quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20175: Tabanca Grande (484): Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; senta-se à sombra do nosso poilão sob o nº 795


BI Militar do Domingos Robalo, ex.fur muil art. BAC1 / GAC 7, Bissau, 19659/71, novo membro da Tabanca Grande


Guião do BAC [Bataria de Artilharia de Campanha] nº 1: Lema: "Os olhos na Pátria e a Pátria no coração"


Guião do GAC [Grupo de Artilharia de Campanha], nº 7. Lema: "De armas fortes e gente apercebida"

Fotos (e legendas): © Domingos Robalo 2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Domingos Robalo, membro da Tabanca da Linha, 
a partir de 19/9/2019. Foto de Manuel Resende (2019)


1. O Domingos Robalo tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo  Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;  filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; trabalhou na Lisnave: é praticante de golfe; e passou  a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795,  desde 21 do corrente, a par do Carlos Marques de Oliveira (nº 796) (*) e do António Manuel Carlão (nº 797), este a título póstumo. (**)


Recebi, há dias, a sua resposta, por mail, ao nosso convite

Data: sábado, 21/09, 20:27
Assunto: envio de fotos [37 anexos]

Olá, camarada e amigo Luís Graça.

Em primeiro lugar, o agradecimento pelo convite para estar presente no 45.º convívio da Tabanca da Linha, na quinta feira passada, dia 19.

Gostei de te conhecer assim como ao Manuel Resende, sem esquecer outros camaradas presentes, nomeadamente o Diniz Sousa e Faro, o António Marques Duque, o José António Chaves e o João Martins que foram meus camaradas da artilharia.

Foi também com grande satisfação que reencontrei o amigo Carlos [Marques de] Oliveira, que conheci há 50 anos, faz agora em setembro. Fez parte da artilharia, por força da formação que foi necessário levar a feito na Guiné, para complementar o quadro de sargentos e oficiais subalternos para operarem com os obuses 10,5 cm que havíamos recebido da "Metrópole".

Anexo algumas fotos que são uma pequena amostra da minha passagem pelo TO. Anexo, também um texto, um pouco extenso (14 pp.), que preparei o ano passado para ser incluído na publicação de um livro alusivo à passagem da CCAV 2482 (Boinas Negras), sediada em Fulacunda, e que a artilharia reforçou com 3 obuses 10,5 cm. É um pouco extenso, mas descreve vivências da minha vida enquanto militar miliciano.

Agradeço que confirmes a receção deste e-mail

Com um abraço,
Domingos Robalo


2. Resposta do editor Luís Graça, no passado domingo, dia 20:


Domingos, já recebi o teu "material", tudo em boas condições: imagens e texto em pdf... E já li, na vertical, com muito entusiasmo, as tuas"recordações e desabafos de um combatente."... Vou abrir uma série com este título adaptado, depois de te apresentar à Tabanca Grande... O teu texto é muito bom, e espero que venhas a contribuir com mais "recordações e desabafos" do nosso tempo de tropa e de guerra, para o blogue de todos nós... Vais sentar-te à sombra do poilão da Tabanca Grande no lugar 795, ao lado do Carlos Marques de Oliveira (nº 796).

Também passei pelas Caldas (e depois por Tavira), num curso a seguir ao teu. Para já, ficamos em contacto. E espero que o Jorge Araújo um belo dia destes nos convoque para a inauguração da tão prometida Tabanca de Almada...

Um alfabravo fraterno do Luís 

3. Mensagem anterior, com data de 19,  do editor Luís Graça, endereçada ao Domingos Robalo e ao Carlos Marques de Oliveira, na sequência do 45.º Convívio da Tabanca da Linha:

Tive pena de ser tão curto o tempo para a conversa, mais longa, que gostaria de ter tido convosco. Mas deu para nos conhecermos um pouco melhor. Ficamos em contacto uns com os os outros. Eu fico a aguardar as vossas prometidas fotos do "antigamente"... Podem também mandar fotos, bonitas, de hoje, tipo passe... E contarem as "histórias" que quiserem: se der para uma série de meia dúzia ou mais, abrimos uma série especial para cada um de vocês... Tipo "Memórias do BAC 1 / GAC 7" ou "Memórias do Pel Mort 2115"... Se houver história da unidade, podemos publicá-la em sucessivos postes...

Quanto aos vossos CV militares, creio que já sei o essencial para vos poder apresentar à Tabanca Grande (onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar).. Mas nada melhor do que um textozinho da vossa lavra...

Os vossos lugares, numerados, à sombra do nosso poilão (não há tabanca sem poilão...) estão reservados e já são vossos, de pleno direito: 795 e 796, respetivamente... Como veem, estamos a chegar aos 800 camaradas e amigos da Guiné, em quinze anos de existência do nosso blogue...

Na coluna estática do blogue, do lado esquerdo, já constam os vossos nomes enquanto "marcadores" ou "descritores"... O número de referências vai aumentando com os vossos contributos (textos, fotos...).

As nossas "regras editoriais" (, ou sejam, as normas de são e bom convívio entre nós, amigos e camaradas da Guiné), constam aqui-

Uma boa noite para os nossos dois novos grã-tabanqueiros. Mantenhas. Boa saúde e longa vida.
Luís 
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Notas do editor:

(*) vd. poste de 4 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20120: Facebook...ando (53): Grande foi a abnegação dos artilheiros no CTIG, a avaliar pelo que lá vivi e testemunhei (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau e Fulacunda, 1969/71; reside em Almada)

(**) Último poste da série > 2 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20027: Tabanca Grande (483): Lúcio Vieira, ex-fur mil, CCAV 788 / BCAV 790 (Bula e Ingoré, 1965/67), natural de Torres Novas, jornalista, poeta, dramaturgo, encenador: senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 794

Vd. também poste de 21 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

Guiné 61/74 - P20174: Historiografia da presença portuguesa em África (178): “Duas descrições seiscentistas da Guiné”, de Francisco Lemos Coelho, introdução a anotações históricas por Damião Peres, Academia Portuguesa de História, 1953 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Janeiro de 2017:

Queridos amigos,
Prossegue a anotação dos textos indispensáveis para cartografar a Guiné desde a chegada dos portugueses, em meados do século XV.
Zurara é a primeira trave-mestra, impõem-se outros a seguir como André Álvares de Almada, André Donelha, Valentim Fernandes, Luís de Cadamosto, Duarte Pacheco Pereira... a literatura de viagens é vasta e exuberante, nenhum investigador da região se pode furtar à sua leitura.
Lemos Coelho é considerado por muitos como a última grande figura desta narrativa de viagens até ao século XVII, as grandes páginas virão depois do século XIX, basta pensar na monumental memória de Honório Pereira Barreto. Nesta súmula, só se pretende que o leitor se sinta atraído pela curiosidade e o elevado pendor descritivo deste aventureiro e comerciante que terá percorrido a costa da Guiné por cerca de 23 anos.

Um abraço do
Mário


Francisco Lemos Coelho, aventureiro seiscentista na Guiné (1)

Beja Santos

“Duas descrições seiscentistas da Guiné”, de Francisco Lemos Coelho, introdução a anotações históricas por Damião Peres, Academia Portuguesa de História, 1953, é considerado por diferentes investigadores como a última grande peça da literatura de viagens em redor da costa da Guiné. Esta edição integra manuscritos inéditos dos fins do século XVII, uma descrição da costa da Guiné desde Cabo Verde à Serra Leoa com todas as ilhas e rios que os brancos navegam, datada de 1669, e uma descrição da costa da Guiné, e situação de todos os portos e rios dela, e roteiro para se poderem navegar todos os seus rios, feita pelo Capitão Francisco de Lemos em São Tiago, 1684. Segundo Damião Peres, os textos têm afinidades clamorosas, serão seguramente deste Francisco Lemos Coelho que terá andado 23 anos por estes portos e paragens. Fala de Gonçalo Gamboa, que foi Capitão-Mor de Cacheu até 1650 e mostra conhecimento pessoal de eventos ocorridos no tempo dos Capitães-Mores Manuel Dias Quatrim e António Barros Bezerra, que foi Capitão-Mor interino. Morou em Cacheu e Bissau, passou a meninice em Guinala, viajou pelo Casamansa, atravessou por terra deste rio para o rio Gâmbia, navegou pelo Geba, percorreu as ilhas dos Bijagós e explorou a costa da Serra Leoa. Estacionou quatro anos na região da Gâmbia.

Vejamos a descrição de 1669. Di-lo claramente: “É terra da Guiné de que pretendo dar notícia, toda aquela terra que se estende do Cabo Verde, o qual ficaria em altura de 14º até ao focinho da Serra Leoa que fica em 7º, que esta é a terra que é navegação dos portugueses, assim moradores que vivem por todos os rios que estão neste distrito, como os que passam a estas partes a negociar, em o qual distrito há os reinos, portos, gentes e comércio que aqui se verá”.

Inicia o seu relato nos reinos Jalofos, todos com portos no mar, dizendo que o primeiro é o de Encalhor, em o qual o primeiro desta costa junto do mesmo Cabo Verde, depois é o porto de Gaspar, para o qual se há de passar numa ilhota a que os nossos chamam Buziguiche e os Flamengos dão-lhe o nome de Guré (Goreia). Ficamos a saber que os Flamengos dispunham de duas fortalezas e de uma feitoria, com uma guarnição até 100 soldados, aqui se vêm abastecer de couros os navios de Amesterdão. Vêm também de Cacheu aqui negociar os portugueses, trazem muito marfim e cera e trocam por ferro e por fazendas da Holanda. Faz referência a Porto Dale e Joalla e depois lança-se numa saborosa descrição do rio de Gâmbia: “É o rio de Gâmbia o mais navegável que há em toda a costa da Guiné e de onde os Ingleses, Flamengos, Franceses, Curlandeses (hoje território polaco), e Castelhanos têm tirado e tiram maiores interesses do que de toda a costa da Guiné sendo o instrumento deles o Português que vive nela”. Mais adiante diz passar a dar notícia da costa observada ao longo de 23 anos em que navegou nestes rios e comerciou nos portos, e propõem-se fazer a descrição até à Serra Leoa. É minucioso na descrição do rio Gâmbia até à Serra Leoa, fala no rio de S. João, povoado por Felupes que estão presentes até Cacheu, menciona o rio Casamansa. Escreve mais adiante: “Passando o rio de Jáume, o que segue é o de Cacheu, toda a costa são Felupes, como tenho dito, entrando a barra está da banda do Norte pouco distante da água as aldeias de Bosól, Osól e Safunco, as aldeias mais grandiosas que têm estas paragens, e de onde é tanto o gentio como bichos, os homens são mui guerreiros, e muitas vezes têm guerras com os brancos de Cacheu com quem logo fazem pazes por amor do trato, e vão a ele todos os dias com as canoas carregadas de mantimentos e peixe seco e negros".

Estamos efetivamente em território guineense e adianta: “Diante de todos estes rios e portos fica a povoação de Tubabodaga, que na língua do Mandinga quer dizer aldeia de branco a qual por outro nome chamam Farim, e é porque é na terra de Farim de Braço e este cognome de Farim só quatro reinos o têm, e é como dizer imperador, que são Farim Cabo, Farim Braço, Farim Cocolim e Farim Landima”. Diz que Farim é segunda povoação onde estão os portugueses, nela está um Cabo posto pelo Capitão-Mor de Cacheu “para decidir as diferenças que houver na povoação”.

Inegavelmente, é detentor num grande conhecimento da geografia local: “Indo de Cacheu pela Costa abaixo há dois caminhos, um que chegam por fora que é ir logo às Ilhetas, e das Ilhetas a Bocis e de Bocis ao Bissau, e outro que vai correndo a terra, que chamam por dentro”. E fala nos reinos dos Papéis e dos Felupes.

Temos seguidamente a descrição de Bissau: “Esta ilha de Bissau é a maior de que há nestas paragens, tem de comprido de ponta a ponta 12 léguas e no mais largo 6, há nela os Reinos de Bium, Tor, Cachete, Bujamata, Safim e Antula, é o de Bissau que é o maior deles, é como imperador, pois todos o reconhecem por maior e lhe rendem vassalagem. Antes de passar daqui para diante me parece dar notícias das Ilhas dos Bijagós que ficam já de trás e começam de frente das Ilhetas ao mar, e vão correndo para a banda do Sul, farei sua narração, e direi primeiro o costume e natural dos negros, e o que foram, e o que são hoje do presente".

Não é por acaso que os investigadores se rendem à sua minúcia, dá-nos informações preciosas sobre a presença portuguesa na Guiné no século XVII. Vejamos o que ele escreve sobre Cacheu: “Consta a povoação de Cacheu de duas ruas, uma posta ao longo do rio que chamam a Direita, e a outra por detrás que chamam de Santo António; no princípio está a modo de um bairrozinho, que chama Vila Fria, em a qual a primeira casa é a de Sua Majestade em que assiste o Capitão-Mor, que não tem mais de forte, que o nome, está a dita casa com um cerco de mangues que é a muralha, a que chamam tabanca, a casa é de adobes, coberta de palha com um grande terraço em que está a fazendo por amor do fogo, que se chama combete, e semelhante a esta são todas as da povoação, tem pela banda do mar uma plataforma com camisa de pedra e cal em que está a artilharia que lhe põem os Capitães-Mores, segundo sua curiosidade (que apeada há muita, mal eu a conheci já, e não digo em que tempo por não envergonhar que ao Capitão-Mor que então servia) sem ter uma peça que poder disparar, e assim sem temor de haver jurado o manejo daquela praça, recebia navios de toda a nação, e tão bem a conheci em tempo do Capitão-Mor António de Barros Bezerra, com muita artilharia cavalgada, e toda a povoação mui bem atabancada e mui defensável, em a mesma Vila Fria está a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Vencimento, hoje de pedra e cal…”.

(Continua)

Mapa da Senegâmbia em 1707, retirado do Wikipédia, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20153: Historiografia da presença portuguesa em África (176): O jornal Bolamense, fonte de informação e cultura (1956-1963) (2) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20173: In Memoriam (350): António Manuel Carlão (1947-2018): Testemunho de Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Setembro de 2019:

Queridos amigos,
Não é impunemente que se viveu meses a fio ombro a ombro com aquele, acabamos de saber, já partiu e nós não sabíamos do passamento. A consternação é sincera, a CCAÇ 12 e o meu pelotão éramos pau para toda a colher, e não havia refilanços, era aguentar e cara alegre. Transformo esta mágoa do seu desaparecimento na recordação de um episódio um tanto brejeiro que vivi com o Carlão e daqui me curvo respeitosamente diante da sua família.

 Um abraço do
Mário


In Memoriam de António Carlão: Eu e a CCAÇ 12

Beja Santos

Foi com profundo constrangimento que recebi a notícia da perda do António Carlão, meu camarada em Bambadinca, por larguíssimos meses. Tanto quanto me recordo, a CCAÇ 12, comandada pelo Capitão Brito, chegou a Bambadinca, vinda de Contuboel, na segunda metade de 1969, ficou adstrita ao BCAÇ 2852. Os seus pelotões andaram em aperfeiçoamento operacional pelas redondezas, recebi em Missirá dois desses pelotões, andarilhámos por Mato de Cão, fomos até ao rio Gambiel e a Salá, eram os confins possíveis para patrulhamentos com caráter instrutivo, correu tudo muito bem, o que me impressionava é que aqueles soldados eram quase crianças, felizmente barulhentas e sadias.

Em novembro, o Comando de Bambadinca manda-nos para a intervenção, outro Pelotão de Caçadores Nativos, o 54, seguiu para o regulado do Cuor. Intervenção no Setor L1 significava um pequeno universo de atividades: levar munições para as milícias e populações em autodefesa, tanto podia ser em Madina Xaquili, no Cossé, como em Moricanhe, uma população sacrificada que ficava no termo de uma picada que partia de Amedalai, passava por Demba Taco e Taibatá; trazer ou levar doentes; pernoitar na ponte do rio Unduduma; passear à volta da pista de aviação, entre o anoitecer e o madrugar, uma atividade escabrosa, por ali se andava debaixo dos focos da pista, melhor posição para o tiro ao alvo não havia na região; e levar ou trazer correio, incluindo o expediente para o Comando do Agrupamento; dar assistência e continuidade nos Nhabijões, a CCAÇ 12 e o meu pelotão alinhavam de acordo com a escala; pernoitar na missão do sono no Bambadincazinho; fazer colunas ao Xitole, era uma digressão impressionante de dezenas de viaturas de civis onde se intercalavam as nossas tropas, com a GMC à frente, tudo bem planificado, picava-se daqui para ali, até Mansambo, os de Mansambo picavam até à ponte cujo nome não me ocorre, daí quem picava era a malta do Xitole, era uma viagem desabrida, nuvens de laterite evolavam-se para os céus em toda a época seca, chegava-se ao Xitole era despejar e recarregar, paragem relâmpago e regressava-se à velocidade máxima que a picada consentia; e havia outros afazeres miudinhos atinentes à escala do quartel; e deixo para o fim do cardápio a participação em operações e, coube-me no final da comissão, todo o mês de julho de 1970, a segurança ao alcatroamento da estrada entre o Xime e Amedalai.

A vida da CCAÇ 12 e do Pel Caç Nat 52 fazia-se em números de trapézio, revezávamos nesta vida de andarilhos, éramos uma CCS em permanente movimento, de armas na mão, um serviço de urgência 24 horas ao dia.

 Alf Mil Beja, CMDT do Pel Caç Nat 52

Cheguei em novembro, e continuo a olhar para esta fotografia sem perceber como um mês antes saíra vivo de uma mina anticarro, vivera meses esgotantes correspondentes a viagens praticamente diárias a Mato de Cão, estava-se na finalização das obras do porto do Xime, ninguém nos informara mas a região Leste recebia cada vez mais tropa com os inerentes reabastecimentos, eram comboios de embarcações civis com uma unidade da Armada a intimidar quem, eventualmente, do lado de Ponta Varela, quisesse bazucar. A fotografia dá-me outra dimensão: o corredor dos quartos dos oficiais, ao fundo, junto daquela barreira de bidões pintados de verde, era a nossa messe. Eu dormia num quarto com dois alferes da CCAÇ 12, camaradas de mão cheia: o Magalhães Moreira e o Abel Rodrigues, havia uma quarta cama para um qualquer oficial em trânsito. A porta que se vê no início do corredor dava frontal ao quarto do tenente da secretaria, seguia-se o quarto do médico e do capelão, que discutiam furiosamente a existência de Deus naquela guerra apoplética, depois os oficiais de transmissões e do parque automóvel, mais gente da CCAÇ 12, no fim os oficiais do Comando.

Com todos estes números de trapézio, de sair com duas secções, de patrulhar com dois pelotões, de fazer operações, era impensável não comunicar com o Carlão, exuberante, caminhando ereto para que não parecesse de estatura quase mediana. Tivemos um pequeno desaguisado, relatei-o no meu diário, e já aqui apareceu no blogue. Numa noite, já em pleno madrugar, vim da malfadada pista de aviação, e de manhã cedo estava escalado para patrulhar Samba Silate, outrora a mais populosa tabanca da Guiné, que se desfez nos finais de 1963, havia sempre fortes indícios da presença de populações que vinham seja do Buruntoni ou cambavam vindos de Madina, sonhava-se em apanhar esses civis com a boca na botija ou descobrir as canoas e rebentá-las, queria mesmo ir dormir e eis que ouvi da messe de oficiais uma voz maviosa que cantava “Bésame, bésame mucho, como si fuera esta noche la ultima vez”. Aturdido com o fenómeno, pensando que estava a sonhar, entrei na messe, e uma rapariga rechonchuda, com as maçãs do rosto avermelhadas, um cabelo loiro corrido, era a cantadeira e o José Luís Vacas de Carvalho dedilhava, com uma pose de Raul Nery. O Carlão, cheio de garbo, veio-me apresentar a mulher, vinha para estadear. Dias mais tarde, Jovelino Sá Moniz Pamplona de Corte-Real, o Comandante, à hora do almoço, avisa-me que temos reunião aí pelas três da tarde, ele nunca recusava a sesta. E deu-me ordens, amanhã comanda a catrafilada de viaturas até ao Xitole, não se preocupe, há muita gente a picar a estrada, vai na mecha e regressa na mecha, as viaturas estão a ser revistas, para evitar pneus rebentados ou avarias estúpidas. Organize o comboio como quiser. Como é óbvio, foi anulado o meu programa da tarde, andei a conversar com meio mundo, tudo pela calada, aquelas colunas deviam ser feitas com a máxima discrição.

Ao amanhecer, com o suporte de muita gente, começou a organizar-se o enfileiramento das viaturas, muitas delas metiam dó, iam ajoujadas, eram carcaças velhas, sobreviviam milagrosamente. E é neste afã que me aparece o Carlão com a Helena, esta de camuflado, e o Carlão anuncia-me que ela vai até ao Xitole e volta comigo. De atónito com tal proposta, a voz empastelou-se-me, era inacreditável, recompus-me e disse perentoriamente que não. Deu sarrafusca, felizmente que o bom senso imperou, a Helena ficou em casa, para sossego de todos.


Foi um prazer enorme revê-lo em Fão, em 1994, foi uma reunião destes trapezistas da guerra, conseguiu-se levar um antigo 2.º Comandante que gravemente se acidentou na rampa de Bambadinca, o então Major Ângelo da Cunha Ribeiro. Passara-se um quarto de século, o Carlão surpreendeu-me com o cabelo pintado, com a franqueza do costume explicou-me que não se pode estar ao balcão com um ar de velhadas, e reconstituí com a Helena, um pouco mais rechonchuda, aquelas peripécias da coluna ao Xitole.

Quando nos desaparece mais um camarada, daqueles com quem se vivera momentos improváveis, dores de outras perdas, dá-me para reconstituir alguns desses momentos de brejeirice que se nos atravessou pelo caminho, saber que ele está na paz do Senhor, assim o constrangimento da perda é minorado e o meu abraço à Helena e aos filhos é tão familiar como as agruras e desavenças que vivemos fraternamente, no périplo de Bambadinca, entre 1969 e 1970.
Repousa em paz, António Carlão.
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20169: In Memoriam (349): António Manuel Carlão (1947-2018): testemunhos e comentários (Abel Rodrigues, Fernando Calado, Arsénio Puim, Jorge Cabral, Luís Graça)

Guiné 61/74 - P20172: Fotos à procura de... uma legenda (119): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte II: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)


Foto º 121

Foto nº 123

Foto nº 128
 

Foto nº 130 


Foto nº 206


Foto nº 202 


Foto nº 203 


Foto nº 75


Foto nº 204


 Foto nº 217


Foto nº  251



Foto nº 260


Foto nº 201


Foto nº 274


Foto nº 91 


Foto nº 204
 


Foto nº 262


Foto nº 254
   


Foto nº 108 


Foto nº 98
 


Foto nº 70

 Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  O Festival Todos já tem um público fiel. O seu mérito é o de ajudar a contribuir para que Lisboa seja cada vez mais uma cidade inclusiva... Tal como o  nosso blogue, "onde cabem todos, com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa"...

Da Mouraria à Graça, do Poço dos Negros à Colina de Santana, já foram 11 edições, muitas e boas andanças... E até já os turistas se associam à festa... Alguém vandalizou a planta do jardim da cerca da Graça, escrevendo em inglês: "Tourists please... leave us" [, Senhores/as turistas, por favor deixem-nos em paz!]... 

Lisboa é já um cidade que sofre da síndroma do "sobreturismo", como Veneza, por exemplo ? Ainda não me apercebi da hostilidade para com os turistas... Este é apenas um "grafito"  antiturista... Não andei à procura, mas não encontrei mais...

Tudo começou no Martins Moniz / Intendente, em  2009... E ainda bem, por se tratar de uma zona "mal afamada", "estigmatizada", onde poucos forasteiros se aventuravam à noite... Hoje dizem-me que tem 6 mil habitantes, a Mouraria, e mais de 50 nacionalidades e etnias  representadas entre a sua população... mas a Câmara Municipal de Lisboa anda à nora, não sabe o que fazer ao tão maltratado largo Martins Moniz... Já vem sendo maltratado, pelo menos do tempo do Estado Novo...

Desgraçadamente este ano estava todo "entaipado". As gentes daqui, a "moirama",  reivindicam este espaço até como contraponto à baixa pombalina que foi tomada de assalto pelo "turistame"...Na  miradouro da Senhora do Monte, um casal de turistas brasileiros pergunta-me o caminho para chegar à Mouraria... Levei-nos pelo Carocol da Graça até ao jardim da Cerca... Perguntaram-me, com santa ingenuidade, se ainda viviam lá mouros ou se os matamos todos...

Enquanto vou ali e já venho, à Clínica da Reboleira onde o Francisco Silva e o João Correia me esperam para uma artroscopia ao joelho esquerdo (, espero voltar, já na 4ª ou 5ª feira, ao convívio da Tabanca Grande), deixo-vos com a continuação das minhas fotos do Festival Todos 2019, uma seleção das 570 que fiz este fim de semana...  Façam, se fazem favor,  pelo menos um comentário a alguma(s)  delas.   

Alfabravo, Luís.

PS - Este ano o tradicional  talher de plástico foi destronado pela nossa olaria portuguesa.. Os pratos e os copos eram de barro. E os talheres de madeira...Palmas para a organização e para a animação do  largo da Graça, a cargo do grupo de teatro O Bando. 
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Nota do editor:

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20171: Fotos à procura de... uma legenda (118): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte I: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)



Foto nº  78


Foto nº 54


Foto nº 252


Foto nº 386


Foto nº 199


Foto nº 19



Foto nº 15 

Foto nº 5


Foto nº 548


Foto nº 543

 

Foto nº 82


Foto nº 181

 

Foto nº  35



Foto nº 36

 

Foto nº 32

Foto nº 37


Foto nº 24


Foto nº 561



Foto nº  549


Foto nº 560


Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Há mais de meio século que conheço Lisboa. Ou penso que conheço. Trabalhei e vivi aqui. Vim a Lisboa pela primeira vez aos oito anos, Mas Lisboa surpreende-me sempre que a revisito, com tempo e vagar. 

O Festival Todos, desde 2009, tem funcionado, para mim, como uma caixinha de surpresas, nesse aspeto. Permite-me o acesso a lugares e a gentes da cidade que nos são menos familiares, a começar pela Mouraria e a acabar agora pela Graça...

Enquanto vou ali e já venho (, espero, já na 4ª feira), deixo-me com as minhas fotos, ou uma seleção  das  570 que fiz este fim de semana... Ficaria lisonjeado se as quiserem comentar. Amanhã vou estar no estaleiro, de papo para o ar. Espero voltar, melhor do joelho. Até 4ª ou 5ª... Alfabravo, Luís.

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P20170: Notas de leitura (1220): “Antologia de textos lusófonos sobre o Senegal”, seleção de textos de António Montenegro, José Horta e Mallé Kassé, sem indicação de editor; Dakar, 2015 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Janeiro de 2017:

Queridos amigos,
Esta publicação que tem tanto de maravilhoso e de singular foi-me gentilmente oferecida pelo professor José Silva Horta, historiador da Guiné. Quem elaborou a antologia primou pelo desvelo, pelo rigor histórico e ficamos assim com um documento que permite discernir as mentalidades e os conhecimentos de quem chegou àquela Guiné em primeiro lugar. Onde faltava cartografia a imaginação era luxuriante: tínhamos chegado à Etiópia Menor, o rio Nilo andaria por ali perto, e coisas assim. Trata-se de um documentário com pormenores relevantes sobre os povos, os sistemas de poder, os credos religiosos, os alimentos, as aves, os animais de caça. Ali começava a Guiné, no rio Senegal e a Senegâmbia ou os rios da Guiné de Cabo Verde estendiam-se até à Serra Leoa. E assim foi durante séculos, com tal incerteza que precisámos do século XIX para saber o que era a Guiné Portuguesa, deitando por terra todos os outros topónimos.

Um abraço do
Mário


O Senegal, a Guiné em textos lusófonos

Mário Beja Santos

A obra intitula-se “Antologia de textos lusófonos sobre o Senegal”, é bilingue, seleção de textos de António Montenegro, José Horta e Mallé Kassé, sem indicação de editor, Dakar, 2015. Na apresentação, António Montenegro diz explicitamente que “Os portugueses foram quem primeiro cartografou o território do Senegal e primeiro escreveu sobre as suas populações. Os cronistas portugueses do século XV, que escreveram sobre as navegações ao longo da costa Ocidental de África, e os cartógrafos que pormenorizaram o recorte do continente africano, mencionaram longa e detalhadamente, o que é hoje o Senegal. Deram à península onde se situa Dakar o nome que ainda hoje conserva, o Cabo Verde e, dentro deste, o Cap Manuel, do rei D. Manuel I, e a Pointe des Almadies, de um tipo de barco português”.

Os organizadores maravilham-nos com o acervo dos autores antologizados, logo com Honório Barreto, a que se seguirá um vasto reportório de autores como Fernanda de Castro, Benjamim Pinto Bull, Nize Isabel de Morais, António Pinto da França, Gilberto Gil, Gonçalo Cadilhe, José Luís Peixoto, Ondjaki e Léopoldo Sédar Senghor. A antologia abre com o capítulo XXXI da “Crónica do descobrimento e conquista da Guiné”, e que tem a designação “Como Dinis Dias foi à terra dos negros e dos cativos que trouxe".

Este Dinis Dias pediu ao Infante D. Henrique para armar caravela, “porque era homem desejoso de ver coisas novas”. O Infante agradeceu-lhe, Dinis Dias armou uma caravela, “passou a terra dos Mouros e chegou à terra dos negros que são chamados Guinéus. E ainda que nós já nomeássemos algumas vezes em esta história por Guiné a outra terá em que os primeiros foram, escrevendo-lho assim em comum, mas não porque a terra seja toda uma; pois grande diferença têm umas terras das outras, e muito afastadas estão”. Filharam quatro nativos, “os quais foram os primeiros negros que em sua própria terra foram filhados por cristãos”. Dinis Dias prosseguiu viagem até que chegou a um grande cabo, ao qual puseram o nome Cabo Verde. “E dali fizeram volta para este reino, e conquanto presa não fosse tamanha como as outras que antes vieram, o infante a teve por mui grande, por ser daquela terra. E assim fez por isso a Dinis Dias e a seus companheiros grandes mercês”.

Convém contextualizar o espaço e o tempo destas viagens: a cartografia era então elementar, desconhecia por inteiro o recorte desta África Ocidental, razão pela qual surgiram efabulações à volta da Etiópia, do rio Nilo, na natureza dos povos justapostos entre berberes, mauritanos que habitavam até às proximidades do rio Senegal e os negros, por vezes islamizados, e os outros, puramente animistas, todos eles com sistemas de poder bem diferentes. Só assim se pode entender a leitura de Esmeraldo de Situ Orbis de Duarte Pacheco Pereira, que fala do rio Senegal, que ali era o princípio dos etíopes e homens negros, que havia li duas Etiópias, a inferior, que corre e se estende pela costa do rio Senegal até ao cabo da Boa Esperança, e que a este rio também se chama Guiné. A outra Etiópia, superior, começa no rio Indo, além do grande reino da Pérsia…

No canto V de Os Lusíadas, Camões também aborda a novidade destas terras descobertas, revela o nível de conhecimentos disponíveis na época:

“Deixámos de Massília a estéril costa,
Onde seu gado os Azenegues pastam,
Gente que as frescas águas nunca gosta,
Nem as ervas do campo bem lhe abastam;
A terra a nenhum fruto, enfim, disposta,
Onde as aves no vento o ferro gastam,
Padecendo de tudo inópia,
Que aparta a Barbaria da Etiópia.”

“Passámos o limite a onde chega
O Sol, que pera o Norte os carros guia;
Onde jazem os povos a quem nega
O filho de Climene a cor do dia.
Aqui gentes estranhas lava e rega
Do Negro Sanagá a corrente fria,
Onde o Cabo Arsinário o nome perde,
Chamando-se dos nossos Cabo Verde.”

“Por aqui, rodeando a larga parte
De África, que ficava ao Oriente,
A província Jalofo, que reparte
Por diversas nações a negra gente;
A mui grande mandinga, por cuja arte
Logramos o metal rico e luzente,
Que do curvo Gambeia as águas bebe,
As quais o largo Atlântico recebe.”

Importante testemunho é o do missionário Baltazar Barreira (1538-1612), que visitou a Guiné e a Serra Leoa. Na sua carta ao padre João Álvares ele refere que o rio Senegal é o princípio da Guiné, dizendo mais ou menos isto: “Esta parte de África que os portugueses propriamente chamam Guiné começa no rio Cenaga (fórmula com que ao tempo se falava do rio Senegal), e corre pela costa até à Serra Leoa, obra de 180 léguas de Norte a Sul, é tão caudaloso este rio Cenega que sobem por ele os navios 150 léguas”. Fala dos Fulos que habitam este rio, seus usos e costumes e refere depois os Jalofos que habitam a parte Sul do rio Senegal. Mais adiante, dá-se a palavra a André Álvares de Almada, logo no primeiro capítulo do seu incontornável Tratado Breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde fala dos negros Jalofos, dos seus costumes e trajes, são páginas extraordinárias tal como o capítulo VIII, dedicado ao reino do Casamansa.

Esta antologia é uma obra de devoção e de rigor científico, aqui podemos perceber a nebulosidade do conceito territorial da Guiné, como a sua fronteira imaginária começava no Senegal, os textos registados, primorosamente selecionados a partir de Zurara e consagrando nomes como André Donelha, Francisco Lemos Coelho e até Honório Pereira Barreto, devia ser acessível ao leitor português, nesta área da África Ocidental escrevemos páginas brilhantes de uma literatura que permanece praticamente ignorada, é um dano cultural reparável e necessário para portugueses e guineenses, está aqui a nossa proximidade, o nosso abraço lusófono, também.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20161: Notas de leitura (1219): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (24) (Mário Beja Santos)