segunda-feira, 4 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9993: Notas de leitura (366): "Portugal's Guerrilla War - The Campaign For Africa" por Al J. Venter (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 19 de Abril de 2012:

Queridos amigos,
Al Venter é um jornalista que cobriu importantes conflitos africanos desde a década de 1960. É autor de mais de 20 livros, parece que a Guiné o impressionou muitíssimo.
No ano passado escreveu um volume sobre histórias de guerras e mais uma vez exaltou os feitos do capitão João Bacar Djaló, morto em Abril de 1971. Terá ficado muito marcado por este herói com quem fez uma patrulha a leste de Tite.
Al Venter devia fazer parte da bibliografia obrigatória da guerra da Guiné, os números adiantados, sabe-se hoje, andavam próximo da realidade. E terá sido o correspondente de guerra que conversou com Spínola e Amílcar Cabral, sem venerações.

Um abraço do
Mário


Reler um clássico: Portugal´s Guerrilla War, por Al J. Venter

Beja Santos

Em 1973, na Cidade do Cabo, o repórter e correspondente Al Venter publicava uma obra exclusivamente dedicada à Guiné e à sua guerra de guerrilhas. Em seu entender, era a última das grandes guerrilhas clássicas em África, na máxima abrangência da brutalidade e nas melhores tradições dos ensinamentos de Guevara e Vo Nguyen Giap: Portugal´s Guerrilla War. Os acontecimentos posteriores à sua publicação certamente que contribuíram para que o livro não fosse traduzido em português, Al Venter fora convidado pelas autoridades portuguesas, terá havido alguma desconfiança de que se tratava de propaganda requentada.

Por engano. Al Venter, ao tempo, era seguramente um dos nomes mais conceituados nas reportagens sobre eventos político-militares no continente africano. Era correspondente para o Daily Expressa e Sunday Express, cadeia da NBC e a International Defense Review. Usava de uma comunicação precisa, direta e pouco tranquila para os regimes coloniais ou racistas. Neste livro diz sem papas na língua que a guerra da Guiné teria consequências fulcrais para toda a África Austral, a estabilidade desta região estava completamente dependente do desfecho da Guiné. Recorda que o General Yakubu Gowon, da Nigéria, tinha alertado que a independência da Guiné iria acarretar o fim do racismo e do colonialismo em toda a África. Declaração feita em Adis Abeba, em 1971.

É um livro muitíssimo bem escrito. Começa logo com a referência ao assassinato de Amílcar Cabral e não ilude os factos: estalara uma guerra sem quartel entre as duas fações do PAIGC. Refere a ascensão de Vítor Monteiro neste partido, o que não veio a acontecer. Não exclui uma possível ligação entre Sékou Touré e os conspiradores guineenses. Enquanto o Vietnam ia conhecer uma fase de agudização, o mesmo seria passar na Guiné com a chegada dos mísseis terra-ar. Al Venter recorda na introdução que a África do Sul tinha muito a aprender com o conflito guineense sobretudo ao nível dos fatores psicológicos que pautam a condição deste guerrilheiro altamente combativo.

Começa o seu livro para uma homenagem a um homem de quem ele não esconde a admiração, o capitão de 2ª linha, João Bacar Djaló, um verdadeiro herói que acabou vítima de um estúpido acidente com uma granada. Fala da energia deste fula que conhecia a floresta como poucos, a sua capacidade de responder ao inimigo, os seus encontros em Tite e a consternação que a sua morte provocou, por um lado, entre as tropas portuguesas e a alegria entre as hostes do PAIGC que se regozijaram em Conacri, Boké, Koundara e Ziguinchor quando se soube da sua morte. Depois, tece um enquadramento para os acontecimentos precedentes à luta pela independência, dando ênfase aos acontecimentos do Pidjiquiti de 3 de Agosto 1959. Refere os diferentes movimentos de libertação associados à África portuguesa, a existência da FLING e do PAIGC, o tecido económico colonial guineense centrado no Banco Nacional Ultramarino e na CUF. Depois refere os apoios do PAIGC, China, Marrocos, Cuba, Argélia e URSS e seus satélites. Descreve cuidadosamente o armamento de ambas as partes e revela que os MIG 17 estacionados em Conacri eram pilotados por nigerianos, havia a previsão, ainda sem data, de entrarem no conflito. Descreve a evolução da guerrilha e como Schulz foi incapaz de suster o ímpeto do PAIGC e de defender convenientemente as populações martirizadas pela guerrilha. Dá uma bela água-forte da cidade de Bissau dizendo que se assemelha a Bathurst, a capital da antiga colónia britânica da Gâmbia. Capta o pitoresco dos mercados, sente-se impressionado com a fortaleza da Amura, visita detalhadamente o aeroporto de Bissalanca, compara os preços em Bissau com os de Luanda ou Lourenço Marques.

Entrevista longamente o tenente-coronel Lemos Pires, este dá-lhe conta de como Spínola inspira confiança às populações, mostra-lhe no mapa onde estão os apoios do PAIGC tanto no Senegal como na Guiné-Conacri, a natureza dos apoios do PAIGC, onde estão as suas bases no interior, faz estimativas das populações que apoiam os guerrilheiros, das populações que preferiram fugir tanto para o Senegal como para a Guiné-Conacri, deteta durante a conversa que a colónia teve sempre uma escassa presença dos portugueses e considera que historicamente a colónia teve uma ínfima importância na política de Lisboa. Lemos Pires pareceu-lhe altamente informado, capaz de comentar a evolução estratégica de Cabral e como fora obrigado a grandes inflexões face às estratégias de Spínola.

E parte para a região Sul, quer conhecer com os seus próprios olhos a zona de guerrilha mais conflituosa. Refere o uso de garrafas de cerveja vazias como elemento dissuasor dos ataques diretos da guerrilha aos destacamentos, fala na pica e no seu papel de detetor de minas e descreve os aldeamentos. A visita começa em Gadamael. De Gadamael seguem para Cacine, toma nota do que dizem os letreiros, conversa com oficiais, vai ver o armamento e onde ele está implantado; e depois parte para Cameconde em coluna, regista cuidadosamente as conversas. E salta para a africanização da guerra, fala com oficiais dos comandos africanos, compara-os com os de outras regiões de África que ele conhece. Mostra curiosidade em saber os usos e costumes de fulas e balantas, até nota em que consiste o fanado de homens e mulheres. Inteira-se da forma como as tropas ocupam zonas que durante anos tinham estado sob o absoluto controlo do PAIGC, caso de Bissássema. De acordo com a sua descrição, o PAIGC age sem contemplações, intimida e aterroriza as populações, pretende o desmantelamento das vias económicas, como escreve: “The guerrilla offensive is directed not only against the Portuguese forces but also against unarmed civilians, the public services, lines of communication, transport, commerce, industry and agriculture – the warp and the woof of the economic, political and social order. Such operations as the rebels conduct against their enemy are directed to the attainment of greater freedom of action as regards the real objective – the destruction of the fabric of the nation. The guerrilla strategy is neither offensive nor defensive. It is evasive. For example in areas where it was felt government control was relatively weak, it went on the offensive, but that rarely happened. It was mostly a case of seeking out the soft spots and Bissassema, on account of difficult jungle terrain, was one of this, but only while the project was being developed. Once it was finished and had been settle the centre would easily be able to hold its own”. A seguir, descreve os patrulhamentos em torno dos quarteis e depois apresenta os contingentes do PAIGC.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9974: Notas de leitura (365): Guiné e Cabo Verde: elementos para a sua unidade (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P9992: Convívios (444): Convívios das CCAV 8350 “Piratas de Guileje” e CCAV 8352 “Águias Negras” (José Casimiro Carvalho)


 

1. O nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje”, (1972/74), enviou-nos algumas da festa que juntou duas companhias de cavalaria.

Convívios das CCAV 8350 & CCVA 8352


No passado dia 2 de Junho de 2012, decorreu em Pedronhe, em plena Serra do Caramulo o convívio que este ano, juntou duas companhias de cavalaria, a CCAV 8350 e CCAV 8352, cujo comandante foi o hoje civil, Capitão Miliciano Rui Pedro e Silva.

Foi um excelente encontro com muita “munição” comestível à mistura, música, fotos, etc.

Seguem-se algumas imagens que atestam bem a boa disposição e a alegria do pessoal presente, que ultrapassou a centena e meia de pessoas.  

 O pessoal das duas CCAV
 O pessoal da CCAV 8350
 O pessoal da CCAV 8352
 Alf Mil Nobre de Almeida, Cap Mil Pedro e Silva, Fur Mil José Bilhau, Major Coutinho e Lima (hoje Cor. reformado), Fur Mil Casimiro Carvalho e Alf Mil Pratas e Sousa

  Em cima: Alf Mil Pratas e Sousa e Alf Mil Nobre de Almeida. Em baixo: Cap Mil Pedro e Silva, Major Coutinho e Lima (hoje Cor. reformado), e Alf Mil Manuel Reis

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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

3 DE JUNHO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9990: Convívios (261): 24º Almoço-Convívio do pessoal do BCAÇ 2884 (José Firmino) 


domingo, 3 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9991: (Ex)citações (183): Comparandos os dois G, Guidaje e Guileje... (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

1. Comentário, de 31 de maio último, colocado por António Martins Matos no poste P9966:

Entrei para este blogue com o poste 3737, {em 14 de janeiro de 2009,] quando rebati o conteúdo do livro do Sr Maj Art Coutinho e Lima referente a Guileje.

Nessa data afirmei que, havendo apenas 6 pilotos de FIAT-G91 a acudirem aos pedidos de apoio de toda a Guiné, a comparação dos números de mortos e feridos em Guileje e Guidaje era, por si só, clarificadora do que efectivamente tinha ocorrido nesse período e de quem mais necessitava de apoio.

Com tantos escritos sobre Guileje, sempre fiquei à espera que, um dia, aparecessem os testemunhos sobre Guidaje, demorou mas finalmente...ei-los.

Mais uma vez volto às minhas convicções, os ataques ao Guileje destinavam-se apenas a tentar desviar as saídas da Força Aérea do Guidaje, o que em parte foi conseguido, visto que entre 19 e 21 de Maio a FAP foi obrigada a dividir o apoio, com 16 missões no Guidage e 14 em Guileje, 8 das quais no dia 21.

Em Guidaje travava-se uma batalha, em Guileje era mais... tiro ao alvo. Comparar os dois Gs, Guidage e Guileje, é um exercício de mau gosto, especialmente para quem andou por Ujeque, Cufeu e Genicó.

Mais uma vez e nunca me calarei, a minha homenagem a todos os que apoiaram o Guidaje, em especial os Paras da [CCP] 121.

Guiné 63/74 - P9990: Convívios (443): 24º Almoço-Convívio do pessoal do BCAÇ 2884 (José Firmino)


1. Por intermédio do nosso camarada Sousa de Castro, José Rodrigues Firmino (Ex-Soldado Atirador da Companhia de Caçadores 2585/BCAÇ 2884 Jolmete, 1969/1971) pede que seja publiquemos a notícia do Almoço/Convívio do seu BCAÇ 2884: 

24º Almoço convívio 
BCAÇ 2884 

Teve lugar no passado dia 26 de Maio de 2012 em FÁTIMA o XXIV almoço anual do Batalhão de Caçadores 2884 (MAIS ALTO). 

Composto pelas seguintes companhias: 2584 (CÓ), 2585 (Jolmete), 2586, e CCS (Pelundo) período entre 07 de Maio de 1969 a 02 de Março de 1971. 

Assim bem cedo com alguma ansiedade à mistura pois passados longos anos ou seja desde a nossa chegada que não via alguns ex. camaradas. 

Tais como ex. Furriel Cristo, ex. Furriel Pargana, Ex. Furriel Alves e Ex. Furriel Matias (Rodinhas), chegados FÁTIMA após apresentação revista e chamada, lugar à missa em memória dos camaradas já falecidos: segue-se o apanhar do trilho que nos levaria até ao Restaurante D.NUNO, primeiro contacto reconhecimento da zona surge o primeiro sinal de que algo estaria para acontecer, pois é verdade uma máquina com duas torneiras que após manejadas deitavam cá para fora assim um líquido de cor amarelada (cerveja) a outra uma cor mais escura (sangria) acompanhava um pouco de mancarra e segundo diziam por lá batata frita de milho, seguidamente e porque não havia tempo a perder pois os objetivos estavam traçados e a operação tinha de ser levada a cabo com êxito. 

Assim foi como planeado acontece manga de ronco mesas bem preenchidas os estômagos a necessitarem de algum aconchego sem muita demora olhando o que parava em cima das mesas quase desafiando os apetites, o confronto é mais que certo mais uma vez saímos vencedores pois tudo quando estava em cima das mesas sofreram um duro golpe, não satisfeitos desde águas poucas, mas sim vinho maduro tinto branco ao verde não faltando por aqui e ali muito mais variedade de bebidas. 

Porque o lema da nossa tropa é deixar o local de embate completamente limpo com o bornal já mais cheio, felizmente vitoriosos e ainda sem baixas, segue-se a ordem de comando para aquela que seria o aniquilar totalmente e mais uma vez com total êxito do final da operação ai já o inimigo não demonstrava qualquer reação, já bem sentados com a conversa passada em revista é servido o almoço que quer em qualidade e quantidade é de facto de realçar passando pelo pessoal de serviço, competente e simpático está de parabéns a organização bem assim o Restaurante D. Nuno as bebidas em abundância mas como o lema do nosso batalhão é (MAIS ALTO) também todos nos soubemos estar e sair com dignidade. 

Segue-se o bolo comemorativo, o champanhe mais uma ou outra foto para mais tarde recordar, missão cumprida inicia-se a debandada aos poucos com a certeza que vale a pena estar a partilhar aquilo que faz de nós verdadeiros amigos, parte final com a escolha do próximo local do que será o XXV almoço anual, desta vez no (Fundão) com votos de que todos nós possamos pelo menos ainda por cá andar. 

Aquele abraço ao Pinto da Cota esteve impecável na organização. 

De minha parte um até sempre Firmino (Régua). 


CCAÇ 2586 e CCS > Pelundo

CCAÇ 2584 > Có 
CCAÇ 2585  
Pargana, Firmino, Cristo, Pascoal e Alves. 

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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P9989: Convívios (442): 6º Encontro-Convívio do pessoal das seguintes unidades: CART 2714; CART 2715; CART 2716; CCAÇ 12 / CCAÇ 2590; PEL CAÇ NAT 52; PEL CAÇ NAT 54; PEL CAÇ NAT 63; PEL REC DAIMLER 2206; PEL REC DAIMLER 3085; PIAD 2189; PIAD 3050; PEL MORT 2106; PEL MORT 2268; 20º PEL ART – GA 7 e PEL ENG do BENG 447 (Benjamim Durães)



1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72), solicita-nos a divulgação do próximo convívio anual das seguintes unidades: 



6º ENCONTRO-CONVÍVIO
GUIMARÃES - 23 de Junho de 2012

Camarada de armas e Amigo, 



O 6º ENCONTRO-CONVÍVIO da CCS do BART 2917, extensivo a familiares, amigos e às unidades militares que estiveram sob o comando do BART 2917, entre Maio de 1970 e Fevereiro de 1972, designadamente a CART 2714; CART 2715; CART 2716; CCAÇ 12 / CCAÇ 2590; PEL CAÇ NAT 52; PEL CAÇ NAT 54; PEL CAÇ NAT 63; PEL REC DAIMLER 2206; PEL REC DAIMLER 3085; PIAD 2189; PIAD 3050; PEL MORT 2106; PEL MORT 2268; 20º PEL ART – GA 7 e PEL ENG do BENG 447 (este destacado no cais de Bambadinca), realiza-se este ano na cidade de Guimarães no próximo dia 23 DE JUNHO DE 2012. 

A concentração está marcada para a Penha a partir das 09,00 horas e a deslocação para o “Restaurante da Montanha” sito na Estrada Nacional 101-2, na Penha será por volta das 12,30 horas. 

O custo deste nosso 6º Encontro-Convívio é de 37,00 Euros por adulto e de 20,00 Euros por crianças. 


A inscrição deverá ser efectuada até 14 de Junho, para:
  • BENJAMIM DURÃES 
  • RUA AUGUSTO CARDOSO, Nº 6 – 1º 
  • 2900-255 SETÚBAL 
  • Telemóvel – 93 93 93 315. 
Para pernoitar sugerimos: 

HOTEL IBIS 
Avenida Conde Margeride, nº 12 – Creixomil 
4810-537 GUIMARÃES 
Telefone – 253 424 900 
Preço – 42,00 euros sem pequeno almoço 

HOTEL FUNDADOR 
Avenida D. Afonso Henriques, nº 740 
4810-912 GUIMARÃES 
Telefone – 253 422 640

HOTEL GUIMARÃES 
Rua Eduardo Manuel de Almeida 
4810-911 GUIMARÃES 
Telefone - 253 424 800 
Contactar D. Ana Costa (Departamento Comercial) da parte de Manuel Ribeiro “Pechincha” 
Preço – quarto single – 65,00 Euros com pequeno almoço 
Preço – quarto duplo – 70,00 Euros com pequeno almoço 

HOTEL DA PENHA 
(17 quartos de 3ª categoria) 
Rua Nossa Senhora da Penha 
Costa / Guimarães 
4810-038 GUIMARÃES 
Telefone – 253 414 245 

A Organização está este ano a cargo de 

- Benjamim Durães 
- E-Mail - duraes2900@hotmail.com
– Telemóvel 93 93 93 315 

- Manuel Ribeiro “Pechincha” 
– Telemóvel 96 549 58 14 
- Telefone 253 522 087, e 

- Mário Teixeira “Sacristão” 
- E-Mail – mario.augusto@petrotec.pt
– Telemóvel 96 761 50 92. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P9988: Tabanca de Matosinhos: Instalações Renovadas (José Teixeira)





1. O nosso Camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena e do Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), enviou-nos a seguinte Mensagem com: 


Caríssimos editores. 

A tabanca de Matosinhos solicita o favor colocarem no blogue a informação que segue sobre as novas instalações do Milho Rei. 

A TABANCA DE MATOSINHOS TEM INSTALAÇÕES RENOVADAS 

Nos anos de 2004 e 2005 eclodiram dois fenómenos estranhos nas relações entre os antigos combatentes da Guiné. 

Em 2004, quando  o Luís Graç lança o Blogue Fora Nada (entretanto rebaptizado tLuís Graça e Camaradas da Guiné), logo surge uma avalanche de combatentes a escrever,  contando as suas vivências. Assim libertavam as tensões acumuladas anos e anos seguidos que tanto os faziam sofrer. Por outro lado começaram a contribuir para a construção da realidade histórica dessa malfada guerra. O avolumar de documentos escritos,  acompanhados de fotografias no terreno,  tem sido tão grande que o "fora nada" rapidamente se esgotou (800 postes), dando lugar ao "fora nada e vão três" atual (já com cerca de 10 mil postes), sendo o pessoal da Tabanca Grande mais de meio milhar (cerca de 560). 

Talvez seja tempo de juntar,  a este, o velhinho "fora nada" pois o que lá está escrito tem tanto valor como o que vai sendo contado e vivenciado no "Fora nada e vão três".

Em 2005, surgiu do nada a ideia da tertúlia de Matosinhos, ou melhor, de uma sardinhada semanal a três compinchas que assim solidificavam uma nova amizade criada a partir de uma viagem de saudade à Guiné. 


Fenómeno estranho que merece ser estudado. Ou... talvez uma necessidade de os combatentes se redescobrirem, comunicarem pessoalmente, contarem e vivenciarem de novo as suas aventuras desventuras, sofrimentos e alegrias. O certo é que o grupo começou a crescer, a crescer... do mesmo modo como o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 

Ao fim de algum tempo alguém teve a feliz ideia de batizar este grupo. que já ia nos 15 comensais em média por semana,  como TABANCA PEQUENA DE MATOSINHOS. 

Foi crescendo ao ponto de ter de mudar de poiso, dado que as instalações do restaurante, junto ao porto de Leeixões se tornaram exíguas. Não foi fácil localizar um restaurante com condições de acolhimento para tanta gente, que transforma semanalmente a sala num refeitório barulhento com tantos magalas. 

O Restaurante Milho Rei, na Avenida Heróis de França (dizem que a Câmara Municipal de Matosinhos está a pensar seriamente em alterar o nome para Avenida Heróis da Guiné) foi o escolhido.  e em boa hora. 

Uma sala com as condições ideais para esta gente que não se conhecia de lado nenhum. Apenas nos une um factor comum - Vivemos a Guerra Colonial na Guiné - mas que, logo depois de uns segundos de apresentação, parece que já somos velhos amigos. Tantas picadas trilhadas em tempos diferentes, tantas aventuras vivenciadas nos mesmos locais, tantas pessoas nativas com quem partilhamos... e assim se inicia uma amizade talvez diferente das habituais, solidificada com o recordar de velhos tempos, no meio do sabor de uma sardinha ou de um copo de tinto. 

Outro fenómeno está a surgir. Pequenos grupos que se encontram à quarta-feira no Milho Rei e aí organizam outros tipos de convívios a pretexto de um bom petisco algures ou uma boa pinga, um passeio, ou visita turística, etc. "As Tabanquinhas" 

Daqui a ideia progrediu. Hoje há tabancas por esse país fora. Os motivos variam, pese embora estejam de algum modo centradas no petisco e na convivência sadia. 

Ultimamente surgiram as Tabancas no Facebook- Outra forma de comunicar e unir combatentes - Por terras ou regiões, por especialidades, por companhias ou outras motivações, certo é que este fenómeno, o mais recente está em crescimento. 

Ouso afirmar, com risco de "levar na tabuleta" que a culpa é do Luís Graça e da Tabanca de Matosinhos. 

O Sr. Silvério, proprietário do Restaurante Milho Rei, entendeu que os tabanqueiros mereciam melhores condições para celebrarem a sua festa à quarta-feira. Vai daí toca a mandar-nos embora por uns tempos (diga-se de passagem que fomos muito bem acolhidos no Restaurante do Centro Hípico do Porto) e toca a fazer obras. 

Ficou bonito e acolhedor o nosso poiso semanal e a petiscada é convidativa como sempre. 

Estão a chegar as sardinhas. Vamos a elas! 

O Sr. Silvério não sabe onde se meteu. Com as condições que nos proporcionou corre o risco de a procura por parte de combatentes na Guiné ser tão elevada que tenhamos de mudar novamente de poiso. 

Juntamos algumas fotos para apreciação dos bloguistas e deixamos um convite, venham até à tabanca de Matosinhos. 

Zé Teixeira

Guiné 63/74 - P9987: Ser solidário (129): Carlos Schwarz da Silva, Pepito, nosso amigo, grande guineense e ainda melhor ser humano, precisa do nosso apoio, nesta hora difícil: mandem-lhe um mail para o endereço adbissau.ad@gmail.com (Luís Graça)




Vídeo: 10' 01'' > Cortesia de RTP2 / Maria João Guardão (2011)... Disponível na conta You Tube > NEAUNL - Núcleo de Estudantes Africanos da Universidade Nova de Lisboa


1. Carlos Schwarz da Silva, mais conhecido por (i) Schwarz, entre os amigos portugueses quando era estudante do ISA - Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, antes do 25 de abril de 1974, e (ii) Pepito, para os guineenses, seus compatriotas...  


Foi uma das vinte personalidades escolhidas pela realizadora do programa "Eu Sou África", Maria João Guardão, para ilustrar a ideia de que a África, a África dorida e sofrida de ontem e de hoje, é um continente de esperança e de futuro. O programa, em dez episódios, passou na RTP2, e na RTP África, o ano passado (*).  Na altura, a 9/4/2011, a realizadora do programa, Maria João Guardão, mandou-nos uma sinopse do vídeo, com a seguinte mensagem:


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Caro Luis Graça, sou realizadora de uma serie documental - EU SOU AFRICA - , cujo último episódio se mostra hoje na RTP2, 19h. Sucede que este último episódio se fez com e à volta de Carlos Schwarz da Silva, Pepito, e dos seus. E sucede ainda que a primeira vez que li a história da vida dele foi no auto-retrato publicado na sua Tabanca. Portanto, este email - info + agradecimentos - segue com um enorme atraso (ainda pior porque me encontro fora de Portugal e com acesso limitado à Net) mas, espero, ainda a tempo - metade da serie passará ainda na RTP África, tem acesso à lista de exibição nos links que seguem com o att.  Obrigada e até sempre, Maria João. 
Maria João Guardão
DESMEDIDA Filmes
Rua Bernardim Ribeiro 63, 5D
1150-069 Lisboa.

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Pepito (10º episódio) e A
ugusta Henriques (2º episódio) representam, de alma e coração, a Guiné-Bissau, o melhor da Guiné-Bissau. São dois guineenses que honram a sua pátria, e orgulham o seu povo. São de origem portuguesa, ou têm ADN português. E foram escolhidos justamente porque "trazem esperança ao seu país". 


No caso concreto do Pepito, que nos honra com a sua amizade, e que é nosso grã-tabanqueiro de longa data (desde finais de 2005), é além disso um  ser humano de grande verticalidade e um cidadão de grande coragem, física e moral, por cuja vida, liberdade  e segurança, temos mais do que uma vez temido, nós os  seus amigos, muitos dos quais aqui representados na Tabanca Grande.

Estamos mais tranquilos depois do mail que nos mandou às 23h de ontem. Ele pelo menos tranquilizou-nos. Mas queremos assegurar-nos que a sua liberdade de circulação (dentro e fora do país), a sua integridade física e a continuidade do seu trabalho na AD não estão em causa:

"(...) Enquanto conselheiro da área produtiva do PM Carlos Gomes Junior, foi-me atribuido, como a todos os outros na mesma circunstância, um passaporte diplomático. Eles apenas me vão tirar esse passaporte. Já há uma semana que estava a tratar de renovar o meu ordinário, que é bom e chega para o que eu quero fazer".

De qualquer modo, mais uma vez, ele está a precisar do nosso apoio, da nossa solidariedade, ele que nunca regateou o apoio e a solidariedade aos que precisam, nomeadamente ao povo humilde da sua terra, às crianças, às mulheres e aos homens guineenses que beneficiam do trabalho da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento. É bom que ele saiba, ele, a sua família, os seus colaboradores,  mas também os seus compatriotas, na Guiné e na diáspora guineense, que os amigos são sempre para as ocasiões, sobretudo para as ocasiões mais difíceis. Felizmente que ele tem muitos amigos, aqui e em todo o mundo... Mesmo assim, e para comprovar isso mesmo, escrevan-lhe oara a nossa caixa de comentários e/ou mandem-lhe um mail, com uma pequena mensagem de amizade e/ou solidariedade... O endereço
é: adbissau.ad@gmail.com .


O vídeo que reproduzimos hoje (cortesia da RTP 2 e da  realizadora Maria João Guardão) foi visto por alguns de nós, na devida altura (*)... Ao tempo, a realizadora contactou-nos pedindo a sua divulgação através do nosso blogue. Mas muitos dos membros da nossa Tabanca Grande, e dos leitores que seguem o nosso blogue, de há um ano a esta parte, nunca viram  o vídeo, que passou no programa Eu Sou África , na RTP2, RTP África, RTP Internacional... Justifica-se, pois, a sua   incorporação neste poste (**), com a devida vénia ao produtor e ao realizadora, bem, como à RTP 2.


Como ele próprio o diz, logo no íncio do vídeo, o Pepito nasceu em 1949 na "maternidade Simão Mendes", em Bissau, onde 30 anos depois nasceria a sua  filha mais nova. Ele é casado com a portuguesa Isabel Levy Ribeiro, sendo ambos engenheiros agrónomos.


Em 1949 o hospital principal de Bissau teria seguramente outro nome. (Como é sabido, Simão Mendes é nome de um enfermeiro que morreu ao serviço do PAIGC, durante a guerra colonial). Mas esse pormenor é agora de somenos importância.


Na altura os pais do Pepito, Artur Augusto da Silva, já falecido (em 1983)  e Clara Schwarz (a decana do nosso blogue), estavam na Guiné há 2 anos... Os seus avós paternos eram de Farim. Os maternos eram, o avô, polaco, e a avó, russa, ambos de origem judia...O resto da história deste homem, de grande generosidade e humanidade, é contada em 10 minutos neste vídeo... Leia-se, em complemento, a informação a seguir recolhida, há um ano atrás, no sítio da RTP sobre este programa (Eu Sou África, RTP2, 2011).

Para ele vai, daqui de Lisboa, para ele, família e colaboradores mais próximos, um abraço solidário do tamanho do Rio Geba e do Rio Tejo juntos!... Temos orgulho em ti, Pepito!... E parafraseando Italo Calvino, lembraremos aqui aos ditadores e aprendizes de ditadores no mundo que "não é a voz que a dirige a história, mas sim o ouvido"... Não é a voz dos que gritam mais alto, porque têm momentaneamente o poder de comando, mas sim o ouvido daqueles que tendem a ser tratados como a maioria silenciosa... E já lá vai o tempo em que os ditadores morriam tranquilamente na cama e iam para o céu... LG

2. RTP / RTP2 > A história de 10 pessoas contada em episódios


Género: Documentário
Ficha Técnica: Produção: Vitrimedia: Realização: Maria João Guardão

Eu Sou África é uma série documental de 10 episódios, dois por cada um dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. 

Cada um dos filmes desta série retrata a vida e a obra de um(a) africano(a) implicado(a) na história e no desenvolvimento social, político e cultural do país onde nasceu. Eu Sou África revela dez heróis desconhecidos do grande público e desfaz os lugares comuns depreciativos da realidade dos PALOP.

Na diversidade das suas experiências e reflexões, o que estes dez africanos dão a ver é a emergência de uma nova África de língua portuguesa – um lugar em que a esperança tem toda a razão de ser. O último episódio é dedicado à Guiné-Bissau e a um dos seus filhos, co-fundador e director executivo da ONG AD- Acção para o Desenvolvimento.

Carlos Schwarz da Silva [Pepito]

Carlos Schwarz da Silva, guineense nascido em [Bissau], em 1949, só exerceu o nome enquanto se fazia engenheiro agrónomo em Lisboa, ao mesmo tempo que se diplomava na luta estudantil contra a ditadura. Na Guiné Bissau, todos o conhecem como Pepito, lutador incansável contra as más práticas de Estado, mas sobretudo contra a fome, pela cidadania e pelo desenvolvimento.

Fundador do pioneiro DEPA (Departamento de Experimentação e Pesquisa Agrícola) e da ONG Ação para o Desenvolvimento (AD), deputado, neto de polacos que sobreviveram ao Gueto de Varsóvia, filho de um jurista nacionalista preso pela PIDE, pai de 3 filhos, avô de 2 netos, Pepito é, nas palavras dos anciãos balantas, um homem grande.

Testemunha o 25 de Abril frente ao quartel do Carmo, com a mulher, Isabel Lévy Ribeiro, e juntos regressam a Bissau, determinados a viver intensamente o tempo histórico que lhes coube. Com 25 anos e um diploma na mão, Pepito sabe principalmente que quer mobilizar as pessoas para a acção, mesmo que isso signifique recomeçar inúmeras vezes do zero. Ele e os seus recomeçaram sempre.

A viagem que fazemos, de Bissau à Floresta de Cantanhez – dois dos pólos de acção da AD – , é uma travessia pela sabedoria de um país repleto de singularidades. “A Guiné Bissau tem trinta e duas etnias: são trinta e duas maneiras de pensar diferente, de dançar diferente, de fazer cultura diferente, de filosofias de vida diferentes. É uma riqueza extraordinária se todas forem consideradas elementos que potenciam a união”.

São estes saberes que Pepito privilegia – contrariando leis ou métodos impostos pelo exterior –nas reuniões com os mais velhos, na festa com os mais novos, nas conversas com mulheres e homens de experiências variadas, muitos dos quais ousaram seguir as práticas informais e eficazes que a equipa do engenheiro agrónomo foi pesquisando e testando, um projecto que se declina na agricultura e no eco-turismo, mas também nas Escolas de Verificação Ambiental, nas televisões e rádios comunitárias. Nas tabancas do sul, no antigo quartel de Guiledge – marco crucial da luta pela independência, memória viva -, em Quelélé, o que está em marcha é a luta contínua pela cidadania e por condições de vida dignas para os guineenses. 



(Com a devida vénia à RTP / RTP 2)


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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 4 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8049: Agenda Cultural (114): Eu sou África, um documentário dedicado ao Cantanhez, à AD - Acção para o Desenvolvimento e a um homem especial, o nosso amigo Pepito, na RTP2, 9 de Abril, sábado, 19h00

(**) Último poste da série > 2 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9982: Ser solidário (128): O contentor da ONG Ajuda Amiga finalmente desalfandegado, aberto e distribuido o seu conteúdo (Carlos Silva / Carlos Fortunato)

Guiné 63/74 - P9986: Parabéns a você (430): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Guiné, 1968/70)

Para aceder aos postes do nosso camarada António Azevedo Rodrigues, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9979: Parabéns a você (426): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp da 2.ª CART/BART 6523 e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil da CCAÇ 3566

sábado, 2 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P9985: Cartas do meu avô (7): Quarta carta: regresso à metrópole, 4 dias depois da inauguração da Ponte Salazar (J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)





Lisboa > 29 de maio de 2012 > Ponte sobre o Rio Tejo >  Iniciada a sua construção em 5 de novembro de 1962, foi inaugurada em 6 de agosto de 1966... 

Foto: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados.


A. Continuação da publicação da série Cartas do meu avô, da autoria do nosso camarigo Joaquim Luís Mendes Gomes, membro do nosso blogue, jurista, reformado da Caixa Geral de Depósitos, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins de Catió, que esteve na região de Tombali (Cachil e Catió) e em Bissau, nos anos de 1964/66.

As cartas, num total de 13, foram escritas em Berlim, entre 5 de março e 5 de abril de 2012. (*)


B. QUARTA CARTA > REGRESSO AO CONTINENTE


 I – A Ponte de Salazar

Quando partimos para a Guiné, em Agosto de 1963, do Niassa que nos levava, viam-se as obras de construção da ponte.

Não havia ainda tabuleiros. Só os pilares estavam cravados ao chão.

Vimos que, como num tear, uma aranha gigante passava o santo dia, feita maluca, dum lado para o outro do rio, lá nas alturas dos pilares, a desfiar uma linha de aço que ia tecendo e engrossando um dos cabos, suportes da ponte.


Quando estávamos para embarcar, em Bissau, corria a notícia de que a ponte estava pronta e iria proceder-se à sua inauguração.

Nada melhor que um batalhão a desfilar para assinalar esse feito. Dizia o boato. E dizia mais: Que seria aproveitada a nossa participação. A chegada do nosso paquete, - o Uíge – a Lisboa, estava prevista para o dia seis de Agosto.

Seriam dois quilómetros ou mais para palmilhar, um sacrifício nada de menosprezar… mas a vontade de regressar era tão forte que tudo se suportaria.Não sei porque razão. Só chegámos ao Tejo a dez de Agosto e aí soubemos que a inauguração já se tinha realizado. (**)

Por isso, apenas haveria o desembarque no mesmo Cais da Rocha. Seguir-se-ia a marcha do batalhão frente à tribuna dos Chefes Militares, ali mesmo, frente à gare marítima e depois, era o regressar a quartéis.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 29 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9959: Cartas do meu avô (6): Terceira Carta - Em Bissau (J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66)


(**) Ponte sobre o Tejo (designação oficial), também conhecida anteriormente por Ponte Salazar, e  hoje, Ponte  25 de Abril > Dados recolhidos na Wikipédia:

Via >  A2 / IP7 e Linha do Sul
Cruza >  Rio Tejo
Localização  > Lisboa, Portugal
Design  > Ponte suspensa
Maior vão livre >  1 012,88 m
Comprimento total  > 2 277,64 m
Altura máxima  > 70 m (vão)
Início da construção >  5 de Novembro de 1962
Término da construção >  1966
Data de abertura >  6 de Agosto de 1966

Guiné 63/74 - P9984: Parabéns a você (429): Agradecimento e retribuição (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 01 de Maio de 2012:

Queridos amigos,
Estou profundamente reconhecido a todos aqueles que se lembraram de mim no meu aniversário e que me enviaram mensagens por diferentes proveniências*. A vossa amizade toca-me muito, o blogue, nos últimos 6 anos, tem sido um griot, uma trombeta, uma permanente fonte de inspiração e de aprendizagem.
Há camaradas que me vão enviando livros, a todos estou em dívida, o que posso fazer, e procuro fazê-lo com todo o rigor, é continuar a ler estas obras e a divulgá-las. Bem hajam por tanta gentileza.

E se me deram prendas retribuo com um pequenino texto de "A Viagem do Tangomau", um dos momentos mais hilariantes que vivi em Missirá, deu para entender que aquela população queria que eu tivesse âncoras no Cuor, para toda a vida. Só que esta vida dá muitas voltas e a âncora, a paixão pelo Cuor, tornou-se inextinguível por outros meios.

Recebam o reconhecimento do
Mário


Quando Mussá Mané propôs uma esposa ao Tangomau 

O Tangomau parece ter conseguido um relativo equilíbrio na sua aprendizagem na gestão de um quartel em tempo de guerra, no saber lidar com os problemas da população civil e na obtenção de confiança com os seus subordinados, simultaneamente consegue ter algum tempo para ler, ouvir música e escrever. Dirá mesmo num aerograma que tem horas de intensa laboração e que não se está a dar mal com o facto de um comandante viver as penas da solidão. Tem alguns pequenos problemas de saúde, é certo, os pés inchados, o dorso com líquen, sente-se mal alimentado, começa a doer-lhe o joelho direito, que aquele onde ele sofre de uma exostose, sente os ouvidos a supurar, não tem ilusões que aquela água infecta onde se lava é um verdadeiro atentado e um ninho de infeções.

E é nisto que Mussá Mané, chefe de tabanca de Missirá, num fim de tarde, lhe pede audiência para lhe propor uma noiva. Foi um acontecimento inolvidável, como se descreve.

As reuniões com o chefe de tabanca eram profundamente pragmáticas, para evitar equívocos na comunicação Mussá fazia-se acompanhar de um dos cabos guineenses, de preferência Zé Pereira, falava-se da falta crónica de arroz, ao princípio Mussá pedia uma coluna de reabastecimento para o dia seguinte, cedo percebeu que não valia a pena pôr a faca ao peito, colunas com viaturas era um acontecimento imprevisível, o Tangomau estudara em Mafra que não se diz a ninguém que se vai sair, é a única maneira de ter sempre o inimigo incapaz de jogar totalmente a seu favor com os planos de uma emboscada; aliás, os próprios picadores e os condutores de Unimog são informados com uma hora de antecedência, já sabem que não vale a pena barafustar, o nosso alferes procura não dar abébias para que a gente de Madina esteja de sobreaviso.

Ora naquela tarde, através de Ieró Candé (que já anunciou que vai casar e pediu férias para se ausentar 15 dias até Nova Lamego), Mussá pede uma conversa a sós, a reunião é prontamente concedida. Mussá devia ter uma doença de pele, tinha enormes manchas brancas que não estorvavam um sorriso doce e uma postura delicada. Entrou na morança, sentou-se, Umaru Baldé, o cozinheiro, trouxe um chá, enquanto beberricava com sorvos ruidosos, Mussá vinha lembrar a nosso alferes que não devia estar só, um homem precisa de uma mulher, alguém que lhe cuide da roupa e arrume devidamente os cómodos. Aturdido, nosso alferes não percebia a direção da conversa, Mussá referia que as meninas casadoiras tinham noivos ou estavam prometidas, nosso alferes teria de desculpar a seleção de noiva era muito restrita, na reunião entre homens grandes, a família do régulo e o próprio padre o assunto fora ventilado, até se consultara o responsável balanta de Finete, nosso alferes já era muito estimado, mais uma razão para ter uma companheira, pelo que todos eles após uma larga cogitação lhe vinham propor, e mais uma vez se pedia a nosso alferes que tivesse em conta os usos e costumes da terra, que aceitasse a viúva Nali Indjai, uma viúva de 23 anos, mãe de dois filhos, não procurada por homem algum.

Estupefacto por tal proposta, nosso alferes não sabia exatamente bem o que responder, tinha a garganta seca e temia uma resposta destemperada. Sabendo que era completamente errado propor uma longa meditação antes de responder ou, pelo contrário, refutar secamente, ocorreu-lhe dar a explicação que os cristãos só têm uma mulher, que ele pensava vir casar com aquela senhora da fotografia, ali em cima da secretária, mas que a maior dificuldade que se punha para aceitar tão honroso convite, uma dificuldade inultrapassável, e que convinha que Mussá a tivesse devidamente em conta, é que havia mais sete brancos em Missirá, o que pensariam estes homens se soubessem que o seu comandante tinha casado com Nali, mesmo que tivesse pago por ela três ou quatro vacas, a adornasse com prata e lhe desse lindos e vistosos panos, à altura de mulher de fama e fortuna, e para eles nada.

Mussá abanava a cabeça, um homem não deve estar só, além disso aquela cama era enorme, se ele aceitasse Nali, quem sabe, talvez não voltasse para a terra dos brancos, ali em Missirá já se percebera bem que nosso alferes se habituara às dificuldades e gostava da natureza. E estávamos neste impasse nas insistências e nas escusas, diga-se de passagem num derriço de linguagem, tudo próprio de gente bem comportada, é nisto que é anunciado o jantar, na mesma altura em que o furriel Ferreira veio pedir assentimento para a escala de serviço, apareceu o Teixeira das Transmissões com uma mensagem urgente e Ieró Candé veio recordar que pelo menos 4 soldados aguardavam ser recebidos com os sempiternos problemas de adiantamento de dinheiro.

Ambos de pé, nosso alferes agradeceu muito os cuidados com a sua vida afectiva, até admitiu voltar a falar do assunto, mas o discurso era tão determinante e o agradecimento tão afiado que foi assunto que nunca mais voltou à baila.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9967: Parabéns a você (425): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1970/72)

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9979: Parabéns a você (426): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp da 2.ª CART/BART 6523 e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil da CCAÇ 3566

Guiné 63/74 - P9983: Contraponto (Alberto Branquinho) (45): Fogo de rajada com... morteiro

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 31 de Maio de 2012 com mais um dos seus Contrapontos.

Caro Carlos Vinhal
Junto vai o texto para o CONTRAPONTO (45), que espero incluir no próximo "Última CAMBANÇA".

Um abraço do
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (45)

FOGO DE RAJADA COM… MORTEIRO

No Porto, chamavam “Ver-a-lista” aos homens e rapazes, habitualmente aleijados ou diminuídos mentais, que andavam pelas ruas vendendo lotaria. Por exemplo, alguém que estivesse sentado numa esplanada, ao avistar um vendedor de jogo, chamava:
- Ó Ver-a-lista!

O homem aproximava-se, exibindo a lista da última extracção e, também, o jogo que tinha para vender.

Apresentou-se na Companhia, ainda em formação e antes do embarque, um rapaz cuja cara parecia uma caricatura. Olhos esbugalhados e assustados, nariz estreito, anguloso e projectado para a frente, quase ausência de malares, queixo pontiagudo e com a bochecha direita perfurada por uma fístula. Verificou-se mais tarde que era provocada pela infecção de um dente, que foi tratada. Parecia ter sido arrancado de um quadro de Hieronymus Bosch.

Pois este rapaz, depois da observação sagaz e agressiva, que era habitual no meio militar, passou a ser chamado de “Ver-a-lista”.

Assustado, olhando em volta, chegou-se à porta do espaço onde funcionava a secretaria, parou e grunhiu qualquer coisa. O sargento, que não era propriamente uma pessoa suave e de trato fácil, berrou-lhe:
- Que é que queres, ó rapaz?

Ele estendeu a mão, mostrando os papéis de apresentação. O sargento agarrou neles, olhou-o atentamente e fez-lhe algumas perguntas. Pela postura e pelo aspecto, constatou que devia ter um atraso mental.

- Qual é a tua especialidade?
- Atirador… de… de… morteiro.
- Espera aí.

O sargento bateu na porta ao lado.
- Meu capitão, dá licença?

Entrou. Pouco depois chamou o rapaz, que entrou no gabinete do capitão.
- Então não cumprimentas o nosso capitão?

Ele tropeçou bota contra bota, desequilibrou-se. O sargento amparou-o. O rapaz estendeu a mão para cumprimentar o capitão e o sargento berrou-lhe:
- Cumprimento militar!
- Deixe lá, nosso sargento. Então, ouve lá rapaz. Disseste ao nosso sargento que és atirador de morteiro. É verdade?

O rapaz olhou o sargento com olhos assustados, olhou o capitão, olhou para as botas e, passado algum tempo, voltou a olhar o capitão e respondeu:
- Xim, xenhora!
- Então como é que fazes fogo com o morteiro?

Ele levantou ambas as mãos à altura do ombro direito, como quem segura uma arma e respondeu:
- Tá… ta…rá…tá…tá. PUM!!!
- Está bem. Podes ir embora.

Saiu.
- Nosso sargento, vamos aproveitar o rapaz nos trabalhos de limpezas e outros afins.

(Nesses tempos aconteciam situações semelhantes. Havia que aproveitar todos os homens e, em caso de menos cuidado: “Apurado para todo o serviço militar”).

Depois de passar a curiosidade e, até, espanto pela presença daquele militar bizarro (até a marchar era diferente, pois, para além de não conseguir acertar o passo, marchava como se estivesse a pisar uvas), passou a ser protegido, pelo menos por alguns.

Ao receber o pagamento do pré, olhava espantado o sargento que lhe entregava o dinheiro – então, tinha cama, mesa e… (roupa lavada não, porque era ele que a “lavava”) e ainda lhe pagavam?

- Então, Ver-a-lista, disseram-me que fazes fogo de rajada com o morteiro?
- Xim, xenhora!

Na Guiné, com o decorrer do tempo e com o crescer da agressividade entre os homens, criou um instinto de defesa, principalmente com os que não eram da Companhia.

- Ó Ver-a-lista tu sabes escrever?
- Xei calquer coijita.
- Tu não recebes correio. Não escreves à família?
- Nã, xenhora.
- Queres que eu escreva ou que te ajude?
- Eles xabem munto bem ond’é q’eu estou.

Durante o primeiro ataque ao quartel, alguém lhe berrou:
- Corre pr’ó abrigo, Ver-a-lista!!!
- O quê?!
- Os gajos estão a atacar!
- E ós’póis? O qu’é qu’eu fiz de mal p’ra ter que fugir?

Teve que ser empurrado para dentro.

No final da comissão voltou para a aldeia, em Trás-os-Montes. Também ele estava ainda mais duro, como todos os outros, mas não estava marcado pela guerra. Terá, alguma vez, entendido a realidade dentro da qual viveu durante cerca de dois anos? Estava mais esperto e mais risonho, não só por voltar a casa, mas também devido à taleiga cheia de notas, amarrada à cintura.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9891: Contraponto (Alberto Branquinho) (44): Se estou grávido ou não, não sei, mas...

Guiné 63/74 - P9982: Ser solidário (128): O contentor da ONG Ajuda Amiga finalmente desalfandegado, aberto e distribuido o seu conteúdo (Carlos Silva / Carlos Fortunato)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Silva (ex-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), co-fundador e dirigente da ONGD Ajuda Amiga, com data de 30 de Maio de 2012:

Meus Caros Amigos
O contentor da Ajuda Amiga enviado em Janeiro foi hoje descarregado na Cooperação Portuguesa em Bissau.
Recebemos um mail do nosso amigo Pepito que nos enviou as fotos em anexo.
Podem inserir no Blogue as que bem entenderem e até pedir uma foto para o Pepito onde ele também figure na coordenação do descarregamento.
Segue também o texto do Carlos Fortunato.

Um abraço amigo
Carlos Silva






2. Texto de Carlos Fortunato

Foi hoje desalfandegado o nosso contentor com ajuda para a Guiné-Bissau. Finalmente!
O contentor estava retido no porto de Bissau por causa da paralização dos serviços governamentais e não só, devido ao golpe de estado que ocorreu no passado dia 12 de Abril.
A Embaixada de Portugal através dos Serviços da Cooperação Portuguesa, desenvolveu durante este tempo várias acções no sentido de resolver este assunto, mas só agora foi possível a sua resolução.
O nosso parceiro guineense, a ONG AD, foi um apoio fundamental na ajuda na abertura do contentor e na sua distribuição, esta acção ficou a cargo do seu Director Executivo o Engº. Carlos Schwarz (Pepito).
Outra preocupação que tínhamos era que este atraso nos colocava em risco os bens, pois iríamos fazer esta acção na época das chuvas (a partir de 15 de Maio podem existir fortes chuvadas), o que iria originar a destruição de grande parte dos bens, além de dificultar o envio dos bens para Farim, mas felizmente não choveu.
Os nossos grupos de voluntários guineenses e os seus coordenadores realizaram mais uma vez com empenho as acções de descarga, carga, transporte e entrega nos vários destinos.
Não foi possível aos membros da Ajuda Amiga acompanharem desta vez este processo, apesar de terem estado na Guiné-Bissau quase 3 semanas aguardando pelo desalfandegamento, mas a situação política indefinida e instável, obrigou ao seu regresso.

Fica aqui o nosso muito obrigado aos nossos sócios, doadores e voluntários que em Portugal e na Guiné-Bissau, que apesar das muitas dificuldades (financeiras, logísticas, políticas, etc.) surgidas este ano permitiram com o seu apoio, que mais uma vez conseguíssemos levar o mesmo o ajudaram a levar até ao fim, e este ano pelos problemas criados pela fraca produção de caju, e pela paragem dos serviços governamentais, esta pequena ajuda que enviámos tem uma importância ainda maior.

Carlos Fortunato
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9931: Ser solidário (127): Anabela Pires, voluntária da AD, de regresso a casa, depois das suas (des)venturas em Iemberém e em Dakar

Guiné 63/74 - P9981: Tabanca Grande (342): Manuel Joaquim Santos Carvalho, ex-Fur Mil da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845 (Jolmete, 1968/70)

1. Mensagem do nosso camarada, e agora tertuliano na efectividade de serviço, Manuel Joaquim Santos Carvalho* (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70), com data de 28 de Maio de 2012:

Caros Camaradas Luís e Carlos Vinhal
Apesar de só agora bater à porta da Tabanca, já há muito tempo que ando por aqui, a ver o que se vai escrevendo e até a fazer um ou outro comentário.

Talvez desde 2008 que foi quando juntamente com o meu irmão (o António Carvalho) que comecei a ir à Tabanca de Matosinhos, que tenho acompanhado tudo o que se passa à volta do blogue. Aprecio muito a vossa paciência o vosso bom censo e a vossa disponibilidade para gerir este espaço. O meu muito obrigado, porque este espaço é muito importante para todos nós combatentes da Guiné.

O motivo porque só agora me estou a apresentar é que não gosto muito de escrever e também lido muito mal com as tecnologias informáticas. Isto é tão verdade que já tenho feito algumas tentativas mas corre sempre alguma coisa mal. Muito recentemente estava a falar com um camarada da Companhia sobre o blogue, que até escreve muito bem para nos inscrever aos dois.

Bom posto isto vou começar por me apresentar.

- Sou o ex-Furriel Mil. Armas Pesadas de Inf. Manuel Joaquim Santos Carvalho, nasci e moro em Medas Gondomar, em 5 de Dezembro de 1945.
- Pertenci à CCAÇ 2366/BCAÇ 2845
- Sou casado, tenho 2 filhos e dois netos.
- Embarquei para a Guiné no Niassa em Maio de 1968, passamos diretamente para uma LDG e fizemos a viagem durante a noite para Teixeira Pinto onde chegamos pela manhã.

Cerca das 8 horas da manhã, na formatura de apresentação, acabados de por os pés em terras da Guiné sem mais qualquer instrução, mandam-me pegar na minha Secção e com seis milícias ir guardar a Ponte Alferes Nunes, perguntei onde era essa ponte disseram-me que os Milícias sabiam.

Durante a noite na LDG tinham distribuído uma G3 a cada um sem munições, pedi munições e mandaram-nos ir buscar à arrecadação. Seria moda naquele tempo porque lembro-me de o camarada Zé Belo que viajou também no Niassa contar que os largaram na margem do Cacheu de madrugada também com G3 sem munições.

Lembro-me também durante o IAO em Maio em Teixeira Pinto, fomos dormir ao Bachile para o Pelotão que lá estava ir a uma operação ou escolta ainda não havia luz elétrica.

Continuando, em Junho a Companhia foi para Jolmete e o meu Pelotão ficou no Pelundo.

Em Julho fomos também para Jolmete, com as tarefas de construir um quartel de raiz, de limpar a zona e sobreviver.

Com o decorrer do tempo e vendo os nossos resultados operacionais o nosso trabalho na construção do quartel, o General Spínola começou a dar-nos a entender que se continuássemos assim nos punha no fim da comissão numa zona boa e cumpriu, acabamos nos destacamentos de Quinhamel.

Em Abril de 70 regressamos também no Niassa. Estou a dizer regressamos mas, quando me falam em voltar à Guiné, eu digo que não porque acho que ainda estou lá.

Pois caros amigos já disse alguma coisa, um dia destes digo mais e espero ser aceite nesta família virtual que eu de certa maneira já vou acompanhando há uns tempos.

Um grande abraço
Manuel J Carvalho
CCaç 2366
Jolmete

Jolmete > Como não sei escrever tenho uma empresa que ensina a montar vacas

Jolmete > Na foto, a partir da esquerda: o Heitor do BENG, eu, o Mirandela, uma mulher grande e miúdos

Foto de Jolmete do tempo do Vigário e do Pe. Abel. Para o Manuel Resende e o Augusto Silva verem

Jolmete > Eu junto à Bandeira, vestido à Guinéu


2. Comentário de CV:

Caro camarada Manuel Carvalho, és mais um dos camaradas que já pertence à Tabanca Grande mesmo antes de entrar. És conhecido por muita da malta do nosso Blogue, principalmente do norte, que frequenta a Tabanca de Matosinhos. Se bem te lembrar, nós próprios nos conhecemos lá. Afinal esta promiscuidade tão saudável faz com que nos encontremos nas mais diversas situações e locais. Já agora um desafio, por que não apareceres no próximo Encontro Nacional da Tabanca Grande? Fazes uma vaquinha com o teu irmão António ou com algum dos camaradas que do Grande Porto se costumam deslocar a Monte Real. O teu "vizinho" Silva da CART 1689 esteve lá este ano acompanhado de sua esposa, e foi a oportunidade de eu os conhecer pessoalmente.

O não perceberes muito de informática não é desculpa para não participares no Blogue. Repara que mandaste um excelente texto, escrito directamente na mensagem, com as fotos e legendas como anexo. É um método simples e acessível. O não gostares de escrever é coisa que passa, escrevendo.

Acho que te disse tudo nesta primeira abordagem, ficando para o fim o envio do abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Sabes que fico por aqui ao teu dispor.
O camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8527: (Ex)citações (141): Já li e gostei muito do livro Catarse, do ex-capelão militar Abel Gonçalves (Manuel Carvalho, CCAÇ 2366, Jolmete, 1968/70)

Vd. último poste da série de 30 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9964: Tabanca Grande (341): Adriano Moreira (Admor), ex-Fur Mil Enf, CART 2412 (Bigene, Guidaje e Barro, 1968/70), grã-tabanqueiro n.º 560