segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16585: (Ex)citações (319): O cap inf José Abílio Lomba Martins que eu conheci, no Enxalé, em novembro de 1963, antigo professor da Academia Militar, cmdt da CCAÇ 556 (Bissau, Enxalé, Bambadinca, 1963/65) (Alcídio Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65) (*)

1. Comentário do nosso vetaraníssimo Alcídio [José Gonçalves] Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65) (*)

Luís

Conheci o capitão [de infantaria] José Abílio Lomba Martins, no Enxalé. Estávamos em fins de novembro de 1963 e um dia apareceu uma coluna da nossa Companhia que levava um senhor capitão que se apresentou como Lomba Martins, professor na Academia Militar que queria conhecer a região e os métodos de contra-guerrilha que utilizávamos, bem como a minha técnica de fazer minas e armadilhas.

Ficou espantado com os resultados reais e os efeitos das armadilhas, pois chegou a acompanhar-me na sua elaboração e na sua montagem e verificou os efeitos devastadores no inimigo.

Na semana passada connosco, ficou tão entusiasmado que me pediu dois exemplares de duas armadilhas para levar para Lisboa, para ensinar na Academia, segundo me afirmou.

Mais tarde a 25 de janeiro de 1964, apareceu a comandar a CCaç 556, que nos substituiu (3.º pelotão), no Enxalé.

Nessa substituição, recordo que me apresentou, aos seus oficiais e sargentos, como alguém que era um operacional, conhecedor da guerra de guerrilha e contra-guerrilha, o que me deixou cheio de orgulho.

Acabou por dizer ao nosso Capitão Braga, que eu merecia um louvor, pois fazia mais estragos no inimigo do que muitas companhias. O que veio acontecer mais tarde.

Encontrei-o em abril de 1965, em Bissau e ele apresentou-me a vários Oficiais sempre
em termos muitos elogiosos para a minha pessoa.

Um exemplo foi: uma noite o 'Nino' Vieira comandou um ataque ao nosso aquartelamento com 150 guerrilheiros (homens e mulheres) que desde as 21 até às 4 horas da manhã, tentaram aproximar-se, por diversas picadas e estrada, mas caíram em mais de dez armadilhas, onde tiveram mortos e feridos, e ao chegar ao arame farpado, apenas se atreveram a dar um tiro de pistola.

Retiram alguns dos mortos e feridos, mas outros ficaram escondidos pelo mato, que nós recuperamos mais tarde durante o dia.

Foi assim que conheci o Sr. Capitão Lomba Martins. (**)

Ab
Alcídio Marinho
CCaç 412,  3ª pelotão
(Bafatá., 1963/65)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16584: Notas de leitura (887): Guiné-Bissau entre 1960 e 1990: um olhar de um oficial português (Mário Beja Santos)

(**) Último poste da série > 24 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16520: (Ex)citações (318): Ponte Balana e/ou Porto Balana (Idálio Reis, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana, Nova Lamego, 1968/69)

Guiné 63/74 - P16584: Notas de leitura (888): Guiné-Bissau entre 1960 e 1990: um olhar de um oficial português (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Setembro de 2015:

Queridos amigos,
Trata-se de uma novidade, alguém que foi oficial da ação psicológica e que se pode pronunciar sobre esta atividade no tempo do General Schulz; acompanhou de perto os projetos de desenvolvimento económico e social da era Spínola e dá-nos uma síntese de que se procurava uma modernização de infraestruturas, uma aceleração na construção de estradas, melhorias na educação e na saúde, etc.
Pronuncia-se pois sobre os desaires das eras de Luís Cabral e Nino Vieira e observa que no essencial não se entenderam as expetativas do mundo rural, além de que a corrupção minou importantes projetos da ajuda internacional.
Para ler e pensar.

Um abraço do
Mário


Guiné-Bissau entre 1960 e 1990: um olhar de um oficial português

Beja Santos

Na revista Africana (editada pela Universidade Portucalense), n.º 10, de Março de 1992, apareceu um artigo intitulado “Guiné-Bissau – da década de 60 à atualidade”, o seu autor é José Abílio Lomba Martins, que foi oficial de ação psicológica do Gabinete Militar do Comando-Chefe da Guiné.

Inicia o seu trabalho referindo-se a um livro que fez época intitulado “Guinea-Bissau, politics, economics and society”, Frances Pinter, Londres, 1987, da autoria de Rosmary Galli e Joselyn Jones, estas duas investigadoras perante o insucesso das políticas económicas a partir da independência consideravam que para se encontrar respostas para determinadas questões suscetíveis de conduzir a uma avanço metodológico, era preciso esclarecer qual deveria ter sido o processamento mais adequado para o sucesso de um modelo de desenvolvimento socialista, quais as políticas e com que estruturas é que a população agrícola predominante se deveria ter inserido no processo de crescimento e, por último, qual a credibilidade resultante para o processo de desenvolvimento socialista após o recurso à ajuda externa capitalista.

Estas duas autoras, que estudaram aprofundadamente a evolução e económica e social da Guiné a seguir à independência e até meados da década de 1980, consideram que o governo criou barreiras para os agricultores, estabeleceu obstáculos ao crescimento da produção agrícola, ignorando as suas mais profundas aspirações. Ainda que com uma atenuante: “O PAIGC não cometeu o erro de proceder à coletivização em grande escala”. Todo este processo de indiferença perante o vital setor rural levou um declínio de todo o setor agrícola, isto apesar da intenção mil vezes expressa pelos dirigentes do PAIGC em dar prioridade ao desenvolvimento rural. Para as autoras, os dirigentes do PAIGC mais não fizeram de que fazer concentrar no aparelho estatal os melhores quadros que ficaram em Bissau, o PAIGC limitou-se a adotar um modelo de centralização do poder que só visava assegurar o controlo e a supervisão da economia. Os projetos financiados por múltiplas instâncias internacionais acabaram por ser devorados por 15 ministérios e a sua colossal máquina burocrática, que se revelou inoperante.

O PAIGC, sugestionado pelas economias socialistas, privilegiou o controlo do comércio, a regulação dos preços e o monopólio sobre o comércio externo. Porém, as empresas estatais vieram a sofrer do problema com má gestão, e regularidades de abastecimento e corrupção. De um modo geral, estes gestores envolveram-se em contrabando e desvios em grande escala, para proveito próprio. Num livro de que já aqui se fez recensão, o testemunho de Filinto Barros[1], publicado na Guiné-Bissau pouco antes de falecer, todo este desvario aparecia claramente denunciado.

Feito este registo, Lomba Martins explana largamente sobre os programas aprovados por Spínola para o fomento económico. Subentende-se que a sua inclusão neste artigo é para permitir ao leitor mais interessado se aperceber se houve algum aproveitamento das investigações feitas na última fase do período colonial.

Ao tempo da independência, a Guiné-Bissau não tinha unidades fabris, havia uma fábrica de cerveja e de refrigerantes e uma dúzia de fábricas de descasco de arroz e de mancarra. A agricultura era tipicamente de subsistência.

Muito cedo se anunciou o cutelo da dívida pública, e o seu crescimento foi exponencial. A partir de 1983, adotaram-se políticas de desvalorização do peso, aumentaram as produções de arroz e mancarra; de 1987 a 1989, foi decidido implantar um programa de ajustamento estrutural com base numa estratégia de médio e longo prazo. Também não resultou em pleno.

A então CEE dava apoio a um conjunto de projetos, em diferentes direções: caso da melhoria da estrada Bambadinca-Xitole-Quebo e ligações à República da Guiné; telecomunicações entre Banjul e Bissau e a ponte sobre o rio Campossa, entre Bafatá e Gabu. Também os acordos de cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau eram bastantes diferenciados, abrangiam a cooperação das Forças Armadas, o Centro do Quebo (investigação, formação, produção e comercialização frutícola e hortícola); Projeto do Cacheu, que incluía a participação portuguesa na construção de um museu e de uma biblioteca.

Uma outra dimensão do artigo de Lomba Martins é revelar que afinal Schulz tinha cuidado desde muito cedo uma estratégia para a ação psicológica adequada à situação revolucionária. Quando se pega nos trabalhos da era de Spínola, vem sempre ao de cima uma crítica profunda às incúrias e incompetências anteriores, havendo mesmo opiniões de que nada se fazia no campo da ação psicológica. Pois Lomba Martins, foi oficial de ação psicológica, refere que no tempo de Schulz, para além do reforço dos aquartelamentos, da proliferação de tabancas em autodefesa, da substituição da polícia administrativa por um número crescente de corpos de milícia e da formação de unidades de caçadores africanos, incluindo pequenos grupos de comandos africanos, como aliás o Virgínio Briote aqui tem largamente referido. Mas segundo Lomba Martins data de 1965 um plano de ação psicológica, a criação de um serviço da radiodifusão e imprensa bem como recomendações às autoridades civis para intensificar um melhor tratamento às populações africanas. E Lomba Martins exibe larga documentação produzida por si e pela sua equipa no tocante a panfletos que eram largados nas áreas de duplo controlo ou perto dos santuários do PAIGC.

Ficamos pois com a visão de alguém que depois de acompanhar diretamente os projetos de desenvolvimento económico, em pleno período da luta de emancipação, acompanhou a evolução socioeconómica da Guiné até ao início da década de 1990 e relata os desaires desde a independência até ao período que precede o multipartidarismo.

Spínola e Costa Gomes
Foto: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Luís Cabral
Foto: Fundação Mário Soares. Com a devida vénia

 Nino Vieira
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Notas do editor

[1] - Vd. poste 19 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9626: Notas de leitura (343): Testemunho, de Filinto Barros (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 7 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16572: Notas de leitura (887): “Paz e Guerra, Memórias da Guiné", pelo Coronel António Melo de Carvalho, edição de autor, 2015 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16583: Parabéns a você (1145): Manuel Resende, ex-Alf Mil Art da CCAÇ 2585 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16578: Parabéns a você (1144): José Carmino Azevedo, ex-Soldado Condutor Auto do BCAV 2861 (Guiné, 1969/71)

domingo, 9 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16582: Agenda cultural (505): Apresentação do livro "Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu", da autoria de Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703 / BCAV 705, dia 13 de Outubro de 2016, pelas 15 horas, na Messe Militar do Porto, Praça da Batalha.


Em mensagem datada de 4 de Outubro de 2016, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, dá-nos notícia da apresentação de mais um livro, integrada na 148.ª Tertúlia do 16.º Ciclo de Tertúlias Fim do Império, a levar a efeito na próxima quarta-feira, dia 13 de Outubro, na Messe Militar do Porto. Desta feita o livro é já nosso conhecido, trata-se de "Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu", da autoria do nosso camarada Manuel Luís Lomba.




16.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO

148.ª TERTÚLIA

PORTO, 13 DE OUTUBRO, 5.ª FEIRA, ÀS 15 HORAS

MESSE MILITAR DO PORTO



"Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu", da autoria de Manuel Luís Lomba, ex-Furriel Miliciano da CCAV 703 / BCAV 705, Guiné 1964/66, residente em Barcelos. 

Edição: Terras de Faria.
terrafaria@iol.pt 
Número de páginas: 340
Impresso em 2012
Telef: 253 851 242 e 934 774 330
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16567: Agenda cultural (498): Lançamento do 1.º Volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva, dia 14 de Outubro de 2016, pelas 16h30, no Salão Nobre do Mosteiro da Serra do Pilar, na Rua Rodrigues de Freitas, Vila Nova de Gaia, com apresentação do Dr. Alberto Branquinho

Guiné 63/74 - P16581: Blogpoesia (474): "E do uníssono do piano e violino..."; "Semeio para colher..." e "Desço às minhas profundezas...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. O nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) vai-nos enviando ao longo da semana belíssimos poemas da sua autoria, dos quais publicamos estes, ao acaso, com prazer:


E do uníssono do piano e violino...

Pela batuta astuta do maestro,
uma orquestra em marcha,
na mais completa harmonia e cordialidade,
do violoncelo grave e doce,
da harpa quente,
das tubas em fúria
e do rufar ribombo dos tambores,
uma nuvem diáfana e pura
de sons distintos
enche a sala e os corações cansados
da mais profunda sensação alegre.

Como o pensou o artista ao escrever a peça,
na sua solidão etérea que só o espírito puro entende.

Que fantástica sinfonia se desprende
daquele palco aceso
onde o piano fulgurante
risca o trote pleno de graça e pundonor...

Maviosa orquestra de sonho e de harmonia
nos transporta em júbilo
por essas paragens que só em sonham se alcançam!...

ouvindo o concerto nº 1 de Tschaikowsky para piano por Sara Ott

Berlim, 9 de Outubro de 2016
10h13m

JLMG

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Semeio para colher...

Se vou à feira é para mercar.
Se semeio é para colher.
Não me passeio só por andar.
Cada passo tem seu sentido. Cada hora sua razão.

Não quero chegar ao fim inutilmente.
Quero cumprir o meu mandato
Mesmo sendo na oposição.

Não me demito das minhas batalhas,
Se perdi uma delas.
Não me envergonho do meu passado
Porque sempre estimei o meu presente.

Ando de pé e olho em frente,
Mesmo só no meu caminho.

É na calada da minha noite
Que eu cogito cada dia.

Berlim, 6 de Outubro de 2016
9h36m

ouvindo concerto de piano de Schumann por Khatia Buniatishwili

JLMG

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Desço às minhas profundezas...

Fuji das banalidades da superfície,
Onde o ar parou
e desci às profundezas de mim,
no encalço das sensações mais genuínas.

Não quero esta paz sem luta do dia a dia.
Quero arrostar os ventos e as intempéries.
É no desespero que se sobe às alturas
E se vêem mais perto as nossas reminiscências.

Ficar ao meio é cair na desilusão.
Só trepando ou descendo se atingem os extremos
Onde tudo começa ou tudo acaba.

Só arriscando se poderá alcançar o sabor da vitória...

Berlim, 5 de Outubro de 2016
22h40m

ouvindo o concerto nº 3 de Rachmaninov por Anna Fedorova

JLMG
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16570: Blogpoesia (473): Peregrinação (Augusto Mota, camarada da diáspora no Brasil; ex-1º cabo, Grupo Material e Segurança Cripo , Bissau, QG, CTIG, 1963/66)

Guiné 63/74 - P16580: In Memoriam (265): Manuel Francisco Moniz de Simas, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703 / BCav 705 (Guiné, 1964/66) (Manuel Luís Lomba / Carlos Cordeiro)

Estacionamento de Cufar. Patrulhamento encabeçado pelo Furriel Simas
Foto: Manuel Luís Lomba


IN MEMORIAN 

Manuel Francisco Moniz de Simas, 
Bravo Furriel Miliciano da CCav 703/BCav 705, 
1964-66, (Bissau, Cufar, Buruntuma) 

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) [foto à direita], com data de 8 de Outubro de 2016, dando notícia do falecimento de mais um camarada, desta feita, o ex-Fur Mil Manuel Francisco Moniz Simas.

Deixou-nos – faleceu ontem no hospital de Ponta Delgada. 

Apenas pela formalidade da antiguidade, o Simas foi meu “2.º Comandante” das milícias que formamos e instruímos em Buruntuma. Depois, o Comandante da Companhia incumbiu-o de formar e comandar o seu próprio grupo de “comandos” que, pela audácia das suas manobras, dentro e fora da fronteira, provocará o aborto a alguns ataques a Buruntuma. 

Soldado português de primeira água, o Simas era uma alma de artista, com um elevado sentido de humor, um amigo solidário e de lealdade a toda a prova. 

Desmobilizado, fez-se à vida na América, notabilizando-se como escultor em marfim e osso de baleia, acabando a sua vida activa como professor na Escola Secundária de Ponta Delgada.

Descansa em paz, Simas. 
Sentidos pêsames à sua companheira e demais família. 
Manuel Luís Lomba

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Manuel Francisco Moniz Simas
Fonte: Com a devida vénia ao Facebook dos Antigos Combatentes Açorianos


2. Post de Carlos Cordeiro no Facebook dos Antigos Combatentes Açorianos:

Camaradas e amigos.
Acabo de saber do falecimento do amigo e camarada d'Armas Manuel Moniz Simas, membro do nosso grupo ACA.

Natural de Ponta Garça (S. Miguel, Açores), foi aluno da Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada.
Era professor aposentado da Escola Secundária Antero de Quental.
Integrava a direcção do núcleo de Ponta Delgada da Liga dos Combatentes.

Não tenho informação relativamente à sua comissão no Ultramar.
Que a sua alma repouse em paz.
Sentidos pêsames à família do nosso camarada e amigo.
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16480: In Memoriam (264): Furriel Hugo Abreu e Soldado Dylan Araújo da Silva, que perderam a vida, aos 20 anos de idade, no contexto do 127.º Curso de Comandos, com votos de condolências às suas Famílias e pelo rápido restabelecimento dos que ainda estão internados (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)

Guiné 63/74 - P16579: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XII: Buba-Fulacunda, 24/10/2015: Fulacunda, local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou, as crianças quase não existem e... os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos...


Foto nº 1 > República da Guiné > Comissão Nacional de Eleições > Comissão Regional de Eleições de Quínara


Foto nº 1A > Comité do Estado da Região de Quínara


Foto nº 2 > Sede regional do  PAIGC


Foto nº 3 > Poilão grande


Foto nº 4 >  Memorial, assinalando a morte de dois militares portugueses:  sold nº 17765, Saliu Djassi, natural de Fulacunda, CCAÇ 1624 / BCAÇ 1860, morto em combate, em 13/1/67, sepultado em Bissau; e sold nº 9028766, Guilherme [Alberto] Moreira,  natural de Mirandela, CCAÇ 1624 / BCAÇ 1860, morto em combate, em 21/1/68, sepultado em Milhais, Mirandela.

Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 24 de outubro de 2015

Fotos (e legendas): © Adelaide Barata Carrêlo (2016), Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*):

24 de outubro de 2015... Viagem Buba-Parque Natural das Lagoas de Cufada-Fulacunda... a caminho de Bafatá

(...) Fulacunda.

Local inóspito 
onde a Guiné é mais dela, 
o tempo parou 
e as crianças quase não existem
e os mais velhos 
falam  dos portugueses de outros tempos.


2. Comentário, de 28 de setembro p.p.,  do nosso amigo e camarada Jorge Pinto, a quem
demos conhecimento,  em primeira mão,  das fotos acima publicadas:

[Jorge Pinto , ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74; natural de Turquel, Alcobaça; é professor do ensino secundário, reformado; foto em baixo: o Jorge Pinto, desarmado, em pose de grande senhor, em julho de 1974, acompanha a visita, a pedido expresso,  de um grupo de combatentes do PAIGC ao porto de Fulacunda, por onde era feito o reabastecimento das NT [, porto fluvial, no rio Fulacunda, vd, poste P12368]

Luís:

Agradeço a iniciativa de me enviares fotos de Fulacunda. Confirmam-se as notícias que recebi no último encontro da Tabanca Grande, através de um camarada da minha companhia (1º Cabo Oliveira), que por lá andou nos inícios deste ano. 

A terra está mesmo em decadência. O isolamento da terra, a inexistência de actividades produtivas e a endémica indolência daquela comunidade de Beafadas fazia prever esta evolução, caso não houvesse uma acção externa de iniciativa governamental. 

Das fotos enviadas apenas identifico as campas e o grande mangueiro [ou poilão?] , entre a tabanca e a estrada de acesso à pista. Dava mangas para todos e era sob a sua protecção que se celebravam as cerimónias sociais designadamente religiosas e festivas. Também era na copa desta grandiosa árvore que abutres e morcegos se reuniam em grandes concentrações...

Sobre as campas não tenho memória das circunstâncias em que ocorreram as mortes. Como sabes, cheguei a Fulacunda em julho de 1972. Sei no entanto, que aquelas mortes ocorreram numa época de grandes confrontos entre as NT e o IN.

Abraço, Jorge

Guiné 63/74 - P16578: Parabéns a você (1144): José Carmino Azevedo, ex-Soldado Condutor Auto do BCAV 2861 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 7 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16568: Parabéns a você (1143): Jorge Rosales, ex-Alf Mil Inf da 1.ª CCAÇ (Guiné, 1964/66)

sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16577: Vídeos da guerra (13): Documentário "Cartas da Guerra - Making of" (, produção O Som e a Fúria, 2016) passou na RTP2, dia 14 de setembro de 2016, e pode ser visto "on line"




Três fotogramas do documentário "Cartas da Guerra - Making Of" (Com a devida vénia..., à produtora e à RTP2)


CARTAS DA GUERRA - MAKING OF  > RTP2, dia 14 de Setembro, às 21h. Está disponível aqui (para quem o quiser ver e rever):

http://www.rtp.pt/play/p2791/cartas-de-guerra-making-of


Sinopse:

O processo por detrás das câmaras. Como Ivo Ferreira  construiu esta obra dramática, segundo um argumento seu e de Edgar Medina que se inspira em "D´Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobo Antunes (na altura um jovem alferes destacado para Angola) escreveu à mulher.



Ano de 1971. António (Miguel Nunes), de 28 anos, é incorporado no exército português para servir como médico numa das piores zonas da Guerra Colonial, no Leste de Angola. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher amada que se viu obrigado a deixar, ele vai matando as saudades através de longas cartas que durante dois anos lhe escreve. Através delas, o espectador vai conhecendo o homem solitário por detrás do soldado, as suas angústias, desejos e esperanças. Com o passar do tempo, António apaixona-se por África e toma posições políticas?


1. “Cartas da Guerra – Making Of”,  da produtora O Som e a Fúria,  revela-nos aquilo que habitualmente não se vê no ecrã, quando vamos ao cinema ver um filme: os bastidores, os atores "sem maquilhagem", os exteriores,  a construção de cenários, os técnicos,  os intervalos das filamgens, as entrevistas com diferentes elementas das equipas, o processo por detrás das câmaras da realização, enfim, o filme do filme.

Neste caso trata-se de um filme ("making of") sobre o filme português "Cartas da Guerra",  do realizador Ivo M. Ferreira, com argumento do próprio e de Edgar Medina. Inspira-se  em "D’ Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobos Antunes escreveu à sua mulher em Luanda, Huambo, Moxico e Malanje ( e que as filhas do casal Maria José e Joana Lobo Antunes publicaram depois da morte da mãe, mas com o consentimento desta em vida e naturalmente do pai), bem como nos primeiros romances do autor ("Os Cus de Judas", "Memória de Elefante").,,,

O filme é protagonizado por Margarida Vila-Nova e por Miguel Nunes, e passado no ano de 1971,  no leste de Angola. António (Miguel Nunes), de 28 anos, alferes miliciano médico, é mobilizado para a guerra do ultramar/guerra colonial. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher que ele ama, que espera um/a filho/a dele e que se vê obrigado a deixar, em Lisboa, vai matando o tempo e as saudades através do único meio de que de que dispõe: a carta, o aerograma...  Lisboa fica a muitos milhares de quilómetros de distância...

Para além de uma poderosa história de amor,  vamos descobrindo um homem, que é militar e é médico (, licenciado em 1969),   com as suas angústias, os seus desejos e as suas esperanças,  e que se vai transformando na maneira como vê a guerra, a camaradagem, a solidão, a vida, a África e o mundo. Ver aqui o trailer do filme.

2. Título Original: Cartas da Guerra – Making Of (26' 05'')

"Cartas da Guerra",  de Ivo M. Ferreira, estreado comercialmente entre nós, em 1 de setembro passado,  é o filme português candidato à nomeação para Óscar de melhor filme estrangeiro e para Goya de melhor filme Ibero-Americano, de acordo com a Academia Portuguesa de Cinema.  Esta também na lista dos 50 filmes, de trinta e tal países, selecinados pela Academia Europeia de Cinema para o prémio do melhor filme europeu.

O filme está em exibição nos cinemas e deve em breve chegar aos 15 mil espectadores.

"Cartas da Guerra" teve estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim de 2016 e já foi apresentado nos festivais de Sidney, Hong Kong, Thessaloniki, entre outros.

O filme já tem estreia comercial assegurada para França, Espanha, Bélgica, Holanda e Brasil, entre finais de 2016 e 2017.

O filme contou com apoios portugueses (por ex., o exército, além do dinheiro dos contribuintes..,) e de Angola (em particular, das Forças Armadas Angolanas, bem como das populações e  do ex-governador do Cuando Cubango, gen Francisco Higino Lopes Carneiro,  e um dos homens fortes do MPLA, recentemente nomeado para governador da província de Luanda). O Cuando Cubango é conhecido como as "terras do fim do mundo"...

O projeto do filme remonat a 2009. A rodagem em Angola teve também as suas peripécias e contratempos. O “décor” principal,  o aquartelamento de Chiúme, foi construído de raiz, com a paricipação ativa da população local.  O filme conta com um mão cheia de jovens atores e técnicos talentosos, portugueses e angolanos. O realizador diz explicitamenet que não quis fazer um "filme convencional" de guerra. É mais uma história de amor em tempo e espaço de guerra.

A opinião dos antigos combatentes que já viram o filme está longe de ser consensual. No nosso  blogue já aqui opinaram alguns dos nossos camaradas.

Já na altura, a publicação das cartas  e posteriores declarações de A, Lobo Antunes também levantaram polémica. Mas o filme não é do escritor António Lobo, é de um jovem e talentoso realizador Ivo M. Ferreira que quis assumir o risco de fazer um filme a partir de material literário (cartas, aerogramas, e não um conto, uma novela ou um romance...) que não é o mais moldável... Pode-se perguntar se os autores do argumento conseguiram ou não libertar-se do formato imposto pelo escritor ? Conseguiram ou não escrever um bom guião ?

Uma das várias cenas tocantes do filme (e visível no documentário sobre o "making of") é a relação "que se estabelece com a pequena actriz de cinco anos e o seu avô, da comunidade nómada Khoisan, que iria representar o papel de Tchihinga, a menina que Lobo Antunes salva, após uma operação militar, e apresenta à mulher Maria José numa das suas cartas. “Ontem trouxe uma miúda da mata. Os pais digamos que partiram para um mundo melhor. É de raça kamessekele, tem cerca de 3/4 anos e chama-se Tchihinga. Fiquei com ela. É muito bonita (…). Devo dizer que já gosto muito dela”, (António Lobo Antunes, Chiúme, 30.11.71). Este era um momento importante na narrativa do filme. “Tchihinga é uma história a que António Lobo Antunes volta frequentemente, nas crónicas, de vez em quando lá vem a personagem”, diz o realizador (cit por Cláudia Aranda - O filme das cartas do fim do mundo, Pontop Final, (Macau), 7 de agosto de 2015).

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Guiné 63/74 - P16576: O cruzeiro das nossas vidas (24): Ainda o regresso a casa, no inesquecível paquete Uíge, da Companhia Colonial de Navegação, em março de 1971 (Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)



N/M Uige > Viagem Bissau-Lisboa > Março de 1971 >  O ten SGE José Maria Barata  mais a esposa dona Floripes da Palma Teixeira Barata... A família (que incluía os 3 filhos menores, Rui, de 8 anos e as gémeas Sofia e Adelaide, de 7) viajou em 1ª classe. O ten Barata regressou mais cedo, nesta data, pro razões de saúde.


 Viagem Bissau-Lisboa >  Novembro de 1969 > O ten SGE José Maria Barata, do lado direito ao centro,  num grupo de alferes milicianos da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71). O BCAÇ 2893 partiu de Lisboa, moblizaqdo pelo BCAÇ 10, em 25/11/1969 e regressaria à metrópole, depois de cumprida sua missão, em 25/9/1971.

Esteve sempre em Nova Lamego.´Foi seu comandante o ten cor inf Fernando Carneiro de Magalhães. Companhias de quadrícula: CCAÇ 26167, 2618 e 2619..

O nosso camarada Constantino Neves, identificou os oficiais desta foto; ao lado do ten Barata, junto à janela de oculos escuros está o alferes mec auto José dos Santos Rosado de Oliveira (1), à frente deste (1), também de óculos, está o alferes de transmissões, caboverdiano, Antónop Augusto Gonçalves (2); de frente ao ten Barata, está o alferes João dos Santos Serra Lavadinho (3). Dos outros dois ele não se recorda dos nomes mas diz que eram do Batalhão ("basta ver o emblema do batalhão num deles").


Ver  a lista dos passageiros da 1ª classe embarcados em Bissau e com destino a Lisboa (, abaixo reproduzida): eram 46, entre militares (35) e civis (11), na maioria familiares (mulheres e crianças). Há 3 famílias a bordo, com crianças: as famílias Barata, Vidal Saraiva e Brandão. Estas duas últimas eram de médicos milicianos, em serviço seguramente no HM 241.  O alf mil médico Vidal Saraiva  (1936-2105) esteve com alguns de nós em Bambadinca, em 1970, ao tempo do BART 2917,  e já foi aqui homenageado no nosso blogue.

A única família que "vinha do mato" (Nova Lamego), era a família Barata, um caso raro, excecional. (Os Barata tiveram todos o "batismo de fogo", em 15/11/1970, em Nova Lamego; é possível que o ten José Maria Barata tenha decidido antecipar o regresso da família, face ao agravamento da situação militar no leste da Guiné, e em particular na região do Gabu).

Nota curiosa... nesta viagem do N/M Uíge, que partiu de Bissau em 2/3/1971,  vieram também, de regresso a casa, pelo menos dois camaradas nossos,  o César Dias (em classe turística) (ex-fur mil sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71) e o Manuel [Carline] Resende [Ferreira]  (em 1ª classe) (ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71).

Como alguém disse, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!


Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e  legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Adelaide Barata, aos 7 anos
1. A nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo mandou-nos, a 19 de setembro último, mais umas recordações do tempo em que esteve, aos 7 anos,  na Guiné, mais exatamente em Nova Lamego, com o pai, a mãe e os irmãos, tendo regressado no N/M Uíge,  em 2 de  março de 1971.

 Amigo Luís,

Mais uma recordação do nosso regresso da Guiné.  

Na ida para o leste da Guiné, em 1970, sei que apanhámos um avião, bastante barulhento, de Bissau para Nova Lamego, e o regresso foi da mesma forma [, talvez um Dakota]. 

Quando regressámos a Lisboa foi naquele paquete inesquecível UIGE- Companhia Colonial de Navegação" (*)

Beijinhos
Adelaide











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Guiné 63/74 - P16575: Convívios (772): 27º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Hotel Riviera, Junqueiro, Carcavelos, Cascais, 22 de setembro de 2016 (Texto e fotos de Manuel Resende)


Foto nº 1 > Elisabete Silva, esposa do Francisco Silva


Foto nº 2 > Maria Vitória, esposa do António Granho


Foto nº 3 >  António Belo


Foto nº 4 > Fernando José Estrela Soares


Foto nº 5 > Hipólito Barros


Foto nº 6 >  José Inácio Leão Varela



Foto nº 7 >  Grupo (da esquerda para a direita): Hipólito Barros, Marcelino da Mata, António Gil, José Diniz Souza e Faro, António Belo, Fernando José Estrela Soares e José António Chaves.


Foto nº 8 >  Grupo (da esquerda para a direita): Juvenal Amado, Jorge Rosales, Armando Pires e Mário Fitas


27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Cascais  > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > 22 de setembro de 2016 

Fotos (e legendas) : © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-Alf Mil Art da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71):

Assunto - 27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha

Realizou-se na passado dia 22 de setembro de 2016, 5.ª feira (como é da tradição) o XXVII Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, acompanhado de almoço, no Hotel Riviera  em Junqueiro-Carcavelos, concelho de Cascais,

Estiveram presentes 53 convivas, dos quais seis são caras novas, a que damos hoje o devido destaque. Duas senhoras vieram pela primeira vez, a Elisabete, esposa do nosso Magnífico Francisco Justino Silva [médico] [foto n.º 1]  e a Maria Vitória [,foto n.º 2], esposa do nosso também Magnífico António Granho.

Os piras são, nem mais nem menos, o António Belo [foto n.º 3] , o Fernando José Estrela Soares [foto n.º 4], o Hipólito Barros [foto n.º 5]  , todos do grupo do Diniz Faro, José António Chaves, António Gil e António Souto Mouro, isto é, tudo de armas bem pesadas, que se conheceram em Cacine / Cameconde.  e por fim o  José Inácio Leão Varela [foto nº 6].

Junto duas fotos de grupo, a do grupo apadrinhado pelo Marcelino da Mata [foto n.º 7] e a última, a dos "pesos pesados" da Tabanca Grande, com destaque para o nosso comandante Jorge Rosales, que ontem fez anos [,foto nº 8].

É com satisfação que vemos o nosso grupo da Tabanca da Linha crescer, pois em cada convívio deste ano têm aparecido caras novas, já nem falando do de julho, em que os piras foram uma dúzia.

O próximo será em novembro de 2016. Já com férias terminadas, decerto haverá mais convivas. Assim esperamos.

Manuel Resende

Nota - As fotos de 1 a 6, bem como a 8, são retiradas da minha reportagem, a 7 é do Diniz Faro, retirada de um comentário do Facebook A Magnífica Tabanca da Linha [, grupo fechado, com 84 membros].
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16574: Notas de leitura (887): "Memórias boas da minha guerra", de José Ferreira, Chiado Editora, 2016: um exímio contador de histórias, onde geralmente não faltam os ingredientes que nos fazem, a nós, seres humanos (e portugueses), sermos como somos, humanos (e portugueses)...


Guiné > Região de Tombali > Catió > CART 1689/BART 1913 (, Catió, Cabedu, GandembelCanquelifá, 1967/69) > No "relax" de uma canoa...

Foto (e legenda) : © José Ferreira da Silva (2011). Todos os direitos reservados


1. Não tenho a pretensão de ser um descobridor de talentos literários... Mas a verdade é que o nosso blogue tem sido um verdadeiro seminário de vocações literárias...

Ao José Ferreira da Silva já lhe tinha posto o olho em cima desde que entrou na Tabanca Grande e começou a escrever no nosso blogue, há seis anos, em 8/6/2010...  Neste espaço de tempo, foi alimentando, com maior ou menor regularidade, uma curiosa série a que ele próprio chamou "Memórias boas da minha guerra"... Há quem só tenha "memórias más", o Silva da CART 1689 também terá as suas, mas no cômputo final, são as boas que vêm ao de cima ou são aquelas que ele faz questão de partilhar connosco... Há uma série paralela, também do José Ferreira da Silva, a que ele chamou "Outras memórias da minha guerra". No nosso blogue, ele conta já com 7 dezenas de referências.

Finalmente, o Silva coligiu estes (e eventualmente outros) textos e publicou-os em livro. Não conhecemos ainda o índice do livro, mas ficamos mais ricos e sobretudo felizes se,  de algum modo, também temos,  enquanto leitores, eu e mais alguns dos seus fãs,  uma pequena quota parte de responsabilidade nessa decisão, bem ponderada, de passar a papel as "memórias boas da (sua) guerra"... O título pode ser irónico ou provocatório já que a CART 1689 esteve longe de ter ido passar férias à então "província portuguesa da Guiné".

É sabido que não é fácil publicar em papel, no nosso país, e sobretudo o primeiro livro. E ainda para mais quando o estreante é um "jovem... idoso".  Mas o livro,  aliás o 1.º volume, aqui está,  com o mesmíssimo título da série original,  pronto a ser lançado, em sessão solene....  no mesmíssimo sítio, no antigo RAP 2,  no antigo Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, onde tudo começou (leia-se: donde foi mobilizado o pessoal do BART 1913)...

Vai ser na próxima sexta-feira, 14 de outubro de 2016, pelas 16h30,  e a despesa da conversa está cargo do nosso camarada,  o dr. Alberto Branquinho, ex-alf mil da CART 1689, "Os Ciganos", e também ele contista de talento com obra publicada. Apesar do amável convite pessoal do Zé Ferreira, não poderei estar presente, mas espero que o nosso coeditor Carlos Vinhal possa lá dar um salto e representar os camaradas do blogue que vivem fora da área do Grande Porto.


Capa do livro, que tem a chancela da Chiado Editora, Lisboa


José Ferreira, autor de "Memórias Boas da Minha Guerra", 1.º volume, Lisboa, Chiado Editora (2016). Natural de Fiães, Aveiro, vive em Crestuma, Porto. Faz parte do Bando do Café Progresso, tertúlia de antigos combatentes, que das Caldas da Rainha foram parar à Guiné. Além de membro da Tabanca Grande, é também frequentador da Tabanca Pequena de Matosinhos, e da Tabanca dos Melros (Gondomar).


2. Alguns comentários do nosso editor L.G. a alguns postes da série "Memórias Boas da Minha Guerra", com incentivos ao longo do tempo a este promissor escritor,  nosso amigo, camarada e grã-tabanqueiro... Vejam-se estas notas também como um pequeno contributo para se perceber melhor o "making of" e o conteúdo do livro (que ainda não conhecemos na sua versão definitiva) (**):


(...) O Zé Ferreira tem-nos aqui contado históricas pícaras, verosímeis, reais ou fictícias, não interessa. Costuma-se avisar o leitor de ficção,  de que "qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência"...

Os textos do Zé Ferreira são ficção literária, não são crónicas ou memórias, pelo que os nomes aqui evocados, em princípio, não são de camaradas nossos, de carne e osso... E, se o forem, não me parecem que possam ser facilmente identificados....

Em todo o caso, vou pedir ao Zé Ferreira para nos dar a garantia de que este texto não viola um das nossas regras básicas, que é o direito de cada um de nós, que ainda estamos vivos, à "reserva da intimidade", ao sigilo, e até ao esquecimento... (...)

PS - Silva, a história, tendo ou não um fundo autobiográfico,é verosímil, e encaixa-se perfeitamente na tua "idiossincrasia" nortenha... Só uma pequena sugestão: numa próxima versão, revista e melhorada, põe o Diogo a militar na JAC - Juventude Agrária Católica, e não na JOC - Juventude Operária Católica... Quanto ao desfecho (surpreendente...), acho que fizeste bem em "desencontrar" o Diogo e a freira... Afinal, a vida é isso mesmo, feita de amores e desamores... (E não há amores como os primeiros!)... E depois, como diz o fradesco, misógino (ou apenas pícaro ?) provérbio popular, "Freiras e frieiras é coçá-las e deixá-las" (...)



(...) De há muito que o nosso camarada José Ferreira da Silva está "sinalizado", no nosso blogue, como um dos nossos "penas de ouro"... Ele é um exímio contador de histórias, aonde geralmente não faltam os ingredientes que nos fazem, a nós, seres humanos (e portugueses), sermos como somos, humanos (e portugueses)...

Infelizmente, não tenho nenhum convívio com ele, conversámos os dois, a sós, um pouco mais longamente, certa vez em que eu fui à Tabanca de Matosinhos. Confirmei a impressão que já tinha dele, da leitura dos seus escritos (e já serão mais do que meia centena!), de ser um "homem de vida", como se diz no norte, e um apaixonado pela vida, mas também um grande observador do "zoo" humano, e um grande escultor de corpos e almas... Tem um notável sentido do picaresco, do burlesco, e as suas histórias não nos deixam indiferentes, tocam-nos, justamente pela sua humanidade... É um homem afável, um bom camarada e tem um grande talento literário... Acho que as suas histórias merecem o prémio de um livro!...



(...) É um gosto e um privilégio ler as tuas "short stories", pequenos contos onde cabe sempre uma parte das nossas vidas, de quando éramos jovens e filhos devotados da Nação... Podias não ser um ás a jogar xadrez, mas é um mestre na difícil arte do conto... Tens que fazer uma antologia, para publicar em livro, das tuas melhores "memórias boas da minha guerra"...

Saúdo o teu reaparecimento, quando o tempo, pelos lados da orla marítima atlântica, já dá os primeiros sinais do fim do verão, e do "dolce far niente". Como dizemos os "mouros" de Lisboa, "Santo António já se acabou / O São Pedro está-se acabar / São João, São João / Dá cá um balão para eu brincar"...

Quem, naquela bela idade, não queria um balão para brincar, no São João  do Porto ou na praia de Espinho ou nas suas belas dunas ? Enfim, tudo isto faz parte da educação sentimental e erótica da nossa geração. (...) 



(...) Mais uma história "nua e crua" do nosso querido e talentoso Ferreira da Silva ?!...

Sem dúvida, mas não somos "meninos de coro", nem "virgens púdicas"... O "pícaro", o picaresco, faz parte da(s) nossa(s) vida(s)... Tal como este "cromo" do Florita... faz parte do "zoo humano" deste nosso querido país...

Não fazemos juízos de valor sobre o comportamento dos nossos camaradas, antes, durante e depois da guerra... É uma das nossas regras. O único limite é o do "bom senso e bom gosto"... Enfim, é uma história com "moral"... Faz-nos sorrir e pensar, a mim pelo menos fez-me sorrir e pensar...




(...) Portugal era muito diferente, nos anos 60, do país que conhecemos hoje... (Como era diferente, mas eu não tenho saudades!)... Era diferente, para o melhor e para o pior...

Era (e continua a ser) feito por grandes mulheres como a Deolinda...

[Esta é] u
mas das mais belas histórias de amor em tempo de guerra que eu já li!... Ganda Zé Ferreira!... Que bela prenda de Natal!... Não sei como retribuir-te!! (...)


3. Lista dos 10 primeiros postes da série Memórias Boas da Minha Guerra (José Ferreira da Silva) (com reprodução do primeiro parágrafo)... É também uma pequena homenagem do nosso blogue ao autor, e um incentivo aos nossos leitores, nomeadamente do Grande Porto, para comparecerem na sessão de lançamento do seu livro(*):



(...) Chamava-se António Martins mas gostava que o tratassem por Tony e de preferência ainda, por Tony Quin. A verdade é que, além de ter alguma semelhança física com este actor, ele evidenciava-se a imitar "Zorba, O Grego", a dançar.

Deu nas vistas logo que chegou a Gaia, ao RASP, para a formação do BART 1913. Tinha aspecto bem cuidado, vestia muito bem, caminhava muito direitinho e executava gestos moderados e muito seguros. Enfim, naqueles anos sessenta, fugia um pouco àquela bandalheira reinante. Salientou-se, ainda, porque entre aquela maralha toda do norte, ele falava um pouco diferente. Exibia muito aqueles galicismos próprios duma capital pretensiosa e seguidora de outras modas, tidas como mais avançadas. Levou um tempito a recuperar. Quando dizia que queria ir ao “rês–tô-ran”, lá tínhamos que lhe explicar que em Portugal não havia disso, mas sim Restaurantes, Tascos, Tasquinhas, Tabernas e Adegas. Falava em “friu”, ”riu”, “uma ganda t’são na .picha”, etc, etc., mas, rapidamente, verificou que ser português não é o mesmo que ser lisboeta e para ser aceite plenamente como português, teria que se corrigir. (...)





(...) O António Piteira, natural de Bencatel, próximo de Borba, era uma força da natureza. Conheci-o em Vendas Novas, durante o Curso de Artilharia. Irrequieto e provocador, vivia sempre em competição, parecendo querer afirmar-se em tudo. Dizia-se que nas Caldas da Rainha, estando doente, não aceitou o resultado da prova de potência. Foi repeti-la, para baixar mais de 30 segundos. Como era bom jogador de futebol, foi aproveitado para jogar como ponta de lança no Estrelas de Vendas Novas. Ainda como jogador do Lusitano de Évora, foi treinar ao Sporting e, segundo ele, como não lhe passavam a bola, abandonou o treino chamando-lhes Filhos da… (....)


(...) Viviam-se dias calmos naquela “estância termal” de Canquelifá, no nordeste da Guiné, no final da comissão. O trabalho limitava-se a serviços de manutenção e a alguns pequenos patrulhamentos, a nível de Pelotão.

A população nativa cuidava pacatamente do seu gado, enquanto alguns deles vigiavam o “inimigo”, em cima de palanques feitos de troncos de árvores, colocados no meio do mancarral. De lá gritavam impropérios em idiomas locais, afugentando o “inimigo” – bandos de periquitos – ao mesmo tempo que lhes atiravam pedras, evitando que comessem os amendoins. (...)




(...) Desde o CSM, em Vendas Novas, que conheço o Miranda e, também é desde essa altura, que fizemos amizade. Aconteceu que nos reencontrámos na mesma Companhia, que veio a ser a CART 1689.

A sua maneira de ser, franca e aberta, torna o relacionamento cativante. Depois… bem, depois, quando está com um “grãozinho na asa”, irradia alegria e felicidade por todos os lados. Especialmente por isso, não havia festa sem a participação do amarantino Miranda.

No entanto, não abdica da maneira como vê o mundo. Não há quem o demova das suas teimosias e, normalmente, passa grande parte do tempo envolvido em debates polémicos. Digamos que também é “cego” nas suas convicções. Escreveu um livro contra a construção da Barragem do Torrão, no Rio Tâmega e é um lutador acérrimo contra o poder (incompetente ou não) através do seu jornal. (...)



(...) Chamava-se Joaquim Freitas, mas era mais conhecido por Felgueiras, por ser natural dessa terra. Foi dos melhores militares que conheci. Além de manejar bem a arma G3 e a Metralhadora, era um mimo na utilização da Bazuca. Incutia muita confiança nos companheiros, porque respondia ao inimigo sempre da melhor forma. Apontava invariavelmente para o ponto de onde vinha o ataque. Esteve sempre nos principais confrontos, sem se esquivar. Se era destemido (estou a lembrar-me de quando se lançou a salvar o Banharia, com uma granada de fumos activada no seu bolso), ele era ainda o primeiro a ajudar os colegas em dificuldades, chegando a transportá-los às costas. (...)



(...)  – Moniz, levanta-te que já é tarde. – dizia-lhe eu, enquanto me penteava frente a um minúsculo espelho pendurado ao lado de uma pequena janela do nosso quarto.
Dali se via o largo da parada bem como a esplanada da “messe”, que era um prolongamento aberto do bar e da cozinha. Por detrás, era o quarto do 1.º Sargento e, ao lado, havia mais dois quartos, perfazendo no total seis divisórias. (...)



(...) A nossa Cart 1689 - Os Ciganos - era uma Companhia de Intervenção. E como tal, passou a maior parte do tempo de serviço em Operações Militares ao longo da Guiné. Em muitas dessas operações atacávamos acampamentos e muitas vezes trazíamos cabritos e galinhas, usando de “truques especiais” para que uns não fizessem “mé-mé” e outras não cacarejassem. Numa operação, lá para os lados de Gubia (Empada), o Furriel Enfermeiro Faria, mais conhecido por Berguinhas ou por Pastilhas ou, ainda, por Doutor ( assim chamado na zona de Canquelifá, devido às “curas milagrosas” que conseguia), trouxe, ao colo, uma cabra ainda muito nova.  Tratava a cabra como se fosse um filho. Lavava-a amiúde, medicava-a e a comida nunca lhe faltava. Além disso, deu-lhe tanto carinho que se tornaram inseparáveis. Era a sua Princesa. (..,.)



(...) O furriel Farinha sonhava em voz alta. E, durante o sono, contava pormenores da sua própria vida, mesmo os mais íntimos. E, quando acordava, não se lembrava de nada. Quando alguém lhe falava do que ouvira, como é lógico, não gostava nada. Penso que, até, se medicava para o evitar.

Tinha regressado de férias, passadas na sua própria terra, lá para os arredores de Guimarães. Quando voltou para Catió, ao fim de poucos dias, já era sabido como passara o tempo de férias. Claro que ouvíamos só partes, mas ficávamos com a noção do resto. Assim, como a que segue: (...)



(...) Cufar é no sul da Guiné, perto do rio Tombali, e fica a uns 12Km de Catió. Apesar de se encontrar assim perto, estava isolado e a ligação entre Cufar e Catió, fazia-se só em colunas militares, com periodicidade mais ou menos mensal, para seu abastecimento.

De vez em quando servia de base de operações, sempre com muita tropa, por ser zona perigosa. Só para montarmos a segurança às colunas, nuns 8 km, até ao cruzamento de Camaiupa, gastava-se um dia, desde o amanhecer até ao anoitecer. Os que lá estavam aquartelados eram poucos para as necessidades operacionais e de defesa (não passavam de uns 170 homens, incluídos os africanos da milícia) e a sua actividade limitava-se praticamente ao movimento diário no espaço do aquartelamento e à defesa de violentos ataques nocturnos. Sempre que por lá passávamos, era festa e bebedeira certa. (...)




(...) MEMÓRIAS BOAS DA MINHA GUERRA (1): BIFE À DUNANE

Para a CART 1689, a ida para as “Termas” de Canquelifá foi, ao contrário do resto da comissão, um período de quatro meses de quase repouso. Constava que “eles” iam mexer com a zona, mas isso só veio a acontecer depois de termos regressado. Já não havia combates por ali há cerca de um ano, o que era uma situação anormal e… agradável.

Entre Canquelifá e Piche havia um destacamento em Dunane. Era um posto segurança avançado, que funcionava a nível de pelotão, reforçado pelos milícias locais, que viviam lá com os familiares. Os patrulhamentos eram pequenos e os serviços eram poucos e bem distribuídos. Além disso, comia-se muito melhor, porque havia fartura de carne. Daí ser chamado “Hotel Dunane”. (...)

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Notas do editor

(*) Vd. poste de 6 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16567: Agenda cultural (498): Lançamento do 1.º Volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva, dia 14 de Outubro de 2016, pelas 16h30, no Salão Nobre do Mosteiro da Serra do Pilar, na Rua Rodrigues de Freitas, Vila Nova de Gaia, com apresentação do Dr. Alberto Branquinho

(**) 7 de outubro de  2016 > Guiné 63/74 - P16572: Notas de leitura (886): “Paz e Guerra, Memórias da Guiné", pelo Coronel António Melo de Carvalho, edição de autor, 2015 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16573: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XI: Buba-Fulacunda, 24/10/2015: Parque Natural das Lagoas de Cufada


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné-Bissau > Região de Quínara > Parque Natural das Lagoas de Cufada  (PNLC) > 24 de outubro de 2015 > Vd.  a localização do parque no Google Map. No tempo da guerra colonial, era um dos "santuários" do PAIGC...  Foi criado em 2000... É constituído pelas lagoas de Biorna, Bedasse e a própria Cufada.

O PNLC fica situado na parte leste da Região de Quínara,  mais concretamente a leste e sudoeste do sector de Fulacunda e a noroeste do sector de Buba. A sua superfície total é estimada em 89 000 ha (890 km²) (, sendo maior portanto que nosso Parque Nacional da Peneda-Gerês, que tem 702,9 km²).

"Ele [, o PNLC,] alberga a maior lagoa de água doce do país, o que constitui um meio muito favorável a sobrevivência naquela área, tanto da fauna como da flora, servindo de fonte de abastecimento de lençóis freáticos da zona, assim com da nutrição para a diversidade biológica existente. Razão pela qual, periodicamente recebe um grande número de aves aquáticas, tanto autóctones com migradoras, algumas com estatutos de animais protegidos de importância internacional. Esta zona é também importante para a fauna selvagem, sobretudo na época seca, na qual é rica em antílopes, com presenças de hipopótamos, crocodilos e manatins (pis-bus), principalmente na época das chuvas." (Fonte: IBAP > PNLC: vd aqui magníficas fotos aéreas.)

Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (**), quarenta anos depois de ter estado com a família em Nova Lamego.Mensagem com data  de 27 de setembro p.p.:


"A cada dia
Ela é mais dela
E menos o que esperam dela"

Zack Magiezi



Foi assim que começámos o dia 24 de outubro de 2015. Fomos visitar o Parque Natural das Lagoas de Cufada. Contudo, chegámos próximo, a água que caiu na noite anterior não nos permitiu avançar. Os guardas do parque vieram ter connosco e aconselharam-nos a não avançar mais.

Ainda tivemos tempo para saborear a paisagem e tirar algumas fotos [vd. acima].

Depois seguimos para Fulacunda. Local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou e as crianças quase não existem. Os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos.

Beijinho

Adelaide Barata

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(...) A viagem continua de Buba até Bafatá por estradas de terra molhada pelas chuvas que caem sem pejo, escondendo o alcatrão de outrora [fotos nºs 3 e 4].

Tudo começou quando o meu filho nos disse que tinha sido selecionado para trabalhar na TESE em Bafatá. Foi como um relembrar daquilo que nunca vi mas sabia que não poderia ser muito diferente de Nova Lamego há quarenta e quatro anos atrás. Muito estranho este sentimento, não tive medo de o deixar partir. Claro que em condições diferentes de quem partiu para lá durante a Guerra. (...)