sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)





1. Mensagem enviada pelo nosso camarada, grã-tabanqueiro, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 21 (Angola, 1970/72),  lourinhanense, professor de educação física reformado, antigo autarca em Fafe, "terra justa":


Imagem inserida no portal da Câmara Municipal de Fafe.
Reproduzida aqui com a devida vénia...
Sobre o evento "Terra Justa 2016",
clicar aqui para saber mais.
O CORPO DE ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS (1961-1974) VAI SER HOMENAGEDO EM FAFE NO DIA 6 DE ABRIL 2106, DURANTE O “II ENCONTRO INTERNACIONAL DE CAUSAS E VALORES DA HUMANIDADE”


De 5 a 9 de Abril, Fafe volta a receber o “Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”.

O “Terra Justa – Encontro internacional de Causas e Valores da Humanidade” é um evento internacional, que procura alertar, provocar e envolver as pessoas a refletir sobre a importância das causas e valores da humanidade.

De 5 a 9 de Abril, a cidade vai acolher conferências, tertúlias de café com convidados nacionais e internacionais, exposições de rua, animação de rua, debates, arte pública, entre muitas outras atividades.

Além da questão dos refugiados, vão ser ainda abordados temas como os direitos humanos em cenários de conflito, o valor da cultura e questões relacionadas com a religião. Durante cinco dias, a cidade vai ser inundada com factos, números, dados, textos e histórias reais que remetem para as causas globais e para os grandes valores da humanidade.

O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas que atuou no apoio aos militares feridos em combate durante a Guerra Colonial, será homenageado neste evento de grande significado, entre outras figuras e associações de grande prestígio nacional e internacional.

Penso que este “Tributo à memória”, promovido pela Câmara Municipal de Fafe, às Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas merecerá, certamente, de toda a sociedade e particularmente dos ex-combatentes da Guerra de África o nosso aplauso e o carinho da nossa gratidão.

Este será o tempo da gratidão e, mais uma vez, dizer: “PRESENTE”.

PROGRAMA

“TERRA JUSTA – II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”

Nota: O programa está sujeito a alterações. O nome dos intervenientes nas conversas de café e conferências/debates pode vir a ser mudado. Brevemente serão ainda indicados os nomes de todos os moderadores.

DIA 5 DE ABRIL – TERÇA-FEIRA

Pré-arranque do “Terra Justa” / Recordar a edição de 2015

14h30 – Animação de rua

15h00 – Inauguração do Jardim Maria Barroso, com a presença de Isabel Soares | Parque da Cidade

15h30 – Inauguração da exposição de arte pública “Caminho das Causas” e da exposição de rua “Luz ao fundo do túnel”

17h30 – Conferência Fundação Pro-Dignitate “A paz como missão”, com os convidados jornalista António Pacheco, dr.ª Isabel Soares, dr.ª Raquel Abecassis (RR), padre Villas Boas (TSF) e jornalista Celso Filipe (JNegócios) | Sala Manoel Oliveira

18h30 – Atribuição do Prémio “Jornalismo pela paz – dr.ª Maria de Jesus Barroso Soares”

21h30 – Apresentação do Livro “Terra Justa 2015”, pelo jornalista António Pacheco, diretor da Fundação Pro Dignitate

DIA 6 DE ABRIL – QUARTA-FEIRA

10h00 – Animação de Rua

10h30 – Conversa de Café “Gente que trata gente – ativismo humanitário”, com a enf.ª Rosa Serra e Joaquim Letria | Café Shake

Capa do livro "Nós, enfermeiras
paraquedistas" (Coord., Rosa Serra)
Porto: Fronteira do Caos Editores.
2015  (Há já uma 2º ed).
15h00 – “Um salto pela memória: Salto de Paraquedas do Regimento de Paraquedistas”, pela equipa de paraquedistas “Falcões Negros”

15h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pela enf.ª Rosa Serra e coronel José Aparício | Praça 25 de Abr
16h00 – Conversa de Café “Eu, tu e eles: Que mundo é este?”, com Teresa Tito de Morais

17h30 – Inauguração da exposição “Gente que tratou gente - Enfermeiras paraquedistas Portuguesas”, apresentada pelo major-general José Ferreira Pinto | Arquivo Municipal, Sala Serviço Educativo

21h30 – Conferência “Memória e tributo - Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas”, moderada por enf.ª Rosa Serra, enf.ª Maria Arminda, soldado Manuel Ferreira | Teatro Cinema de Fafe jornalista Joaquim Letria com a presença do general Luís Araújo – antigo Chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas de Portugal (CEMGFA), coronel José Aparício,

– Apresentação do livro “Enfermeiras Paraquedistas” por dr. Vítor Raquel | Teatro cinema de Fafe

DIA 7 DE ABRIL – QUINTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de Café “Refugiados e Deslocados – medos e mitos”, com frei Mussie Zerai e Tareke Brhane

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” por Agência Habeshia

15h30 – Inauguração da Exposição “EU EXISTO - missão Agenzia Habeshia” | Arquivo Municipal de Fafe

18h00 – Conversa de Café “As novas fronteiras de um novo mundo”, com Mussie Zerai e Carvalho da Silva

21h30 – Conferência de Homenagem a “Agenzia Habeshia – História e Missão”

DIA 8 DE ABRIL – SEXTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h00 – Conferência de Café “A Cultura como valor na sociedade”, com Graça Morais, Maria Rueff, frei Bento Domingues e Ângelo Torres | Café Easy

11h30 – Conversa de Café “ Uma Ca(u)sa para o Mundo”, com eng.º António Guterres

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pelo engº António Guterres

15H30 – Inauguração Exposição “António Guterres vida e obra” | Arquivo Municipal

18h00 – “Arquivos de vida: uma conversa com eng.º António Guterres”

21h30 – Conferência de Homenagem “António Guterres, Vida e Obra” | Teatro Cinema de Fafe

DIA 9 DE ABRIL – SÁBADO

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de café com Artur Santos Silva

15h00 – Apresentação do projeto de torneio de futebol inter-religioso “RELIJOGANDO – o papel do desporto na questão das diferentes crenças religiosas”, apresentado por Paulo Mendes Pinto | Sala Manoel Oliveira

16h00 – Inauguração da exposição “Gulbenkian, uma missão”

17h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” de Artur Santos Silva

18h00 – Conferência OLR - "Europa Refugiada - O papel da Religião e da Laicidade nos (des)encontros do futuro | Sala Manoel Oliveira

21h30 – Conferência de Homenagem “Gulbenkian, história e missão” | Teatro Cinema de Fafe

Encerramento do evento “Terra Justa 2016”, por frei Fernando Ventura e dr. Raúl Cunha, presidente da Câmara Municipal de Fafe

Fafe, 29 março 2016

Fonte: Câmara Municpal de Fafe > Agenda > Terra Justa - II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade

____________________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15890: Agenda cultural (470): Apresentação do livro "A Tropa Vai Fazer De Ti Um Homem", da autoria de Juvenal Amado, levada a efeito no dia 19 de Março de 2016, na sua terra natal, Alcobaça

Guiné 63/74 - P15923: Parabéns a você (1056): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Especiais do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 30 de Março de 2016 Guiné 63/74 - P15912: Parabéns a você (1054): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Esp do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alf Enf.ª Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)

quinta-feira, 31 de março de 2016

Guiné 63/74 – P15922: Memórias de Gabú (José Saúde) (62): Saudades daquela nota esverdeada estampada com a figura de Nuno Tristão, 50 pesos.



1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.

As minhas memórias de Gabu

Saudades daquela nota esverdeada estampada com a figura de Nuno Tristão, 50 pesos

Os conteúdos de memórias registadas na Guiné continuam. Nos seus teores cruzam-se recordações que jamais se apagarão das nossas respeitosas histórias e sobretudo analisadas sobre o prisma de militares que conheceram uma peleja que não dava folgas.

Numa destas últimas manhãs primaveris, ainda com o tempo bastante instável, atrevi-me a efetuar uma viagem por gavetas onde guardo alguns registos de uma vida que persiste em diluir-se num tempo sempre indeterminado, e detive-me perante uma nota de 50 pesos que trouxe da Guiné mas que arquivo religiosamente.

Falar em 50 pesos (escudos) é literalmente citar que essa nota, outrora grande, representa, atualmente, uns meros 25 cêntimos. Dá, quiçá, para comprar duas pastilhas elástica, ou coisa de somenos importância ou tão-pouco uma lembrança com o mínimo de projeção.

Mas, naquele tempo uma nota de 50 pesos na Guiné já fazia algum ronco. Sou de um tempo em que cruzei os anos de 1973/1974, sendo porém certo que a grandeza do dinheiro, escudos, foi paulatinamente ganhando novos contornos ao longo de comissões que a irreverente moçada cumpriu naquele território ultramarino.

Registo que o meu ordenado como furriel miliciano era de 6400$00 (seis mil e quatrocentos escudos, hoje, simplórios 32 euros), ficando na Metrópole 3800$00 e recebendo 2600$00 em Gabu. Manga de patacão, é verdade, daí que os gastos fossem fartos na compra de várias bugigangas e num beber permanente de bebidas alcoólicas entre as saudosas mariscadas, nomeadamente. Ah, fazia-se, à socapa, também um pequeno mealheiro.

Sobrou-me, assim, patacão para vir de férias e deliciar-me com os baldes de ostras, ou de camarão tigre, grelhado de preferência, bem como refrescar a garganta com as belas cervejas fresquinhas em cervejarias de casta em zonas nobres da cidade de Bissau e as noites de arrombo numa urbe que acolhia o pessoal que vinha do mato e já farto em levar “porrada”.

Para trás ficavam então as trincheiras do medo, ou, os indetermináveis dias em defesa de uma vida jovem e já entregue a insofismáveis incertezas, restando o momento de aparente sossego para a malta dar largas a leviandades próprias de uma idade que se situava na casa dos vinte e poucos anitos. 

Reconhecido pelo primeiro momento em que o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné me proporcionou e, simultaneamente, abriu as suas portas para eu debitar pequenos textos enquadrados com exíguas memórias que cruzam gerações, atrevi-me a inserir nesta narrativa a razão óbvia da dimensão de uma nota de 50 pesos e a atual realidade de 25 cêntimos. Talvez que o repto seja eventualmente proveitoso para uma troca de ideias, tendo em conta a representatividade dos valores expostos.

E é com este pequeno subterfúgio que por ora deixo expresso que a vida, a nossa, conheceu momentos irónicos na guerra onde 50 pesos faziam rugido na Guiné e presentemente 25 cêntimos é um valor meramente irrisório. 



Guiné e a sua moeda designada por pesos. Como o tempo mudou, camaradas.

Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P15921: Blogoterapia (277): Velhos são os trapos (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art MA da CART 1659)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar (ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68), com data de 27 de Março de 2016, a propósito do aniversário deste vosso escriba:

Camarada Carlos
Tive conhecimento ser hoje o teu Aniversário.
Os anos passam e fogem-nos sem darmos por isso. Mas mal damos conta vamos nos “enta”. E a guerra nos “inte”.
Para o camarada Carlos dos “Enta”, espero que o passes com os teus, que somes a estes muitos mais, com saúde.
Tentei fazer um Poema dedicado a todos aqueles como nós que atingimos aquilo que já tratam de Terceira Idade.
Se quiserem podes publicar no Blogue.

Um grande dia para ti
Um abraço
Mário Vitorino Gaspar


Velhos são os Trapos

Mário Vitorino Gaspar

Pequeno corria ventos e com as nuvens falava:
– Por que não constróis castelos mirabolantes?
Gentes de todas as idades rindo como dantes?
Jovem dos vinte a sorrir? Por favor não minta
Andas a sonhar e casado, pai e homem aos trinta
Rebentas pela vida! Quem a suporta e aguenta?
És a vida que espera sem esperar pelos quarenta
Sem saber… atingiu cinquenta os que sonhava.

O que interessa é viver a vida e não só a contar:
– Quantos palmos… palmo a palmo e a medir
Cantar. Cantar. Segundos, minutos horas a sorrir!
Cantar. Cantar. Longe de tormentos e ais a sofrer
Cantar canções de vida de amores a vida que viver.
A música cresce nos tons nostálgicos de uma flauta
A orquestra e seu maestro, batuta baque na pauta.
Vamos sorrir nos anos poucos ou muitos a amar

Quero gritar… E grito, apetece-me gritar:
– Ser humano que sente não é velho farrapo
Velho e remendado… é aquele solitário trapo
Um reformado… sente bem o tempo ocupado
Outro sozinho triste, vazio oco… desconsolado
Um o tempo medido e pesado é curto e escasso
Outro a vida que era vivida virou fracasso
Grita. Grita Por que não? Danças a cantar?

Ser-se de entre os anos o óbvio um sexagenário
Atingidos com alegria a verdade dos setenta
Correm os ponteiros às voltas somam oitenta
Anos seguidos e a vida a decrescer vem a soma
Noventa? Mas por que razão pedi a reforma?
Centenário? Cem anos? Poderá isto ser verdade?
Vivi, gozei e vi. Filhos e netos é mesmo a idade!
Galguei os anos sem sequer olhar o calendário.

Aprendermos que a vida é também feita de zeros
Nados, ventre da mãe, mulher criada do mundo
Fêmea que amou o homem somente um segundo
E repete-se. Repete. A luz que acende e aquece
Repete. Anos repetem-se e há alma que esquece
Música que toca nos rádios todo a hora e dia
Dancemos ao toque do tambor e da melodia
Matematicamente o mundo é feito de números.

Mas velho… velho, sem voz, mudo e calado?
– Velho, caco de barro esburacado e partido?
Cala-te! Não sabes que esse termo foi abolido?
Nem consta e nem lês nas palavras do abecedário!
Nem no mundo, no melhor catalogado dicionário…
Velho! A palavra foi extinta, não existe nem se fia
Nem em todos os acordos do mundo de ortografia…
Velho era alguém com idade, e um caso acabado.

Vivemos neste mundo e anos seguidos de felicidade
Amamos as flores do campo e as borboletas voando
Escutamos a voz do mar, ondas leves se enrolando
Há muito que aprender e melhor conhecer este ninho
Palacete com palhas e paus cruzados, em remoinho.
Se cometermos nesta longa caminhada na natureza
A vida é amor. O homem tem de cumprir esta certeza
No mundo, suas gentes, são estrelas do céu sem idade.

************

2. Comentário do editor CV

Caro Mário
Muito obrigado pelo teu poema, que se me permites dedico a toda a tertúlia, pois há muito que estamos todos nos enta, donde, desde que se entre, nunca mais se sai... Só aos CEM, mas esta meta é para meia-dúzia de privilegiados.

Já agora, aproveito para agradecer as palavras de carinho, enviadas, não só a mim, mas também aos meus companheiros de aniversário, a Ni, o Armando Pires e o Eduardo Magalhães, através do Blogue, facebook, mensagens pessoais, telefonemas, pombos-correios, etc.

Bem hajam.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15866: Blogoterapia (276): Porque continuamos a falar da guerra que vivemos na então província da Guiné? (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493)

Guiné 63/74 - P15920: Memória dos lugares (337): Cuntima, junto ao Senegal... Imagens do antigo quartel (Patrício Ribeiro, Impar Lda, Bissau)


Foto nº 1 > Rua principal de Cuntima


Foto nº 2 > Antigo quartel de Cuntima: depósitos de água


Foto nº 3 > Antigo quartel de Cuntima: marca da passagem do 4º Gr Comb, "Xonés", da CART 3360 (não temos, salvo erro, nenhum representante desta subunidade na Tabanca Grande)


Foto nº 4 > Antigo quartel de Cuntima: marca da passagem do BENG 447 (Bissau)


Foto nº 5 >  Antigo quartel de Cuntima: a equipa da Impar Lda em trabalho (1)


Foto nº 6 > Antigo quartel de Cuntima: a equipa da Impar Lda em trabalho (2)


Foto nº 7 > Antigo quartel de Cuntima: mais marcas da passagem das NT


Foto nº  8 > Antigo quartel de Cuntima:o vice-administrador Samba Candé [, da vila de Cuntima], ex- milícia português, no local onde morreu o seu grande amigo,  o cabo Machado, assim como o furriel Dorindo, em um dos ataques com morteiros.


1. Estas fotos foram-nos enviadas recentemente pelo nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro [,foto à esquerda: português,natural de Águeda,criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde 1984, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; também conhecido carinhosamente como "pai dos tugas"]

 De vez em quando ela pega  na máquina fotográfica (ou no telemóvel?)  e tira umas chapas sobre os "sítios de nenhures", os bu...rakos onde nos meteram ou nos metemos, entre 1961 e 1974... Para a gente, masoquista como nós, "matar saudades"... Cuntima foi um deles... O quartel era protegido por um pelotão de artilharia. E tinha uma delegação da PIDE/DGS... Era um ponto importante para a segurança da província. Vejam aqui fotos da época, dos nossos camaradas Vitor Silva e Humberto Nunes...  (*). Há mais de meia centena de referência no blogue sobre Cuntima. Mas é preciso saber procurá-las: o Blogger só nos mostra meia dúzia. Pesquisar também no Google > Imagens > Cuntima Guiné.

Quem esteve em Cuntima foi o Vasco [Correia] Lourenço, hoje cor inf ref (ex-cap inf, CCAÇ 2549, Cuntima e Farim, julho de 1969/junho de 1971]. E quem sabe mais de Cuntima é o nosso camarada Carlos Silva, dirigente da ONGD Ajuda Amiga [e nosso grã-tabanqueiro, de longa data: jurista, foi fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71; tem mais de 90 referências no nosso blogue].

Refira-se ainda, e por fim, que Cuntima, dois anos depois da independência da Guiné-Bissau, em novembro de 1976, foi palco de cenas de terror e violência de Estado, a execução sumária e pública de dois antigos milícias, "cães dos colonialistas", por ordem do famigerado comandante Quemo Mané, cenas essas  aqui já reconstituídas num poste memorável e corajoso do nosso amigo Cherno Baldé (**), um poste que merece ser lido e relido: na altura teve cerca de meia centena de comentários.

Dos 42 graus, no mato...

Junto algumas fotos da vila de Cuntima (e em especial do antigo quartel das NT).

É também uma pequena homenagem aos que aqui viveram, aos que aqui morreram, aos que agora aqui agora trabalham.

Tenho pena… mandei deitar abaixo a casa onde estava instalado o gerador no tempo português.

Vou lá instalar,  no furo feito pelos Portugueses junto à casa, uma bomba solar 50 m3/dia, um reservatório de 30 m3, vai levar diversos fontanários, espalhados pela vila e pela tabanca mais próxima, para abastecimento de água.

Caminho difícil, os 33 km de Farim até lá, terra de ninguém… onde mandam os que lá estão…

Em uma das fotos [foto nº 8], pode ver-se um antigo abrigo, e junto está o vice-administrador da vila Samba Candé, ex-milícia português, no local onde morreu o seu grande amigo, o Cabo Machado, assim como o Furriel Dorindo, em um dos ataques com morteiros. [Não há indicação de data nem da subunidade] (***)

Abraço,
Patrício Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Tel, 966623168 Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa 
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com



Guiné - Mapa de Colina do Norte (1956); Escala 1/50.000 - Localização de Cuntima

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
_______________

Notas dos editores

(*) Vd. alguns dos nossos postes com imagens e outras memórias de Cuntima:

22 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4993: Memória dos lugares (44): Cuntima, na fronteira com o Senegal (Ex-1º Cabo Vitor Silva, CART 3331, 1970/72)

17 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2657: Cuntima nos tempos da CART 3331 (1970/72) (Vítor Silva)

6 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10340: Álbum fotográfico do ex-Alf Mil Art Humberto Nunes (3): Cuntima

3 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10320: Álbum fotográfico do ex-Alf Mil Art Humberto Nunes (2): Cuntima

(**) Vd. poste de 25 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11762: Memórias do Chico, menino e moço(Cherno Baldé) (45): Horror e terror em Cuntima, em novembro de 1976: a revoltade um grupo de antigos milícias, a execução pública de Soarê Seidi e de AbbaroCandé, por ordem do histórico comandante do PAIGC, Quemo Mané (Recordações deDemburri Seidi, tradução e texto de Cherno Baldé)

(***) Último poste da série > 27 de março de  2016 > Guiné 63/74 - P15907: Memória dos lugares (336): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte I

Guiné 63/74 - P15919: Álbum fotográfico de António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª na CART 1692; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494 e CART 3567 (3): Arte guineense

1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), com data de 21 de Março de 2016, com mais fotos sobre a arte da Guiné para o seu Álbum fotográfico:

A minha colecção de cachimbos.
Destes só um é que foi utilizado e comprei-o directamente ao fumador em Janeiro de 1969 perto do Cumeré.
Não tinham qualquer tipo de filtro e o fornilho era forrado com um pouco de metal flexível, parecido com alumínio.
O tabaco era em folha e enrolado no momento de ser fumado.
Os chapéus eram feitos de de palha de capim(?) enrolada e depois coberta com linha enrolada de várias cores. Acho que era um chapéu de ronco, uma vez que pouco aparecia na vida diária nas tabancas. Protegia bem do sol dada a matéria de que era feito.
Alguém sabe qual o nome destes chapéus?

Um Ab.
António J. P. Costa


Cachimbos


Chapéu Fula
Fotos: © António José P. da Costa
____________

Nota do editor

Último poste da série de 28 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15681: Álbum fotográfico de António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª na CART 1692; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494 e CART 3567 (2): Arte guineense

Guiné 63/74 - P15918: Inquérito 'on line' (50): Nunca apanhei nenhum pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné (Augusto Silva Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 15 de Março de 2016, com o que será o último depoimento sobre os nossos pifos no TO da Guiné:

Olá Carlos Vinhal, bom dia!
Antes de mais espero que esteja tudo bem contigo e família.

No âmbito do inquérito "on line" que tem estado a decorrer sobre o assunto em epigrafe, recordo parte de um episódio que comigo ocorreu, e sobre o qual em tempos enviei para publicação, sendo que este foi mesmo o único "pifo" que apanhei em terras da Guiné.

O extracto abaixo faz parte do Post P10432 de 25-09-2012 / Estórias dos Fidalgos do Jol / 12 - A minha primeira noite no Jol:

..."Mas felizmente era apenas e só a minha preocupação de “pira” a funcionar, pois nada de anormal se passou, só que, ao contrário do que aconteceu com o “pira” do Juvenal, no meu caso era ver quem mais “álcool” me conseguia fazer beber e, obviamente, pagar.
Tanto quanto foi possível lá me fui aguentando, normalmente tentando disfarçar as grandes quantidades de whisky com coca-cola à mistura. Como sabia e “escorregava” bem, consegui manter-me durante um bom par de horas a ouvir alguns dos acontecimentos mais significativos dos últimos 12 meses (a eterna tentativa de “acagaçar” os recém chegados), e sinceramente não dei conta que já me encontrava muito perto dos limites.
Enquanto estive sentado, a coisa correu bem, o pior foi mesmo quando fiz mais do que uma tentativa para me levantar, e as pernas não me obedeciam. A minha intenção de evitar apanhar uma primeira bebedeira em terras da Guiné, definitivamente não tinha resultado. Estava mesmo embriagado e, só com alguma ajuda, lá me consegui pôr a caminho do meu abrigo. Pelo meio fui “apanhado” pelo Cabo da ronda que, “simpaticamente” me perguntou se precisava de ajuda, depois de me ver de joelhos e a vomitar. Bonito exemplo logo no primeiro dia, pensei eu…
Mas a “praxe” tinha sido cumprida e, no outro dia, era como se nada se tivesse passado. Nunca mais ninguém falou nisso, eu é que durante largos meses, nunca mais pude ver à minha frente aquela “maldita combinação” de whisky com coca-cola. Foi mesmo de arrasar"…

Se achares que tem interesse recordar, p.f. publica, fazendo as alterações que considerares oportunas.

Aproveito para juntar umas fotos tiradas em Jolmete, em Outubro / Novembro de 1972, que ilustram alguns momentos de "alegria". De salientar que o fim da comissão estava próximo.

Recebe um grande e forte abraço,
Augusto Silva Santos




Jolmete, Outubro e Novembro de 1972

Fotos: © Augusto Silva Santos
____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15892: Inquérito 'on line' (49): Pifos não eram comigo, só por duas vezes! (Manuel Joaquim, ex-Fur Mil da CCAÇ 1419)

quarta-feira, 30 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15917: Os nossos seres, saberes e lazeres (146): O ventre de Tomar (10) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Não há bem que sempre dure, temo que este meu enfeitiçamento não gere forçosamente o vosso. Mas viajar assim é fácil, por aqui há pedras antiquíssimas, aqueles senhores da Dinastia de Avis descobriram um erário opulento com aquela Ordem do Templo transformada em Ordem de Cristo. Não escondo a satisfação que me dá bater a estas portas todas, regra-geral bem acolhido.
Aqui há uns tempos entrei num pequeno comércio filatélico e o empresário, pressuroso, explicou-me que não havia hipótese de tirar fotografias, havia que esperar por uma exposição que ele estava a preparar de postais raros. Agradeci e prometi voltar. Entretanto, mostrou-me o novo estabelecimento, com uma bela moldura manuelina. Eu depois dou notícias, assim dá gosto viajar, o que não se recebe hoje fica em carteira para amanhã.

Um abraço do
Mário


O ventre de Tomar (10)

Beja Santos

Qualquer deambulação pode atingir as proporções de uma viagem. Entramos numa rua ou paramos numa praceta e o acaso permite encontros, descobertas, um olhar refrescado. Pode dar-se a circunstância de termos o tempo a favor, interlocutores disponíveis, lugares prazenteiros… E então viajamos espiritualmente, arrumamos imagens na nossa razão, damos-lhes as justificações que entendemos. Quando arremeto nestas peregrinações vou preparado para tudo, levo o passo ligeiro, a disciplina de deixar o olhar esvoaçar do telhado ao solo, bato a portas onde já bati muitas vezes só para dar os bons dias ou as boas tardes. E não é incomum nessa rotina ter acasos felizes, poderá estar mesmo a acontecer que ganhei familiaridade para ver as diferenças entre a manhã e tarde, de acordo com as estações do ano, com a cabeça leve ou carregada, pronto para o imprevisto, é esta a melhor contabilidade para o estado de espírito de querer aceitar o que é belo e que acidentalmente nos passa à margem.




Começo o dia ali para o lado dos Estaus, há motoristas em amena conversa, tendo profundo um fontanário que não jorra água. Atravesso a rua e entre num ambiente orientalizante, pedras semipreciosas, panos, bijuteria, muito provavelmente estou na Índia ou no Sri Lanka, imagino odores de incenso, imagino que há mulheres acocoradas nas ruas de Mumbai a fazer desenhos, imagino o cheiro das chamuças acabadas de fritar, deleita-me a paleta de cores, esta capacidade de reintegrar esse Oriente onde tivemos vices reis, de onde trouxemos a pimenta e outras especiarias, e até o chá com que Catarina de Bragança mudou os hábitos de beber na Grã-Bretanha. Há quem diga mal da globalização como se nós, os portugueses, não tivéssemos andado a globalizar por todo aquele Extremo Oriente, fazendo crescer o Brasil, mercadejando em África, agora esse Oriente aqui se instala, os chineses são os pesos pesados. E ainda bem, não há melhor sinal para a tolerância do que esta convivência sem emigrações de tragédia ou de assistência humanitária.


É com enorme satisfação que venho sempre cumprimentar este ilustre quinquilheiro. Viu-me a mirar o móvel, e logo atalhou que o tinha posto lá em cima, os objetos ganham realce. Sempre que eu lhe digo que gosto ele agradece e insiste para eu estar à vontade. Neste dia fizemos negócio, não pensem que foi este armário Arte Deco, foram pequeninos trastes, um deles é uma fotografia pintada que foi exposta num salão qualquer em França, data de 1898, tem pescadores bem ajaezados, é um primor.




Ora aqui está, do velho se fez novo, o que parecia não ter préstimo torna este espaço íntimo, falei com gente jovem que comercia roupa e há também arranjos de mãos. Gosto desta sobriedade povoada se símbolos antigos, de contrastes. E hoje não resisti, até me pus na fotografia, como sou imodesto equiparo-me àquele senhor que se chamou Diego da Silva Velasquez, um dos maiores pintores do mundo que trouxe uma mudança de paradigma na pintura quando se fez aparecer num quadro famoso “Las meninas”, uma cena em que uma infanta está rodeada do seu séquito, e lá ao fundo aparece Velasquez, como dissesse: sem mim, este encanto não vos chegava às mãos. Vejam a que nível me subiu a soberba…



Esta casa da filarmonia é um ícone, vale a pena aqui entrar e procurar entender como estes senhores, a quem se deu o direito de merecer um quinhão de imortalidade, puseram os nabantinos a alegrar o mundo dos sons. Ouvir música é viajar na galáxia, crescer para a vida e até amar o próximo pois o que se toca é para que os ouvintes subam ao sétimo céu, cresçam nos sonhos, a música enche o coração, veja-se o órgão na igreja, os cânticos de rua, os lampejos da fanfarra, o coreto em festa. Não há paga para o bem que estes instrumentistas nos trazem.


O artista plástico José Guimarães é o autor desta árvore azul que qualquer um de nós pode visitar nesse bonito lugar que se chama o núcleo de arte contemporânea, doação de José-Augusto França. Venho aqui amiúde lavar os olhos e sacudir as meninges, estão aqui expostos nomes de primeira plana, como Almada, Vespeira, Júlio Resende ou Cutileiro. Não há melhor maneira de acabar a viagem de hoje nesta peregrinação constante a este local de culto que, lamentavelmente, muitos tomarenses ignoram, parece que dando razão aquele pessimismo que diz que os santos da casa não fazem milagres. E o milagre aqui está, para fruição de todos. Venham, ninguém sairá daqui completamente desapontado.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15863: Os nossos seres, saberes e lazeres (145): O ventre de Tomar (9) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15916: Notas de leitura (822): “A tropa vai fazer de ti um homem! Guiné 1971-1974”, por Juvenal Sacadura Amado, Chiado Editora, 2016 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Março de 2016:

Queridos amigos,
É diametralmente diferente ler relatos esparsos no blogue e depois o livro, com sequência cronológica, com diferentes antes e depois, poemas enxertados, recordações avulsas, comentários dos outros. Impressiona-me sempre nesta literatura memorial as impressões indeléveis dos locais que percorremos até chegarmos aos quartéis e depois à guerra. Toda a poesia que perpassa pelo relato do Juvenal Amado ganha articulação com a homenagem que ele presta aos camaradas imemoriais em que se transformaram aqueles anos vividos no Leste da Guiné. É comedido a falar do seu sofrimento, projeta-o nas imagens das viaturas destruídas, nos buracões das minas, como se estivesse a dizer-nos: isto podia ter acontecido comigo.
Cativa o seu relato simples e os abraços que dá aos seus amigos da guerra, inesquecíveis.

Um abraço do
Mário


A tropa vai fazer de ti um homem! 
Por Juvenal Amado

Beja Santos

É útil fazermos aqui uma recapitulação sumaríssima das cerca de cinco décadas que levamos de literatura da guerra. Temos um primeiro período, 1961 ao fim da década. As principais manifestações dão pelo nome de: diário, evocações elegíacas da bravura do soldado português, crónicas jornalísticas, alguma poesia, raras dissertações sobre a natureza da guerrilha e contraguerrilha, e pouco mais. Na viragem do século, assiste-se a uma abertura literária em que o tema da guerra surge codificado, e até ao 25 de Abril sucedem-se manifestações de pendor jornalístico a exaltar o esforço de guerra, lendo essas crónicas parece que a guerrilha está controlada e os seus líderes desacreditados. O segundo período é de uma abertura com foros anárquicos, temos relatos comprometidos, escreve-se para ajustar contas, digamos que esta euforia até transita para os anos 1980, aí perde totalmente o vigor. O terceiro período anuncia os grandes depoimentos íntimos na forma de romance, é como se o combatente já não temesse qualquer complexo por falar de si manejando a ficção. No quarto período, dos anos 90 em diante, é a enxurrada das memórias, prossegue a ficção, surge o ensaio histórico, há mais diários. No caso da literatura da Guiné, destaco no primeiro período Armor Pires Mota, o Diário de JERO, o Ensaio de Hélio Felgas, no segundo período Álvaro Guerra e José Martins Garcia, no terceiro período Cristóvão de Aguiar, José Brás, Álamo Oliveira e Luís Rosa. O quarto período, o mais fértil, assegura o espantoso Diário do Soldado Inácio Maria Góis, o Livro de Memórias de Moura Calheiros, de António Loja, entre outros.

“A tropa vai fazer de ti um homem! Guiné 1971-1974”, por Juvenal Sacadura Amado, Chiado Editora, 2016, entronca no relato memorial, temos um jovem profundamente ligado a Alcobaça, depois de diversos empregos fixou-se na Crisal Cristais de Alcobaça, dali partirá para a Guiné, fez uma comissão anormalmente longa no setor Leste, assentou sobretudo arraiais em Dulombi. Enquanto lia este relato na Guiné, não deixava de me surpreender, atendendo que passei cerca de 26 meses no setor de Bambadinca, fui pelo menos duas vezes a Dulombi e mais vezes a Galomaro de jipe, atividades de rotina, de pura logística, não me recordo de qualquer referência de risco naquele subsetor, salvo o Saltinho. O que significa que afinal a retirada de Madina do Boé teve diferentes faturas e uma delas foi a progressiva aproximação dos grupos do PAIGC até Dulombi e vizinhança. O que remete para outra consideração que é a de quando falamos da nossa guerra abstraímos que já houve outros contextos e a que se seguirão mais outros.

Não podemos ignorar a afetuosidade com que ele nos fala da sua juventude, da família, do trabalho, dos companheiros. Aquelas sete horas friolentas de Janeiro de 1963 em que ele parte pela noite ainda escura para a paragem da camioneta, parando em Fervença, que tinha fábrica de cerâmica, de fiação e tecidos e termas medicinais, até Valado dos Frades, o Juvenal é aprendiz na fábrica de cerâmica Os Pereiras, o tempo corre até que se irá apresentar no CICA 4, ainda não tem 21 anos, seguir-se-á o RI 6, o RI 16, é aqui que chega a notícia da mobilização para a Guiné. São descrições sincopadas, relevam as amizades construídas, algumas delas até hoje. Nas vésperas de Natal de 1971 já estão em Bissau, uns seguem para Gadamael, outros para Barro, aqueles outros para Cacine e o seu Batalhão, o BCAÇ 3872 segue para Galomaro, Saltinho, Cancolim e Dulombi.

Juvenal é condutor de Berliet, mas leva por tabela quando há flagelações nos diferentes destacamentos por onde passa. Escreve poesia, partilha connosco memórias francamente dolorosas como a emboscada de 17 de Abril de 1972 entre o Saltinho e Quirafo. Há um longo repositório de peripécias, de facécias, põe os amigos no pódio. Entre as memórias que não se apagam estão as minas anticarro, há sempre bons pretextos para acompanharmos a angústia do condutor naquelas colunas que se enfiam em direção aos destacamentos mais remotos.

A guerra evolui, estamos em 1973, deram-se mudanças, como ele escreve: “O tempo de guerrilha que emboscava, flagelava e retirava, embora não fosse menos perigosa, fazia já parte de um passado recente. Muito bem armada e enquadrada militarmente, a tropa do PAIGC estava a levar-nos para um beco sem saída e a nossa derrota já não era uma miragem. Na cantina tinham sido afixados cartazes com imagens de aviões MIG 17”. Mas continua teimosamente a entronizar os atos de camaradagem, dá-nos um caudal de poemas. Em jeito de despedida, volta à sua infância, fechara-se um arco depois do hiato da guerra, seguir-se-á a idade adulta de alguém que se transformou. E revela-se nostálgico: “Naquele tempo, em que eu caminhava entre a casa e a fábrica ou o café sabia de cor cada pedaço de calçada, cada pedaço de lancil marcado por uma jante, cada mancha de musgo ou mesmo os estranhos desenhos que ficavam quando caía algum pedaço de reboco de uma parede ou de um muro. A vida era lenta, previsível, própria de quem sabe que mais não podia fazer para além disso enquanto esperávamos pela tropa”. E descreve lugares, como a taverna do Dinis, a mercearia do senhor Emidinho, o Café Paris, a Pensão Corações Unidos. E vem uma recordação mais impressiva: “Os internados do asilo que pediam sempre um cigarrito ou, à falta disso, apanhavam as beatas que eram sempre abundantes pelo chão. Desfaziam-nas para dentro de uma caixa de lata e com mortalhas confecionavam novos cigarros”. E recorda o senhor Orlando, figura bizarra, que morreu quando ele estava na Guiné. Esta Alcobaça que lhe fazia companhia no posto sentinela. Chegou e tudo mudara, ou quase: “Quando regressei, voltei a fazer vezes sem conta os mesmos caminhos. A maioria das coisas ainda estavam lá, pouco se tinha alterado, eu é que via tudo com outro olhar. 27 meses tinham-me transformado e era com avidez que bebia as imagens, que funcionavam como assinaturas do tempo". Sempre poetando, deixa para o termo da obra o rol daqueles que caíram em combate. E porquê o título deste livro. Ele dá a sua interpretação: “Era uma premonição de que só seriam verdadeiros homens quem passasse pelas vicissitudes que a vida militar e a guerra impunha, como se fosse impossível alcançar esse estádio sem esses sacrifícios”.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 22 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15889: Notas de leitura (818): Micropoemas do livro "Haikus do Japão e do Mundo" (Lisboa, Gradiva, 2016): seleção e oferta do autor, António Graça de Abreu, para os nossos grã-tabanqueiros

Guiné 63/74 - P15915: Fotos à procura de... uma legenda (72): Três anos e meio separam estas duas fotos, tiradas no mesmo lugar, no destacamento da ponte do Rio Udunduma, estrada Xime-Bambadinca... Ou melhor, num sítio de nenhures... (Jorge Araújo, 1973 / Humberto Reis, 1970)



Foto nº 1 

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974) > Julho de 1973 > O fur mil op esp Jorge Araújo à entrada do abrigo (?) (*)...

(...) "Imagem de um buraco aberto no chão, coberto de troncos de palmeira, terra e chapas de zinco a cobri-los, protegido no exterior com bidões de gasóleo cheios de terra, com uma pequena abertura, tendo no seu interior uma cama de ferro, especial do mobiliário militar, com colchão adequado …a um sono tranquilo [que enorme ironia] (...)


Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados



Foto nº 2

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 > 2º Grupo de Combate > 1970 > O fu mil op esp Humberto Reis, à entrada do abrigo (?) (**)...


(...) "Com este destacamento passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais (operacionais eram aqueles que iam para o mato e as sentiram assobiar e não os que viviam no bem bom dentro dos arames farpados e que nunca sentiram o medo de levar um tiro).

"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer ). Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o fur mil. do Pel Mort com uma esquadra, o Lopes que era natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).

"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim 2 km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços fechou a mala e foi embora" (...)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Localização da Ponte sobre o Rio Udunduma (e não Undunduma...), afluente do Rio Geba (ou Xaianga), a meio caminho entre Bambadinca e Xime...

A ponte foi dinamitada e parcialmente destruída por acção do PAIGC, na noite de 28 parta 29 de Maio de 1969, por ocasião do ataque a Bambadinca (quatro/cinco km a nordeste), levado a cabo por 2 bigrupos (cerca de 100 homens)... A partir desse ataque, passou a ser destacado um grupo de combate para defender este ponto nevrálgico... Durante anos, até à construção da nova estrada (alcatroada) Xime-Bambadinca, milhares e milhares de homens e viaturas, desembarcados em LDG no Xime passaram por aqui a caminho do leste (e vice-versa)...

O nosso camarada Carlos Marques Santos (ex-fur mil, CART 2339, Fá e Mansambo, 1968/69) diz que foi o primeiro a avançar, para a Ponte do Rio Udunduma, logo no dia 29 de Maio de 1969, com o 3º Gr Comb da sua companhia, vindo em marcha forçada de Mansambo...

Infogravura: Pormenor da carta de Bambadinca (1955), escala 1/50000.



1.  Três anos e meio, pelo menos,  separam, estas duas fotos (***)... Era muito tempo, ou pelo menos o tempo suficiente para passarem três batalhões distintos por Bambadinca, sede do setor L1, desde que foi montado, em finais de maio de 1969, à pressa,  um destacamento na ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, importante ponto estratégico na ligação do porto fluvial do Xime com Bambadinca e o resto da zona leste... 

Referimo-nos ao BCAÇ 2852 (1968/70), ao BART 2917 (1970/72) e o BART 3873 (1972/74).

Houve outros destacamentos não menos célebres no TO da Guiné, como o da ponte Caium ou ponte do Rio Caium, também no leste, na região de Gabu, subsetor de Piche... Ou de ponte Balana, na região de Tombali, perto de Gandembel.

Se calhar, já está tudo dito... sobre estes sítios de nenhures! Ou talvez não, há sempre um leitor, novo, que chega,,, e que tem alguma curiosidade pelos sítios do mundo a que nós podemos chamar "de nenhures"...

O destacamento do ponte do rio Udunduma nunca existiu ou nunca existiu para a história... COmo nunca existiu Caium ou Balana... Só existe emquanto formos vivos, e se mantiver no nosso imaginário o topónimo e o nosso blogue se mantiver ativo...  Era um sítio de nenhures, como a grande maioria dos bu...rakos onde nos meteram ou nós nos metemos.

Acham,  os nossos queridos leitores, que as duas fotos ainda merecem uma legendagem complementar ?

Já nos faltam as forças, a pachorra, o tempo, a imaginação, a curiosidade, a paixão...  Doze anos a blogar é muito tempo, confesso... E o tempo (e a saúde, o patação, a lucidez,,, ) é a coisa que sentimos que nos está a (ou vai) faltar...

De qualquer modo, amigos e camaradas da Guiné,  vai continuar a ser preciso alimentar o blogue, todos os dias... O blogue é um ser vivo, que precisa de comer e beber todos os dias. Obrigado àqueles que o alimentam... LG. (***)

_______________



Guiné 63/74 - P15914: Efemérides (217): Cerimónia de homenagem aos combatentes da guerra do ultramar, amanhã, 5.ª feira, 31/3/2016, em Cascais, às 10h00, na Av Dom Carlos I: Convite do Povo e do Município de Cascais


1. A notícia e o convite chegam-nos através do Mário Fitas, nosso grã-tabanqueiro e um dos fundadores da Magnífica Tabanca da Linha. 

Quem puder estar, devidamente aprumado, ataviado, equipado, em boa forma, será bem vindo!...

Está na altura desta nação, velhinha de mil anos, olhar com amor e gratidão  para os seus filhos, combatentes, os primeiros a serem esquecidos quando as guerras acabam, e o protagonismo passa a ser dos políticos.

Parabéns ao Povo e ao Município de Cascais por esta homenagem... Significativamente, o Município de Cascais tem por lema "Tudo começa nas pessoas"...

O patriotismo não é nem pode ser monopólio de ninguém, à esquerda, ao centro ou à direita do espectro político-ideológico!...  O patriotismo não tem partido. Os combatentes portugueses, de todas as épocas, estão acima de todos os regimes políticos. Mas devem saber recusar ser instrumentalizados!
__________________

Nota do editor:

Último poste da série de 18 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15765: Efemérides (216): O Pepito deixou-nos há 2 anos... Retenho a ideia que tinha dele em vida: um homem de grande coragem física e moral, um cidadão de princípios e de valores, um intelectual de fina inteligência e sensibilidade sociocultural, um engenheiro agrónomo e gestor com uma espantosa capacidade de trabalho, organização, determinação e liderança, um dirigente de arguta visão, um abnegado patriota, um amigo generoso e hospitaleiro, um bom pai e melhor avô, e sobretudo, um bom gigante com um coração de ouro... Enfim, um homem que, perante a adversidade, sabia que "desistir era perder, recomeçar era vencer"... (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P15913: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (43): Os receios europeus de um antigo colonialista português, gen Norton de Matos, em dezembro de 1943

1. Mensagem do Antº Rosinho, um dos nossos 'mais velhos', que andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado... Fez o serviço militar em Angola,  foi fur mil, em 1961/62,  diz que  foi 'colon' até 1974... 'Retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência'...


Data: 23 de março de 2016 às 19:32
Assunto: Os receios europeus de um antigo colonialista português, o limiano gen Norton de Matos (dezembro de 1943)


Sobre a II Grande Guerra, Norton de Matos (*) escreveu isto,  em livro que o nosso confrade de tertúlia JD [José Dinis] me proporcionou [ J. Norton de Matos - Memórias e trabalhos da minha vida, 4 volumes. Lisboa: Editora  Marítimo-Colonial, 1944-1945]:




José Norton de Matos (1867-1955), general e político português.   1 junho de 1917. Fonte: Hemeroteca Digital - "Portugal na Guerra :  revista quinzenal illustrada" (n.º 1, 1 Jun. 1917)
Autor: Garcez. Foto do domínio público [, tem mais de 70 anos]. Cortesia de Wikimedia Commons



" (...) Muito receio que se a guerra não acabar por todo o ano que vem (1944),  desapareçam por completo as forças capazes de lhe pôr fim por meio de um armistício e da paz que se lhe deverá seguir. Será então a continuação da luta, cada vez mais desordenada, até à aniquilação de todos os combatentes. A desordem e a anarquia a seguir para presidirem à queda das civilizações." (...)

" (... )Há até hoje duas grandes nações vencidas, a França e a Itália" (...)


" (...) "Não creio que à Alemanha só duas coisas possam acontecer, a vitória ou o desaparecimento. O desaparecimento ou aniquilação somente se darão, como acima disse, se a guerra se prolongar até que deixem de existir as forças de paz. Mas esse eclipse abrangeria então todos os povos da Europa." (...)

(...) "Para a Europa deixaria por muitos séculos qualquer missão histórica. Mas para a Europa inteira e não apenas para três nações europeias."



Eu, "colon", tertuliano, membro da Tabanca Grande, apenas quero lembrar que em dezembro de 1943, quando Norton de Matos [, Ponte Lima, 1867 - Ponte de Lima, 1955] disse isto, faltava meio ano para o princípio do fim, quando aconteceu exactamente o célebre dia D, desembarque na Normandia (ainda não havia túnel mo canal da Mancha).

Este dia D ditou aquilo que Norton de Matos temia, não houve paz, e deu-se a aniquilação da Alemanha, digo eu.

E,  como o general dizia, seria também "um eclipse de todos os povos da Europa".

Só trago isto para o blogue por 2 (dois) motivos:

(i) ser oportuno lembrar que a Europa indefesa e impotente de hoje é a continuação da Europa daquele tempo, e anda tudo ligado;

(ii) sabemos que o estado de impotência em que os países da Europa ficaram,   levou a que, por exemplo,  a França não conseguisse,  a seguir, dominar militarmente na Indochina a sublevação político-ideológica que viria a humilhar o exército Francês e mais tarde provocar o que seria a Guerra do Vietname, e em seguida o desastre de vários anos na Argélia e, por vários anos ainda,  uma descolonização imprópria, na África subsariana, com guerras intertribais, se iria reflectir mesmo em Paris, com imensos atritos raciais, e tribais e culturais.

E a Inglaterra e a Bélgica não se sentiram com resistência para continuar a suportar as "rebeldias" tribais e raciais e as ideologias internacionalistas, em colónias como a Nigéria, Quénia ou Congo e Ruanda, etc.

Daí o desastre das descolonizações africanas totalmente inadequadas,  cujas consequências negativas  também atingiram a própria Europa.

Volto ao general que ainda no mesmo capítulo vaticina (, palavra minha,) que,  caso aconteça o pior, ficariam os "povos das Américas e da Ásia" a substituir os Europeus. (O livro foi editado em 1944, a guerra ainda continuava).

Norton de Matos era um homem admirado por muitos africanistas portugueses em Angola e Moçambique e na Índia, pelas suas ideias coloniais.

Norton de Matos, antissalazarista incondicional, tinha uma ideia da II Grande Guerra e sobre as suas consequências se não houvesse acordos de paz, ideias semelhantes a Salazar.

Os anticolonialistas detestam um e o outro, sendo que há antissalazaristas, algum ainda vivos, que dizem que Salazar devia ter entrado na II Guerra,  como tínhamos entrado na I Grande Guerra.

Vou continuar a ler o livro do Norton de Matos (1944) e vou olhando para os noticiários (2016) e vou comparando o angolano Fernando Peyroteo [1918-1978], o moçambicano Eusébio [1942-2014] e o madeirense Ronaldo [n. 1985, tem costela caboverdiana].

Cumprimentos e que o Google não tire a paciência ao Luís Graça.
___________________

Notas do editor:

(*) Vd. biografia deste grande português no poste de  26 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12902 Agenda cultural (306): Vila Nova de Famalicão > Ciclo de Conferências 2014 > Ideias e práticas do colonialismo português: dos fins do séc. XIX até 1974 > 4 de abril de 2014, 21h30 > Conferência do doutor Sérgio Neto (CEIS20/UC): "De Goa a Luanda, pensamento e acção de Norton de Matos"

(**) Último poste da série > 22 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15781: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (42): A unidade que os cabo-verdianos ajudaram a criar

Guiné 63/74 - P15912: Parabéns a você (1055): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Esp do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alf Enf.ª Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)



____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15906: Parabéns a você (1053): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf do BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/70); Carlos Vinhal, ex-Fur Mil art MA da CART 2732 (Guiné, 1970/72); Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp do BCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974) e Amiga Grã-Tabanqueira Maria Dulcínea