segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12523: Notas de leitura (548): "Tratado Breve dos Rios de Guiné", por Capitão André Álvares D'Almada (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Julho de 2013:

Queridos amigos,
Impossível estudar a história da Guiné sem apreciar a primeira peça historiográfica, o "Tratado breve dos rios da Guiné".
É incompreensível como nunca se tenha feito uma reedição com o português actualizado. É um documento cheio de detalhe, como se o autor, à luz dos conhecimentos actuais, possuísse a preparação de etnólogo e etnógrafo. Percorreu a muito pouco definida Senegâmbia, vê-se que sabe do que está a falar, desde a economia à religião. Dá para entender a frágil presença portuguesa, tirante alguns pontos dos rios, tudo pelo diverso comércio, percebe-se a importância do tráfico de escravos. asseguro-vos que nada há aqui de enfadonho, é uma peça historiográfica que deve encher de orgulho portugueses e guineenses.

Um abraço do
Mário


"Tratado Breve dos Rios de Guiné": 
A “cédula pessoal” do encontro luso-guineense (1)

Beja Santos

Em 1594, o capitão André Álvares de Almada, natural da ilha de S. Tiago escrevia o documento mais importante sobre o encontro luso-guineense: "Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde"; desde o rio de Sanagá até aos Baixos de St.ª Ana; de todas as Nações de Negros que há na dita Costa, e dos seus costumes, armas, trajes, juramentos e guerras. Elementos mais valiosos, riqueza documental assim, não existiam na nossa historiografia. No entanto, o trabalho de André Álvares D'Almada andou esquecido. Deve-se a Diogo Köpke, em 1841, relevando trabalho de ter preparado a edição do Tratado, feita à base de um manuscrito que estava recolhido na Biblioteca Pública Municipal do Porto. Em 1946, no âmbito das comemorações do V Centenário do Descobrimento da Guiné, dava-se à estampa a edição nova do tratado.

Não percamos tempo naquilo que toda a gente sabe: a Guiné que aqui se descreve ia desde o alto Senegal até à Serra Leoa; a Guiné do Cabo Verde tem a ver não com o arquipélago mas com o cabo do mesmo nome, em território continental; Álvares de Almada percorreu a costa e entrou em diferentes rios, diz no prólogo que foi pelo rio Gâmbia 150 léguas; e os primeiros capítulos registam exatamente povos que não ocupavam o território que foi o da Guiné portuguesa e é hoje o da Guiné-Bissau, os Jalofos, o reino dos Barbacins e Mandingas, o reino da Gâmbia, o território dos Arriatas e Falupos, e por fim o reino do Casamança. É nesta complexidade de observações que se encontram elementos de indiscutível importância, mas para o conhecimento mais alargado de toda a região.

É a partir do chamado reino dos Buramos (não esquecer a então influente etnia Brame) e dos Falupos do rio de São Domingos que estamos chegados ao território atual. Diz o cronista: “A primeira povoação está com 8 léguas de entrada ao longo do rio de S. Domingos, chamado pelo nome de Farim. As casas da dita povoação são de taipa, como as de Casamança, com grandes cercas de paus fincados a pique feito um muro de palha a que chamam Tapadas”. Aqui havia artilharia numa fortificação para defender este território das intrusões de ingleses e franceses, forte mandado edificar por Manuel Lopes Cardoso, vizinho da ilha de S. Tiago. A povoação ao lado do forte teria 700 a 800 pessoas e imperava a fé cristã. Os ingleses e franceses queriam comerciar couros, cera e marfim. E tece um comentário: “Os negros nesta terra, os cortesãos que andam da corte dos reis com quem tratam os nossos, andam vestidos com umas roupetas compridas e uns panos cingidos, e por debaixo desses panos trazem uma pele. Os mais do sertão andam nus. As armas que trazem são espadas curtas, facas, azagais, adargas, frechas”. O rei dos Buramos ia ao forte assistir à missa, a presença cristã ao tempo era incontestável. E o autor insiste na necessidade de se fundar na ilha de S. Tiago uma casa de religiosos para vir aqui missionar. S. Domingos era terra dos Banhus, aqui havia uma aldeia grande e se praticava o tráfico de escravos. Temos aqui descrições primorosas sobre usos e costumes, descrevem-se também Casangas, caçadores de elefantes e explica a arte da caça. Observa que no rio de S. Domingos há mais escravos que em todos os outros da Guiné, porque nele participam Banhuns, Buramos, Casangas, Jabundos, Falupos, Arriatas e Balantas. Ficamos a saber que os Buramos são bons e serviçais escravos, e que limam os dentes.

E segue-se a descrição dos Bijagós e dos seus costumes: são muito guerreiros, pelejam com os Buramos e Beafares, não há rei entre eles, fazem as suas povoações ao longo do mar, atravessam muitas vezes mais de dez léguas e vão até o Rio Grande, terra dos Beafares e fazem grande destruição. Os homens não fazem mais que três coisas – guerra, fazer embarcações e tirar o vinho das palmeiras; as mulheres fazem as casas, e as searas, pescam e fazem todo o mais serviço que fazem os homens em outras partes. Os aspetos de retenção do pitoresco são de um grande observador, serve como exemplo: “As mulheres andam despidas da cinta para cima; trazem um modo de saias feitas das folhas da palma, que dão por cima dos joelhos. As paridas trazem os filhos nos braços, atados numas correias de couro cru, que trazem ao pescoço, com que sustentam e têm as crianças (…) Os negros Bijagós são mui pretos, deles gentis homens; não furam as orelhas; as mulheres sim. Alguns limam os dentes de maneira que fiquem abertos e não agudos”.

O registo muda agora de orientação, vai para o Rio Grande, Terra dos Biafares: “Esta terra dos Beafares é muito grande, e assim como é grande há muitos reis, uns metidos pelo sertão, outros ao longo do rio. No reino de Guinala, que é a primeira pernada, anda o reinado em duas gerações, na dos fidalgos e na dos plebeus. Há tempos que herdam os fidalgos e entram no reinado, e há tempos que herdam os plebeus – ferreiros ou sapateiros. E sabem os que governam quando cabe a qualquer destas gerações. E entram no reinado sem guerra nem dissensões, porque não elegem para haver de ser rei senão um muito velho, e nunca os fazem mancebos; e estes velhos vivendo muito os matam”. Depois de dizer que os Beafares são grandes ladrões, descreve a roupa: “Estes negros andam vestidos em umas camisas compridas que lhes dão pelos joelhos, e uns panos cingidos até meia perna, e por debaixo deles trazem umas peles de cabra curtidas sem cabelos”. A missionação é inexistente: “O bispo da ilha de S. Tiago manda todos os anos visitar neste rio como faz no de S. Domingos, mas nenhum fruto resulta de tal visitação. Se se pode dizer, tenho para mim que a causadora de viverem da maneira que vivem. Falo nisto outra vez, porque me pesa ver entre cristãos tanto desamparo. Nesta aldeia dos nossos estiveram no ano de (15)84 uns frades carmelitas descalços que com o seu modo de vida e doutrina faziam grande fruto; por onde me parece que por falta de quem pregue a Doutrina e Palavra de Deus não há hoje nestas paragens muita Cristandade”.

E o cronista discorre sobre a fixação de gentes, o comércio de escravos e a pacificação dos autóctones: “Não deixará de alterar-se o preço dos escravos e das outras mercadorias povoando-se esta terra, mas é necessário que se acuda mais ao serviço de Deus que ao proveito dos homens. Digo isto porque depois que os nossos se aldearam e se puseram todos a par do forte, compram-se os escravos e o mais que na terra há por mais preço do que soia ser; porque antigamente estavam afastados, aposentados em casas de fidalgos uma légua e meia, uns dos outros, e lhes acudia mais resgate, e não abatiam uns aos outros, e eram guardadas suas pessoas dos seus hóspedes e dos seus parentes. Hoje saindo os nossos fora da aldeia tratam-nos os negros mal, e não são seguros como dantes, dizendo que querem estar por força na sua terra. Chamo tratar mal, se fizerem os nossos ou seus escravos qualquer desaguisado não o sofrem os negros, e sobre isso há muitas brigas, e às vezes mortes; o que não era dantes”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12511: Notas de leitura (547): "Portugal em África", por Richard Pattee (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12522: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (3): Tenho pena de não ter, na minha posse, cartas que escrevi, onde narrava o nosso sofrimento.

1. Mais um texto do nosso recém membro da Tabanca Grande, Mário Gaspar (*):

Eu,  Mário Vitorino Gaspar, ex-Furriel Miliciano de Artilharia Nº 03163264, com a Especialidade de Explosivos de Minas e Armadilhas da CART 1659 – “A Zorba” e com o lema “Os Homens não Morrem”, que cumpriu a Comissão de 1967 a 1968 em Gadamael Porto e Ganturé, em relação à sondagem [sobre o que a malta lia nas 'horas vagas'] (**), embora tenha enviado já uma primeira resposta, como solicitado, interessa talvez completá-la.

Tanto em Gadamael Porto, como em Ganturé nada existia. A luz que havia era improvisada, com garrafas de cervejas repletas de gasolina, um pavio de gaze enfiado num orifício de uma carica. À noite, e através de um motor, tínhamos luz principalmente para iluminar o espaço que ia da paliçada ao arame farpado.

Não havia nada, nem possibilidades de tomar um banho, senão através de um púcaro, feito de uma lata de óleo com uma asa de arame. Os copos eram feitos de garrafas de cerveja, cortados com um ferro em brasa, depois de cheios até à zona que pretendíamos aproveitar. Os armários, mesas, bancos, etc. feitos de madeiras dos caixotes de munições. As cadeiras – e que luxo – feitas das madeiras dos barris de vinho. Como é sabido, tudo improvisado portanto.

Não existiam nem bibliotecas com livros, nem sem livros. Os jornais e revistas que lia eram enviados pela minha mãe, que aproveitava a embalagem no envio dos mesmos para que recebesse uma ou duas postas de bacalhau, fazendo um embrulho que só uma mãe é capaz de fazer. O bacalhau era partilhado por todos. Quando chegavam à minha mão as notícias, já eram de um passado muito remoto.

Quanto aos livros que lia, levei-os de casa, e ficaram sobre um caixote de munições, que era simultaneamente a minha mesa de cabeceira. Um livro de contos, que continha um intitulado “Crescei e Multiplicai-vos” de Urbano Tavares Rodrigues; “A Fanga” de Alves Redol; “Zorba o Grego” de Nikos Kazantzákis;  e “A Mãe” de Máximo Gorki. 

Quando os relia, voltava a relê-los visto não ter mais nada para ler. E eu que tanto gostava de me deliciar na leitura. Outros livros que acabei por ler foram emprestados, e até comprados quando gozei licença. Lia alguns quando me deslocava a Unidades onde habitualmente me deslocava para intervenções operacionais, livros do Furriéis Milicianos que tão bem conhecia. Leitura e bebida que era partilhada, quando “visitávamos ou éramos visitados pelos Furriéis Milicianos”. 

Recebi também das Madrinhas de Guerra alguns livros. Lembro-me, já no final da Comissão, em Bissau receber de uma Madrinha de Guerra um livro, que adorei, e não recordo o título, de Rainer Maria Rilke. Acabei de o ler quando fazia Serviço de Sargento da Guarda, no Forte da Amura. Lia a revista “Seara Nova”, nunca conseguindo a sua assinatura, disseram-me em Lisboa que não a podiam enviar para a Guiné. Recebia-a mas enviada por um amigo.

Quanto à música, na Messe em Ganturé tínhamos um gira discos, que era de um dos furriéis, mas só ouvíamos uma canção dos Sony and Cher - “I got you Babe”. Parecia mais estarmos nos “rangers” em Lamego, massacrados com as músicas “O sambinha chato”, nunca cheguei a saber de quem,  e “Et maitenant”, que acho que é de Gilbert Becaud. Música ouvia e mal na rádio: Bissau e Guiné ex-Francesa – Mornas e Coladeiras – principalmente.

Joguei à bola em Gadamael Porto, na zona que denominávamos de pista, cheia de torrões e buracos.

Jogávamos aos jogos de paciências, e a determinado momento começámos a jogar outros jogos a dinheiro. Isso provocou algum descontrolo, mas depressa acabámos por pôr cobro a tal. Joguei muitas vezes ao king no Comando mas o máximo que se perdia era uma coca cola.

Não ia à caça nem à pesca.

Frequentemente deslocava-me para junto das tabancas, convivendo com as populações, e mais ainda com os camaradas da Companhia, com todos eles, independentemente dos postos.

Quanto aos copos, era uma desgraça. Depois de regressar das operações – que eram muitas – bebias sete cervejas previamente encomendadas ao cantineiro. Bebia-as, e por vezes, quando tinha a triste ideia de depois do banho e do jantar voltar à cantina eram mais, pagas por mim e até mais, pagas pelos militares (principalmente Soldados e Primeiros Cabos). Nos dias em que não existiam saídas, começava o dia a beber cervejas ao pequeno almoço, ao almoço, no jantar e nos intervalos. Portanto, quando existia uma peça de caça, uma galinha de mato, bacalhau ou um franganote, lá me chamavam para um abrigo. E estávamos até esgotar as cervejolas.

Dormir a sesta estava fora de causa. Tinha os dias bem ocupados.

Quanto à escrita, havia sempre tempo no intervalo dos copos e das operações. No princípio da comissão – e em Ganturé – iniciei um trabalho sobre os usos e costumes da população. Mas desisti, queimando tudo o que conseguira recolher junto das populações. Escrevia principalmente cartas para a família, amigos e madrinhas de guerra. Era o meu principal alimento escrever e, depois aguardava pacientemente pelas respostas, olhando para o céu esperando a avioneta. E ao receber correio, que vinha quase sempre atrasado, sentia uma frustração ao assistir ao desespero de quem não recebera correio. 

Tenho pena de não ter na minha posse, cartas que escrevi, onde narrava o nosso sofrimento. Para os meus familiares, eu simplesmente passava férias em terras de África. Um amigo ainda me devolveu as cartas que lhe escrevi.

Também fui professor da 3ª e 4ª classes, tanto dos Soldados que compunham a Unidade, como os que nela estavam integrados: Praças “U” e Caçadores Nativos.


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Notas do editor:


Guiné 63/74 - P12521: Convívios (556): Almoço de Natal dos bedandenses do sul, com homenagem ao Tony Teixeira (1948-2013) (Hugo Moura Ferreira / Manuel Lema Santos)



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013>  O lugar (vazio) deixado em memória do Tony Teixeira (1948-2013)


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Da esquerda para a direita, Gualdino da Silva, o lugar (vazio) deixado em memória do Tony, e o Joaquim Pinto Carvalho


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Aspeto parcial da sala (que tem uma lotação de 40 lugares)... Ao fundo, vê-se o Hugo Moura Ferreira, de pé, a falar com o Pinto Carvalho,



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Em primeiro palno, o veteraníssimo Rui Santos...


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Em primeiro plano, o João António Carapau (médico reformado) e o João Martins... Ao fundo,   Renato Vieira de Sousa (. cor ref) e o Gualdino Silva e o Pinto Carvalho.


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Da esquerda para a direita, o Guerra, o Victor Luze e o José Vermelho (, de camisola amarela...).


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Ao fundo, o   Renato Vieira de Sousa e o Gualdino Silva; em primeiro plano, o Rui Santos e o  Carlos Jesus Pinto (Pel rec Daimler, Bissau e Bissorã) (sobre o quaL diz o Hugo Moura Ferreira: "Ao ver o teu anúncio no Blogue de imediato se associou; e por ser um tipo simpático vai passar a ser convidado!... Não tem, obviamente nada a ver com Bedanda").


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Mais um aspeto da sala em que é visível Maria Helena "Salazar" (, esposa do Eduardo Cesário Rodrigues "Salazar"), o Fernando Sousa, a Maria dos Anjos Sousa, a Manuela Carronda Rodrigues, e Cor Carronda Rodrigues. (que andou a pisar a bolanhas de Bedanda como Alferes).


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Ao centro, o Carlos Silva, preparando-se para tirar uma foto.


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > O Manuel Lema Santos e o Carlos Silva.


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013> Algumas esposas de camaradas bedandenses do sul ... A do canto do lado direito parece-me ser a esposa do Hugo Moura Ferreira, a Lorena (que viveu 4 meses na Guiné, no tempo da comissão do marido).


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013> Da esquerda para a direita, o João Martins, Carlos Carronda Rodrigues (coronel, que se Reformou há poucos meses) e o Carlos Silva.



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013>  Da esquerda para a direita, o Fernando Sousa, o Pinto Carvalho e o Hugo Moura Ferreira



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > O Pinto Carvalho lendo o seu texto poético de homenagem ao Tony, seu camarada e amigo
do peito (**).


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Um das imagens-ícones do Tony.


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Aspeto parcial da sala, com a projeção dos "slides" do Pinto Carvalho de homenagem ao Tony.



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > Moura Ferreira e Sónia, do Restaurante O Gomes.


Fotos: © Manuel Lema Santos (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.; legendas; L.G. e Hugo Moura Ferreira]



 
1. Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica, 19 de dezembro de 2013... Como previsto realizou-se, no sul, o anunciado almoço de Natal, tão desejado pelo António Teixeira (Tony), ainda em vida (*)...

Foi um convívio maravilhoso, no dizer do Hugo Moura Ferreira, que foi o chefe de orquestra. Foram também recordados o Fernando Roque, açoriano da diáspora, a viver no Canadá, bem como o Alberto Rocha,alferes do pelotão de artilharia, em Bedanda.



2. Estas fotos, do Manuel Lema Santos,  foram-nos gentilmente disponibilizadas pelo autor e pelo João Martins que, em 21 do corrente, nos mandou a seguinte mensagem:

Com um grande abraço, envio as excelentes fotografias da autoria do Manuel Lema Santos que, muito provavelmente, já vos enviou.

Aproveito para desejar a todos um Santo Natal e um excelente Ano Novo. Grande abraço, João Martins.

Por sua vez, em mensagem, no Facebook, na página do grupo (secreto...) Bedanda / CCAÇ 6, o Manuel  Lema Santos escreveu,  para o Hugo Moura Ferreira, o seguinte:

Considera as fotos que realizei do almoço,  como pertença da 'comunidade bedandense'. Publica as que quiseres da forma que melhor entenderes, sem problemas! Fica o meu agradecimento a todos pela participação no agradável convívio havido.


3. Mensagem, posterior,  do Hugo Moura Ferreira, respondendo a um pedido meu para corrigir e completar as legendas:


(...) Só te peço mais uma coisa. Para colocares mais uma foto, referenciando o Salazar (podes chamá-lo assim, simplesmente). Ele é o único que não aparece em nenhuma das que aqui estão. Mesmo que apagues uma das que pretendias colocar. Não têm a melhor qualidade mas servirão para o fim em vista. En mando-as aqui em anexo. Uma é dele apenas e outra é visto ao fundo da foto numa imagem geral da sala.

E por aqui me fico. Um abração e MUITO OBRIGADO, pela forma como tratas estes Bedandenses "loucos por aquela terra e aquelas gentes" (...)



Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 >  Aspeto geral da sala.


Amadora, Venda Nova, Restaurante O Gomes, às portas de Benfica > 19 de dezembro de 2013 > "O Eduardo Cesário Rodrigues, mais comnhecido por Salazar. Este nome que lhe é dado desde os anos 50, faz quase parte do nome dele. Eu costumo colocar no final do nome dele Salazar entre aspas. Como se fosse um títítulo! (HMF).


Fotos (e legendas): © Hugo Moura Ferreira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

domingo, 29 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12520: Em busca de... (233): Pessoal do Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664 (Moçambique, Tete, 1964/66) (António Ferreira Carneiro, o "brasileiro", ex-1º cabo magarefe, DFA, residente em Custoias, Matosinhos, e membro da Tabanca de Candoz)


Moçambique >  Tete > 25 de fevereiro de 1964 > Pessoal do Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664 (Tete, 1964/66) > Almoço do 25º aniversário do António Carneiro, 1º cabo magarefe, natural de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses... Este destacamento cheha a Moçambique uns meses antes do inícío oficial da guerra colonial em Moçambique. As primeiras ações armadas da FRELIMO datam de agosto de 1964.

Foto: © António Carneiro / Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.


1. Já aqui falámos do António Carneiro, a propósito da Tabancas de Candoz... É o mano mais velho de seis irmãos, três rapazes e três raparigas, uma das quais a Alice Carneiro, nossa grã-tabanqueira.  Nasceu em 25/2/1939, filho de José Ferreira e Maria Ferreira.  Esteve imigrado no Brasil entre 1957 e 1963, para grande desgosto do seu pai, que era um proprietário rural conceituado na sua terra.  Em 1957, com 18 anos, o António obteve dispensa do serviço militar para se fixar, a título definitivo, no Brasil.  Pagou, em Viseu, no RI 14, duzentos escudos de emolumentos, em selos, pela sua dispensa militar.

Acabou, por acompanhar, em 1963, um tio materno, emigrado, de regresso à terra. No aeroporto, em Lisboa, o seu passaporte leva logo com o carimbo da PIDE. E é notificado de que deverá regularizar de imediato a sua situação militar. Faz a recruta, aos 24 anos, e é de seguida mobilizado para Moçambique.   Viaja no T/T Niassa. Chega a Tete, em janeiro de 1964, integrado numa subunidade de intendência. A sua experiência profissional (era magarefe no Brasil) é devidamente aproveitada pela tropa.

Seis ou sete meses depois de chegar a Tete,  sofreu em julho de 1964 um grave acidente com uma pistola-metralhadora ligeira, uma UZI, disparada acidentalmente por um camarada que acaba de fazer o seu serviço de sentinela...

O 1º cabo Carneiro irá estar  mais de um mês em estado de coma. Só um milagre o salvou. Hoje tem uma enorme cicatriz, um autêntico fecho 'éclair', de alto a abaixo, do peito à barriga... O tiro perfurou-lhe sete órgãos. É um DFA - Deficiente das Forças Armadas (com cerca de 2/3 de incapacidade)... Acabou por ser evacuado para o Hospital Militar Principal, em Lisboa,  em dezembro de 1964... Esteve dois anos em convalescença...

Afetado por um AVC, muito recentemente, está a ser tratado no Hospital militar do Porto. Gostaria muito de poder  identiificar alguns dos camaradas que aparecem aqui nesta foto (*). Não tem contactos de ninguém (**). Pediu-me, encarecidamente, enquanto cunhado, que divulgasse esta foto no nosso blogue, apesar de ele saber que é um blogue exclusivamente dedicado à Guiné e aos camaradas que por lá andaram nos anos de 1961/74...

Por ele, por um camarada como ele que muito sofreu, e que é DFA,  e pela Tabanca de Candoz, anui a editar-lhe este poste, também na esperança de que possa aparecer alguma pista que nos leve a esta rapaziada retratada na foto acima... (Muito provavelmente já nem todos estarão vivos, e a probabilidade de lerem este pedido é muito baixa; mas pode haver algum filho,  neto ou vizinho que nos visite; vamos também divulgar este apelo pelo Facebook da Tabanca Grande).

Já não é o primeiro apelo dele  que aqui publicamos... O António Ferreira Carneiro era na altura conhecido, no seu pelotão,  como o "Brasileiro". Ao todo, o pelotão era constituído por 25 militares, sendo os graduados 2 cabos, 2 furriéis, 1 2º sargento e 1 alferes.

Pelo que o António me informou, o seu pelotão de intendência era comandado pelo alf mil Patrício, e tinha um 2º sargento, o Touguinha,  além de  dois furrieis (um dos quais açoriano) de cujos nomes  já não se lembra.  O outro cabo, além dele, era minhoto: chamavam-lhe o Cabinho... O camarada que está defronte dele, na foto, era um alentejano... de que também não sabe o nome. São quase 50 anos passados...

Uma análise da foto (, digitalizada, a partir de um original de formato reduzido,) mostra-nos doze jovens, em tronco nu, à volta de um mesa comprida, comendo e bebendo. Há, para além de um garrafão, 15 garrafas de cerveja, das grandes, da marca Mac Mahon, uma das bebidas produzidas em Moçambiquem, na época... Também era conhecida pela 2 M.  A marca rival era a Laurentina. (Recorde-se que, em Angola, eram as marcas Cuca e Nogal).


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz> c. 1966 > O António Carneiro, na ponta esquerda, seguido do 2º sargento Touguinha... Ao centro, o patriarca da família, fazendo as honras à casa.

Foto: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.


2. Depois do regresso do António, do Hospital Militar Principal, em Lisboa, a família recebeu a visita de um camarafa do seu destacamento, o 2º Sargento António Teles Touguinha.  Era natural da Póvoa ou de Vila do Conde, não sei ao certo. O Touguinha foi para o António um verdadeiro anjo da guarda e para a família um grande amigo.  Infelizmente, o Touguinha já morreu (, aos 55 anos, em 1992).

Na foto, podemos ver da esquerda para a direita, o António, de cigarro na boca, o Touguinha e a esposa... O dono da casa, o pai Carneiro (sentado, fazendo as honras à casa, com o copo e a caneca de vinho verde tinto na mão), tem por detrás, de pé, a Alice.. Tudo indica que a foto tenha sida tirada no verão, na época das férias. Além disso, o pai Carneiro (1911-1996) estava com os socos com que costumava andar no campo, a regar o milho. A foto deve ter sido tirada com tripé e temporizador.

Ao fim destes anos todos (meio século!), o António ainda hoje procura malta da sua subunidade bem como o médico que o operou em Tete ("Era a maior alegria que me podiam dar, saber do paradeiro dos meus camaradas de Intendência bem como do médico que me salvou").

 Ele vive em Custóias, Matosinhos. Aqui fica o seu nº de telemóvel: 916 511 550, bem como o telefone fixo: 22 953 4610.  Quaisquer boas notícias a este respeito também podem ser encaminhadas para o endereço de email do nosso blogue. As melhoras para o António, e votos de um ano de 2014 cheio de esperança.  (LG)

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 30 de outubro de  2013 > Guiné 63/74 - P12220: Em busca de... (232): Ex-alf mil cav Alexandre Costa Gomes e ex-fur mil cav Manuel Vitoriano, José Soares, Joaquim Manso, José António Barreiros e António Rio, do Pel Rec Fox 2260, Gadamael, 1970/72 (Manuel Vaz, ex-alf mil, CCAÇ 798, Gadamael, 1965/67)


(**) Vd. poste de 24 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6780: Os nossos seres, saberes e lazeres (23): O Grupo de Bombos 4 Estações, na Tabanca de Candoz (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P12519: Tabanca Grande (417): Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974) (2): Informações complementares

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974), com data de 14 de Dezembro de 2013:

Caros camaradas Luís Graça e Carlos Vinhal
Cordiais saudações,

Começo por enaltecer e louvar a vossa competente e generosa dedicação à vida deste Blogue Colectivo de mais de 630 homens e mulheres que têm a Guiné como traço de união e que se manifestam como uma (quase) Comunidade. – Tabanca Grande.

Foi uma boa e feliz inspiração a sua criação, mas só o muito trabalho, dedicação e amor à causa tem levado a bom termo os seus objectivos ao longo dos quase 10 anos. O mínimo que posso dizer ao Luís é muito obrigado e parabéns, que torno extensivos a todos os co-editores, camaradas e amigos que o têm engrandecido com as suas participações.

Começa a ser penoso para mim continuar a adiar o envio de mais informações, que melhor me descrevam como ex-combatente na Guerra Colonial da Guiné, partilhando um pouco da minha vida aí passada nos anos de 1973 e 1974 e também dando-vos conta da minha vida presente, isto é, dando-me a conhecer um pouco mais. A minha responsabilidade ética e o respeito que sinto pelos camaradas e amigos de tertúlia assim o exigem.

As circunstâncias da minha vida presente, ainda muito ocupado com o trabalho profissional com que me esforço para “sobreviver à crise” não me concede o tempo disponível de que necessitava para escrever as minhas memórias da Guiné. Por outro lado, a minha ainda recente descoberta do blogue e a admissão como Tabanqueiro, aliada à falta de hábitos, destreza e até alguma relutância atávica no uso desta via (internet), de relações virtuais nas redes sociais, tem-me condicionado e impedido de cumprir o que era expectável. Mesmo assim, apresento as minhas sinceras desculpas.

Tinha a intenção, manifestada no acto de admissão, de iniciar de imediato uma participação efectiva enviando para publicação textos e fotos da Guiné que testemunhassem a minha vida nesses 2 anos. Cheguei a elaborar mentalmente o tipo de posts que iria propor e que intitulei de (Re)flexões onde abordaria, em episódios, vários aspectos pela minha vida militar e pela Guiné. Reflexões críticas, politico-militares, com que partilharia a minha posição e entendimento sobre as instituições políticas e militares que nos empurraram para a guerra e para o seu desfecho desastroso de que ainda hoje sofremos as consequências, mas procurando reflectir e considerar outras posições não concordantes. Escreveria como vi e senti a vida militar, cá e lá, mas também a vida das populações e territórios da Guiné, do pouco que conheci. Os meus preconceitos originais para com a instituição militar, ou antes com o militarismo classista, pernicioso, balofo e estéril, mas também da minha evolução descobrindo que entre os militares e na instituição militar também há homens bons. Partilharia alguns dos meus sofrimentos e perigos vividos em ambiente hostil, mas também algumas aventuras, camaradagem, amizades, esperanças e alegrias; uma história de 2 anos de vida que não considero perdidos e onde também fui feliz.

A necessidade de “conhecer o terreno” onde iria caminhar levou-me a percorrer um pouco a vida de mais de 9 anos do blogue e de muitos milhares de posts. Nesta busca vim a encontrar relatos impressionantes de muito sofrimento e morte que a guerra gerou, apenas uma parcela mas que eu não conhecia na sua frieza e rudeza. Compreendi melhor os efeitos da guerra em tantos camaradas que hoje sofrem no seu espírito as suas consequências; do pouco que sabia da Guiné e dos seus casos, tomei contacto com alguns relatos de grande heroísmo, coragem e valor, grandes gestos e atitudes de abnegação, de camaradagem e amor. Isto para além do manancial de informações e de relações de amizade que emana do blogue que me tem cativado, tornando-me um permanente leitor, dentro do possível, ávido de mais informações e de conhecimentos. Isto para dizer que perante o que conheço agora do blogue o que iria escrever segundo o meu projecto inicial, se me afigura irrelevante e em alguns aspectos a evitar, podendo vir a melindrar algumas sensibilidades e a última coisa que quero é que o meu contributo e participação fosse causa de sofrimento para qualquer daqueles camaradas que participaram naquela guerra, porventura entraram em combate, mataram e viram morrer quaisquer que fossem as suas motivações, convicções e razões. Para seu sofrimento já bastou o que tiveram e têm; para todos, o meu respeito, compreensão e solidariedade no seu pesar.

A seu tempo e dentro das minhas possibilidades procurarei propor alguns posts que sinta como úteis para os objectivos do blogue, dando assim o meu contributo na tertúlia. Até lá, procurarei comentar alguns dos posts que mais me interpelam, dentro da escassez dos recursos de que disponho; algumas vezes já o tenho feito e mais teria feito se tivesse mais tempo livre ou se os posts permanecessem na página durante mais algum tempo.

Desde já darei alguma informação com que estou em falta desde o meu acto de admissão (peço desculpa ao Carlos Vinhal).

Estive na CCaç 3461, do BCaç 3863, de Janeiro a Dezembro de 1973. Depois de uma passagem pelo Cumeré, onde o Batalhão aguardou embarque para a metrópole, fiquei colocado no Depósito de Adidos, em Brá, onde fiquei a exercer as funções de Oficial de Justiça. Aí, vivi bons e maus momentos e conheci pessoas interessantes com alguns momentos de algum relevo, sendo bem-sucedido até ao meu regresso, em 9 de Outubro de 1974.

Tinha casado em 30 de Setembro de 1973 aquando das férias que vim passar à metrópole. Em Fevereiro de 1974 a minha esposa foi viver comigo em Bissau, onde apesar das circunstâncias, fomos muito felizes. Ela regressou em Julho, grávida da nossa filha Margarida.

Tenho quatro filhos, três raparigas e um rapaz, e quatro netas.

Tenho exercido a minha actividade profissional desde o regresso, no ramo da industria de moldes para plásticos, como técnico de desenho e projecto, desde 1981 por conta própria com um gabinete de Engenharia e Projecto ( CEPMOLDE LDA).

Sou natural de Maceira, concelho de Leiria, nascido a 30 de Julho de 1951.

Filiação: Joaquim Fernandes e Matilde Luísa (já falecidos).

Sou cristão católico e tenho para com a Guiné sentimentos de saudade e solidariedade, alimentando sonhos e projectos de desenvolvimento, e o desejo de um dia lá voltar. Tenho uma enorme pena pelo rumo que a Guiné tem tido no pós-independência, dos crimes perpetrados, da violência que tem grassado, da falta de entendimento político e de liderança.

E por hoje não me vou alongar mais. Agradeço toda a vossa atenção e dedicação à causa. Expresso os meus votos de um Feliz Natal e Bom Ano Novo, que gostaria de tornar extensivos a toda a equipa editorial e às vossas famílias.

Um abraço fraterno.
Joaquim Luís Fernandes

PS: Envio 2 fotos que documentam a minha vida em Teixeira Pinto.

1- Como operacional em patrulhamento de carácter ofensivo, em áreas de contacto eminente, nas matas da Península do Balanguerez até Ponta Costa, bem junto à Caboiana.

2- Visita de Acção Social e Psicológica em Caió, com o camarada tabanqueiro, Alf. Méd. Mário Bravo e outros camarada da CCaç 3461, Alf Mil Moreira que estava “atabancado” em Carenque e o Alf Mil Teixeira da CCS, aquando da visita às ilhas de Jeta ou Peciche.




2. Nota de CV:

Caro camarada  Joaquim Fernandes, em primeiro lugar quero pedir-te desculpa por ter retido a tua mensagem por aqui sem a resposta atempada. A determinada altura do mês de Dezembro a correspondência é de tal modo volumosa, que se não se está atento, alguma fica para trás, ou pior ainda, sem resposta.

Agradecemos as palavras que diriges ao editores e aos camaradas em geral, afinal todos somos operários nesta missão de registo de factos escritos e por imagem daquela guerra que não quisemos, mas que fizemos na convicção de que estávamos ao serviço de Portugal.

Muito obrigado pelo complemento à tua apresentação no Poste 11742(*). Ficamos a conhecer-te melhor.

Compreendemos a tua indisponibilidade para colaborares, no blogue, com as tuas memórias, tanto mais que ainda exerces actividade profissional, como empresário, logo com responsabilidades acrescidas.

Se e quando quiseres escrever algo, não precisas de fazer auto-censura. Escrevemos de acordo com a nossa formação cívica e moral, não tendo que escrever para agradar a este ou àquele. As reacções subsequentes até são saudáveis desde que dentro da cordialidade e do respeito mútuo. Cada um de nós teve a sua guerra e até viu a sua Guiné. Não tem de haver unanimidade.

Tenho aí na zona (Pataias) um amigo, o Ismael Santos, desenhador, também ligado à indústria dos moldes. Ainda há bem pouco tempo trabalhava. Foi meu camarada no RI 5 (Caldas da Rainha), EPA (Vendas Novas), GACA 2 (Torres Novas), BAG 2 (Funchal) e CART 2732 (Guiné). Curiosamente só nos separamos enquanto fui fazer o curso de Minas e Armadilhas a Tancos (EPE).

Termino desejando-te um bom 2014, tanto no plano pessoal como profissional.
Abraço
Carlos Vinhal
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 21 DE JUNHO DE 2013> Guiné 63/74 - P11742: Tabanca Grande (402): Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973/74), residente em Maceira / Leiria, tabanqueiro nº 621

Último poste da série de 28 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12516: Tabanca Grande (416): Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67), Grã-Tabanqueiro nº 636

Guiné 63/74 - P12518: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (8): Meados de Julho de 1966, O futebol move montanhas e o Natal de 1966 passado com a família

1. Em mensagem de 24 de Dezembro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos o oitavo episódio da sua série Fragmentos de Memórias.


FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS - 8

1 - MEADOS DE JULHO DE 1966 

Se houve quem nasceu com o dito virado prá lua, eu fui um desses.
Do horror ao paraíso, foi um ápice.

Pois, agora por Bissau fiquei, cheio de imerecidas mordomias, com muitos afazeres... mas até ao cinema ia... vejam bem! E ao futebol pois então!
Lá na minha repartição, comecei a perceber muitas coisas, procurei alterar as que me pareciam menos bem e foi assim que elaborei um estudo que deu em relatório, onde propunha que os familiares de vítimas de acidentes não tivessem de pagar para que sepultassem os seus na Metrópole.
O Senhor General Arnaldo Schulz foi sensível à questão e resolveu-a de imediato, concordando connosco. Para essas situações era assim que funcionava, contrariamente ao que acontecia com os vitimados em combate, ou resultantes disso.

Recentemente muito se falou dos casos em que houve camaradas que tiveram de ser sepultados lá mesmo. Há contudo que analisar e pelo que me passou pela mão deixem-me que elucide:
- Em mensagem a dar conhecimento para Lisboa, do falecimento, e consequente informação às famílias, também se pedia o seu acordo para aceitar a trasladação sem custos. Por muito estranho que possa agora parecer e que na altura para mim, representou uma verdadeira dor de cabeça, houve, poucos... diria um ou dois por cento, em que ou a família recusava ou nem família se conhecia. Assim ali ficavam, no talhão próprio em Bissau, mas sempre com as honras militares prestadas, e quando possível com acompanhamento também de camaradas das Companhias de que tinham feito parte.
Esclareço contudo, que também não concordo que por ali estejam hoje ainda muitos dos nosso camaradas sem uma flor, sem uma furtiva lágrima em Novembro pelo menos.
O próprio País poderia ter criado um local qualquer em Lisboa e que poderíamos venerar como quando visitamos o monumento junto à Torre de Belém. Na verdade nem tudo está perfeito e que se recupere, assim hajam vontades.

Depois?
Bem depois, fui-me adaptando e integrando naquele doce bem-estar mas sem perder de vista o que se passava lá pelo meu K3 e recebendo a rapaziada que por motivos de saúde ou em férias vinham até à capital.
Junto dos órgãos competentes fui conseguindo algumas poucas atenções, particularmente no que se refere ao fornecimento de géneros alimentícios de que a Companhia tanto necessitava.

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2 - O FUTEBOL MOVE MONTANHAS

Mas nem tudo foram tristezas.
Certo dia 23/7 apareceram dois gigantes que nos deram uma grande alegria apesar de terem provocado o caos, com "bazookas" partidas por tudo o que era estrada ou caminho. É que estivemos a perder por 3 a 0, mas na 2.ª parte tudo mudou com as 4 batatas do rei Eusébio e mais uma do Zé Augusto.
Pode parecer estranho, mas foi como que recuperássemos novo alento. E ver também os autóctones contentes, foi demais. Primeiro bebeu-se para afogar o desalento da 1.ª parte... depois rebebeu-se... rebebeu-se... lindo mesmo, bem como lindo foi ver aquela desordem toda.

A PM bem tentou evitar o reboliço provocado nas ruas, dada a euforia qu'os 5 a 3 originaram, mas desistiu pressionada pelos Fuzileiros que mais contidamente lá iam resolvendo a coisa.
Tal como hoje, a paixão do futebol movia montanhas... fazia esquecer o sofrimento.

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3 - O NATAL DE 1966 PASSADO EM FAMÍLIA

Aproximava-se o Natal que poderia festejar como pertence e passou-me pela cabeça que o deveria fazer ali em Bissau com a família, ou melhor, com a minha mulher e a minha filha de 3 anitos.
Considerando a boa estrela que me acompanhava fui fazendo démarches pr'áqui e pr'áli, e na verdade em Outubro chegam as autorizações para a viagem em avião militar.
Arrendei casa, preparei-a nos conformes e em meados de Novembro aí estão para uma estadia que durou mês e meio ou seja permaneceram comigo até 28 de Dezembro.
Aí vai uma foto da chegada e outra tirada no dia de Natal de 1966, esta junto ao cais.
Reparem bem na minha felicidade.



E ENTÃO? Nasci ou não com o dito virado prá lua?

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12487: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (7): A minha ida para Bissau

Guiné 63/74 - P12517: Facebook...ando (31): Fotos de armamento do PAIGC apreendido, em 1973, por forças do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74) (Angelo Gago, ex-sold cond auto, residente em São Brás de Alportel)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72  (1972/74) > s/ d > "Mansoa é Guiné; Guiné é Portugal", diz o dístico... "Recordação de Mansoa no primeiro dia que conheci Mansoa. A foto foi tirada em 29 de Outubro de 1972".


Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72  (1972/74) >  "Quem conhece esta metralhadora ligeira, apreendida ao PAIGC em 1973 num ataque a uma coluna a uns 4 km de Mansoa ? ... Deu-se um forte ataque á coluna, a sorte foi virem três Panhards na coluna,  tivemos vários feridos,  todos com minas antipessoal que eles armadilharam no lado contrário ao ataque... O PAIGC teve várias baixas, foram apreendidas várias armas, uma delas esta." [ Trata-se de metralhadora ligeira Dectyarev, segundo o nosso especialista em armamento, o Luís Dias].


Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72  (1972/74) >  "Quem identifica mais esta foto da minha colecção pessoal: armamento apreendido ao PAIGC no setor de Mansoa, pelas companhias do Batalhão 4612/72, algumas delas desmontadas pelo meu amigo José Fernando Delgado Mendonça ou pela sua equipa de sapadores".



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72  (1972/74) >  "Recordar as armas que nos atormentaram durante a nossa estadia, a Kalashnikov [, o RPG, as minas a/c]... Foram aprendidas na área de Mansoa ao PAIGC em 1973, entre Mansoa e Cutia,  num ataque a uma coluna no regresso de Farim: atacaram a coluna de um lado e armadilharam o outro"...


Fotos (e legendas): © Ângelo Gago (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

1. O Ângelo [Pires] Gago  foi nosso camarada na Guiné. Dele já aqui nos havia falado  o Carlos Fraga:

"Fui ao almoço da CCS/BCAÇ 4612/72. Conheci um ex-soldado condutor auto que me disse que foi a ele a quem adquiri as fotos a preto e branco do armamento apreendido ao PAIGC e apenas essas e que foi ele que as tirou. Terá sido armamento apreendido pelas NT de Mansoa e, posteriormente, enviado para Bissau. Chama-se Angelo Gago." (*)

O nosso camarada vive em São Brás de Alportel e tem página no Facebook.É amigo da nossa página no Facebook, Tabanca Grande (**), onde publicou estas fotos,  algumas das quais ele já havia cedido ao Carlos Fraga.

 Convido-o a formalizar a sua adesão ao nosso blogue, mandando-nos uma antiga, do seu tempo de Mansoa, bem como o seu endereço de email, e apresentando-se ao resto do pessoal da Tabanca Grande, através de duas ou três de linhas, conformando os seus dados de identificação militar.

Desejo-lhe boas entradas em 2014 e bom sucesso como empresário. (LG)

sábado, 28 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12516: Tabanca Grande (416): Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67), Grã-Tabanqueiro nº 636

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, com data de 26 de Dezembro de 2013:

Santa Maria da Feira, 26 de Dezembro de 20013

Ex. Senhor Luís Graça
Antes de tudo, quero felicitá-lo pela criação do seu magnífico Blogue, destinado aos ex-combatentes na guerra da Guiné, e enviar-lhe os meus mais sinceros parabéns.

Sou ARMANDO TEIXEIRA DA SILVA, ex-soldado da CCAÇ 1498, que serviu na Guiné no biénio 1966-67. Companhia pertencente ao BCAÇ 1876, mobilizado pelo RI2 de Abrantes.

Permita-me uma breve introdução:
Desde há muito tempo que o seu Blogue me vem fascinando. Vezes sem conta senti o desejo de participar, mas (…) até que impulsionado pelo camarada Joaquim Vidigueira (ex-furriel) dispus-me a colaborar, facultando o nosso crachá, o qual, lhe fora enviado por Ricardo V. Ferreira, filho do camarada supracitado, com o pedido de publicação.

Entretanto, constato, com muito prazer, que a CCAÇ 1498 já faz parte do seu excelente blogue, cujo acesso se faz pela referência P12391, com data de 05/DEZ/2013. Aí se encontra não apenas o crachá, mas um breve resumo histórico da Companhia. Resumo porém, a precisar de ser emendado, para o que, desde já, solicito todo o seu habitual empenho.

Assim:
Onde se menciona que a CCAÇ 1498 esteve em Có, Binar e Bissau, deverá acrescentar-se: Bula, Ponate e Jolmete.
Ou seja, logo no dia do seu desembarque, ramificou-se em três grupos, distribuindo-se por três Quartéis, onde permaneceu, tripartida, durante o seu primeiro ano de comissão, com um grupo em Có (onde instalou a secretaria e comando), outro em Jolmete e o terceiro destacado nove meses em Ponate e três em Bula.

Ficara “adida” durante, doze meses, ao BCAV 790, pertencente ao Tenente-coronel Henrique Calado. 
Decorridos os primeiros doze meses - então sim, ao serviço do seu próprio BCAÇ 1876 - agregou seus Pelotões e partiu para Binar, aí ficando até ir para Bissau acabar a comissão.

Quanto ao comandante do Batalhão 1876, deverá o seu nome ser emendado, dado que, o verdadeiro CMDT fora o Tenente-coronel de Infantaria Jacinto António Frade Júnior.

Sr. Luís Graça, dada a condição imposta pelo blogue, tomo a liberdade de enviar-lhe duas fotografias (uma daquele tempo e outra actual) que poderá usar como entender. Se, porventura, me for permitido participar no blogue - através do registo de acontecimentos ou do envio de fotografias - estou totalmente à sua disposição.

Desejando os maiores êxitos ao blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné” – apesar de já serem enormes – despeço-me do seu autor com os meus respeitosos cumprimentos.
Armando Teixeira da Silva

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2. Comentário do editor:

Caro camarada Teixeira da Silva
Sê bem-vindo a esta tertúlia de ex-combatentes, onde cabe sempre mais um, porque muitos não seremos demais para a persecução desta missão de aqui relatar memórias e deixar testemunhos fotográficos da guerra da Guiné.

1 - Vamos agora combinar um procedimento simples que devemos seguir enquanto camaradas e tertulianos deste Blogue:

Devemo-nos tratar todos por tu, independentemente dos antigos (e actuais) postos militares, aqui referidos apenas para mais fácil identificação, das nossas habilitações literárias, profissão, idade, etc.
O nosso editor Luís Graça não vai tomar a mal que o tivesses tratado por Exmo. Senhor, mas não é para repetir. Estamos combinados.

2 - Acho que já fiz referência a todas as localidades por onde estiveram "espalhados" os Pelotões da 1498. Alterei a tua ordem para agrupar os destacamentos pelas Cartas onde se encontram. Se clicares, lá em cima, no início do poste, nos nomes das localidades, na cor laranja, abrirás as respectivas Cartas. Talvez relembres nomes de outras tabancas.

3 - Para acederes aos postes da tua Companhia, esquece o Poste 12391 e entra antes pelo marcador "CCAÇ 1498" que vais encontrar no lado esquerdo da página, nos "Marcadores/Descritores".
Experimenta estes endereços: CCAÇ 1498 e BCAÇ 1876. É só clicar.
Também vai ser criado um marcador "Armando Teixeira da Silva" que só funcionará depois de eu publicar este teu poste de apresentação.

4 - Quanto ao Comandante do teu Batalhão, já procedi às respectivas correcções. Foi na verdade o TCor  Jacinto António Frade Júnior. Houve uma confusão qualquer já reparada.

Acho já ter focado os pontos que queria, restando-me enviar-te um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia em geral, esperando que te tornes um membro activo, já que estamos a precisar de histórias novas. Não esqueças a tua responsabilidade como único representante da 1498.

Abraço
Carlos Vinhal
Co-editor
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12456: Tabanca Grande (415): Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67), grã-tabanqueiro nº 635

Guiné 63/74 - P12515: O que é que a malta lia, nas horas vagas (25): Li tudo o que era possível apanhar e estudei no Liceu Honório Barreto (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem do nosso camarada José Francisco Robalo Borrego, Ten Cor Ref (GA 7, Bissau e 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72), com data de 26 de Dezembro de 2013:


O QUE É QUE A MALTA LIA NAS HORAS VAGAS

Embora atrasado, aqui fica o meu comentário.

Ocupei os meus tempos livres a escrever, ler e principalmente a estudar:
- Escrevi a madrinhas de guerra, familiares e amigos;
- Li tudo o que era possível apanhar;
- Li livros que levei comigo;
- Li e estudei o programa para furriel do quadro permanente da Arma de Artilharia que era muito extenso;
- Estudei e fiz o Ciclo Preparatório na Escola Preparatória Marechal Carmona;
- Estudei e fiz algumas disciplinas do 5º ano no Liceu Honório Barreto.

Como estava colocado em Bissau, foi-me possível desenvolver todas as acções acima referidas com muita força de vontade e determinação!
Quando alguns camaradas me perguntavam, como conseguia eu estudar tanto, num ambiente tão difícil, eu costumava responder na brincadeira que estava a seguir à risca o lema do Senhor General Spínola “ POR UMA GUINÉ MELHOR E ENQUANTO SE LUTA, CONSTRÓI-SE".

Ex-Liceu Honório Barreto
Foto: © José Francisco Robalo Borrego (2012). Direitos reservados.

Por tudo o que consegui no campo pessoal e profissional, estou grato à Guiné, daí a minha forte ligação emocional àquele País.

Desejo a todos e às excelentíssimas famílias, continuação de Boas Festas e um 2014 o melhor possível.

Um abraço amigo do
José Borrego
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12509: O que é que a malta lia, nas horas vagas (24): Leon Uris, entre outros, e muita música (Abílio Duarte)

Guiné 63/74 - P12514: Bom ou mau tempo na bolanha (41): "Contra-guerrilheiro"

Quadragésimo primeiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.


Há dias o companheiro combatente José Dinis, exemplificando um episódio que se passou no seu aquartelamento, que estava situado em zona de combate, menciona umas palavras, que nós, os antigos combatentes, creio que nunca usámos quando lembramos a nossa passagem por aquele conflito. A certa altura ele descreve: "À minha frente, empunhando a espingarda automática G3, com o cinturão a pender da cintura, mas sem lhe tapar o órgão genital, apresentava-se um contra-guerrilheiro”.

Para quem lá andou, este cenário era normal em qualquer aquartelamento, em qualquer localidade onde estavam militares aquartelados, pois o clima era sobretudo quente e húmido, portanto muito diferente da Europa, de onde quase todos os militares eram oriundos, usando, naquela altura das suas vidas, o mínimo de roupa sobre o corpo. Mas as palavras “contra- guerrilheiro”, sim, contra-guerrilheiro, são novas quando nós antigos combatentes, mencionamos algumas passagem por aquele conflito, pelo menos para mim, e agora pensando bem, o que éramos nós naquele cenário e na voz dos guerrilheiros?


Nós estávamos lá a lutar “contra” o inimigo, que neste caso eram os guerrilheiros que compunham o grupo organizado e armado que lutava pela independência dos seu território, ele, o inimigo, que neste caso eram os guerrilheiros, talvez não dissessem essas palavras, quando se referiam a nós, os militares, pois tinham outros adjectivos, mas no fundo éramos uns “contra-guerrilheiros”, sofredores, sem condições de alojamento, vivendo debaixo de abrigos, dentro de uma cerca de arame farpado, com uma dieta fraca, e quase sempre igual, a nossa higiene, quando praticada era deficiente, alguns, algumas partes do seu corpo só via água quando chovia ou quando atravessavam as bolanhas e os canais, quando iam em patrulha, que era quase todos os dias, e então aí sim, molhavam-se, calcando bolanhas e savanas, carregando material de guerra, algum obsoleto, procurando um inimigo que não conheciam, a quem nunca tinham falado, com quem nunca se tinham zangado, e no tempo em que lá estive, vivi dois anos nesse cenário, embora não estivesse sujeito às tarefas dos companheiros de acção, mas via o que esses homens sofriam, com o camuflado e as botas rotas, cara de angústia, alguns dizendo mal de tudo, outros não querendo falar, muitos procurando na bebida e no cigarro, entre outras coisas, esquecer onde estavam acantonados, e os que não usavam a bebida ou o cigarro, nem sempre feito de tabaco, pelo menos no meu tempo, procuravam um espaço para poderem ter uns momentos de sossego debaixo dos mosquiteiros, isto tudo, quando regressavam das diversas tarefas a que quase todos os dias estavam submetidos, pois alguns, infelizmente não regressavam.


Estou a falar de todos, soldados, milicianos e militares de carreira, que se desdobravam pelos diversos cenários de guerra, com que o governo de Portugal estava envolvido, que era a muitos quilómetros da Europa, onde quase todos tinham nascido, e iam para combate, num espaço ambiental completamente diferente, ao que estavam acostumados, sem o treino, material de guerra, e preparação psicológica, para se poderem defender.


O José Dinis, trouxe até nós umas palavras, que talvez fossem ditas com alguma graça, mas fazem muito senso.

Tony Borie, Julho de 2013
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12481: Bom ou mau tempo na bolanha (40): Não era o Pai Tónio (Tony Borié)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12513: Memórias da CCAÇ 2616 (Buba, 1970/71) (Francisco Baptista) (3): Ataques com armas pesadas ao quartel

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 20 de Dezembro de 2013:


Ataques com armas pesadas a Buba

No primeiro ano que estive na CCAÇ 2616 em Buba sofríamos normalmente um ataque de armas pesadas por mês. O quartel de Buba comparado com a maioria dos quartéis da Guiné poderia ser considerado uma praça forte. Tinha uma Companhia de Caçadores, um Destacamento de Fuzileiros, uma Secção de Morteiros, e uma Secção de Obuses comandados por um alferes.
Tinha três obuses 14 e alguns morteiros. Tinha muitas valas e bastantes abrigos.
O inimigo tinha já a pontaria bem afinada para o perímetro do quartel pois as granadas rebentavam com frequência dentro dele. A nossa artilharia respondia com muito barulho mas pouca eficácia.

O alferes Baptista dos obuses, outro Baptista que não eu, nunca conseguia atingir o alvo. Era um camarada com bom carácter, calmo, cheio de bonomia. Tinha pouco trabalho e ainda bem porque ele era mais do género meditativo do que activo, pois só tinha que orientar o fogo dos obuses uma vez por mês. Mas era tão bom nisso como eu a fazer tiro de a G3, sempre fora do alvo.

Foto: © Benito Neves

Já na CART 2732, em Mansabá, havia dois obuses 8,8 com o tiro bem afinado segundo me pareceu. Em parte não admira porque era uma Companhia de Artilharia e todos percebiam um pouco dessas armas. Recordo-me de conversas do capitão Abreu, na altura comandante do COP 6, do Bento e do Rodrigues, ambos alferes sobre a regulação do tiro dos obuses.
Lá fui uma vez surpreendido por uma flagelação tendo procurado uma vala ou abrigo que não encontrei. Se me recordo bem, acho que esse ataque durou pouco tempo porque o inimigo foi alvejado ou esteve perto disso. Mas apesar dos palpites do capitão e dos alferes o mago da regulação dos obuses seria o furriel Branco, comandante dos mesmos que eu saúdo se ele me puder ouvir.

Foto: © José Teixeira

Em Buba o Baptista mandava para lá bojardas só barulhentas como quem faz girândolas de foguetes morteiros em dias de festa. Cumprimentos de cá e de lá porque felizmente da nossa parte também nunca houve feridos graves. Os ataques eram bastante intensos, durante largos minutos as granadas de morteiros e de canhões rebentavam com estrondo bem perto de nós. Quando o ataque acabava todos nós suspirávamos de alívio. Tínhamos sobrevivido a mais um e não havia mortos nem feridos a lamentar.
A tensão acumulada desde o último ataque, baixava e todos nós relaxávamos. Apesar do perigo relativo que representavam eram também um acontecimento que quebrava um pouco a monotonia da rotina diária do quartel.
Havia por vezes até episódios bizarros como aquela vez em que um alferes periquito ao ouvir o estrondo da primeira granada, com a pressa de se proteger, apareceu na vala próxima dos quartos dos oficiais tal como veio ao mundo, todo nu, sem uma parra a cobri-lo.

Habituados à periodicidade mensal desses ataques todos nós começávamos a ficar mais nervosos se algum ataque se atrasava demasiado. Isso seria sinal que estariam a preparar um ataque maior que os anteriores. Aconteceu a primeira vez que fomos bombardeados com misseis terra-terra. O ataque em si não terá sido muito maior que os outros mas trazia essa nova arma que além de provocar mais deslocação de ar fazia também um estrondo maior, mais aterrador.
Antes desse ataque o capitão recebeu uma mensagem cripto a avisar que o quartel seria atacado com armas pesadas no dia seguinte. Na manhã desse dia chamou um alferes a quem comunicou o teor da mensagem e disse-lhe que de tarde antes das cinco, hora provável do ataque, teria que estar com o pelotão num local donde supunha que o inimigo atacaria. Os ataques do inimigo eram normalmente depois das cinco da tarde, pois a partir dessa hora os Fiat's já não descolavam para os alvejar.

Lisboa > Museu Militar > O foguetão 122 mm ou a arma especial Grad (na terminologia do PAIGC). Era uma arma de artilharia, de bater zona e não de tiro de precisão, com alcance máximo de 11.700 metros para 40º de elevação. Segundo um relatório do PAIGC a distância maior a que se efectuou tiro, teria sido contra Bolama, em 4 de Novembro de 1969, a 9800 metros. O foguete dispunha de um perno (assinalado a vermelho) que, percorrendo o entalhe em espiral existente no tubo, imprimia uma rotação de baixa velocidade a fim de estabilizar a vôo. As alhetas só se abriam depois do foguete sair do tubo.

Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2007). Todos os direitos reservados.

Soube-se depois que o alferes não cumpriu essa ordem porque às cinco da tarde o quartel estava a ser atacado com canhões, morteiros e misseis pela primeira vez. Atacado precisamente do local onde devia estar o pelotão a essa hora. Nunca compreendi muito bem essa ordem do comandante da companhia pelas seguintes razões: os ataques de armas pesadas a Buba tinham sempre um potencial de fogo muito razoável. Ora isso implicava da parte do inimigo muitos homens para o transporte das armas e munições. Para fazer segurança a esse importante transporte naturalmente teria que haver muitos combatentes pois o inimigo não gostava de se arriscar a perder armas pesadas.
Terá o alferes feito estes cálculos? É provável.

Penso que este episódio terá sido conhecido por muita gente mas pouco comentado. Que eu saiba o capitão nunca confrontou o alferes pelo não cumprimento dessa ordem. Seria muito mau para ele se lhe fosse levantado um auto disciplinar, provavelmente seria a despromoção e a prisão.
Pelo reconhecimento feito no dia seguinte calculou-se que teriam vindo cerca de cem guerrilheiros ou mais, uns para o transporte das armas pesadas e outros para fazer a segurança. Ora o pelotão já com 15 meses ou mais de Guiné, estava bastante reduzido, talvez com 15 homens mais 5 milícias africanos. Se o alferes tivesse cumprido a ordem o confronto seria inevitável e dada a superioridade numérica o pelotão seria destroçado.

Segundo me apercebi e aceito o contraditório de outros camaradas, havia uma cadeia de comando operacional no terreno, na zona de combate, que era o alferes, miliciano quase sempre, o furriel também miliciano e o primeiro cabo. A responsabilidade da condução da maior parte das acções ofensivas ou defensivas fora dos quartéis era deles. Acima havia os que davam as ordens, boas ou más, equilibradas ou prejudiciais porque o perigo e a responsabilidade da execução nunca era deles, resguardados nos gabinetes dos quartéis ou no ar condicionado de Bissau.

Os traumatizados no corpo e na alma, os que tiveram a sorte de voltar e hoje se juntam para fazer terapia em grupo e para coçar feridas que demoram a cicatrizar são os que passavam dias e noites, nas florestas e bolanhas, ao calor, à chuva e ao frio noturno. Não é justo generalizar esta critica porque houve alguns capitães e outros oficiais acima que eram verdadeiros operacionais.
No outro prato da balança também há a considerar as vidas familiares e afectivas dos militares do quadro, por vezes com vários anos de ultramar e com filhos com pais ausentes e casais separados pela distância. Quando os filhos precisavam também do pai para os ajudar a crescer e o casal do convívio quotidiano para manter vivo o seu projeto de vida em comum.
Em 1974 quem resolveu acabar com a guerra foram as mães dos milicianos que não quiseram ter mais filhos mortos e as mulheres dos capitães que estando casadas se recusaram a viver mais como viúvas.

Houve mais ataques ao quartel de Buba.
Houve um grande ataque, foi o maior de todos, possivelmente em princípios de Maio de 1971. Esse ataque tal como mais dois outros um ao quartel de Tite e a um outro quartel que não recordo, comandados segundo se constou pelo Nino Vieira, que era o comandante militar da zona sul do PAIGC, antecederam o ataque fantasma a Bissau em que o Nino ou algum subordinado dele disparou alguns misseis que foram cair no mar ainda longe do cais.
Terá sido feito a pedido dos nossos guerreiros burocratas de Bissau, para justificar os tais 100% de zona de guerra?
Temos que ter também em atenção que muitos combatentes do PAIGC também iam passar férias a Bissau.

Nesses ataques infelizmente morreram dois alferes em Tite, apanhados por uma granada no quarto ou perto dele. Esse grande ataque de Maio a Buba teve uma duração excessiva, talvez mais de meia hora e um potencial de fogo enorme. Explosões sucessivas e em simultâneo das granadas de morteiro, canhões e dos misseis. Ouvíamos os rebentamentos e víamos os clarões bem perto das valas e abrigos. O ataque foi subindo de intensidade e por alguns minutos Buba esteve debaixo de uma autêntica trovoada de bombas que atordoavam os céus com clarões que iluminavam tudo em redor. Parecia até que o Nino além das armas já referidas tinha também os famosos katiusha ou órgãos de Estaline, essa arma terrível que fez tantos estragos aos alemães durante 2ª Guerra Mundial.

Durante esses minutos a nossa artilharia calou-se por falta de condições de alguma segurança para ripostar. Por fim o ataque terminou porque as munições do inimigo se terão acabado. Meios atordoados depois daquele festival de bombas saímos das valas e abrigos e fomos verificar os estragos. Houve apenas alguns feridos ligeiros, sem necessidade de evacuação para Bissau. A caserna dos fuzileiros tinha dois grandes buracos sem mais consequências.
Fomos beber umas cervejas aos bares e brindar, a vida continuava.

Por algum tempo continuaríamos à espera de outros ataques, enquanto ouvíamos diariamente os ataques aos quartéis do sul, sobretudo de Guilege essa terra martirizada junto à fronteira que em 1971 sofreu 35 ataques durante um mês, uma pressão enorme que praticamente obrigava esses camaradas a viver quase sempre como toupeiras dentro dos abrigos.

Por ter falado nos milicianos, de repente veio-me à memória o poema "Canto às mães dos milicianos mortos" de Pablo Neruda que não sei se enquadraria bem neste texto que já vai longo, nem se a sua reprodução seria autorizada. Recomendo a sua leitura a quem me ler assim como recomendo a leitura de outros poemas.
Um poema é como uma oração que alimenta e purifica a alma.
Os poetas são os mortais mais próximos dos deuses.

Um grande abraço camaradas
Francisco Baptista

OBS: Selecção e inclusão de fotos da responsabilidade do editor
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12347: Memórias da CCAÇ 2616 (Buba, 1970/71) (Francisco Baptista) (2): Aníbal: um inadaptado, um marginal ou um anarquista?

Guiné 63/74 - P12512: O nosso livro de visitas (174): Camarada não identificado, pertencente ao Pel Caç Nat 61 de Cutia, comandado pelo ex-Alf Mil Simeão Ferreira que hoje é médico nas Termas de Monte Real

1. Um camarada não identificado (por que há tanta relutância na identificação completa?) deixou este comentário, no dia 22 de Dezembro passado, no Poste 2881:

O capitão Picado não era o que se teve que fazer uma cama especial (dado sofrer da coluna)?

Fui furriel do Pel. Caç. Nat. 61 de Junho de 70 a Junho de 72 sob comando do alferes Simeão, juntamente com os furríéis Amorim e Sá e com o cabo Luís Cordeiro Anastácio, do qual bem como do alferes nada sei deles.

Um abraço para eles todos, bem como para aqueles de quem não recordo o nome e que tenham um Santo Natal e que o Ano Novo lhes traga as maiores felicidades.

Sei que o Batalhão a que estava ligado operacionalmente realiza um almoço convívio no 1º sábado de Maio e que pela 1ª vez espero estar presente para poder reviver os maus e bons momentos (mais estes do que aqueles).


2. No dia 23 o ex-Cap Mil Jorge Picado, CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, respondeu:

Em resposta ao Anónimo que colocou este comentário, espero que volte ao Blog e tome conhecimento destes meus esclarecimentos.

Por exclusão de partes tratar-se-á do ex-Fur Mil João Luís dos Santos Pimenta que desembarcou em Bissau em 14JUN70 chegou ao Pel Caç Nat 61 nesse mês, então sediado em Cutia e na dependência da CCaç 2589/BCaç 2885, para substituir o camarada João António Pina que terminou a comissão em 20JUL70.

Os Fur Mil José António Rodrigues Amorim (desembarcou em Bissau no mesmo dia e apresentou-se possivelmente no mesmo dia que o Pimenta), substituiu o camarada José Rosa Matos França (fim de comisão em 02JUL70) e Armando Barbosa de Sá (desembarcou em Bissau em 20JUL70, apresentando-se nesse mês) que substituiu o camarada Mário Jorge Fernandes (fim da comissão em 02LUJ70).
O Alf Mil Simeão Duarte Martins Ferreira (desembarcou em Bissau em 17AGO70 apresentando-se nesse mês), substituiu o camarada Rodrigo Lopes, de quem não tenho recordação, (fim de comissão em 29JUL70).

Sobre o Cabo Luís Cordeiro Anastácio não possuo elementos, possivelmente teria chegado depois de 14FEV71, já com as novas unidades que nos renderam.

Quanto à cama não foi para mim, já que enquanto estive a "saborear os prazeres daqueles saudáveis ares de Cutia no Resort que a foto mostra e de que o camarigo fermero Tisseira ainda viu os vestígios que restam quando desta última passagem por aquelas terras", como digo a cama era uma igual a tantas outras de ferro, apenas com o "privilégio" de que não o tinha "beliche", como todas as outras possuíam, para "armazenar" todos aqueles homens naquele abrigo.

Destacamento de Cutia
Foto: © Jorge Picado

Talvez o Cap da CCaç que rendeu a 2589 tivesse optado por uma mais confortável. Sobre o pessoal deste Pel, apenas tenho tido contacto com o ex-Alf Simeão, nos almoços de Monte Real, onde ele aliás é médico das Termas.

Quanto aos almoços do BCaç 2885 eles são normalmente no 1.º sábado de Março. Apenas este ano a data foi em Maio, por razões anómalas. Serás bem-vindo a estes almoços e já agora porque não te juntas a esta Grande Tabanca e contas as tuas lembranças? Aqui fica o convite.

Abraço
Jorge Picado
ex-Cap Mil da CCaç 2589 e não só.


3. Comentário do editor:

Continuamos a ver publicados comentários de camaradas que não se identificam.
Por uma questão de cordialidade para connosco, devidamente identificados, com foto e tudo, deveriam os postadores de comentários deixarem o seu nome, posto e unidade, e se possível, o contacto electrónico.

Terão estes camaradas vergonha da sua condição de ex-combatentes?

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12486: O nosso livro de visitas (173): C. Carmelino, da CCAÇ 2701 (1970/72), a companhia do Saltinho... Esteve sempre no QG, em Bissau, na Amura, onde foi condutor do major Carlos Fabião