segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8712: Fotos à procura de... uma legenda (10): Mais outra foto-mistério, do álbum de Luís Graça


1. Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses > 29 de Agosto de 2011 > Há coisas no campo que não nos passam pela cabeça na cidade... E vice-versa. Nada como estar de férias (sem ser "turista, estúpido em férias") e ter tempo para as pequenas coisas da natureza que são sempre pequenas grandes maravilhas...

Quando se está de férias, sem relógio, sem a pressão dos horários (logo sem o constrangimento do tempo, que é o principal factor de stresse na cidade grande), aguçam-se e usam-se os cinco sentidos: (i) vê-se o nascer do sol por trás da serra, (ii) ouve-se o chilrear dos pássaros (o melro, o rouxinol, o gavião, o corvo, a andorinha, o pombo bravo, o mocho...), (iii) cheira-se o perfume da terra que é diferente com as chuvas de verão, (iv) apalpa-se os dourados e opulentos cachos de uvas do vinho verde (com as suas diferentes castas: o pedernã, o azal, o avesso, o loureiro, que a primeira vindima é já 6ª feira próxima...), (v) degusta-se o pão de milho e o anho com arroz de forno (que os portugueses, injustamente, não quiseram eleger como uma das 7 maravilhas gastronómicas desta terra maravilhosa onde nascemos)... (LG)


Foto: © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados


1. Em vias de se esclarecer a foto-mistério do poste anterior (*), deixo-vos mais um desafio, no âmbito do nosso descomprometido passatempo de verão... Este é aparentemente mais fácil: Qual é a coisa qual é ela ? (Vide foto supra)...

Julgo que desta vez a resposta é mais fácil e rápida... Se o Kanguru Light (a minha internet móvel, passe a publicidade) for mais lesto (o que duvido) do que vocês, estarei à noite, ou amanhã de manhã, à espera dos vossos palpites...

Entretanto, ando a tentar descobrir por que raio é que o novo modo de edição de mensagens do Blogger não está a funcionar, impossibilitando-nos, a nós, pobres editores em férias, de manter o blogue actualizado como é habitual...

E tudo isto enquanto o serviço se vai acumulando, para desespero do Carlos Vinhal, e os leitores vão perdendo a paciência, habituados que estão a terem sempre entre 5 a 8 postes novos, fresquinhos, por dia... Desde Abril de 2004, este é o nº 8712...

Espero, enfim, que nos desculpem qualquer coisinha... Temos, além disso, livro de reclamações...E, já agora, se permitem, deixem-se "recitar" um dos meus textos poéticas, a que eu chamo as minhas "blogarias", escrito o ano passado em dia de namorados... Vem a propósito da aqui falada oposição campo/cidade... LG

2. História (de)vida: Vila, vida, com o mar em frente, entre cabeços

(Para a Alice, companheira de meia vida)
Luís Graça


A vida no campo não era vida,
Não era a vida a vila,
A cidade, o campo.
Nem as tuas leiras,
Os teus solcacos,
Os teus montes.
Não era a vida devida.
Querida,
Esperada,
Sonhada.

Mas o que é a vida,
Meu bem ?
Pensando bem,
A vida no campo até tem
Ou tinha
O seu lado terno,
Ma non troppo.
Eu gostava do campo,
Nas férias grandes,
Do ar puro dos pinhais e eucaliptais
Que faziam bem aos pulmões,
Dizia o João Semana
Lá na minha terra,
Bacharel de medicinas
E de ervas medicinais.
Em contrapartida,
Odiava a colher de pau,
O óleo de fígado de bacalhau.
E as bolas de carne em sangue
Enroladas em açúcar,
Metidas pela goela abaixo.
Lembrar-me-iam mais tarde a guerra,
E a anatomia dos corpos
E a fisiologia do horror.
Temia, sobretudo,
E temia que me pelava,
As bruxas, à noite,
Debaixo dos lençóis.

Ele há coisas na vida do campo
Que eu nunca saberia explicar.
A lufa-lufa, a freima,
Os grandes trabalhos colectivos,
A ceifa,
Os miasmas das doenças,
O trabalho de sol a sol,
Trabalhar que nem um mouro,
Trabalhar que nem um boi,
Trabalhar que nem um galego,
Trabalhar que nem preto.
Temia a pata dos poderosos.
E dos seus cavalos e dos seus mastins.

Não, nunca trabalhei no campo.
Mas gostava da vida no campo
Onde não vivi.
Nasci ao som dos moínhos de vento
E do gemido nas redes dos barcos à vela.
Gosto do campo,
Quando o sol nasce,
Quando o sol se põe.
Tenho um pensamento piedoso
Para a parteira que me aparou.
E para o padre que me baptizou.
E para a professora que me ensinou
A ler, escrever e contar.
E me levou a primeira vez
À cidade.
Grande.

Gosto do campo,
Não sendo camponês
Como tu foste camponesa.
O campo,
A vindima,
A colheita,
O riacho,
As pedras no leito do rio,
O inverno,
A invernia,
O cheiro a estrume,
As batatas com pele,
A febre dos fenos,
Os amores ardentes,
Os colchões de palha,
A lareira no inverno,
Os lençóis de linho,
As tamancas,
As sardas escaladas,
As miúdas de sardas
E ranho no nariz,
Os carapaus secos,
A raia cozida,
A esterqueira,
A neve que nunca vi,
A matança do porco…

Ah! A matança do porco do teu imaginário,
Que o melhor era a bexiga do porco
Para os putos que nada sabiam da vida,
Nem das suas sete partidas.
Nem da guerra anunciada.
Para os putos jogarem à bola,
Os pés descalços
No campo da debulhadora do trigo.
A dois quilómetros da vila.
No Nadrupe.
Na Quinta do Bolardo.

No fundo, o que sabias tu da vida ?
O que sabes ?
Não é preciso ser bem pensante,
Que a vida é mal passada,
Pensada,
Prensada,
Uff! Puxá vida!
Na cidade,
Na vila,
Ou na cidade e no campo
A vida, a vila, é apenas
A estratégia da aranha,
A cilada da morte.
Por tédio,
Asfixia,
Overdose,
Aflição,
Desassossego,
Insónia,
Erosão,
Irrisão,
Depressão da paisagem
Por montes e vales.
A via estreita da vida na vila no campo
Ou na cidade.
A erecção.
A evicção.
A força centrífuga da morte
Na curva da vida.

Mal pensada a coisa
Da vida indevida,
Vida de cão na cidade das sete vidas,
Sete Colinas,
Capital,
Capitólio,
Tudo somado igual
A sete fôlegos de gato
No sobe e desce do bairro,
Entre o pau e o fogo da lareira.

Trespassa-se a vida,
Traspassa-se o corpo,
Trapaça de vida,
Em vila sossegada com vista de mar.
Prensa prensada puxada
Bem parecida a vida na vila,
Apetecida,
No campo de cebolas do talho
Que se comiam em azeite e sem alho.
Na tua terra, Candoz.
Na terra de todos nós,
O Portugal de lés a lés.
Pensando nos parentes embarcados,
Nos Brasis, nas Terras Novas,
Ganhando o pão que o diabo amassava.
Ou nos filhos mobilizados,
Feitos soldados,
P'ras guerras do império.
Índia, Angola, Moçambique, Guiné…
A malga do vinho tinto verde
Entre os camponeses do norte.
O pão, o centeio, o milho,
A casa farta,
A mesa farta,
O presunto,
O salpicão,
A salgadeira que mata.
Alguém sabia lá da cartografia da morte
No Cacheu, ou no Oio, ou no Cantanhez ?!
O sal,
O colesterol,
A tensão essencial,
A vidinha.
Pior é a saudade que rói e que mata.

E agora que não há razões para pensar
Que a vida no campo é
O corpo de delito,
Eu grito
Que a vida está pela hora da morte
Vida, morte, ex-exaequo,
Tensão,
Macho e fêmea,
Misógina a cidade,
Macho, marialva, o campo
Ou o pré-conceito
da minha civilização judaico-cristã.

Saudades ?
A vida no campo era bem passada
Como o bife ao domingo,
Que tu ganhavas fazendo o pino
No Talho do Xico.
No tempo em que a vida no campo ou vila,
Que diferença!,
Era a tua infância.
Vida, vila com o mar em frente,
Entre cabeços.
As Berlengas ao fundo.
A eterna errância
Do mundo.
Foi lá que te vi,
Foi lá que te conheci.

Luís Graça > Blogpoesia (2010)


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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8710: Fotos à procura de... uma legenda (9): Foto-mistério, do álbum de Luís Graça

domingo, 28 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8711: Parabéns a você (309): António Marques Barbosa, ex-Fur Mil Cav, Pel Rec Panhard 1106 (Bula, 1966/68) e José Corceiro, ex-1º Cabo TRMS da CCaç 5 - Gatos Pretos (Canjadude, 1969/71)

Hoje, os nosso votos de feliz aniversário são a dobrar. Por ordem de antiguidade (não seja esta o posto mais honrado e respeitado entre nós), cumprem mais um festejo os nossos camaradas: António Barbosa, que foi Fur Mil Cav no Pel Rec Panhard 1106 (Bula, 1966/68) e José Corceiro, que foi 1.º Cabo TRMS da CCaç 5 - Gatos Pretos (Canjadude, 1969/71)

1. Ao António Barbosa oferecemos este “maravilhoso” poster da autoria dos (des)ajeitados, mas bem-intencionados editores:

2. Ao José Corceiro, mais sortalhão nesta ocasião, dois murais fabulosos da autoria dos nossos hiper-artistas privados, não remunerados mas devidamente identificados: José Martins e Miguel Pessoa.

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Nota de MR:

sábado, 27 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8710: Fotos à procura de... uma legenda (9): Foto-mistério, do álbum de Luís Graça


Desta vez não vou dar qualquer pista... Há uma proa de um navio e três bandeiras, um das quais a da nossa querida Pátria... O resto adivinhem, especulem, inventem... De Candoz, com um abraço para todos os homens e mulheres de boa vontade que lêem o nosso blogue. Bom resto de férias, para quem ainda as tem... Amanhã, início da última semana das minhas férias,  estarei a fazer a Rota do Românico do Vale do Sousa, Percurso Sul. Acreditem que este país ainda está por descobrir pela maior parte dos portugueses, tanto os do norte como os sul... (LG)

Foto:© Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados 

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Nota do editor

Último poste da série > 27 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8708: Fotos à procura de... uma legenda (8): Candoz, do álbum de Luís Graça

Guiné 63/74 - P8709: Parabéns a você (308): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca - 1968/70)

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Notas de MR:

- O nosso camarada, Jaime Machado, foi Alf Mil Cav no Pel Rec Daimler 2046, em Bambadinca, 1968/70.

Vd. último poste da série de 25 de Agosto de 2011 >  Guiné 63/74 - P8706: Parabéns a você (307): Manuel Carmelita, ex-Fur Mil Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

Guiné 63/74 - P8708: Fotos à procura de... uma legenda (8): Candoz, do álbum de Luís Graça


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº4


 Foto nº 5



 Foto nº6


 Foto nº7
 
Fotos:© Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados 


1. Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses > 22 de Agosto de 2011 > Peças do nosso ecomuseu... O velho carro de bois, a tesoura da poda, ferramentas diversas do agricultor e do ramadeiro (construtor de ramadas)... Objectos de um tempo em que o mundo era (ou parecia ser)  a preto e branco... e tudo tinha (ou parecia ter) o seu lugar, a sua função, na harmonia e na perfeição do universo... O homem, o boi, a canga, o carro de bois a chiar a caminho do monte... 

Tempo também da infância (dura) de muitos dos nossos camaradas de Entre Douro e Minho, região a que pertence Candoz, ou grosso modo, a Região de Vale de Sousa e Tâmega: reúne 12 concelhos (incluindo o Marco de Canavezes), congrega mais de meio milhão de habitantes (com um peso significativo, c. 20%, da população jovem), e a sua actividade económica centra-se nas indústrias do calçado, do vestuário e da madeira... Estes concelhos (que fazem a ligação entre a região metropolitana do Porto e o interior norte) têm o mérito de se terem juntado para inventariar, proteger, estudar, valorizar e divulgar o seu património histórico e cultural, e em especial a arquitectura religiosa, civil e militar os mosteiros, as igrejas, as torres, as pontes, etc, construídas sob o estilo românico (Séc. XI, XII, XIII)... Ontem, por exemplo, fiz o percurso norte da Rota do Românico do Vale de Sousa (Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira)... É uma sugestão para a agenda cultural da nossa Tabanca Grande que deixo aqui, a quem é da região  ou quer conhecê-la melhor... Aqui começou Portugal, amigos e camaradas... 

E já que estamos com a mão na massa, deixem-me refereir a realização, em Lousada, para os  própximos dias 29, 29 e 30 de Septembro, portanto daqui a um mês, do I Congresso Internacional da Rota do Românico.

Candoz está a dois passos do Douro e do Tâmego. Daqui avisto Cinfães,  as serras de Montemuro, Aboboreira e até Marão, o Douro (barragem do Carrapetelo), Porto Antigo, as freguesias do lado nascente do concelho de Baião... Mas não tenho mar, e o sol põe-se mais cedo...

(...) Visto da janela do teu quarto,
Em Candoz,
O vale era o mundo
E era verde,
Tal como em A Cidade e as Serras,
Do Eça de Queiroz.
Muito antes do mar,
E do pôr do sol sobre o mar,
Muito antes de saberes
Onde ficava a praia da minha infância. (...)

Excerto de Luis Graça,  O mar, amor, em Agosto...

2. Continuação do nosso passatempo (... de verão),  Fotos à procura de... uma legenda. A ideia é ajudar a legendar fotos que andam  por aí à procura de quem lhes ponha uma boa (e merecida) legenda... Com imaginação, com criatividade, com humor, com talento... Temos muitas, em arquivo,  umas mais falantes do que outras... Temos outras, mas recentes, ou tiradas agora mesmo, no nosso querido mês de Agosto, pelos nossos lugares de passagem, como gosta de dizer o Zé Brás... Há umas mais óbvias do que outras... Mas todas falam (ou devem falar) da nossa Tabanca Grande, das nossas tabancas, do nosso quotidiano,  da nossa geração, do mundo que era o nosso, dos nossos verdes anos, da Guiné... 

Repete-te a sugestão inicial: Legendas, aceitam-se... Como prémio, prometemos publicar as melhores legendas (com as respectivas fotos) com honras de caixa alta. As 10 melhores...

Os nossos leitores poderão comentar (ou até escrever pequenas histórias sobre) os postes desta nova série  dentro das regras que estão estabelecidas no nosso blogue: por exemplo, os comentários não podem ser anónimos, devendo ser clara, para os editores, a identidade do autor e a validade do seu endereço de email (no caso de não ser membro registado da Tabanca Grande)... 
Da minha parte já dei uma ajudinha, com duas ou três pistas... (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série >23 de Agosto de 2011 >Guiné 63/74 - P8698: Fotos à procura de... uma legenda (7): O Doutor por Coimbra Mamadu Jau, hoje director do INEP (Bissau), antigo aluno do Manuel Carmelita (Aldeia Formosa, 1971/73)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8707: Convívios (366): Tabanca de São Martinho do Porto, 2011

 Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Zé Teixeira  e a filha, Joana, psicóloga, que tem uma larga experiência de cooperação em África (em em particular em São Tomé e Príncipe)...


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A matriarca da casa, a Dra. Clara Schwarz com os filhos do Zé Teixeira, a Joana e o Tiago...

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Clara Schwarz, 97 anos (a completar em breve)... A decana da Tabanca Grande.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A Maria Alice Carneiro, esposa do Luís Graça,  e o Álvaro Basto, régulo da Tabanca de Matosinhos.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso anfitrião, Pepito, que aproveitou um dia das suas férias portuguesas para juntar (e conviver com) alguns dos seus amigos portugueses (em geral, membros da Tabanca Grande)...O encontro da Tabanca de São Martinho do Porto, em Agosto de cada ano, já se tornou "obrigatório"... E é sempre um grande prazer aceitar o convite dos donos da casa... Quem este ano não pôde vir por razões de agenda, foi o João Graça (que estava nesse fim de semana com o seu grupo musical, os Melech Mechaya, em actuação no Algarve, no Super Bock Surf Fest, em Sagres)



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso mui querido Jero (o alcobacense José Eduardo Oliveira) e a sua filha, que é técnica superior na Câmara Municipal de Oeiras, especialista em Marketing e Relações Públicas.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O filho do Zé Teixeira, Dr. Tiago Teixeira, médico especialistas em doenças infectocontagiosas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia - Espinho. Esteve recentemente na Guiné-Bissau, juntamente com o pai e a irmã. É um homem de grande sensibilidade e coração maior, colaborando activamente com a Tabanca de Matosinhos nos projectos de solidariedade que estão a decorrer na Guiné-Bissau.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A Isabel Levy Ribeiro, esposa do Pepito, e a sua mãe (que vive em Portugal).A Isabel tem dinamizado e coordenado a Campanha  Um Livro para a Guiné.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário Gomes e o Eduardo Moutinho Santos (que ainda não formalizou a sua entrada na Tabanca Grande).

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > > O Pepito, a mãe Clara, o Jero e a sua filha...  O Jero trouxe consigo duas exemplares de uma obra sobre a baía de São Martinho do Porto, que ofereceu , um, ao Pepito e outro à Tabanca Grande, na pessoa do Luís Graça. Aqui fica referência vbibliográfica: Maria Cândida Proença (ed  lit): ,A Baía de São Martinho do Porto. Aspectos geográficos e históricos. Lisboa, Colibri,  2005.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Álvaro Basto e Maria Alice Carneiro.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário e a Isilda... O Mário de Jesus Guerra foi 1º  Cabo Escriturário  da CCS/BCAÇ 2845  (Teixeira Pinto/Canchungo, 5/5/1968-3/4/1970). A  Izilda Maria trabalhou como tradutora na Comissão e no Paralamento Europeu, e é um exímia fadista, tendo oferecido diversos CD com o seu último álbum (Fado, 2007), ao Zé Teixeira, para recolha de fundos. O casal vive no Cartaxo onde tem um quinta com turismo rural. Esta informação foi prestada pelo E. Moutinho Santos, advogado, membro da Tabanca de Matosinhos, e que pertenceu ao mesmo batalhão do Mário, o BCAÇ 2845. O Mário e a Izilda têm colaborado na camapanda da AD, Um Livro para a Guiné.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Eduardo Moutinho Santos e o Álvaro Basto.

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário de Jesus Gomes, a quem eu convidei pessoalmente para ingressar na Tabanca Grande, convite que ele de pronto aceitou.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Os facebook..queiros Isabel, Pepito e Alice...



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Nº especial da Revista Estudos Judaicos, dedicado a Samuel Schwarz (1880 - 1953), "cidadão do mundo, português por opção" (nº 7, 2004, edição da  Associação Portuguesa de Estudos Judaicos). Segundo a sua filha Clara Schwarz, era um homem culto, poliglota e laico, e foi um pai que sempre respeitou as opções da filha (única), inclusive a de casar com um não-judeu, o escritor e advogado Artur Augusto Silva, português de origem caboverdiana e guineense.

Fotos (e legendas):© Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados

Guiné 63/74 - P8706: Parabéns a você (307): Manuel Carmelita, ex-Fur Mil Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

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Notas de MR:

- O nosso Camarada Manuel Carmelita, foi Furriel Mecânico Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73).


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8705: Blogpoesia (158): Na festa dos mortos, o olvidos dos combatentes... (Luís Graça)


 


 Marco de Canaveses > Freguesia de Paços de Gaiolo (outrora pertencente ao concelho de Bem Viver, extinto em meados do Séc. XIX) > Cemitério local > 1 de Novembro de 2008 > Um das duas únicas campas de terra batida, num cemitério de mármores e granitos reluzentes... São de dois já esquecidos combatentes da guerra do Ultramar: Joaquim M. P. de Araújo, morto em Angola, em 21/6/63 (ao que parece, de acidente), e Francisco Gonçalves Soares, "morto em combate em Moçambique" (sic), em 27/6/68...

Há mais de quatro décadas: já é muito para a memória dos povos... Um dia do ano, lembramos também os nossos mortos, os que partiram antes de nós no barco de Caronte... E alguns, como os antigos combatentes da guerra do ultramar/guerra colonial, partiram nos seus verdes anos, muito antes da sua vez... Em Paços de Gaiolo (a que pertence Fandinhães, terra dos avós maternos da minha mulher, Maria Alice Carneiro), encontrei duas campas, lado a lado, de terra batida... Dois modestos jarros com malmequeres davam a entender que ainda têm entes queridos, lá na terra, que se lembram deles... Ou amigos ou vizinhos... A modéstia dos malmequeres constrastava com os caríssimos arranjos florais que, mesmo em época de crise, os vivos fazem questão de trazer da cidade para homenagear os seus mortos na aldeia (*)...
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Na festa dos mortos, o olvido dos combatentes…
por Luís Graça 

O cemitério enche-se de flores,
ostensivamente;
é um jardim de mármore e granito,
com centenas de velas acesas
que à noite se transformam em fogos fátuos.
Durante toda a tarde as famílias da freguesia
visitam as campas e os jazigos dos seus mortos
e convivem, ruidosamente, umas com as outras.
É a festa dos mortos,
mas também a celebração da vida,
a afirmação da convivialidade,
a reafirmação do poder da vida sobre a morte,
o reforço dos laços dos vivos,
que são vizinhos uns dos outros,
familiares, parentes, amigos,
e que também estão na lista dos candidatos ao além.
Não sabem, porém,  quando
nem em que lugar,
nem como nem porquê…
E mais: recusam-se a marcar a passagem…
Só o velho barqueiro de Caronte
é que tem a lista dos passageiros
e os horários
e os percursos da última viagem
da terra dos vivos.

É também quiçá a recusa da morte,
da partida definitiva,
do fim da peregrinação terrena,
a reivindicação da imortalidade,
o pecado da usurpação do poder divino,
é, enfim, a manifestação da culpa por se estar vivo
em lugar daqueles de nós,
que nos eram muito queridos,
e se calhar muito melhores do que nós,
e que morreram (ou partiram) injustamente, antes de nós...

Quem vive mais longe (Porto, Lisboa...),
vem de propósito neste dia
enfeitar as campas e os jazigos dos seus  mortos,
aqui erigidos neste cemitério.
Terra de antigos rendeiros, camponeses pobres,
que ainda hoje cultivam a memória do Zé do Telhado,
e que fazem questão de mostrar,
aos ricos
e aos fidalgos de antigamente,
que a democracia e a liberdade trouxeram também
a igualdade de oportunidades
e a miragem da mobilidade social,
tipificada nas figuras do brasileiro e do francês do século passado...
No meio do pequeno cemitério da freguesia
há ostensivamente uma capela,
a da família da ilustre casa
que foi desde os tempos do liberalismo,
a verdadeira dona
e senhora desta terra
e dos seus habitantes,
donos dos seus corpos e até das suas almas...
No cimo da porta da capela,
em estilo revivalista, neogótico,
pode ler-se a frase niilista,
em poético latim,
Memento homo,
quia pulvis es,
et in pulverem reverteris
.
Como os antigos pobres rendeiros não sabiam ler,
e muito menos o latim dos frades absolutistas
e dos juristas liberais,
alguém terá escrito a giz:
Lembra-te, ó homem,
que és pó
e em pó te hás-de tornar
...

Mesmo na morte,
os homens tentam,
patética e inutilmente,
bizantinamente,
reproduzir a segregação sócio-espacial,
a distância,
que mantinham em vida...
É por isso que eu gosto da designação, irónica,
dada a alguns cemitérios públicos no sul,
no Alentejo:
Campo da igualdade...
Metaforicamente falando,
a gadanha da morte ceifa tudo e todos,
ceifa rente a vida,
e não poupa tanto a espiga de trigo
como a erva do campo,
a papoila vermelho e a abetarda,
a mondadeira e o patrão,
a rosa e o espinho,
o rico e o pobre,
o herói e o cobarde,
a bonita e a feia,
o novo e o velho,
o amo e o servo,
o general e o soldado,
o poeta e a sua musa,
o médico e o doente,
o santo e o pecador,
o herói e o cobarde,
o amigo e o inimigo...

Passei por lá,
pelos cemitérios de Paredes de Viadores e de Paços de Gaiolo,
e havia gente à volta das campas,
de todas as campas,
menos de duas...
Tirei fotografias aos grandes,
vistosos
e dispendiosos arranjos florais,
sobre as pedras de mármore ou granito polido,
que devem ter custado os olhos da cara aos parentes dos mortos...
Fotografei grupos de familiares e amigos
em amena
(e aqui e acolá alegre, viva, franca, saudável)
cavaqueira.
Percebi que a homenagem aos nossos mortos
é também (e sobretudo ?)
um pretexto
para os vivos se mostrarem uns aos outros...
E para dizerem alto e bom som
que estão vivos,
e de boa saúde,
e que estão prósperos,
bem de vida,
com os seus Mercedes de matrícula K,
com as análises em dia,
e o certificado de robustez física,  passado pela autoridade de saúde,
com o corpo e todas as miudezas
dentro do prazo de validade.
Em suma, estão vivos, sãos, e recomendam-se...
Mas que também têm sentimentos,
não importa se pequenos ou grandes.
E que sabem mostrar que têm decência
e recato
e memória
e saudade...
E que sabem chorar, sinceramente, os seus mortos.
Muito simplesmente são ou parecem ser
gente feliz,
com uma lágrima furtiva ao canto do olho.
Em dia de festa dos mortos.
Ou melhor, em Dia (feriado) de Todos os Santos
que é também, para o povo, o Dia de Finados.

No sul, da Reconquista, de onde eu venho,
e a que eu pertenço,
mix de bárbaro, romano, mouro, judeu, franco, africano,
também há o culto antiquíssimo, pagão,
dos mortos...
Mas aqui, no norte, o cristianismo
(e a Igreja Católica Apostólica Romana)
soube quiçá enquadrá-lo melhor,
dar-lhe a necessária dimensão gregária, simbólica, normalizadora...

Por todo o país, no Portugal profundo
(ou no que resta desse mito),
os mortos são lembrados no seu dia,
e no seu sítio,
convenientemente apartados dos vivos.
All souls' day, diz-se em inglês.
O dia das alminhas (que ternura de termo!),
como diz o nosso povo.
Leio na Enciclopédia Católica
(cuja origem remonta a 1917):
 A fundamentação teológica desta festa
é a doutrina segundo a qual
as almas que, ao partirem do corpo,
não estejam perfeitamente limpas dos pecados veniais,
ou não tenham totalmente expiado as suas transgressões passadas,
ficam privadas da Visão Celeste.
No entanto, os fiéis sobre a terra podem ajudá-los,
por intermédio de orações,
esmolas
e sobretudo do santo sacrifício da Missa.

Não sei,  contudo, qual é o entendimento da Igreja Católica
em relação aos seus membros
que morrem em combate...
No passado, nas Cruzadas,
ou dilatando a fé e o império, ao serviço do rei,
mais tarde pela Pátria, conceito burguês.
Pode ser-se herói e herói da Pátria
e mesmo assim não se estar na lista dos eleitos...
Pode ter-se morrido pela Pátria e mesmo assim
esse sacrifício ter sido perfeitamente inútil...
Ou no mínimo, branqueado,
ignorado,
esquecido,
ocultado
ou até mesmo denegado.
Pode-se ter morrido pela Pátria, Mátria ou Fátria
(morre-se pelo pai, pela mãe, pelo irmão),
em Angola, Guiné ou Moçambique,
e mesmo assim ser-se completamente olvidado
(que é o pior dos abandonos)
nos nossos cemitérios,
no dia da festa dos mortos...

Para onde irão as almas dos combatentes ?
Quase sempre, muitas vezes,
em toda a parte,
para o limbo,
o purgatório do olvido,
que é esquecimento mas também adormecimento.
Como em Paços de Gaiolo,
do antiquíssimo concelho, já extinto,
de Bem Viver,
ou em tantas outras freguesias
do nosso querido Portugal profundo,
que já foi medievo, mouro, visigótico, romano, celta...
Como estas duas campas, rasas, de dois bravos
que deram a vida aos vinte anos, no ultramar português,
Joaquim Araújo, Francisco Soares…
por alguém, por alguma coisa
A que  eles chamavam Pátria…
Morto pela Pátria…
Eterna saudade de mãe e irmãos

De facto, a guerra do ultramar nunca existiu.
Os mortos do Ultramar nunca existiram.
Há uma amnésia geral
em relação aos nossos mortos do Ultramar,
uma espécie de denegação,
de branqueamento,
de alívio...
Por que o fim daquela guerra
foi literalmente o fim de um pesadelo...
Para os jovens da minha geração.
E é bom que os jovens de hoje saibam isso,
que havia então o serviço militar obrigatório
e que era altíssima a probabilidade de se ser mobilizado
para uma das três frentes de guerra,
ou teatro de operações,
que Portugal mantinha em África...

Hoje há pudor em falar desta guerra,
de baixa intensidade
mas que consumia vidas e cabedais.
Da guerra e dos seus mortos,
dos trasladados e dos insepultos,
dos seus desaparecidos,
dos seus estropiados,
dos seus mortos-vivos,
dos que vagueiam, ainda hoje, como fantasmas
pelas margens dos Rios Geba, Corubal, Mansoa,
Cacheu, Buba, Cumbijã, Cacine,
na Guiné,
ou nos rios de Angola e de Moçambique
cujos nomes os poetas, os bandeirantes e os geógrafos já esqueceram...

Se calhar a amnésia é recíproca:
de nós, felizardos, que estamos vivos,
em relação a eles que tiveram o supremo azar de morrer
(em combate, acidente ou doença);
e se calhar deles em relação a nós,
já que não mais nos visitam,
nem nos assombram,
nem nos incomodam,
nem nos interpelam ou questionam...

No dia dos Fiéis Defuntos,
na festa dos mortos
os que morreram de morte matada
no campo de batalha,
na África remota, distante, dos séculos passados
não têm uma menção especial,
na antiga vila e freguesia da germânica Fandinhões
(substituída do tempo do Marquês de Pombal
por Paços de Gaiolo),
uma atenção especial,
um arranjo floral,
nem sequer umas simples flores de plástico...
Mas será que deveriam tê-lo ?


Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses.
2 de Novembro de 2008. Revisto em 23 de Agosto de 2011 (**)
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Notas do editor:


Guiné 63/74 - P8704: Blogues da nossa blogosfera (45): encore de l'audace, Página do nosso camarada Paulo Santiago

Nova página na nossa blogosfera - encore de l'audace - Blogue do nosso camarada Paulo Santiago


Aspecto de hoje da nova página do nosso camarada Paulo Santiago, encore de l'audace


1. Confidenciou-me o nosso camarada Paulo Santiago, que depois de se ter envolvido em palavras acaloradas, em comentários sucessivos num determinado poste do nosso Blogue, resolveu mudar de ares (palavras minhas) e criou um Blogue seu que à partida é diferente daquele onde tem brilhantemente colaborado.

Estamos cientes que a dedicação ao seu novo blogue não implicará menor atenção ao nosso velhinho Luís Graça & Camaradas da Guiné, pelo que esperamos que o Paulo regresse muito em breve e em força ao nosso convívio.

O Paulo Santiago tem 94 entradas no nosso Blogue e um espólio valiosíssimo. O facto de ter sido Comandante de um Pelotão de Caçadores Nativos, deu-lhe uma experiência de guerra bem diferente da vivida pela esmagadora maioria dos membros da nossa tertúlia.

Convido-vos a visitar o sítio do Paulo, pedindo em troca ao Paulo que volte a ocupar o seu lugar nesta Tabanca.

Carlos Vinhal

Guiné-Bissau > Sala VIP do Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Paulo Santiago (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72) e o seu grande amigo Sado Baldé, Major da Guarda Fiscal.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8336: Blogues da nossa blogosfera (44): Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau, um Blogue formado por trabalhadores de uma empresa de construção civil, hoje com saudades da Guiné-Bissau (Hélder Sousa)