quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10868: Memória dos lugares (202): Cacheu, Natal de 1964 (António Bastos)

1. Mensagem do nosso camarada António Bastos (ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), com data de 22 de Dezembro de 2012:

Boa noite a toda a tabanca , e Boas Festas.
Sou o Antonio Paulo ex-1º Cabo do Pelotão Caçadores 953.
Companheiro Carlos as fotos são da noite de Natal de 1964, no Cacheu e o edificio é o que mais tarde ficou para os Fuzileiros.

 Boas Festas para toda a Tabanca.
António Paulo.


De óculos o falecido Tenente Pombeiro nosso comandante. Em pé o nosso ex-Furriel Alexandre, de Aveiro. Ao centro o 1º Cabo Serrão.

O pessoal a fazer as filhoses

Já no refeitório onde se vê o piriquito que foi render o Tenente (Alferes Camilo)

 No Refeitório

A fritar as filhoses na cozinha, que era na rua

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10806: Memória dos lugares (201). Bambadinca e o seu fontenário de 1948 (José Carlos Lopes / Humberto Reis / Libério Lopes / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P10867: Parabéns a você (516): José Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 4745 (Guiné, 1972/74)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10849: Parabéns a você (515): A nossa amiga poetisa Felismina Costa

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10866: Do Ninho D'Águia até África (38): ...a guerra e o amor (Tony Borié)

1. Trigésimo oitavo episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177, desta vez dedicado a um desafortunado ex-combatente americano.


Do Ninho D'Águia até África (38)


...a guerra e o amor!

Na nossa linguagem de antigos combatentes, falamos de guerra, de pormenores, do comandante que às vezes tinha cara de comandante, do capitão que era mais comandante que o próprio comandante, do alferes e do furriel, que também eram comandantes, do soldado, que alguns comandantes pensavam que não serviam para mais nada, senão para receber ordens do comandante, do soldado Curvas, alto e refilão, que tinha algum desprezo pela vida, pois não tinha família, que a sua mãe abandonou em criança, e diziam que andava “na vida”, e revoltado, não acatava ordens e queria mandar e devia ser general, e portanto também devia de ser comandante, às vezes também falamos de coisas sem qualquer importância, até pensamos que está tudo dito com respeito à guerra que nós antigos combatentes vivemos, e quando se começa a ler um texto sobre este assunto, dizemos:
- Lá vem outra história de guerra, que eu já estou farto de saber!

Sim é verdade. E é verdade também que quem faz as guerras entre países, não é o povo, são os dirigentes desses países, o povo ama-se e compreende-se, e quer paz, um tecto para se abrigar, roupa para se agasalhar, trabalho, comida na mesa, a educação e o bem estar dos seus, mas os governos geram conflitos, contando sempre com apoio do povo, que formam os seus exércitos, para os defenderem.

E depois quem defende esse povo, que defendeu esses dirigentes, que tomando decisões, não muito acertadas, e apoiando-se sempre, nesse mesmo povo que queria a paz, um tecto para se abrigar, roupa para se agasalhar, trabalho, comida na mesa, a educação e o bem estar dos seus?
Simplesmente, ninguém.

Podemos escrever um milhão de páginas, que o resultado é sempre o mesmo, o povo luta e sofre.

E só para terminar, pois todos estamos fartos de falar de guerra, vejam as fotografias deste casal, onde este jovem do povo, que queria paz, um tecto para se abrigar, roupa para se agasalhar, trabalho, comida na mesa, a educação e bem estar dos seus, é agora um dos muitos sobreviventes e estropiados da guerra.

Perdeu as pernas e parte dos braços numa guerra que o Cifra não quer dizer, mas os amigos, antigos combatentes, quase já identificaram, pois sabem a procedência do texto, que representa o verdadeiro amor, o juntar de corações, a procura de partilhar paixões, desgostos e gostos da vida.

Ela carrega-o às costas para a praia, ajuda-o na sua reabilitação, o abraça com ar de felicidade, e lhe deu o “SIM” ao selar o seu casamento, pois ele é o seu amor, e não tem culpa de não ter parte dos braços nem pernas. Foi uma vítima de ter estado num momento menos feliz, num cenário de guerra, mas apesar de lhe terem destruído parte do corpo, tem uma coisa que ninguém lhe destruiu, nem tão pouco roubou, que é o seu coração!

Digam lá, não é bonito?
Bom ANO DE 2013 para todos, do Cifra amigo, e já agora sem guerras!










(Texto e ilustrações: © Tony Borié (2012). Direitos reservados) 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10844: Do Ninho D'Águia até África (37): Os Vinte Escudos da menina Teresa (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P10865: Agenda cultural (244): O nosso grã-tabanqueiro António Graça de Abreu vai dirigir um curso livre sobre a China de ontem e de hoje (1713-2013), no Museu do Oriente, em Lisboa, aos sábados de manhã, de janeiro a março de 2013



República Popular da China > Xangai > Março de 2011 > O António Graça de Abreu, nosso camarada e amigo, membro da nossa Tabanca Grande, é um grande especialista da história e da cultura chinesas. Vai dirigir, de janeiro a março de 2013, um curso livre sobre a China (1713-2013)... O curso vai realizar-se no Museu do Oriente, em Lisboa. Preço do curso: 100 €.  Ele sentir-se-ia muito honrado em ter, entre os participantes,  um de nós. Fica aqui o programa definitivo do curso, que eu acho aliciante. Há cinco séculos que os portugueses têm relações económicas, políticas e culturais com a China. Para mais informação, clicar aqui.

1. Mensagem, com data de 19 do corrente, do nosso camarada AGA:

Luis, caríssimo: Aqui segue o programa definitivo e final do meu próximo Curso. Peço-te o favor de também reencaminhares para a  malta toda do blogue. Gostava mesmo de ter uns camaradas da Guiné, agora por companheiros no desbravar da China.

A propósito, sabes quem disse isto?

"Nestas viagens da China, mais se ganha no furtado do que no ordenado." Foi o teu homónimo poeta Luis Vaz de Camões, em carta de Lisboa, cerca de 1550, in "Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões", Porto, Ed. Inova, 1972, pag. 92.

Claro que no furtado se ganha mais do que ordenado, se ganha mais do que a trabalhar honestamente. Sempre foi assim e continuará a ser.

Toda a amizade do,

António Graça de Abreu









terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10864: Efemérides (114): 22 de dezembro de 1971, partida para o CTIG do BART 3873, no N/M Niassa (António Bonito)

Niassa > Navio misto (carga e passageiros), de 1 hélice, construído em 1955, na Bélgica, registado no Porto de Lisboa, e abatido em 1979; com  mais de 151 metros de comprimento, tinha arqueação bruta de c. 10.700 toneladas, uma potência de 6.800 cavalos e uma velocidade normal de 16,2 nós. Dispunha dos seguintes alojamentos: 22 em primeira classe, e 300 em classe turística, num total de 322 passageiros. (Quando transportavam tropas, a sua lotação quadruplicava...). O número de tripulantes era de 132. Armador: Companhia Nacional de Navegação, Lisboa. Quantas viagens e quantas centenas de milhares de homens terá este navio, tão familiar para tantos de nós ? (LG)

Crédito fotográfico: Navios Mercantes Portugueses  (2004) (Foto aqui reproduzida com a devida vénia...)


1. Efeméride:  22 de Dezembro de 2012 fez 41 anos que o BART 3873, composto pelas CART 3492, Cart 3493, CART 3494 e a companhia independente CART 3521 zarpou de Lisboa rumo à Guiné, no N/M Niassa.

Mensagem recebida no dia 22 de Dezembro de 2012 do nosso amigo e camarada d’armas,  ex-Fur Mil António Bonito, da CART 3494, evocando precisamente o aniversário (41 anos) em que o BART 3873 zarpou de Lisboa com destino à Guiné.

 Boa tarde Companheiros

Acabei de chegar a casa vindo de Aveiro onde tenho familiares. Durante todo o dia o meu pensamento lembrava que a 22 de Dezembro de 1971 embarcámos no Niassa para a Guiné. Neste momento recordo, com saudade, todos os nossos Companheiros que partilharam aqueles tempos. 
Para todos um grande abraço, não esquecendo os amigos que já partiram, e que continuam nos nossos corações para sempre.

Um Santo Natal
António Bonito


[Comentário do editor:  O ex-Fur Mil António Sousa Bonito também passou pelo  Pel Caç N 52, que esteve no Mato Cão, com o Joaquim Mexia Alves...  Mas originalmente pertenceu à CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo (1971/74), companhia de que fez parte  ao nosso grã-tabanqueiro nº 2, o Sousa de Castro... O Bonito vive em Montemor-O-Velho.]


Guiné > Bissau > 29 de dezembro de 1971 > Chegada a Bissau do N/M  Niassa. Foto do álbum de António Sá Fernandes ex-Alf Mil CART 3521 e Pel Caç Nat 52, Guiné 1971/73.

Foto ©: António Sá Fernandes (2012).


2. A história da Unidade reza o seguinte [elementos recolhidos pelo Sousa de Castro]:

1. MOBILIZAÇÃO (…) 

- Despedida

A cerimónia de despedida constou da Missa celebrada pelo Capelão da Unidade no Mosteiro da Serra do Pilar; alocução de um Oficial Superior, representante do Exmo. Governador da Região Militar do Porto ao que se seguiu desfile das tropas em parada e almoço de confraternização na Messe dos Oficiais do RAP-2 (…)

3. DESLOCAMENTO PARA O CTIG 

(...) Vila Nova de Gaia – Lisboa

Com as cerimónias de despedida a 21 de dezembro (...),  o Batalhão de Artilharia 3873 deslocou-se a 22, por caminho-de-ferro, de Vila Nova de Gaia  para Lisboa (Santa Apolónia). Daqui viaturas militares transportaram-no para o cais de Alcântara, onde por volta do meio-dia, a bordo do N/M Niassa largou rumo à GUINÉ.

(...) Lisboa-Bissau-Bolama

Corridos 6 dias, atracou-se às vistas de Bissau e logo de seguida tomou-se uma LDG para BOLAMA. Desembarcaram no próprio dia a CCS, CART 3492 e CART 3493, enquanto ao outro dia desembarcaram as CART 3494 e 3521.

(...) Recepção

Em 2 de janeiro de 1972, pelas 11H00, Sua Exa. O Governador e Comandante-Chefe, General António de Spínola, passou revista às tropas em parada no CIM, acompanhado pelo Exmo Comandante do BART 3873, pronunciando então alocução.

Escutaram-se palavras de boas-vindas e exortação perante aos obstáculos a vencer. Sucedeu-se uma reunião de trabalhos com Oficiais e Sargentos em conjunto primeiro, separadamente depois.

(...)  Rumo aos destinos

Ultimado o período final da instrução, foi o Contingente conduzido, novamente em LDG até ao XIME, localidade onde aportou a 28 de janeiro de 1972. Ali repartiram-se as Companhias, em coluna-auto, pelos respectivos Aquartelamentos:

CCS – Bambadinca
CART 3492 – Xitole;
CART 3493 – Mansambo;
CART 3494 - Xime (...)
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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10852: Efemérides (113): Lembrando o ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (José António Viegas)

Guiné 63/74 - P10863: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (11): Mensagens de Natal da Tertúlia (4)

MENSAGENS DE NATAL DA TERTÚLIA (4)


Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, Mansabá e Olossato, 1968/70:

Para todos os amigos e ex-camaradas de armas,
FELIZ NATAL E OS NOSSOS MELHORES VOTOS PARA 2013

Francisco Henriques da Silva


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Mensagem do nosso camarada João Parreira, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER / COMANDO da CART 730 / BART 733 e do Grupo “Fantasmas”, Bissorã e Brá, 1964/66:

Caro amigo e camarada editor Luís Graça,
Votos de Santo Natal e Ano Novo em Paz, num curiosíssimo presépio feito de sal, existente na Mina de Sal-gema de Rio Maior.
Votos de Santo Natal e Ano Novo possível, pelo menos em Paz!

Com um abraço do
João Parreira


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Mensagem do nosso camarada e amigo Armor Pires Mota, ex-Alf Mil da CCAV 488/BCAV 490, Guiné, 1963/65:

Meu caro Amigo:
Obrigado pelo espaço dado ao meu conto. Foram generosos comigo. Era bom que o papagaio voasse naquelas terras da Guiné, nas brisas da esperança de um país melhor.

Agradeço-lhe os desejos de boas festas e retribuo em dobro a todos os tertulianos.
Um bom Natal e um 2013 o melhor possível, dentro das condicionantes que nos tolhem os sonhos e o futuro dos nossos filhos e netos.

Um abraço de apreço e gratidão.
Armor Pires Mota

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Mensagem do nosso Camarada Fernando Costa, ex-Fur Mil Trms da CCS/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, 1973/74:

Que o presépio que construí em minha casa, vos dê um Natal muito Feliz. Votos para todos os ex-combatentes da Guiné.
Fernando Costa




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Do nosso amigo Patrício Ribeiro, gerente da firma Impar de Bissau, recebemos este curioso postal de Boas Festas:


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Mensagem do nosso camarada Carlos Nery, ex-Cap Mil, Comandante da CCAÇ 2382, Buba, 1968 a 1970:

Caros camaradas e amigos,
Um abraço forte, desejos de o melhor Natal possível e de um ano de 2013 com trabalho gratificante!

 Carlos Nery

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Mensagem do nosso camarada José Colaço, ex-Soldado Trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65:

Agradeço a toda a equipa do blogue a paciência e o trabalho por vezes extenuante que teve ao longo do ano um feliz Natal e um 2013 novamente cheio de paciência para aguentar o trabalho e as burrices que por vezes enviamos para o blogue.

Um abraço a todos
José Colaço.

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Finalmente, do nosso camarada da primeira hora deste Blogue, Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, o seu Postal de Boas Festas


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Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira, ex-Fur Mil Art, CART 2412, Bigene - Guidage e Barro, 1968/70: 

Amigo e camarada Carlos.
Da maneira que isto está, as "festas" ainda não acabaram. Há sempre os atrasados.

Continuação de Boas Festas.
cumprim/jteix


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Mensagem da nossa amiga Felismina Costa:

Feliz Natal para o criador e editores do grande blogue "luísgraçaecamaradasdaguine"!
Que o Natal a terminar, tenha sido para todos alegre e Feliz.
Que tenham podido esquecer as coisas menos agradáveis e que estejam dispostos a continuar sem desânimo na grande e meritória tarefa a que se propuseram!

Obrigada pela vossa disponibilidade, pela vossa persistência, pelo vosso carisma.
Obrigada pelos conhecimentos que me tem proporcionado, tanto no conhecimento dessa realidade vivida por tantos de vós no passado, como pelas amizades feitas no presente.

Envio um abraço colectivo a todos quantos fazem deste "sítio," o sítio da amizade e de grandes valores humanos que vale a pena preservar.

Felismina mealha

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1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires, ex-Alf Mil, CMDT do 23.º Pel Art.ª, Gadamael, 1970/72:

Caro Luis,
É de gratidão, contigo e a tua equipe de editores, a minha mensagem de fim de ano.
Mais um ano de gigantescos trabalhos, resgatando as memórias e dando voz a uma geração, que deixou parte da sua juventude nas bolanhas da África Atlântica.

Os meus votos de um ano com bastante saúde e sorte para ti, equipa de editores e todos os abrigados à sombra desta GRANDE TABANCA, que espero continues regendo com a Maestria que te é peculiar.

Forte abraço
Vasco Pires

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Comentário de CV:

Cabe aqui e agora uma palavra de agradecimento aos camaradas que se nos dirigiram com os seus votos de Boas Festas e palavras elogiosas aos editores. Pela minha parte julgo ter respondido às largas dezenas de mensagens que me foram dirigidas particularmente, que como é lógico não tinham cabimento aqui. Optamos por publicar só as dirigidas ao Blogue e/ou à tertúlia.
Se aconteceu alguma falha, por favor interpretem como uma casualidade e não como uma premeditação.

A poucos dias da entrada de 2013, o tal ano que não será o pior das nossas vidas, esperamos continuar a trabalhar como até aqui. Como dizem alguns camaradas, o nosso Blogue é uma espécie de jornal diário que se consulta para se ficar a par das novidades. Para isso, contamos com a vossa colaboração.

Recebam um abraço e s nossos votos de continuação de Boas Festas. E Bom 2013.
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10862: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (10): A "Pedra da Odete" ou onde se fala do nosso Blogue (Hélder Sousa)

Guiné 63/74 - P10862: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (10): A "Pedra da Odete" ou onde se fala do nosso Blogue (Hélder Sousa)

1. Mensagem de Natal do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche eBissau, 1970/72:

Caros amigos Editores
Em anexo envio-vos um texto diferente do costume mas que pretende, ao meu modo, comemorar a 'época festiva' que vivemos e, ao mesmo tempo, referir-me à vida do nosso Blogue.

Desejo, muito sinceramente, que consigamos resistir ao temporal que se avizinha ameaçador e que se ganhem forças para enfrentar os próximos tempos.
Por isso, apenas deixo aqui expresso o meu desejo que se tenham umas "Festas Felizes".

Abraços
Hélder Sousa


Mercado do Livramento em Setúbal


“A PEDRA DA ODETE”

Nesta época é costume enviar-se votos de “Bom Natal”, “Festas Felizes” e desejar um “Bom Ano Novo”. Mas, sinceramente, dadas as circunstâncias e os tempos que se vivem, não me sinto muito identificado com esse ‘espírito’, pelo que então resolvi fazê-lo à minha maneira, ao mesmo tempo que procurarei reportar-me ao nosso Blogue e às coisas que lhe estão inerentes.

“Está bem” - dirão alguns dos atentos vigilantes da estrita observância dos ‘pressupostos’ do Blogue – “mas o que é que isso tem a ver com o título? Certamente que não terá nada a ver”…

Bem, entre o “não ter nada a ver” e o ter “tudo a ver” há um vasto terreno onde as coisas se podem encaixar e com certeza que alguma coisa se arranjará. Comecemos então por explicar o que é isso da “Pedra da Odete”.

Acho que será comum aos vários Mercados existentes nas nossas povoações que os espaços em que se apresentam os artigos para venda estejam organizados, normalmente divididos nos locais de venda de carne e derivados (os talhos, charcutarias e similares), os espaços para venda de frutas e legumes, genericamente referidos como ‘bancas’ e os locais de venda de peixe, que aqui em Setúbal se chamam de ‘pedras’ tendo como referência o facto de ser em pedra mármore ou outra do género que os diferentes vendedores utilizam para a exposição dos seus produtos.

À data da minha vinda para Setúbal e até finais dos anos 90 ensinaram-me que o melhor local para comprar peixe, sempre de qualidade garantida, era numa banca de venda de peixe, uma “pedra”, que era dum casal simpático, o Reinaldo, que tratava de comprar o melhor, e a Odete, que tratava de nos vender. Se se queria bom goraz, peixe-espada, pescada, sargo, sardinha, besugo, ‘massacote’, carapau-manteiga, etc., era certo e sabido que se ia à “Pedra da Odete”.

E tanto assim era que se chegavam a fazer 5 linhas de fila a seguir à frente da ‘pedra’, o que representava uma pequena multidão de, às vezes, 20 a 25 pessoas. Nessas circunstâncias gastava-se algum tempo (compensado pela qualidade) e, ou se conversava com o vizinho de ocasião que se encontrava ao lado (conhecido ou não), ou se ia ouvindo (sem querer, ou por distração) as conversas que outros iam fazendo atrás de nós. Conversas sobre a vida, das empresas, da política, do Governo, do Mundo. Manda o decoro que não se seja bisbilhoteiro e por isso raramente se olhava para trás e deste modo quase sempre se ignorava a identificação de quem falava ou dizia o quê.

Tendo isto em atenção era perfeitamente corrente que quando na empresa onde trabalhava se ‘ouvia dizer’ que ia acontecer ‘isto e aquilo’, que já se sabia o patrão preparava ‘esta ou aquela acção’, se alguém perguntava, ‘como é que soubeste?’ a resposta invariável era “ouvi na Pedra da Odete” e, já se sabe, era impossível descortinar o autor da ‘informação’.

"Pedra" de venda de peixe no Mercado do Livramento em Setúbal

Pois, nestes dias, ocorreu uma coisa interessante: voltei à “Pedra da Odete” (agora explorada pela filha do casal) e voltaram a acontecer conversas significativas…. Então não é que havia atrás de mim quem estivesse a conversar, coisa que ao princípio não liguei mas depois fiquei atento, porque falavam do Blogue?!

Eram talvez três, ou mais, que falavam. Dois deles, um com voz cavernosa e outro com uma voz melíflua, sibilina, diziam, ditavam, sentenciavam, à vez, que o “Blogue do Graça”, o “foranada”, “tinha os dias contados”, que “estava a definhar”, que “estava ferido por dentro”, que “as intrigas tinham surtido efeito”, que “as campanhas de intimidação, de maledicência, de deturpação de conteúdos, de processos de intenção, tinham minado o suficiente para afastar contributos”. Diziam que “havia menos comentários” (como se isso tivesse sido um critério desde sempre), diziam que “havia abandonos, deserções, afastamentos ostensivos”, que “o tema estava esgotado”.

Parecia até que aquilo tudo, mais do que uma sentença, correspondia a um desejo… Um outro, um terceiro personagem, lá foi argumentando que “não senhor, o tema não está esgotado, as memórias da guerra vão perdurar”, que “o espólio já conseguido vai permitir recuperar essa memória mas que ainda há bastante para aparecer”. Que “se alguns dos contributores iniciais não se têm feito notar, apareceram mais uns quantos com novos relatos, novas memórias, casos por exemplo das “histórias do Cifra” e dos relatos dos “melhores 40 meses da vida” de um jovem militar português”. E que o Vasco da Gama e o Mexia Alves tomaram a iniciativa de remeter para o Blogue, para publicação, textos, com reflexões suas, bastante oportunos. Que os comentários de apoio surgiram em grande número e até de leitores que normalmente não são interventores.

Fiquei muito satisfeito! Foi uma boa “prenda de Natal”! Afinal, os detractores tiveram o tiro pelo culatra, o ‘povo do Blogue’ uniu-se mais e certamente irá fortalecer-se.

E mais satisfeito ainda fiquei quando ouvi ‘outro alguém’ dizer que para o ano é capaz de haver uma ou duas conferências geradas a partir do Blogue sobre o alegado “esgotado” tema da guerra de África.

Não sei se será verdade ou não, mas lá que ouvi na “Pedra da Odete”, isso sim e costumava ‘bater certo’!

Portanto, caros amigos, aqui está como a “Pedra da Odete” tem a ver com a época pois foi lá, agora, por estes dias, que ouvi o que ouvi e tem a ver com o Blogue, com todo o assunto acima indicado. Tinha ou não razão quando escrevi que haveria de se encaixar?...

Um abraço para toda a Tabanca!
 E “Festas Felizes”

Hélder Sousa
Fur. Mil. Transmissões TSF
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10861: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (9): Mensagens de Natal da Tertúlia (3)