sábado, 13 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25064: Por onde andam os nossos fotógrafos? (17): António Murta, ex-alf mil inf MA, 2ª C/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) - Parte II: chegada no T/T Uíge, as primeiras impressões, Spínola em Bolama, início da IAO...


Foto nº 5

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > 27 de março de 1973, desfile perante o gen Spínola



Foto nº 6

T/T Uíge > 20 de Março de 1973 > Jantar de despedida. "Eu sou o rapaz da esquerda, aí no pequeno corte (...). À minha esquerda  está o Alf Torres da 1.ª CCaç (Buba), e à direita,  com a cara sobreexposta, o Alf Mota da 3.ª CCaç (Aldeia  Formosa). Do outro lado da mesa, dois Alferes do QP (presumivelmente,  SGE). 


Foto nº 7 

T/T Uíge > 20 de Março de 1973 > Jantar de despedida. "Eu sou o rapaz da esquerda, aí no pequeno corte (...). À minha esquerda  está o Alf Torres da 1.ª CCaç (Buba), e à direita,  com a cara sobreexposta, o Alf Mota da 3.ª CCaç. (A. Formosa). Do outro lado da mesa, dois Alferes do QP (sfuramente SGE) 
 


Foto nº 8 

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama >  CIM > Abril de 1973 – Capitão B. C. (cmdt da 1.ª C/BCAÇ 4513) observa uma granada de RPG 7 (ou 2 ? ). A seu lado, um dos elementos do Grupo de Combate do Marcelino da Mata, "Os Vingadores".


Fotos (e legendas): © António Murta (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1.  Nesta série, "Por onde andam os nossos fotógrafos?",  começámos agora a revisitar, selecionar,  recuperar e reeditar  algumas das melhores fotos do António Murta (de seu nome completo António Manuel Murta Cavaleiro), ex-alf mil indf MA, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) (*). 

Vive na na Figueira da Foz. É autor da notavel série "Cadermos de Memórias do António Murta", de que nos socorremos para enquadrar, melhorar e complementar as legendas. (**)

  
Fotos nºs 6 e 7 > BCAÇ 4513, a caminho do CTIG, a bordo do T/T Uìge


(...) 20 de Março de 1973 (terça-feira) – N/M "Uige", jantar de despedida

Estava quase no fim a viagem e isso era marcado por um jantar de despedida. Não muito diferente dos outros jantares, teve, todavia, algo indefinível que o tornou mais solene. (...) A ementa, impressa a bordo, dizia assim:

"O Capitão de Bandeira, Comandante, Oficiais e restante tripulação do navio apresentam as suas despedidas aos Exmos. Oficiais, assim como a todos os componentes do Contingente Militar desejando muita saúde e as maiores felicidades. Paquete “Uíge”, 20 de Março de 1973"

Seguiam-se as páginas com a lista completa dos oficiais (e sargentos?) a bordo. (Não sei o que me passou pela cabeça para, muitos anos mais tarde, ter digitalizado a capa da ementa e pequenos fragmentos daquela lista e ter destruído todo o resto.) (...)


22 de Março de 1973 (quinta-feira) – Chegada a Bissau

 
(...) Desloquei-me para o outro lado do navio, olho em frente, e lá estava Bissau, ainda distante mas já ali. Eram 9h50 locais, 11h50 de Lisboa. Reparei, ainda, que o resto dos passageiros já devia estar ali na amurada desde manhã cedo a observar. Alguns faziam comentários mas, se calhar a maioria, conjecturava em silêncio. Os rostos, curiosos, eram de ânsia e apreensão.

A cidade de Bissau vista dali do navio parecia muito rasa de edifícios, e subia ligeiramente a partir do cais. Tudo o mais, quer olhássemos à esquerda ou à direita, parecia uma fita verde quase ao nível das águas, para trás da qual nada mais se via. O navio continuou fundeado ao largo entre a Ilha do Rei e a cidade. 

Todo o dia foi passado a bordo e era suposto aí permanecermos até ao transbordo para as lanchas da Marinha que nos levariam a Bolama, nosso primeiro destino. Mas à noite, já atracados à ponte-cais que liga ao porto propriamente dito, convencemos o comandante do Uíge, com a intervenção influente do cap B. C. – que conhecia Bissau visto ter feito na Guiné o estágio do seu curso de capitão, antes de regressar à Metrópole para se integrar no nosso Batalhão – convencemos o comandante, dizia, a deixar-nos sair para uma pequena exploração e, se possível, beber uns copos.

Eram precisamente 23h55 quando, pela primeira vez, pisei terra africana. Sem prazer nem desprazer, embora com alguma curiosidade. (...)


23 de março de 1972 (sexta feira) - Partida para Bolama

(...) Deitei-me à 1h30 da madrugada (última noite no navio), para me levantar às 3 horas e preparar a saída para Bolama, com os soldados de duas Companhias, a bordo de uma LDG da Marinha. Pelo menos outra se lhe seguiria com o resto das tropas. Saímos de Bissau às 5 horas da madrugada e chegámos a Bolama às 10 horas. Era uma sexta-feira, 23 de Março de 1973. (...)

(...) O que recordo foi a recepção que nos fizeram dezenas de crianças e algumas mulheres, habituadas que estavam a que à sua terra estivessem sempre a chegar novos contingentes, à medida que outros saíam. E zumbiam à volta dos tropas a oferecer os préstimos das lavadeiras que, sabiam, poucos iriam dispensar. Pediam também dinheiro (patacão) de mão estendida. Eram uns safados e umas safadas, muito batidos naqueles contactos, mas muito bonitos e gentis. Foi o primeiro contacto com o calor humano local, a suavizar angústias, medos indefinidos e dúvidas sobre o futuro.

Faltava instalarmo-nos e fazer o reconhecimento da cidade. Um espanto! Como fora possível que uma cidade daquelas, tão pequena e desprezada, tenha sido a capital da Guiné? Só estou a ver uma explicação: em toda a Guiné não havia outra com melhores condições e infra-estruturas para ser a capital da colónia. Até ao desenvolvimento de Bissau. (Ou seria por estar a bom recato das beligerâncias do interior da colónia? Ou para evitar novas ocupações estrangeiras? Em termos de história, isso foi anteontem, em quinhentos anos de presença portuguesa...). Ainda assim, uma avenida – não asfaltada – leva-nos, subindo, a um grande jardim público abandonado, no topo do qual se apresenta o imponente edifício que fora a Administração da colónia. Lateralmente e não muito distante havia o Hotel Turismo, pequeno mas com alguma nobreza, que fora a filial do Banco Nacional Ultramarino inaugurado em 1903 e que, agora, era a Messe de Oficiais.

Para além dos quartéis, havia as escolas, a igreja, a tipografia, o Clube dos Bombeiros com os seus matraquilhos, ping-pong e bar, onde íamos à civil beber uns copos e observar as senhoras brancas, mulheres dos outros oficiais. Junto ao cais, na baixa, havia uma piscina que só utilizei uma vez por receio daquelas águas. Melhor que tudo era o restaurante de portugueses onde, quando era possível, tirávamos a barriga e a alma de misérias.

Esta pequena urbe empoeirada e quente não é nada do que tinha imaginado mas, nas horas amenas dos fins de tarde, dava-me imenso prazer deambular pelas suas ruas quase desertas, apreciando as suas casas coloniais, muito abandonadas, com as sua varandas típicas, e ir descendo até ao cais onde me sentava sozinho a assistir ao pôr-do-sol, imaginando as praias da minha Figueira da Foz. Depois, lembrava-me que estava sentado ao contrário, virado para o canal de Bolama e para o continente, e que à minha esquerda tinha o norte e não o sul, e levantava-me irritado e virava costas. Para mais, dali de frente, de S. João, é que têm partido os mísseis do PAIGC nos ataques à cidade, segundo nos dizem, para susto dos periquitos. Mas, quando podia, voltava lá.

Nesses entardeceres cálidos e perfumados mas cheios de luz, era um espectáculo apreciar os bandos de morcegos, aos milhares, num esvoaçar barulhento e nervoso. Tudo era novidade. E os abutres (jagudis) com o seu ar decrépito nos ramos secos das árvores? Quando escurecia continuavam a ver-se as suas silhuetas, atentas e diligentes, para bem da salubridade da cidade. (...)


Foto nº 5 > Desfile do BCAÇ 4513 perante o gen Spínola


27 de Março de 1973 – (terça-feira)[ou dia 28?] – Chegada do General Spínola
 

Há muito que todo o Batalhão se encontrava em formatura frente ao edifício da Administração, no topo do grande jardim central de Bolama, aguardando a chegada do General. 

(...) Como me tinham prevenido os “velhinhos” de Bolama, com ar de gozo, o discurso que o General faria às tropas, começaria assim: «Conheço-vos a todos! É como se tivesse vindo convosco no barco. Etc., etc.» 

E o General disse-nos do alto da escadaria: «Conheço-vos a todos! É como se tivesse vindo convosco no barco. Também eu sou um soldado como vocês! Etc. etc.».  (...)


21 de abril de 1973 (sábado) – Primeiras mortes

(...) Soube hoje – fim da 2.ª semana de campo – que um alferes que viajou comigo no Uíge, mas que não recordo, e que estava a fazer a IAO no interior da província e não em Bolama, morreu acidentalmente com uma rajada na cabeça. Era de noite e levantou-se para ir urinar. Ao regressar, uma das sentinelas, seu soldado, não o reconheceu. É a versão que corre. 

Ontem, aqui no porto de Bolama, estava também num caixão, dentro de um barco da Marinha, o corpo de um rapaz que morreu nas mesmas circunstâncias. É o medo e a inexperiência a fazerem das suas.

Aqui em Bolama continuamos a estranhar a ausência de um ataque com mísseis do PAIGC a partir de S. João, ali no continente, mesmo em frente a esta parte da ilha. Todos os Batalhões que nos antecederam foram atacados, quase sempre logo após a chegada, com objectivos evidentes. (...)


(Continua)

(Seleção, revisão/fixação de texto, negritos, edição de fotos: LG)

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Notas do editor LG:


(**) Vd. os primeiros postes da série:

16 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14373: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (1): Embarque para a Guiné, 16 de Março de 1973

Guiné 61/74 - P25063: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte IX: A caminho de França, a bordo de um vapor britânico... Foto de Joshua Benoliel, o pai do fotojornalismo português





Legenda: "A caminho de França: a bordo de um transporte" ('Cliché': Benoliel)


Capa da "Ilustração Portuguesa", II Série, nº 584, Lisboa, 30 de abril de 1917. Dir lit: José  Joubert Chaves. Edição semanal do jornal O Século. Preço avulso: 12 centavos (ou 0, 12 escudos). 



1. A mobilização de milhares de jovens portugueses para a guerra na Europa, já nos últimos dois anos (1917/18), mas também para África, para defesa das nossas colónias (nomeadamente Angola e Moçambique), suscitou viva comoção e natural interesse tanto por parte população como dos jornais da época. 

É nesta altura que se começa a afirmar o fotojornalismo, de que o Joshua Benoliel foi um dos pioneiros e, reconhecidamente, o maior do seu tempo.  

Temos aqui publicado algumas das fotos dos primeiros meses do embarque das tropas do CEP (Corpo Expedicionário Português), a caminho de França, transportadas por vapores britânicos... Já havia submarinos e a viagem (até Brest, no noroeste da França) não era isenta de riscos...

Treinados em tempo recorde, em Tancos (entre abril e julho de 1916, sob o comando político do então Ministro da Guerra, general Norton de Matos, e a direção operacional do general Fernando Tamagnini de Abreu), os nossos camaradas iam mal equipados para a guerra de trincheiras... E logo em abril de 1917 começaram a morrer os primeiros..."meninos da sua mãe" (como dirá o Fernando Pessoa). (É um dos poemas mais pungentes da nossa literatura: fala-nos não só da guerra e da  irremediável solidão da morte mas também, metaforicamente, da perda da infância, do colo materno, da inocência)

Fernando Pessoa
O MENINO DA SUA MÃE


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.


s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 217.
1ª publ. in Contemporânea , 3ª série, nº 1. Lisboa: 1926.

Fonte: Arquivo Pessoa (com a devia vébia,,,)



Reprodução do poema "Menino da Sua Mãe", de Fernando Pessoa. In: "Contemporânea", série nº 3, nº 1, maio de 1926, pág. 47. (Diretor, José Pacheco, 1885-1934. (Fonte: Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa, com a devida vénia...)

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Nota do editor:

Úttimo poste da série > 7 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25043: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte VIII: mais um flagrante do fotógrafo Joshua Benoliel, no embarque do CEP para França: a cena tocante de um camarada que escreve, em cima do joelho, um bilhete-postal de despedida, para a família de um outro camarada

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25062: O nosso blogue em números (92): Atingimos os 100 mil comentários... O número médio de comentários por poste, em 2023 (=4,9) é o melhor dos últimos nove anos...

 


Infografia: BlogueLuís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Prosseguindo a nossa "prestação de contas" relativamente à atividade bloguística do ano que agora finda (*) ...

 O número de comentários, em 2023, atingiu um  total de 4900 (limpos de mensagens Spam), o que a dividir por 1089 postes publicados, dá uma  média de 4,9 comentários por poste  (Gráfico nº 9). 


Este valor (4,9)  é o  melhor dos últimos nove anos (só igualado em 2019), significativamente maior  o que do ano de 2022 (3,9).
 
O nosso recorde continua a ser os 6 comentários
, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente... Mas nessa época o controlo do Spam não era tão rigoroso. Hoje há um despiste mais apertado do Spam por parte do nosso servidor, o Blogger. Isto quer dizer, então, que aqueles primeiros anos, de 2010 a 2013 não devem servir de referência.
 

2. Convém, entretanto, lembrar, mais uma vez, que estas "médias", como todas as médias estatísticas, podem ser "enganadoras": 
  • há postes sem um único comentário,
  • a maior parte tem um, dois ou três;
  • s vezes podem ter meia dúzia, ou até 10;
  • outros podem ter, muito excecionalmente, algumas dezenas. 

Tudo depende do tema, do conteúdo, do interesse, do autor, da ilustração fotográfica, etc.

Há, naturalmente, postes mais "polémicos" ou mais "interessantes" ou até mais "apaixonantes" do que outros. Tudo depende do assunto e da sua abordagem. Ou até do autor. Os postes,  com pontos de vista menos "consensuais",  podem originar mais comentários, às vezes "marginais".

Em todo o caso, ler e comentar dá muito trabalho... E nota-se, ao fim destes anos 20 anos a blogar (vamos completá-los em 23/4/2024) todos temos que admitir que há um natural cansaço... E não é fácil arranjar novos autores, leitores  comentadores...

Por outro lado, quem aqui vem, com regularidade, dos quatro cantos do mundo, são antigos combatentes, uma geração em vias de extinção... Mas também gente (jornalistas, investigadores, estudantes, familiares de antigos combatentes, etc.) que se interessam pela guerra da Guiné. no período de 1961 a 1974... Mas que se interessam pela geografia, economia, cartografia, antropologia, história, fotografia, literatura, etc., da Guiné (e, marginalmente, de outros países lusófonos: Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor, et.)

Merecem as nossas palmas (dos editores e dos autores) os nossos leitores que, além de lerem os postes, ainda têm "tempo e pachorra" para os comentar.

3. Recorde-se que qualquer leitor (mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google), pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome e apelido (como é conhecido dentro ou fora da Tabanca Grande).

Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Não sou um robô"...

O ideal é, pois, usar a conta do Google (basta só criar uma conta, o que é gratuito): quase toda a gente, hoje em dia, tem um endereço de @gmail, por exemplo...

Os comentários dão mais vida, mais pica, mais cor, mais graça, mas também mais pluralismo, mais participação, mais autenticidade, mais verdade,  mais representatividade, ao nosso blogue!... 

E são a prova de que estamos vivos e somos capazes de conviver com as as memórias, as nossas emoções, as nossas contradições, os nossos lutos, os nossos fantasmas, as nossas limitações de informação e conhecimento, etc.!... 

O comentário não precisa de ser extenso e muito elaborado: às vezes basta uma linha, duas, três linhas; 
  • "Gosto do que escreveste";
  • "Concordo em grande parte";
  • "Também passei por isso";
  • "Olha, nunca vi, nem nunca ouvi falar";
  • "Respeito a tua opinião mas não concordo"...

É bom recordar que há um limite de cerca de 4 mil carateres, incluindo espaços, por comentário, qualquer coisa como cerca de página e meia de texto, em formato A4; mas podem desdobrar-se os comentários,  publicando-se uma primeira parte e depois a continuação.De qualquer modo, o Blogger dá essa indicaão quando se excede o limite de carateres.

Por outro lado, uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

Por outro lado, alguns camaradas nossos continuam a queixar-se de perderem, às vezes, extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto, mais extensos,  em
 word, à parte e no fim, fazer "copy & paste"..

É mais seguro. 

Excecionalmente, pode haver um ou outro comentário que não é publicado, mas não se perde, indo parar à caixa do Spam. E nesse caso pode ser recuperado pelos editores. Neste momento não temos uma única mensagem deste tipo!

A caminho de meados do primeiro mês do ano, fazemos os votos para que os nossos leitores continuem a aparecer a comentar os nossos postes. E quem aparecer será sempre bem vindo, desde que dê a cara... e respeite as nossas regras de bom convívio...  

Os autores (e os editores) são os primeiros a agradecer o interesse dos comentadores. Ao fim destes anos todos antigimos os 100 mil comentários, o que é obra!
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 12 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25060: O nosso blogue em números (91): Temos esperança que a Guiné-Bissau ultrapasse a China em 2024,... pelo menos em número de visualizações de páginas do nosso blogue!

Guiné 61/74 - P25061: Notas de leitura (1657): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (7) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Janeiro de 2024:

Queridos amigos,
No rescaldo da Operação Tridente (1964) o então Comandante-chefe, Brigadeiro Louro de Sousa, decidira a criação de um destacamento numa das pontas da ilha do Como, Cachil. A vida deste destacamento tornou-se intolerável, tais e tantas eram as incursões dos grupos do PAIGC, cuja propaganda fazia alarde daquele "campo fortificado" de onde não se podia sair. O Comandante-chefe Schulz propôs ao Coronel Abecasis uma operação que levasse à erradicação das forças do PAIGC, a Operação Samurai. Foram mobilizados bastantes meios, sabia-se que o PAIGC dispunha de um sistema defensivo forte, como se veio a comprovar, mas os bombardeamentos deixaram os guerrilheiros moralmente em baixo. O que aqui se descreve são os preparativos dos meios aéreos que nela intervieram.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (7)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Capítulo 2: Eles não conseguiram parar a nossa luta


Continuando a dar informações quanto ao armamento de que o PAIGC estava dotado em termos de sistema de defesa antiaérea, na continuação da Operação Estoque, a Força Aérea voltou duas noites depois, dois C-47 aproximaram-se da aldeia de Cassebeche, perto do Sul da ponta da Península de Quitafine. Apesar de o céu estar enevoado, o bombardeiro improvisado foi capaz de localizar e atacar o PAIGC, a despeito da reação antiaérea. Os dois C-47 largaram com sucesso bombas de 800 libras, vieram depois os Fiat e também encontraram uma reação no sistema de defesa antiaéreo, os alvos eram Cassebeche, Cabonepo, Cassacá e Camissorá. Um dos Fiat, pilotado pelo comandante dos Tigres, Tenente Egídio Lopes, regressou da sua missão atingido, era a primeira vez que um Fiat sofria danos em combate na Guiné. Devido à deterioração das condições atmosféricas, incluindo uma cobertura de nuvens até 900 pés, suspenderam-se as operações de dia, em 10 de agosto, mas naquela noite vieram os C-47 e bombardearam Cassebeche e a ilha de Canefaque, apesar da reação do PAIGC. No dia seguinte, os Fiat atacaram quatro outros locais antiaéreos, um Fiat foi forçado a aterragem de emergência no aeródromo de Cufar. A Operação Estoque terminou pelas 12 horas do dia 12 de agosto.

As aeronaves da Zona Aérea tinham feito 34 missões de combate e largaram 6800 libras de bombas e granadas incendiárias contra as posições do sistema antiaéreo do PAIGC, destruindo pelo menos uma metralhadora antiaérea. Mas o mais importante é que os ataques provocaram uma “desorientação moral” entre os guerrilheiros, como observou mais tarde o Coronel Abecasis: “Se não tínhamos destruído o sistema antiaéreo no Quitafine, tínhamos pelo menos provocado uma grande paralisação.”

Esta avaliação revelou-se prematura, uma vez que as chamadas zonas libertadas do Sul e as rotas de infiltração prosseguiram as suas ações; entretanto, o Grupo Operacional 1201 e os Tigres tinham aprendido uma série de lições relativamente ao emprego do Fiat. A Operação Estoque demonstrara a ineficácia dos foguetes de 2,75 polegadas contra as posições inimigas, as equipas do Fiat foram obrigadas a desenvolver outro tipo de perfis de fogo contra alvos precisos.

Apesar dos reversos temporários no Quitafine, o PAIGC continuava a desafiar a FAP noutros locais do Sul da Guiné, próximo da ilha do Como. Do final de agosto e até ao início de novembro de 1966, a guerrilha organizou uma sucessão de grandes ataques contra a guarnição portuguesa que estava no destacamento do Cachil, “o único, último e meio desmoronado bastião das nossas forças na ilha do Como Norte”, como observou o Coronel Abecasis. As forças da guerrilha também intensificaram a sua atividade antiaérea na região, quase derrubando um DO-27 numa missão de reconhecimento diurno. Temendo uma ofensiva da guerrilha mais forte com o intuito de expulsar as tropas portuguesas no Como, Schulz instruiu a Zona Aérea para planear uma resposta, destinada a “forçar o Inimigo a mudar de atitude.”

Para tal, o Coronel Abecasis e a sua equipa gizaram a Operação Samurai que mais tarde o comandante da Zona Aérea descreveu como “a operação mais ousada no teatro da Guiné.”

A Operação Samurai foi totalmente concebida como uma operação da Força Aérea, realizada em duas fases, com um empreendimento da Zona Aérea, primeiro, e depois um batalhão de paraquedistas no terreno. Na primeira fase, a aviação deveria fazer um esforço para atingir o sistema antiaéreo durante 3 dias, começando em 13 de novembro de 1966, para tirar benefício ou vantagem da Lua Nova, envolvia o Grupo Operacional 1201 com a sua frota de 8 Fiats, três C-47 e todos os operacionais T-6 e Alouette III, era a etapa inicial destinada a quebrar a resistência antiaérea. As Operações Resgate e Estoque tinham revelado a necessidade de precisão ao atacar estes alvos, sobretudo o ataque inicial com os C-47. A Operação Samurai devia utilizar o seu material bélico a menos de 4 mil pés, o que era suscetível de os deixar com um considerável risco. Estes ataques incluíam os acampamentos do PAIGC nas localidades de Cauane, Cachide, Cassacá e Caiar, bem como as rotas de abastecimento e de infiltração.

A segunda fase da Operação Samurai envolvia vários helicópteros que largavam as forças paraquedistas nos respetivos objetivos, a missão fundamental destas operações era de busca e destruição na ilha do Como. Estabeleceu-se em Cufar um apoio aéreo para auxiliar a ofensiva terrestre com coordenação em Bissalanca e com um posto de comando avançado em Catió. As aeronaves de serviço para apoiar os paraquedistas incluíam um par de Fiat em alerta terrestre em Bissalanca, um par de T-6 em alerta de 15 em 15 minutos em Cufar, havendo um DO-27 e um Alouette III em Cufar para eventuais evacuações. Ao longo de todas as fases de operação, um PCV DO-27 sobrevoou continuamente a área do objetivo, havia dois T-6 adicionais e um helicanhão em alerta. As aeronaves portuguesas foram também encarregas de operações noturnas de bombardeamento no centro do Como e operações de intervenção diurna noutros lugares da ilha, durante a operação. Assim que se deu por concluída a segunda fase, esperava-se que o Exército assumisse a responsabilidade pela reocupação do Como e pela erradicação de qualquer vestígio da presença do PAIGC. A Operação Samurai foi precedida por um esforço de reconhecimento de uma semana, a partir de 4 de novembro, abrangendo especialmente o Sul e o Oeste da ilha. Os Fiat voaram em missões de reconhecimento fotográfico de baixo nível, usando as suas câmaras de 70 mm para detetar alvos e ameaças, estas câmaras estavam dotadas de imagens de “claridade surpreendente”, segundo o Coronel Abecasis.

Os acampamentos dos rebeldes em São Nicolau e Cauane foram reconhecidos com especial atenção pelo Fiat, enquanto os DO-27 voavam exaustivamente para pesquisar potenciais locais para pouso de helicópteros. Centenas de fotografias aéreas, incluindo imagens panorâmicas e estereoscópicas foram entregues ao recém-criado Centro de Campanha de Exploração Fotográfica em Bissalanca para identificação e análise de alvos em preparação para a próxima ofensiva terrestre. O esforço deste reconhecimento operacional foi elogiado pelo Comando da Zona Aérea por ter produzido informação de “valor extraordinário”. A operação contra os sistemas de defesa antiaérea do PAIGC começou pelas 22 horas do dia 13 de novembro, com bombardeiros noturnos C-47 a atingir a defesa antiaérea do PAIGC. Houve resposta à volta da base Cauane, mas era um fogo defensivo de pouca intensidade, nada comparado com o que se tinha visto nas Operações Resgate e Estoque. O primeiro bombardeamento transportava bombas de 15 e 50 kg, bem como granadas de iluminação de magnésio. Ao longo dos três dias seguintes, os Fiat e T-6 procuraram obter informações para as tropas paraquedistas. De acordo com relatórios das tropas portuguesas e dos prisioneiros do PAIGC, a ação aérea resultou na morte de 6 militantes e 20 desaparecidos, na destruição de “todos os objetivos militares” identificados durante o reconhecimento aéreo e os prisioneiros confessaram ter havido uma grande desmoralização como resultado do bombardeamento noturno.
Objetivos da Operação Estoque, agosto de 1966 (Matthew M. Hurley)
Aviões Fiat dispondo de rockets durante a Operação Estoque (Coleção José Nico)
Comandante dos Tigres, tenente Egídio Lopes (Coleção Egídio Lopes)
Operação Samurai, novembro de 1966 (Matthew M. Hurley, adaptado do relatório da Operação Samurai)

(continua)

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Notas do editor:

Post anterior de 5 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25038: Notas de leitura (1655): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (6) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 8 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25050: Notas de leitura (1656): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25060: O nosso blogue em números (91): Temos esperança que a Guiné-Bissau ultrapasse a China em 2024,... pelo menos em número de visualizações de páginas do nosso blogue!

Figura n.º 2 - Mapa-múndi com a distribuição do número de visualizações de páginas, do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (n=12,8  milhões), desde maio de 2010 a final de 2023.

Fonte: Blogger (2024)

Figura n.º 2 | Gráficos n.ºs 7 e 8 > Principais localizações dos nossos "visitantes" (leia-se:  visualizações de páginas, entre maio de 2010 e o final de 2023): no "Top 10", o destaque vai para Portugal (com 40% do total), seguido dos Estados Unidos da América (24,7%) e o Brasil (4,8%)... 2. mantem-se no essencial.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Sem falsa modéstia gostamos de (e podemos) dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande"...

A principal origem dos que visitam o nosso blogue, quase dois terços, é Portugal (40%) e os EUA (25%) (Gráfico nº 8)

Segue-se, à distância, com menos de 5% cada, o Brasil, a Alemanha e  a França.  Tudo somado, são quase 80%.

Este perfil não se tem alterado desde 2014, ano em que o Brasil perdeu o 2º segundo lugar para os EUA.  

Os  EUA (que tinham  7,6% do total de visualizações em 31/12/2013), deu então um salto  para os 17,6%). E o Brasil ficou-se pelos 7,8%... Mas Portugal também vindo a perder peso relativo: em 2014 tinha uma "quota" de 48,2%

Há uma explicação: a crescente penetração da Internet em todos os países do mundo...(Veja-se  o crescente peso relativo do "Resto do Mundo", que era de 13,2% em 2015).

No mundo globalizado em que vivemos, somos vistos em muitos lados... Seguem-se por ordem decrescente (com menos de 1%) (entre parênteses indicam-se os números absolutos, em milhares) os seguintes países que aparecem no "Top 20", entre as posições 10 e 19 (no período em referência, junho de 2006 a final de dezembro de 2023),e que constituuem o "resto do mundo" (n=2,1 milhões)(16,4%) do Gráfico nº 8:

10 > Canadá > 78,7 mil
11 > Espanha > 73,5 mil
12 > Ucrânia > 62 mil
13 > Região desconhecida > 58,5 mil
14 > Itália > 56,4 mil
15 > China > 50,6 mil
16 > Guiné-Bissau > 41,4 mil
17 > Países Baixos > 39,4 mil
18 > Irão > 36,5 mil
19 > Hong Kong > 35,9 mil
Outros > 1,59 milhões

Ficamos felizes por saber que , no nosso "Top 20",  estão  3 países lusófonos: Portugal (1º), Brasil (3º) e Guiné-Bissau (16º).

E, nos restantes, há também muitos portugueses e outros falantes da língua portuguesa que seguem ou visualizam, com regularidade, o nosso blogue, nomeadamente nos EUA, França e  Alemanha, sem menosprezar a Suécia, o Reino Unido, o Canadá e a Espanha...

Recorde-se, mais uma vez, que estes números respeitam apenas ao período que vai de maio de 2010 ao final do ano de 2023, ou seja, desde quando passámos a ter o contador do Blogger (ver aba, do lado esquerdo do blogue). Há, portanto, 1,8 milhões de visualizações, que ficam de fora, desde abril de 2004 até abril de 2010.

2. O caso da "nossa" Guiné-Bissau é interessante: 

(i) há dois anos atrás (2021)  estava em 19º lugar,  com 23,5 mil vizualizações; 

(ii) dois anos depois,  sobe 3 lugares, está com um total acumulado de 41,4 mil visualizações...e temos esperança que ultrapasse a China em 2024... (Os valores da China, todavia,  são os mesm0s de 2021, deixou de aparecer nos útimos dois anos,)

Cabo Verde, por sue turno, já não aparece no nosso "top 20", como aconteceu num ano atrás.

Estes números são interessantes, reflectem também a crescente penetração da Internet na nossa "pequena" Guiné Guiné (que, de resto, quadriplicou a sua popukação em 50 anos: de 0,5  para 2 milhões!).

De acordo como quadro a seguir, a Guiné-Bissau passou de 1500 utilizadores da Internet em 2000 para 900 mil em 2021. O grau de penetração da Internet e agora de 44%, ligeiramente superior ao totald e África, mas mesmo assim aquém dos 62% de Cabo Verde.

De qualquer modo, parece poder concluir-se que há mais interesse pelo nosso blogue na Guiné-Bissau do que em Cabo Verde... E seguramente do que na China!

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25049: O nosso blogue em números (90): A pequena Guiné-Bissau vem na lista dos 12 primeiros países onde somos mais vistos, e por pouco não ultrapassava, em 2023, a Suécia (11.º lugar)...

Guiné 61/74 - P25059: Casos: a verdade sobre... (39): "Canquelifá era o seu nome" - Uma batalha de há 50 anos (José Peixoto, ex-1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, 1972/74) - Parte II: o abate do último Fiat G-91 R/4, em 31/1/1974, a recuperação do piloto, ten pilav Victor Manuel Castro Gil



Crachá da CCAÇ 3545, "Os Abutres" (Canquelifá e Dunane, 1972/74

(coretsia do José Peixoto)


1. Continuação da narrativa do José Peixoto com as sua memórias sobre  a Canquelifá do seu tempo (*) 

(i)  foi 1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74);

(ii) vive no concelho de  Vila Nova de Famalicão;

(iii) ele é  membro da Tabanca Grande nº 731, entrado em 30/10/2016.

 Deixou-nos um relato memorialistico, dramático, dos últimos tempos da sua comissão,  de 12/13 páginas, que foi escrevendo ao longo dos anos, e que intitulou "Arauto da Verdade".

O texto, extenso, foi publicado na íntegra (poste P16656). Estamos agora a republicá-lo, em postes  por episódios, e cruzá-lo com outros postes que temos publicado sobre Canquelifá, com referênica à situação militar que se agravou, naquele aquartelamento e povoação do nordeste da Guiné, região de Gabu, a partir de agosto de 1973.




Esperamos, entretanto, poder voltar a ter notícias do José Peixoto (foto acima): 
não  tem página  no Facebook, mas disse-nos que era inspector reformado 
da CP - Caminhos de Ferro de Portugal (desde 2013), vivia nos arredores 
de Vila Nova de Famalicão, era casado, 
tinha dois filhos formados em engenharia. (*)


"Canquelifá era o seu nome" - Parte II:  o abate do Fiat G-91 R/4, em 31/1/1974,  e a recuperação do piloto, ten pilav Castro Gil

por José Peixoto


(...) Ao longo de todo o blogue da guerra na Guiné (belíssimo trabalho realizado), não posso deixar de referir, relativamente aos acontecimentos de Canquelifá, 1972/74, que há efetivamente uma descrição quase real das situações, mesmo tendo em conta que uma grande parte dessas afirmações são feitas por pessoas que ouviram falar ou estiveram perto.  Apenas algumas datas não são muito coincidentes.

No entanto outras,  sim,  marcaram na realidade a nossa mente. Tal como o dia 31 de janeiro de 1974, em que depois de um início de tarde de fortes bombardeamentos a Canquelifá, foi pedido o apoio aéreo a Bissau, tendo  chegado cerca das 17h30 a denominada parelha dos Fiats G-91.

Após o contacto com os pilotos via rádio pelo nosso saudoso capitão Peixinho Cristo, e lhes ter transmitido as coordenadas pretendidas, retiradas do mapa da área de íi“Pachisse” (mapa que se encontrava sempre estendido em cima da mesa do abrigo de transmissões nas alturas de crise), a fim de ser feito o respetivo tiro.

Iniciada a picagem pela primeira aeronave, verificou-se que o objetivo tinha sido alcançado. Para além de se ouvir o rebentamento da bomba, assistiu-se a olho nu ao retomar da altitude da referida aeronave e consequente progressão.

De salientar que esta manobra, um tanto quanto acrobática, se me é permitido esta classificação, estava a ser levada ao8 cabo a uma distância compreendida entre abrigo de transmissões e o local da operação, na ordem de 1,5 a 2,0 km, mais precisamente junto a Sinchã Jidé


Infografi: José Peixoto (2016)   


Eu encontrava-me ao cimo do abrigo de transmissões, acompanhado de 3 ou 4 camaradas também pertencentes aquela arma, a testemunhar o desenrolar dos acontecimentos.

A segunda aeronave aproximou-se do local da coordenada pedida, um pouco mais a norte, (entenda-se mais para a direita, lado do Senegal em relação àóleo  primeira) iniciando a manobra de picagem, não mais sendo vista.

Quem teve a oportunidade de testemunhar no local, deve recordar com certeza, não só o barulho ensurdecedor da explosão, tal como as chamas vivas, à mistura com o fumo negro que pairou durante vário tempo nos céus entre Canquelifá e Sinchã Jidé, tendo como causa a explosão da aeronave (Fiat G91).

Com efeito, de imediato foi comunicado por mim, o que acabara de ser constatado, ao capitão Peixinho Cristo, que se encontrava ao fundo no posto de transmissões a acompanhar as comunicações do momento, estando estas a serem difundidas em canal aberto com outras entidades. 

Este, na posse dos elementos do alfabeto fonético atribuído oficialmente aos intervenientes da operação aérea, chegados em mensagem, e já utilizados aquando da transmissão das coordenadas pretendidas, ou seja de onde provinham as flagelações do PAIGC, efetuou vários chamados via rádio. Em procedimento, não me recordo as letras atribuídas, como será evidente, no entanto a título de exemplo, como é óbvio o diálogo entre o capitão e os pilotos:

Capitão:

− Aqui maior de SIERRA / GOLFE, chama maior de ALFA / BRAVO, escuto!

Piloto:

 − Afirmativo, aqui maior de ALFA BRAVO, escuto!

Realizadas várias chamadas sem obter qualquer resposta (…). Surge o contacto (informação) do piloto da primeira aeronave que já se encontrava a sobrevoar noutra área mais afastada com destino a Bissau!..

− Aqui maior de ????

− Info: maior de ???? foi atingido míssil; conseguiu ejetar-se.

Nada mais transpareceu sobre este dramático acontecimento para além de volvidos que foram alguns minutos, foi recebido uma mensagem do Comando-Chefe de Bissau a corroborar esta afirmação: que a aeronave Fiat G.91 tinha sido atingida por um míssil e que o piloto, Tenente Castro Gil, se tinha ejetado. (#)

A referida mensagem chegou a Canquelifá classificada de “Zulo”, ou seja, grau de urgência máximo em despacho, classificação no exército ao tempo.


Dia 1 de Fevereiro de 1974 

Pelas 06h00 da manhã, aterram na pista de Canquelifá cerca de 8 ou 10 hélis de transporte, trazendo um número indeterminado de tropas (creio paraquedistas e outros) assim como mais 2 helicanhões armados com canhão MG 20mm,  de bala explosiva.

A sua intrusão no interior da mata foi imediata no sentido Sinchã Jidé e Copá. A intenção era localizar o piloto então ejetado naquela aérea no dia anterior (31 de janeiro) de quem nada se sabia.

A progressão no terreno era acompanhada pelos dois helicanhões que não tinham regressado a Nova Lamego, ficando para o efeito.

A transmissão entre a tropa no terreno e o referido apoio aéreo era feito em canal aberto, quero dizer, era audível toda a comunicação entre os intervenientes, no nosso posto de rádio em Canquelifá. 

Cerca das 15h00, uma chamada para a tropa em progressão de um dos pilotos disse:

− Ao descer um pouco mais o héli junto à copa da árvore que se encontra no trajeto à vossa frente, pareceu-me ver algo de estranho!.. Tenham cuidado.

Com esta chamada de atenção do piloto, a tropa acabou por detetar um veículo abandonado, tratando-se de uma ambulância de origem Russa.

Alertado o Comando-Chefe, foi dada ordem a Nova Lamego para fazer seguir para o local pessoal helitransportado,  especializado em minas e armadilhas, com a intenção de analisarem se a mesma estaria armadilhada.

Dado que nada se confirmou sobre a suspeição, foi recebida ordem para seguir com a mesma para Copá
O trajeto foi complicadíssimo, apesar do apoio simultâneo dos hélis na informação da picada a ser seguida, pois poderia haver eventual obstrução da mesma, mais à frente, relativo à densidade de árvores, evitando assim o retroceder do itinerário.

Tudo foi levado a cabo com o maior rigor, sabedoria e abnegação, chegando-se a Copá já altas horas da noite sem qualquer incidente ou acidente.

Mas, o mais importante de todo este desenrolar de cenário de guerra crua ainda não acabou.

Desviei-me um pouco do principal raciocínio que originou a referida operação, que era encontrar o piloto desaparecido no dia anterior, apenas com a intenção de seguir uma cronologia dos acontecimentos.

O facto é que,  enquanto as tropas no terreno se ocupavam em levar a sua operação a bom porto, foi por mim rececionada, cerca das 16h00, quando me encontrava no meu turno de operador de serviço, uma chamada através do AVP-1, na posse da Milícia Africana, que fazia parte do destacamento de Dunane, a seguinte informação: 

Após o OK, foi transmitido: 

 − Está aqui pessoal branco.

Ainda tentei questionar, mas é facto que se encontrava junto o capitão Cristo, pedindo-me para lhe passar o rádio, fazia questão ser ele a entender-se.

Com toda a sua perspicácia de líder de guerra, logo lançou a pergunta:

− O pessoal branco tem boné?...

 −Sim.

 
− Ele que fale ai ao rádio.

 
− Ele não fala, já vai na bicicleta para Piche.

Terminada a transmissão, de imediato foi dado conhecimento ao Comando a Nova Lamego (CAOP2), tendo sido decidido que um dos helicanhões que se encontrava a dar apoio na outra frente às tropas envolvidas naquele momento com a retirada da ambulância, fosse a Dunane confirmar ou não a notícia difundida pelo Milícia.

Confirmado pelo piloto de que se tratava efetivamente do camarada, tentou recolhê-lo em plena picada, pois este já seguia em direção à sede de Batalhão, o BCÇ 3883 (Piche), fazendo-se transportar numa bicicleta, acompanhado de um africano que se posicionava na sua frente, compreenda-se sentado no quadro da bicicleta pertença do mesmo.

De seguida, este piloto, contente por encontrar o seu camarada vivo, passou a informação ao piloto que operava junto às tropas em progressão, confirmando-lhe que era o piloto Castro Gil. Repartindo desta forma o contentamento, deram os dois início a uma canção que presumo ser algum hino de então, da Força Aérea: 

− Oh santa miraculosa, tirai-nos desta merda!!!

Não tive a oportunidade de memorizar o restante da letra, pois ouviu-se logo uma voz poderosa mais parecida com voz de comando (que o era) dizendo:

−  Aqui maior de ?? ??  
− não havendo mais continuidade do diálogo entre os pilotos. 

Posteriormente veio-se a saber, que o piloto Castro Gil, após se ter ejetado, passou toda a noite em cima de uma árvore, e ao nascer do dia passava por ali um Africano de bicicleta, tendo- lhe pedido boleia, o que logo acedeu.

Uma saca de laranjas fazia parte da sua bagagem que também repartiu com o seu novo companheiro de viagem.

Quando da chegada à sede do Batalhão (Piche), depois de uma autêntica odisseia que já durava há vinte e quatro horas, pediu ao então Comandante do Batalhão, tenente-coronel Dantas, a importância de 1000 pesos, entregando-os como recompensa do transporte e partilha das laranjas, ao Africano. (**)

Do assunto nada mais ouvi falar. No entanto as flagelações a Canquelifá continuaram, sem ter havido qualquer apoio aéreo.

Estávamos no mês de fevereiro 1974, que foi marcado por ataques diários.

A intenção de todos os operacionais em abandonar o aquartelamento, cada dia que passava ganhava mais consistência.


Março 1974 - Continuação dos ataques a partir do dia 5 com alguns interregnos.

Dia 17 de março de 1974 - Início das flagelações às 14h00, com incidência de tiro sobretudo para o lado da “Mata Sagrada”.

Cerca das 15h30, destruído o abrigo 12, e morte do Furriel Rosa ao ser atingido pelos estilhaços de uma granada de morteiro 120 mm que rebentou na copa de uma árvore junto ao referido abrigo, quando este se encontrava à porta do mesmo. Desconheço se foi esta mesma granada, ou outra, que provocou a destruição do abrigo.

O furriel Rosa foi trazido do local para a Enfermaria, num Unimog, tendo-lhe sido ministrados os primeiros socorros, e ermanecido em cima de uma maca até à chegada do meio aéreo que aterrou em espaço aberto, mesmo junto à Enfermaria, sendo então evacuado para Bissau. 

(Continua)

(#) Piloto: Ten pilav. Victor Manuel FernandeCastro Gil |  Aeronave: Fiat G.91 R/4 "5437" (Esq. 121, BA 12, Bissalanca | Data_ 31 de janeiro de 1974 | Causa: abate por SAM-7 Grail.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25057: Casos: a verdade sobre... (38): "Canquelifá era o seu nome" - Uma batalha de há 50 anos (José Peixoto, ex-1º cabo radiotelegrafista, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, 1972/74) - Parte I : os ataques do início de janeiro de 1974 e a morte do fur mil op esp Luís Filipe Soares

(**) Há uma outra versão deste episódio, escrita pelo Fernando Moreira, ex-fur mil trns inf, CCS/BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74). Orignalmente publicada no Facebook, está disponível no Blogue Especialists da Base Aérea 12, Guiné 65/74 > domingo, 3 de fevereiro de 2013 > VOO 2688 – 31 Jan. 1974 - Míssil abate avião; eu "estava" lá.

O Fernando Moreira, que era nosso amigo do Facebook,morreu há dois anos, em 12 de dezembro de 2021.Ver aqui a sua página : natural de Mirandela, andou nos Liceus de Bragança e Vila Real, bem como na Escola Agrícola de Coimbra; viva em Vila Real.

Ficámos também a saber que o nosso camarada da FAP, então já com o posto de cap pilav,  Vitor Manuel Fernandes Castro Gil, veio a falecer, em 5 de janeiro de 1979, aos 28 anos na BA 5, Monte Real, num acidente com um T-33. Teria nascido, pois, em 1951.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25058: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (25): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Abril de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

25 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira


MÊS DE ABRIL 1971



O MEU COMENTÁRIO AO ATAQUE AO QUARTEL DO OLOSSATO

1971/ABRIL/07

Ao anoitecer sofremos um ataque ao quartel. O alferes Silva não se encontrava no Olossato. Desde a "Operação Jaguar Vermelho" ia periodicamente ao Hospital Militar para tratar dos estilhaços que apanhou nessa operação. Por essa razão pouco tempo passava no Olossato. Nessas ausências era eu que comandava o meu grupo de combate - e fazia de ofIcial do dia, - por ser o furriel mais antigo.

Quando começou o ataque peguei na G-3 e dirigi-me à caserna dos soldados do meu grupo de combate, que ficava do lado em que estávamos a ser atacados.
Os soldados já estavam instalados na vala que havia nas traseiras da caserna.

Fui alertado pelos furriéis Ramalho e Justino de que os soldados se queixaram que o soldado F.R. saiu da caserna aos tiros e que não acertou em nenhum camarada por mero acaso. Disse-lhes que trataríamos do caso no fim do ataque.

Nestes casos, de ataques com morteiro e canhão sem recuo, portanto bastante afastados de nós, as espingardas não servem para nada. O essencial é protegermo-nos e prepararmo-nos para um eventual assalto ao quartel ou a saída de algum grupo de combate.

O assalto não era provável, porque o rio Olossato, que corre a cerca de 30 metros, funciona como barreira natural e a ponte que o atravessa tem um posto de vigia em frente, com um projector apontado para lá e uma metralhadora pesada virada para esse lado.

Depois de o ataque ser considerado como terminado, mandei os soldados saírem da vala e que o soldado F.R. viesse falar comigo.

Para meu espanto verifiquei, pelo andar e pelo falar, que ele estava alcoolizado.
Lembrei-lhe que desde o princípio da comissão os tinha avisado que não deviam abusar das bebidas alcoólicas, especialmente nos dias que tínhamos saídas para o mato ou de serviço ao quartel. Se houvesse alguma "festejo" especial que o fizessem no dia de trabalhos no quartel. De qualquer maneira aconselhava-os a não exagerarem na bebida, porque as consequências desses actos eram mais graves do que no continente.

Continuei a ronda até á 1 hora da manhã.

Cerca das 4 horas o furriel Justino foi acordar os soldados que iam render os postos e dirigiu-se para a tabanca para passar ronda aos postos dos milícias.
Nessa altura ouviu uma rajada do lado donde tínhamos sofrido o ataque e correu para esse local. Ao passar junto ao comando encontrou o capitão, os alferes e os sargentos todos no exterior de edifício, que também lhes servia de dormitório destes graduados.
O capitão Tomé disse ao Justino para verificar o que se passou e para o ir informar.

Aquando da rajada, também me levantei e preparei par ir ver o que se passava, mas como tudo se acalmou voltei a deitar-me.
Cerca das 6 horas e 15 minutos o furriel Justino chegou ao nosso quarto e contou-me o motivo da rajada às 4 horas da madrugada.

"NÃO ENCONTROU O PASSARINHO ÀS 4 DA MADRUGADA", mas encontrou o capitão que lhe disse que queria falar comigo.

Depois contou-me a origem da rajada: cerca das 3 horas e 45 minuto foi chamar os soldados que iam entrar de serviço às 4 horas. Todos acordados e de olhos abertos o furriel Justino dirigiu-se à tabanca, convencido que estava tudo a funcionar normalmente.
Aconteceu que um dos soldados que ia entrar de serviço (RAFAEL DE JESUS) dormia com os olhos abertos (informação dos outros soldados do nosso grupo de combate). Este pormenor era do conhecimento dos soldados, mas nós, graduados do grupo desconhecíamos.
Para cúmulo do azar o Rafael ia render o F.R., que já tinha feito "grossa asneira", aquando do ataque. Passados cerca de 10 minutos das 4 horas e não se tendo feito a rendição, não esteve com "meias medidas" - fez uma rajada.

Depois de um ataque ao princípio da noite, foi como "APAGAR O INCÊNDIO COM GASOLINA".

A seguir ao almoço falei com o capitão, que me mandou participar do F. R.
Como nesta altura já sabíamos que íamos para NHACRA, convenci o capitão a não participar. O capitão insistia que ele tinha de ser castigado e eu propus "DAR-LHE CABO DO CORPO". Por fim aceitou a minha proposta de lhe dar um "castigo físico" que servisse de exemplo, em vez da participação que podia levá-lo para uma zona de maior perigosidade.

O capitão mandou-me propor o castigo.

Como nessa altura andávamos a substituir as palmeiras podres, que faziam de valas à superfície, sugeri que sempre que ele estivesse no quartel, sem estar de serviço, fosse fazer esse trabalho e/ou quaisquer outros trabalhos que fossem precisos.
Aceitou a minha proposta e mandou-me dizer ao F. R. para ir falar com o capitão.

Quando me dirigi para o meu quarto passaram alguns soldados do meu grupo de combate e pedi para dizerem ao F. R. para vir falar comigo. Passado pouco tempo bateram à porta do meu quarto.
Era o "réu".
Disse-lhe para ir falar com o capitão e ele respondeu que já tinha falado e que já sabia qual ia ser o castigo. Estava ali para me agradecer o não ter sido castigado oficialmente.

A partir deste dia, quando chegávamos dos patrulhamentos, lá vinha ele pedir a minha G-3 para limpar e olear.
Eu não aceitava, mas de vez em quando tinha que lhe dar a G-3, porque ele não desistia com as minhas negativas.

Olossato - João Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 4 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25034: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (24): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Março de 1971