domingo, 14 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11392: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (2) (Manuel Carvalho)




1. Na sua mensagem de 16 de Março de 2013, o nosso camarada Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) enviou-nos o Relatório da Operação Aquiles, coincidente com os primeiros tempos do CAOP em Teixeira Pinto. Publicam-se agora as páginas 187 a 192.




O CAOP EM TEIXEIRA PINTO (2/3)

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Nota do editor:

Primeiro poste da série de 13 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11384: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (1) (Manuel Carvalho)

Guiné 63/74 - P11391: Bom ou mau tempo na bolanha (2): Regresso a Portugal e matrimónio (Tony Borié)

1. Segundo episódio da nova série do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), a que ele deu o título de Bom ou mau tempo na bolanha.



O Tó d’Agar, como é conhecido neste texto, regressou ao convívio da sua família, ao seu vale do Ninho d’Aguia, onde passa o comboio das seis e meia, aos seus amigos do grupo de folclore, à sua vila de pessoas importantes, como aquela a quem a mãe Joana pediu dinheiro para comprar um porco bebé na feira dos vinte e quatro, que incutem aos seus filhos, também protegidos pelo regime, uma certa cultura que o combatente Cifra, que agora se chama de novo o Tó d’Agar, que depois de passar dois anos em cenário de guerra, não vai aceitar nunca.

É outra pessoa. Mais frio, um pouco desconfiado, quando alguém fala com ele, ouve, mas fica a pensar o que essa pessoa vai querer dele no futuro. Assume situações de responsabilidade, não procura conflitos, mas não foge deles se por acaso aparecem, normalmente fala olhos nos olhos e confronta as pessoas, se entende que não é justo o que fazem ou dizem. Revolta-se e enfrenta qualquer situação de injustiça, onde antes, nem sequer reparava que existia.

Quando estava ao serviço de Portugal, na província ultramarina, o comandante, por mais de uma vez lhe disse que devia ir para o corpo da Polícia de Viação e Trânsito, quando terminado o serviço militar, que o ajudava a ser incorporado, que era um bom futuro. O Tó d’Agar, não tinha vocação para polícia, não tinha coragem de passar uma multa a uma pessoa que usava uma bicicleta como meio de transporte. Não, isso nunca, iria ser um mau polícia do regime, arranjou emprego numa oficina gráfica da vila.

Entre umas tantas raparigas com quem convivia, decidiu-se por uma madrinha de guerra, que lhe escrevia cartas encorajadoras quando estava em cenário de guerra. Começou por visitá-la, aí começou o namoro que durou algum tempo, entendiam-se. No conjunto de sentimentos, havia os mesmos ideais, ambos estavam fartos da grande diferença que existia no tratamento das pessoas, viviam amargurados pelas lidas na lavoura, depois do trabalho na vila e sempre sem um tostão furado para uma roupa mais catita, pois nessa altura os filhos trabalhavam e entregavam o dinheiro do salário aos pais, que lhe davam algum dinheiro, controlado, para as suas extravagâncias, que mal dava para um copo de vinho na taverna, no fim do baile ao sábado à noite, no terreiro do lugarejo. A diferença entre ricos e pobres era grande e nada podiam fazer para modificar o sistema. Queriam construir um lar onde houvesse igualdade, justiça e amor. Casaram em Setembro, numa igreja ao norte do vale do Ninho d’Aguia, com alguns amigos e banquete a preceito, na casa dos pais da Margarida.
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A esposa Margarida também trabalhava na vila, podiam viver, mas casa própria, futuro e educação dos filhos, nunca haveria meios para isso, pois a maneira como estava condicionado o regime de protecção, as pessoas que tinham algum património, ou seja os ricos, esses eram ricos e soberbos e como era natural, seguindo a lei da protecção, protegiam-se e aos seus filhos, tirando o máximo partido do trabalho e esforço das pessoas com menos recursos, que eram os pobres, era assim, não havia maneira de modificar o sistema.

Entretanto a Margarida fica grávida e a criança, uma menina, nasce morta nas mãos do médico que a assistia. Não existe explicação para situações destas. Se a Margarida foi com a criança viva dentro da barriga para ser internada e ter a bebé na presença do doutor, porque carga de água morre a bebé na presença do mesmo?
Nunca lhe deram uma explicação para esta situação. O Tó d’Agar só encontra uma explicação, de facto “era do contra”, quase todos na vila sabiam isso e portanto houve falta de interesse por um parto que era de pessoas pobres e ainda por cima “eram do contra”.

Nesse parto, a Margarida ficou bastante maltratada. Posteriormente foi submetida a melindrosa operação cirúrgica dessas mazelas derivadas do parto, esta operação, assim como todos os custos de estadia num hospital do regime, foram a expensas do casal, embora ambos fossem beneficiários da então Caixa de Previdência, que ninguém sabia, mas só beneficiava alguns eleitos pelo regime de protecção que então existia.

O Tó d’Agar lembra-se de que no momento em que se dirigiu à secretaria do hospital do regime para o internamento da esposa, para essa melindrosa operação cirúrgica, o zeloso empregado, que era seu conhecido, lhe disse: -
Dá-me os teus cartões de identificação da Caixa de Previdência, pois não tens que pagar nada.

Umas semanas depois, esse mesmo zeloso empregado, lhe disse, um pouco abatido:
- Eles, na gerência, dizem que tens que pagar todas as expensas, o doutor que fez a operação, esse, quer o seu dinheiro o mais rápido que puderes, e entre outras coisas, dizem que “és do contra”, e andas de noite por aí a pôr panfletos, que fazes lá na gráfica onde trabalhas, e dizem que até lá estão a imprimir um livro de um autor que está na clandestinidade, e que quanto mais mal te sentires aqui, mais depressa te vais embora.

Passado uns meses, o To d’Agar foi por duas vezes visitado pela Polícia do Estado, fizeram-lhe perguntas, mostraram-lhe alguns panfletos que lhe eram familiares e a cópia do interrogatório que tinha sofrido na então província da Guiné, quando andava na companhia da Cumba e sua irmã, que uma delas era a sua lavadeira.

Da última vez que o visitaram, os polícias, vendo a sinceridade com que o Tó d’Agar falava, vendo os papeis do hospital para pagar, sendo ele e a esposa beneficiários da então Caixa de Previdência, tinham-lhe matado a filha bebé, vendo os sacrifícios e a vida miserável que levava para poder pagar ao hospital todos os meses, entre outras coisas disseram-lhe, mais ou menos assim:
- Pelo menos nós não te visitamos mais, vamos arquivar e esquecer a tua ficha, mas tens que nos prometer que não te metes em mais confusões, e se é verdade que andas por aí a pôr panfletos durante a noite, tal como este, a dizer mal de Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho de Ministros, que a nós nos merece o maior respeito, pois é ele o salvador desta nação, a dizer entre outras coisas para não irem mais militares jovens para o Ultramar e a dizer coisas não muito abonatórias de pessoas importantes da administração local, pára imediatamente, parece que não gostaste de lá andar, mas se continuas assim e te voltarmos a visitar, vais lá parar de novo, disso temos a firme certeza, lembra-te que ainda temos a tua caderneta militar, portanto ainda és militar, isto é uma ordem final.

E o mais novo, ao despedir-se, olhou-o nos olhos e até lhe apertou a mão, mas confirmando as palavras do seu colega polícia.
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Nota do editor:

Último poste da série de 9 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11364: Bom ou mau tempo na bolanha (1): Uma foto que fala por si (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11390: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (6): Resposta nº 13: Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70); Resposta nº 14: Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 12 de Abril de 2013 com a resposta ao questionário sobre o nosso Blogue:

Rewsposta nº 13

(1) Quando é que descobriste o blogue ?  
 - Em Outubro de 2009.

(2) Como e através de quem ?
  

- Através de uma entrevista, na Antena 1, ao Beja Santos.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?  

 - Desde que descobri o blogue em Outubro de 2009.

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ?
  

- Sempre que ligo o PC. Uma ou duas vezes por dia.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
  
- Já mandei quase tudo que tinha para mandar. Em meu nome há 107 referências.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)
  

- Não gosto do Facebook.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
  

- Portanto, só ao blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - No blogue, no geral gosto de tudo, excepto…

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - O que gosto menos no blogue é de textos que nada têm a ver com a Guiné, como por exemplo os parabéns de aniversário.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
  

- Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
  

- O blogue teve, tem e terá uma importância extrema nesta fase da minha vida. Andei 40 anos esquecido da Guiné, mas depois vim a rever camaradas, que duma maneira ou outra, me proporcionaram momentos inesquecíveis. Foi o blogue que me levou a conviver nos almoços das quartas-feiras na Tabanca Pequena, em Matosinhos. Foi o blogue e esses camaradas que fizeram com que tivesse ido à Guiné. Foi o blogue e a ida à Guiné que me proporcionou rever locais e pessoas que não via à 40 anos, situações que me levaram às lágrimas. Foi o blogue e a ida à Guiné que fez com que acabasse por publicar o NA KONTRA KA KONTRA, o livro da minha vida.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?
  

- Já participei em dois.

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real ?
  

- Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
  

- Claro que o blogue ainda tem muita força anímica. (o regulamento do blogue não exclui a política?)

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
 

- Pelo que disse no ponto 11 tenho muito a agradecer ao blogue, nas pessoas do Luís e do Carlos que me aturou ao longo da publicação dos meus textos.

40 anos as separam
Fotos: © Fernando Gouveia. Todos os direitos reservados

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2. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 14 de Abril de 2013 com as suas respostas ao nosso questionário:

Resposta nº 14

(1) Quando é que descobriste o blogue?
- Não tenho presente a data, mas julgo que em meados de 2009.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
- Através do Germano Santos, camarada que esteve também na Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
Desde a data em que tomei conhecimento deste espaço e das condições necessárias.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

 - Diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
- Já mandei. Não vejo interesse ou necessidade de enviar mais a não ser em casos pontuais.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

- Conheço.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 

- Não.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

- Do Blogue gosto essencialmente da sua existência. Estão de parabéns o autor e os seus colaboradores permanentes. O Facebook não utilizo regularmente.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

- As vaidades individuais e as picardias fora de tom, desnecessárias quando não estão em consonância de opiniões e praticadas por pessoas que dizem respeitarem-se.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

- Se essas dificuldades existem não tenho dado por elas, a não ser quando a velocidade da minha Internet é fraca.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

- Serviu para me reencontrar, suavizar o espírito, lembrar-me a mim e aos outros que não valeu a pena o esforço da guerra, que nunca vale. Serviu e serve para conhecer outros que, como eu, por lá andaram e com quem tenho o prazer de ir partilhando alguns momentos do resto da vida, minha e deles.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

- Já.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 

- É ainda cedo para poder decidir.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

- Se continuar a procurar manter o espírito para que foi criado julgo que sim, caso contrário passa a ser apenas e só mais um Blogue.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer;
- Já dei a minha opinião, nada justifica repetir…
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Nota do editor:

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11388: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (5): Respostas de Gumerzindo Silva (Alemanha), Veríssimo Ferreira, Gilda Brandão

Guiné 63/74 – P11389: Memórias de Gabú (José Saúde) (27): Capa da obra "As minhas memórias de Gabu"


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série. 


GUINÉ/BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74

Camaradas

Anunciei em tempos no nosso blogue – Luís Graça & Camaradas da Guiné – a minha intenção de um dia publicar em livro, “AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74”, narrando a história de um Furriel Miliciano/Ranger que cruzou a Guerra com a Paz na Guiné em chão fula.


Claro que nem tudo se afigurou como uma simplicidade, dado que o tempo é cronometrado ao ínfimo, prevendo-se então uma pressuposta data para a apresentação oficial da obra. Confesso que levou o seu tempo, sendo que os pormenores ditaram uma morosidade compreensível.

Neste momento o conteúdo real do livro parece-me quase concluído. Faltam, apenas, pequenos reparos e, logicamente, o seu envio para a tipografia. Asseguro, contudo, que as minhas previsões apontam para a sua eventual apresentação no próximo encontro dos camaradas em Monte Real no mês de Junho próximo. 

Se tudo correr de feição farei a apresentação oficial do meu 5º livro junto aos camaradas que percorreram os trilhos guineenses, em épocas diferentes, mas que foram, em síntese, o nosso pecúlio numa guerra que não deu tréguas.

O prefácio é do nosso camarada Luís Graça, fundador do blogue, e que sintetiza uma incontida verdade de um Furriel Miliciano/Ranger, eu, que teve a perceção em trazer à estampa capítulos reais de uma outra forma de análise em compreender outras nuances do conflito.

Fica pois aqui a capa da obra já em plena fase final de construção.

Um abraço, camaradas
José Saúde 
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:

25 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11313: Guiné 63/74 – P11313: Memórias de Gabú (José Saúde) (26): Sexo em tempo de guerra. Tabu?


Guiné 63/74 - P11388: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (5): Respostas de Gumerzindo Silva (Alemanha), Veríssimo Ferreira, Gilda Brandão


Gilda Pinho Brandão, nascida em Catió, de mãe fula e pai português,  quando veio para Portugal, aos 7 anos, em 1969,  para uma família de acolhimento, trazida por um camarada nosso, o Fur Mil Pina, a quem ela chama mano. Em 2007 pediu ajuda ao nosso blogue, para encontrar a família do pai, que é de Arouca. Afonso Pinho Brandão, comerciante, foi assassinado em 1962, em Catió.

Fotos: © Gilda Brandão (2007). Todos os direitos reservados [ Edição e legendagem: LG]


1. Mais três respostas ao nosso questionário (*). Duas são de dois valentes grã-tabanqueiros, o Gumerzindo Silva, que viva na diáspora, na Alemanha, e outra do nosso "pira" Veríssimo Ferreira.

 A terceira resposta  também muito nos alegra, é da nossa amiga, guineense, natural de Catió, a Gilda Brandão, filha de um português, morto no início da guerra [. Segundo a explicação dada pelo Pepito à Guilda, o pai foi morto por um grupo de balantas quando defendia a sua casa; a mãe é fula]. Ajudámo-la a encontrar a família do pai, Afonso Pinho Brandão, que ela não conheceu em vida. Aos sete anos, em 1969, foi acolhida por uma família português. Brás é o seu apelido de casamento. (Bom, é uma das muitas histórias bonitas que publicámos no blogue, "uma história triste com um final feliz").


2. 10. Gumerzindo Silva [, ex-Soldado Condutor Auto da CART 3331, Cuntima, 1970/72, hoje a viver na Alemanha]


Meu Caro Luis Graça. Um abraço e obrigado pelo trabalho que tu, o Carlos e o  Magalhães, não esquecendo o Briote, nos têm brindado. Que Deus vos vá dando saúde e muita força para que o nosso poilão siga crescendo. Os votos sinceros  do Caetano que na Alemanha vai dando conta do que à volta do poilão se passa.Vamos ás respostas.

(1)  Em Junho de 2008.
(2) Através do nosso encontro anual em Peso da Régua.

(3) [Membro da Tabanca Grande:] Desde 2008.
(4) Diáriamente ,a não ser a altura que tive problemas com a máquina.

(5) Tenho mandado pouco e tenho algumas coisas,mas isso irá ficar para mais tarde; penso brevemente voltar para Portugal.

(6) Sim conheço [o facebook] mas não utilizo.

(7) Sem dúvida, ao blogue.

(8) [O que mais gosto:] Tudo,  principalmente quando se fala de Cuntima, a norte de Farim.

(9) [O que menos gosto:] Certas farsas que ás vezes aparecem.

10) Não [, não tenho dificuldade em aceder ao Blogue].

(11) Representa muito, na medida em que,tive conhecimento de certos casos que se passaram no nosso meio e, que a nós passou ao lado porque ,tinha que ser assim.

(12/13) Não e com muita pena minha,continuo na Alemanha e é difícil conciliar o encontro da Tabanca Grande com o encontro da nossa [CART]  3331, este ano outra vez no mesmo dia.

(14) Sem dúvida.

(15) [Outras críticas, sugestões, comentários:] Nada tenho a dizer.

Gumerzindo Caetano da Silva
Hauptstr.112 53797 Lohmar
Alemanha

2.11. Veríssimo Ferreira [, ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67]

O aniversário do Batalhão dos Combatentes da Guiné, Blogue Luís & Graça & Camaradas... Salvé, 23 de abril!

(1/2) Já 9 anos? Ainda parece que foi ontem. Descobri o blogue, acidentalmente no Google e mais tarde aconselhado pelo Armando Pires, decidi vir a candidatar-me ao prémio Nobel e começar a escrever umas coisitas, que os Administradores e o meu Editor, na sua bondade,  decidiram publicar, na esperança vã e de que com o tempo, tais escrevinhadelas pudessem vir a contribuir para memória futura.

(3) Assim, por aqui ando há mais ou menos 6 meses e na qualidade honrosa de ser o grã-tabanqueiro 581, o que é obra. Plebeu, incentivado, tenho sido e até me proporcionaram um Real Editor.

(4) Consulto o blogue quase diariamente, pois que ainda tenho ali, muitas e muitas informações a absorver, excepto ao Domingo, porque esse é o dia em que o meu ego sobe...sobe e então leio...releio e vice-versa, os meus episódios vividos a rir e beneficiados pelas imagens e legendas anexadas pelo referido antes, Sr Editor Carlos Vinhal.

(5) Tenho falado com amigos, também veraneantes na Guiné e, a curto prazo, três se alistarão e têm,  ao que sei, muito a dar, para engrandecer as tropas (se tal for possível).

(6/7) De quando em vez, também vou à página da Tabanca [Grande] no Facebook, mas a informação que procuro, está aqui menos disponível.

(8/9) De qualquer forma, quer aqui, quer ali, insurjo-me e manifesto-o, com alguns elogios tecidos ao IN. Mau feitio,  o meu ? Pode ser...só que as feridas da alma não esquecem e,  se as tenho,  foi porque ele foi quem nos obrigou a passar pelo que todos passámos. Mas amo o povo Guineense, creiam.

(10) Não tenho tido dificuldades no acesso e as que se dão, prendem-se mais com a entrada na própria Internet.

(11/12/13) /Rejuvenesço recordando...as saudades são mais que muitas...tenho agora mais amigos dos bons e se tudo correr bem, devo ir abraçá-los no Encontro Nacional deste ano.

(14) Garra para continuar ? Qu'é lá isso.  amigalhaços? Claro que sim...prá frente é que é o caminho.
Se mesmo quando a bolanha enchia...se mesmo quando do lado de lá sabíamos que estava o perigo e não fugíamos, também agora ninguém será autorizado a desertar, ponto final, parágrafo.

Por isso, caros Admistradores, caros Editores, caros Colaboradores Permanentes e até nós escribas, que comungamos todos um mesmo propósito, continuemos a dar as mãos, e em uníssono gritemos para que o nosso Batalhão jovem do veterano Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné, se faça ouvir lá bem longe. Parabéns, conta muitos.

2.12. Gilda [Brandão] Brás [, aqui na foto à direita, com o marido e a filha]

Bom dia,  Amigo Luís, espero que esteja tudo bem consigo e com os seus. Eu cá vou indo, ainda no desemprego, mas colaborando com quem precisa da minha ajuda, neste caso numa IPSS, mas, não estou a gostar, pois vejo muita injustiça e maldade e não consigo lidar com isso; no final deste mês acaba o meu contrato e já pedi ao centro de emprego para não o renovar.
Desculpe de só responder agora, mas só hoje é que consegui tirar algum tempo para o fazer.
Um abraço
Gilda Brandão

(1) Há cerca de 5/6 anos, não tenho a certeza. [Mais exatamente, em 25 de julho de 2007]

(2) Através do Google, quando procurava informação sobre o meu pai, Afonso Pinho Brandão.

(3) Sou membro da nossa Tabanca Grande desde dessa altura, penso que em 2008

(4) Agora vou menos vezes, costumo ir mais ao facebook.

(5) Não, não tenho enviado nada nos últimos tempos.

(6) Conheço, sim, [a nossa página do facebook]

(7) Vou mais vezes ao facebook

(8) Gosto de todos os assuntos que são abordados tanto num como noutro, mas,gosto mais de os ler no blogue.

(9) [O que gosto menos do blogue e do facebook:] As entradas de alguns "curiosos" e ainda por cima anónimos, em certas conversas, só pelo prazer de dizer mal.

(10) Sim, algumas vezes tenho dificuldades de aceder ao blogue.

(11) Representa muito, pois foi através do blogue e com o incentivo do nosso saudoso Vitor Condeço, que encontrei os meus irmão e outros familiares do meu pai; aliás, foi no 1º. encontro com os meus irmãos que vi pela primeira vez uma fotografia do meu pai.

(12/13) Nunca participei em nenhum encontro [da Tabanca Grande] e neste também não posso; mas, ainda hei-de ir um dia.

(14) Claro que tem [ fôlego para continuar], espero que por muito mais anos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11383: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (4): Resposta do António Vaz [, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69] , que sobreviveu a uma recente "emboscada" na estrada da vida...

(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Obrigado pela tua resposta, que será publicada, com direito a foto. O editor, Luís Graça. (...)

Guiné 63/74 - P11387: Parabéns a você (562): Luís Sampaio Faria, ex-Fur Mil da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor:

Último poste da série de 11 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11372: Parabéns a você (561): Jorge Félix, ex-Alf Mil Pilav da BA 12 (Guiné, 1968/70); Jorge Picado, ex-Cap Mil do BCAÇ 2885 e CAOP 1 (Guiné, 1970/72) e Manuel Marinho, ex-1.º Cabo do BCAÇ 4512/72 (Guiné, 1972/74)

sábado, 13 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11386: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (15): Em Catesse e em Cabedu... Os jovens por aqui, hoje, não querem fazer nada, talvez por influência do que lhes chega de outros mundos, através da TV


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 22 de Janeiro de 2012 > A Anabela Reis, bendita entre as mulheres...

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2012). Todos os direitos reservados [ Edição e legendagem: LG]


Guine-Bissau > Aruipélagos dos Bijagós > Bubaque > 13 de dezembro de 2009 > 14h50_> Regresso, de barco, a Bissau. Uma juventude, aparentemente despreocupada, que viver o seu tempo...



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > São Domingos > 18 de dezembro de 2009 > O risco de perda de identidade ?... 1º Festival Cultural de S. Domingos, sob o lema "Nô Laba Rostu di Nô Guiné". Dopis jovens mulheres em dança tradcional ... Foto tirados pelo João Graça no penúltimo último dia da sua viagem à Guiné-Bissau (5-19 de Dezembro de 2009)


Fotos: © João Graça  (20009). Todos os direitos reservados [ Edição e legendagem: LG]


1. Continuação da publicação do Diário de Iemberém, por Anabela Pires (Parte XV) (*)


25 de Março de 2012

Fiquei novamente mais de 8 dias sem nada escrever. Desde que comecei a dar as aulas de alfabetização às 8.30 da manhã deixou de me dar jeito escrever pela manhã.

A semana que passou, além de me dedicar às aulas de português, preocupei-me com a gestão financeira dos alojamentos e por isso o meu trabalho foi feito sobretudo com a Maria Pónu. Agora, sabendo o dinheiro que efetivamente temos em caixa teremos de decidir o que podemos comprar. Há muitas melhorias a fazer mas só podemos fazer aquelas para as quais houver dinheiro.

Com a Satú voltei a fazer doce de laranja mas em vez de cortarmos as cascas aos bocadinhos ralámos. É mais fácil de fazer muito embora eu prefira com as cascas aos bocadinhos. O doce ficou bastante bom, com o ponto certo. Já fiz os rótulos para pôr nos frascos mas ainda não os colámos pois a Satú tem estado doente.

Nas aulas de alfabetização percebi que havia dificuldades de aprendizagem e,  como não estava a perceber bem quais eram,  na 6ª feira fiz exercícios e agora já entendi as dificuldades de cada um dos grupos. Precisava de trabalhar mais tempo com o grupo mais atrasado mas não sei se quererão disponibilizar mais meia hora por dia. Tenho também uma enorme dificuldade em arranjar imagens para que possam associar as palavras às imagens. Sem internet estou bastante condicionada e o meu jeito para desenho é nulo.

Esta semana fiz também uma pequena reunião com as 3 formandas com quem irei à Gâmbia – a Satú, a Pónu e a Fatu de Farosadjuma. Nunca tive de preparar uma visita de estudo sem ter qualquer informação do que vamos visitar. Só sei que iremos a um ecoturismo na Gâmbia e ainda não sei quando.

Ontem, pela 1ª vez, saí de Iemberém, o que me soube muito bem apesar do calor e da “canseira”. Fui a Catesse, onde tinha estado no dia em que cheguei, fazer uma pequena reunião com a Associação de Mulheres. Elas estão a construir com o apoio da AD uma casa para hóspedes. Esta casa não se destina a turistas mas a locais que passem em Catesse a caminho da Guiné-Conacri ou de outras terras da Guiné-Bissau pois a AD está também a apoiar a reconstrução do porto e a aquisição de um barco. 

Nesta primeira reunião com as mulheres de Catesse o objetivo foi alertá-las para pensarem na forma como vão gerir a casa de hóspedes e nos acabamentos, materiais e utensílios que vão colocar considerando as dificuldades de manutenção. As pessoas acham muito bonito pintar as paredes de branco ou azul mas elas só estão limpas nas primeiras 24 horas – adultos e crianças, sempre com as mãos sujas da terra vermelha, põem as mãos nas paredes e pronto! Em menos de um ai está tudo um nojo. Elas decidiram o que fazer com a certeza de que terão de lavar paredes, trabalho que nunca fizeram e ao qual os seus corpos não estão habituados. 

Catesse é uma tabanca muito bonita, razoavelmente limpa e com um povo muito hospitaleiro. Assim que tenham um quarto pronto e a casa de banho estou disposta a ir para lá uns dias trabalhar com as mulheres. Quando entramos em Catesse encontramos quase uma avenida com árvores de um lado e de outro, as moranças ao longo da “avenida” e não se vê a sujidade que há, por exemplo, aqui em Iemberém, designadamente com os malditos “oleados” (sacos de plástico). 

Conheci finalmente a menina que nasceu no dia em que cheguei e a quem puseram o meu nome. A pequena Anabela tem bochechas como eu e é a 1ª filha de uma jovem de 17 anos, chamada Fatu. Fiquei preocupada pois tinha muitos bicos no corpo alguns dos quais bem infetados. Recomendámos à mãe que fosse com a bebé ao enfermeiro mais próximo e dei-lhe uma ajuda financeira para isso. Alice, agora também tenho uma Anabelazinha na Guiné, exatamente dois anos mais nova do que a tua Alicinha, pois nasceu a 17 de Janeiro.

Depois de Catesse, onde comemos (eu, o Abubacar e o Antero, motorista da AD, todos da mesma tigela, cada um com a sua colher) um arroz com pó de lolo (umas folhas que secam e pilam e que depois põem na comida para dar gosto) e mafé (molho, acompanhamento) de peixe fumado e óleo de palma, fomos para Cabedu, uma tabanca grande com 8 bairros, também bem bonita e organizada. Lá tivemos uma reunião com uma já antiga associação de mulheres que a AD ajudou há 20 anos na construção de uma casa de hóspedes que tinha como objetivos terem uma divisão para guardarem arroz para a época das chuvas e fazerem dinheiro para comprarem arroz para a época da “fome”. 

Na época das chuvas o arroz da campanha anterior escasseia e como tal sobe muito de preço. Então as mulheres da associação compravam arroz quando estava mais barato e guardavam-no para distribuírem entre as associadas na época em que subia de preço. Não se preocuparam e talvez não o soubessem fazer em manter/conservar a casa, a qual está hoje muito degradada e a precisar de grandes obras. Pediram agora ajuda à AD para isso mas é preciso que entendam que têm de saber conservar aquilo que têm. 

Pedi-lhes então que me contassem a história da associação e da casa para que percebessem que não tinham tido o cuidado da conservação e que isso era fundamental pois a AD não pode constantemente repor o que as pessoas deixam estragar. Estava na reunião o Homem Grande de Cabedu que pediu que eu fosse dar formação e apoiar as mulheres da associação pois elas estão um pouco desorientadas. Uma dúvida, no entanto, me ficou – as mulheres que formaram a associação e que a fizeram viver durante 20 anos, são de uma determinada época histórica e estão hoje com idade para descansar. Segundo o que elas mesmo disseram as jovens não têm o mesmo espírito que elas tinham e não querem trabalhar. Quem será então que vai trabalhar, gerir, manter a casa de hóspedes se ela for renovada? O Homem Grande disse que as jovens terão de o fazer mas se as suas aspirações forem outras? 

Segundo me disse o Abubacar depois, no carro, os jovens por aqui, hoje, não querem fazer nada. Talvez por influência do que lhes chega de outros mundos, através da TV e não só, os jovens desejem vidas diferentes mas a verdade é que essas vidas não lhes estão assim tão acessíveis – basta dizer que a escolaridade é muito baixa e que a maioria nem português fala. Terei de ter estes aspectos em atenção e ver com os responsáveis da AD se vale a pena voltar a investir naquela casa.

Hoje, sendo Domingo, não vou à pesca. Vou com o Abubacar a uma outra tabanca para assistir a uma cerimónia de choro dos Balantas. Um professor Balanta (animista) faleceu há 3 meses e hoje a família fará uma cerimónia em sua memória em que matarão vacas e porcos (os Balantas comem porco mas como muitos dos presentes são muçulmanos matam vacas para lhes servirem) e dançarem em memória do falecido. 

A AD mandou uma viatura para aqui durante 5 dias para eu poder fazer outros trabalhos e ter outros contactos. Nos próximos 3 dias irei para Farosadjuma trabalhar com a Fatu (que também tem bungalows). Está a saber-me bem esta mudança pois aqui há agora que esperar para ver o que fazem as formandas sem eu andar em cima delas.

Havia muitos dias que não via o Neca. Há pouco o Abubacar chamou-me para me dizer que ele estava aqui nas árvores em frente da casa. Fui buscar uma laranja, cortei-a ao meio e chamei-o. Lá veio e pela 1ª vez veio buscar as metades da laranja à minha mão. Ainda não subiu os degraus da minha casa, eu é que tive de descer, mas já veio buscar a laranja à minha mão. Foi um bom avanço nas nossas relações. Os macacos são a minha perdição. Adoro passar tempo a observá-los e só tenho pena deles, à excepção do Neca, não se aproximarem.

São já 9 horas, aqui a hora não muda, e como vamos sair às 10 tenho de me ir despachar. Uma nota final – hoje adquiri a primeira ferramenta agrícola da minha vida! Uma pequena sachola, com a qual posso sachar o meu canteiro de flores e com a qual espero poder aprender a fazer uma horta. É muito bom não estar sempre ao computador e poder fazer outras coisas com o corpo (esta frase irá suscitar pensamentos maliciosos em muitos mentes mas foi escrita sem qualquer pensamento mais “pecaminoso”!).

[Termina aqui o diário de Iemberém. Por razões de segurança, e na sequência do golpe de  Estado de 12/13 de abril de 2012, a Anabela teve de seguir inesperadamente para Dacar,. por decisão da AD - Acção para o Desenvolvimento. Sobre essas peripécias, falaremos em próximo poste. LG].

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P11359: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (14): Como é difícil suportar o calor na época seca... e dormir a sesta


Guiné 63/74 - P11385: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (1): Querido blogue, quão importante foste para mim!... (Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421, Mansabá, 1965/67)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Pacheco Duarte, alusiva ao próximo 9º aniversário do nosso blogue em 23/4/2013:


Data: 12 de Abril de 2013, às 00:12

Assunto: Parabéns hoje e amanhã e sempre,  Blogue!

Com um grande abraço
e um bem haja a todos vocês.Ernesto Duarte 




Blogue,
Estou-te a escrever duas linhas, 
porque sei que és um tipo porreiro 
e eu devo-te muitos favores. 
Sei que fazes anos brevemente, 
mas eu não sou de solenidades, 
sou simples, 
apenas te queria mostrar 
o quanto foste importante para mim 
e dizer-te um obrigado grande, 
claro, além de trocar três ou quatro palavras contigo. 
Chamaram-te Blogue !
Tiveste muita sorte, 
podiam ter-te chamado outra coisa qualquer 
e podes querer que os teus progenitores 
sabem tantos nomes 
e alguns que nem queiras saber para não corares !
E depois, porreiro, Blogue, uma palavra masculina !
Primeiro ponto a teu favor !
Hoje não, felizmente já não é assim !

Mas os teus progenitores, 

entre muitos azares, também tiveram esse, 
só havia caras barbudas, 
hoje há outras caras, 
mais bonitas, 
com outros atrativos.

Caras com outros atrativos,  

lá pelo tempo  dos teus progenitores, 
também as havia, 
o meu grande grito de homenagem e respeito, 
por todas elas, 
que foram também tão grandes 
e tanto sofreram, 
mas viviam outra situação, 
era má, era péssima, 
mas passou-se noutro campo.
Sim, tiveste progenitores !
Homens muito grandes, enormes ! 
Embora quem os conheça 
e conheça o que eles viveram, 
algo para os lados da loucura, 
fica-se confuso e chegamos a ter dúvidas.

Tu sempre tiveste o apoio, 
o auxílio de outros das mesmas escolas, 
mas com uma formação, 
que todos juntos fizeram de ti o gigante que és hoje.
E és mesmo grande, 
tão grande que não tens noção do teu tamanho !
E como és grande, ao conviveres com os mais "usados", 
todos grisalhos e já algo curvos, é a lei da vida, 
muitos deles se calhar sorriram pela primeira vez, 
em muitos anos,
ao olharem a primeira vez para ti!.
Sorriram ao verem-te grande, forte,  independente !
Sorriram porque fizeste mais um ano !
Sorriram com um pouquito de nostalgia no canto de um olho !
Mas não lhes leves a mal !
Há coisas que tu talvez não entendas muito bem, 
e que se passa na vida dos humanos !
Sintam grande alegria por teres feito mais um ano !

Ficam muito felizes por ti 
e pelo exemplo que és, 
porque captaste todo o bem dos teus progenitores 
e dos que te ajudaram a crescer.
Mas também sentem uma ponta de saudade, 
porque muitos já partiram.
Ficam saboreando um peito cheio de orgulho, 
porque devido ao que os teus progenitores te incutiram, 
tu viverás sempre com todos, 
os igualmente de cabelos grisalhos, 
por gerações e gerações,
e continuarás quando ninguém quis, 
a fazeres outros ouvir o nosso grito, 
Guerra nunca mais!,
e cantarás os nossos hinos à paz 
e chorarás as nossas lágrimas.


Ernesto Pacheco Duarte
ex-furriel miliciano 

BCAÇ  1857,  
CCAÇ 1421,

Mansabá, Oio, Morés
1965/1967 

Guiné 63/74 - P11384: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (1) (Manuel Carvalho)

1. Na sua mensagem de 11 de Março de 2013*, dizia-nos a certa altura o nosso camarada Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70):

Ainda relativamente à operação Aquiles Primeiro como tenho algumas fotos dessa operação vou enviar e dizer mais alguma coisa sobre o assunto.
Como já disse em comentário, no início de Fev/69 veio para Teixeira Pinto o CAOP sobre o Comando do Coronel Para Alcino Ribeiro e os Majores Passos Ramos e Magalhães Osório e as seguintes forças, CCP 121 e 122, DFE 3 e 12, 16ª de CComds, e passaram a depender operacionalmente do CAOP a Ccaç 2366 a 2444 a 2446 bem como o Pel Caç Nat 58 e 59 e o Pel Milic 128 e 130.
Todas estas forças começaram a actuar conjugadamente em todo o sector durante quase todo o mês de Fevereiro.[...]

Assim publicamos hoje as primeiras 5 de 18 páginas de um relatório elaborado pelo CAOP no início da sua actividade em Teixeira Pinto que o camarada Manuel Carvalho nos enviou para o efeito.

Para introdução publica-se a identificação e a síntese operacional deste Comando de Agrupamento Operacional que retiramos da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974):

Reprodução das páginas 591 e 592  do 7.º Volume, Fichas das Unidades, Tomo II, Guiné da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974).
A realçar o erro histórico da página 592 que refere como 21 de Abril de 1971 a data em que foram assassinados os três majores, quando sabemos que a verdadeira é 20 de Abril de 1970.


O CAOP EM TEIXEIRA PINTO (1/3)


(Continua)
____________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 15 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11259: (Ex)citações (214): Ainda a Operação "Aquiles Primeiro" (Manuel Carvalho)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11383: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (4): Resposta do António Vaz [, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69] , que sobreviveu a uma recente "emboscada" na estrada da vida...



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Duas imagens do Xime, c. 1970: (i) em cima, vista aérea do quartel e tabanca do Xime (c. 1969); (ii) o cais do Xime: um enorme desembarque de cibes,. com destino (presumo) ao reordenamento de Nhabijões (c. 1970); em segundo plano, de perfil, o Humberto Reis, ex-fur mil op esp, 2º Gr Comb da CCAÇ 12.

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]



A. Resposta do nosso querido amigo e camarada, António Vaz [, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69, ] ao nosso questionário de opinião sobre o blogue:

Meus caros Camaradas da Guiné: estive afastado da vida normal dois meses e meio e, sem grandes e escusados pormenores,  direi que,  tendo saído de casa às 04.00 do dia 17 de Janeiro, INEM passei pelos Hospitais de S. José, Santa Marta e Clínica S. João de Ávila (para recuperação) e só voltei a casa no dia 4 deste mês (faz hoje 6 dias). Tive AVC (cerebelo), enfarte e aguardo cirurgia cardíaca nos próximos meses.

Durante estes dois meses e meio não gozei a sombra do Grande Poilão, não tive acesso ao computador e, do Blogue,  "nicles"

Para o meu reatamento aqui envio as respostas ao inquérito de 8 do corrente em que o Luís Graça (nas suas palavras encontrei, e não é a primeira vez , uma certa e a meu ver escusada, inquietação pelo futuro do Blog) faz um desafio que aceito de boa vontade, e ao qual passo a responder:

1.Tardiamente. Talvez em 2011

2. Descobri o Blog a partir dum pesquisa no Google sobre a Guerra Colonial.

3. Sou membro da nossa Tabanca a partir das vésperas no almoço de 2012 onde conheci ou revi pessoas que hoje considero meus amigos.

4. Em certas épocas, no princípio todos os dias, depois semanalmente.

5. Mandei poucas coisas e provavelmente talvez tivesse mandado mais se tivesse conhecido o Blogue há mais tempo. Penso que ao iniciar-me tardiamente iria repetir opiniões já manifestadas anteriormente.

6. Não frequento o Facebook neste assunto nem qualquer outro.

7. Só conheço o Blogue.

8  Idem.

9. Por vezes não aprecio certo material e penso que tal só interessa ao autor e ao seu ego, mas se isso lhe é importante é de respeitar.

10. Não tenho qualquer dificuldade com o Blogue [, em termos de cesso]

11. Para mim o Blogue  é um exercício de memória, nostalgia (saudades da idade em que andei na Guiné e da excepcionalidade da situação),  repositório de experiências vividas que poderão servir, no futuro, assunto de estudo e conhecimento.

12/13. Estive com prazer no almoço de 2012.

14. O blogue terá fôlego bastante desde que exista UM antigo combatente da Guerra da Guiné vivo e esteja pronto a colaborar.

Um abraço para todos do António Vaz


B. Comentário de L.G.:

Meu caro António, não posso deixar de aqui, publicamente, me alegrar pelo teu regresso ao convívio da nossa Tabanca Grande, depois da grande "emboscada" de que foste vítima, e que te madou para o "estaleiro" durante dois meses e meio...

Quem está vivo e pertence ao Clube dos SExas, como todos nós, está sujeito a apanhar uma "roquetada" dessas. Grande capitão, vamos rezar, crentes e não crentes, pelas tuas rápidas melhoras. Vai-nos dando notícias da boa recuperação da tua saúde. Vai correr tudo bem. Pela leitura da tua resposta ao nosso questionário, passas com distinção no teste da prova de vida!..

Quanto ao futuro do blogue, bom, estou de acordo contigo: o seu futuro a nós... pertence!
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11381: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (3): Resposta do Torcato Mendonça, ex-alf mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente

(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?


(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Obrigado pela tua resposta, que será publicada, com direito a foto. O editor, Luís Graça. (...)

Guiné 63/74 - P11382: Estórias do Juvenal Amado (48): Fizeram-me lembrar os "Doze Indomáveis Patifes"

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 25 de Março de 2013:

Luis, Carlos, Magalhães e restante Tabana Grande.
Mais uma pequena lembrança dos tempos de Galomaro.
Aproveito para agradecer a ajuda que o Luís Dias (ex-alferes da companhia do Dulombi CCaç 3491), que me confirmou quanto às informações operacionais das movimentações das nossas tropas e do PAIGC na nossa zona de acção.

Juvenal Amado


FIZERAM-ME LEMBRAR OS DOZE INDOMÁVEIS PATIFES

Alferes Dias em Galomaro com a MG42 

Lembrou há pouco tempo o ex-Alferes Dias da CCAÇ 3491 do Dulombi, que o BCAÇ 3872 até meados de Abril de 1972 só com três meses de mato já sofrera 12 mortos metropolitanos (4 em Cancolim – CCAÇ 3489 + 8 no Quirafo/Saltinho - CCAÇ 3490) mais cinco milícias e um desaparecido em combate (o Baptista também no Quirafo). Juntando aos mortos e os feridos, as baixas eram já consideráveis e em virtude disso, chegou a ser considerada a possibilidade de o Batalhão ser transferido para outra zona.

Tal não se veio a confirmar pois ao aumento da movimentação do IN, entre Cancolim (atacado várias vezes) e Galomaro onde atacaram várias tabancas como Cansamba, onde estava um pelotão da companhia do Saltinho, Bangacia, Campata (e ainda Bafatá pois o IN infiltrava-se passando perto do destacamento de Cancolim) posteriormente a própria CCS em Galomaro.

A este acréscimo da movimentação do PAIGC respondeu-se com medidas acertadas, que talvez tenham feito gorar os intentos do movimento independentista e assim para sacudir o assédio que vinham fazendo na zona, foram precisas várias intervenções dos pára-quedistas (logo em 1972) e, posteriormente, a transferência da CCAÇ 3491 que veio reforçar Galomaro e Cancolim (I GCombate). Também essa companhia “emprestou” para Piche o II Grupo de Combate do Luís Dias (e o III GCombate do Farinha). A certa altura Galomaro, também foi reforçada por um pelotão comandado pelo alferes Luís Borrega (em 1972) e outro de uma companhia independente (em 1973), onde estava um meu antigo colega de escola, Carlos Afonso

Pára-quedistas em Galomaro desta vez em 1973.

Mais tarde tivemos mais mortos e feridos (zona de Cancolim e zona de Galomaro) e um desaparecido em Cancolim (António Manuel Ribeiro) que veio a aparecer por ter conseguido fugir em Março de 1974 de uma prisão do PAIGC, usando o rio Corubal para se guiar até ao Saltinho.

Posteriormente alguns soldados vieram para o nosso batalhão alguns por castigo, como o caso de um madeirense expulso dos comandos, que integrou o Pel Rec e pelo que vou contar, também se recorreu a agrupamentos disciplinares para reporem os nossos mortos e evacuados.

Belo dia juntamo-nos todos para ver o grupo de soldados que tinha chegado em rendição das baixas de Cancolim. O aspecto deles não era o melhor e o estado das fardas era representativo das vicissitudes por que tinham passado até ali chegar. Todos a roçar mais os 30 do que os 20 anos, eram o retrato vivo de soldados que a indisciplina, o azar ou quem sabe fruto de uma certa revolta os atiraram para castigos na maioria com passagem pelas prisões militares.

Um tinha agredido um superior, alguns refratários, etc... depois já sabe, ou não se sabe onde existe a verdade e onde ela acaba.

Nisto ouço ao meu lado uma exclamação: Olha o Lino!!!!! 

- É um moço lá do mê bairro e há anos que o não via! - Dizia o Caramba naquela forma tão peculiar de falar e dando a perceber com expressão do rosto, que o Lino era de primeira apanha.

O Lino também o reconheceu logo e fez-se ali uma festa com umas cervejas à mistura.

O Lino contou imensas peripécias e as inúmeras “porradas” que levou na Metrópole às quais juntava outras tantas já na Guiné, com passagens pelo presidio militar. Via-se que pela cara dele, que há muito tinha deixado de se vangloriar dos seus feitos e que esses lhe tinham custado demasiado caro.

- Lembras-te de quando atiravas bombas de carnaval ao polícia com a fisga?

Todos nos rimos imaginando o pobre policia a ser bombardeado sem saber donde lhe chovia. Outras patifarias onde o Lino era figura principal foram recordadas e está claro, que elas eram bem presentes na memória do Caramba, que delas sabia em primeira mão ainda moço.

O Lino bem como os outros lá foram no mesmo dia para Cancolim na coluna que regressava de Bafatá.

Nós, com mais de um ano de comissão, não ficamos indiferentes à sua passagem por Galomaro e ao seu especto físico e ar arruaceiro, o grupo mais fazia lembrar os “Doze Indomáveis Patifes”, um conhecido filme americano sobre a II guerra mundial.

Nessa mesma noite Cancolim é atacada e lá vai o Lino evacuado para Bissau com um ferimento numa perna. Nada de especial e acabou por regressar mas, se não estou em erro, foi mais tarde evacuado com uma ulcera no estômago e, desta vez sim, nunca mais o vimos.

Nunca me esqueci do seu aspecto, sem dentes, muito moreno, pequeno e magro com um rosto algo sofrido, irreverente que se desarmou ao ser por nós tratado com amizade. É que ali debaixo daquele sol tórrido, éramos todos iguais.

Nota de rodapé:
- Os pára-quedistas foram usados várias vezes na nossa zona em 1972 e 1973 em Cancolim onde reforçaram o próprio destacamento. Foram largados entre Galomaro e Saltinho (íamos buscá-los quando caimos numa mina com um morto) e posteriormente no eixo Cancolim, Dolumbi, Madina de Boé. Também o grupo do Marcelino da Mata fez operações a partir de Galomaro após o ataque a Campata.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11279: Estórias do Juvenal Amado (47): Aquelas postas de bacalhau eram ouro

Guiné 63/74 - P11381: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (3): Resposta do Torcato Mendonça, ex-alf mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 16 [, Mansambo: Cartaz de boas vindas... Ao fundo os "bunkers", construídos de raíz pelo pessoal da CART 2339... à esquerda, a fiada de arame farpado, e o engenhoso sistema de alerta, constitúido pro garrafas vazias de cerveja...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 15 [, Abrigo e balneário...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 60 [, Dia de festa, com leitão à moda de... Mansambo...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 5 [... Jogatana de futebol na parada... As balizas eram feitas com pneus velhos...]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 7 [... O Torcato posando para a fotografia, junto ao espaldão do morteiro 81...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 6 [... O Torcato junto ao obus 10.5]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 13 [...O ponto de referência (opu de mira) do PAIGC, sempre que atacava ou flagelava o aquartelamento, que não tinha população, apenas alguns guias e milícias com as suas famílias... A enorme árvore acabou por ser abatida e queimada...]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  Fotos falantes III > Foto nº 14...

Fotos do álbum do Torcato Mendonça > Fotos Falantes II

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação das respostas ao "questionário aos leitores" do blogue (*), no âmbito das comemorações do  9º aniversário do nosso blogue (,que será a 23 de abril).

Aqui fica, a seguir, o guião com as "15 perguntinhas ao leitor" que foram enviadas a todo o pessoal que se senta debaixo do poilão da Tabanca Grande. A mensagem, por nós enviada, sempre em BCC (como manda as boas regras de segurança na Net), foi devolvida nos seguintes casos (por desatualização ou mudança do endereço de email): Henrique Castro, Joaquim Fernandes, José Belo, Nuno Rubim, Ricardo Figueiredo, Rogério Ferreira e Sérgio Pereira.


(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como e através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ? (diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer

Obrigado pela tua resposta, que será publicada, com direito a foto. O editor, Luís Graça.




2.8. Torcato Mendonça [ex-afl mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente; vive no Fundão, foto à direita]


(1) Creio que nos primeiros meses de 2006.

(2) Foi-me dado a conhecer por um camarada, Carlos Marques dos Santos. Estivemos na mesma Companhia (CART 2339) na Guiné [Fá e Mansambo, 1968/69] . Em 2005 eu fui, pela 2ª vez desde que se realizam, ao almoço da Companhia. Foi talvez devido a isso que ele me deu a conhecer, tempos depois, o blogue. Eu estava também mais recetivo ao “tema Guiné”.

(3) Desde Maio/06 quando comentei um poste que abordava um assunto que eu conhecia. O Luís Graça convidou-me e eu aceitei.

(4) Leio o blogue diariamente e, quase sempre, mais do que uma vez. Faz parte da minha rotina diária. Claro que em viagem, férias ou outras estadias quebro essa rotina.

(5) Tenho enviado “estórias”, fotos e comentários. Talvez em participação excessiva. Fiz uma paragem, talvez mais uma menor participação, deve haver quase um ano. Não sei ao certo mas facilmente se verifica consultando a listagem á esquerda do blogue. 

(6) Claro que sim [, conheço a página do facebook].

(7) Não. Prefiro o blogue. 

(8) Do blogue evidentemente. É nele que está o que me interessa e com o alinhamento de que gosto.

Sobre o facebook nada mais digo. O que mais gosto no blogue é difícil dizer. Talvez o relato, depois de décadas, das vivências dos ex-combatentes naquela “terra vermelha e ardente” e o seu convívio com a boa gente das Tabancas. Gosto dessas “estórias” que mostram como vivíamos e víamos a Guiné, suas gentes, costumes e cultura e o respeito que nos mereciam. Claro que haviam excessos a mostrarem uma certa superioridade bacoca. Penso que é natural em jovens de vinte e poucos anos ou jovens revoltados pela interrupção de sua juventude e de suas vidas. Relevar aqui Séries ou textos que têm passado no blogue parece-me pouco correto. Correto não, prefiro elegante.

(9) [Sobre o que gosto menos:] Certos comentários que mostram intolerância ou, de alguma forma, violam as Regras do blogue. Aparecem certos escritos que, em parte ou no todo, parecem ser um elogio a um ou outro facto ou personagem. Ainda discussões estéreis ou elogios a quem contra nós combateu. Respeito quem diferente de mim pensa e essa, quase, forma elogiosa de tratar o IN, desgosta-me. Primeiro e sempre o soldado do meu País. Nunca conviveria com o IN, na fase de transição para a dita independência, a não ser militarmente. Só. Não sou racista e o ser humano merece-me muito respeito e, por isso mesmo, seria esse o meu comportamento.

(10) Não. Pode haver algumas falhas que me parecem normais.

(11) [Para mim, o blogue representa:] Uma companhia, o fazer-me sentir mais jovem e participativo num período marcante de minha vida. Além disso, é uma fonte de aquisição de novos conhecimentos sobre o modo como outros camaradas sentiram a sua passagem pela Guiné. É saudável. Recordar o passado, esse meu passado, foi importante para mim. Tinha tentado esquecer. Impossível claro, certos acontecimentos marcaram e esses nunca se esquecem. Creio que logo na minha entrada para o blogue disse isso: nunca esqueço (o facto que me marca pelo desagrado) e não sei perdoar.

(12/13) Em praticamente todos. Este ano não vou. O blogue dá-nos a conhecer outros camaradas mas, só nesses encontros os conhecemos fisicamente. Nos encontros das Companhias é diferente e eleva-se muito, para mim claro, o aspeto emotivo. Ali sentimos ou sinto muito o meu Grupo de Combate e os que não estão. Não só e prefiro não ir ou ir espaçadamente. O telefone resolve muito.

(14) Que pergunta me fazes... Claro que sim, ora essa. Pode ser necessário, de quando em vez, aliviar a pressão, fazer uma pausa como em tudo nesta vida. Depois é sempre em frente. O objetivo está corretamente identificado,  logo é para ganhar…(tirei o militar eliminar, fica ganhar).

(15) Criticas, sugestões, comentários. Nada! Dou os Parabéns aos Editores pelo excelente trabalho. O que está já feito, sem alardes e com humildade, é demasiado importante. Deve ser continuado pois muitos merecem que aquela realidade seja conhecida. Quem melhor dos que a viveram para a contar?
Abraços e nem faço revisão ao que escrevi ao correr das teclas…

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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11374: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (2): Respostas de José Ferraz (EUA), Tony Borié (EUA), Eduardo Estrela e Manuel Reis