quinta-feira, 20 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12859: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte II: Era longa a lista dos nossos deveres militares (e curta a dos direitos): Aí vão mais, do 11º ao 20º



























Continuação da reprodução da brochuira "Deveres Militares", onde naturalmente não se fala... de direitos... A lista dos deveres de  um miliatar é (ou era) longa...Publicamos mais dez... Fonte:  "Deveres Militares", 2ª edição, SPEME, 1969. A 1ª edição é de 1963.  E há uma 4ª edição de 1973. (*)




1. O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias. 

O Fernando Hipólito  [, foto atual à esquerda, ] é o nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 650... 

Passou pelo CISMI, Quartel da Atalaia, Tavira,  3º turno, 1968.

Foi fur mil, CCAÇ 2544, Angola, 1969/71.- Esteve a maior parte do tempo no leste, em Lumege.

Guiné 63/74 - P12858: In Memoriam (186): Maria Alice de Sousa Loureiro Costa (1948-2014), esposa do nosso camarada António da Costa Maria (ex-Fur Mil Cav, Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)

1. A triste notícia, esperada há dias, surgiu ontem, a Alice, esposa do nosso camarada e tertuliano, António da Costa Maria [foto à direita], (ex-Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71), acabava de falecer depois de ter lutado estoicamente contra uma doença que fatalmente a havia de vencer.

O António Maria foi um exemplar companheiro, que durante 24 horas de cada dia, nos últimos dois ou três anos, particularmente, velava pela sua esposa, indiferente ao desfecho, inevitável, que se aproximava. 

Quem de perto o acompanha, como alguns do amigos mais próximos, sabe que ele foi um marido, um amante e um enfermeiro. Sabemos que a Alice foi estimada, mesmo quando já não conseguia comunicar. O nosso velho amigo Tone Maria é um exemplo, diria, o nosso herói.


A nossa amiga Maria Alice, esposa do António Maria, foi aluna da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, onde começaram o seu namoro ainda muito jovens, ele com 15 anos e ela com 13. Namoraram cerca de 10 anos, e após o regresso da Guiné, casaram. Fruto desse casamento há dois jovens filhos que hoje choram a perda da mãe, o Pedro e o Nuno. A Alice deixa também em profunda dor a sua mãe, uma senhora com mais de 90 anos, também a cargo do nosso camarada.

Ontem à noite pude verificar o quanto abatido está o nosso velho amigo, tal a canseira a que foi sujeito ao longo de anos, tratando esposa e sogra. Oxalá recupere tão rápido quanto possível. A família e os amigos vão dar uma mãozinha.

O funeral da Alice sairá hoje às 15h30 da Capela do Corpo Santo com destino à Igreja Matriz de Leça da Palmeira, onde será celebrada Missa de Corpo Presente. Repousará definitivamente no Cemitério n.º 1.

Ao António Maria, à senhora sua sogra, aos filhos Nuno e Pedro, netos e demais familiares, em nome da tertúlia, apresento os nossos mais sentidos pêsames e a certeza de que eles não estão sós nesta hora tão dolorosa.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12796: In Memoriam (185): Victor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, ex-cap art, cmdt, CART 2715 (Xime, 1970/71)...

Guiné 63/74 - P12857: Blogpoesia (369): No equinócio da primavera, no dia internacional da felicidade e na véspera do dia mundial da poesia... Poetas da guerra, da paz e do amor, acordai!


1. Sábado de sol...


por J. L. Mendes Gomes




Casei-me num sábado de sol,
Com a terra negra,
Florida em pradaria.



Voavam pássaros em bando.
E muitas borboletas,
De cores garridas,
Batiam suas asitas desconexas,
Beijando as pétalas reluzentes.


Houve um cortejo longo
De nuvens brancas,
Lá no alto,
Pareciam caravelas,
Num mar azul,
Carregadinhas de esperança
E de promessas,
A caminho do oriente.


Ouviu-se coros magnos,
De tantas vozes lindas,
Em uníssono,
E a sinfonia potente e cristalina
Duma orquestra.


Chegaram reis,
Engalanados,
De todas as casas reais
Da Família em festa.


Recebi, ufano,
A mão da noiva,
Sorridente,
Em estado puro,
Das mãos do Pai,
Junto ao altar.

Choveu orvalho, em gotas d’oiro,
Sobre os olhos de convidados.
Choveram palmas,
Muitas flores,
Muitos sorrisos,
Quando jurámos amor
Para todo o sempre...
Ali, à frente.



Ouvindo Lohengrin, de Wagner > Marcha nupcial

Mafra, 20 de Março de 2014, 8h20m

Joaquim Luís Mendes Gomes



2. Amanhã, 21, é Dia Mundial da Poesia


Amigos e camaradas, filhos, netos, bisnetos e por aí fora de Camões e dos nossos maiores bardos (e bardas)...

Amanhã é dia mundial da poesia...

E a gente não celebra ?

Não há para aí uma cantiga de amigo, escondida no baú ? Ou uma cantiga de escárnio e maldizer ? Um soneto ? Uma simples quadra ?

Poetas da guerra, do amor, da paz, acordai!... 

Vamos lá mostarr esses talentos... Desculpem se o lembrete vem muito em cima da hora...

Um alfabravo fraterno. Luís Graça

PS - Já recebi logo de manhã, em menos de uma hora,  poemas de: José Brás. Jaime Machado, José Teixeira, Manuel Amaro e Joaquim Mexia Alves... Que serão publicados amanhã. (Este pedido circulou internamente pelo correio da Tabanca Grande, logo de manhã).

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Nota do editor:

quarta-feira, 19 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12856: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte I: Os dez primeiros deveres de um militar...


























Reproduzção das cinco primerias folhas da brochura "Deverese Militares", 2ª edição, SPEME, 1969. A 1ª edição é de 1963.  O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias.


1. O César Dias mandou-nos ontem mais uma brochura que era distribuída na instrução militar: 


 Boa noite, Luis:

O nosso amigo Hipólito tem um baú bastante fundo, tirou mais esta. Dá uma olhada pode ser que dê para uns postes humoristicos.
Um abraço
César
PS - Mensagem do Fernando {, foto atual à diereita]::

Olá, .César: Aqui vai ,ais um livrinho que nos davam, sobre os deveres miliatres, um edição de 1969. Se interessar, envia ao blogue. Tenho mais, vou enviando a pouco e pouco. Abraço, Hipólito.

2. Comentário de L.G.:

César, doa noite, o Fernando ficou com a arca de Noé!... Que rico baú, e que grande aquisição fez a Tabanca Grande...

Mas, ó Fernando, a gente também quer histórias de amor, paz e guerra... A história do miúdo merece ser contada!...

Um abração. Luis


3. Resposta do Fernando Hipólito:


Meus Amigos

Histórias de paz, amor e guerra... Vou tentar arranjar algo desse género, passadas no meu mundo da tropa. Tentarei algo que pode ter acontecido em qualquer parte do território Português,em tempo de Guerra. Vou colaborar no que me for possível.

Abraço, Fernando Hipólito.[ex- fur mil, CCAÇ 2544, Angola, e em especial Lumege, 1969/71; o pessoal tem um blogue, desde janeiro de 2006, animado pelo Zé Oliveira e onde o Fernando Hipólito também colabora]


4. Referência bibliográfica desta brochura, na Biblioteca do Exército:

Título: Deveres Militares

Edição: 1ª ed. - 1963, 4ª ed.- 1973

Publicação: [S.l.] : SPEME

Descrição física: pag. var. : fig. ; 15 cm

Colecção:(Regulamentos)

ISBN:(brochado)

Assuntos: Deveres Militares

Cota: 901 BER 2 exemp.

Tipo de documento:Texto impresso

País de publicação:PT


Guiné 63/74 - P12855: Agenda cultural (304): O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, exibe 5ª feira, 20 de Março, às 18h00, o documentário “Pabia di Aos”, de Catarina Laranjeiro... Comentário de Alberto Branquinho

1. O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) exibe 5ª feira, 20 de Março, às 18h00, o documentário “Pabia di Aos”, de Catarina Laranjeiro [, foto atual à esuerda].

O filme reúne testemunhos de guineenses sobre a guerra colonial/guerra de libertação que se travou no  país, entre 1963 e 1974.

Na Guiné-Bissau, quarenta anos depois da guerra, aqueles que aderiram ao movimento nacionalista de Amílcar Cabral e  aqueles que lutaram no exército colonial põem em cena uma multiplicidade de discursos e memórias, fragmetadas e irreconciliáveis.

A exibição integra o programa dos Seminários CesA 2014, uma
iniciativa do Centro de Estudos Africanos do ISEG especialmente dirigidas a estudantes do (i) mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional e do (ii) doutoramento em Estudos de Desenvolvimento.

Fotograma do filme Pabia de Aos, de Catarina Laranjeira (Portugal, 2013)
A sessão contará com a presença da realizadora, Catarina Laranjeiro, que é mestre em Antropologia Visual e dos Media pela Universidade Livre de Berlim e atualmente doutoranda em Pós-Colonialismo e Cidadania Global, pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Dedica-se, desde 2011,  a projetos de investigação e criação que cruzam o cinema e a antropologia.

Entrada livre. (*)



Alberto Branquinho
2. No poste P12225, de 31 de outubro de 2013 (**), demos notrícia da estreia, em Lisboa,  deste documentário da jovem Catarina Laranjeira. Ainda não tivemos a oportunidade de ver o filme.  Mas o nosso camarada Alberto Branquinho [, foto à esquerda, advogado, escritor, ex-alf mil,ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, GandembelCanquelifá, 1967/69,] viu.o por nós e deixou-nos aqui, em tempos, as suas impressões (**):

Luís

Fui HOJE ver o "Pavia de Ahos". Parece ser de corrigir a grafia (Ahoj/Ahoje?), embora não existam regras oficiais.

Aqui vão, assim, no imediato, os meus pontos de vista:

(i) São, efectivamente, "...memórias irreconciliáves..." como a autora diz e, acrescento, contraditórias, como tudo o que é sujeito ao juízo dos homens a esta distância temporal e, também, porque colocados em diferentes espaços físicos de um mesmo território.  Seja não só quanto aos naturais que colaboraram com a tropa portuguesa (fuzilados), seja quanto ao reconhecimento (aos sobrevivos) dos seus direitos pelas autoridades portuguesas, seja sobre a independência, a democracia, seja sobre o momento da morte ou a morte de A. Cabral, etc.;

(ii) A tese de mestrado da realizadora poderá focar-se "...em artefactos visuais (fotografias e outros) que antigos combatentes da Guiné, sejam do PAIGC ou do exército português...", mas este filme não. Este filme só contém as tais "memórias irreconciliáveis", tiradas da parte de guineenses (combatentes ou não); nunca de antigos combatentes portugueses. (Aliás, surgem, a dada altura, imagens onde estão enquadrados dois indivíduos de raça branca, que, pela nossa experiência das viagens à Guiné, serão antigos combatentes em visita à Guiné. Ambos são filmados de longe e um tenta manobrar uma antiga anti-aérea enferrujada. Nenhum depoimento foi colhido deles; ali no filme, claro.);

(iii) Acho que uma intervenção do lado português poderia esclarecer um aspecto chocante que ficou, com certeza, na mente das pessoas que viram o filme. Conviria esclarecer se o lançamento de guerrilheiros (?), ao mar a partir de aviões, era prática das forças armadas ou da PIDE;

(iv) Nas declarações a realizadora agradeceu a um senhor guineense os conselhos recebidos, pois passou a compreender que "nem tudo é a preto e branco"(sic). Não há dúvida que foi um bom ponto de partida.

Alberto Branquinho

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Notas  do editor:

(*) Último poste da série > 11 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12825: Agenda cultural (307): Tiveste medo, pai?... Lançamento do livro de Catarina Gomes, jornalista do Público, com a participação de Lídia Jorge... Lisboa, FNAC Chiado, 27 de março, 18h30... Doze histórias de ex-combatentes e dos seus filhos, incluindo a do Tiago Teixeira & José Teixeira e a de um filho do João Bacar Jaló

(**) Vd. poste de 31 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12225: Agenda cultural (293): Estreia do filme da jovem realizadora portuguesa Catarina Laranjeiro, "Pavia de Ahos", sobre memórias guineenses da guerra de libertação / guerra colonial. Doclisboa'13, hoje, 5ª feira, 31/10/2013, 17h00, Cinema São Jorge, Sala 3

Guiné 63/74 - P12854: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IX): Canquelifá era uma tabanca bonita, com grandes árvores frondosas e população de gente muito alta, panjadincas, muçulmanos


~








Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Sector L4 >  Canquelifá > > Março de 1974 > A desolação da guerra... A tabanca, depois do violento ataque do PAIGC com morteiros 120 e foguetões 122, durante 4 horas, em 18 de março de 1974.

Fotos: © Jacinto Cristina (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação das Memórias de um Lacrau (**) ... Resposta, com data de 16 do corrnte, do Valdemar Queiros à pergunta sobre a origem do cognome "Lacraus": ~


[, foto à esquerda, Valdemar Queiroz, ex-fur mil CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]. 


Boa noite, Luís Graça

Nós, da CART 2479,  "Poucos quanto fortes", somos "Lacraus"  por que quando chegámos à Guiné e, depois, em Brá, em tendas de campanha, fomos surpreendidos com aracnídeos venenosos, mas sem nos assustarmos ficámos com as primeiras recordações da Guiné e dos lacraus, mas sempre com aquela:  

"Quando abrires o teu armário das surpresas imprevistas, não desistas, não desistas... E se encontrares dentro dele farrapos velhos, desdenhados, desbotados, não desistas. E se vires viscosa aranha com peçonha no seu ventre,  olha pra ela de frente que  ela passa sem tocar -te".... (Nnão me recordo, mas julgo que isto foi dito, pelo Renato Monteiro, em Contuboel),

E, em Contuboel, voltamos a ter várias visitas de lacraus. Quando formamos a CART 11 resolvemos chamarmo.-nos "Os Lacraus" ((Nada tem a ver com as viaturas destinadas a provocar a explosão de minas nas vias de comunicação,)

O meu 4º.Pelotão foi para Canquelifá reforçar a guarnição lá existente, após um grande ataque à povoação. Já lá estava outro  Pelotão da nossa CART 11. Tinha havia um grande ataque a Canquelifá, com grande grande utilização de morteiros e tentativa de assalto do IN à povoação. Mas Canquelifá só tremeu, com as morteiradas à nossa messe e a algumas casas mais centrais, mas aguentou o assalto e escorraçou o IN, que tentou ultrapassar o cavalo de frisa, na entrada. 

O 1º.Cabo Paiva, da nossa CART11, sofreu um ferimento no peito, esquisito. Um sopro de rebentamento que lhe abriu o peito sem qualquer vestígio de estilhaço.

Sairmos de Nova Lamego, Dare, Piche, Dunane e chegar 
a Canquelifá não era "pera doce". . Sempre acompanhados com escoltas e picagens. Mas chegar a Canquelifá era refrescante, na entrada da povoação havia um grande cartaz, com uns desenhos alusivos:

"BEM-VINDOS ÀS TERMAS DE CANQUELIFÁ"...

E era certo, Canquelifá ficava num pequeno planalto bem mais fresco que lá em baixo,  o do Gabu, mas havia à entrada da povoação um cavalo de frisa e sentinela que assustava. 

 Canquelifá era uma tabanca bonita, com grandes árvores frondosas e população de gente muito alta,  panjadincas (muçulmanos). Assisti lá ao final do Ramadão, com os festejos de batuques, lutas-livres, etc.

Não me recordo, ao certo, mas julgo chegou a ser a nível de três (?) Pelotões, sei que lá chegou a estar o Cap  Analido Pinto, da nossa CART 11.

Fomos visitados pelo Spínola, que enalteceu os nossos soldados, a falar para a povoação:  "Eestes homens são pescadores da Nazaré,  são pastores da Covilhã,  esta terra não é deles, é vossa. Vocês têm que defender esta terra e esta bandeira A Bandeira de Portugal.". (Isto devere ter sido em Fev/Mar.1970, em Canquelifá,  cercada de arame farpado que tinha sido bombardeada)

Um abraço
Queiroz

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7438: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (5): Canquelifá, a ferro e fogo, 18 de Março de 1974

terça-feira, 18 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12853: Facebok...ando (34): I want you, António Alves da Cruz!... Conta-nos a tua história, das salinas tavirenses (CISMI, 1972) às picadas de Buba-Aldeia Formosa (CTIG, 1973/74)...



Foto nº 1 >  Tavira, CISMI, 1972 >  António Alves da Cruz,  em farda nº 2, junto às salinas, tendo o antigo Convento das Berrnardas ao fundo



Foto nº 2 > Tavira, CISMI >  4ª Companhia, 3º Pelotão >  16/6/1972 >  Salinas... O antigo Convento das Bernardas ao fundo...



Foto nº 3 >  Tavira, CISMI  >    Fim do CSM,  Outubro de 1972... O António Alves da Cruz  é o terceiiro , da segunda fila, de pé, a contar da esquerda para a direita... Tem página no Facebook, trabalha na Autoeuropa e vive em Almada.




Foto nº 4 > António Alves da Cruz, fur mil, a bordo do T/T Uíge, a caminho do TO da Guiné > Março de 1973... Tem hoje página no Facebook,  é alfacinha, trabalha na Autoeuropa e vive em Almada. Passou pela Lisnave, e trabalhou também no estrangeiro. Faz anos a 1 de março. É da colheita de 1951. É, portanto,  dos últimos soldados do império... "I want you, António!"...


Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz (2014)  / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Excelentes documentos, António... E em especial os dois primeiros, nas salinas de Tavira... E ainda por cima,. no caso da  primeira foto de cima, em farda nº 2... Todo janota...

As famigeradas salinas, o terror do instruendo...E ao fundo o Convento das Berrnardas, com a chaminé da moagem, que ainda funcionava no meu tempo (1968)... Hoje é um magnífico e monumental edifício recuperado pelo nosso prémio Nobel da Arquitetura (ou Pritzker), o "morcão" do Eduardo Souto Mouro, da grande escola de arquitetura do Porto!...

Pois que viva o Porto que tem dois prémios Prizker, o Souto Moua e o Sisa Vieira... e que viva  Tavira que tem sabido estimar, preservar e valorizar o seu património edificado, contrariamente a outras terras algarvias onde a especulação desenfreada, o camartelo camarário, o 'lobby' imobiliário e o desastre urbanístico é quem mais ordenam...

Pedi-te licença  para publicar a foto de cima, nº 1, e tu autorizaste-me...  no nosso  blogue. Dei uma salto à tua página, no Facebook, e explorando os teus álbuns encontrei mais fotos que gostaria de poder divulgar e partilhar com os nossos camaradas da Guiné. Tens fotos de Buba, Aldeia Formosa... Fica para um próximo poste, se tu concordares...

Para já convido-te a sentares-te à sombra do poilão da Tabanca Grande, o mesmo é dizer, intergares este blogue coletivo que conta já com 650 membros, entre vivos e falecidos... Gostaria que aceuitasses os nosso convite, e fosses o  nosso greâ-tabanqueiro nº 651... És nosso amigo do Facebook, mas queremos que sejas também camarada... aqui, no blogue.

Tens por certo histórias para contar. E a gente nem sequer sabe a que unidade pertenceste... Só sabemos que fechaste a guerra e que estiveste na entrega de Buba ao PAIGC presumivelmente em julho ou agosto de 1974. Fala-nos desses tempos, que não foram fáceis, dos últimos soldados do império"... Como eu entendo o teu amargo comentário: "Tanto sofrimento para quê ?!,,, A  entrega de Buba ao PAIGC, o arrear da nossa bandeira nacionbal,  e o hastear da bandeira do PAIGC"...

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12640: Facebook...ando (33): Eu Queria pra Brancos Voltar Governar Guine de Novo... Bubacar Baldé dixit... Filho de 1º Cabo Tcherno Baldé, CCAÇ 11 (Paunca, 1974)... À conversa com J. Casimiro Carvalho (ex-fur mil op esp, CCAV 8350 e CCAÇ 11, 1972/74)

Guiné 63/74 - P12852: Convívios (570): CCAÇ 3549 (Fajonquito, 1972/74): 29 de março, Sezures, Penalva do Castelo... Notícias, boas, por outro lado, do Cherno Baldé, o "Chico de Fajonquito", que está a trabalhar, em Bissau, num projeto do PNUD - Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento




1. Através de mensagem deixada na página do Facebook da Tabanca Grande, soubemos do anúncio do 15º convívio da CCAÇ 3549 / BCAÇ 3884 (Fajonquito, 1972/74), que se vai realizar no próximo dia 29, em Sezures, Penalva do Castelo, distrito de Viseu (Vd. localização aqui no mapa do Google).

Aqui fica o lembrete. Não temos mais informações: programa, preços, local de encontro, comissão organizadora...

Nos últmos  anos, um dos organizadores dos convívios anuais da malta da CCAÇ 3549 costumava ser o nosso grã-tabanqueiro José Cortes, autor da série Fajonquito do meu tempo

[, José Cortes, de Coimbra, foto atual à esquerda]. 

De qualquer modo, desejamos desde já aos nossos camaradas da CCAÇ 3549, seus amigos e familiares, uma bela e saudável jronada de convívio no próximo dia 29.

2. Temos, em contrapartida,  boas, reconfortantes, notícias do Cherno Baldé, o "menino e moço" de Fajonquito, o Chico de Fajonquito... [, foto à direita, com os 4 filhos, machos, na "festa do carneiro"]

Há dias perguntei por ele, já que o seu silêncio me estava a preocupar:

(...) "O que é feito de ti, querido amigo e irmão Cherno Baldé ? Estou preocupado com o teu "silêncio"... Ou és tu que não estás bem ou, mais provavelmente, somos nós que estamos mal"... (...)

Resposta, trranquilizadora, com data de hoje, de manhã:

Bom dia, irmão Luís Graça:

Eu estou bem e vocês continuam os mesmos de sempre, irreverentes e amigos da Guine e dos Guineenses.



Acontece que desde 2011 já nao estou no meu pacato mas pobre e desorganizado Ministério das Obras Públicas, primeiro passei pela célula de apoio da UE (Coordenação e gestão dos projetos financiados pelo FED) em Bissau,  e muito recentemente passei para um projeto do PNUD  [, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvinmento] e o tempo escasseia.

Um grande abraço,

Cherno Baldé

Guiné 63/74 - P12851: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (5): O porco que não consegui comer

1. Quinto episódio da série "Acordar memórias" do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974):


ACORDAR MEMÓRIAS

5 - O SEGREDO DE...

O PORCO QUE NÃO CONSEGUI COMER

Nesse mês de Junho, iria começar uma nova função, que acumularia com as já habituais; passaria a desempenhar a função de gerente da messe de oficiais. Na necessidade de, mais uma vez, me afirmar responsável e competente, quase como a ter que ganhar o direito a existir, eu que me sentia de fora, pouco "militar", deslocado na classe privilegiada, assumi mais esse encargo como um desafio. Iria empenhar-me para melhorar a qualidade das refeições servidas na messe, dentro dos estabelecidos 30 escudos por pessoa e por dia. Ganharia melhor alimentação e evitaria as duras críticas e acusações que tinha ouvido, dirigidas ao camarada que me antecedera nessas funções.

Uma profícua papaeira do horto do batalhão. Ou uma prova de que com querer, algum trabalho, organização e técnica, a Guiné seria uma terra produtiva e próspera.

Depois de me inteirar do serviço a desempenhar, reuni com o Cabo Vagomestre transmitindo-lhe os meus propósitos visando ganhá-lo para a minha causa. Diariamente, procurava acompanhar as contas dos gastos e as ementas planeadas, incentivando-o a que se melhorasse a confeção das refeições e se variasse, quanto possível. Mas tinha uma circunstância a contrariar os meus intentos: a horta do batalhão, que nos meses anteriores tinha sido generosa e farta em verduras, alguns legumes e leguminosas, estava em final de ciclo produtivo; estava quase tudo seco e já pouco se poderia colher.

Ficaríamos dependentes dos reabastecimentos vindos de Bissau, em coluna, uma vez por semana, com poucos frescos. Era o recurso ao arroz, às massas, aos enlatados e ao peixe da bolanha. Nem com muita imaginação e boa vontade se conseguiriam ementas que agradassem. Por repetitivas, tornar-se-iam enjoativas.

O Mamadú, (?) auxiliar do soldado hortelão. Diariamente prestava serviço no quartel, ou no horto ou no corte da lenha para a cozinha e para o forno do pão. Sempre descalço e de cachimbo na boca.

Perante a marcação que fazia ao cabo vagomestre para que não se caísse na rotina e desmazelo de ementas contestadas, coloquei-me a jeito para que ele me lançasse o repto: “Se o meu alferes quer que se melhore a alimentação, só temos uma solução: ir às tabancas comprar víveres.” E eu aceitei o repto. Segundo o vagomestre (e disso deveria ele saber), as populações das tabancas tinham a obrigação, imposta pela administração civil, de fornecer alguns animais ao batalhão, para a alimentação da tropa.

Depois de me informar melhor, e tomar as providências necessárias, lá fomos, acompanhados de um Cipaio, que serviria de intérprete nas “negociações” e representava a Administração Civil.

Acompanhavam-me, para além do vagomestre, que faria de tesoureiro, alguns soldados do meu grupo e pessoal adstrito à cozinha da messe, em duas viaturas, creio que uma unimog e uma mercedes.

Chegados à tabanca escolhida, não sei se Beniche, se Bajope, se Chulame, que eram ladeadas de férteis bolanhas, iniciou-se o “jogo da apanhada” às galinhas, aos cabritos e aos porcos, que por ali andavam em liberdade, em volta das moranças e das cercas. E o “negócio” lá se ia fazendo, com a intermediação do cipaio e o pagamento feito em espécime (sem fatura e sem recibo).

As férteis bolanhas ao redor das tabancas da zona de Teixeira Pinto. Um grupo de homens (poucos) a preparar a terra para as sementeiras/plantações, virando a leivas com os seus arados. Alguns são ainda meninos outros já velhos. Os jovens adultos faziam a guerra, dos dois lados da contenda. E eu pensava: como seriam produtivos estes campos, se fossem introduzidas outras técnicas e mecanização. Mas o esforço ia todo para a guerra.

As mulheres manjacas, mulheres de trabalho, nos viveiros do arroz, procedem à repicagem para o transplante.

Aspeto exterior das moranças das muitas tabancas dos arredores de Teixeira Pinto; onde pessoas e animais viviam em harmonia e liberdade. Só a guerra e os militares levavam o desassossego.

Já com uma boa “caçada” consolidada, surge à vista um esmerado e bem nutrido leitão. A rapaziada entusiasmada com o “jogo,” enceta uma perseguição ao bicho, que lá se ia esquivando, ensarilhando entre as cercas e as moranças. Mas perante a determinação dos bravos pegadores, não foi longe. Amarrado e transportado para a viatura, grunhia e guinchava que nem um desalmado.

Surge então um ancião, que tomei como sendo o dono do animal, com modos pouco amistosos. Tentou-se a conversação e a negociação, mas o homem estava irredutível. Não percebi uma palavra do que disse, mas entendi que ele não queria vender o porco. Perante os factos, disse ao cabo vagomestre que seria melhor libertar o bicho, mas ele replicou que não o devíamos fazer, que o homem tinha a obrigação de vender o porco e que se não quisesse receber ali o dinheiro, que o fosse levantar à Administração, que era esse o procedimento habitual.

Não me agradava aquela situação, mas perante esta argumentação e as circunstâncias (novamente a minha condição de “pira”, inseguro e pouco firme, a vir ao de cima) cedi e viemos embora com o porco, sem o pagarmos, deixando para trás o ancião furioso, que com o seu olhar agressivo parecia querer fuzilar-nos. Se não era já afeto ao IN, após esse dia passou a sê-lo, com certeza.

Durante a viagem de regresso, autocensurava-me pelo que se tinha passado; deveria ter sido mais firme e não ter consentido em trazer o porco sem o pagar, mas também não tive iniciativa de voltar atrás e devolvê-lo ao dono. Achava que isso me deixaria diminuído na minha autoridade para com o vagomestre, para continuar a pedir-lhe todo o empenho para melhorar o serviço na messe. Mas pensava também no risco que corria, se o ancião, que eu desconhecia quem era, fosse fazer queixa ao Régulo e se este fizesse chegar a queixa até Bissau, ao Com-Chefe, talvez não me livrasse de uma “porrada”; e isso era a última coisa que eu queria; lá se iriam os meus 35 dias de licença, tão desejados. Se isso acontecesse, não sei como me iria aguentar.

Quando passados alguns dias o leitão foi servido na messe, não consegui comer dele. Ou porque estava mal cozinhado, pareceu-me só gordura, ou por remorso. E lá fui, mais uma vez, compensar-me no bar com uma lata de fruta enlatada e uma garrafa de leite achocolatado. Eu tratava-me e cuidava-me bem, para me manter com saúde e em forma.

Durante estes 40 anos esqueci muita coisa, quase tudo, nomes de pessoas e de locais, episódios, etc. Até o número da companhia e do batalhão eu tinha esquecido, mas este acontecimento nunca o esqueci e considero-o uma nódoa no meu comportamento, que desejei impoluto e pautado pelos elevados valores éticos, que tinha levado na mente e no coração, que procurei preservar, cultivar e ser fiel, não o tendo conseguido. A par de outros atos incorretos, confessados a quem de direito na devida altura, este, de caráter mais público, fica bem aqui retratado, nesta série “O segredo de:”. Dele peço desculpa, pelo que representa, a quantos se sintam por ele, atingidos e prejudicados.

Foto tirada da pista que ficava próxima do quartel. Ao fundo, o aspeto exterior das muitas tabancas de Teixeira Pinto. Uma área arborizada com as moranças circulares feitas de barro e cobertas de colmo. Arquitetura ancestral, bem adaptada às gentes e ao clima. Bem melhores que os reordenamentos que a tropa fazia, em áreas descampadas, retangulares, com blocos de barro cozidos ao sol e cobertura de zinco. Na zona havia alguns, mas pouco habitados. O objetivo principal não era servir as populações a quem se destinavam, mas sim controlá-las.
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12841: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (4): Teixeira Pinto, adaptação às pessoas e ao terreno

Guiné 63/74 P12850: (In)citações (62): Agradecimento da família Schwarz da Silva ao nosso blogue por, metaforicamente falando, ter emprestado os seus cavaleiros e tambores para glorificar o Homem, que foi o Pepito, na vida e na morte (João Schwarz da Silva / Luís Graça)




Poema datilografado, sem data, com emendas manuscritas pelo autor, Artur Augustio Silva, cortesia do seu filho João Schwarz da Silva

Morreu o homem
Artur Augusto Silva
(Nova Sintra, Ilha da Brava,
1912- Bissau, 1983)

Ao meu amigo Mamadú Baldé

por Artur Augusto Silva [, foto à direita,]



Mamadú Baldé,
filho de Salifo,
filho de Indjai,
filho de Tchamo,
filho de Monjur,
filho de Mutari,
cuja linhagem se perde há mais de dois mil anos
nas terras do Egito,
e de quem os antepassados remotos viram Moisés e Maomé
e com eles conversaram sobre o tempo e as colheitas.
Mamadú Baldé morreu.
Mamadú Baldé, 

o sábio que falava com Alá
e era bom
e era justo,
morreu.
Cavaleiros e tambores levaram a notícia a toda a parte:
subiram as encostas do Futa-Djalon
e desceram para o mar.
Percorreram o Sudão até Cao e Tombucutú
e desceram o lago Tchade.
E toda a terra dos fulas repetiu:
morreu Mamadú Baldé.
O sol parou o seu caminho,
espreitou para Labé,
viu Mamadú morto,
e continuou.
A lua parou também o seu caminho,
espreitou e continuou.
Os rios que nascem no teto do mundo,
pararam na sua corrida para o mar
e prosseguiram.
E o poeta pegou num pedaço de papel
e escreveu:

Morreu o Homem.

In: Artur Augusto da Silva - E o poeta pegou num pedaço de papel e escreveu: Poemas.
Bissau, Instituto Camões - Centro Cultural Português. 1997. p.21 (*) (**)

[Fixação de texto / Revisão em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico: L.G.]




Lisboa > São Sebastião da Pedreira (ou S. Martinho do Porto?) > Em primeiro plano, o Carlos, ainda bebé, mais os irmãos Henrique (Iko) e João. 

Foto: © António Lopes (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de João Schwarz da Silva, irmão do Pepito, e que vive em Paris [, foto à esquerda, cortesia do sítio European Alliance for Innovation]

[Engenheiro de formação e profissão, é doutorado em "Performance Analysis of Mobile Packet Radio Systems" pela Universidade de Carleton, Ottawa, Canadá, 1981; foi alto quadro da Comissão Europeia (1991-2010), diretior de seviços na Direcção-Geral da CE para a Sociedade da Informação; é atualmente investigador da Universidade do Luxemburgo; autor de uma centena de artigos e livros técnicos e científicos nas suas áreas de especialização; entre outras atividades sociais, é presidente da direcção da Associação dos Amigos da Sinagoga de Tomar]

Data: 14 de Março de 2014 às 14:38

Assunto: Agradecimento

Caro Luís Graça,

Graças a si e ao seu formidável blogue, que eu já conhecia, foram muitos aqueles que viram a noticia da morte do meu irmão Carlos. Durante a conversa telefónica que tivemos há poucos dias, agradeci a sua contribuição para o conhecimento da Guiné e para o conhecimento das actividades do Carlos. Penso no entanto ser preferível deixar-lhe uma mensagem escrita a agradecer tudo o que tem feito para celebrar a memória do Carlos.

O nosso pai Artur escreveu um dia um poema intitulado "Morreu o Homem" no qual fala dos cavaleiros e tambores que levaram para toda a parte a noticia da morte de Mamadu Balde. De certo modo o seu blogue corresponde aos cavaleiros e tambores, no caso do Carlos.

Em breve vou tentar acrescentar ao site que comecei a fazer há já uns tempos, uma parte onde irei tentar retraçar a vida do Pepito (mais exactamente Agapito que era um herói do "Cavaleiro Andante" mas que o Carlos não conseguia restituir devidamente quando era miúdo).

Convido-o desde já a dar uma vista de olhos ao site www.desgensinteressants.org onde encontrara nomeadamente um capitulo sobre o nosso pai Artur. Convido-o também a comunicar-me alguns elementos que possam fazer parte do capítulo que será dedicado ao Carlos.

Mais uma vez um grande obrigado e um grande abraço. (***)

João Schwarz da Silva

Anexo: Original de "Morreu o Homem"


Lisboa, campus da ENSP/UNL, 6 de set 2007; da esquerda para
a direita,  Nuno Rubim, Pepito e Luís Graça. Foto: LG 
 2. Resposta de Luís Graça, 
com data de 14 do corrente



Meu caro João:

A amizade não se agradece. A perda do Pepito toca-nos a todos, A si e aos seus, seguramente, de uma maneira única, e para mais numa família como a vossa que tem, do lado materno (os Schwarz), um historial de perdas trágicas,

Já dei uma "vista de olhos" ao seu sítio na Net ("Des Gens Intéressants", Gente Interessante, em português). E incentivo-o a prosseguir. Por si, pelo Carlos, pela família, pelos amigos, por todos nós.

Dou-lhe os parabéns pela filial devoção, rigor documental e riqueza iconográfica do extenso capítulo dedicado ao seu pai, Artur Augusto Silva (e, e donde constam preciosos documentos, como, por eemplo, a foto do funeral, em 1935, do Fernando Pessoa). É a história de uma vida, de um homem, cidadão, advogado, escritor,  intelectual, português, pai e esposo; é a história de uma família mas também de uma época, e de três países lusófonos, que nos são caros, a todos nós:  Cabo Verde, Portugal e Guiné-Bissau.

Tenho mais fotos (e vídeos) do seu mano Pepito que llhe enviarei com todo o gosto: 

(i) da viagem que fiz à Guiné, em fev/mar 2008, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje;

 (ii) da viagem que o meu filho João Graça (médico e músico dos Melech Mechaya, a única banda klezmer portuguesa) fez, um ano depois, à Guiné-Bissau, em dezembro de 2009, tendo privado com o Pepito e a famíla, em Bissau, no Quelelé, mas também em São Domingos, num festival intercultural;


(iv) dos nossos encontros anuais, na Tabanca de São Martinho do Porto, em agosto, nas férias da família, na mítica Casa do Cruzeiro... 

 Há, além disso, fotos diversos dos nossos camaradas que privaram com o Pepito, em Bissau, por ocasião de entregas de ajuda humanitária em Bissau... Enfim, tenho que consultar os meus arquivos fotográficos, que já são vastíssimos...e estão em diversos suportes (CD-Rom e discos externos), para alénm das inúmeras referências que há, no nosso blogue, (na I e II Série) ao Pepito e à sua querida ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, "o seu 5º filho", depois do DEPA - Departamento de Experimentação e Produção de Arroz, da Cristina, da Catarina e do Ivan...

Sinto uma dor imensa por não ter podido conviver mais e conhecê-lo melhor... E de ter "falhado", por razões profissionais, o seu convite para ir à inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje, em 20 de janeiro de 2010. Mas mesmo assim tenho guardadas largas dezenas de emails que trocámos nestes últimos anos...e de que poderei mandar-lhe uma seleção... 

O Pepito e a Isabel tornaram-se rapidamente amigos da nossa família e chegaram a vir jantar a nossa casa algumas vezes, em Alfragide e na Lourinhã... Quando vinha a Lisboa, o Pepito andava sempre num pandemónio, alimentando as suas redes de contactos e resolvendo assuntos da sua ONGD. E, infelizmente, nos últimos tempos, nos hospitais... A Alice e os meus filhos Joana e João tinham uma grande admiração e afeto por ele. O mesmo se passa com muitos dos meus camaradas e amigos da Guiné que tiveram o privilégio de o conhecer.

Se mo permitir, vou publicar a sua mensagem para conhecimento dos muitos amigos que o Carlos tinha no nosso blogue, que é, como sabe, uma criação coletiva. Aliás, é espantosa a nossa aproximação, a partir de finais de 2005, tendo nós sido homens que combateram o PAIGC de Amílcar Cabral... O Pepito percebeu, primeiro que ninguém, que Guileje podia e devia ser um traço de união entre todos nós, portugueses, guineenses, caboverdianos, lusófonos...

E estou-lhe muito grato, a si, João, pelo poema datilografado, lindíssimo, em que o seu pai faz o luto pela morte de um amigo e "homem grande", a que chamou simplesmente "o homem".  Também o Carlos não precisava de adjetivos: ele era o homem, o que honrou (e continuará a honrar) a nossa comum humanidade, a nossa condição humana... Hei-lhe um dia destes fazer-lhe um poema, para o seu sitio Des Gens Intéressants..

Dê um beijinho á sua querida mãe, Clara Schwarz, que faz o favor de ser nossa amiga. Ainda não arranjei um bom pretexto (!) para lhe falar,  coisa que fazia com alguma regularidade. E tenciono continuar a fazê-lo. Como sabe, ela é a nossa "decana" e queremos fazer-lhe uma grande festa daqui a um ano, poor ocasiaão do seu 100º aniversário!...

João, vamos comunicando. Julgo que já regressou ou vai regressar a França. Boa viagem. Saúde e longa vida para si e os seus. Um abraço. Luis.

PS - Já em tempos tinha publicado o texto original do poema "Morreu o Homem", (que é em prosa). Tomei, no entanto a liberdade de o converter para o fornmato de verso, procurando reconstituir a magnífica oralidade do texto. (*)

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Notas do editor:

(*) Vd-. poste de 18 de setembro de 2011 >  Guiné 63/74 - P8789: Blogpoesia (160): Na morte de Mamadú Baldé, descendente do régulo Monjur: E o poeta pegou num pedaço de papel e escreveu (Artur Augusto da Silva)

(**) Vd. recensão feita ao livro pelo nosso camarada Beja Santos, no  poste de 

13 de abril de  2011 > Guiné 63/74 - P8093: Notas de leitura (228): Poemas, de Artur Augusto da Silva (Mário Beja Santos)


(***) 8 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12695: (In)citações (61): Pepito, Clara, Isabel, estamos convosco! ...E fazemos votos para que o bom irã, acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, ajude a dar força, ânimo e esperança à família Schwarz, nesta hora difícil (Luís Graça)