segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14065: (Ex)citações (256): Eu gostava de saber um pouco mais sobre esse missionário italiano, o padre António Grillo (1925-2014), que tinha um especial carinho pelos balantas de Samba Silate (e era respeitado por eles) (A. M. Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74)


1. Mensagem do António Manuel Sucena Rpdrigues [, foto à esquerda, em Ortigosa, Monte Real, no 3º Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 17/5/2008]

Data: 21 de dezembro de 2014 às 19:37

Assunto: Obrigado, Luís


Obrigado, Luís Graça pela importantíssima ajuda que deste no texto que enviei e que foi já publicado (*). Nunca, antes nem depois, tinha ouvido falar do tal missionário Padre António [Grillo].

Fico agora com um peso de consciência, por não ter descrito este episódio ainda em vida desse missionário. Gostava que ele soubesse do respeito que me pareceu merecer, por parte desse guerrilheiro. Agora compreendo por que razão, passados 11 anos de guerra, ele se lembrou do padre António.

Também gostaria de saber um pouco mais sobre este guerrilheiro. Se pelas fotos fosse possível algum camarada identificá-lo... Fico na expectativa.

Obrigado, Luís.

Um abraço e Boas Festas.

A.M. Sucena Rodrigues
Ex-Fur Mil da CCaç 12 (72-74)

2. Comentário de L.G.:

Meu caro camarada Sucena Rodrigues;  Eis o que eu sei do tal padre missionário António Grillo, recentemente falecido, e sobre o qual já temos alguns postes. (Quanto ao guerrilheiro com quem foste a Samba Silate, será por certo mais difícil identificá-lo, no caso de ainda ser vivo; mas pode ser que alguém, na Guiné-Bissau, o reconheça... Afinal, o Mundo é Pqueno e a nossa Tabanca... é Grande!).





O missionário António Grillho de visita à sua querida Bambadinca, em 22/2/2008. (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


Acerenza, comuna italiana da região da Basilicata, 
província de Potenza (Fonte: Wikipedia


António Grillo (1925-2014):

(i) Faleceu no passado 18 de junho de 2014, em Acerenza, Itália, com a idade de 89 anos;

(ii) tinha nascido no dia 10 de junho de 1925,  naquela cidadezinha, do sul de Itália (c. de 2500  habitantes em 2011);

(iii) foi ordenado sacerdote no dia 25 de junho de 1950;

(iv) partiu para a missão da Guiné-Bissau, então território sob administração portuguesa, aonde chegou em 16 de Novembro de 1951, como missionário do PIME ((Pontifício Instituto para as Missões Exteriores);

(v) esteve sempre muito ligado à Missão Católica de Bambandinca, que hoje faz parte do  território da Diocese de Bafatá;

(vi) foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE,  a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas;

(vii) esteve preso em Bissau e depois em Lisboa;

(viii) acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem de Portugal, ao novo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro;

(x) voltou, entretatanto,  à Itália;

(xi) doze anos, com a  independência da Guiné-Bissau,  volta a Bambadinca,  onde trabalha, de 1975 a 1986, associado ao PIME;



Guiné-Bissau > Bambadinca > 22 de fevereiro de 2008 > Na inauguração do Liceu ( Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


(xii) no dia 22 de Fevereiro de 2008, foi inaugurado, em Bambadinca, o Liceu em autogestão Pe. António Grillo; a cerimónia contou com a presença de vinte amigos da Arquidiocese de Acerenza, entre os quais o Pe. António Grillo bem como o Arcebispo Dom Giovanni Ricchiuti; a diocese de Acerenza, que fez uma geminação com Bambadinca e por extensão com a diocese de Bafatá, colaborou na construção deste liceu, ajudando na conclusão de um pavilhão de 3 salas de aulas;




Visita a Bambadinca em 2010 (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


(xiii) o Pe. Antonio Grillo visita,  pela  uma última vez,  a Guiné.Bissau e, mais propriamente, a sua querida Bambadinca, de 21 a 28 de Janeiro de 2010 em companhia de  Dom Giovanni Ricchiuti, familiares e amigos de Acerenza; a sua preocupação de sempre foi a cristianização dos balantas

(xiv) está sepultado em Acerenza.





Visita a Bambadinca; Pe. Antonio com o tradicional barrete balanta, em 23 de fevereiro de 2008 (Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)


3. Mais informações sobre o Padre António Grillo


3.1. Recorro aqui ao sítio de Paolo Grappasonni que, em finais de 1988, fez uma visita às missões italianas na Guiné-Bissau e evoca a figura do padre Anmtónio Grillo. Reproduzem-se excertos do texto "Notas de viagem à Guiné-Bissau", a partir de tradução minha do italino para português:

(...) "O Padre Antonio Grillo,  de Acerenza, viveu durante vários anos e em diferentes períodos entre os Balantas de Bambadinca. Publicou um opúsculo em Maio de 1988 intitulada: "Os Meus Balantas" de que retiro algumas das suas experiências mais significativas.

Tinha 26 anos quando a 12 de setembro de 1951, partiu do PIME de Milão, com três missionários num jipe americano,  a caminho de Portugal e depois da Guiné, em África.  Fazia parte da segunda expedição missionário do PIME à Guiné. Bambadinca é a região missionária para a qual o padre Grillo é enviado juntamente com o  padre Biasutti, em 31 de Janeiro de 1952. Depois um ano de espera para obter visto do Governo Português, e depois de uma viagem aventurosa por terra e mar, finalmente podiam começar.

 "Infelizmente - escreve o padre Grillo - nós tivemos que aceitar estabelecer a nossa residência em Bambadinca, a povoação onde estavam também as autoridades administrativas portuguesas, porque eles queriam manter-nos sob o seu controle constante. Já naquele tempo não nos permitiam com facilidade, mesmo a nós, missionários,  que entrássemos na floresta para contactar  as várias tribos. Teríamos preferido uma grande aglomerado populacional de Balantas como Samba Silate porque estes eram animistas, enquanto quase todos os habitantes de Bambadinca eram muçulmanos. "

Em língua madinga, "Bamba" significa "crocodilo", "Dinga" significa "cova": e na verdade, nos anos 50 o vizinho rio Geba estava cheio de crocodilos.

 A aldeia de Samba Silate, em 1955, já tinha 1750 habitantes, na sua maioria do grupo étnico Balanta, com poucos Papéis e alguns muçulmanos. Samba Silate, que significa "campo de arroz", foi a primeira estação missionária na zona de Bambadinca. O motivo que levou o padre Grillo a optar por esta aldeia, foi apenas o número dos seus habitantes que, se se convertessem, poderiam atrair as outras aldeias mais aldeias. (...)



3.2. De um outro site, italiano, sobre os 150 anos do PIME (Pierio Gheddo - PIME 1850-2000: 150 Anni dei Missione)  retirei, em tempos, a seguinte informação sobre o conflito do Padre Grilo com as autoridades portugueses, em 1963, bem sobre as crescentes dificuldades dos missionários italianos na sequência da escalada do conflito político-militar naquele território.

[Curiosamente, o meu atual programa de segurança não me deixa lá voltar, a este "site",  devido ao seu "conteúdo potencialmente perigoso"]...

(...) O PIME debaixo de fogo: a prisão do padre Grillo (1963)

O Superior Geral, padre Augusto Lombardi visita a Guiné (10 de Dezembro de 1959 -26 fevereiro 1960), e incita os missionários a empenharem-se mais para ajudar o povo da Guiné, mas evitando cuidadosamente qualquer gesto ou opinião política: o imperativo é permanecer no local sem se fazerem expular: os missionários estrangeiros podiam desempenhar um papel importante na defesa do homem.

 No início dos anos sessenta,  a Guiné entra significativamente em  clima de guerra. A primeira vítima é a padre Antonio Grillo, o apóstolo dos Balantas em Bambadinca, sob a acusação, que se soube mais tarde ser completamente falsa, de ser amigo de um líder da guerrilha.

 Detido pela polícia política portuguesa (Pide), a 23 fevereiro de 1963, encarcerado primeiro em Bissau e depois em Lisboa, acabou por ser libertado em 4 de julho em homenagem de Portugal, ao novo pontífice, o Papa Paulo VI.

 As missões do PIME nas regiões mais remotas, estão na primeira linha da frente. A de Suzana ], no chão felupe, região do Cacheu]  é ocupada pelo exército Português, os missionários têm que retirar-se para evitar ficar comprometidos aos olhos da população local (os cristãos passam a ser  visitados todos os meses a partir de Bafatá).


Catió [, no sul, na região de Tombali,], por sua vez, está no centro da guerrilha por causa de sua proximidade com a Guiné-Conacri, de onde vêm as armas e os guerrilheiros: os padres já não podem visitar as aldeias sem a permissão da polícia e na cidade estão sujeitos a controlos rigorosos.

Farim, por seu lado, permanece isolada durante longos meses, as estradas estão cortadas e só se pode viajar em colunas militares; ataques noturnos dos guerrilheiros e represálias do Exército, com incêndios de aldeias, tortura, massacres.

Em 10 de junho de 1963 um novo Prefeito Apostólico: Monsenhor João Ferreira, jovem, entusiasta e com bons projetos, mas infelizmente resistiu apenas dois anos e meio ao clima da Guiné: Regressa a Portugal em Agosto de 1965. O seu sucessor, Mons. Amândio Neto, também está numa linha moderadamente inovadora: deixar trabalhar os missionários, defendendo-os sempre a suspeita dos militares e da Pide. (...)


3.3.   De 21 a 28 de Janeiro de 2010, o octagenário  Padre António Griillo (vd. foto à direita, com a devida vénia ao citado blogue ) voltou a Bambadinca, com uma delegação da sua diocese de Acerenza para inaugurar uma escola a que foi dado o nosso nome... Voltou a Samba Silate, aos seus balantas. Foi recebido com grande entusiasmo, alegria e espírito ecuménico.

É doloroso para a nossa memória, mas não podemos ignorar, esquecer, branquear, desculpar o que se terá passado em Samba Silate (e noutros locais do CTIG) em  1961, 1962, 1963, "anos de chumbo" que abntecederam a guerra...

Não sabemos exactamente qual foi o envolvimento dos militares portuguesesi, antes da guerra, envolvidos em ações que eram mais de polícia  do que propriamente de natureza militar... A PIDE costuma ficar com o odioso destas ações (bem como a polícia administrativa local que fazia o "trabalho sujo")... Era importante ter acesso aos arquivos da PIDE para se poder saber, mais em detalhe, as acusações ou suspeitas que recaíam sobre o missionário italiano... Sabe-se que as relações entre os missionários italianos e as autoridades portuguesas não eram das melhores, nomeadamente an Guiné e em Moçambique.

Sobre o que se passou em Samba Silate (e noutros sítios do setor de Bambadinca como o Poindon) não posso quem quero generalizar, prefiro que apareçam outros testemunhos e relatos, documentados, circunstanciados, com datas e factos, sobre violência exercida tanto pelas NT como pelo PAIGC (ou a FLING, em 1961) sob as populações indefesas, ou sob prisioneiros...  É importante haver várias fontes, idóneas.

No Arquivo de Amílcar Cabral / Casa Comum, apenas encontrei uma única referência a Samba Silate onde, em 15 de maio de 1962,  teria sido morto, pelas NT, "o chefe da tabanca de Samba Silate".

Em 1969, seis anos depois, os meus soldados da CCAÇ 12 falavam-me destes acontecimentos, com "naturalidade" e sem qualquer "pejo"... E eles eram insuspeitos, eram fulas, nossos aliados (**)...   LG




Guiné > Zona letse > Região de Bafatá > Bambadicna > Carta de Bambadinca >  Escala 1/50 mil ) (1955) > Posição relativa de Samba Silate e de Nhabijões, os dois grandes núcleos balantas....

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)

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Notas do editor:

(*) 20 de dezembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P14055: Memória dos lugares (278): Samba Silate, no pós 25 de abril de 1974: As saudades que a guerra não conseguiu apagar mesmo nos guerrilheiros do PAIGC (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambdaionca e Xime, 1972/74)

(**) Último poste da série > 20 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14057: (Ex)citações (255): O Marcelino, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género (Domingos Gonçalves)

Guiné 63/74 - P14064: Notas de leitura (659): “Cabo Verde e Guiné-Bissau: Da democracia revolucionária à democracia liberal”, por Fafali Koudawo, INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, 2001 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Abril de 2014:

Queridos amigos,
É sempre bom saborear um exercício de grande aplicação e de análise talentosa.
O doutor Fafali Koudawo é nome sonante na investigação guineense e devemos-lhe esta primorosa análise comparativa das primeiras eleições legislativas pluralistas em Cabo Verde, em 1991, e as que ocorreram em 1994, na Guiné. Nas primeiras, o PAICV perdeu-as, nas segundas, o PAIGC saiu vitorioso, obteve uma maioria absoluta no Parlamento.
Este minucioso estudo reflete dois percursos de liberalização política com dois desfechos radicalmente diferentes. E ponto curioso, podemos ver as raízes do mal que então, como hoje, a Guiné-Bissau enferma.

Um abraço do
Mário


Cabo Verde e Guiné-Bissau: Da democracia revolucionária à democracia liberal

Beja Santos

“Cabo Verde e Guiné-Bissau: Da democracia revolucionária à democracia liberal”, por Fafali Koudawo, INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, 2001, é um ensaio de leitura obrigatória para entender o que distinguiu as eleições ocorridas em 1991 em Cabo Verde das eleições guineenses de 1994. Fafali Koudawo, doutor em ciências políticas e diretor de pesquisa no INEP, dá-nos uma rigorosa e bem desenhada análise de dois percursos de liberalização política que tiveram desfechos radicalmente diferentes.

Primeiro, Cabo Verde e a abertura que pôs termo ao monolitismo. O PAICV começou muito cedo a mostrar os seus limites no contexto cabo-verdiano. Logo em 1979, a chamada “crise dos ministro trotskistas”, no ano seguinte, em Bissau, deu-se a rutura dos partidos chamados irmãos, e com ele o fim do projeto do Estado binacional. O PAICV nunca descurou a diáspora, foi-se adaptando aos diferentes contextos que enfrentava o país: a reforma agrária, a reforma da administração pública, a reforma do sistema económico, abrindo-se ao setor privado. Em janeiro de 1990, o primeiro-ministro Pedro Pires reconhece que havia uma evolução das mentalidades e vinha denunciar os aspetos, a seu ver negativos, de tais evoluções, sobretudo o egocentrismo. Extrai ensinamentos dos acontecimentos políticos da Europa de Leste, o PAICV decidira a abertura ao pluralismo político, curiosamente a posição mais conservadora veio dos jovens do partido, julgavam-se guardiães do templo da democracia nacional revolucionária. Tratava-se de um partido único que agia com realismo, não queria escapar a uma transição pacífica para o multipartidarismo, ao longo do ano foram aprovados os textos jurídicos que deram moldura à mudança de regime. Em janeiro de 1991, o Movimento para a Democracia, único partido da oposição legalizado, saiu vitorioso. Que explicação Fafali Koudawo veio a encontrar para esta evolução? A vontade de adaptação foi apoiada do topo, começou em Aristides Pereira. O PAICV confiava na liberalização para uma nova relação de forças sociais e confiava na fidelidade popular. Pedro Pires fazia o seguinte balanço: “Fizemos um percurso de pelo menos quinze anos. Desse percurso de quinze anos estão à vista os resultados. Resultados políticos, económicos e sociais. Nós pensamos que em Cabo Verde construímos coisas novas. Temos muito que perder se não fizermos as coisas de acordo com a lei e no quadro das instituições existentes no país”.
Um analista conceituado, José Vicente Lopes, escrevia ao tempo: “Quando se analisa, em última instância, o processo de construção, reformulação e por vezes destruição do Estado nos nossos cinco PALOP, conclui-se que Cabo Verde era, no início dos anos 90, o que não só conseguira preservar o que herdara, mas também fora capaz de acrescentar uma importante mais-valia ao património recebido da situação anterior, em termos de administração do Estado”. O PAICV não admitia o desgaste do poder, parecia insensível às manifestações da degradação do clima social durante a segunda metade dos anos 1980. Se bem que monolítico e paternalista, o PAICV possuía diálogo interno e capacidade para sanar esses mesmos conflitos. Para Fafali Koudawo havia uma causa mais longínqua para esta derrota, o facto do PAIGC se ter apoderado de Cabo Verde com um comportamento hegemónico, desconhecendo então as realidades de Cabo Verde, confrontando-se com a Igreja Católica, enfim, ingenuidades que deixaram sequelas e que levaram à fatura de 1991.

Segundo, a transição política na Guiné-Bissau é um enredo de equívocos ou pouco esclarecidos ou que deixaram rastos de rancor. Por detrás do Movimento Reajustador do 14 de novembro de 1980 estão lutas fratricidas entre a ala militar e a direção política do PAIGC; contradições entre guineenses e cabo-verdianos em relação ao projeto de Estado binacional; dificuldades nascidas da passagem da teoria do Estado revolucionária à prática administrativa num contexto mal preparado para tal experiência. Depois do 14 de novembro deu-se uma desagregação da herança do período de libertação, tornou-se claro que o PAIGC não se adaptava ao credo fundador: um Estado com dois países; uma economia estatizada eficiente; e uma democracia nacional revolucionária imbuída no sentimento das massas. Aos poucos tudo foi caindo no abandono. A viragem na política económica, timidamente, deu-se a partir de 1983, era só o reconhecimento de que o país estava numa crise económica profunda. Ademais, com o 14 de novembro, acendeu-se o poder pessoal a que alguém chamou o bonapartismo presidencial. O PAIGC fez tudo reactivamente para não perder o controlo de monolitismo mas o adensar da crise económica falou mais alto. E por etapas ziguezagueantes, ocorreu a transição. A carta dos 121, publicada em junho de 1991, para a pedir a democratização interna do PAIGC, acabou por exacerbar contradições no seio do partido, apareceu uma Comissão Multipartidária de Transição no ano seguinte e foi criada depois uma Comissão Nacional de Eleições. Mas surgiu areia na engrenagem, em 17 de março de 1993, morre o major Robalo de Pina, homem de confiança do presidente Nino Vieira, anos mais tarde, o antigo presidente Luís Cabral declarou numa entrevista à rádio Renascença que teria sido Nino Vieira quem abatera o major no gabinete presidencial, que dali saiu embrulhado num tapete. E teceram-se vários rumores acerca das razões desta execução. O acontecimento deu origem à prisão de dirigentes da oposição.

As primeiras eleições pluralistas tiveram lugar em julho e agosto de 1994. O PAIGC ganhou. O candidato presidencial Kumba Yala bem protestou: “No interior do país, o PAIGC aproveitou a miséria para distribuir géneros alimentares e materiais de construção, aliada a uma forte pressão dos militares e paramilitares”. Resultados ambíguos, tudo ficou na mesma até que soltou a tampa um conflito aparentemente anódino ou pouco relevante: o tráfico de armas no Casamansa e a destituição de Ansumane Mané. Levavam-se anos de uma questão mal resolvida dos antigos combatentes da guerra da libertação; tornara-se escandaloso o fosso entre uma categoria de antigos combatentes privilegiados próximos dos círculos do poder político e a grande maioria dos antigos combatentes proletarizados; anos perdidos numa contínua má governação, uma ineficiência crónica na utilização dos recursos, uma permanente opacidade na gestão dos bens públicos, etc., etc.

A guerra civil veio demonstrar o elevado sentido de respeito pela soberania, os guineenses pegaram em armas e puseram em fuga senegaleses e guineenses de Conacri. Mas a legitimidade do poder ficou profundamente abalada, Ansumane Mane parecia um novo candidato bonopartista e Kumba Yala revelou-se um populista que em pouco tempo descontentou tudo e todos.

Em jeito de síntese, o autor esmiuça com rigor e apuro as diferenças nestes dois processos de liberalização, deixa bem claro que houve dois contextos de transição com resultados dispares, faz uma leitura atenta do papel dos emigrantes, dos emergentes partidos oposicionistas e como houve um choque entre duas lógicas de poder e mesmo dois tipos de legitimidade: a legitimidade das armas e a legitimidade das urnas.

O ensaio incontornável que nenhum historiador poderá ignorar para o estudo daquele tempo… onde radicam os mesmos padecimentos de que continua a sofrer a Guiné-Bissau.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14050: Notas de leitura (658): “A Enfermeira Chinesa”, de Rui Coelho e Campos, Sítio do Livro, 2014 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P14063: Parabéns a você (833): Miguel Vareta, ex-Fut Mil CMD da 38.ª CCMDS (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 20 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14054: Parabéns a você (832): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 e CCAÇ 11 (Guiné, 1972/74)

domingo, 21 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)

Septuagésimo nono episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Dia 12 de Julho de 2014

Resumo do dia vigésimo segundo dia

Contentes pelo dia anterior bem passado, seguimos na estrada número 26, que em algumas distâncias se chama 89 ou mesmo 191, rumo ao sul, por pouco tempo, pois desviámo-nos para oeste e, quando se entra no estado de Idaho, esta estrada, se chama somente 26.

Estávamos no estado de Idaho, que há muitos anos fazia parte do “Oregon Country”, um território disputado entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas através de um tratado assinado em 1846, os Estados Unidos assumiram posse da região, que inicialmente fez parte do Território de Oregon, mas que em 1853 se tornou parte do Território de Washington. O Território de Idaho foi formado em 1863, e elevado à categoria de Estado em Julho de 1890, altura em que se tornou o 43.º Estado americano a entrar na União.

Para não “perder o fio à meada”, como é costume dizer-se, seguíamos na estrada número 26, que nos levou por entre grandes plantações de batata, beterraba, ervilhas e grão de bico, até à cidade de Idaho Falls, que dizem recebeu o seu primeiro nome de “Eagle Rock”, devido a existir uma ilha coberta de pedras no meio do Snake River, que passa mais ou menos a 7 milhas da cidade, e que, naquela altura era habitada por mais de 20 águias.


Por volta do ano de 1874, aqui se foram estabelecendo pessoas que criavam vacas e ovelhas, construíram represas, abrindo canais para regar as suas terras, mais tarde, o Union Pacific Railroad, construiu uma ponte em madeira sobre o Snack River, para escoar o produto das minas de cobre que existiam na cidade de Bute, no estado de Montana. Com a construção da ponte e da linha do caminho de ferro, aquela área depressa se tornou num campo/aldeia de tendas, com “sallons”, dançarinas, casas de jogo e hotéis. Por volta do ano de 1891, as pessoas importantes da já pequena cidade, votaram para se trocar o nome para Idaho Falls, em referência às “cataratas” que existiam por baixo da ponte.


Aqui parámos por algum tempo, comprando gasolina, água e fruta, continuando rumo ao oeste pela estrada número 20, entrando algum tempo depois pelo deserto onde em tempos existiu o “National Reactor Testing Station”, onde estava instalado um reactor nuclear, que produziu electricidade pela primeira vez na história, e que neste momento está desactivado.

Viajando pela estrada, com longas rectas, sempre plana, vendo-se ao longe uma enorme montanha, que em outros tempos serviu de marco de sinalização para os pioneiros, que a caminho do oeste usavam a “Oregon Trail”, que em português podemos designar, como a Rota do Oregon ou o Trilho do Oregon, um itinerário histórico com cerca de 3200 km de comprimento que segue a direção leste-oeste, ligando o rio Missouri aos vales do do Oregon.

Para não nos alongarmos muito com a sua história, a “Oregon Trail” é uma das três “Emigrant Trails”, que em conjunto com a “California Trail” e a “Mormon Trail”, usados em meados do século XIX pelos que buscavam terras a oeste das planícies interiores e das montanhas rochosas, cuja parte oriental do itinerário percorria parte do futuro estado do Kansas e, quase todo o território do que são hoje os estados do Nebraska e Wyoming, mas a parte ocidental, passava por aqui, cobrindo grande parte dos futuros estados do Idaho e Oregon, pois quando nos aproximávamos, embora passando a uma certa distância, verificámos que nessa montanha não havia árvores ou qualquer outra vegetação. Era “pelada”, com enormes proporções, que de facto, não era mais que um “marco” que foi usado como instrumento de navegação por muitos milhares de pessoas, incluindo colonizadores, rancheiros, agricultores, mineiros, homens de negócios e suas famílias, que seguiam esta rota, onde se incluíam militares, caçadores e comerciantes de peles, viajando por estas terras, que eram apenas atravessáveis a pé ou a cavalo, tudo isto, talvez num período que podia ser de 1810 a 1870, pois o uso da “Oregon Trail” decaiu quando o primeiro caminho de ferro transcontinental ficou terminado em 1869, tornando a viagem para oeste muito mais rápida, barata e segura. Hoje, as estradas rápidas modernas, seguem o mesmo percurso e passam pelas localidades fundadas para servir a “Oregon Trail”.



Já chega de história. Uns quilómetros mais para oeste, havia um Centro de Informação com umas agradáveis instalações, onde se podia beber água, usar os quartos de banho, tirar folhetos de informação das estantes, mas não havia ninguém a atender e, no parque de estacionamento, algumas pessoas dormiam dentro das viaturas, com as janelas abertas.

Era deserto, a temperatura no Jeep marcava 114º Fahrenheit. Seguindo a rota do oeste, encontrámos de novo a estrada número 26, seguia um pouco para norte, até se encontrar com a estrada número 93, que seguia para sul, onde entrámos no “Craters of the Moon National Monument and Preserve”, que é um “campo de lava”, com mais de 1000Km2, onde existem restos da lava de vulcões, onde podemos presenciar crateras de vulcões adormecidos que formavam vales e pequenas montanhas, onde só existia pedra negra, agreste, com a formação de pequenas ondas, que em alguns lugares estavam a detiriorar-se, porque estavam ali, a sofrer a erosão, recebendo calor, frio ou chuva, por milhões de anos.



Havia, no meio deste deserto, também um Centro de Informação, este sim, com pessoas a atender, que explicavam o fenómeno, mostrando um pequeno filme. Com a temperatura alta, que era a nossa maior preocupação, seguimos rumo ao sul, onde, umas horas depois encontrámos um agradável parque de campismo, com árvores, água e electricidade, onde depois de cozinhar uma ligeira refeição, dormimos, com o ar condicionado da caravana trabalhando, já próximo da estrada rápida número 84, que ao outro dia nos havia de levar rumo a leste/sul, para outras paragens.


Neste dia percorremos 668 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.68 e $3.70 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14025: Bom ou mau tempo na bolanha (78): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (19) (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P14061: A minha máquina fotográfica (16): Comprei uma Olympus 35 SP e um projetor de "slides" na casa Pintozinho, em Bissau (César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)


Foto nº 1


Foto nº 2 > Olympus 35 SP [uam linha da Olympus produzida entre 1969 e 1976)


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6

Fotos: © César Dias (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem de César Dias [ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71],

Data: 14 de dezembro de 2014 às 16:46
Assunto: Máquinas fotográficas e não só. (*)


Caro Carlos

Tenho visto no blogue alguns posts de máquinas fotográficas, como também comprei uma [ fotos nº 1 e 2] e um projector de slides [fotos nº 3 e 4] , resolvi enviar o testemunho. Não estão à venda mas está tudo bem conservado, o projector ainda está na caixa de origem, é mais uma prova de que foi este blogue que me fez voltar á Guiné.

Comprei este equipamento no Pintozinho
Embalagem da Farinha Amparo,
cortesia do blogue de Hugo Silva ,
"Eu Ainda Sou do Tempo"...
em Bissau, que não era topo de gama,
 nem nada parecido,mas foi para substituir a que levei para lá, que me tinha saído na farinha Amparo, não sei se te recordas disso.

Aproveito e envio-te mais uma foto a preto e branco [foto nº 5] e um slide [foto nº 6] conseguidos com este equipamento.

Sobre as revelações,   praticamente enviávamos para Bissau, aquelas a preto e branco por vezes davamos-lhe um toque de colorido, mas já não me lembro onde conseguiamos os liquidos.

Havia também um Furriel Miliciano Radiomontador, o António Amen, que no seu quarto montou um pequeno estúdio de revelações mas era praticamente para consumo próprio, doutra maneira não faria mais nada. Infelizmente faleceu no dia 4 deste mês, vim a saber que era um grande fotógrafo aí no Porto.(**)

Um abraço, César 
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(**) António Augusto Garcia Oliveira Amen (1946-2004)

Reproduzido com a devida vénia do Correio do Porto  > 4 de dezembro de 2014 > Obituário > António Amen (1946-2014)


(...) O camarada de redação ANTÓNIO AMEN faleceu esta madrugada (01 - dez -14), aos 68 anos de idade. António Amen colaborava, com o nosso jornal (Etc e Tal), desde início do projeto destacando-se com os seus valorosos trabalhos fotográficos, não só através das centenas de reportagens e entrevistas que aqui publicou, mas também através da coluna REFLEX.

A história profissional e artística de António Amen não fica, contudo, por aqui, em traços gerais, deixamos-lhe os dados relevantes da sua vida, contados pelo… próprio:

“Recebo a minha primeira máquina fotográfica (uma pequena Kodak) aos 10 anos. Nasceu o gosto pela fotografia. Nos anos seguintes, as fotos de família foram a minha primeira aprendizagem. Na adolescência e em concursos da escola, ganhei o meu primeiro prémio de fotografia.

Durante o serviço militar que cumpri na ex-colónia portuguesa da Guiné-Bissau, o contacto com o meu grande amigo António Villar de Sousa, escultor e fotógrafo, fundador de um dos primeiros estúdios de fotografia de modelos, o SHOW-UP, bastante mais experiente, leva-me ao desenvolvimento do conhecimento da fotografia. Os dois montamos um pequeno laboratório. Foi uma boa aprendizagem no fotografar e revelar.

Regresso a Portugal, e nos meados dos anos 70, faço o meu primeiro curso de fotografia. Leio uma enciclopédia de fotografia, torno-me autodidata. Nos anos seguintes, a minha dedicação à mesma torna-se mais evidente.

Depois, por razões de ordem pessoal e profissional, o tempo dilui-se e chega entretanto o vídeo, que me afastou da fotografia, sem nunca lhe ter conseguido assassinar o gosto. Em 1998, regresso.

Timidamente, começo a dar de novo os primeiros passos, ainda hoje os estou a percorrer, a consciência e maturidade, são outras e olhando o panorama, o salto tremendo que deu a fotografia, sinto-me todos os dias um aprendiz.

A minha ligação profissional aos computadores, vieram também de certo modo contribuir para um passo mais aligeirado no sentido do digital”.

Um texto de António Augusto Garcia Oliveira Amen, nascido a 16 de agosto de 1946, na cidade do Porto, inserto na edição de fevereiro de 2010 do “Etc e Tal Jornal”.

Amen foi autor de diversos trabalhos fotográficos realçando sempre a sua paixão pela cidade do Porto. Os mais recentes trabalhos foram publicados no livro “Nobre Povo Tripeira Gente”, com a chancela da “Gailivro”, em coautoria com Maria de Lourdes dos Anjos, também ela nossa. Saliente-se ainda o facto de Amen ter recebido várias distinções nacionais e internacionais, através de prémios de reconhecido valor.

A equipa do “Etc e Tal Jornal” fica muito mais pobre, o Porto perde um amante e o mundo um grande homem da fotografia.

Por José Gonçalves publicado in Etc e Tal. (...)

Guiné 63/74 - P14060: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (6): Carlos Rios, Manuel Lema Santos, Vasco Santos, Armando Teixeira da Silva, Mário Gaspar, Vasco Pires, José Lima da Silva, Sivério Dias, Benito Neves, Sousa de Castro, José Martins, João Coelho e Manuel Alheira

Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: Boas Festas 2014/15





1. Do nosso camarada Carlos Rios, Ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66



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2. Dos nossos camaradas:

Manuel Lema Santos, 1.º Tenente da Reserva Naval,  ex-Imediato na NRP Orion, Guiné1966/68

Vasco Santos, ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6 (Onças Negras), Bedanda, 1972/73



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3. Do nosso camarada Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67:



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4. Do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:

Boas Festas e Feliz Ano Novo
São os votos Sinceros deste AMIGO, extensivos à FAMÍLIA.

Um FELIZ NATAL E UM BOM ANO:
a) NATAL com muitas prendas nos sapatinhos e
b) Um BOM ANO NOVO cheio de Saúde e AMOR

“O Ano de 2014 chega ao fim.
E o Natal? Colorido como uma flor,
Seja abençoado um mundo enfim
Por uma onda de Amor …”

Mário Vitorino Gaspar


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5. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 15 de Dezembro de 2014:

Bom dia Luis,
Agora que chegamos no fim de mais um ano, junto com votos de Boas Festas, com bastante saúde e sorte, não poderia deixar de reiterar a minha admiração e gratidão, pelo teu trabalho e de toda a equipa editorial, em prol da nossa tão incompreendida geração, que logo cedo, foi enviada para as bolanhas da África Ocidental.
Seria injusto, se não lembrasse com destaque o meu Padrinho Carlos Vinhal, que me acolheu nesta Grande Tabanca, e me conduziu, nos por vezes íngremes Caminhos da Memória.

Forte abraço a todos.
VP

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6. Mensagem do nosso camarada José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, BissumPirada e Bula, 1966/67:

Meu caro Carlos Vinhal,
Os meus votos de óptimo Natal extensivo a toda a família.
Aproveito para enviar cumprimentos e votos de feliz Natal para toda a tertúlia da TABANCA GRANDE UM CALOROSO ABRAÇO

José Lima da Silva

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7. Mensagem do nosso camarada Silvério Dias, ex-1.º Sargento, locutor do PIFAS, com data de 13 de Dezembro de 2014:

No Passado:
Imaginámos num imbondeiro
a "A Nossa Árvore de Natal"!...
O calor era também de braseiro,
mas nada igual!...
Neste Presente:
Natal será,
quando um "Tabanqueiro" quiser!
Agora e já!
venha de lá quem vier!
Porque lutou e venceu
a impiedosa Saudade,
hoje, por inteiro já mereceu,
o seu "Natal de Verdade"!

E, nesta hora vos digo:
"também sofri igual castigo"!
O abraço é de maneira franca,
abarcando a imensa Tabanca!

Com os meus cumprimentos,
Silvério Dias

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8. Mensagem do nosso camarada Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67, com data de 16 de Dezembro de 2014

Desejo(amos) um Santo Natal, com muita Paz, extensível à Família nesta quadra natalícia!
Que o Menino Jesus vos traga tudo que anseiam ter! Saúde acima de tudo!
Que o Novo Ano seja, na verdade, muito mais próspero do que aquele que agora termina.

Abraço
Benito Neves


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9. Do nosso camarada Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74:


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10. Do nosso camarada José Marcelino Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70:




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11. Do nosso camarada João Alberto Coelho, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª CART do BART 6522, S. Domingos, 1972/74:

Boa noite camarigos,
Em primeiro lugar, quero desejar-vos, bem como a toda a vossa família, um Bom Natal e um Ano Novo Feliz.
Gostava que colocasses no teu blogue, o nosso, a seguinte mensagem:

"Desejo a todos os Camaradas da Guiné e suas famílias, bem como aos familiares dos que não regressaram e dos que regressaram mas que já não estão entre nós, um Bom Natal e um Ano Novo com muita esperança." 

Um abraço do Camarigo
João Coelho

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12. Do nosso camarada Manuel Alheira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74:


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14058: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (5): Patrício Ribeiro, Bissau

Guiné 63/74 - P14059: Blogpoesia (396): Meu poema da manhã (J.L. Mendes Gomes, em Berlim)

Meu poema da manhã…

por J. L. Mendes Gomes

Precisava aqui dum rio manso e verde
A fluir.
Lançaria meu barco sobre ele
E deixava-me ir, livremente,
Pelo seu leito,
Beijando as margens
E sorrindo,
Ao alvorecer desta manhã.
Não precisaria de fazer esforço inglório
De remar contra a corrente.

Seguiria à sorte,
Como uma folha seca
Que nele tombou
Ao cair da tarde
E ainda não afundou.

Oiço toadas lindas,
Vindas não sei de onde.
Não as consigo
Captar.
Que o sol nascente
Me liberte deste escolho
E me leve em frente,
Como nuvem branca,
A flutuar no céu.

Tenho horas marcadas
No tempo. 
Quero cumpri-las,
Religiosamente.
Quero levar bons dias,
Por essas casas,
Minhas amigas,
Anunciar a esperança
Dum dia novo,
Rico de luz
E também de paz.

Ouvindo Hélène Grimault em adágio de Mozart

Berlim, 19 de Dezembro de 2014, 7h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes
[ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]
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Guiné 63/74 - P14058: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (5): Patrício Ribeiro,Bissau



Foto: © Patrício Ribeiro (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do Patrício Ribeiro 

[Foto à esquerda; Patrício Riubeiro, português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bssau desde 1984, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

Amigos.

Um grande abraço para todos, desde Bissau.

Patrício Ribeiro
Impar Lda

sábado, 20 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14057: (Ex)citações (255): O Marcelino da Mata, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género (Domingos Gonçalves)

1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) com data de 18 de Dezembro de 2014, com a resposta a um comentário de Manuel Luís Lomba:

Prezado Dr. Graça

Envio um pequeno esclarecimento pedido pelo camarada Luís Lomba, que poderá publicar, caso o entenda oportuno.

Um abraço.
Domingos Gonçalves


2. Comentário do nosso camarada Manuel Luís Lomba deixado no Poste 14033(*)

Camarada Domingos Gonçalves.

A viagem do paquete Uíge que vos desestivou no Pidjiquiti, retornou com o nosso batalhão (705) e destivou-nos no Cais da Rocha.

No livro "Crónica da Libertação", Luís Cabral diz que ele e o Chico Mendes, a autoridade máxima na zona Norte, haviam chegado na noite da véspera a Cumban-Hory para a cerimónia de despedida de cooperantes cubanos e do final da formação do Corpo de Comando - uma força de elite de intervenção, réplica aos Comandos de Bissau.

Aquela base estaria para o PAIGC como Brá estaria para o Comando-chefe.

Diz também que o nosso grupo de assalto fez a aproximação pelo lado da enfermaria e os dois teriam sido apanhados de surpresa, se a sentinela não tivesse chegado a avisar o capitão cubano Pina, o instrutor de artilharia e chefe dos cooperantes cubanos, que lançou o alarme, o que não impediu dele e Chico terem de atravessar a bolanha em fuga, tocados à morteirada.

Conta que deixámos quatro corpos, despedaçados pelas suas bazucadas T 21, perto da tenda onde os dois dormiam e sobre o depósito subterrâneo de material de guerra, que não descobrimos. E admite terem neutralizado as nossas transmissões, porque a aviação não apareceu.

Tu dizes que o primeiro sinal rádio dos operacionais aconteceu pelas 08h30 e com o DO do correio.

O nosso grande Marcelino da Mata disse, reprodução do blogue "Rangers & Coisas do MR", que o assalto foi feito por ele e o seu grupo "Roncos de Farim" e que os quatro mortos, dois europeus e dois africanos, pertenciam-lhe.

E disse que a CCaç 1546 havia sido apanhada à mão numa operação junto à fronteira, em Agosto, e que foi ele e o seu grupo de Comandos que a foi libertar do cativeiro no Senegal, trazendo-os de regresso... em cuecas.


Como para nós a guerra nunca acaba, podes esclarecer?

Um Abraço
Manuel Luís Lomba


3. Esclarecimento do camarada Domingo Gonçalves.

Prezado Manuel Luís Lomba:

Respondendo ao teu pedido de esclarecimento tenho a referir o seguinte:

Quando se realizou a operação em causa eu estava a comandar o destacamento de Guidage pelo que acompanhei muito de perto a operação Chibata.

Os Comandos de Farim - os Roncos -, como eram conhecidos, participaram na operação, comandados pelo Marcelino da Mata, que teve, uma intervenção importante no desenrolar dos acontecimentos.

Participei, aliás, em várias ações levadas a cabo pela CCAÇ 1546, reforçada pelo citado grupo. O Marcelino era um combatente arrojado. Teve influência decisiva em várias ações de combate. Ele e o grupo, claro. 

Contudo, sobre o episódio da libertação de prisioneiros, pertencentes à minha Companhia, apenas posso referir, que é mentira. Quer a minha Companhia, quer as outras duas, a 1547 e a 1548, que integravam o BCAÇ 1887, fizeram, ao longo da sua permanência na Guiné, prisioneiros, mas não sofreram prisioneiros.

Vi, também, na Net, a descrição do episódio que referes. 
Uma libertação, aliás, de prisioneiros, de forma bastante simplória. Como disse, é pura mentira.

O Marcelino, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género.

Os mortos em causa foram:
- José Miranda, do BCaç 1887
- António Pires Correia, da CART 1691 (Roncos)
- Sali Jaló, do Pel Mil - 5.ª CMIL (Roncos) e
- Fódè Baio, do Pel Mil 116 -5.ª CMIL (Roncos).

Esta identificação é retirada do relatório de atividades do batalhão 1887.

Ao fixar-me no teu nome, penso que cheguei, e bem, à conclusão de que és, e resides, na zona de Barcelos. Tivemos, penso que durante cerca de três anos, um percurso de vida comum, nos anos de 1954, 1955, e 1956. Recordas-te?

Um abraço de Boas Festas
Domingos Gonçalves  (**)
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 Notas do editor:

Guiné 63/74 - P14056: Conto de Natal (21): Mãe, espero que vossemecê faça o presépio ao pé do forno de lenha (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Dezembro de 2014 com o seu Conto de Natal:

Queridos amigos,
Envio-vos esta lembrança com os melhores votos de mil alegrias natalícias e um 2015 muitíssimo melhor do que este, em sonhos, projetos, pleno de carinhos familiares, um abraço do
Mário


Mãe, espero que vossemecê faça o presépio ao pé do forno de lenha

Beja Santos

Sei que as coisas aconteceram aí pela segunda semana de Dezembro, mas não sei precisar a data. Viera a Bambadinca depois de uma noite a montar segurança em Mato de Cão, os batelões, com uma LDM à frente, entraram no Geba Estreito ao romper da alva, nem refleti duas vezes, pedi boleia para toda a minha malta, e na viagem fui distribuindo tarefas: tu e tu vão tratar do material de transmissões; aquele e aqueloutro pegam nas requisições da comida e lembram ao vagomestre que voltaremos dentro de três dias, dali não sairemos sem uma caixa de bacalhau, traremos o “burrinho” até à margem do Geba; e vêm comigo sicrano e beltrano e vamos até à engenharia por causa dos sacos de cimento e dos prometidos rolos de arame-farpado. Cada um faz o mata-bicho por sua conta, arrancamos para Finete antes do almoço.

Chegámos, pois, cedo, quando a CCS entrava em ebulição, e deu para avistar o comandante a caminho do seu gabinete, saudei-o à distância, tinha mais que fazer. Discutia com o Furriel Dário alguns outros materiais de construção quando avançou em pose Bala, o 19, a intendência do Comandante, fez a continência, mostrou dois dentes em ouro e anunciou: “Nosso comandante precisa de conversar com alfero, logo que esteja despachado vá ao gabinete, é coisa para tratar antes de partir para Missirá, sem falta”. Tudo levava a crer que, dentro do ritmo normal das coisas, se abria a perspetiva para: convocatória para uma operação; advertência para que não houvesse atrasos no pagamento do pré aos caçadores nativos; mais uma sangria de uma seção das milícias para as novas tabancas em autodefesa, cenário de protestos meus e até pedidos para ser retirado daquela guerra de fantasia, a querer melhorar os quartéis, a abastecer imperativamente centena e meia de civis em duas tabancas e com gradual redução de efetivos. Chegara há pouco tempo e já estava farto de tanta omeleta sem ovos, uma guerra de guerrilhas em tom pobrete e sem alegrete.

Mas não, o Comandante recebeu-me não esfusiante mas estranhamente compreensivo, até parecia estar interessado com o andamento das escolas, a melhoria dos abrigos, transmitia-me que o régulo lhe viera agradecer pessoalmente os benefícios que estavam a ser introduzidos no seu território. E após este discurso amenizado, comunicou-me que houvera ali um desacato com um soldado básico, um abrutado que só tinha altura e peso, que comia arrobas de batata, arroz e massa e que, dois dias antes, numa estúpida discussão, enfiara uns sopapos valentes num cabo da manutenção das viaturas que tivera de dar baixa à enfermaria com os maxilares deslocados, ainda não era líquido que o homem não estivesse fraturado. “Faça-me o favor, leve-me aquela besta consigo, não lhe pode dar uma arma para as mãos, dê-lhe trabalhos de trolha, de carpintaria, coisas assim, não o ponha em reforços, é tão brutamontes que não percebe que não pode dormitar no posto, aqui não pode ficar mais tempo, aguente-o, converse com ele, fale-lhe maneirinho, é impossível trazê-lo à razão, o tipo deve ter serradura na cabeça. Daqui a um mês falamos, deixe passar o Natal, pode ser que o anormal se dê melhor lá no fim do mato do que aqui”.

Chamava-se Anastácio, era natural de um lugarejo perto de Pedrógão Grande, suspirava pelos campos de milho, as plantações de batata e o pastoreio das cabras. Frequentara sem nenhum sucesso a escola da freguesia de Vila Facaia, a professora sentiu-se derrotada, o Anastácio não queria nada com a tabuada, a leitura, a redação, nenhum trabalho escolar o impressionava, trabalho só os do campo. O corpo era uma desmesura, quase um metro e noventa, um volume de carnes a fazer pregas, umas manápulas que pareciam enxadas, um vozeirão cavo e quando soprava qualquer sílaba dilatavam-se-lhe as ventas, as sobrancelhas pilosas avançavam pela testa estreita, parecia mato à solta.

O Anastácio acomodou-se, circulava pacífico, adorava ir buscar água à fonte de Cancumba, desmatou furiosamente, criou horta, fez bancos, conversava com os miúdos animadamente. Vieram reclamações do abrigo do Raposo, contrabandista no Marvão, o soldado básico emprestado a Missirá roncava como uma locomotiva, sacudiam-no, era o mesmo que nada. E o cozinheiro andava de boca à banda, com aquela enfardadeira que não se contentava com palha.

Passavam-se os dias, e começou-se a discutir a festa de Natal, a consoada e o almoço do dia 25, primeiro para os homens grandes, depois para as mulheres e crianças, e depois para nós. O Anastácio ouvia tudo sem comentários. E um dia, a seguir ao almoço, acompanhou-me até à morança, e abordou-me:
- Meu alferes, quero que escreva à minha mãe, há coisas que não posso dizer pelas mãos dos outros.
- Olha, agora dava-me jeito, tenho que partir às quatro horas para Finete, antes ainda tenho uns papéis para assinar que seguirão para Bambadinca, entra, senta-te ali, tenho aerogramas que cheguem.

O Anastácio não cabia na cadeira, mandei-o sentar-se na minha cama, o folhelho gemia com aquele peso descomunal. Ele mexia-se a todo o instante, o folhelho parecia agonizar.

- Então diz lá o que deve seguir para a tua mãe.

"Mãe, saúde e felicidades para vocês todos, quero que a minha irmã Ermelinda vá ao Troviscal dizer à avó Zulmira que compre roupa com aqueles duzentos mil réis que foram na carta que mandei em Novembro. E que não me faça mais camisas de lã porque aqui não fazem jeito. Passo a vida a pensar nos meus animais, na égua que o meu pai me deixou, na burra e nas cabrinhas, fico contente em saber que nada lhes aconteceu. O dinheiro que vossemecê recebe é para a vaca, mas também para a promessa que fizemos à Senhora da Confiança se nada me acontecer aqui nesta guerra. Estou agora num sítio onde não me chateiam, mas a comida é um castigo, a carne das cabras não serve para fazer chanfana, o chouriço não tem gosto e há poucos legumes, felizmente que podemos comer bacalhau de vez em quando. Como à gente de cá, farto-me de comer arroz se não passo fome. 
Mãe, tenho um pedido para lhe fazer neste Natal. É o presépio que eu comprei na agência funerária da Sertã, tinha pouco dinheiro e só comprei o Jesus, a Senhora, S. José e aquela placa que lembra a casa dos animais. A vaca não me sai da cabeça, peço ao meu irmão Eduardo para pegar na mota e ir a Pedrógão à loja do Gil para comprar as figuras da vaca e do burro, nunca lhe perdoarei se ele não me fizer a vontade. E já que tem lembranças minhas, faça-me a vontade e tire essas roupas de preto, ainda não estou no cemitério, vista-se como se vestia antigamente, tristezas não pagam dívidas. E tenho mais outro pedido, é fazer-me o presépio e pôr musgo, gostava que ele ficasse ao pé do forno de lenha para eu me lembrar das noites frias e de estar quentinho ali ao pé, já lhe disse noutras cartas que este calor não interessa a ninguém, estou sempre a transpirar, vejo-me obrigado a tomar banho todos os dias e mesmo assim não fico satisfeito porque logo a seguir vêm os mosquitos a picar nas minhas banhas a escorrer. 
Mãe, não sei o que é que hei de dizer mais, é um oficial quem está a escrever a carta dentro de uma cubata, aqui a gente é mais pobre do que nós, felizmente ninguém me diz coisas desagradáveis, posso adormecer a ouvir música que ninguém me diz palavrões. 
Mãe, não se esqueça da promessa da vaca e do burro. Diga aos meus irmãos para me escrever. Vá estando atenta às vacas da feira de Pedrógão, eu quero um bicho gordo para recomeçar a minha vida quando para o ano para aí voltar. Não se esqueça que é ao pé do forno de lenha, ouviu?"

- Desculpa lá, pá, já vamos em três aerogramas, estás-te a repetir com esta história da vaca e do burro e do forno de lenha, ainda tenho coisas para fazer, ficamos por aqui, está bem?
- Obrigado pela sua paciência. Falou ali à mesa que queria ir a Bafatá comprar peças do presépio. Se não houver lugar para mim, não se esqueça de comprar uma vaca e um burro que eu depois faço contas consigo, é um assunto meu.

O Anastácio montou o presépio. Na hora da consoada pôs o Menino Jesus em cima de umas palhinhas e avisou: “Agora vou buscar um fogareiro, é o que há de mais parecido com o fogão de lenha da casa onde eu nasci e para onde estou ansioso por regressar”.

Imagem extraída do blogue Olhar Viana do Castelo, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14051: Conto de Natal (20): O "amor" de um bode ou a solidariedade entre animais (Manuel Luís R. Sousa)