segunda-feira, 20 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8450: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (15): 16 de Dezembro de 2009, o Gabu, onde se fala mais francês do que português... (Parte II)











  
Guiné-Bissau > Região do Gabu > Gabu > 16 de Dezembro de 2009 > A nova capital do leste, a Nova Gabu [, outrora Nova Lamego], que veio destronar a decadente mas ainda encantadora Bafatá, colonial, banhada pelo Rio Geba (Estreito)...

"Cidade comercial", diz o João... Onde se fala mais francês do que português, e onde correm muitos CFA... Como em qualquer parte do mundo, três instituições poderosas, aqui fotografadas: a sanitária, a económico-financeira, a judicial... Três poderosas instituições que modelam (e podem decidir) a vida e a morte dos povos... A ordem (dos factores) é arbitrária...

Nas três ou quatro primeiras fotos a contar de cima , aparecem dois edifícios, de traça colonial, imponentes, os mais imponentes da cidade, que parecem ter sido reconstruídos. Num deles está instalada a agência local do Banco da África Ocidental (BAO), dispondo de uma caixa automática Multibanco (MB) que, como se sabe, é uma marca registada portuguesa...

Trata-se de um banco guineense, com 100% de trabalhadores guineenses, fundado em 1997, com o o objectivo de contribuir para a modernização da economia guineense: em 2010, apenas 2% dos 1,3 milhões de guineenses utilizam serviços bancários... O Banco tem participação de capitais portugueses. Tem (ou tinha no início de 2010) cinco agências no país (duas em Bissau, e as restantes em Gabu, Bafatá e Canchungo), pretendendo abrir outras duas, em S. Domingos e em Buba.

Segundo notícia da Agência Lusa, publicada no Público em 17/12/2007, "o Banco da África Ocidental (BAO) na Guiné-Bissau iniciou sexta-feira o funcionamento de duas caixas de Multibanco em Bissau e uma em Gabu, as primeiras do país"... "É a primeira vez que a Guiné-Bissau tem caixas de Multibanco, permitindo aos clientes do bancos, estrangeiros a habitar na Guiné-Bissau e turistas o levantamento de dinheiro, nomeadamente através de cartões Visa, Visa Electron e Master Card. Até aqui os residentes em Bissau sem conta no BAO eram obrigados a fazer transferências para a Western Union (agência de transferência de dinheiro) ou para contas bancárias de empresários a trabalhar na Guiné-Bissau. Para ter acesso ao dinheiro, as pessoas eram também obrigadas a levantar cheques directamente aos balcões do BAO, enfrentando longas filas de espera" (...).


Espero que o sistema continue a funcionar, e que seja fiável, para bem dos guineenses, e dos estrangeiros que visitam o país ou que nele vivem e trabalham ... (LG).

Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservado.



1. Continuação da publicação das notas do diário de viagem à Guiné, do João Graça, acompanhadas de um selecção de algumas das centenas fotos que ele fez, nas duas semanas que lá passou (*)...


16/12/2009, 3ª feira, 12º dia, visita a Gabu [, antiga Nova Lamego]

12.14. Tribunal. Das cenas mais marcantes: 3 juízes/vara, de preto. Um dactilógrafo superlento. Bancos de madeira. Terra batida, paredes sujas. Não me deixaram tirar fotos.



12.15. Voltei a tempo de festival [de música] em Bissau. Vi os Super Camarimba [, da tabanca de Tabatô,] a tocarem.


(Continua)






Reprodução de duas páginas do Diário de viagem, do João Graça



[ Revisão / fixação de texto / título / selecção, edição e legendagem de fotos: L.G ]
 


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Nota do editor:


(*) Último poste da série > 19 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8449: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (14): 16 de Dezembro de 2009, o Gabu, onde se fala mais francês do que português... (Parte I)

domingo, 19 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8449: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (14): 16 de Dezembro de 2009, o Gabu, onde se fala mais francês do que português... (Parte I)




















Guiné-Bissau > Região do Gabu > Gabu > 16 de Dezembro de 2009 > A nova capital do leste, que veio destronar a decadente mas encantadora Bafatá, colonial... "Cidade comercial", diz o João... Onde se fala mais francês do que português, e correm muitos CFA... Das fotos, ressalta a ideia de dinamismo económico, de consumo, de vida, de direito à "felicidade", enfim, a ideia de uma nova África com futuro, que parace contrastar com quase todo o interior da Guiné... Pura ilusão ? O João foi, mais uma vez, "superlacónico" no seu diário, deixando a sua Nikon falar... (LG).


Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservado.


1. Continuação da publicação das notas do diário de viagem à Guiné, do João Graça, acompanhadas de um selecção de algumas das centenas fotos que ele fez, nas duas semanas que lá passou (*)...


16/12/2009, 3ª feira, 12º dia, visita a Gabu [, antiga Nova Lamego]

12.13. Gabu. Dei um passeio com Ali. Cidade Comercial.

(Continua)


[ Revisão / fixação de texto / título / selecção, edição e legendagem de fotos: L.G ]

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Guiné 63/74 - P8448: Blogoterapia (182): A primeira vez! - Em Monte Real (Carlos Pinheiro)


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 17 de Junho de 2011, estreante nos Encontros da Tabanca Grande:

Caro Carlos Vinhal
Anexo um pequeno artigo sobre o nosso Encontro de Monte Real.

Um abraço
Carlos Pinheiro





Carlos Pinheiro, à direita da foto, durante o VI Encontro da Tabanca, no dia 4 de Junho de 2011, no Palace Hotel de Monte Real, acompanhado por José Martins, ao centro, e Sucena Rodrigues à esquerda.


A primeira vez!

Há sempre uma primeira vez em tudo na vida.
E a primeira vez que tive a honra, o prazer e o privilégio de participar num Encontro da Tabanca Grande foi no passado dia 4 de Junho em Monte Real. Foi de facto um dia grande na Tabanca Grande.

Se os baptismos fizessem parte do cerimonial, teria que passar a chamar padrinho, na melhor acepção da palavra, ao meu grande amigo António Sampaio. Foi ele o grande “responsável” por eu ter conseguido quebrar os receios, os medos, de um encontro onde não conhecia a maior parte dos camaradas de armas. Mas o António Duarte também foi um dos “culpados”.
Por isso um agradecimento muito especial a estes dois amigos de longa data e que um dia reconhecemos que afinal de contas todos tínhamos bebido “manga” de água da “bolanha”, naquelas terras quentes e húmidas da Guiné.


Mas o Carlos Vinhal e o Luís Graça, com quem eu já me tinha correspondido através do blogue, também merecem uma palavra de agradecimento por tudo o que têm feito pelo pessoal ao longo de muitos anos, mantendo-se assim vivo o espírito de camaradagem que, apesar dos anos passados, se mantém inalterado.

Para o Mexia Alves, Grão-mestre da arte de bem receber, uma palavra de agradecimento e outra de estimulo pelo muito que tem feito e pelo muito mais que ainda continuará a fazer, especialmente em tudo o que diga respeito a logística, abastecimentos e ainda na vertente sociocultural que também é importante nestes convívios recordatórios e de que ele também é um extraordinário executante do fado, canção nacional, quando as guitarras começam a trinar.
De facto, o dia 4 de Junho foi um dia diferente, um dia bem passado entre pessoas que tinham e têm algo em comum, pelo facto de todos terem estado envolvidos directamente na Guerra Colonial ou do Ultramar, como lhe queiram chamar.

Viva o Encontro de 2011.
Que venha o Encontro de 2012.

Carlos Pinheiro
17.06.11
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Notas de CV:

Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8360: Blogoterapia (181): Apesar da idade, continuamos a realizar os nossos Encontros e ainda nos comovemos (Ernesto Duarte)

Guiné 63/74 - P8447: Agenda Cultural (137): A propósito do lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, no dia 15 de Junho de 2011 no Auditório CIUL, Lisboa (José Brás)



1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 16 de Junho de 2011:
(continuação)

Lateralmente, devo dizer que não assisti à sessão de apresentação da Antologia, numa postura pessoal talvez exagerada mas fincada nesse dito popular "quem não se sente, não é filho de boa gente", sendo certo que já não tenho idade para engolir sapos destes.

Eu explico.

Em tempo apropriado foi-me solicitada autorização para inclusão na Antologia**, de um texto meu identificado então. Respondi que sim mas que o texto estava incompleto e seccionado, sugerindo que tal autorização estava garantida para o texto completo que sabia que a Dr.ª Margarida tinha com ela mas que juntei na altura.
Mais tarde responderam-me que si, que fazia sentido inteiro e que a sugestão havia sido acolhida.

Ontem, adquirido um exemplar, depois de me sentar para participar na sessão, constatei que, afinal, o que ali estava era a primeira opção e não o que havia sido acordado. Senti com se numa guerra qualquer me tivessem seccionado abaixo do pescoço e acima da anca e me deixasse a caminhar assim com o vazio do meio.

Naturalmente que entendo que para além da formação científica e da habilidade para construir uma Antologia como esta, é necessário também uma outra que diz respeito à construção literária e, mesmo ao gosto de cada um. Mas creio igualmente que também faz falta outra coisa que é o respeito pela propriedade que cada autor mantém sobre o que pinta, o que escreve, o que diz, no fundo, pelas várias vias da comunicação e da arte.

Admito mesmo que poderá ter ocorrido um erro qualquer que terá levado ao resultado que me desgosta. Contudo, na posse do organizador da Antologia estava o texto integral e um razoável número de outros textos sobre a mesma matéria e de minha autoria.

Como dizia o cónego, "não habia nexexidade", saí antes que começasse a sessão.

E para que o blogue avalie se exagerei ou não, segue-se o texto completo e o outro que foi publicado.

tinhas no olhar
sinais seguros de esperança
quando
numa quente segunda-feira
de verão
em 64
eles vieram à vila
tomar-te o peso
o pulso
a medida do peito
o sonho
o sonho não
à tarde
quando partiram
a tua ficha dizia apenas
João
20 anos
apto para todo o serviço


tinhas na boca
uma leve aragem de troça
e nos olhos
sinais seguros de esperança
quando
numa suave manhã
de maio
em 65
passada a porta d’armas
os muros do regimento
pretenderam
separar-te
do aroma dos pinhais

e o aroma dos pinhais
ardia em ti
nas noites
de Maio de Junho e de Julho
quando
após o “cross”
a ordem unida
a instrução da “mauser”
e da “guerra subversiva”
o sonho retomava o seu lugar
subvertendo o cansaço
a raiva
e a ordem das coisas

nas Caldas da Rainha
os pinhais
tinham o mesmo aroma
dos pinhais da tua terra
e o cansaço
a esperança
e a raiva
subiriam contigo ao “Niassa”
numa gelada manhã
de Novembro
em 66
no Cais da Rocha

os compêndios
de instrução militar
diziam
que na Guiné
não havia pinhais
queriam convencer-te
que na Guiné
o sonho morrera
e tu sabias da gente
sonhando a liberdade
de armas na mão
na escola da guerrilha
nas clareiras abertas
“p’lo napalm”

a mata da Guiné
seria o caminho
da tua liberdade
ouviras dizer
que nenhum homem
é livre
enquanto oprime outro homem
e concluíras
que
na mata da Guiné
como nos pinhais da tua terra
o sonho e a luta
libertavam
o homem

tinhas
nos olhos
sinais seguros
de esperança
e o sonho
retomava o seu lugar
subvertendo o cansaço
a raiva
e a frieza da “G3”
quando
deixaste o quartel
na direcção de Guileje
a caminho do “corredor”
onde a liberdade se ganhava
e se perdia
em cada passo em frente
em cada morte

tinhas no olhar
sinais seguros
de esperança
e na tua frente
a mata
densa
da Guiné
confundia-se
com os pinhais da tua terra
quando
a mina
te rasgou o peito
no corredor
perto do destacamento
da Xamarra

************

tinhas no olhar
sinais seguros de esperança
quando
numa quente segunda-feira
de verão
em 64
eles vieram à vila
tomar-te o peso
o pulso
a medida do peito
o sonho
o sonho não
à tarde
quando partiram
a tua ficha dizia apenas
João
20 anos
apto para todo o serviço

tinhas no olhar
sinais seguros
de esperança
e na tua frente
a mata
densa
da Guiné
confundia-se
com os pinhais da tua terra
quando
a mina
te rasgou o peito
no corredor
perto do destacamento
da Cambajate


Nota:
Quero dizer-te ainda que o que digo sobre o Colóquio, e sobretudo sobre a minha reacção ao "erro" no texto que havia acordado, não coloca em causa a minha apreciação pessoal sobre a importância do Colóquio, da organização e edição da Antologia e do valioso trabalho da Dr.ª Margarida Calafate sobre a temática das memórias da Guerra Colonial.

Penso mesmo que lhe devemos todos um voto de agradecimento pela sua contribuição para que sejam preservados relatos, estudos e investigações, colecção de testemunhos e análises deste caldo que nos envolve a todos, ex-combatentes pela via da emoção desatada na memórias dessa parte das nossas vidas, filhos e famílias de ex-combatentes que sofreram de modo diverso o nosso envolvimento, artistas que em algum tempo elegeram o tema como justificação dos seus trabalhos, investigadores armados de método ou simples observadores da guerra e das suas consequências então e hoje.

Grande abraço
José Brás
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8443: Agenda cultural (136): Colóquio/Debate OS FILHOS DA GUERRA COLONIAL - Pós-memória e Representações, ocorrido nos dias 14 e 15 de Junho de 2011 no Auditório do CIUL; CES - Lisboa (José Brás)

(**) Vd. poste de Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)

Guiné 63/74 - P8446: Convívios (355): 12º Encontro da Tabanca do Centro, 29 de Junho (Joaquim Mexia Alves)


1. O nosso camarada Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, solicitou-nos a divulgação do próximo encontro da Tabanca do Centro:

12º Encontro da Tabanca do Centro

Postal da autoria do Miguel Pessoa feito já há uns tempos atrás

O 12º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO, terá lugar no dia 29 de Junho, pelas 13.30 horas, na Pensão Montanha, em Monte Real, como sempre.


Escolhemos para este dia, uma ementa diferente, e portanto iremos comer um belíssimo Cozido à Portuguesa!O local de reunião, será no Café Central de Monte Real, pelas 13 horas.



As inscrições devem ser feitas até às 12 horas e 30 minutos do dia 27 de Junho aqui na caixa de comentários, ou por tabanca.centro@gmail.com, impreterivelmente.
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Nota de M.R.:


Guiné 63/74 - P8445: Parabéns a você (274): Tertuliano e amigo Leopoldo Amado, Historiador natural da Guiné-Bissau (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 19 DE JUNHO DE 2011

LEOPOLDO AMADO

NESTE DIA DE FESTA, 

A TERTÚLIA E OS EDITORES DO BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ, 

VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR 

AO NOSSO AMIGO LEOPOLDO AMADO, HISTORIADOR GUINEENSE, 

AS MAIORES FELICIDADES 

E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE E MUITOS ÊXITOS, 

JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:

Leopoldo Amado é Doutorado em História Contemporânea pela Universidade Clássica de Lisboa (Faculdade Letras de Lisboa), sob a temática “Guerra Colonial da Guiné versus Luta de libertação Nacional (1961 – 1974)".

Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8431: Parabéns a você (273): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872 (Tertúlia / Editores)

sábado, 18 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8444: In Memoriam (83): CART 6250/72 - Unidos de Mampatá - Unidos pela vida e pela morte (José Teixeira / José Manuel Lopes)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 17 de Junho de 2011:

Caros editores.
Recebi do Zé Manel Lopes o texto que se segue para colocar no blogue da Tabanca de Matosinhos.
Pelo valor afectivo e de camaradagem que encerra, creio que deve ser dado a conhecer ao maior número de antigos combatentes que for possível.
Pedi autorização ao Zé para o colocar no blogue da Tabanca Grande, onde todos cabemos, mesmo os que já partiram.
Abraço fraterno
Zé Teixeira


CART 6250/72 "OS UNIDOS DE MAMPATÁ" UNIDOS PELA VIDA E PELA MORTE

O Napoleão, foi um soldado da nossa Companhia "Os Unidos", pessoa afável, sempre com um sorriso, duma simpatia contagiante e duma simplicidade, que só os grandes homens têm. Apesar de no mundo de hoje isso passar quase despercebido à maioria.

Em 2009, o XXXV Encontro, foi em casa do Carvalho, o nosso furriel "Dotô", e foi o último encontro com o nosso camarada Napoleão.
Apesar de já estar gravemente doente. Mas pela sua maneira de ser não o deixou transparecer, o seu sorriso não foi apagado pelo mal que o consumia.

No ano seguinte, fomos até Paços de Ferreira e aí, pela primeira vez, o nosso Napoleão faltou…
Em seu lugar vieram a Filha e Esposa, mas traziam uma mensagem, de coragem e solidariedade. Mesmo de amor. Um postal com a foto do Napoleão com esta frase:



A verdadeira coragem,
Está na nobreza dos gestos e pensamentos.
A tua mensagem num momento tão difícil,
Foi um hino à amizade,
E caiu bem fundo dentro de nós.
Naquelas picadas nunca caminhávamos sós,
O nosso olhar guardava aquele que nos precedia,
E as nossas costas protegidas,
Pelo camarada que ia mais atrás.
Assim…
Nasceram amizades que não têm fim.
Todos nós da Companhia dos UNIDOS,
Estamos orgulhosos por te termos tido,
como camarada e amigo.
Obrigado Napoleão.

Zé Manel

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A nossa Companhia vai este ano realizar o seu 37º. encontro em Santo Tirso, como sempre num local escolhido pelos organizadores, que tanto pode ser a sua casa se para isso houver condições, ou num Parque, Junta de Freguesia ou Associação. E onde cada família leva o seu almoço ou petisco e onde todos podem picar. Quem aparecer sem ementa não fica em jejum podem ter a certeza.

Este ano os camaradas Manuel Campos 937 435 845 e Joaquim Rodrigues 962 312 755 escolheram a Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova para o efeito, no dia 9 de Julho de 2011

Este ano é tempo de sermos nós a homenagear o nosso amigo Napoleão.

ATÉ SEMPRE NAPOLEÃO.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8371: In Memoriam (82): Fotos de Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, antiga Presidente do Movimento Nacional Feminino (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P8443: Agenda cultural (136): Colóquio/Debate OS FILHOS DA GUERRA COLONIAL - Pós-memória e Representações, ocorrido nos dias 14 e 15 de Junho de 2011 no Auditório do CIUL; CES - Lisboa (José Brás)



1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 16 de Junho de 2011:

Caríssimo Luís
Aqui estou, dando cumprimento à tua solicitação para que escrevesse alguma coisa sobre o Colóquio/Debate OS FILHOS DA GUERRA COLONIAL - Pós-memória e Representações**, organizado pelo CES -Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, sob a direcção da investigadora Dr.ª Margarida Calafate Ribeiro e que decorreu a 14 e 15 deste mês em instalações no Fórum Picoas-Plaza, e encerrou com a apresentação de uma Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial -Afrontamento.

Esclareço, entretanto, que apenas poderei falar sobre o decurso do programa nas duas tardes, em virtude de impossibilidades pessoais na participação nas manhãs desses dois dias, e, ainda assim, muito genericamente porque, não tendo sido a Tabanca Grande vista nem achada na previsão e nos convites para a participação, não me ficaria muito bem, acho, alongar-me em considerações sobre as intervenções que aconteceram nas várias "mesas" em que se dividiu o debate, correndo sempre o risco de alguma parcialidade naquilo que direi, como participante, individualmente e em última análise convidado.

Assim, no início da tarde de 14, decorreu na sessão 2, um debate sob o título Pós-memória da Guerra Colonial, tendo como moderador António Sousa Ribeiro (CES), Paula Ribeiro Lobo (Universidade Nova de Lisboa), Hélia Santos (CES) e Margarida Calafate Ribeiro (CES).

Desta parte destaco a intervenção de Hélia Santos que sintetizou a abordagem ao tema pela tentativa de uma dupla visão, por um lado a dos filhos dos que fizeram a guerra, e por outro lado, a dos filhos dos que a recusaram.

Evidentemente, tal tema seria só por si o carro mestre de um comboio de ideias, de emoções e de palavras, tal é a fractura que para o bem e para o mal, está ainda presente em quem aceitou o embarque e quem, por acaso ou por fuga, faltou no Cais da Rocha.

E foi isso mesmo que, na hora de passar a palavra à assistência, eu próprio tentei dizer, tendo como quase certo que, se da parte dos que recusaram a guerra poderemos encontrar muitos e variados motivos, desde a sua recusa, pura e simples, por imperativo de consciência moral e recusa de qualquer tipo de violência, ou por discordância completa com o regime que tinha aceitado a guerra, até ao oportunismo puro dos que apenas temiam pela sua vida, concordando ou não e apoiando ou não o regime, também da parte dos que a fizeram, a aceitaram por motivos igualmente numerosos, muito diferenciados e até opostos.

Na verdade, a grande maioria dos militares de baixa patente que embarcaram, o fez numa situação psicológica e moral muito esbatida na ideia de Pátria trazida da escola primária e da catequese, do trabalho duro e cedo na idade, de uma vida difícil e sem esperanças, de uma postura social velha de séculos de aquiescência humilde ao poder. Outros houve que embarcaram com uma consciência construída na ideia de Pátria, de história, de dever social contra agressões tidas do exterior. Muitos embarcaram e aceitaram correr um risco duplo que era o de ser contrários à guerra e de entenderem a luta dos movimentos independentistas, mas dispararem balas iguais, contra um inimigo, afinal, igualmente assumido, e perderem a vida ou matarem do mesmo modo.

E se o que se queria era distinguir entre a abordagem dos filhos dos que "emigraram" e dos que embarcaram, seria necessário ter tudo isto em conta, mesmo não entrando com a diferença de olhares individuais de tais filhos, uns que aceitam e se revêem e outros que repudiam os pais e a sociedade que viveu aquela realidade, quer num caso, quer no outro.

Claro que não poderá caber num debate como este, e muito menos no olhar de quem constrói e apresenta "tese", todo este mundo, temendo-se que tal tarefa não venha nunca a realizar-se.

Na segunda tarde, após a passagem de um curto excerto de "Quem vai à Guerra" de Marta Pessoa (filha de militar do quadro), e "Poeticamente Exausto, Verticalmente Só", da jornalista Luísa Marinho sobre José Luís Bação, poeta morto em Moçambique, o painel, sob o título "Representações da Pós-memória da Guerra", sob a moderação de Margarida Calafate Ribeiro, teve como intervenientes, além da duas autoras dos filmes referidos, Ana Vidigal, artista plástica filha de combatente, Pedro Branco (músico e sem ligação directa ao conflito), Norberto Vale Cardoso (filho de combatente) e Rui Vieira (sem ligações ao conflito, escritores, e ainda Susana Gaspar, actriz directamente ligada à peça teatral de que se leram excertos no dia anterior, "Ignara Guerra Colonial".

Digo aqui, que me agradou muito o filme de Luísa Marinho, não apenas pelo seu riquíssimo conteúdo, mas também pela forma, pelo estilo e pelo ritmo com que o construiu e pelo grito que com ele nos choca ainda hoje.

Naturalmente que os olhares diferentemente construídos pelos indivíduos que compunham a mesa, serão muito importantes como depositários de hipóteses de abordagens condicionadas pelas formas em que cada um cresceu no caldo cultural respectivo e que, afinal, são parte significativa da sociedade que vive o esquece a experiência da guerra colonial, nem que seja porque, se a abordaram, dela têm ecos particulares.

Com referência na intervenção de Marta Pessoa e da sua recolha de depoimentos junto de mulheres que viveram a guerra, ou ficando aqui sofrendo as ausências e aguardando a volta, ou aceitaram fazê-la directamente no campo da luta, e na sua afirmação de que é muito importante por ainda hoje a falar a vozes que teimam em se calar, dei uma pequena nota de um episódio real vivido por mim duas horas antes, a partir de conversa com uma mulher, culta, social e culturalmente de esquerda (ainda que resguardando tal significado), que, respondendo a pergunta sua eu tinha informado que estaria num Colóquio sobre a Guerra Colonial, de imediato tinha recebido dessa mulher uma declaração azeda "ainda andam a falar disso?", "mas não chega já de conversa sobre tal cansativo assunto?" . Tal resposta tinha-me surpreendido como emboscada e deixara-me com pouca reacção, perguntando apenas se ela não achava que tal guerra que tinha matado mais de oito mil jovens, danificado de corpo mais de quinze mil, ferido mais de trinta mil, envolvido directamente mais de oitocentos mil e respectivas famílias e, ao fim de contas, determinado fortemente o fim do antigo regime, a actual situação da democracia e o desenvolvimento das situações vividas nas ex-colónias, se tal guerra, achava ela, que teria já acabado, ou que teria sido já debatida em excesso.

Na sequência, Sá Flores, ex-combatente mutilado na guerra colonial colocou a questão da constituição da mesa que tinha apenas gente que não fizera a guerra, alguns que nem haviam vivido essa realidade através de familiares, não estando nela nem um dos que escrevem, pintam, fazem música a partir do seu próprio sofrimento por nela ter participado, sinal este de que, doutro modo, o que se vai é escondendo e adocicando a sua visão, no fundo, num mesmo resultado que levou o regime a proibir-lhe um livro antes do 25 de Abril e os actuais editores a recusarem as suas propostas actuais. Nisto foi secundado por um outro participante ex-combatente.

Naturalmente que se entende a importância da abordagem metódica feita por investigadores cientificamente preparados, sociólogos e historiadores, para organizarem e arrumarem analisados os testemunhos recolhidos, ainda que por e de gente que não viveu directamente o conflito.

Naturalmente que se entende que a comunidade científica, cujos membros têm também um olhar importante sobre o fenómeno, além de objectivos de carreira, curriculuns e ambições pessoais legítimas, temam que a sua análise organizada se misture com as intervenções emocionadas de quem viveu a guerra e, por isso, decida evitar protagonismo a tais actores.

Entende-se menos que, de todo, organizações presentes no terreno nesta área e com gente também armada de saber e de experiência, nem sequer seja convidada para a iniciativa.

Coisa que a mim, pelo menos a mim, não passou despercebida, é o uso constante e continuado das mesmas referências quando se fala de literatura sobre a guerra colonial, sempre Lobo Antunes, sempre Lídia Jorge (de quem gosto particularmente, sempre João de Melo (de quem gosto também e tenho a honra da sua amizade), a Manuel Alegre, quando uma ou duas centenas de autores andam por aí mais ou menos esquecidos, alguns com excelentes trabalhos muito pouco ou nada divulgados. Nesta área merece destaque a vénia que os autores das teses presentes, de modo geral, dedicam aos novíssimos autores como José Rodrigues dos Santos e Rodrigo Guedes de Carvalho.

Pensando bem, também se entende que pouco crédito acrescentaria uma referência a Carmo Vicente, a Sá Flores ou a tantos outros conhecidos apenas no círculo restrito dos directa e activamente interessados no tema.

José Brás numa sessão de autógrafos, na Feira do Livro de Lisboa, do seu último livro "Lugares de Passagem"
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Notas de CV:

(*)Vd. poste 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)

(**) Vd. poste de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8407: Agenda Cultural (132): Colóquio/Debate - Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações, dias 14 e 15 de Junho de 2011, no Auditório do CIUL; CES-Lisboa (Forum Picoas-Plaza) (José Barros)

Vd. último poste da série de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8423: Agenda cultural (135): Lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, hoje, às 19h00, em Lisboa, Fórum Picoas Plaza

Guiné 63/74 - P8442: Em Busca de... (165): Malta do BCAV 757 “Sete de Espadas”, BCAÇ 4514/72 e Pelotão de Caçadores Nativo 64, Bafatá (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas” - Cufar -, 1965/66, enviou-nos uma mensagem contendo um apelo de um ex-militar africano.

Camaradas,

Nunca é tarde para ajudarmos camaradas que lutaram ao nosso lado.


Nas cerimónias do dia 10 de Junho, em Belém, encontrava-se um Camarada-de-armas africano – o Samba Baldé de Bafatá -, que está actualmente a viver em Portugal, exibindo um cartaz onde demonstrava o seu interesse em descobrir contactos do pessoal que integrou o BCAV 757 “Sete de Espadas”, o BCAÇ 4514/72 e Pelotão de Caçadores Nativo 64.

Os nomes que ele mais recorda são os do Fur Mil Leal, que vive no Porto, e o M. Zé Reguila.

Os camaradas Colaço e Chapouto tiraram algumas referências do Zé Reguila, para tentarem ajudar este nosso camarada.

Qualquer informação útil sobre malta destas Unidades citadas no pedido, dirijam-na para um dos seguintes e-mails:

Mario Fitas: mariofitas@netcabo.pt;
José Colaço:
josebcolaco@gmail.com;
Ou Fernando Chapouto:
fchapouto@netvisao.pt
Um abraço,

Guiné 63/74 - P8441: Efemérides (72): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (2) (Arménio Estorninho)


O nosso Camarada Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), enviou-nos mais uma reportagem sobre o encontro de malta da nossa tertúlia no último 10 de Junho.

Camarigos.

Em Belém, Lisboa, no dia 10 de Junho e junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, deu-se a Cerimónia do XVIII Encontro Nacional de Combatentes.

A Comissão Executiva do Encontro Nacional de Combatentes 2011, teve o objetivo de reunir o maior número de Portugueses de qualquer idade, credo raça ou ideologia política que, amantes da sua Pátria, quisessem celebrar Portugal e prestarem homenagem, sem deixar esquecer, quantos, ao longo da sua História, chamados um dia a Servir, tombaram no campo da honra em qualquer época ou ponto do globo.

Dessa cerimónia apresento uma foto – reportagem, extraída do álbum fotográfico de Arménio Estorninho/Mário G. Pinto e tomando a liberdade de comprometer o Co-editor Magalhães Ribeiro, na correção e complemento se possível das identificações de alguns Camaradas de Op. Especiais, porque também é um profundo conhecedor dos mesmos.


Belém > Lisboa > Grupo de Camarigos, da esq.: António Santos, José Colaço, José Nunes, Miguel Pessoa, Mário G. Pinto e Mário Fitas

Belém > Lisboa > Em animada leitura de um livro. Da esq., de costas: José Nunes, António Brandão, Miguel Pessoa, Mário G. Pinto, Mário Fitas, eu e um intruso
Belém > Lisboa > Grupo de Camaradas de Operações Especiais. Da esq. em 1º plano: o Corticinho e o António Brandão. Em 2º plano: Mário Fitas, António Inverno, Delgado, Magalhães Ribeiro e António Barbosa
Belém > Lisboa > Grupo de tertulianos e amigos. Da esq.: Virgínio Briote, António Santos, Vítor Caseiro, Magalhães Ribeiro, Luís Dias e esposa

Belém > Lisboa > Aquando na Parada se Tocou a Silêncio
Belém > Lisboa > O público assistente concentrado nos acontecimentos


Belém > Lisboa > Os Boinas Vermelhas – Comandos -, com o seu porta-estandarte "O Bigodes”, em desfile frente ao monumento e às Lápides com os nomes dos nossos Camaradas mortos na guerra

Belém > Lisboa > Divertida conversa entre o António Brandão, José Júlio Nascimento, Mário G. Pinto e o Duarte Azevedo

Belém > Lisboa > Vista das Lápides dos nossos irmãos Tombados no ex-Ultramar Português

Belém > Lisboa > Frontaria do edifício do Museu da Marinha, que foi visitado neste dia por um grupo de Camaradas do Núcleo de Lagoa - Algarve -, da Liga dos Combatentes
Com cordiais cumprimentos,
Arménio Estorninho
1º Cabo Mec Auto da C.Caç.2381 “Os Maiorais” de Empada
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Nota de M.R.:

Vd. também sobre esta matéria o poste de 12 de Junho de 2011 > Guine 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)

Vd. o último poste desta série de 17 de Junho de 2011 Guiné 63/74 - P8432: Efemérides (51): 42ª Aniversário da morte em combate do Sold At Vítor Manuel Parreira Caetano, CART 2519 (Mário Pinto)