eram homens, simpaticíssimos militares da FAP, fardados de azul claro.

A título de curiosidade refiro que as negociações para a compra dos iniciais dois Boeing 707-320 começaram em Outubro de 1970 entre os Presidentes Richard Nixon e o Prof. Marcello Caetano. Os E.U.A. avalizaram parte do custo destes aviões e financiaram uma outra.

Uma história familiar a milhares de jovens que deram os seus melhores anos de vida, dos 19 aos 23 anos, na maioria, ao serviço da Pátria.

Um abraço do,
António Tavares
Ex-Fur Mil SAM
Foz do Douro, 23-03-2010
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5943: Notas de leitura (75): Missão na Guiné e Os Lusíadas (António Tavares)

Vd. último poste de 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5435: Os nossos regressos (19): Dia 4 de Dezembro de 1969, já lá vão 40 anos (Torcato Mendonça)

Guiné 63/74 - P6081: Convívios (209): 19º Convívio da Companhia de Caçadores 2700, vai decorrer no dia 24 de Abril de 2010, Espinho (Fernando Barata)


0
1. O nosso Camarada Fernando Barata (*), ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), enviou-nos, com data de 29 de Março de 2010, um pedido de divulgação da festa anual da sua Companhia:


COMPANHIA DE CAÇADORES
2700 19.º CONVÍVIO
24 DE ABRIL DE 2010
11h00 - Concentração junto ao Palácio de Justiça (Tribunal), no Largo da Feira, em Espinho.
12h00 – Partida para o Restaurante “A Flor do Bolhão” em Fiães, onde será servido o almoço pelas 12h30.

Preço por Pessoa: 25,00 €
(Crianças dos 3 aos 9 anos, só pagam 1/2 lugar)

Por favor confirma até ao dia: 14 de Abril
Podes fazê-lo para:
  • António Silva Soares - Tv. Do Bolhão, 22 4505-412 Fiães VFR, Tel. 227648831 / 912406959, ou se preferires: ansilvares@hotmail.com
  • Fernando dos Santos Correia – R. António Sérgio, casa 6 4520-183 S. M. da Feira, Tel.256365635 / 967700689
  • Fernando Mota - R. do Moinho, 70 4405-421 S. Félix da Marinha Tel.227624009 / 939803258 / serralharia.mota@hotmail.com
O navio Carvalho Araújo, lembram-se?
Um abraço,
Fernando Barata
Alf Mil At Inf da CCAÇ 2700
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P6080: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (12): Guileje, Faro Sadjuma, S. Domingos... Ecoturismo e empreendedorismo no feminino





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje >  Núcleo Museológico "Memória de Guiledje" > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 28 de Março de 2010 > "Mais um elemento reconstruído no antigo quartel de Guiledje".  Foto tirada em 6 de Janeiro de 2010.


"A criação e funcionamento do Museu de Guiledje, assim como a reconstrução da Capela e da Almadjadja, foram momentos importantes para se iniciar a concepção do Núcleo “Memória de Guiledje”.

"A eles, junta-se agora a reconstrução de parte da vedação de arame farpado e a colocação do sistema de alerta que os militares portugueses implantaram, baseado em garrafas vazias penduradas e que tilintavam ao menor abanão.

"Está-se agora na fase de tentar ordenar a parte de oficina e serviços, através das fotografias cedidas pelos militares de várias companhias que por aqui passaram, de modo a reconstruir-se uma das infraestruturas que dará lugar à construção da sede da futura Área Protegida Transfronteiriça de Guiledje".






Guiné > Região de Cacheu > S. Domingos >   AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 14 de Março de 2010 >  "Aprender a escrever para tomar conta do seu negócio" >  Foto tirada em 8 de Fevereiro de 2010.


"Hoje, Alima Fati, sob o olhar atendo e satisfeito das suas colegas vendedoras, Quinta Lima e Angélica Mango, regista directamente no seu bloco de notas, as receitas da venda dos seus produtos hortícolas no Mercado Comunitário de S.Domingos.


"Hoje, depois de aprender a ler e a escrever num dos círculos de alfabetização promovidos pela AD em todo o sector geográfico, ela gere melhor o seu negócio, registando as despesas e receitas que vai fazendo, podendo assim melhor utilizar os lucros obtidos com a sua actividade de 'bideira'.


"Hoje, tal como ela, centenas de outras mulheres frequentam cursos de alfabetização em português apoiados pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, com a supervisão de especialistas cubanos, que introduziram a metodologia de alfabetização via televisão, designada por AlfaTv."




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Sadjunma >  AD - Acção para o Desenvolvimento >   Foto da semana > 21 de Fevereiro de 2010 > Turismo rural: "dormir com o aroma do ananás" > Foto tirada em 26 de Junho de 2009.


"A tabanca de Faro Sadjuma, a 15 km de Guiledje, dispõe de um complexo de turismo rural que oferece alojamento e alimentação aos cada vez mais numerosos turistas que vêm conhecer esta parte do país.

"Situada no meio de uma exploração agrícola onde se pode comer abacates, mandarinas, ananases, bananas, mangas e cajus colhidos no momento, dispõe de 3 bungalows para duas pessoas cada, água corrente e luz eléctrica através de energia solar durante todo o dia e o fornecimento de bebidas frescas.

"Esta unidade é propriedade de Fatú Coulibali, horticultora de uma simpatia transbordante e um dinamismo de fazer inveja nos seus 60 anos de idade, marcado por um sorriso cativante a que se junta uma mão de ouro no preparo de cozinhados locais".

Fotos: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) (Reproduzidas com a devida vénia...)

terça-feira, 30 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6079: Parabéns a você (96): Os nossos Maiores e Melhores Agradecimentos a TODOS os Amigos e Camaradas (C. Vinhal / E. Magalhães)


1. Caros camaradas e amigos tertulianos,

O Eduardo propôs que fizéssemos um poste, em conjunto, para agradecermos à Tertúlia a simpatia de que fomos alvos no dia no nosso aniversário (que por mero acaso da vida (?) é o mesmo).

Então fizemos um contrato. Eu fazia a apresentação do poste e ele, que é mais novo e dá um jeito às palavras, dispunha-as imitando poemas (esta foi boa… eheheheheh… ) e teclaria o agradecimento propriamente dito.

Independentemente disso, a meu jeito, quero desde já agradecer ao Chefe/Comandante Luís Graça, ao Miguéis que nos presenteou com a sua banda desenhada, aos especiais camaradas Giselda e Miguel pela sua brincadeira (vejam o cartoon abaixo), aos camaradas que amavelmente se nos dirigiram com os seus melhores votos, através de mensagens ou telefonemas, aos nossos amigos que não se esqueceram de nós e àqueles que não se tendo manifestado, mas se lembraram de nós e beberam um copo à nossa saúde, dedicamos o seguinte texto da autoria do Eduardo, pelo qual não me responsabilizo minimamente, porque nunca o fiz e jamais o farei com um pira de apenas 58 anos.

Composição artística do casal Giselda/Miguel Pessoa: © (2010). Direitos reservados

E... tenho dito.

Um abraço para todos vós do,
Carlos Vinhal (ex-Fur Mil Art MA - CART2732, Mansabá, 1970/72)


2. Camaradas,

Na minha mísera qualidade de eterno periquito (jamais perdoarei, por isto, a quem se atreveu a acabar com a guerra), acabei de encher as minhas 10 completas – por ordem do velhinho Vinhal -, depois de transada a ressaca aniversariante e de, ainda, estar a digerir tantas, todas e tão fortificadoras missivas que me foram dirigidas, apenas consigo responder, também à minha maneira, do seguinte modo:

Uma multidão de Amigos

Ora se eu não sou,
Nem político, salvo seja!
Nem artista, valha-me Deus!
Nem vedeta doutra arte,
Nem figura de cartaz… Ámen,
Nem fenómeno do Entroncamento,
Vivo feliz porque assim eu sei…
Com certeza absoluta!
Que Amigos eu tenho mesmo
Daqueles com A maiúsculo
Sem objectivos interesseiros
Nem outros mais obscuros
E então agora é que são elas
Quero saber quantos são!
Vou contá-los… os meus AMIGOS.
Ora isto somando a coisa
Parabéns pessoalmente,
Foram além dos quinhentos,
Mil e muitas mensagens,
Dois mil e tal telefonemas
Três mil e mais e-mails…
Ora contas feitas à milena
São par’aí uns sete mil…
Somando os que não sabem
E aqueles que se esqueceram
Mais os que não gostam de parabéns,
Já perfaz par’aí uns… dez mil,
Mais uma porrada deles
Que por motivos diversos
Andam por terras da estranja…
Labutando ou viajando,
Ou que possam estar exilados
Contas refeitas, se não me engano…
Qu’isto já me faz grande confusão
Os meus Amigos todos juntos,
Fora aqueles que eu não conheço,
Devem rondar um milhão!


Velhote sim… mas devagarinho!

Estou mais velho… é visível
Mais raposa experiente
Que dizem arguta e imbatível
Trezentos e muitos dias
Nesta contagem irreversível
Que me vai gastando a vida
E lutando contra o impossível
Faço tudo o que acho bem
Tentando manter o nível
Sem que hajam desperdícios
Nem ruptura do fusível!
Fugindo da causa perdida
E do erro incorrigível
Jamais esqueço os Amigos
Um bem único… imperdível
Que não se compra nem se aluga
Nem é artefacto comestível!
Conquista-se pela cumplicidade…
Pelo factor mais indescritível
Pela troca de confidências
Pela atitude... menos tangível
Pela enigmática empatia
Seja do ser menos sensível!
E perdura como o diamante
Resiste ao temporal mais incrível
E mesmo quando a coisa entorta
Seja por um problema audível
Por boato ou puro desagrado
Ou por simples facto legível!
Pela cedência, que seja mútua
Seja por desculpa dirigível
Custe o que custar, pois…
A vida é de si aborrecível
E a amizade não ocupa espaço
Deve ser sentimento apetecível
Porque pior que a depressão
Só a solidão é mais temível
E assim a condição: Ser velho!
Se tornará bem menos horrível
Que sendo nossa sina universal
Pode não ser a coisa mais terrível

Com um grande abração Amigo para todos aqueles que nos manifestaram os parabéns, sem qualquer excepção,

Cartoon que me foi enviado pelo Amigo e Camarada Abreu dos Santos

Magalhães Ribeiro ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6068: Parabéns a você (65): António Graça de Abreu, "sínico mas não cínico", 63 anos, ex-Alf Mil, CAOP1 (Teixeira Pinto, Mansoa, Cufar, 1972/74)

Guiné 63/74 - P6078: Convívios (122): Encontro do pessoal da CCAÇ 5 - Gatos Pretos, dia 24 de Abril em Porto de Mós (José Corceiro)

1. A pedido do nosso camarada José Corceiro, damos conhecimento do Convívo da CCAÇ 5



CONVÍVIO
COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 5 - GATOS PRETOS


Mensagem de prioridade Zulu, sem classificação de segurança.

Saúdo, todos os Amigos, GATOS PRETOS que passaram por Canjadude.

A todos os que fomos GATOS PRETOS e um dia subimos as rochas de CANJADUDE na ilusão de ver mais longe, informo que se vai realizar um convívio/almoço, aberto a familiares, em:

DATA: 24 de Abril de 2010

LOCAL: Restaurante Rosa

Grutas de Santo António
Telef. 249841443
Porto de Mós (Fátima)

Saída da A1, Torres Novas quem vier de Sul, ou Fátima quem vier de Norte, em direcção a Mira Daire.

Coordenadas por GPS:
39º 32’ 2.6’' N – 8º 44’ 26.7'' W

PONTO DE ENCONTRO: Grutas de Santo António (para madrugadores) a partir das 10h30

HORÁRIO DE ENTRADA PARA O ALMOÇO: 12h30.

Por favor confirma a tua presença, até ao dia 15 de Abril, para:

José Corceiro – Telef. 964 313 031 ou 213 560 809
jose.corceiro@netcabo.pt

Espero por vós,

Um abraço
José Corceiro

__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6058: Convívios (121): Encontro de Confraternização da CCAÇ 763, em 22 de MAIO de 2010 – Boleiros/Fátima (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P6077: (Ex)citações (62): José Brás lamenta ver publicado um texto antigo de sua autoria na Tabanca da Lapónia

1. A propósito de um texto de sua autoria publicado em tempos no nosso Blogue e agora na Tabanca da Lapónia, recebemos de José Brás a seguinte mensagem dirigida ao nosso camarada José Belo:


Textos (des)atempados

Caríssimo José Belo
Nem sabes como lastimo esta mensagem!

Contudo, não posso deixar de te dizer que foi um lapso lamentável a última entrada na Tabanca da Lapónia de um velho texto meu editado há muitos meses na Tabanca Grande na sequência de um caso específico, temporal e tematicamente datado.

Nunca me foi muito difícil confessar os meus próprios erros, sempre que os descobri por mim ou alguém mos mostrou.
A propósito desse caso fiz isso mesmo no tempo próprio, tendo em conta exageros de palavra e descoordenação com os princípios e conveniências do blogue.

Não desejei voltar ao assunto e mostra disso são todos os meus textos editados posteriormente, reconhecendo que a verdade e a razão não são entidades unas e da titularidade exclusiva deste ou daquele, antes edifícios construídos com os materiais de que cada um dispôs em tempo próprio e consolidou na sua inteligência e na sua alma.

Dito isto, fica claro que para mim, não faz má pessoa a ninguém o ter opinião diferente da minha nem proíbe a possibilidade de convívio entre partes contrárias a sua existência sincera e honesta.
O que digo, não retira nem ponto nem vírgula à minha certeza de que Salazar foi uma enorme desgraça para este País, pelo que pensava do desenvolvimento da humanidade e pelo que pôs em prática durante cinquenta anos.
Nem me desdigo no que antes disse direi mais vezes no futuro em termos das maiores responsabilidades pelo caos da chamada descolonização, não isentando, ainda assim as responsabilidades de outros a posteriori, alguns antigos amigos meus.

Não quis nunca mais trazer ao que escrevo e digo o caso e o nome Constantino, que não conheço pessoalmente e que não quero ofender voltando a falar do que ele próprio disse um dia, não necessitando de voltar a desculpar-me, nem perante ele, nem perante os seus amigos, nem mesmo perante a Tabanca Grande, afinal o mais importante no centro desta quezília.

Por isso, peço-te que de imediato faças sair na Tabanca da Lapónia esta nota que te deixo aqui, forma de, de algum modo, atenuar o efeito negativo do publicado antes.

Outra coisa que quero pedir-te é que não publiques mais nada meu só porque saiu na Tabanca Grande, sendo certo que algumas coisas minhas publicaste enviadas por mim para publicação e sem passar pela Grande e outras reproduziste com o meu agrado.

Desculpa-me tu este tom de lamúria pelo lapso e aceita o meu abraço camarada.
José Brás
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6071: Controvérsias (69): Hélder Valério e os comentários a Beja Santos (José Brás)

Vd. último poste da série de 30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6067: (Ex)citações (53): As tropas Pára-quedistas preparavam-se para a guerra como para uma cerimónia em Parada (José da Câmara/Hoss)

Guiné 63/74 - P6076: Blogoterapia (148): A propósito da gente do Enxalé, Porto Gole e Missirá (CCAÇ 1439 + Pel Caç Nat 52): a questão da e-literacia da nossa geração (Henrique Matos / Luís Graça)


Coruche > 19º Encontro Nacional da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)> O Mário Beja Santos, ao centro, tendo à sua direita, o Henrique Matos (o 1º Comandante do Pel Caç Nat 52), o João Crisóstomo e na ponta o Jorge Rosales (1ª Companhia de Caçadores Indígena, Farim e Porto Gole, 1964/66). À sua  esquerda, estão o Freitas e o Sousa, ambos da CCAÇ 1439.


Coruche > 19º Encontro da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá) > O Mário mais o Henrique, ambos comandantes do Pel Caç Nat 52; à direita do Henrique, o ex-Fur Mil João Vaz Neto e o ex-1º Cabo Cunha.
Fotos (e legendas):  ©   Matos (2010). Direitos reservados 

 1. Mensagem do Henrique Matos, com data de 19 do corrente

Assunto - Fotos do blog Camarigo Luís (i) Vamos então à legendagem das fotos (*) : na primeira, à esquerda do Beja Santos, o Freitas e na ponta o Sousa, ambos ex-Alf Mil da 1439. O Freitas veio de propósito da Madeira para o encontro. Retira da legenda que o Rosales  foi do Pel Caç Nat 54 (**). Na segunda, é tudo pessoal que esteve no Pel Caç Nat 52:  à minha direita o João Neto Vaz,  ex-Fur Mil que esteve preso em Conacri e na ponta o Luís Cunha, ex-1.º Cabo, o que levou o tiro no joelho. (ii) Quanto ao João Crisóstomo entrar para a Tabanca (*),  vai ser um berbicacho. Já lhe falei nisso várias vezes porque de vez em quando ele telefona-me. Diz que não percebe nada de computadores e até umas fotos que lhe mandei por email teve que pedir a alguém uma ajuda para as ver. Acreditas que daquele grupo da 1439 que vai aos encontros, também não se pode dizer que seja um grupo grande, ninguém vai à internet? Os contactos possíveis são feitos através dos filhos. Grande abraço e se não fôr antes, até à Monte Real. Henrique Matos
 
2. Comentário de L.G.: 

 Obrigado, camarada e amigão Henrique, homem grande do Cuor: Vou fazer as devidas correcções, incluindo o Rosales (fiz confusão, ele é da 1ª Companhia de Caçadores Indígena!). Vamos insistir com o João Crisóstomo... Vamos pô-lo a usar a Net... Como é que um lobista daqueles, um militante de causas nobres como ele,  não usa a Net ?!...Fará se usasse... Ele email, pelo menos, tem... É uma geração tramada... Da CCAÇ 1439 não temos ninguém na Tabanca Grande.. E mesmo das restantes unidades, só um, dois, três, no máximo quatro... Vê pelo teu pelotão... Activos, activos, só tu, o Mário e o Joaquim (três levas diferentes)... E da minha CCAÇ 12 ? Registados estão vários, mas para escrever, é um castigo... Podemos falar de um problema de e-literacia  (e não de iliteracia...)  da nossa geração de ex-combatentes ? A malta que escreveu milhões de aerogramas, que está a escrever livros,  que tem memória de elefante,  que operou as maiores mudanças do Portugal do Séc XX,  que comeu o pão que o diabo amassou,  que doutorou filhos,  que tem netos que já nascem a jogar playstation, não é capaz agora de mandar um simples e-mail, de digitalizar uma  fotografia ou de ler um blogue ?... Não acredito, tem que haver aí muita  preguiça mental pelo meio... 

 Henrique, aí está um bom tema para a gente discutir, esmiuçar, tabaquear, conversar, beberricar, petiscar... E-literacia: conhecimento de (e capacidade para usar, com eficiência) as novas Tecnologia da Informação e Conhecimento (TIC)... Atão essa brava gente do Cuor tem TAC(ues) a mais e TIC(ues)  a menos ?  Já  lhes chegou o Alzheimer, ou quê ?  Temos que levar esse pessoal a fazer outra IAO... Faz o favor de insistir com o João Crisóstomo & Companhia... Se não sabem, aprendem, e nunca é tarde para aprender... E professores em casa não lhes faltam, dos filhos aos netos.... Até Monte Real, no dia 26 de Junho de 2010, sábado, dia do nosso V Encontro Nacional. Vai ser no "hotel do Jaquim"... O mesmo preço de Ortigosa, ou até um pouco menos: 30 aéreos, almoço + lanche... O genro do Jaquim é o director das Termas ( ou do Palace Hotel, que está agora um brinquinho, foi completamente remodelado, depois de 20 anos fechado). Vamos estar melhor, no centro da vila, etc. Daremos notícias no blogue.  Ciao. Abraços. Luís



(**) 9 de Junho de 2009 >  Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça

(...) Ligou-me estar tarde, por telefone, mais um camarada, o Jorge Rosales, de 69 anos, residente em Monte Estoril / Cascais, e que esteve em Porto Gole (1964/66)... Tem falado ao telefone com o Henrique Matos, que esteve a seguir a ele em Porto Gole (1966/68). Falei-lhe do Abel Rei (1967/68), que é mais novo, e que ele naturalmente não conhece... (...) O Jorge Rosales pertencia à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim (Havia mais duas, uma Bedanda e outra em Nova Lamego, acrescenta ele). Ficou lá pouco tempo, em Farim, tavez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Parte dos soldados eram balantas. Possuíam apenas 1 morteiro (60) e 1 bazuca. A farda ainda era amarela. Ficou 18 meses em Porto Gole. Ia a Bambadinca jogar à bola com os de Fá. Foi uma vez a Bafatá, apanhar o NordAtlas. Lembra-se da piscina.
Enquanto lá esteve, em Porto Gole, havia um certo respeito mútuo, de parte a parte. A influência de Cabral era evidente, fazendo a distinção entre o povo (português) e o regime (colonialista). Podiam deslocar-se num raio de 10 km…. Mas a ligação com Mansoa já se perdera. O troço já não era seguro. Em Mansoa estavam os respeitados Águias Negras (BART 645, que dominavam o triângulo do Óio: Olossato, Bissorâ e Mansabá) .(...) 

Guiné 63/74 - P6075: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (10): Quando a missão não deixa ver

1. Mais uma história do nosso camarada António Paiva, (ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70), enviada ao Blogue no dia 22 de Março de 2010.


QUANDO A MISSÃO NÃO DEIXA VER


Onde eu nasci e fui criado, se poderia considerar zona pobre de Lisboa.
Mas rica em juventude, traquina e travessa, que de manhã à noite fazia eco pela calçada, travessa e largo onde existia a escola onde eu andei até à 4.ª classe.
Por baixo era a esquadra da PSP, tudo nos servia para dar largas à nossa meninice. Pular, correr, saltar, jogar ao bilas, à carica, ao peão, dar pontapés na bola feita de papel de jornal metida dentro de uma meia de vidro que as mulheres, depois de rotas, deitavam fora.
Ainda tínhamos a possibilidade de ir à fábrica do sabão buscar caixas de madeira para fazermos uns carros com rodas de esferas, para descer pela calçada a baixo, fazendo um barulho do caraças.
Ainda tínhamos no mesmo largo a Casa das bicicletas, onde se alugavam, para fazermos mais algumas asneiras e quedas à Campeão, a minha era sempre a n.º 7, não sei bem porquê, mas era dela que eu gostava.

Só tínhamos um problema nesse tempo, era quando andávamos de arco com gancheta os policias vinham-nos chatear por causa do barulho, o mesmo servia para lhe pôr uma rede em volta e ir para cima dos pontões que aqui existiam para pescar caranguejos.

Tudo isto para dizer que, onde eu nasci, também nasceu o Domingos, o Matos, o António Fernando, o Fernando e muitos outros, mas estes foram os que estiveram no mesmo tempo que eu na Guiné.

A partir dos bancos da escola, nos fomos separando lentamente uns dos outros, cada um com o seu destino, o meu foi começar a trabalhar aos 12 anos, mas nada impedia que não nos fôssemos encontrando, mais que não fosse para umas tacadinhas de bilhar, no café cá do sítio

Veio a vida militar e eu como destino, tive o HM241, lá parti.

HM 241 em Bissau

Já lá estava há 15 meses quando, na tarde de uma quinta-feira do mês de Setembro de 1969, um camarada vem ter comigo e me diz:

- Oh pá, vai ao pavilhão A, está lá um gajo que te quer falar, disse-me que te conhece.

Lá fui.
Tal é o meu espanto, quando lá chego, vejo o Fernando deitado na cama com um joelho todo lixado.
Como não podia deixar de ser, comecei por fazer a pergunta mais simples:

- Então rapaz, que te aconteceu, quando é que vieste?

A resposta que obtive foi simples e directa, fiquei de boca aberta e penso que os ditos quase me caíram ao chão.

- Tu é que me fostes buscar, nem me falaste, nem para mim olhaste.

- Eu?

- Sim tu, no Domingo, tiraram-me da avioneta, enfiaste-me dentro da ambulância, quando vi quem eras, tinhas fechado a porta, nem tempo tive para abrir a boca, quando chegamos aqui ao Hospital, outros me tiraram e foste-te embora.

Porra, tinha sido numa missão, extraordinária, de Domingo.

Em missão de socorro, perante as responsabilidades, ficávamos mesmo cegos. O auxílio era prestado com eficácia, independentemente de se tratar de um amigo ou desconhecido.

Um Abraço
António Paiva
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4629: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (9): Dois pequenos amigos de quatro patas

Guiné 63/74 - P6074: Blogando e andando (José Eduardo Oliveira) (7): Primavera de 2010 no Chiado

1. Mensagem do nosso camarada José Eduardo Oliveira* (JERO) (ex-Fur Mil da CCAÇ 675, Binta, 1964/66), com data de 22 de Março de 2010:

Boa noite Caro Carlos Vinhal
Como já cheira a Primavera - e nunca mais chega o V Encontro - lembrei-me de escrever mais uma história da vida.

O "sem abrigo" desta história, que nada tem de ficção, pode ter sido um ex-combatente... Independentemente dessa hipótese é chocante a miséria que faz parte da cosmopolita baixa lisboeta.

Sobem o Chiado jovens vestidas como modelos, de mãos ocupadas com cigarro e telemóvel, flutuando entre luxos e frivolidades sem pousarem os olhos em gente que nada tem. Nem abrigo nem esperança.

Foi esta a Primavera que eu vi no Chiado em 21 de Março de 2010.

Um abraço.
JERO


PRIMAVERA NO CHIADO… em 2010

Vivi em Lisboa durante dois tempos da minha vida.

No primeiro tempo como militar e, depois de ter sido mobilizado e ido à guerra do Ultramar, regressei – em segundo tempo - como empregado bancário. Terão sido, ao todo, cerca de três anos.

Depois fixei-me em Alcobaça… até hoje.
Já lá vão cerca de 40 anos.

As contingências da vida levaram-me cada vez mais a espaçar as visitas à capital, mais propriamente à Baixa lisboeta.

Neste último fim de semana vim a Lisboa e visitei algumas zonas nobres da capital, onde é “obrigatório” vir para quem vive habitualmente na Província.

Fiz questão em ir ao Chiado e estar com o Fernando Pessoa que muito prezo.
Como é sabido esta figura única da cultura portuguesa não teve vida fácil, sendo reconhecido e reverenciado depois de ter partido para o Além, o que, sendo importante, deve ter sabido a pouco e tardio ao principal interessado…
Desde sempre associei o Fernando a uma vida amargurada, que parece permanecer por perto da sua Pessoa!

No dia em que estive nas proximidades dos seus “domínios”, ao Chiado, vi (e fotografei) três cenas dramáticas separadas por distâncias bem curtas.

A poucos metros do Fernando, aos pés da estátua de António Ribeiro Chiado, dormia em pleno dia (eram 16H00) um “sem abrigo”. Entre as Igrejas dos Italianos e a dos Mártires.

A temperatura estava cálida na tarde do primeiro dia de calendário da Primavera de 2010… e o homem dormia a sono solto.
Também podia estar morto mas toda a gente passava com um olhar rápido – ou sem olhar – e seguia a sua vida…

O “sem abrigo” fazia parte da paisagem…

Mais abaixo, perto dos Armazéns do Chiado, um cão dormia a sono solto junto da banca do “patrão”, que, sem grande esforço, vendia – ou tentava vender - numa banca improvisada “souvenirs” que não atraíam ninguém. Atracção era o cão que, mesmo a dormir, fazia pela vida do “patrão”. Muitos passantes paravam e deixavam uma moeda num tigela de plástico. Perto do cão.

Descemos a caminho do elevador de Santa Justa… e se já “íamos em choque”… pior ficámos.

Um casal de idosos cantava o fado… à espera de uma moeda. Ou não estavam no passeio certo ou não era por acaso que os transeuntes optavam por passar do outro lado da rua. Ninguém parava uns segundos para ouvir o fadista e… deixar uma pequena ajuda.

Em relação a estes três locais que descrevo ia jurar que os passantes só olhavam com (particular) simpatia para o cão!

Foi essa a minha visão…

Mal vai o mundo quando um cão parece valer mais ajuda que… seres humanos.

Digo eu… que sou da Província… e até gosto de cães!
JERO

PS - No regresso ao local onde tinha estacionado o carro, na Rua do Alecrim, passei novamente pela estátua de António Ribeiro Chiado. O “sem abrigo” já não estava onde o tinha visto uma hora atrás. Das duas Igrejas dessa zona do Chiado – a dos Italianos e dos Mártires – só a segunda mantinha as suas portas abertas. Desejei que o “sem abrigo” tivesse feito a melhor opção…
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6016: Blogando e andando (José Eduardo Oliveira) (6): Na prisão é que está a dar

Guiné 63/74 - P6073: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (7): Dos 47 afogados foram resgatados 11 cadáveres pelos fuzileiros (Rui Ferrão, 10º DFE, 1967/69)





Guiné > Zona Leste > Sector L5 (Galomaro) > Saltinho > Pel Caç Nat 53 (1970/72) > O Rio Corubal não traz só trágicas recordações para os militares portugueses... Em sítios aprazíveis  como o Saltinho, dava para tomar um banho  retemperador, como se vê aqui na foto, com o Alf Mil Paulo Santiago, comandante do Pel Caç Nat 53, a nadar,  tendo a seu lado o Alf Mil Julião, o Fur Mil Josué, o Alf Mil Mota e 1º Sarg Picado, pertencentes à CCAÇ 2701 (1970/72).

Foto: © Paulo Santiago (2006) . Direitos reservados





1. Mensagem, com data de ontem,  de Rui Ferrão, residente em Vendas Novas,  ex-fuzileiro especial, pertencente ao 10º DFE (1967/69), a quem já endereçámos  em tempos o convite para se juntar, na Tabanca Grande, aos amigos e camaradas da Guiné:

Assunto - A verdade dos factos

Amigo e camarada Luís Graça, em primeiro lugar quero saudar toda a equipa que coordena todo este trabalho. Digamos que é um trabalho, e é também uma terapia para quem andou pelas terras da Guiné, em condições por vezes adversas à vivência do ser humano. Efectivamente quando nós entramos no Blogue e começamos a “desfolhar” não nos apetece parar, são horas e horas de pesquisa.

No meu caso particular, há relativamente pouco tempo descobri este vosso trabalho e o que me traz  aqui hoje é o seguinte: Os camaradas que aqui vêm contar as suas histórias,  quer sejam em combate, quer sejam em convívio, ou qualquer que sejam as circunstâncias, contem apenas aquilo que se passou com eles próprios e não venham falar de assuntos já em terceira ou quarta mão, que assim corre-se o risco de estarmos a elaborar em erros, que põem em causa a verdade dos factos, passados naquela ex-província portuguesa .

Vou contar um caso que, aliás, não tem nada a ver com o vosso trabalho, saiu já a alguns meses no jornal Correio da Manhã, no suplemento de domingo, onde se publica rubrica “A minha guerra”, onde um indivíduo aborda o caso dos nossos camaradas falecidos no acidente do Corubal e diz o seguinte, (cito as suas palavras) (**):

Estava no cais do Pijiguiti á espera que o resto do batalhão desembarcasse, vindo da metrópole, quando vejo uma lancha da marinha que depositou no cais, ao pé de nós, 47 caixotes de madeira tosca, que continham os corpos dos camaradas falecidos no desastre da jangada no rio Corubal, no sudeste do território, durante a evacuação de Madina do Boé.(**)

Ora bem, pertenci ao Destacamento nº 10 de Fuzileiros Especiais e foi deste Destacamento que saíram duas secções, passados alguns dias, para o local do acidente, com a missão de recolher os corpos a boiar no referido rio. Dos 47 afogados, foram resgatados 11 cadáveres, que foram sepultados com todas as honras militares na margem do rio, os restantes ficaram dispersos pelo rio à mercê dos crocodilos e doutras espécies afins.
Chamo aqui atenção, como é possível um indivíduo acabado de chegar à Guiné sem ter o mínimo de conhecimento do que é que se passou e vem para um jornal comentar um assunto do qual não estava devidamente informado,  afirmando que viu as 47 urnas dos soldados afogados no Corubal ?

É completamente falso, daquele acidente não vieram urnas nenhumas para Bissau com militares mortos, poderia ser eventualmente de outro ponto da Guiné.

Mais a diante no mesmo suplemento diz o indivíduo, volto a citar:

Destaco nessa zona (chão Fula) uma forte actividade inimiga que só num ataque havia já produzido 72 baixas. Os corpos dos militares e civis reunidos no posto de socorros produziam na valeta da rua um apreciável caudal de sangue. (**)

Meus amigos,  nós sabemos que 72 pessoas mortas é muita gente mas para produzir um caudal de sangue, será para impressionar os menos atentos? Deixo à consideração.

A guerra nas ex-províncias ultramarinas faz parte da nossa história recente e nós temos o dever e o direito de a narrar nos jornais, na internete, na televisão etc.etc. mas com verdade.

Agradeço o convite que o meu amigo me fez, para que faça parte da tabanca, quando tiver mais um pouco de vagar vou naturalmente aderir.

Camarada Luís Graça,  se o meu amigo achar que tem interesse, publica, de contrário fica o reparo e o meu desabafo. (***)

Um abraço, Rui Ferrão


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Notas de L.G.:

(*) 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5902: FAP (48): A guerra Páras-Fuzos, vista por um fuzileiro (Rui Ferrão)


Guiné 63/74 - P6072: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (14): Recordando o Fur Mil Américo Leong Monteiro, Maitá

1. Mais uma nota solta do nosso camarada Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), enviada em mensagem do dia 19 de Março de 2010:

NOTAS SOLTAS DA CART 643 (14)

Recordando uma manifestação de amizade


Felizmente todas as Companhias tinham elementos que eram o exemplo da amizade.

O Américo Leong Monteiro, ex Furriel Miliciano, mais vulgarmente conhecido pelos amigos como MAITÁ, era um deles.

Oriundo de uma familia tradicional chinesa, nascido, criado e residente na longínqua Macau, veio para a Metrópole por obrigação prestar o serviço militar, tendo mais tarde sido mobilizado para a Guiné, como elemento da CCS do BART 645.

O Batalhão embarcou a 4 de Março de 1964, mas no fim de Setembro de 1963 já estava em formação em Santa Margarida. Foi nesse aquartelamento, como todos sabem localizado num "deserto", que fizemos amizade, portanto estivemos juntos cerca de 5 meses, foi em Santa Margarida que os AGUIAS NEGRAS criaram "endurance", nas noites gélidas e chuvosas do inverno de 63.

Mas estas notas soltas, simplesmente querem dar a conhecer que o MAITÁ em certa altura mostrou novamente a verdadeira amizade. Todos nós esperávamos ansiosamente pela sexta-feira, para o desejado fim de semana, mas havia obrigações de serviço à Companhia, o Sargento de Dia e da Guarda, que quando calhava nesse período era uma seca das grandes, mas claro este sacrifício passava por todos.

Chegou o Natal e Fim de Ano, ao Rogério Cardoso calhou o serviço de Dia e Guarda, nesse período citado. Fiquei aborrecido por saber que toda a malta ia para casa e eu casadinho de fresco, a 22 de Setembro, ficava naquele deserto.

Então o MAITÁ sabendo que eu estava "condenado", veio junto a mim e disse:

- Oh Rogério, eu não tenho ninguém de familia por cá, o que é que eu vou fazer numa cidade como Lisboa, por exemplo, portanto vai tu para junto dos teus pais e mulher e desejos de um Natal Feliz para todos vós. - Foi com estas palavras que tomou a decisão.

Claro que fiquei deveras contente, de repente e sem esperar vi o meu problema resolvido.

Todos os anos o MAITÁ vem a Portugal, lá para Maio, este ano passado de 2009 estivemos a almoçar no Estoril, tinha que ser Chinês, eu lembrei-me de falar neste assunto, ele não se lembrava ou não estava interessado, mas uma coisa é certa, a mim nunca me vai cair no esquecimento, atitudes desta natureza são para ser divulgadas, aliás ele era considerado por todos os elementos da CCAÇ 645.

Um abraço do sempre amigo
Rogério.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6034: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (13): Perigo, mina na estrada Bissorã-Olossato