quinta-feira, 26 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8328: Tabanca Grande (288): José Manuel Carvalho, Fur Mil Trms da CCS/BCAÇ 4612/74 (Cumeré, Mansoa e Brá, 1974)


1. É com grande satisfação pessoal e alegria redobrada, que hoje apresento à tertúlia bloguista mais um elemento do meu batalhão, ainda por cima da minha Companhia, o Camarada José Manuel Carvalho, que foi Fur Mil Trms da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá, 1974.

Caros Camaradas e Amigos,

Quero com a presente associar-me ao Blogue dos membros da Tabanca Grande e, para o efeito, envio os elementos possíveis de momento.

Integrei, com o posto de Fur Mil Trms, a CCS do BCaç 4612/74 que foi, como já foi referido em anteriores postes do blogue, o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu, em 15 de Outubro de 1974. Passei pelos aquartelamentos no Cumeré, Mansoa e Brá

Atendendo ao tempo de permanência no território da Guiné, não tenho muito a relatar, contudo não quero deixar de anotar algumas recordações daquele tempo, que ficaram e nunca esqueci. Posteriormente, se me for permitido, enviarei algumas “notas” sobre os acontecimentos vividos no Trem Auto em 16 de Março de 1974, no BCaç 5 em 25 de Abril e nas outras Unidades em Lisboa onde estive colocado.

Sobre o tempo passado na Guiné relembro a chegada ao aeroporto com a elevada humidade sentida na atmosfera aquando da saida do avião da TAM, a consequente partida para o Cumeré onde tive a minha primeira grande batalha e que se arrastou por quase todo o tempo em que estive no CTIG: “A luta contra os mosquitos.”

Passados alguns dias fomos deslocados para Mansoa onde tivemos uns tempos em sobreposição com a unidade que fomos render, a CCS do BCaç. 4612/72. Relembro a recepção dada pelos “velhinhos” na nossa chegada ai quartel com uma chuva de “pius-pius” e muitos outros “mimos” dedicados aos “periquitos”.

Aqui não quero deixar de evocar o triste acontecimento, que a todos muito marcou, ocorrido junto à arrecadação de material de guerra quando os elementos da 3ª CCAÇ do 4612/72, após cerca de 2 anos de comissão, procediam à entrega definitiva do armamento a seu cargo. Um disparo inopinado de uma G3 originou 2 feridos com muita gravidade que foram, de imediato, evacuados para Bissau. Vim a saber mais tarde que, infelizmente, o soldado Oldegário Libório não sobreviveu ao acidente tendo falecido no HMP, em Lisboa, a 18OUT74.

A minha actividade em Mansoa, além de uns petiscos e jogos de cartas, ficou-se pelo proceder à destruição total (queima) de toda a documentação existente no Centro de Cripto, trabalho “árduo” executado em colaboração com o 1º Cabo Albino Marques Serrano, para quem mando um forte abraço e peço aqui que me contacte logo que puder.

Após a desactivação e entrega do aquartelamento em 09SET74 (acontecimento muito bem relatado e documentado com fotos nos postes do Eduardo Magalhães Ribeiro), fomos para o Batalhão de Engenharia, em Brá, onde se reintegraram as outras duas Companhias do Batalhão, entretanto vindas de outros pontos do território. Aqui tivemos por missão assegurar a segurança e protecção das instalações da área do sub-comando de Brá, então constituído, i. e., Batalhão de Engenharia e Depósito de Material.

Neste quartel tivemos alguma dificuldade em conter vários elementos da população local que, de uma forma por vezes hostil, se concentravam e manifestavam junto à porta de armas da Unidade, protestando contra o súbito culminar dos apoios que eram o seu sustento de vida e de que estavam completamente dependentes (económica, alimentação, trabalho, etc.) resultantes da actividade militar, desenvolvida entre 1963 e 1974.

Também nós, os militares do batalhão, estivemos quase sempre circunscritos às instalações do quartel, porque à nossa volta a independência era já uma realidade.

Ressalvo algumas deslocações em grupos para idas ao cinema nas instalações da BA 12 - Bissalanca e a Bissau, embora aqui já pouco ou nada houvesse que fazer tendo em conta que o comércio e os estabelecimentos de restauração, aos poucos, tinham vindo a deixar de funcionar, tornando assim a vivência e actividade na capital praticamente diminuta.

Neste período, em Brá, tive oportunidade de colaborar numas sessões “de relembrar conhecimentos” ministradas a alguns elementos do batalhão, cuja formação escolar não tinha permitido concluir a 4ª classe e que nelas se inscreveram.

Ocupámos, assim, algum do nosso tempo e creio que foi uma experiência muito gratificante para todos. Faço notar que o aquartelamento do Batalhão de Engenharia era “cinco estrelas”, com um bom campo de jogos, cozinha com excelentes instalações, equipamentos e todo o espaço envolvente muito cuidado.

O regresso a Portugal foi efectuado no Navio Uíge com chegada a Lisboa em 20 de Outubro.

Fur Mil periquitos no Cumeré (acabadinhos de chegar). Eu estou em 1º plano, em baixo
Nas imediações do CIM, Cumeré, em exploração do perímetro envolvente

Psico em Mansoa. O Fur Mil João Faria (de camuflado) e eu

Idem foto anterior. Ao centro também um Fur Mil de quem não já não lembro o nome (as minhas desculpas)
Graduados de Trms da CCS: Fur Mil João Faria (à esquerda), Alf Mil Florêncio e eu

1º contacto pessoal de militares da CCS com 3 elementos do PAIGC
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Notas de M.R.:

Amigo e Camarada Carvalho em nome do Luís Graça e demais Camaradas desta Tabanca Grande, como é habitual sempre que mais um Homem da Guiné se junta a nós, nesta Unidade cibernética, apresento-te os nossos melhores cumprimentos Amigos e votos de boas vindas à nossa tertúlia.

Também aproveito a oportunidade para desejar que nos contes, daquilo que te lembrares, mais alguns passagens sobre o modo pacífico, expedito e eficaz como foi retirado o dispositivo de tropas que se encontrava estacionado naquele território, os contactos com o PAIGC e da transição de poderes.

Creio que, então, se demonstrou bem ao mundo a capacidade portuguesa de organização e planeamento de recursos humanos e materiais para, que, em cerca de 6 meses, se evacuassem para a metrópole, uns 27 mil militares, viaturas e diversos equipamentos.
Vd. último poste desta série em:

24 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8317: Tabanca Grande (287): Carlos Alberto Duarte Prata, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT das CCAÇ 4544/73 (Cafal Balanta) e CCAÇ 13 (Bissorã), 1973/74

Guiné 63/74 - P8327: Parabéns a você (263): Camaradas: Jorge Narciso, ex-1.º Cabo Especialista da FAP; Carlos Nery, ex-Cap Mil CMDT da CCAÇ 2382; Gabriel Gonçalves, ex-1.º Cabo Cripto da CCAÇ 12 e jovem amigo João Santiago (Tertúlia / Editores)

Com os parabéns e um abraço dos seus camaradas Giselda e Miguel Pessoa



PARABÉNS A VOCÊS

26 DE MAIO DE 2011







NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AOS NOSSOS CAMARADAS JORGE NARCISO, CARLOS NERY, GABRIEL GONÇALVES E JOVEM AMIGO JOÃO SANTIAGO, AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:

- Jorge Narciso foi 1.º Cabo Especialista de MMA na Guiné nos anos de 1969 a 1970

- Carlos Nery foi Cap Mil, Comandante da CCAÇ 2382 que esteve em Buba nos anos de 1968 a 1970

- Gabriel Gonçalves foi 1.º Cabo Cripto na CCAÇ 12 e esteve em Bambadinca nos anos de 1969 a 1971

- João Santiago é filho do nosso camarada Paulo Santiago. Acompanhou o seu pai numa visita de saudade à Guiné-Bissau em Fevereiro de 2005.

- Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8305: Parabéns a você (262): José Manuel (...), ou Adilan, o meu menino da Guiné, fez 50 anos em Janeiro deste ano (Manuel Joaquim)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8326: Da Suécia com saudade (29): O nosso blogue e o risco do pensamento de grupo (groupthink) e do politicamente correcto (José Belo)


Imagens retiradas e editadas, com devida vénia, do blogue do José Belo  Lappland to Key West, com um lead muito poético, muito bonito (em português): "As viagens são os viajantes, o que vemos não é o que vemos, senão o que somos"... (Mais uma vez o génio do Fernando Pessoa, poeta de cabeceira do nosso camarada luso-sueco, que já não sabe se é mais tuga, se é mais lapão)... 

Escolhemos estas duas fotos para ilustrar o risco aqui abordado pelo J. Belo  de criação, na nossa Tabanca Grande,  de um pensamento de grupo (em inglês, groupthink)... Este fenómeno (grupal) tem sido estudado pelos cientistas sociais, incluindo os politólogos. Basicamente, ocorre em grupos demasiado homogéneos e coesos (como são por exemplo, os "homens do Presidente", o "comité central" dos partidos políticos ou os grupos de combate de forças especializadas)...  Os membros do grupo tendem a  minimizar  os conflitos, as existência de diferentes perspectivas e opiniões, valorizando o consenso a todo o custo, passando por cima, escamoteando, ignorando ou criticando as saudáveis divergências  individuais (opiniões, valores, conhecimentos...). Em situações-limite, como a frente de batalha, a coesão grupal e o "espírito de corpo" são fundamentais.  Mas o pensamento de grupo pode ter (e tem) consequências negativas, a nível psicossocial e cognitivo:   a pressão para a conformidade e o alinhamento ideológico e comportamental levam, muitas vezes ou quase sempre,  à perda de criatividade individual,  da idiossincrasia de cada um, da autonomia, da liberdade de pensamento e de expressão... Muitas decisões (políticas, militares, económicas...) acaba(ra)m em "desastre" devido possivelmente a este fenómeno... (LG)


1. Mensagem de José Belo (*), ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia, com data de 10 de Maio de 2011:

Caros Amigos e Camaradas:
Como emigrante de muitas décadas, os termos correctos em português começam, estranha e inapropriadamente, a faltar-me de quando em vez. Consequência de todos estes anos sem sequer umas pequenas bacances  na Lusitânia? Daí que, ao tentar descrever alguns companheiros, ainda procurar termo apropriado.

"Guardiões do Templo" será obviamente exagerado. Garantes de purismos ideológicos d'antanho? "Barões" do intelecto entre plebe menos dotada? "Controleiros"? (Isso,  não! Lembra demasiado coisas... de um passado pré-histórico!).

De qualquer modo lá pairam, com autoridades ideológicas várias, procurando sempre... paternalmente (uns mais que outros)... corrigir desvios a umas linhas de pensamentos, e maneiras de estar na vida, para eles mais ou menos centrais. Poucos já se atrevem a, em postes ou comentários, algo escrever que possa vir a provocar estes "puristas do correcto". E para quê? Algumas das controvérsias e debates já foram, desnecessariamente, desagradáveis. ( E, aqui não me refiro aos que sempre procuram, mais ou menos conscientemente, SAIR FORA DOS PARÂMETROS PARA OS QUAIS ESTE BLOGUE FOI CRIADO).

Quem se der ao trabalho de "folhear" páginas antigas do blogue, ficará surpreendido com a continuidade com que alguns destes "guardiões" sistematicamente procuram corrigir as tais opiniões menos... ortodoxas.

E é pena, porque há sempre o perigo de se acabar por cair em monotonias cinzentas de unanimidades sempre obtidas nas sociedades de... "pensamento d' Estado".

Para a existência saudável de um Blogue-Documental,  tão importante como este, terá sempre que ser...VIVO. Haverá que haver o cuidado de permitir aos que não pensam exactamente da mesma maneira a liberdade de se não perfilarem sempre (!) pelo pautado.

Esta tendência de alguns (imbuída?) de corrigir o... "diferente"... torna-nos a todos mais limitados. Alguns destes meus pensamentos poderão parecer a uns quantos como exagerados, injustos e inapropriados, mas surgiram após muitas longas horas de leituras atentas às sucessivas páginas (antigas) do blogue. (As vantagens de se viver na Lapónia Sueca?)

Um grande abraço amigo do
José Belo

Estocolmo / 25 de Maio/2011 (**)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de > 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8263: Controvérisas (123): A guerra. As realidades locais e as bajudas de mama firmada (José Belo)

(**) Último poste da série > 15 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6991: Da Suécia com saudade (28): Da Lapónia à Flórida, mas voltando sempre à nossa querida pátria lusa: As viagens são os viajantes... (José Belo)

Guiné 63/74 - P8325: Blogpoesia (149): Hino à Terra (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa , com data de 23 de Maio de 2011:

Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal:

Antes que a Primavera termine e o meu Alentejo deixe secar as flores campestres que agora o invadem e embelezam, envio este modesto hino, que compus em sua honra.

Grande espaço telúrico, que abracei encantada e onde aprendi com as aves a palavra Liberdade.

Onde aprendi a gostar da chuva por sabê-la necessária.
Onde o calor do Sol amadurece e cria.
Onde as noites de luar são um espectáculo maravilhoso.
Onde os cheiros das ervas se elevam nas madrugadas e perfumam todo o espaço.
Onde os grilos e as cigarras cantam até amanhecer.
Onde o silêncio... tem mil sons!...

Se entender publicar... o meu obrigada.
Felismina Costa



Primavera em Panóias
Foto de João Costa


Hino à Terra

Ainda um dia vamos voltar para o Alentejo…
Meu Amor!
O infindável espaço da planície… espera-nos!
Vamos voltar a semear as searas.
Criar os rebanhos.
Olhar o horizonte sem muros
E plantar muitas árvores…
Que na Primavera… abrirão em flor…

Queres ir,  meu amor?

Vamos voltar a amanhar as quintas,
Plantar roseiras de armar,
Fazer jardins junto às noras,
Sentir o cheiro da terra molhada,
Aspirar o cheiro das laranjeiras floridas…
Esquecer as horas!..

Queres ir, meu amor?

Vamo-nos sentar nos tanques, olhar a água,
Observar as aves, escutar as fontes.
Vamos ver o sol nascer, qual bola vermelha
A elevar-se.
Vamos assistir aos ocasos do Rei
Pintando o poente, sempre diferente,
Em telas tão lindas
Que mais belas não sei.

Queres ir, meu amor?

Vamos esperar a noite, que vem devagar,
Cansada do dia, de tanto esperar…
Noites de luar, pejadas de estrelas,
Brilhantes, douradas… noites de encantar!
Vamo-nos calar…
Que os grilos e as cigarras
Já se ouvem cantar
E durante a noite não se vão calar.

Vem, meu amor, vamo-nos amar!

Sem que ninguém veja…
As searas crescem, na terra vicejam,
E o tempo a passar
Faz com que amadureçam,
E os grãos dourados
São de novo a semente para continuar…

Vem… meu amor, a terra é um hino,
Que quero cantar!..

Felismina Costa
Agualva, 9 de Abril de 2011
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8188: As Nossas Mães (9): À minha Mãe, lembrada a cada momento (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8306: Blogpoesia (148): A vida e a morte na ponta de uma vara (Juvenal Amado)

Guiné 63/74 - P8324: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (10): O pungente testemunho da irmã do nosso malogrado camarada Martinho Gramunha Marques, morto em Madina do Boé, em 30 de Janeiro de 1965









Guiné > Zona Leste > Pirada > 1965 >  "O meu grande Amigo Gramunha Marques", nas palavras do António Pinto... Poucos dias antes de morrer, em Madina do Boé, heroicamente, em grande sofrimento... "Janeiro de 1965. Em primeiro plano, o Alf Mil Martinho Gramunha Marques,  eu [António Figueiredo Pinto, Alf Mil, BCAÇ  506, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, 1963/65] e o Sarg Piedade. Foto tirada em Pirada" (AP)...


Segundo pesquisas feitas pelo nosso camarada José Martins, o Martinho Gramunha Marques, Alferes Miliciano Comando, natural de Cabeço de Vide / Fronteira, inumado no cemitério de Cabeço de Vide, tombou em Madina do Boé em 30 de Janeiro de 1965 (É também essa data que consta na lista dos mortos do ultramar, da Liga dos Combatentes). Pertencia à 3ª Companhia de Caçadores Indígenas.

Foto: © António Pinto (2007). Todos os direitos reservados.





1. Pode ler-se no blogue Quem Vai à Guerra, o seguinte, como "sinopse" do filme de Marta Pessoa, a estrear no cinema comercial a 16 de Junho, em Lisboa, Porto e Aveiro:

"Passados 50 anos desde o seu início, a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. 

"QUEM VAI À GUERRA é um filme de guerra de uma geração, contado por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra".

2. A pretexto ou a propósito deste filme do papel (invisível) das mulheres na guerra colonial (***), fomos recuperar a mensagem, de Junho de 2007, enviada por Adelaide Gramunha Marques, nome de solteira, irmã do nosso camarada Martinho Gramunha Marques, morto em combate (*)... Este é mais um testemunho pungente, de mais uma mulher que só 42 anos soube, através do nosso blogue, das circunstâncias em que morreu, exangue, o seu irmão (**):

[...] Luís Graça

Estou a escrever-lhe porque através de um dos meus sobrinhos veio parar-me às mãos um blogue que fala da Guiné, daqueles que por força do destino ou da cegueira de um homem, se viram envolvidos em lutas que não provocaram e cujo desfecho final nem sempre foi o mais agradável.

Deixe que me apresente primeiro: o meu nome é Maria Adelaide Gramunha Marques Sales Crestejo, irmã do falecido Martinho Gramunha Marques.

Quero que saiba que a minha primeira reacção quando vi o blogue, foi de expectativa pois fiquei entusiasmada com a ideia de que aqui podia finalmente encontrar alguém, que durante aquele período de tempo em que ele esteve na Guiné, conviveu com ele, quem sabe assistiu aos seus últimos momentos, o confortou, lhe deu apoio enfim, não o deixou morrer sozinho.

Quando vi a mensagem do  [...] António Pinto e vi o nome do meu irmão ali escrito com todas as letras (**), nem parei para pensar e foi então que um murro me atingiu em cheio o estômago, a cabeça começou a girar e as lágrimas não paravam de brotar dos meus olhos.

Ali à minha frente estava aquilo que durante anos e anos eu tentei saber e nunca tive ninguém que mo dissesse. Como foi a morte do Martinho Gramunha Marques ? O meu coração pedia a Deus que tivesse sido rápido, que ele não tenha sofrido.

Agora sei que isso não foi assim. Agora que já passaram 2 dias desde que tive conhecimento da vossa existência, e tendo lido com mais calma alguns dos comentários e narrativas, acho que foi bom, esta revelação aproximou-me mais dele.

Há no entanto tanta coisa que eu gostaria de saber, por essa razão lhe escrevo este email, pois gostaria se isso fosse possível, entrar em contacto directo com o [...] António Pinto, seja através de telefone ou email.

(...) Luís Graça, não quero terminar este email sem antes mandar para si e para todos os que de uma maneira ou doutra tornaram este cantinho uma realidade, um BEM HAJAM e as maiores felicidades.

Adelaide Gramunha Marques


[ Revisão / fixação de texto / cor a bold: L.G.] (***)


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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 20 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1862: 42 anos depois, com emoção e revolta, sei das circunstâncias horríveis em que morreu o meu irmão... (Adelaide Gramunha Marques)


(***) Último poste da série > 24 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8315: As mulheres que, afinal, foram à guerra (9): Maria Arminda Santos, a decana das enfermeiras pára-quedistas, participante do filme Quem Vai à Guerra (a estrear no cinema comercial, a 16 de Junho, em Lisboa, Porto e Aveiro)

Guiné 63/74 - P8323: Agenda cultural (126): IV Jornadas de Memória Militar, dia 31 de Maio de 2011 no Palácio da Independência

1. No dia 23 de Maio recebemos do nosso camarada Mário Beja Santos, uma mensagem dando conta das IV Jornadas de Memória Militar.


IV JORNADAS DE MEMÓRIA MILITAR

ECOS

NA MEDICINA, NA LOGÍSTICA E NA ARTE


No âmbito dos 50 anos da Guerra de África, a ter lugar no dia 31 de Maio de 2011 no Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, 11.


(Clicar nas imagens para ampliar e permitir a leitura dos textos)

Do programa destacamos, às 16 horas, o III Painel - Arte, que tem como moderador o Tenente-Coronel Abílio Lousada

- "Guerra Colonial - a literatura e uma geração de escritores" pelo Cor. Matos Gomes

- " A singularidade das nossas literaturas de guerra: os figurantes ainda não disseram a última palavra - Um relance sobre a literatura da Guerra Colonial" pelo Dr. Beja Santos

- "Fazer a guerra é uma coisa; escrever sobre ela é outra coisa" pelo Cor. Paraquedista José Alberto de Moura Calheiros

A entrada é livre, mas os interessados em estar presentes devem contactar a Dra. Clara Dias Marques através do telefone 213 465 120.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8322: Agenda cultural (125): Odivelas, Biblioteca Municipal, 25 de Maio, 18h30: Apresentação do livro Amílcar Cabral (1924-1973): Vida e morte de um revolucionário africano, da autoria do guineense Julião Soares Sousa

Guiné 63/74 - P8322: Agenda cultural (125): Odivelas, Biblioteca Municipal, 25 de Maio, 18h30: Apresentação do livro Amílcar Cabral (1924-1973): Vida e morte de um revolucionário africano, da autoria do guineense Julião Soares Sousa



1. Mensagem do historiador e nosso amigo guineense, Julião Sousa:

Data: 23 de Maio de 2011 14:16
Assunto: Pedido de divulgação

Caro amigo.

Peço a divulgação do lançamento de meu livro intitulado: Amílcar Cabral (1924-1973): Vida e morte de um revolucionário africano.

Com os melhores cumprimentos.

Julião Soares Sousa



2. Comentário do editor:


Julião Soares Sousa foi o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra. Historiador e investigador guineense, especialista em História Política da Guiné e de Cabo Verde, Julião Soares Sousa defendeu,  em  11 de Janeiro de 2008, em provas públicas,  a sua tese de doutoramento, intitulada “Amílcar Cabral e a luta pela independência da Guiné e Cabo Verde 1924-1973”.

Desde 1999 que vinha a preparar o seu doutoramento, em História Contemporânea. A sua principal área de investigação é a construção do Estado nos PALOP. Porém, revela ainda particular interesse por outras áreas científicas afins, tais como: História de África, História e Cultura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, História da Expansão, Colonialismo e Anticolonialismo.

Natural de Bula, Guiné-Bissau, vive e, Portugal,  sendo colaborador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra.

Em 1991 concluiu a Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). Seis anos depois, em Janeiro de 1997, torna-se mestre em História Moderna, também pela FLUC.

Em 2003 lança a sua primeira obra, intitulada, “Os movimentos unitários anticolonialistas (1954-1960). O contributo de Amílcar Cabral”. Faz parte da revista Estudos do Século XX, do (CEIS20).

Publicou, ainda, “Amílcar Cabral: do envolvimento na luta antifascista à manifestação de tendência autonomista no Portugal do pós-Guerra (1945-1957)”. A publicação resultou de comunicações e discursos produzidos no II Simpósio Internacional Amílcar Cabral realizado na Cidade da Praia, Brasil, entre 9 e 12 de Setembro de 2004.

Também escreve poesia e está ligado à Casa da Guiné-Bissau em Coimbra. Foi, além disso, um dos oradores do Simpósio Internacional: Guiledje na rota da independência da Guiné-Bissau (Guiledje e Bissau, 1 a 7 de Março de 2008).

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Nota do editor:
 
Último poste da série > 21 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8307: Agenda Cultural (124): Na Kontra Ka Kontra, a blogonovela de 49 episódios, passada na Guiné, em Portugal, no Brasil, entre 1969 e 2010, agora publicada em livro, a apresentar em Monte Real (4 de Junho) e no Porto, Espaço Vivacidade (7 de Julho) (Fernando Gouveia / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P8321: (Ex)citações (139): Comentário ao Post 8318 - Notas de Leitura - Porque Perdemos a Guerra, de Manuel Pereira Crespo (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 24 de Maio de 2011:

Carlos,
Este comentário é capaz de ser grande para exigir duas remessas. Assim, se não te importas, envio-o para colocação no blogue.

Um grande abraço
JD

Mais uma vez, vem o Mário fazer a apresentação de um livro, desta feita "Porque Perdemos a Guerra", da autoria do Almirante Pereira Crespo. E como é costume, suscita comentários que, entre o espírito de contradição ou a colagem política, estão a criar-lhe uma confusa ideia de rejeição ou cansaço. Há alguns leitores que a advogam, mas não prescindem dessas leituras, quiçá, atrevo-me a referir, ainda colhem muita informação com as iniciativas do recensor.

Dos comentários em presença ressaltam três ideias principais: a de que não se extrai matéria condizente com o título; que o livro contém contradições, e não fomos derrotados na guerra colonial.

O Mário terá incidido a atenção, pelo menos por ora, nos tão proclamados ensejos do General Spínola para chegar a um acordo de paz na Guiné. Foi exaustiva a exploração dessa matéria aqui no blogue e, de um modo geral, chegou-se à conclusão de que a solução para a guerra seria política (mas sem a conclusão de que sem uma forte acção armada, não seria possível alcançar uma solução política vitoriosa).

Para dar aconchego ao título, o que implica um reconhecimento de derrota, o Autor também fez considerações pertinentes e, tratando-se de pessoa que desempenhou cargos de grande responsabilidade, fê-lo com a competência e dose de conhecimento privilegiado, que o projectaram ao respeito dos seus pares.

Assim, refere que nas três frentes de África, o inimigo evitava o contacto que o dizimasse, tendo em conta o baixo número e dispersão de guerrilheiros, e preferia acolher-se nos países vizinhos, de onde penetrava em territórios nacionais para acções de guerrilha, para onde regressava em seguida, dificultava a nossa acção de represália, e recomeçava a luta quando lhe fosse mais favorável. Os portugueses sempre ponderaram as circunstâncias, pois para o destruir, seria necessária a invasão dos países vizinhos. Acrescenta o Almirante:

"Se assim procedermos, a guerra subversiva que nos era movida poderia evoluir para uma guerra internacional de tipo convencional e, da circunstância, resultariam consequências militares e diplomáticas de quase impossível previsão.
Não tínhamos, portanto, solução militar para vencer a guerra.
O inimigo também não podia alcançar a vitória por meios militares, enquanto actuasse no âmbito da guerra subversiva"
.

E mais adiante:

"O inimigo também não podia vencer por meios diplomáticos".

E prossegue:

"...tínhamos que adoptar uma solução política, baseada na guerra de desgaste de longa duração, que levasse o inimigo, pela fadiga, pelas divisões internas e pela descrença na vitória, a afastar-se das potências que o apoiavam e a procurar, de novo, integrar-se nas estruturas portuguesas.
O nosso conceito estratégico pode assim definir-se:
a) Mostrar uma vontade firme de resistir e de vencer. O inimigo teria de acreditar que a luta em que estávamos empenhados era para nós vital e de que nunca desistiríamos por fadiga ou por traição;
b) Acelerar o desenvolvimento económico e social dos territórios ultramarinos, aumentando os portugueses de raça negra na administração dos negócios públicos. O inimigo teria de optar entre os sacrifícios de uma luta de guerrilha e a sua integração numa sociedade em pleno desenvolvimento, na qual poderia participar;
c) Receber, como irmãos e sem qualquer preconceito, aqueles que, tendo lutado contra nós, desistissem de tal luta"(Pg.53).

Noutro passo, o Autor refere em síntese citada por Eduardo F. Costa, se uma guerra, arrastando-se por largos anos, se transforma numa guerra de desgaste, só pode haver solução militar quando um dos adversários, "num dado momento e por qualquer razão, alcança a superioridade militar. Quando tal solução não se verifica, será derrotado aquele que primeiro desistir de lutar".

Ora, a superioridade militar não se reflecte pelo número de efectivos ou equipamentos, mas pelo uso que deles se possa fazer. Quanto ao conceito estratégico anunciado, parecia aplicar-se com perfeição no caso angolano (e talvez no moçambicano), mas não tinha comparação com o que se passava na Guiné, onde praticamente não havia assalariados. E sobre a "desistência" estamos conversados, apesar das grandes confusões que persistem na maioria dos porugueses. Quero ainda referir que não tive qualquer conhecimento de que as autoridades alguma vez tivessem adoptado o conceito estratégico do senhor Almirante.

Por agora, ficam os críticos mais esclarecidos sobre o livro e a capacidade do Autor.
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Notas de CV:

(*) Vd. ultimo poste de 23 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8312: Convívios (336): Encontro do pessoal da CCAÇ 2679 e Pel Caç Nat 65, dia 29 de Maio de 2011 no Fundão (José Manuel M. Dinis)

Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8269: (Ex)citações (138): Ainda o caso das fotografias das bajudas (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P8320: Convívios (343): Sobre o 12º Convívio da CCAÇ 3491, que aconteceu em 21 de Maio de 2011, em Lousada (Luís Dias)



1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos um resumido relato e 2 fotografias, da recente festa anual da sua Unidade.

12º CONVÍVIO DA CCAÇ3491AVELEDA – LOUSADAMAIO 2011
No passado dia 21 de Maio, reuniu-se em Convívio comemorativo do 37º Aniversário do regresso à Metrópole, a C.CAÇ. 3491 (Guiné 71-74), após 27 meses e meio de ter gasto muito suor, muitas lágrimas e de ter vertido algum sangue (felizmente não muito), a palmilhar os trilhos, matas, bolanhas e picadas, daquelas terras quentes da Guiné.
Como diziam os seus elementos: "VALOROSA companhia que tanto percorreste" e cujo lema foi: "É MUITO...!" e sempre foi levado a sério.
Foi tudo muito! Muita fome, muita sede, muito calor, muito trabalho, muito mosquito, muita mosquinha, muitas abelhas, muitos macacos, muita cobra, muita formiga, muito lacrau, muita operação, muita emboscada nocturna, muita noite perdida no mato, muita caminhada, muita escolta, muita segurança, muita chuva, muita seca, muita picagem e muito tempo de comissão!!!! (e vá lá, muita bajuda gira!).
O encontro teve lugar em Aveleda - Lousada e foi organizado pelo Ribeiro (o homem que nos dava cabo do cabelo, sem parcimónia).
Tudo correu a contento e a felicidade do reencontro entre camaradas é sempre um ponto alto. Muitos levam as suas famílias, onde já se incluem os netos.
Um dos novatos neste nosso convívio foi o Ex-1º Cabo Atirador Avelino (1º GC), que já não via os seus camaradas há também 37 anos (!!!). Para não estar sozinho trouxe com ele o filho e os dois irmãos (tudo gente boa de Matosinhos).
Queixou-se o organizador e com razão de que muitas cartas de camaradas foram devolvidas ou por endereços desactualizados ou por estarem incompletos.
Temos de procurar os faltosos, para que voltem a inscrever-se, com as direcções correctas (código postal certo, senão os CTT, devolvem).
Uma das pessoas que sentíamos mais a falta foi a do camarada Carlos Ferreira, cuja alcunha é bem a sua imagem: o "Nunca falha".
Caro camarada sabemos que estás doente e que essa doença foi impeditiva de estares entre nós. É nosso desejo que reajas rapidamente a essa "emboscada" traiçoeira que te surgiu e possas voltar a conviver connosco no próximo ano. Muita força Ferreira!
Foi com alegria que tivemos a companhia do nosso ex-2º Comandante, Moreira Campos (Coronel reformado), pessoa por quem, pessoalmente tinha e tenho muita estima e consideração o que, julgo, se estendia a todo o pessoal.
Também nos brindou com a sua presença o Ex-Alferes Mário Vasconcelos (responsável pelas transmissões do batalhão/CCS).
Recebemos também a visita do Magalhães Ribeiro, Ex-Fur. Milº Op.Esp, o "Pira de Mansoa", um dos co-editores do magnífico blogue da Tabanca Grande,o homem que desceu a última bandeira portuguesa na Guiné e que teve a amabilidade de se deslocar ao nosso Convívio, acompanhado da esposa, para nos dar um abraço de camaradagem.

Feitas as apresentações a companhia endereçou-lhe uma salva de palmas, em retribuição do seu gesto. Um bem hajas Magalhães e à tua esposa (a paciência que as nossas mulheres têm de ter para nos aturarem nestas andanças), por teres roubado um pouco de tempo ao teu repouso para te deslocares ao nosso Convívio. Já sabes estás sempre convidado. Estarás sempre em família.
Um dos momentos altos do Convívio foi a passagem de fotos dos nossos tempos da Guiné, numa das paredes do restaurante, onde verificámos que estamos, efectivamente, muito mais velhos (!!!). Também foram vistas fotos do Dulombi actual, que muito sensibilizaram os presentes.
A CCAÇ 3491, reforçada pelo então 2º Comandante do Batalhão.

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Guiné 63/74 - P8319: Monumento ao Aerograma num Jardim da cidade de Leiria (Manuel Joaquim)

1. Mensagem de Manuel Joaquim, ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67, com data de 23 de Maio de 2011:

Caros editores, queridos camaradas:
Em Leiria há um jardim onde está implantado um grupo escultórico chamado SPM, penso, tendo como referência básica o aerograma.
Sobre este assunto envio um texto que não sei se merecerá um Poste na nossa Tabanca Grande.
Percebo pouco destas coisas, nem sei se a imagem do aerograma vai legível. Se acharem que se "aproveita" algo...
Fica ao vosso critério.
Um abraço
Manuel Joaquim





Caros camarigos:
No âmbito da comemoração dos 50 anos do meu curso do Magistério Primário, fui presenteado pela Junta de Freguesia de Leiria com algumas lembranças sobre esta cidade. Entre elas dou com um “volante” em forma de aerograma. E muito surpreendido fiquei quando reparo no seu conteúdo que, nem de propósito, fala sobre a mulher e o seu papel no contexto da guerra colonial, assunto que tem ultimamente vindo à baila aqui no blogue. Publicita a existência de um conjunto escultórico no Jardim de Santo Agostinho, em Leiria, instalado «com o objectivo de homenagear o papel da mulher no contexto da guerra».

Não visitei o local mas brevemente lá irei. Deve ser caso único, uma homenagem escultórica baseada no “nosso” famoso aerograma: «O percurso sugerido pelo conjunto escultórico é finalizado por uma peça, também de aço inox que se constitui como um duplo do meio de comunicação tão recorrente neste contexto – o aerograma», diz o “volante”.

E diz mais o seguinte (um português um pouco confuso, no mínimo):

«Esse elemento metálico de grandes dimensões, constituiu durante os tempos de guerra, um dos elos primordiais de ligação entre o soldado, cujo o quotidiano acontecia em paragens distantes e as suas raízes, base de sustentação emocional que de longe lhe serviam de referencial e garante de coordenadas de vida. A peça, ... ..., materializa uma espécie de padrão dos inúmeros e diversos registos escritos que desempenharam o importante papel de garante da continuidade de uma existência comum, constituindo um veículo das notícias da terra, de cá e de lá, o “nós por cá tudo bem”.»

Segue o texto completo (espero que se consiga lê-lo):



Uff!!! Nem sei se percebi bem o que li. Sinto cá uma vontade de alterar (emendar) este texto! Detesto este linguajar a armar ao “intelectual”, isto tudo para vir dizer que o aerograma foi um excelente meio de ligação entre o soldado e o mundo distante da sua terra natal .

O aerograma foi para muitos um veículo fundamental de comunicação. Para mim, a maior parte das vezes, foi secundário. Usava-o mais quando, por preguiça, cansaço ou algum momento mais depressivo, me fugia a vontade de escrever. Assim, facilmente preenchia o espaço do “bate-estradas” e lá apaziguava a consciência que me acusava de mau comportamento por não corresponder ao desejo de quem esperava notícias minhas. Normalmente usava a clássica carta, com três a quatro fls. escritas.

Aqui vai o texto de um aerograma dirigido à minha esposa (então namorada). Lendo-o, hoje, até o acho interessante mas não eram estes 20 a 30 segundos de leitura que ela esperava. Compreende-se.

Bissorã, 12 jun 66
Por cá tudo bem. Gastando as horas vou pensando no dia em que te poderei abraçar, meu amor.
Que profundo será aquele “Livra!”
Que maravilhoso será o espatifar do pesadelo!
Vai-me acompanhando, sim? Vais, tenho a certeza. Assim será mais fácil, mais entusiasmante o estoiro deste invólucro que nos amarfanha!
Estou contigo. Hoje. Beijo-te.
Estarei contigo. Amanhã. Sempre. Ter-te-ei.
Galhardamente, seremos nós!
A tua entrega. Retribuo.
Sou teu.
Manel
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Nota de CV:

(*) Vd. último poste de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8305: Parabéns a você (262): José Manuel (...), ou Adilan, o meu menino da Guiné, fez 50 anos em Janeiro deste ano (Manuel Joaquim)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8318: Notas de leitura (241): Porque Perdemos a Guerra, de Manuel Pereira Crespo (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Maio de 2011:

Queridos amigos,
O depoimento do Almirante Pereira Crespo é de uma grande coerência e dignidade para um homem com a sua formação. Veio a talhe de foice respigar as suas considerações acerca das conversações Senghor e Spínola que, como todos sabemos, foi o rastilho para a criação da fábula federalista e um dos ingredientes para o spinolismo.

Um abraço do
Mário


O Almirante Pereira Crespo e a guerra da Guiné

Beja Santos

Ministro da Marinha entre 1968 e 1974, o Almirante Manuel Pereira Crespo foi considerado como uma das figuras mais distintas da Armada. A sua ligação à Guiné começou ainda nos anos 40 quando foi nomeado Chefe da Missão Geo-Hidrográfica, funções que exerceu durante 10 anos. Importa salientar que sob a sua direcção foram elaboradas a maior parte das cartas hidrográficas e tipográficas da Guiné portuguesa bem como a rede geodésica do território. Conheci directamente o impacto desse trabalho, em Mato de Cão lá estava e permanece a marca dessa missão Geo-Hidrográfica, destinada a medir a altura das marés; tal como o marco existente em Ponta Varela.

“Porque Perdemos a Guerra” (Edição Abril 1977) constitui o seu depoimento sobre as razões do envolvimento de Portugal e a sua explicação para a derrota. Começa por avançar com noções sobre a guerra e estratégia, explana sobre as políticas de coacção, as diferentes soluções da guerra, as várias estratégias e as possíveis soluções de compromisso. Após este preâmbulo, tece considerações sobre a conjuntura internacional e a natureza da guerra que enfrentamos, confronta as teses de Marcelo Caetano e vai sempre encontrando argumentação para as demonstrar como incontornáveis, na lógica da defesa da Pátria.

É exactamente quando aborda eventuais quadros de negociação com o inimigo que se irá referir às conversações que António de Spínola teve com Senghor, em 1972. Tem todo o cabimento, neste contexto de se registarem os depoimentos de todos os matizes quanto ao conflito, ouvir as suas considerações:

Na Guiné, em meados de 1972, surgiu, por intermédio do presidente Senghor, do Senegal, uma hipótese de negociações entre as nossas autoridades e Amílcar Cabral. Esta hipótese, na qual o general António de Spínola depositou grandes esperanças, merece uma referência especial, pelas nefastas consequências que provocou em alguns oficiais que prestavam serviço naquela província e que passaram a descrer da política ultramarina do Governo.

Tanto quanto me recordo, seria acordado um cessar-fogo, Amílcar Cabral regressaria à Guiné, colaborando no Governo e, em prazo a fixar, os guinéus seriam consultados sobre o seu destino, aceitando o Governo de Lisboa a independência, se o povo daquelas terras assim o desejasse.
 São evidentes os pontos fracos deste projecto.

Amílcar Cabral não regressaria à Guiné como vencido. Manteria intacta a estrutura militar do PAIGC e não se compreende muito bem como viriam a funcionar as relações entre os guerrilheiros e as nossas tropas.
Também não desistiria de amarrar ao destino da Guiné o arquipélago de Cabo Verde. E, de acordo com a ética dos chefes políticos e militares da época, seria indigno negociar o futuro daquelas ilhas, nas costas dos seus habitantes, profundamente marcados pela cultura lusíada.
No que se refere a Angola e Moçambique, o facto de aceitarmos negociar com o inimigo, antes de se considerar vencido, iria moralizar grandemente os grupos armados.

Quando o assunto foi analisado em Lisboa, alguns foram de opinião de que as negociações propostas escondiam uma armadilha de Amílcar Cabral. Depois de instalado na Guiné, promoveria infiltrações nas tropas negras que nos eram fiéis e, na ocasião mais oportuna, procuraria a vitória por um golpe surpresa.
Eu admitia que tal armadilha não existisse nas intenções de Amílcar Cabral e acreditava no seu desejo de negociar com os portugueses nas condições atrás referidas, que, embora vagas, eram-lhe muito favoráveis. Conhecera-o na Guiné. Era um homem de muito valor, sem preconceitos raciais e muito chegado aos portugueses, entre os quais tinha bons amigos. Sempre pensei que lhe seria muito desagradável a convivência com Sékou Touré. De resto, é possível que, já nessa altura, receasse ser assassinado.

O que não acreditava é que a URSS, só pelo facto de Amílcar Cabral se querer entender com os portugueses desistisse das suas pretensões sobre a Guiné portuguesa, óptima posição estratégica para a expansão russa no Senegal e região onde se situa o melhor porto natural de África ocidental.
Admitia, por isso, que, depois de Amílcar Cabral se unir aos portugueses e abandonar os russos estes, com auxílio de Sékou Touré, o denunciariam como traidor e prosseguiriam a luta com um novo chefe.

As condições geográficas da província, extraordinariamente favoráveis ao desenvolvimento de uma guerra subversiva, não exigiriam muita gente. Algumas centenas de homens seriam suficientes (…) Processar-se-ia, assim, na Guiné, um grave desaire, que, além do mais, teria reflexos imprevisíveis na defesa de Angola e Moçambique.
De qualquer forma, o projecto de negociações, antes de ser abandonado, foi cuidadosamente estudado por chefes políticos e militares, tendo havido, para apreciar a matéria, uma reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional, a que estive presente, presidida pelo Almirante Américo Tomás e a que assistiu o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas”.

As observações de Pereira Crespo, como hoje é sabido, enfermam de vários enviesamentos. Primeiro, Cabral nunca foi ouvido sobre as conversações Senghor-Spínola. Segundo, é necessário fazer política numa atmosfera de irrealismo para se visionar Cabral como encarregado de Governo e as tropas do PAIGC a provocar golpes de Estado entre Fulas e Mandingas. Terceiro, a URSS, como se comprovou depois de 1970, em que passou a ter um maior acesso ao porto de Conacri, nunca utilizou o porto de Bissau depois da independência, o espantalho soviético foi mesmo buscado à força. E, goste-se ou não, há que reconhecer que a negativa de Caetano para a continuação de conversações com Senghor fomentaram um descontentamento em Spínola e nos seus colaboradores próximos. Inequivocamente, este o acontecimento que marcou a separação entre Caetano e Spínola.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8304: Notas de leitura (240): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8317: Tabanca Grande (287): Carlos Alberto Duarte Prata, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT das CCAÇ 4544/73 (Cafal Balanta) e CCAÇ 13 (Bissorã), 1973/74

1. Mensagem de Carlos Alberto Duarte Prata, ex-Capitão CMDT das CCAÇ 4544/73 (Cafal Balanta) e CCAÇ 13 (Bissorã), 1973/74, actualmente Coronel na situação de Reforma, com data de 20 de Maio de 2011:

A convite do amigo Manuel Reis, sabedor que eu fora combatente na Guiné, acompanhei-o já a 2 almoços de confraternização na Tabanca do Centro, onde me foi dado o privilégio de, além de contactar com antigos combatentes naquela antiga província e recordar locais e acontecimentos aí decorridos, ficar com uma pequena ideia desta louvável agremiação (chamemos-lhe assim) dos antigos combatentes na Guiné.

O objectivo deste mail é apresentar-me e solicitar os vossos ofícios para que me seja dada a honra de também fazer parte da família da Tabanca Grande, o que, antecipadamente, agradeço!

Chamo-me Carlos Alberto Duarte Prata, natural do Porto, casado, com dois filhos já homens, e sou Coronel de Infantaria, na situação de Reforma.

Frequentei a Academia Militar, curso de 1961/65.

Promovido a Capitão fui mobilizado para Angola onde cumpri uma comissão de serviço entre Maio de 1969 a Julho de 1971.

Em Maio de 1973 fui mobilizado pelo RI15 (Tomar) onde formei a CCaç 4544 que seguiu para a Guiné em Setembro de 1973, tendo como destino Cafal Balanta, na região do Cantanhês.
Por determinação do General Comandante do CTIG, em Março de 1974 fui comandar a CCaç 13, em Bissorã, onde me encontrava em 25 de Abril de 1974.

Regressei a Portugal em 30 de Setembro de 1974, após a entrega da Guiné às tropas do PAIGC.

Apenas para informação devo acrescentar que em 1995 regressei à Guiné, durante 6 meses, em missão de Cooperação Militar.

Aqui está pois o motivo da minha ligação aquela antiga província, as saudades dos bons e menos bons momentos lá vividos e a vontade firme de conviver com quem viveu experiências análogas.


Nasci em 03/10/42 e junto envio duas fotos, uma de 1973 e outra actual, penso que não será difícil destrinçá-las...

Um abraço de muita estima e fico a aguardar notícias.
Carlos Alberto Duarte Prata
cadprata@gmail.com


2. Comentário de CV:

Caro Coronel Carlos Prata, bem-vindo à Tabanca Grande, caserna virtual que acolhe todos aqueles que de algum modo se sentem ligados à Guiné dos nossos tempos, Guiné-Bissau actual, mas principalmente aqueles que pisaram aquele chão, deixando muito suor e, infelizmente, sangue. As lágrimas, algumas ou muitas dependendo de cada um e de cada situação, faziam também parte do dia-a-dia daqueles terríveis anos de guerra.

É preciso que se diga que, cada militar do quadro que se apresenta na Tabanca, é para nós um sinal de que o nosso blogue e o nosso trabalho são considerados sérios, onde os tertulianos não debitam anormalidades e fanfarronices para impressionar os leitores.
Tentamos de algum modo deixar para memória futura as nossas histórias, contadas sempre na primeira pessoa, com as imprecisões próprias do tempo já passado, mas quantas vezes acompanhadas de fotos exclusivas, que cada um guardou religiosamente. Para o efeito vamos buscá-las ao álbum há muito fechado, como as recordações, boas e más, escondidas no mais fundo do subconsciente. Recordar é viver, mas será também sofrer.

Como saberá, a apresentação neste blogue acarreta a "obrigação" de contribuir para este espólio já importante no que concerne à guerra na Guiné.
Os seus tempos de fim de guerra terão particularidades próprias de uma transição de poder apressada, desordenada e sem apoio por parte da governação de Lisboa. É pelo menos esta a ideia que temos, nós os ex-combatentes já como espectadores, conhecedores da realidade de antes da revolução do 25 de Abril. Poderá dar-nos a sua visão pessoal ou pelo menos contar-nos as peripécias que viu e viveu.

Para terminar a sua apresentação, deixo-lhe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores, e os desejos de que se sinta bem entre nós e entre os seus camaradas do QP que compõem a nossa tertúlia.

Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8314: Tabanca Grande (286): Maria Arminda Lopes Pereira dos Santos, ex-Ten Grad Enf.ª Pára-quedista, 1961-1970

Guiné 63/74 - P8316: Contraponto (Alberto Branquinho) (34): Teatro do Regresso - 9.º Acto - Filho da ausência

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 22 de Maio de 2011:

Caro Carlos
Este 9º. Acto - Contraponto (34) - aborda um outro aspecto da realidade verificada em alguns dos regressos, consequência da ausência e da carência por ela provocada... (paciência!...).

Um abraço
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (34)

TEATRO DO REGRESSO
(Peça em vários actos)

9º. Acto – Filho da ausência

Cenário

Refeitório dos soldados.
O Elias, analfabeto, observa as frases escritas na carta que acabou de abrir, vira e revira a folha, com ternura nas pontas dos dedos. Entretanto, olha em volta. Regressa à contemplação da carta. Espera o Cabo Costa, que faz de seu “secretário” na leitura e resposta ao correio que recebe. Esta carta chegara há pouco no Dornier.


Acção

Entra o Cabo Costa e senta-se em frente do Elias.

- Atão, bê lá o que é que a minha mulher diz.

O Costa pega na folha e lê:

- “Meu querido homem…”

Pára e olha o Elias, que já saboreia as palavras, com a cabeça apoiada entre as mãos.
Continua:

- “Espero que esta te bá encontrar de boa saúde que nós por cá todos bem graças a Deus. Olha, agora já te posso dar a nuticia porque já tenho a certeza. No hospital já confirmaram que eu estou grábida. Como bês deixas-te-me uma prenda antes de abalares prá Guiné. Dizem que o menino porque eu acho que é menino debe nascer lá pró Natal. Bai ser o nosso Menino Jesus…”

O Costa pára a leitura e fica a olhar o Elias, com ar interrogativo. Este, com ar embevecido, olha o papel da carta, como se, através dela, visse a mulher, a aldeia, o futuro filho…
Aí o Costa poisa a carta em cima da mesa e começa a contar pelos dedos. E repetia, repetia a contagem. Foi interrompido pelo Elias:

- Atão? Acabou?

- Não, pá. Não pode ser… O filho não é teu.

- O quê??!!

- Pois. Olha lá: a gente embarcou no princípio de Janeiro, estamos no fim de Março e se vai nascer em Dezembro, passam quase onze meses depois de embarcarmos… de tu embarcares.

- Não estou a entender.

- Ó Elias, o filho… não é teu filho.

- Hã??

Ficam os dois a olhar-se e, num repente, o Elias arranca a carta de cima da mesa e sai.
O Costa, aparvalhado, fica a vê-lo afastar-se. O Elias nunca mais lhe falou. Soube que pedira ao alferes para desempenhar as funções de “secretário”.

………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

Cerca de vinte meses depois, regressam da Guiné.
Quando desembarcam do comboio que os transportara de Lisboa para o Porto, o Costa pára para observar o “pai” Elias com o bebé, de quase um ano, ao colo, rodeado da mulher e mais familiares.
Retoma a marcha e, levantando os ombros, diz baixinho:

- Ora… que se lixe… Já estamos em casa.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8288: Contraponto (Alberto Branquinho) (33): Teatro do Regresso - 8.º Acto - Foi outra guerra qualquer

Guiné 63/74 - P8315: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (9): Maria Arminda Santos, a decana das enfermeiras pára-quedistas, participante do filme Quem Vai à Guerra (a estrear no cinema comercial, a 16 de Junho, em Lisboa, Porto e Aveiro)


Fotograma do filme Quem Vai à Guerra, de Marta Pessoa (Portugal, Real Ficção, 2011)> Quatro enfermeiras pára-quedistas, da esquerda para a direita, a Cristina Silva e a Rosa Serra (1º plano); a Natércia Neves e a Maria Arminda Santos (em 2º plano) (*).. 


Segundo a apresentação feita pelo nosso camarada Miguel Pessoa, "a Maria Arminda é a decana das enfermeiras pára-quedistas, tendo sido a n.º 1 do 1º curso. Tem uma óptima memória que lhe permite relembrar muitas das experiências que viveu na Força Aérea e, das conversas que temos tido, auguro que poderão vir aí muitas histórias interessantes. Por isso, aqui vai a sua ficha de inscrição, de que consta o seu currículo, uma foto da época (tipo passe), uma foto recente e algumas fotos de época que podem ser espalhadas pelo Poste de apresentação… Finalmente, o necessário texto, um dos requisitos para a inscrição" (...)

Em 21 participantes do filme Quem Vai à Guerra, todas mulheres, oito são ex-enfermeiras pára-quedistas, se bem as contei: além das já citadas, temos ainda a Giselda Pessoa, a Ercília Pedro, a Aura Teles e a Júlia Lemos...

O filme vai ter estreia comercial, em Lisboa, Porto e Aveiro, no dia 16 de Junho (**). Dois trailers do filme podem aqui ser vistos:


http://www.youtube.com/watch?v=a_mdRc4owwM&feature=related  (depoimento de enfermeiras pára-quedistas)


Acima: Foto da rodagem do filme Quem Vai à Guerra, disponível  no mural da respectiva página no Facebook (Aqui reproduzidas com a devida vénia...)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8289: As mulheres que, afinal, foram à guerra (6): Mais fotos da rodagem do filme "Quem vai à guerra"...

(**) Último poste da série > 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8295: As mulheres que, afinal, foram à guerra (8): As nossas correspondentes e o nosso volume de correio semanal... (Luís Graça)