terça-feira, 24 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20172: Fotos à procura de... uma legenda (119): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte II: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)


Foto º 121

Foto nº 123

Foto nº 128
 

Foto nº 130 


Foto nº 206


Foto nº 202 


Foto nº 203 


Foto nº 75


Foto nº 204


 Foto nº 217


Foto nº  251



Foto nº 260


Foto nº 201


Foto nº 274


Foto nº 91 


Foto nº 204
 


Foto nº 262


Foto nº 254
   


Foto nº 108 


Foto nº 98
 


Foto nº 70

 Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  O Festival Todos já tem um público fiel. O seu mérito é o de ajudar a contribuir para que Lisboa seja cada vez mais uma cidade inclusiva... Tal como o  nosso blogue, "onde cabem todos, com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa"...

Da Mouraria à Graça, do Poço dos Negros à Colina de Santana, já foram 11 edições, muitas e boas andanças... E até já os turistas se associam à festa... Alguém vandalizou a planta do jardim da cerca da Graça, escrevendo em inglês: "Tourists please... leave us" [, Senhores/as turistas, por favor deixem-nos em paz!]... 

Lisboa é já um cidade que sofre da síndroma do "sobreturismo", como Veneza, por exemplo ? Ainda não me apercebi da hostilidade para com os turistas... Este é apenas um "grafito"  antiturista... Não andei à procura, mas não encontrei mais...

Tudo começou no Martins Moniz / Intendente, em  2009... E ainda bem, por se tratar de uma zona "mal afamada", "estigmatizada", onde poucos forasteiros se aventuravam à noite... Hoje dizem-me que tem 6 mil habitantes, a Mouraria, e mais de 50 nacionalidades e etnias  representadas entre a sua população... mas a Câmara Municipal de Lisboa anda à nora, não sabe o que fazer ao tão maltratado largo Martins Moniz... Já vem sendo maltratado, pelo menos do tempo do Estado Novo...

Desgraçadamente este ano estava todo "entaipado". As gentes daqui, a "moirama",  reivindicam este espaço até como contraponto à baixa pombalina que foi tomada de assalto pelo "turistame"...Na  miradouro da Senhora do Monte, um casal de turistas brasileiros pergunta-me o caminho para chegar à Mouraria... Levei-nos pelo Carocol da Graça até ao jardim da Cerca... Perguntaram-me, com santa ingenuidade, se ainda viviam lá mouros ou se os matamos todos...

Enquanto vou ali e já venho, à Clínica da Reboleira onde o Francisco Silva e o João Correia me esperam para uma artroscopia ao joelho esquerdo (, espero voltar, já na 4ª ou 5ª feira, ao convívio da Tabanca Grande), deixo-vos com a continuação das minhas fotos do Festival Todos 2019, uma seleção das 570 que fiz este fim de semana...  Façam, se fazem favor,  pelo menos um comentário a alguma(s)  delas.   

Alfabravo, Luís.

PS - Este ano o tradicional  talher de plástico foi destronado pela nossa olaria portuguesa.. Os pratos e os copos eram de barro. E os talheres de madeira...Palmas para a organização e para a animação do  largo da Graça, a cargo do grupo de teatro O Bando. 
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Nota do editor:

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20171: Fotos à procura de... uma legenda (118): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte I: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)



Foto nº  78


Foto nº 54


Foto nº 252


Foto nº 386


Foto nº 199


Foto nº 19



Foto nº 15 

Foto nº 5


Foto nº 548


Foto nº 543

 

Foto nº 82


Foto nº 181

 

Foto nº  35



Foto nº 36

 

Foto nº 32

Foto nº 37


Foto nº 24


Foto nº 561



Foto nº  549


Foto nº 560


Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Há mais de meio século que conheço Lisboa. Ou penso que conheço. Trabalhei e vivi aqui. Vim a Lisboa pela primeira vez aos oito anos, Mas Lisboa surpreende-me sempre que a revisito, com tempo e vagar. 

O Festival Todos, desde 2009, tem funcionado, para mim, como uma caixinha de surpresas, nesse aspeto. Permite-me o acesso a lugares e a gentes da cidade que nos são menos familiares, a começar pela Mouraria e a acabar agora pela Graça...

Enquanto vou ali e já venho (, espero, já na 4ª feira), deixo-me com as minhas fotos, ou uma seleção  das  570 que fiz este fim de semana... Ficaria lisonjeado se as quiserem comentar. Amanhã vou estar no estaleiro, de papo para o ar. Espero voltar, melhor do joelho. Até 4ª ou 5ª... Alfabravo, Luís.

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P20170: Notas de leitura (1220): “Antologia de textos lusófonos sobre o Senegal”, seleção de textos de António Montenegro, José Horta e Mallé Kassé, sem indicação de editor; Dakar, 2015 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Janeiro de 2017:

Queridos amigos,
Esta publicação que tem tanto de maravilhoso e de singular foi-me gentilmente oferecida pelo professor José Silva Horta, historiador da Guiné. Quem elaborou a antologia primou pelo desvelo, pelo rigor histórico e ficamos assim com um documento que permite discernir as mentalidades e os conhecimentos de quem chegou àquela Guiné em primeiro lugar. Onde faltava cartografia a imaginação era luxuriante: tínhamos chegado à Etiópia Menor, o rio Nilo andaria por ali perto, e coisas assim. Trata-se de um documentário com pormenores relevantes sobre os povos, os sistemas de poder, os credos religiosos, os alimentos, as aves, os animais de caça. Ali começava a Guiné, no rio Senegal e a Senegâmbia ou os rios da Guiné de Cabo Verde estendiam-se até à Serra Leoa. E assim foi durante séculos, com tal incerteza que precisámos do século XIX para saber o que era a Guiné Portuguesa, deitando por terra todos os outros topónimos.

Um abraço do
Mário


O Senegal, a Guiné em textos lusófonos

Mário Beja Santos

A obra intitula-se “Antologia de textos lusófonos sobre o Senegal”, é bilingue, seleção de textos de António Montenegro, José Horta e Mallé Kassé, sem indicação de editor, Dakar, 2015. Na apresentação, António Montenegro diz explicitamente que “Os portugueses foram quem primeiro cartografou o território do Senegal e primeiro escreveu sobre as suas populações. Os cronistas portugueses do século XV, que escreveram sobre as navegações ao longo da costa Ocidental de África, e os cartógrafos que pormenorizaram o recorte do continente africano, mencionaram longa e detalhadamente, o que é hoje o Senegal. Deram à península onde se situa Dakar o nome que ainda hoje conserva, o Cabo Verde e, dentro deste, o Cap Manuel, do rei D. Manuel I, e a Pointe des Almadies, de um tipo de barco português”.

Os organizadores maravilham-nos com o acervo dos autores antologizados, logo com Honório Barreto, a que se seguirá um vasto reportório de autores como Fernanda de Castro, Benjamim Pinto Bull, Nize Isabel de Morais, António Pinto da França, Gilberto Gil, Gonçalo Cadilhe, José Luís Peixoto, Ondjaki e Léopoldo Sédar Senghor. A antologia abre com o capítulo XXXI da “Crónica do descobrimento e conquista da Guiné”, e que tem a designação “Como Dinis Dias foi à terra dos negros e dos cativos que trouxe".

Este Dinis Dias pediu ao Infante D. Henrique para armar caravela, “porque era homem desejoso de ver coisas novas”. O Infante agradeceu-lhe, Dinis Dias armou uma caravela, “passou a terra dos Mouros e chegou à terra dos negros que são chamados Guinéus. E ainda que nós já nomeássemos algumas vezes em esta história por Guiné a outra terá em que os primeiros foram, escrevendo-lho assim em comum, mas não porque a terra seja toda uma; pois grande diferença têm umas terras das outras, e muito afastadas estão”. Filharam quatro nativos, “os quais foram os primeiros negros que em sua própria terra foram filhados por cristãos”. Dinis Dias prosseguiu viagem até que chegou a um grande cabo, ao qual puseram o nome Cabo Verde. “E dali fizeram volta para este reino, e conquanto presa não fosse tamanha como as outras que antes vieram, o infante a teve por mui grande, por ser daquela terra. E assim fez por isso a Dinis Dias e a seus companheiros grandes mercês”.

Convém contextualizar o espaço e o tempo destas viagens: a cartografia era então elementar, desconhecia por inteiro o recorte desta África Ocidental, razão pela qual surgiram efabulações à volta da Etiópia, do rio Nilo, na natureza dos povos justapostos entre berberes, mauritanos que habitavam até às proximidades do rio Senegal e os negros, por vezes islamizados, e os outros, puramente animistas, todos eles com sistemas de poder bem diferentes. Só assim se pode entender a leitura de Esmeraldo de Situ Orbis de Duarte Pacheco Pereira, que fala do rio Senegal, que ali era o princípio dos etíopes e homens negros, que havia li duas Etiópias, a inferior, que corre e se estende pela costa do rio Senegal até ao cabo da Boa Esperança, e que a este rio também se chama Guiné. A outra Etiópia, superior, começa no rio Indo, além do grande reino da Pérsia…

No canto V de Os Lusíadas, Camões também aborda a novidade destas terras descobertas, revela o nível de conhecimentos disponíveis na época:

“Deixámos de Massília a estéril costa,
Onde seu gado os Azenegues pastam,
Gente que as frescas águas nunca gosta,
Nem as ervas do campo bem lhe abastam;
A terra a nenhum fruto, enfim, disposta,
Onde as aves no vento o ferro gastam,
Padecendo de tudo inópia,
Que aparta a Barbaria da Etiópia.”

“Passámos o limite a onde chega
O Sol, que pera o Norte os carros guia;
Onde jazem os povos a quem nega
O filho de Climene a cor do dia.
Aqui gentes estranhas lava e rega
Do Negro Sanagá a corrente fria,
Onde o Cabo Arsinário o nome perde,
Chamando-se dos nossos Cabo Verde.”

“Por aqui, rodeando a larga parte
De África, que ficava ao Oriente,
A província Jalofo, que reparte
Por diversas nações a negra gente;
A mui grande mandinga, por cuja arte
Logramos o metal rico e luzente,
Que do curvo Gambeia as águas bebe,
As quais o largo Atlântico recebe.”

Importante testemunho é o do missionário Baltazar Barreira (1538-1612), que visitou a Guiné e a Serra Leoa. Na sua carta ao padre João Álvares ele refere que o rio Senegal é o princípio da Guiné, dizendo mais ou menos isto: “Esta parte de África que os portugueses propriamente chamam Guiné começa no rio Cenaga (fórmula com que ao tempo se falava do rio Senegal), e corre pela costa até à Serra Leoa, obra de 180 léguas de Norte a Sul, é tão caudaloso este rio Cenega que sobem por ele os navios 150 léguas”. Fala dos Fulos que habitam este rio, seus usos e costumes e refere depois os Jalofos que habitam a parte Sul do rio Senegal. Mais adiante, dá-se a palavra a André Álvares de Almada, logo no primeiro capítulo do seu incontornável Tratado Breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde fala dos negros Jalofos, dos seus costumes e trajes, são páginas extraordinárias tal como o capítulo VIII, dedicado ao reino do Casamansa.

Esta antologia é uma obra de devoção e de rigor científico, aqui podemos perceber a nebulosidade do conceito territorial da Guiné, como a sua fronteira imaginária começava no Senegal, os textos registados, primorosamente selecionados a partir de Zurara e consagrando nomes como André Donelha, Francisco Lemos Coelho e até Honório Pereira Barreto, devia ser acessível ao leitor português, nesta área da África Ocidental escrevemos páginas brilhantes de uma literatura que permanece praticamente ignorada, é um dano cultural reparável e necessário para portugueses e guineenses, está aqui a nossa proximidade, o nosso abraço lusófono, também.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20161: Notas de leitura (1219): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (24) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20169: In Memoriam (349): António Manuel Carlão (1947-2018): testemunhos e comentários (Abel Rodrigues, Fernando Calado, Arsénio Puim, Jorge Cabral, Luís Graça)



Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que a  malta de Bambadinca (1968/71), camaradas da CCAÇ 12, e outras subunidades adidas ao comando do BCAÇ 2852, mas também malta do BART 2917 (1970/72)... Este primeiro encontro foi organizado pelo António Carlão, ao centro, assinalado com um retângulo a amarelo:

Na primeira fila, da esquerda para a direita: 

(i) Fur Mil MAR Joaquim Moreira Gomes [, vivia no Porto, na altura ]; 

(ii)  sold cond auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vivia em Aljubarrota, Prazeres]; 

(iii) um antigo escriturário da CCS/ BART 2917 (morava em Fão, Esposende); 

(iv) Alf Mil Inf António Manuel Carlão (1947-2018) [,casado com a Helena, comerciante, vivia em Fão, Esposende];

(v)  Fur Mil Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal; damista, grande jogador de king e de lerpa, no nosso tempo, a par do Humberto Reis]; 

(vi)  Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís [Manuel da ]  Graça [ Henriques]  [, prof univ., fundador deste blogue, vivia em Alfragide / Amadora]; 

(vii) Arménio Monteiro Fonseca (taxista, no Porto, da empresa Invictuas, táxi nº 69, mais conhecido no nosso tempo como o "vermelhinha"); 

(viii) Fur Mil José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, onde vivia, agente de seguros reformado]...


Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita: 

(ix) Fernando [Carvalho Taco]  Calado, Alf Mil Trms, CCS/BCAÇ 2852 [, vivia em Lisboa];

(x) Alf Mil Manutenção Ismael Quitério Augusto, CCS/BCAÇ 2852 ], vivia em 

(xi)  Fur Mil António Eugénio Silva Levezinho [, Tony para os amigos, reformado da Petrogal, vivia em Martingal, Sagres, Vila do Bispo]; 

(xii)  Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Inf Ref, vivia em Braga, tendo passado pela GNR]; 

(xiii) camarada, de óculos escuros, que não sei identificar [, diz-me o Fernando Andrade Sousa que se trata do Pinto dos Santos, ex-furriel mil de Operações e Informações, CCS / BCAÇ 2852, natural de Resende];

(xiv) major àngelo Augusto Cunha Ribeiro, mais conhecido por "major elétrico", 2º comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); 

(xv) Fur Mil Op Esp Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, vive Alfragide / Amadora; na foto, escondido, de óculos escuros]; 

(xvi) camarada não identificado;

(xvii) Alf Mil Cav José Luís Vacas de Carvalho, Pel Rec Daimler 2206; 

(xviii) Alf Mil Inf Mário Beja Santos, cmdt do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70; vive em Lisboa, nosso colaborador permanente]

(xix)  Fur Mil António Fernando R. Marques [, natural de Abrantes, vive em Cascais, empresário reformado]; 

(xx)  Manuel Monteiro Valente [de bigode e de perfil, ex-1º Cabo, 1º Gr Comb, CCAÇ 12, apontador de dilagrama, vive no Porto, organizou o convívio, em 2019, do pessoal de Bambadinca, 1968/71]

(xxi) Abel Maria Rodrigues [hoje bancário reformado, vive em Mirando do Douro, ex-Alf Mil, 3º Gr Comb, CCAÇ 12]; 

(xxii) Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira [, vive em V. N. Famalicão, se não erro; nunca mais o vi, desde deste 1º encontro, em 1994; não é membro daTabanca Grande]; 

(xxiii) Fur Mil Joaquim Augusto Matos Fernandes [, de óculos escuros, engenheiro técnico, vive ou vivia no Barreiro; não é membro da Tabanca Grande ]; 

(xxiv) 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão [, o homem que foi ferido duas vezes numa operação, vive na Covilhã,: não integra a Tabanca Grande]; 

(xxv)  Fernando Andrade Sousa (ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 12, vive na Trofa); 

(xxvi) e, por fim, 2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive ou vivia em Vila Real].


Foto (e legenda): © Fernando Calado (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Cinco mensagens ou  comentários de membros da nossa Tabanca Grande que conheceram (e conviveram com) o  António Carlão (*):


(i) Abel Maria Rodrigues [, vive em Mirando do Douro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71, cmdt do 3º Gr Comb]

Olá, Luis!
Obrigado pela tua comunicação sobre o falecimento do Carlão. No dia 30/8/2019 o Duraes publicou a triste notícia no grupo [, fechado,] Bambdainca, do Facebook,  de que è administrador. 
Eu era o único da companhia [, CCAÇ 12,]  que mantinha contacto regular com ele, pois ia muitas vezes jantar ao restaurante dele [, em Fão, Esposende,]  com a minha família e cheguei a ir também com o Branco, o Sousa e o Mateus.
Tinha falado com ele por telefone pouco antes de falecer e disse-me que tinha fechado o restaurante e passava a vida entre Fao e o Canada onde vivia uma filha.
Fiquei chateado com a Helena por não me ter comunicado, pois ele costumava caçar com primos meus na minha aldeia e também não souberam nada.Quanto á duvida que tens ele veio do CSM mas não passou pelos Rangers [,em Lamego]..
Paz para alma dele e dos camaradas já falecidos e saúde para os que por cá continuamos.
Grande abraço, Abel
(ii) Fernando Calado [, vive em Lisboa, ex-alf mil trms, CCS / BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70]
Junto foto do 1º. encontro da malta que esteve em Bambadinca no período 1968/1971, que teve lugar em Fão e que foi organizado pelo Carlão. O almoço decorreu num restaurante cujo proprietário, julgo, era o próprio Carlão.

Estamos todos bastante mais novos mas não tenho registo da data de realização do evento [, 1994].

Um grande abraço para todos.

Fernando Calado

(iii) Arsénio Puim [, vive na ilha de São Miguel,  RA Açores, ex-alf mil capelão, BART 2917, Bambadinc, 1970/72]

Amigo Luís Graça:

Obrigado pela informação sobre a morte do ex-alferes Carlão, que eu sinto, como acontece sempre que tenho conhecimento do falecimento de algum colega do nosso Batalhão. Nos dois encontros do Batalhão em que participei, lembrei-me e perguntei informações dele, que, na verdade, eram escassas.
Contactei, naturalmente, várias vezes com o António Carlão. Pessoa porventura um pouco polémica, mas sempre muito atencioso para comigo.

Na referida coluna para o Saltinho, que eu aproveitei para me deslocar para Mansambo, a sua esposa Helena ia no mesmo camião que eu, «à minha guarda», como vocês dizem por graça. Numa altura, o Carlão veio dizer-me para eu ir lá à frente à cabeça da coluna, porque havia problemas. Realmente, lá estavam dois picadores nativos gravemente feridos. Um deles pareceu-me mesmo estar morto, merecendo todo o meu respeito. Ao outro dei-lhe um momento de apoio e simpatia.

A lembrança que tenho da Helena é de uma mulher simpática e engraçada e com consideráveis dotes para cantar, que bem contribuiu para animar os nossos serões em Bambadinca. Pois, como dizia um professor meu de História a respeito da «guerra das damas», ela era «uma nota de ternura no meio daquele ambiente belicoso».

Daqui e por este meio, envio à Helena e família os meus sinceros pêsames. Para ti, Luís, um grande abraço. Arsénio Puim

(iv)  Jorge Cabral [, vive em Lisboa, ex-alf mil art, cmdt Pel CAÇ nAT 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71]

A minha total solidariedade com a Helena! Creio que estiveram num Encontro em Montemor Novo, há anos. A Helena era uma miúda, quando apareceu em Bambadinca. No referido encontro, conversei muito com ela. Lembro-me dela dizer à minha mulher: "O Cabral era um rapaz muito bonito".

É a vida...O Carlão , a Helena...todos nós tão jovens! Carlão Amigo, até qualquer dia, mas não uses o dilagrama...Jorge Cabral

(v) Luís Graça [, editor do blogue, ex-fur nil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71]


Uma das nossas 14 obras de misericórdia é enterrar os mortos e a outra é cuidar dos vivos... "Alfero" Cabral, não fui a esse encontro de Montemor-o-Novo, razão por que, desde 1994, nunca mais vi o casal Carlão...

A Helena, embora muito jovem, foi corajosa em meter-se naquele "vespeiro" que era Bambadinca... Quando foi para lá era a única branca no perímetro do arame farpado, depois da professora cabo-verdiana que vivia "enclausurada" na escola, com a mãe, e que não convivia com os militares... 

Portanto, a Lena foi a primeira mulher de um militar, metropolitano, a vir viver para Bambadinca, depois do ataque ao quartel em 28 de maio de 1969... Ao tempo do BCAÇ 2852, que terminou a sua comissão em maio de 1970, um ano depois...A Lena deve ter chegado a Bambamdinca depois das férias do Carlão, talvez já no fim do ano de 1969 ou princípio de 1970. Só mais tarde, com o BART 2917, vieram outras senhoras...

Continuo a pensar que terá sido uma decisão errada, a do meu cap inf Carlos Brito, ter autorizado um dos seus oficiais a trazer a esposa, recém.casada... Era (é, ainda está vivo) um bom homem, mas deixou-se ir na cantiga do Carlão... A Lena podia ter regressado viúva à sua terra...A CCAÇ  12 (e o seu setor de intervenção, o setor L1) não era companhia para se passar "luas de mel"...
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

Guiné 61/74 - P20168: Parabéns a você (1685): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20163: Parabéns a você (1684): Coronel Art.ª Ref Coutinho e Lima (CART 494; COM-CHEFE do CTIG e COP 5) (Guiné, 1963/65; 1968/70 e 1972/73); Maria Teresa Almeida, Amiga Grã-Tabanqueira de Lisboa e Raul Albino, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2402 (Guiné, 1968/70)

domingo, 22 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20167: Blogpoesia (636): "A canção mais linda", "Artista solista" e "Setembro Outunal", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


A canção mais linda

Queria escrever a canção mais linda que nunca se ouviu.
Poisá-la na nuvem e fazê-la voar.
Se ouvisse no mundo.
Levasse a paz e alegria e a fizesse chover.
Inundasse desertos.
Regasse as almas.
Despertasse a esperança.
Curasse as feridas.
Uma que fosse, ficaria feliz…

Berlim, 16 de Setembro de 2019
12h15m
Jlmg

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Artista solista

Vai sozinho ao leme da linha melódica,
Na crista do belo, sulcando as ondas com fome e genica.
Arma duelos de naipes contrários.
Não cede à traição.
Replica com tempos e acenos velozes.
Avança afoito. Resiste aos ventos contrários.
Brande tão firme e certeiro.
Ninguém lhe resiste.
Aclama o perfume da alma da obra.
Atrai os queixumes de quem fica para trás.
Arranca aplausos de gente insensível.
Aguenta a cadência que o maestro lhe impõe.
Adiciona o talento ao fogo da peça.
Se torna o herói da vitória.
Mas, humilde, se rende à solidariedade total.
Sem ela, seria só uma voz sem chama cantando no escuro…

Ouvindo Rimsky-Korsakov: Scheherazade op.35 - Leif Segerstam - Sinfónica de Galicia
Berlim, 16 de Setembro de 2019
16h38m
Jlmg

********************

Setembro Outonal

Tarde seráfica de Setembro outonal.
Brilham as cores, raiadas de verde, amarelo e grenã.
Os telhados vermelhos analisam as telhas crestadas de sol.
Vem aí o Inverno inclemente, carregado de neve.
Se impõe resistir-lhe.
As janelas sorriem com charme.
As varandas esbeltas carregam as cores em fartos balcões.
Uma orquestra de luz tinge de azul um céu infinito.
O arvoredo encantado, entre os prédios ao alto, se despede com garbo, dos três meses de reino que a mãe-natureza lhes deu.
Há salpicos de frio, na sombra dos bosques.
Mas é bom caminhar, exposto ao sol, à temperatura ideal.
Nem quente nem frio.
No fim de Setembro em Berlim.

Ouvindo Beethoven: Triple Concerto in C major, op. 56
Berlim, 21 de Setembro de 2019
16h48m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20132: Blogpoesia (635): "Custe o que custar...", "Gravitando no espaço..." e "Deixei-me levar pela maresia", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

sábado, 21 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20166: Os nossos seres, saberes e lazeres (355): Montechoro, Albufeira, Lagos, Sagres (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Abril de 2019:

Queridos amigos,
Tudo tinha a ver com a visita de cortesia, amigos do coração que queriam espapaçar-se ao sol, em abril, escolheram Montechoro, quem para ali vai pode desembocar em duas praias, a pé, ou a da Oura ou Albufeira, esta mais extensa. Há anos que o viandante foge deste itinerário, há pormenores verdadeiramente medonhos, designadamente Albufeira by night, não será por acaso que por ali pululam cervejarias e tabernas de todo o estilo, para quem tem costumes mais discretos de beber álcool, loja sim loja não há garrafeiras imensas, a partir de 2,50€ o turista pode sair dali a empunhar uma botelha. Chama-se a isto prosperidade turística. E não foi por acaso que se vagabundeou por ali na companhia de um livro de poesia de um grande lírico algarvio magoado, Nuno Júdice. É uma questão de o escutar, e perceber a sua saudade sem fim no que ele chama a geografia do caos.

Um abraço do
Mário


Montechoro, Albufeira, Lagos, Sagres (1)

Beja Santos

Tratava-se de uma visita de cortesia, grandes amigos vinham do condado de Oxford com filhos e netos, impossível não descer ao Algarve para os abraçar e estar ali uns dias em bom convívio. Tinham escolhido um hotel denominado Júpiter, em Montechoro. Logo à entrada, deu para ver que era o Hotel Montechoro onde ocorrera, uns bons anos atrás, um assassinato inacreditável, que assim passou à História. Em Abril de 1983, à saída do Hotel Montechoro em Albufeira, no decorrer de um congresso da Internacional Socialista, Assam Sartawi foi barbaramente assassinado por um comando extremista palestiniano da Organização Abu Nidal. Médico e político palestiniano, Sartawi foi fundador da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em 1967, e membro do seu conselho de guerra. Na qualidade de conselheiro de Arafat para as questões externas, advogou o diálogo com a esquerda israelita. Impossível não fotografar o local do crime, há várias décadas atrás.



O visitante faz-se acompanhar de um livro de um grande poeta algarvio, Nuno Júdice, alguém que vai bramando contra as destruições desse Algarve que tem serra, figueiras e amendoeiras, uma costa esplêndida, com um recorte único, onde uma ganância descontrolada produziu estragos, talvez irreparáveis. O livro chama-se “A Geografia do Caos”, é um libelo onde não se esconde a amargura por ver partir casario, por ver amontoadas monstruosidades em cima de falésias, centros históricos praticamente desfigurados.

E ele escreve, com a nostalgia da identidade perdida:

“Aqui houve bosques, colheu-se o figo
e apanhou-se amêndoa, e nas eiras as mulheres
trocaram segredos e histórias, enquanto as suas
mãos se dedicavam a fabricar cestas e
esteiras. A cabeça de pedra guarda essa
imagem, que se manteve inalterável enquanto
um glúten de lágrimas juntou os pobres
no caminho comum do Inverno (…) ”

Eis a praia de Albufeira, quem aqui exibe o corpo ao sol, vindo de Narkiv, Helsínquia, Manchester, não faz a menor ideia do que se lapidou para tornar os lugares infinitos centros comerciais de grelhados, recordações de fancaria, bifanas e churros, turismo para múltiplas posses, muitas casas de álcool pelo caminho. E, no entanto, esta nesga de mar numa fresta de colinas é de uma beleza inexcedível.



Sobe-se para a velha Albufeira, irresistível não entrar na Igreja da Misericórdia, tem pequeno museu. O viandante fixou-se em duas peças, foi atraído pelo insólito, aquele Cristo em Ressurreição ou está na moda, corresponde a estes tempos de musculação e temos aqui peitorais vigorosos, ou então o artista que desenhou o modelo para a azulejaria não quis a identidade de género, seja o que for é uma peça admirável; e Nossa Senhora da Piedade, provavelmente do século XVI, indicia um panejamento barroco, pode ser arte tosca, saída das mãos de um santeiro anónimo, mas aquela mão acariciadora vale por mil palavras.



Volta-se a Nuno Júdice, poeta de grande mágoa, de saudade contida:


“As casas são como as casas sempre foram. Por baixo
dos prédios, onde há lojas e garagens, as casas estão,
sempre, abrindo a quem só vê prédios, lojas e
garagens, as portas que dão para um chão de
tijoleira gasta, onde cadeiras e bancos rodeiam a
mesa de madeira velha, onde já ninguém se
vai sentar. Mas se nos sentarmos nessa
mesa que não existe na casa que já não há,
alguém nos acompanha, falando dos prédios,
lojas e garagens que escondem aldeias
e vilas feitas de casas que são como as casas
sempre foram, mesmo que essas casas só
existam para quem, olhando prédios, lojas e
garagens, entra na casa que ali esteve, pisa o
chão de tijoleira gasta, puxa um banco para
o pé da mesa, e se senta, como se essa casa ainda
existisse, e alguém viesse do fundo da casa,
com uma bilha de água, refrescar a memória
de quem vive entre prédios, lojas e garagens,
como se estivesse numa casa que fosse
como as casas sempre foram.”




O viandante vai ao Posto de Turismo, quer o mapa da cidade, conhecer os locais dignos de visita. O texto é encomiástico, como se impõe: “Céu, mar, areia macia e dourada. Em seguida, uma falésia ocre coroada pelo branco faiscante das casas. Perspetiva de Albufeira que fica na memória de quem a visita”. Por aqui passaram romanos, o centro de pesca é ancestral, existiram explorações mineiras. Albufeira é nome árabe, prosperou a sua agricultura e o seu comércio com o Norte de África. Em 1250, virou-se a página, tornou-se Portugal. Tem igrejas, uma ermida e sobressai a sua Torre do Relógio.




Vai escurecer, volta-se para o que foi o Hotel Montechoro, um dos temas de conversa serão as férias em 2020, imagine-se, o viandante está ansioso por voltar a lugares de culto e pôr o pé no mar da Irlanda, agora é pôr a conversa em dia, amanhã saem em grupo, alguém fica com as crianças na piscina e centro de diversões, os mais velhos querem perceber o fascínio de Albufeira para os ingleses.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20147: Os nossos seres, saberes e lazeres (354): Casa da Cerca: a mais bela vista de Lisboa, na outra margem do Tejo (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20165: Controvérsias (139): louvor, em ordem de serviço, do comando do BART 733 (Farim, 1964/66), aos seus militares, pelo pronto, abnegado e eficiente socorro prestado às vítimas do atentado terrorista de 1 de novembro de 1965 (João Parreira, ex-fur mil op esp, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; ex-fur mil cmd, CTIG, Brá, 1965/66)

1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro João Parreira ( ex-fur mil op esp, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; ex-fur mil cmd, CTIG, Brá, 1965/66):

Data:  sexta, 20/09/2019 à(s) 19:40
Assunto: o incidente em Farim, em 1/11/1965

Boa tarde Luís Graça,

Não me esqueci do que falámos no almoço da Magnífica Tabanca da Linha [, no passado dia 19,]  e fui procurar saber se, além do que publicaste no P20130 do passado dia 7 (*),  tinha mais elementos sobre o incidente em Farim em Novembro 1965.

Assim, para o caso de ter interesse, transcrevo uma ordem de serviço do comando do BART 733 (Farim, 1964/66) (**):



Após o incidente ocorrido na Vila de Farim em que perderam a vida alguns nativos (mulheres e crianças) e outros ficaram feridos, é dever deste Comando pôr em destaque o trabalho do pessoal militar em serviço nesta Sede que desde o momento do acontecimento até ao dia seguinte trabalhou afanosamente durante toda a noite socorrendo os feridos, transportando-os aos postos de socorros e enfermarias, iluminando o campo de aviação para que o avião de socorro pudesse vir em auxílio dos feridos, o que se realizou de maneira impecável na opinião dos pilotos, acorrendo ainda a diversos pontos da Vila onde a sua presença se tornava necessária, recolhendo alguns cadáveres, ajudando o pessoal especializado em número muito reduzido, nos tratamentos, ministrando até injecções, colocando pensos e realizando outros trabalhos para os quais não estavam preparados, tudo executado com o máximo de desembaraço, rapidez e sobretudo boa vontade inexcedível, compenetração e espírito de abnegação e de bem servir, contribuindo assim com a sua acção para socorros mais rápidos e evitando perda de maior número de vidas, factos que foram reconhecidos pela população que de certo modo nos manifestou o seu agradecimento e nos retribuiu a solidariedade demonstrada. 

 Por todos estes motivos, a acção das NT aquarteladas na Sede deste Batalhão, merece ser posta em realce, pelos altos serviços prestados nesta situação de emergência, tudo decorrendo com tal método, ordem, disciplina e sem pânico que mais parecia um serviço previamente planeado e determinado.

Um abraço. João Parreira