Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:
"O MEU INIMIGO DE ONTEM
NUNCA PODERÁ VIR A SER MEU AMIGO" (**)
Nº de respostas (provisórias), às 15h de hoje = 80
1. Não, nunca poderá vir a ser meu amigo > 11 (13%)
2. Sim, poderá vir a ser meu amigo > 44 (55%)
3. Talvez, depende das circunstâncias > 21 (26%)
4. Não sei responder > 4 (5%)
Total de respostas > 80 (100%)
Prazo de resposta termina dia 9, 2ª feira, às 18h36
II. Comentários:
(i) José Marcelino Martins (*)
Esta pode ser uma "oportunidade" para redimir alguns excessos praticados, quer de um lado quer do outro, apesar de ser só por colocação de um "x". Porém, para muitos chegará.
(ii) António José Pereira da Costa (**)
(...) Não estive na descolonização, mas aquela de "andemos à porrada, mas agora semos todos uns gajos do baril" não me seduz. Claro que o fenómeno é complexo. Eles começaram por ser portugueses dissidentes a quem outros portugueses tinham de subjugar. Por razões exógenas acabou não com uma vitória/rendição, mas isso não quer dizer que caiamos nos braços uns dos outros. Tenho para mim, sem hipótese de prova, que eles simularam uma "amizade" que não sentiam e nós tomámos a atitude do "nacional-porreirismo" habitual dos portugueses. Claro que o denominador comum disto era o fascismo e o colonialismo de segunda categoria do regime político que dominava o país aquém e além mar.
Mas acho que o PAIGC conseguiu o que queria e, caído o fascismo, nós todos metropolitanos queríamos regressar são e salvos. Há ainda os guineenses que eram portugueses e deixaram de o ser e esses não creio que alguma vez tenham sido abraçados pelos guerrilheiros. Isto diz de um certo ódio larvar que felizmente não se cevou em nós. Poderia ter acontecido e sabemos bem as "confusões" que se sucederam no momento em que os colonialistas saíram e as gloriosas hostes dos guerrilheiros tomaram o poder. Na Guiné, talvez nem tanto, mas em Angola houve problemas sérios...
Creio que a receita para o relacionamento das NT com o PAIGC é aquela que o Torcato Mendonça e o Vinhal defendem. De outra forma há um desrespeito por quem "ficou" no terreno. (...)
(...) Eu tive a oportunidade de apertar a mão do inimigo no seu próprio ambiente.Já documentei num poste deste blogue incluindo fotos.Senti nessa altura grande alegria pelo momento. No entanto o principal sentimento era o da confirmação que a guerra estava no fim e que de certeza iria voltar para a minha terra na Metrópole.
Quanto a amizade ,seria completamente impossível.Até porque a amizade se constrói e não se adquire no momento. Depois há ainda o facto de não esquecer o que os nossos inimigos fizeram posteriormente com os combatentes que lutavam do nosso lado e que por necessidade,obrigação ou devoção acreditavam que estavam a combater do lado certo.
Carlos Vinhal ainda bem que levantaste a questão,poderá assim acontecer que caiam aqui alguns falsos "amiguinhos" do Inimigo e que ás vezes se dedicam ás caridadezinhas,enquanto os responsáveis do governo Guineense vivem como uns nababos ricos e gordos pior que colonialistas de outrora.
Eu tenho o maior desejo que o povo da Guiné consiga ser feliz,no mínimo como me sinto no meu país livre e democrático. Mas jamais seria amigo de antigos combatentes que lutaram contra mim mesmo reconhecendo que era essa a sua obrigação pelos ideais e interesses que nutriam pela sua(?) Guiné,a interrogação é que ainda hoje a Guiné é sua(dos Guineenses) (...)
(iv) João Sacôto (***)
Camaradas:
Não esqueçam nunca os nossos heróicos camaradas guineenses que ao nosso lado bravamente combateram, muitos caíram em combate, para defender a sua terra das influencias estrangeiras (Chinesas, Cubanas e Soviéticas), como foram o meu amigo João Bakar Jaló, o Domingos Demba Djassi, Queba Sambu, Marcelino (felizmente vivo e na nossa companhia) e tantos outros.
O PAICG prometeu tratá-los com humanidade. Portugal acreditou, pagou-lhes seis meses de ordenado e pediu-lhes que entregassem as armas. Ainda que renitentes, os 27 mil militares guineenses do Exército português aceitaram. Mal as autoridades portuguesas abandonaram o país, logo o novo poder executou os primeiros.. Mortes reconhecidas na sinceridade das certidões de óbito: “faleceu por fuzilamento”, diziam. As autoridades guineenses pós-Luís Cabral falam em 500 mortos. O jornal “Nô Pintcha” chegou a publicar uma lista de nomes. Mas os sobreviventes calculam que pelo menos um milhar terá comparecido diante do pelotão de fuzilamento - alguns em aeroportos e campos de futebol, diante das populações. (Isto, a nossa geração, não pode perdoar.) (...)
(***) Vd. poste de 2 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (104): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)
Não esqueçam nunca os nossos heróicos camaradas guineenses que ao nosso lado bravamente combateram, muitos caíram em combate, para defender a sua terra das influencias estrangeiras (Chinesas, Cubanas e Soviéticas), como foram o meu amigo João Bakar Jaló, o Domingos Demba Djassi, Queba Sambu, Marcelino (felizmente vivo e na nossa companhia) e tantos outros.
O PAICG prometeu tratá-los com humanidade. Portugal acreditou, pagou-lhes seis meses de ordenado e pediu-lhes que entregassem as armas. Ainda que renitentes, os 27 mil militares guineenses do Exército português aceitaram. Mal as autoridades portuguesas abandonaram o país, logo o novo poder executou os primeiros.. Mortes reconhecidas na sinceridade das certidões de óbito: “faleceu por fuzilamento”, diziam. As autoridades guineenses pós-Luís Cabral falam em 500 mortos. O jornal “Nô Pintcha” chegou a publicar uma lista de nomes. Mas os sobreviventes calculam que pelo menos um milhar terá comparecido diante do pelotão de fuzilamento - alguns em aeroportos e campos de futebol, diante das populações. (Isto, a nossa geração, não pode perdoar.) (...)
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 4 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16917: Inquérito 'on line' (97): Nas primeiras 50 respostas, metade dos respondentes considera que "sim, poderá vir a ser amigo do inimigo de ontem"... O prazo termina na 2ª feira, dia 9, às 18h36...
(**) Vd. poste de 3 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16912: Inquérito 'on line' (96): "O meu inimigo de ontem nunca poderá ser meu amigo"... Resposta até ao dia 9, segunda-feira, às 18h36..
(***) Vd. poste de 2 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (104): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)