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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12555: E fazíamos grandes jogatanas de futebol (2): Os craques da CCAÇ 12 e da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Fotos de Benjamim Durães)


Foto nº 140 > O campo de futebol de onze, em Bambadinca, localizava-se junto á pista de aviação (ao fundo), sendo a linha divisória o arame farpado...  No topo sul do campo, havia duas acácias vermelhas, aqui  na foto, esplêndidas, floridas...



Foto nº 96 > O campo, de terra batida, aguentava-se.mesmo assim, na época das chuvas... O BART 2917 chegou a Bambadinca no início da época das chuvas, em finais de maio de 1970 (se não erro).



Foto nº 80 > Uma equipa de futebol mista, com malta da CCAÇ 12 e da CCS/BART 2917... Da CCAÇ 12, identifico na segunda fila, de pé, a contar da direita para a esquerda, logo em segundo lugar o Videira, 2º srgt inf. O último elemento parece-me ser o Gualberto Magno Passos Marques, o cap art, comandante da CCS/BASRT 2917, que gostava de acamaradar com a malta.   Na primeira fila, da esquerda para a direita, o saudoso Luciano Severo de Almeida,  um camarada da CCS (?), o fur mil enf Coelho (da CCS), o Tony Levezinho e o Carlão (ambos da CCAÇ 12).



Foto nº 108 >  2ª fila, de pé, da esquerda para a direita: o Joaquim Fernandes, o António Branquinhho, o António Marques, o Humberto Reis (quatro furriéis da CCAÇ 12) e, se não erro, o próprio Benjamim Durães, autor destas fotos; na primeira fila, da esquerda para a direita, só sou capaz de identificar o Abílio Machado, o "Bilocas" (alf mil, CCS) e o Arlindo Roda (CCAÇ 12)


Foto nº 91 > A equipa identificada na fo anterior... Ao fundo, a tabanca (reordenada) de Bambadincazinho


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Fotos do álbum do Benjamim Durães (ex-fur mil op esp. Pel Rec Inf, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72).


1. Em Bambadinca, os batalhões iam e vinham e a malta, nomeadamente da CCAÇ 12, continuava a jogar à bola (*)...

Segundo o Benjamim Durães. foram as seguintes as subunidades que estiveram sob o comandodo BART 2917, entre 1970 e 1972:

CArt 2714, 2715 e 2716;
CCaç 12; 
Pel Caç Nat 52, 53, 54 e 63;
Pel Rec Daimler 2206 e 3085;
Pel Mort 2106 e 2268; 
Pel Intend A/D 2189 e 3050;
20º Pel Art/GAC 7; e 
Pel Eng do BENG 447.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7898: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (3): O malogrado Fur Mil At Inf Luiciano Severo de Almeida (CCAÇ 12, 1969/71)


 .
Guiné > Zona Leste > Sector L1  > Bambadinca >  1970  >  Em destaque o malogrado Fur Mil At inf Luciano Severo de Almeida,  da CCAÇ 12, que morreria, em circunstâncias violentas, depois de regressar à metrópole. Até agora tínhamos apenas um ou duas fotos dele. Alguém privou com ele, depois da sua/nossa pasasagem à vida civil ? Não sei em que data morreu nem por quê... Vivia na margem sul do Tejo. Na última foto, a preto e branco, reconheço o Alf Mil Abílio Machado, da CCS/BART 2917 (1970/72), o nosso querido Bilocas. É o primeiro à esquerda, frente ao Luciano.  Lembro-me do Luciano como um "puto reguila e temperamental"...

Fotos: © Vitor Raposeiro (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
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Nota de L.G.:

Último poste da série > 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7895: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (2): O fatídico dia 13 de Janeiro de 1971

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6119: Agenda cultural (68): Toque de Caixa, jogando em casa: próximo concerto a 9 de Abril, na FNAC, Norteshopping, Porto, às 22h





Lisboa, FNAC, Colombo, 12 de Março de 2010 > Grupo musical Toque de Caixa. Apresentação do novo CD do grupo, Cruzes Canhoto. Edição: Ocarina. Porta-voz (e um dos pais-fundadores) do grupo: Abílio Machado,  (que esteve connosco em Bambadinca, entre Maio de 1970 e Março de 1971; ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; fizemos lá uma bela amizade: ele, um periquito, um alferes de secretaria da CCS, e nós, operacionais, pretos de 1ª classe, da CCAÇ 12, uma companhia de intervenção africana, ao serviço dos senhores da guerra de Bambadinca e de Bafatá; nós, eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Zé da Ilha, o GG - Gabriel Gonçalves e outros, noctívagos, que gostávamos de cantar, beber, conviver, de preferência, pelas altas horas da noite...

Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados.

1. Mensagem do Abílio Machado, com data de 30 de Março último:

Assunto - Concertos do Toque de Caixa...

Caros amigos :

Para os interessados, aí vai a agenda de concertos do Toque de Caixa nos tempos mais próximos :


9 de Abril, 6ª feira  - Porto, FNAC ( Norteshopping) - 22 h.

9 de Maio, domingo  - Porto,  FNAC (Via Catarina ) -18 h.

23 de Maio, domingo - Porto, CASA da MÚSICA : APRESENTAÇÃO DO CD [, Cruzes, Canhoto] - hora a determinar

2 ou 9 de Julho, sexta-feira  - Casa da Cultura de Bragança - 21,30 h.

24 de Julho, sábado  - Tavira - 21,30 h.


Um abraço

Abilio Machado


2. Comentário de L.G.:

Santos da casa não fazem milagres ? Não é o caso... O Toque de Caixa está vivo e recomenda-se. É conhecido,  reconhecido e apreciado na sua terra natal, ou melhor, região natal, uma vez que o grupo reúne músicos (todos eles excelentes, multifacetados) da Maia, de Matosinhos e do Porto (cito de cor, já que o grupo nasceu na Maia em finais de 1985, fundindo-se mais tarde com outro grupo; entretanto, houve gente que entrou e saiu).  Um dos pais-fundadores foi o Abílio Machado, nosso camarada e amigo de Bambadinca (CCS / BART 2917, 1970/72).

Depois do sucesso do lançamento do seu segundo CD (Cruzes, Canhoto), em Lisboa, na FNAC Colombo, em 12 de Março último (*),  os seus admiradores da região Norte poderão ouvi-los, ao vivo, já no próximo dia 9 de Abril, na FNAC Norteshopping, Porto

As  sonoridades do Toque de Caixa mergulham nas raízes da música tradicional portuguesa, abrindo uma nova fileira que, oxalá, continue a ser cultivada, explorada e desenvolvida pela nova geração de músicos portugueses.

 Depois do primeiro disco, as Histórias do Som (1993), saiu este ano o seu segundo trabalho, Cruzes, Canhoto.  A qualidade das (re)criações musicais e o profissionalismo dos executantes são uma garantia do sucesso que, acreditamos, se vai repetir no Porto. Faço apelo aos nossos camaradas da Tabanca de Matosinhos para  darem um pulinho,  no dia 9, ao concerto dos Toque de Caixa na FNAC Norteshopping.

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domingo, 21 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6031: Os nossos seres, saberes e lazeres (17): Cruzes, Canhoto: O novo CD da caixa de música do Bilocas e dos seus amigos... (Luís Graça)



Toque de Caixa. Ao Vivo. Lisboa, FNAC, Colombo, 12 de Março de 2010. Apresentação do novo CD do grupo, Cruzes Canhoto. Edição: Ocarina. Porta-voz (e co-fundador) do grupo: Abílio Machado  (que esteve connosco em Bambadinca, entre Maio de 1970 e Março de 1971;  ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; fizemos lá uma bela amizade: ele, um periquito, um alferes de secretaria da CCS, e nós, operacionais, pretos de 1ª classe, da CCAÇ 12, uma companhia de intervenção africana, ao serviço dos senhores da guerra de Bambadinca e de Bafatá; nós, eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Zé da Ilha, o GG - Gabriel Gonçalves e outros, noctívagos, que gostávamos de cantar, beber, conviver, de preferência, pelas altas horas da noite...

Vídeo: 2' 20''.   ©  Luís Graça (2010). Alojado no You Tube > Nhabijoes. Reprodução com a devida autorização do grupo.


 


Toque de Caixa. Novo CD: Cruzes,  Canhoto. Tema 4: Em Tarde Ser (Miguel Teixeira / Albertina Canastra)... Um dos temas mais bonitos do novo CD. Primeiro estranha-se, e depois entranha-se...

Vídeo: 5' 25''. © Luís Graça (2010). Alojado no You Tube > Nhabijoes. Reprodução com a devida autorização do grupo.



Elementos do grupo: Miguel Teixeira: Cordas;  Horácio Marques: Cordas;  Albertina Canastra: Acordeão, Concertina;  Fernando Figueiredo: Baixo;  Emanuel Sousa: Violino, Bandolim;  Teresa Paiva: Gaita de Foles, Flautas;  Tiago Soares : Percussões;  Pedro Cunha: Piano;  Abilio Machado : Voz e Percussões.


No sítio oficial da banda pode ler-se o seguinte sobre a sua história:

(i) O Toque de Caixa nasceu, na cidade da Maia,  com os cantares de janeiras, no natal de 1985.

(ii) O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros.

(iii) O moderno e o antigo são elementos de fusão para uma "nova música tradicional".

(iv) Entre Julho e Setembro de 1993 grava com a editora Numérica o disco histórias do som (**) que faz a sua edição em Novembro em colaboração com a Cooperativa Cultural Etnia.

(v) Este disco foi considerado, nesse ano, o melhor trabalho de música popular portuguesa, pela principal crítica especializada nacional.

(vi) Ao longo anos da sua existência, o grupo participou em vários festivais e encontros musicais de grande renome e importância a nível europeu. Actuou em França, Espanha, Alemanha e Grã-Bretanha.

(vii) Neste último país fez duas digressões participando entre outros, em prestigiados festivais como os de Lincoln, Llangollen, Pontardawe, Garden Festival e European Arts Festival, Eurofolkus Festival, juntamente com Maddy Prior, Dave Swarbrick, Kathryn Tikell, etc…

(viii) Está, também a nível discográfico, representado internacionalmente na editora Elipsis Arts, de Nova Iorque, em duas colectâneas com distribuição mundial.

(ix) Acabou de editar o novo disco Cruzes Canhoto, fim do ano de 2009.

(x) Em Lisboa, o disco foi apresentado na FNAC Colombo, no dia 12 do corrente.

Com a simplicidade que o caracteriza e a magia que ele tem para descobrir talentos e juntar pessoas à volta de projectos ou simples afinidades (neste caso, o gosto da e pela música), o Abílio disse tudo isto por outras palavras (**):

"O Toque de Caixa surge em 85/86, quando, tendo mudado a minha morada para a Maia, encontrei um grupo de jovens com potencialidades que me pareceu de aproveitar. Criou-se um grupo base, no início ainda demasiado numeroso, que se foi depurando ao longo dos meses de elementos com menos qualidades. Os inevitáveis contactos com outros grupos da zona do Porto permitiram que, por alturas de 90, se desse uma espécie de fusão com outro grupo em desagregação.


"Um outro processo de decantação ao longo do tempo permitiu que rapidamente o Toque de Caixa adquirisse uma qualidade que manifestamente não tinha nos seus primeiros tempos. Era a altura do director musical (era eu) ceder o lugar a quem mais sabia da marinhagem em tais ondas. Em boa hora o fiz, pois corríamos o risco de afogamento por cansaço ou inanição" (...).

Alguns dos nossos amigos e camaradas da Guiné, e sobretudo alguns leitores mais distraídos, poderão perguntar: Mas o que é estes gajos têm a ver connosco ? Não andará para aqui publicidade encapotada para ajudar os amiguinhos, à boa (ou má) maneira portuguesa  ?... Rejeito redendondamente essa malévola insinuação...

Esta série chama-se Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres, e pretende divulgar os diversos talentos dos membros da Tabanca Grande, os nossos saberes, incluindo o saber-ser e saber-estar... Sem esquecer os nossos lazeres... Por aqui já passaram referências a diversas actividades artísticas ou criativas, ou simplesmente culturais (incluindo as gastronómicas). 

É uma série que serve para a gente se dar a conhecer melhor uns aos outros, divulgar as coisas boas e lindas do nosso Portugal (ou da nossa Guiné...).

Pois é, se me permitem uma sugestão: comprem o CD  na loja de música mais próxima (na FNAC foi lançado a menos de 14 €), e ponham-no a tocar no vosso carro... Aqui só nos posso dar um cheirinho... Na página do grupo, poderão encontrar mais alguns registos áudio: 3. Fado da Gaita; 14. Janson; 15. Senhora dos Remédios... Um dos meus temas de eleição é o 11. Fiadouro (Tradicional Miranda do Douro)...

E como hoje Dia Internacional da Poesia, aqui fica a letra (popular) do tema Fiadouro:

Qu' estrigas tenho na roca,
que maçaroca eu farei,
que amores tão lindos tenho,
sem os buscar, os achei.

Minha mãe não quer q'eu baia
onde gostam de me ber,
quantas boltinhas eu dou
sem minha mãe o saber.

Prendi o sol c'uma fita,
as estrelas com um cordão,
a lua c'um cadeado
e a ti no meu coração.

(Recolha do Toque de Caixa)

Seguramente que os dias, as manhãs e as tardes,  que vocês passam  nas filas de trânsito das nossas engarrafadas cidades, custarão menos a passar. A caixa de música do Bilocas (sem ofensa para o resto do grupo...), isto é, o Toque de Caixa que ele ajudou a criar e a crescer como se fosse um filho, é mesmo uma fonte de alegria contagiante, uma lição de talento, um produto de sucesso em cuja composição vamos encontrar inspiração, sem  dúvida (10/20%) e sobretudo, muita, muita transpiração (80/90%)... E acima, acima de tudo, 1000%, de puro prazer, paixão, amizade, solidariedade,  team-building, liderança, persistência, trabalho sério... 

O Toque de Caixa é uma festa! Antes de mais, uma festa de amigos para amigos!... O problema é que eles já se tornaram imprescindíveis... Venha, pois, o 3º CD, mesmo que não seja já para o ano, que o Toque de Caixa é como o vinho do Porto:  precisa de tempo para libertar os sons, os seres, os saberes, os sabores... E sem isso não há fruição, não há lazer(es)... LG

PS - Ontem, dia 20, começou a Primavera. Exactamente às 11h44... E a 28 vamos mudar a hora... O Toque de Caixa vem anunciar-nos a Primavera... Que falta nos estava a fazer, a Primavera, e a caixinnha de música do nosso Bilocas e dos seus amigos...

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Notas de L.G.:

sábado, 13 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5985: Os nossos seres, saberes e lazeres (16): Foi bonita a festa, Bilocas! ...Ainda e sempre pões a malta a Toque de Caixa! (Luís Graça)














Capa do 2º álbum, Cruzes, Canhoto,  do grupo musical nortenho, Toque de Caixa. A editora é a Ocarina.  Quinta feira, dia 12, foi apresentado o disco na loja da FNAC Colombo, em Lisboa.  A malta do nosso blogue marcou presença!...

Num próximo poste prometo inserir um pequeno vídeo com a actuação do Grupo, de que o Abílio Machado, o nosso Bilocas, baladeiro-mor de Bambadinca (1970/72), é um dos pais-fundadores... Ele sempre teve um especial talento para identificar e alocar talentos, juntar a diversidade, gerir a complexidade... Do Toque de Caixa pode dizer-se: "Ninguém é perfeito, mas juntos podemos sê-lo!"... É esse o segredo do grupo e do nosso camarada, que sempre foi um homem de múltiplos seres, saberes e lazeres... Estou-lhe a escrever do Porto e tenho pena de ter que me levantar muito cedo, não podendo por isso fazer serão e escrever um poste com outro fôlego e brilhantismo... Do grupo direi que fiquei impressionado com o facto de todos eles e elas tocarem diversos instrumentos, com paixão, rigor, competência... e sobretudo de terem uma enorme alegria em palco!... Bravo, Bilocas! Bravo, malta do Toque de Caixa!


Toque de Caixa: Em primeiro plano, o Miguel Teixeira, o actual "chefe da banda" (Voz, Guitarras, Rajão, Cuatro, Timple, Flauta, Sansula, Bodrham, Adufe, Percussões)... É o homem da produção, direcção musical e arranjos...


Toque de Caixa:  Em primeiro plano, Horácio Marques (Guitarras, Viola Braguesa, Percussões Várias)...Em terceiro plano, Fernando Figueiredo (Baixo Acústico e Eléctrico)



Toque de Caixa: Emanuel Sousa (Violino, Bandolim, Voz, Concertina, Percussões Várias), Albertina Canastra (Acordeão, Melódica) e Teresa Paiva...




Toque de Caixa: Pedro Cunha (Pianos, Sintetizador)

Toque de Caixa: Em prirmeiro plano o Abílio e, a seu lado, o Tiago Soares,outro homem dos sete instrumentos (Adufe, Caixa, Timbalão,  etc.)

Toque de Caixa: A Teresa Paiva (Flautas, Tin Wistle, Gaita de Foles) e o Abílio Machado (Voz, Adufe, Outras Percussões)... Dois elementos do grupo original, cuja origem remonta a 1985/86...

O Abílio Machado com o ex-Alf Mil Sapador Luis R. Moreira (hoje reformado como professor do ensino secundário) e Júlio Campos, ex-Fur Mil Sapador, ambos da CCS / BART 2917... O Júlio, de rendição individual, chegará a Bambadinca em, Março de 1971, quando a malta da CCAÇ 12 faziam as maltas, aguardando o respectivo periquito


Em primeiro plano, o Humberto Reis, a Alice Carneiro... Na segunda fila, vê-se o Luis R. Moreira (CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/71, tal como o Abílio; gravemente ferido em mina A/C no dia 13 de Janeiro de 1971, tal como o António Marques, da CCAÇ 12) e o GG - Gabriel Gonçalves (ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71, baladeiro de Bambadinca, tal como o Abílio)


Uma agradável surpresa foi a presença do meu querido amigo e camarada António Marques (ex-Fur Mil CCAÇ 12) e esposa...


Uma grande alegria para o Abílio foi reencontrar em Lisboa, pela minha mão, um antigo colega de trabalho, da indústria farmacêutica, o José V. Oliveira (que veio acompanhado da esposa, Conceição; um casal nosso amigo, meu e da Alice).


Fotos e texto: © Luís Graça (2010). Direitos reservados

quarta-feira, 10 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5967: Agenda Cultural (65): O Abílio Machado (ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72) a Toque de Caixa, na FNAC Colombo, Lisboa, 5ª feira, 11, às 18h00


1. Mensagem que o Abílio Machado [ na foto acima, o homem do adufe, na ponta direita,] mandou aos seus amigos do sul (Luís Graça, Humberto Reis, Gabriel Gonçaves, Tony Levezinho, que outrora fizeram parte da CCAÇ 12, e que estiveram em Bambadinca juntos com ele pelo menos 9 meses, entre Maio de 1970 e Março de 1971, bem como ao seu camarada da CCS, o ex-Alf Mil Capelão Arsénio Puim, natural dos Açores, membro igualmente da nossa Tabanca Grande):

Meus caros :

Um abraço a todos.

Tinha prometido que avisaria e aí vai : o Toque de Caixa estará no próximo dia 11 do corrente em Lisboa . Às 15 horas participará no programa Viva a música, de Armando Carvalheda, na Antena 1, transmitido do Teatro da Luz; às 18 horas, estaremos na FNAC, do Colombo, para um pequeno concerto de promoção do novo CD [, Cruzes Canhoto].

Espero que estejam todos bem.

Um abraço, Abilio Machado



2. Em 22 de Janeiro último, já nos tinha enviado um exemplar do CD[, imagem da capa, à esquerda]:

Caros amigos :

Enviei-vos o último CD do Toque de Caixa.  Fresco como um naco de boroa, a rescender a fumo e odor do forno .

Espero que o tenham recebido em boas condições. Depois de meses de trabalho, intenso às vezes ,ele aí está .

Não sei ainda a data de apresentação em Lisboa, mas sei que estaremos no programa Viva a Música,da RDP Antena 1, no dia 11 de Março, no Teatro da Luz .

No mesmo dia estaremos na FNAC,às 18,30 h .

Se houver concertos na zona de Lisboa, avisarei com tempo .

Um abraço a todos
Abilio Machado

3. Comentário de L.G.:

Bilocas: o teu/vosso novo trabalho, Cruzes Canhoto, já anda há mês e meio a fazer a 2ª circular, de casa para o trabalho e do trabalho para casa, bem como as viagens à Lourinhã, ao Porto, a Candoz, e por aí fora... Já lá está na caixinha de música, tal como o primeiro que me ofereceste em tempos (*)...

Parabéns pelo vosso profissionalismo, talento, dedicação e amor à nossa música, à nossa cultura, à nossa gente, às nossas raízes... Não, não é a estafada e requentada música folclórica do antigamente, é criação e recriação do melhor que o novo povo nos deixou em termos de patrimonónio musicográfico. Faço minhas as vossas palavras de auto-apresentação, no vosso sítio:

  "O Toque-de-Caixa nasceu com os cantares de janeiras, no Natal de 1985. O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros. O moderno e o antigo, são elementos de fusão para uma nova música tradicional."...

Nova música tradicional: eis talvez o termo apropriado... Em tempo farei a minha recensão crítica do CD... Para já convido todos os amigos e camaradas da Guiné a comparacer, amanhã, na loja da FNAC - Colombo, em Lisboa, às 18h00 em ponto, para dar um abraço ao Abílio e conhecer os seus amigos do Toque de Caixa, gente de múltiplos talentos que nos traz os sons, únicos, ora alegres ora intimistas, vocais e intrumentais, da nossa música... Os sons da folia, da festa, do adufe à gaita de foles, da rebeca ao cavaquinho, os sons das fabulosas vozes humanas com sotaque nortenho, os sons da saudade,  da brincadeira, do amor, da poesia... Os sons do profano, do sagrado, do colectivo, do individual...

E porquê este título,  Cruzes, Canhoto!,  ? O próprio grupo dá a resposta: "Juravam-nos mortos, vejam só! Leram responsos, vieram os óleos santos, a vala já aberta. Até nós nos divertíamos a compor o epitáfio.... Cruzes, canhoto! Cá estamos a esconjurar o mafarrico... Porque isto da música é obra daquilo que nos apraz. A música eleva-nos, enleva-nos, transporta-nos, transforma-nos. Só ela nos sustém o ânimo. E a teimosia, velha como a vida. Somos a erva daninha....e a fénix! Na adversidade, mergulhámos fundo as raízes e apegámo-nos à terra. Das músicas tradicionais, cantadas por vozes deste tempo, passando pelo fado, sem esquecer as continuas influências de outras paragens. Incorporamos sons e criamos sotaques musicais. Aqui deleitamo-nos com os nossos sonhos, os nossos ambientes plenos de sentimentos, de fantasia. Amizades que recheiam melodias. Nada se faz sozinho. Tudo é para ser complementado...daí contarmos convosco! Começa o sonho...como quem conseguiu encontrar o que andava perdido. Se uma só nota deste trabalho vos provocar um arrepio de alma, diremos que valeu a pena voltar!" (...)
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3579: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (7): A Toque de Caixa, com o Abílio Machado, ex-baladeiro de Bambadinca (Luís Graça)

(...) O Toque de Caixa surge em 85/86, quando, tendo mudado a minha morada para a Maia, encontrei um grupo de jovens com potencialidades que me pareceu de aproveitar. Criou-se um grupo base, no início ainda demasiado numeroso, que se foi depurando ao longo dos meses de elementos com menos qualidades. Os inevitáveis contactos com outros grupos da zona do Porto permitiram que, por alturas de 90, se desse uma espécie de fusão com outro grupo em desagregação.

Um outro processo de decantação ao longo do tempo permitiu que rapidamente o Toque de Caixa adquirisse uma qualidade que manifestamente não tinha nos seus primeiros tempos. Era a altura do director musical (era eu) ceder o lugar a quem mais sabia da marinhagem em tais ondas. Em boa hora o fiz, pois corríamos o risco de afogamento por cansaço ou inanição. (...)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

Viana do Castelo, 16 de Maio de 2009 > Convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > O antigo capelão do batalhão, o ex-Alf Mil Arsénio Chaves Puim, que seria preso pela PIDE/DGS no dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 1971, levado para Bissau e expulso do Exército (1). Está reformado como enfermeiro do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma dos Açores. Vive na sua ilha natal, Santa Maria (2).

Ainda hoje me interrogo sobre quem, civil ou militar, o tramou... Dele escreveu o seu amigo, camarada e companheiro de quarto, o Abílio Machado, o Machadinho (como ele lhe chamava; Bilocas, para os amigos da CCAÇ 12): "A coragem de um padre que não abdicou de o ser lá onde era o seu sítio: o altar" (1)... Poucos de nós tiveram tomates para tomar as posições que ele tomou: refiro-me àqueles de nós, como eu, que eram, em consciência, contra a guerra mas que a fizeram (3)... (LG)

Foto: © Benjamim Durães (2009). Direitos reservados



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Março de 2007 > O interior da capela onde, entre outros, rezava missa o Alf Mil Capelão Puim (CCS / BART 2917, 1970/71) e, em 1 de Janeiro de 1971, rezou pela paz, antes de ser preso pela PIDE/DGS. Eu nunca lá entrava a não ser em caso de velório, quando funcionava como capela mortuária.

Convivi pouco (ou melhor, não o suficiente) com o capelão Puim, o angélico, frágil mas corajoso Puim, que era contudo mais velho dez anos do que nós. Já não ia missa nessa idade, e muito menos na Guiné, em Bambadinca. Além disso, a malta da CCAÇ 12 tinha uma intensa actividade operacional, ao serviço do façanhudo Comando do Batalhão, que nos explorou até ao tutano, sobrando pouco tempo para conviver com a malta da CCS (com algumas excepções...).

Bom, hoje estou sinceramente arrependido de nunca ter ouvido uma homilía do Puim, mesmo por simples curiosidade intelectual, por solidariedade humana, por camaradagem... Na altura, eu achava que todos os capelães militares eram escolhidos a dedo e estavam bem integrados no sistema. Não me dei conta que os efeitos devastadores da guerra colonial também afectavam os homens encarregues de zelar pelo conforto espiritual e a salvação das almas dos nossos combatentes. Além disso, o Concílio Vaticano II tinha mexido profundamente com a Igreja (ultraconservadora) que nós conhecíamos (e que alguns de nós já contestavam), desde o nosso tempo de meninos e moços (3)...

Espero poder compensar, de algum modo, esse tempo perdido com o nosso próximo convívio, ao vivo ou em linha, usando a nossa Tabanca Grande, aqui onde o mundo se torna um pouco pequeno, aconcjegado, amigável e até bonito... Tive imensa pena, Arsénio, de não ter podido ir a Viana dar-te um abraço de saudade e de camaradagem... Aceita, por isso, o nosso reiterado convite para figurares na lista dos Amigos & Camaradas da Guiné...Haveremos de ir a Viana, ou a Santa Maria, ou a outro sítio qualquer, para continuarmos uma conversa que ficou interrompida durante quase quatro décadas... É muito tempo, camarada! (LG)

Foto: © Carlos Silva (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do Benjamin Durães:

Luís, sim, o Puim esteve presente em Viana do Castelo no dia 16 de Maio (4), e foi com muita alegria que o recebi, a ele, à irmã e ao cunhado na Fortaleza de Santiago da Barra.

Com algum espanto verifiquei que o Puim reconheceu uma grande maioria - em especial, os ex-oficiais e sargentos e muitas praças - dos camaradas que com ele conviveram na Guiné: Abílio Machado, Cabete, Beato, Félix Torres, Durães, David Guimarães, Rocha, Borges, Jorge Cabral Bernardo, Gancho, Moreira, Mário Teixeira (o Sacristão do BART), Brás, Cunha e muitos outros (5).

Está ainda com uma boa memória visual dos ex-camaradas. Também perguntou por muitos outros ex-Milicianos, tais como:

- o Dr. Gonçalves Ferreira;

- o José Coelho [,ex-Fur Mil Enfermeiro] e Isabel;

- o António Carlão [, ex-Alf Mil CCaç 12,] e Helena (o Carlão na 5ª Feira prometeu-me estar presente na tarde de sábado em Viana do Castelo, encontro a que faltou);

- o Leão Lopes e Cecílía (O Leão Lopes, ex-Furriel do BENG 447, é um reputado pintor e cineasta em Cabo Verde, ex-Ministro da Cultura e Comunicações de Cabo Verde, Professor Universitário de Assuntos Africanos em França e, ao que suponho, actualmente Presidente da ONG ATELIER MAR em Cabo Verde) (6);

- Ex-Capitães Silva Agordela, Amaro dos Santos e Espinha de Almeida.

Ao Puim foi dado o número do telemóvel do Henriques (o da encarnação de Bambadinca, hoje Luís Graça) e o contacto do Gonçalves Ferreira (em Oeiras e em Lisboa), como haviam pedido.

Só houve uma pequeno permenor, pois o nosso Puim nunca me perguntou pelo cantador do RIO QUE LAVAS NO RIO (7)

Um Abraço Luís

DURÃES

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

(2) Vd. poste de 16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2444: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/BART 2917, hoje enfermeiro reformado e um grande mariense (Luís Candeias)

(3) Vd. poste de 5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

(4) Vd. poste de 18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4372: Convívios (131): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

(5) Vd. poste de 15 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1527: Lista de ex-militares da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e unidades adidas (Benjamim Durães)

(6) Vd. excerto de notícia de O Liberal On Line, de 23 de Abril de 2009:

(...) LEÃO LOPES NOMEADO PARA O PRÉMIO ANDORINHA DIGITAL

Bitú, de Leão Lopes, uma longa metragem de 52 minutos, é um dos filmes nomeados pelo júri de selecção como candidato a melhor filme-documentário do Andorinha Digital, um dos prémios atribuídos no III CINEPORT, Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa, que vai decorrer em João Pessoa, capital de Paraíba, Brasil, de 4 a 14 de Maio [de 2009]

(...) Leão Lopes, fundador da Mindelo – Escola Internacional de Arte, dinamizador cultural e fundador da ONG Atelier-Mar, é um polifacetado intelectual de S. Vicente, a um tempo artista plástico, fotógrafo, escritor (autor de A História de Blimundo e de Unine) e cineasta, realizador de Ilhéu de Contenda (1994). (...)


(7) Vd. postes de:

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3582: Cancioneiro de Bambadinca (2): Brito, que és militar... (Gabriel Gonçalves, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)

14 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1525: Tertúlia: Durães, Vinagre & Cª Lda, do BART 2917 (Humberto Reis)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4301: In Memoriam (22): Carlos Rebelo, a última batalha (Abilio Machado, ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72)


Viseu > 16 de Abril de 2008 > O Carlos Rebelo no último convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). Na mesma mesa, assinalado com um rectângulo a verde, o Abílio Machado (*).

Fotos:© Benjamim Durães (2009). Direitos reservados


1. Mensagem do Abílio Machado, ex-Alf Mil, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72):


Caros amigos:

O Carlos Rebelo jaz agora em descanso (**).
Finalmente.
O seu rosto sereno diz a quem o vê
que ele precisava de descansar.
O filho, Carlos Filipe, disse-me ontem
que esta foi uma guerra dura.
A segunda da vida.
Não a perdeu.
Foi descansar.
O Rebelo foi sempre um homem inquieto,
curioso,
informado,
interventivo.
Assim foi até ao fim.
Não o esqueceremos .

Um abraço a todos,
Abílio Machado (***)

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste do 16 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2847: Convívios (57): CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Viseu, 26 de Abril (Jorge Cabral)

(**) Vd. poste de 6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4291: In Memoriam (21): Faleceu hoje o nosso camarada Carlos Rebelo, ex-Fur Mil, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)

(***) Vd. postes de:

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3579: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (7): A Toque de Caixa, com o Abílio Machado, ex-baladeiro de Bambadinca (Luís Graça)

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1635: Amigos, enquando vos escrevo, bebo um Porto velho à nossa saúde (Abílio Machado, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

28 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1631: À amizade (Abílio Machado, CCS do BART 2917/ Humberto Reis, CCAÇ 12)

13 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3579: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (7): A Toque de Caixa, com o Abílio Machado, ex-baladeiro de Bambadinca (Luís Graça)

Capa do 1º CD do grupo musical Toque de Caixa, de que o Abílio Machado, ex- Alf Mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/2) é um dos pais-fundadores: História do som. Edição: Numérica & Etnia, 1993. O design da capa é de dois elementos do grupo, o Miguel Teixeira e o Horácio. O Miguel é tanbém o autor de 8 dos 15 temas (ou o responsável pelos arranjos, no caso de temas tradicionais), incluindo 4 originais.

Contracapa: "Nascemos com o dealbar de 1986. Ao gosto comum pela música juntamos um cimento forte: a amizade. Solidária. Com ela planeámos o alicerce, erguemos a casa, polimos arestas, calafetámos as brechas. Algumas houve. No puxar do cimento racha sempre a parede mais frágil.

"Quantas vezes se nos esmoreceu a alma. De uma penada, víamos falecido o ânimo. Mas sempre remoçamos. A cada porta que se fechou, outra se nos oferecia, às escâncaras.

"Este dia foi um marinar lento. Um borbulhar quieto. Nem por isso nos parece requentada a receita. Se não o pretendemos um prato especioso, menos o consideramos malga de água chilra. Servimo-lo apurado, ao nosso gosto.

"Toque de Caixa, História de Som, 1993"

O autógrafo de um velho camarada e amigo de Bambadinca: "Com um abraço do Abílio Machado".

Tema 2, Agora baixou o sol / Alvorada (tradicional, Trás-os-Montes, 4' 52''); tema 14, O Amigo Vagabundo (5' 21''), de Ferrer Leandro, bem como mais outros dois ou três temas do álbum podem ser ouvidos, em gravação áudio, na página Myspace > Toque de Caixa, basta clicar na hiperligação). Estes dois são alguns temas dos meus favoritos. O tema 1 é também lindíssimo, com um solo fabuloso de flauta (Encosta do Silêncio, de Miguel Teixeira, 1' 14''). Outro tema disponível é o 13 (Encontro, tradicional, Beira Baixa, 3' 08''). Reconheci a voz do Abílio nalguns destes temas, uma voz que não ouvia - até Outubro de 2007 - desde 1971, em Bambadinca... Podem ainda ouvir-se dois temas, extras, que não fazem parte do álbum de 1993... A Valsa Venezuelana é um tema que convida à dansa e faz-me lembrar os bailes mandados dos camponeses do Norte que eu só conheci... em 1975. Em suma, o melhor da música tradicional, reiventada pelos Toque de Caixa, que são mesmo uma caixinha de surpresas... Venha o segundo CD, o mais rápido possível! Sei que a banda já está em gravações (pelo menos já fez 10 sessões até agora)!


Composição do grupo em 1993:

Abílio [Machado]: voz, guitarra, teclas, percussão;
Albertina Canastra: acordeão, concertina, teclas, percussões;
Edgar: percussão;
Emanuel: violino, bandolim, acordeão, concertina, teclas, percussões, voz;
Horácio: guitarra, viola braguesa, percussões;
Luís Viegas: voz, percussões;
Miguel Teixeira: guitarra, viola braguesa, rajão, quatro, o carina, percussões, voz; Rosa Pilão: percussão;
Tereza Paiva: gaita de foles, flautas, percussões.


1. Mensagem do Abilio Machado, com data de 30 de Outubro último (*):

Assunto - Novo CD ...

Meu caro:

Como podes ver, estou a usar um novo endereço (podes usá-lo de futuro, se o entenderes).

Respondendo ao teu mail recente, espero que desta vez o computador, após o transplante do disco, tenha ficado em ordem.

Vou enviar-te ainda hoje o CD original do Toque de Caixa. Descobri não sei como, no meio de velharias culturais que amontoo, em desalinho, esta raridade. É uma raridade, de facto: não pelo valor artístico (que o tem - ganhou em 93 o prémio José Afonso para o melhor disco editado nesse ano),mas porque não há seguramente outro exemplar no mercado. Mesmo em mãos de elementos do grupo Toque de Caixa não é fácil encontrá-lo. Usa e abusa ... é teu .

O teu mail foi quase providencial, pois surge numa altura em que finalmente decidimos partir para a gravação de um novo trabalho. Já vamos na terceira sessão de estúdio e as coisas estão a avançar. Espero que não claudiquem como de outras vezes. Desta vez é a sério!

E vem em boa altura, agora que se verifica um ressurgimento da música tradicional, com o aparecimento de vários grupos a fazer coisas interessantes nesta área .

Em jeito de retrospectiva, o que diria ?

O Toque de Caixa surge em 85/86, quando, tendo mudado a minha morada para a Maia, encontrei um grupo de jovens com potencialidades que me pareceu de aproveitar. Criou-se um grupo base, no início ainda demasiado numeroso, que se foi depurando ao longo dos meses de elementos com menos qualidades. Os inevitáveis contactos com outros grupos da zona do Porto permitiram que, por alturas de 90, se desse uma espécie de fusão com outro grupo em desagregação.

Um outro processo de decantação ao longo do tempo permitiu que rapidamente o Toque de Caixa adquirisse uma qualidade que manifestamente não tinha nos seus primeiros tempos. Era a altura do director musical (era eu) ceder o lugar a quem mais sabia da marinhagem em tais ondas. Em boa hora o fiz, pois corríamos o risco de afogamento por cansaço ou inanição.

Foi naturalmente que em 92 nos propusemos a gravação desse CD. Foi gratificante tê-lo feito: pelos encómios, pela vivência, pelos concertos, pelas viagens a todo o lado ... Enfim, anos cheios de música preencheram a nossa vida. Vida que, porém, também nos vai lembrando que nem só de música vive o homem. Todos fomos assumindo responsabilidades de todo o tipo, familiar, profissional e isso começou a dificultar voos mais largos e projectos de mais fôlego.

Esmorecemos, mas nunca fechámos a loja. Houve um tempo até em que decidi, por razões também profissionais, sair do grupo, assegurando embora uma substituição vantajosa .
Já em situação de pré-reforma e com tempo disponível, retorno ao grupo como manager (?) e agora dando também apoio a nível vocal e de percussões .
É isto em síntese.

Prometo que logo tenhamos o novo CD terminado (não sei ainda quando - estamos a fazer uma sessão semanal em estúdio), chegar-te-á às mãos embrulhado num abraço de muita amizade, que é o que te envio agora.

Dá notícias.

Abilio Machado (**)

A antiga formação do Toque de Caixa: não tenho a certeza de reconhecer o Abílio na foto: poderá ser o primeiro da esquerda, na última fila, de pé ?


Membros da banda desde 29/3/07: Miguel Teixeira: Cordas; Horácio Marques: Cordas; Albertina Canastra: Acordeão + Concertina; Fernando Figueiredo: Baixo: Emanuel Sousa: Violino + Bandolim; Teresa Paiva: Gaita de Foles + Flautas; Tiago Soares: Percussões; Pedro Cunha: Piano; Nelson Silva: Som.

Fonte: Myspace > Toque de Caixa (2008) (Com a devida vénia...

Ainda sobre o Toque de Caixa, pode ler-se na sua página:

O TOQUE-DE-CAIXA nasceu com os cantares de janeiras, no natal de 1985. O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros. – O moderno e o antigo, são elementos de fusão para uma “nova música tradicional”.

O TOQUE-DE-CAIXA tem participado, ao longo dos longos anos da sua existência, em vários festivais e encontros musicais, entre os quais se destacam concertos e festivais de grande renome e importância a nível europeu, em países com a França, Espanha, Alemanha e Grã-Bretanha.

De referenciar, duas digressões: a primeira em Agosto de 1992, onde participou em mais de 15 concertos, incluindo prestigiados festivais como os de Lincoln, Llangollem, Pontardawe, Garden Festival e European Arts Festival; na segunda digressão nestas terras participa, entre outros, no Eurofolkus Festival, partilhando os palcos com Maddy Prior, Dave Swarbrick, Kathryn Tikell, etc…

Durante esta digressão fazem vários workshops para escolas primárias, universidades, foras musicais, etc… o grupo recolheu memorável sucesso tanto entre as audiências como entre os vários músicos participantes!

Entre Julho e Setembro de 1993 grava com a editora 'Numérica' o disco “histórias do som” que faz a sua edição em Novembro em colaboração com a Cooperativa Cultural Etnia. Este disco foi considerado, nesse ano, o melhor trabalho de música popular portuguesa, pela principal crítica especializada nacional.

Está, também a nível discográfico, representado internacionalmente na editora Elipsis Arts, de Nova Iorque, em duas colectâneas com distribuição mundial.

O Grupo ganhou, ainda nos anos 90, o prestígiado Prémio José Afonso.


Fonte: Myspace > Toque de Caixa (2008) (Com a devida vénia...)


1ª Página do Sitio da Banda Melech Mechaya, de que faz parte o João Graça


2. Comentário de L. G.:

Há mais de um atrás (20 de Outubro de 2007) mandaste-nos, pelo correio, uma cópia do CD do teu grupo musical, a mim, ao Humberto Reis, ao Tony Levezinho e ao Gabriel Gonçalves. Foi uma revelação para mim: passei a ouvi-lo regularmente, no meu carro, a gasóleo, com o qual faço as viagens para fora de Lisboa (Lourinhã, Porto, Candoz...). Cá em casa, ficámos todos fãs do grupo. Somos quatro, incluindo um músico, o João (24 anos, médico e violonista da banda Melech Mechaya). O João, por exemplo, adora o tema 10, Aula de Música, de Miguel Teixeira, lenga-lenga, tradicional (3' 47'')...

Na altura, eu escrevi-te, de resto, o seguinte:

24/10/07

Bilocas: Obrigado, já recebi [o CD] em boas condições e fiz uma primeira audição. Grande nível de execução. O grupo revela já uma grande maturidade. Há temas que me arrepiaram. O segundo por exemplo... A nossa música popular é riquíssima e merece ser melhor divulgada. Dás-me autorização para pôr uma das faixas, em vídeo, no nosso blogue ? Preciso só de saber o título das músicas, o nome do grupo e o ano da gravação… Se me permites, queria incluir isto numa 'estória de vida': como é que a 'paixão da músicao' sobrevive à guerra da Guiné…. Mandas-me duas ou três 'notas' sobre a tua actividade de animador e líder do grupo ? Podes acrescentar duas ou três coisas sobre a tua 'comissão' em Bambadinca… Estou a ser amigo da onça… Vou ao Norte pelos Santos, se puder apito-te…


Respondeste-me a seguir, mas não satisfizeste a minha curiosidade, por teres o PC avariado:

31/10/07

Meu caro : Faz o que entenderes de qualquer dos temas do CD. O meu computador segue hoje para reparação, mas logo que mo devolvam escreverei o que me pedes .

Um abração
Machado


Acabámos por estar um ano 'incomunicáveis'... Que crueldade!... Sempre eu que ia ao Norte - e viu lá regularemente, sete ou oito vezes pro ano - dizia a mim mesmo que queria dar-te um abraço... O tempo passou e aqui estamos a nós a prometer que nos iremos ver pelo Natal...

Entretanto, recebi a minha prenda de Natal, antecipada... um exemplar, uma relíquia, do CD de 1993, do teu Toque de Caixa, o grupo que ajudaste a fundar e a crescer, conforma mail que já reproduzi acima...

Tomei a liberdade de reproduzir a capa e a contracapa do CD. A ti, espero ter-te feito esta pequena homenagem: tu bem a mereces; que o teu exemplo ajude também a iluminar os nossos caminhos. Um Alfa Bravo. Luís



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Finais de 1971 ou princípios de 1972 > CCS do BART 2917 (1970/72) > Noite de copos e de cantorias.

Ao lado do Paulo Santiago, comandante do Pel Caç Nat 53, de bigode, de camuflado, na ponta da mesa, está o Alf Mil Abílio Machado, à civil, de óculos, a fumar (assinalado com um círculo, a amarelo). Pertencia à CCS do BART 2917. Era minhoto, natural de Riba D'Ave. Antes da tropa, trabalhava numa cooperativa local. Daí a malta chamá-lo Bilocas da Cuprativa. Tinha um excelente relacionamento connosco, que eramos a velhice da CCAÇ 12 (1969/71). Tocava viola, era um dos nossos baladeiros. À esquerda do Machado, está um outro alferes, magrinho, que o Paulo Santiago garante que também pertencia à CCS, mas de cujo nome já não se recorda. O tipo da viola também não me é estranho... Privámos com esta malta do BART 2917 ainda cerca de 9 meses, desde meados de 1970 até Março de 1971... O BART 2917 veio substituir o BCAÇ 2852 (1968/70).

Estranhamente, não tenho uma única fotografia com o Abílio Machado... Já lhe pedi algumas... Vai mas dar no próximo encontro, na Maia, neste Natal...

(LG).

Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste desta sére > 3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3165: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (6): Com o José Manuel, in su situ, um pé no Douro e uma mão no Marão (Luís Graça)

(**) Vd. postes de:

13 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)

28 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1631: À amizade (Abílio Machado, CCS do BART 2917/ Humberto Reis, CCAÇ 12)



29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1635: Amigos, enquando vos escrevo, bebo um Porto velho à nossa saúde (Abílio Machado, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

(...) Nem ingratidão, nem desinteresse, nem desleixo ... a vida tout court, que me fez (a todos nós, quem sabe) muitas vezes desviar de quem estimava.

"Da guerra, com que nunca concordei, como sabem, guardo para mim as recordações que não pude apagar; e parece que nelas envolvi os meus próprios amigos: não os apaguei (não poderia!), mas guardei-os (guardei-os , sim!) com um afecto interior e uma discrição que, não fossem eles verdadeiros, teriam sido levados pelo olvido. Não foram, nunca foram.

"Em 2005, quando me desvinculei da empresa onde trabalhei, lancei-me a pôr em ordem os meus papéis. Ao organizar as fotos, lá está o que vocês eram (e são), a recordar-me uma vida que vivi, mas que parece quis manter em latência, como um baú velho onde guardamos as lembranças de família. Nem as minhas filhas sabem da missa a metade .(Enquanto escrevo, bebo à nossa saúde um velho Porto!).

(...) " Do Henriques, a célebre noite (e negra noite ! - eu era amigo do Cunha, porra!) em que o grito "Assassinos! Assassinos!" ecoou e fez emudecer a parada de Bambadinca!" (...).

(...) "O meu pós-guerra ?

"Em resumo: empreguei-me em 1973 como Delegado de Propaganda Médica. Labutei 12 anos de pasta na mão (em empresas italiana e americana ). Chefiei o sector Norte, 2 anos. Passei a Chefe Nacional de Vendas durante 6 anos. Retomei o controle do sector Norte. E, no fim de 2004, a BMS (Bristol-Myers Squibb) honrou-me com uma desvinculação por mútuo acordo. Aguardo em Junho próximo a passagem à reforma .

"Como hobbies, muitas coisas. A principal, o grupo de música tradicional que fundei,
Toque de Caixa (é verdade, Gabriel, a televisão) e que preencheu boa parte da minha vida .CD's, concertos, países, enfim...uma vida cheia ! Não me arrependo.

"Quanto ao resto, como diz a Elis Regina: casei...descasei...investi...desisti ... De facto, Humberto e Levezinho, já não estou com a Lua. Eclipsei, mas somos bons amigos.Temos duas filhas (Josina e Rita) e duas netas (Raquel e Renata - 4 anos e sete meses).

"A minha morada é: R. Ana da Fonte, 74 - Gueifães 4470-495 Maia e o telelé é o 917822171. Não perdoarei agora a nenhum de vocês que, se vierem ao Porto, não me contactem. Quer eu quer a minha nova companheira podemos receber-vos com alguma comodidade. Não há portanto desculpas. Por hoje chega. Acabou-se o Porto " (...).


17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

(...) O pudor em falar da guerra...
por Abílio Machado

(...) Meu caro Henriques (desvenda-se o mistério do nome): os nomes serão inócuos, as pessoas que eles ocultam, nem sempre o são. E há-as bem carregadas de contra-indicações e efeitos secundários. E incómodas, como o diabo...

"Aquela noite em Bambadinca … Ainda lembras ou também queres esquecer? Ainda hoje não sei - ou sei - como escapaste à psiquiatria … O que, naquelas circunstâncias, seria, apesar de tudo, o mal menor. Antes louco que preso. Seria ? (...).

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2847: Convívios (57): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Viseu, 26 de Abril (Jorge Cabral)


Encontro da CCS/BArt 2917


Mensagem do Jorge Cabral, de 12 Maio

Só agora me é possível dar notícia do Encontro da CCS/BArt 2917, realizado no dia 26 de Abril, em Viseu. Gostei, até porque consegui levar o Branquinho, e assim o Pel Caç Nat 63 esteve bem representado.

Abração,

Jorge



O Grupo




Afinal preocupo-me com a saúde. Aqui estou eu entre um Psiquiatra (Marques Vilar) e um Cardiologista (Mário Gonçalves Ferreira, autor do Romance Tempestade em Bissau) (1). Ambos me visitaram em Missirá, quando eu comandava o Pel Caç Nat 63, tendo o Mário, passado lá o Natal de 70, com o Padre Puim. O nosso David Guimarães, claro, sempre presente (à direita do Mário Gonçalves Ferreira).




Não sei que estória estou a contar... Mas todos, David, Dr. Drácula e Machado, ouvem com atenção.

__________

Adaptação do texto: vb.

(1) Vd. poste de 10 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2092: Antologia (61): Tempestade em Bissau (Mário G. Ferreira)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xitole > 1970 > O Padre Puim, capelão militar, de origem açoriana, com o furriel Guimarães da CART 2716. Devido às suas homilias, este capelão teve problemas com a PIDE/DGS, acabando por ser expulso do Exército, em 1971, tal como outros (o caso talvez mais famoso foi o do Padre Mário da Lixa, membro da nossa tertúlia). 

Infelizmente, é a única foto que possuímos do ex-Padre Puím, hoje enfermeiroo no Hospital de Ponta Delgada, segundo a informação que tenho. Obrigado ao Abílio, pela evocação desses tempos difíceis de Bambadinca (é o adjectivo mínimo que posso aqui utilizar), coincidindo com a parte final da minha comissão da serviço, como se dizia eufemisticamente. Obrigado também por te lembrares do Henriques, um gajo apanhado, e honrá-lo com a tua amizade. Sei que andou por aí algures, a tentar esquecer... Mas, de facto, não se esquece a Guiné (1)


Foto: © David J. Guimarães (2005). Direitos reservados.


Mensagem do Abílio Machado (ex-Alf Mil da CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72) (2), enviado com data de 31 de Março último:


Meu Caro:

Vê, por favor, o texto em anexo. Aparte o trecho final sobre o Puim, foi escrito - se bem tenho presente - logo na semana seguinte à minha presença no almoço da [CART] 2716 do Xitole, o ano passado, aqui no Porto . Encontrei-o aqui nas minhas coisas. Era já nessa altura minha intenção enviá-lo para o teu blogue . Mas perdi o endereço e por aqui ficou esquecido. Carecerá de actualizações mas vai mesmo assim.Vale o que vale e o que a memória deixa.

Um abraço

Abilio Machado

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O pudor em falar da guerra...

por Abílio Machado


Tenho a ideia de ter lido há muito, muito tempo – cada vez mais o tempo é pouco - num dos cadernos do Expresso - passe a publicidade - uma referência a algo cujo título se parecia muito com o tema deste blogue.

É uma reminiscência longínqua, confusa, que nada terá de real, eivada, portanto, dos erros e partidas que a memória nos vai pregando ao longo da vida. Relaciono essa leitura com uma época em que, por efeméride ou acaso, vários textos de ficção sairam sobre a guerra colonial.
Não é demência senil - espero - será antes o propósito confesso de esquecer.

A participação numa guerra é sempre uma baliza que ficará a marcar o campo onde as nossas vidas se jogam ou jogarão: mais ainda se a oposição a essa guerra é já uma ideia construída e consciente, como era o caso de muitos de nós.

Esta contradição de estarmos numa guerra de que ideologicamente, politicamente, discordávamos não foi, por certo, a menor das “culpas“ que tivemos de carregar e solucionar no íntimo de cada um de nós. Talvez por isso se contem pelos dedos - como eu me lembro de contar pelos dedos : quando uma mão não chegava, socorria-me dos lábios para continuar a contagem da outra – as vezes que falei às minhas filhas da guerra em que o pai estivera engajado.

Já o meu avô, velho combatente da 1ª Grande Guerra, nunca contou aos filhos as agruras que passou nas trincheiras, o que comiam (tudo o que mexia ), a fuga desordenada para a rectaguarda dos sobreviventes após o desastre da Batalha de La Lys, os gases tóxicos. A minha mãe pasmava, de olhos desorbitados :
-Quem te contou tudo isso?

É impressivo em demasia para ser contado… É uma reserva íntima. Assunto para ser guardado em baú de sótão, como as velhas fotografias de família.

Mas vamos ao que interessa. Por que acedo a este blogue? Não escondo que o faço sentindo que a emoção se me escapa para os dedos e para o teclado. Lá onde quer que a emoção habite …
Num almoço-convívio recente da Companhia sedeada no Xitole, para que fui convidado, o Guimarães deu-me conta e endereço do blogue e de quem se esconde por trás de um nome tão inócuo como Luís Graça.

Meu caro Henriques (desvenda-se o mistério do nome ) : os nomes serão inócuos, as pessoas que eles ocultam, nem sempre o são. E há-as bem carregadas de contra-indicações e efeitos secundários. E incómodas, como o diabo...

Aquela noite em Bambadinca … Ainda lembras ou também queres esquecer? Ainda hoje não sei - ou sei - como escapaste à psiquiatria … O que, naquelas circunstâncias, seria, apesar de tudo, o mal menor. Antes louco que preso. Seria ?

O exemplo do padre Puim - já não é padre: quem o é nos tempos de hoje? Uma instituição caduca! – é o paradigma do que poderiam ter feito naquela situação. E não o terão pensado?

O Puim. Outro exemplo impressivo. Memória perene. Porque há actos que, por dolorosos, queremos rejeitar, mas pelo exemplo não podemos esquecer. E ficam-nos como um padrão, ou uma tatuagem, ou um ferrete. Recortados no horizonte ou cravados na carne a frio são uma referência ou uma lembrança.

A coragem de um padre que não abdicou de o ser lá onde era o seu sítio: o altar. Já corriam, porventura trazidos pela brisa que vinda de certa Casa ribeirinha se espalhava às vezes serena, às vezes inquieta pela parada do quartel, uns ditos de que o padre Puim se desmandava nas homilias.

Os textos, ditos ou escritos, não eram visados pelo lápis azul. O Puim saberia disto? Não vou revelar o que penso, não quero ser inconfidente… E choveram relatórios para Bissau, por certo. Alguém que era regular nas missas.

E chegou o dia 1 de Janeiro – Dia Mundial da Paz. Ainda é ? Era-o em 1971. Ao que me disseram ( eu não ia à missa : as minhas missas com o Puim eram grandes conversas, edificantes, pela noite fora ), o Puim falou sobre a Paz.

Nessa semana, à socapa – houve um silêncio quase opressivo ou é efabulação minha? - aterrou uma DO. Alguém discreto fez-me chegar a nova de que algo se passava com o Puim. Fui ver. Encontro o Puim sentado na cama, nervoso mas determinado, olhando uns sujeitos que impiedosamente lhe desmantelavam o quarto descarnado, de asceta, à cata de … Abriam, fechavam gavetas, apressados … Acabei retirado do quarto.

E levaram-no com eles . Vi-o passar. Parecia mais sereno . Chegou-nos que teria sido mal tratado em Bissau até pela própria Igreja . E que teria sido exilado para a sua terra: haverá coisa pior? Um exílio no próprio chão que o viu nascer?

Ninguém é profeta na sua terra nem fazem milagres os santos que conhecemos. Mais tarde soubemos que estava de facto nos Açores. E que despira o hábito … Mas abraçara outro sacerdócio … A igreja será agora o Hospital de Ponta Delgada.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de Dezembro 08, 2005 > Blogantologia(s) II - (22): Esquecer a Guiné (Luís Graça)

(2) Vd. post de 29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1635: Amigos, enquando vos escrevo, bebo um Porto velho à nossa saúde (Abílio Machado, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Finais de 1971 ou princípios de 1972 > CCS do BART 2917 (1970/72) > Noite de copos e de cantorias.

Ao lado do Paulo Santiago, comandante do Pel Caç Nat 53, de bigode, de camuflado, na ponta da mesa, está o Alf Mil Abílio Machado, à civil, de óculos, a fumar (assinalado com um círculo, a amarelo). Pertencia à CCS do BART 2917. Era minhoto, natural de Riba D'Ave. Antes da tropa, trabalhava numa cooperativa local. Daí a gente chamá-lo Bilocas da Cuprativa. Tinha um excelente relacionamento com a malta da CCAÇ 12. Tocava viola, era um dos nossos baladeiros.

À esquerda do Machado, está um outro alferes, magrinho, que o Paulo Santiago garante que também pertencia à CCS, mas de cujo nome já não se recorda. O tipo da viola também não me é estranho... Privámos com esta malta do BART 2917 ainda cerca de 9 meses, desde meados de 1970 até Março de 1971... O BART 2917 veio substituir o BCAÇ 2852 (1968/70) (LG).

Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados


1. Mensagem do Humberto Reis (ex-furriel miliciano, de operações especiais, pertencente à CCAÇ 12, 1969/71) enviada ao Abílio Machado (ex-alferes miliciano, CCS do BART 2917, 1970/72)

Será possível que és o mesmo que eu, o Tony Levezinho e as nossas companheiras que há 35 anos nos aturam, visitámos em Riba d'Ave, no já longínquo ano de 1973 ? Estivemos em casa dos teus pais e em casa da Lua. Mais tarde procurei-te em Arca d'Água no Porto e perdi-te o rasto.

És o mesmo que animou algumas noites no nosso quarto (também conhecido por quarto das putas, não por elas que não existiam, mas por ser um quarto de rebaldaria só habitado por gente bem: eu, o Tony Levezinho, o Joaquim Fernandes, o Henriques (hoje, Luís Graça, o editor do nosso blogue) e o José Luís Sousa - o madeirense) em Bambadinca, juntamente com o Vacas de Carvalho, do pelotão Daimler, e o Gabriel Gonçalves (o cripto da minha CCAÇ 12)?

Se és, diz qualquer coisa... Se for engano, aqui fica desde já o meu pedido de desculpas por esta linguagem um pouco brejeira (tipo caserna).

Humberto Reis




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1969 > Três amigos do quarto das putas: Tony Levezinho, Humberto Reis e Henriques (aliás, Luís Graça), à mesa, no bar de sargentos... O Abílio Machado será capaz de os reconhecer hoje ?

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados

Comentário de L.G.:

Mas não há quaisquer dúvidas!... O nosso Abílio Ferreira Machado mora hoje na Maia (Rua Ana da Fonte, Gueifães...), segundo a lista que nos mandou o Benjamim Durães e que há-de ser publicada, em tempo oportuno, no nosso blogue (1). Telemóvel  (...).

Que saudades eu tenho do Bilocas da Cuprativa!... Era um gajo porreiríssimo e um dos grandes amigos que a malta da CCAÇ 12 fez em Bambadinca, no tempo do BART 2917... Humberto: espero que a tua mensagem chegue até ele e que ele se junte à nossa tertúlia... 

Lembro-me de tu e o Tony me terem falado da célebre visita que lhe fizeram, em 1973, em Riba d'Ave, era el4 casado com a Lua.... Em contrapartida, já não me lembro de qual era a especialidade dele: em todo o caso, sendo da CCS, não era operacional, como nós.
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Nota de L.G.:

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P923: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (2): Bambadinca


Guiné > Zona Leste > Bambadinca > Março de 1972 > O Caco [General Spínola] de visita à carreira de tiro de Bambadinca. À sua direita, o Polidoro Monteiro, ten-cor, comandante do BART 2917. À direita do Polidoro segue o Coronel Costa, do CAOP 2. À minha frente [eu estou de bigode e óculos escuroso], de farda nº 2 está o comandante do BART que substituiu o 2917.

A carreira de tiro situava-se 1 a 2 Km para lá da ponte de Undunduma, indo em direcção ao Xime. Imagina os arrepios que eu e o Vacas (era o oficial de tiro) sentíamos quando havia instrução de tiro nocturno. Era um local para cacimbados. Esta foto e a seguinte, a da formatura foram tiradas em meados de Março de 1972" (PS)

Esclarecimento adicional: Em Março de 1972 houve a sobreposição do BART 2917 com o BART comandado pelo velhinho (parece que foi um termo utilizado pelo Caco) que aparece de farda nº 2 na
foto. No dia seguinte àquela ser tirada, o Polidoro foi levar-me a Galomaro, para eu ir para o Saltinho. Nunca mais o vi. Penso que regressou a Portugal com o BART 2917 em fins de Março ou princípio de Abril de 1972 (PS).


Guiné > Zona Leste > Bambadinca > Março de 1972 > Visita de Spínola a uma nova companhia de milícias, formada em Bambadinca.



Guiné > Zona Leste > Bambadinca > Finais de 1971 ou princípios de 1972 > Noite de copos. Ao lado do Paulo, de bigode, de camuflado, na ponta da mesa, está o Alf Mil Machado, à civil, de óculos, a fumar, da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). Era minhoto, natural de Riba d'Ave. Antes da tropa, trabalhava numa cooperativa local. Daí a gente chamá-lo "Bilocas da Cuprativa". Tinha um excelente relacionamento com a malta da CCAÇ 12. Tocava viola. (LG). "O alferes magrinho, à esquerda do Machado, já não me recordo do nome dele, mas era da CCS" (PS)



Guiné-Bissau > Bafatá > Fevereiro de 2005 > ZA> tia do Pedro, mãe dos dois miúdos. Ele, por sua vez, é filho de uma fula e de um balanta, antigo guerrilheiro, e hoje oficial superior das Forças Armadas Guineenses. A moça muito bonita é irmã do Pedro. O João e o Sado estão no lado direito.



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambinca > Fevereiro de 2005 > O reencontro do Paulo Salgado com um antigo soldado do Pel Caç Nat 53, o Bubacar, o Buba . O Paulo esclareceu o seguinte:

"Cheguei a Guiné em 27 de Outubro de 1970 e regressei em 12 de Agosto de 1972 . Nunca estive com o 53 em Bambadinca. O Pel Caç Nat 53 estava e continuou em reforço da CCAÇ do Saltinho. Andámos em operações por Dulombi, Galomaro e Aldeia Formosa (...). Fui em Out de 1971 para Bambadinca para comandar a instrução da Companhia de Milícias que terminou em 24 de Dezembro de 1971, dia em que apanhei uma boleia do Spínola para o Saltinho onde fui passar o Natal. Regressei a Bambadinca no início de Janeiro de 1972 para comandar outra companhia de instrução até meados de Março, tendo regressado de seguida ao Saltinho".

Fotos: © Paulo Santiago (2006)


II parte do relato da viagem do Paulo Santiago e de seu filho João Francisco à Guiné-Bissau em Fevereiro de 2005, na semana do Carnaval....

Há um mês atrás (24 de Maio de 2006), o Paulo tinha-me enviado a seguinte mensagem que não cheguei a inserir no blogue:

Camarada

O teu blogue permitiu-me ter uma conversa cibernética com o Vacas de Carvalho. Há muitos anos, mais de 25, possivelmente, que não falava com aquele amigo. Diz-me o Zé Luis que será possível encontrar mais amigos através do teu blogue.

Como não sou grande expert nisto da Net, não sei se recebeste umas fotos que enviei para o blogue.

Manga de cumprimentos

Paulo Santiago
(ex- Alf Mil Pel Caç Nat 53, Saltinho,1970/72)

PS - O nome Cabral diz-me alguma coisa  Já li algumas "estórias cabralianas" Será que foi ele que me falou na história do cajado do Beja ? Não havia também um Furriel Duque muito cacimbado que roía noz de cola?

Lembro-me da cara do David Guimarães. As companhias do Xitole e Saltinho tinham contrato com uma avioneta que ía todas as semanas levar correio e transportar pessoal que vinha ou regressava de férias
Comentário de L.G.: Num mês o Paulo já está aqui a blogar connsco e a enviar-nos material (textos e fotos) muito interessante, fazendo-nos partilhar as emoções do seu regresso, em Fevereiro de 2005, à sua/nossa amada Guiné... Bem hajas, Paulo, pela sua generosidade e disponibilidade. L.G.
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Dia 5 de Fevereiro de 2005, Sábado

O meu amigo, Ten-Cor Rui Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1420, de 1965 a 1967 e mais tarde Capitão Miliciano - no comando da CCAÇ 18, altura em que o conheci, estacionada no Quebo -, pediu-me para visitar o ex-Furriel Mil Carlos Solai,  daquela companhia.

Sábado fui com o meu filho, João, e o Sado ao estabelecimento comercial que o Rui me tinha indicado, propriedade daquele ex-Furriel. Fomos informados por um funcionário que o patrão estava em casa com problemas de saúde. Procurámos na morada indicada, encontrando o Solai,  lúcido, a recuperar de um AVC, que o deixou muito diminuído fisicamente.

Apesar disso falámos de uma viagem amalucada que ele, o Rui e mais dois ou três quadros da CCAÇ 18, fizeram do Quebo (Aldeia Formosa) para Bafatá com passagem pelo Saltinho, deixando-me durante três dias uma mini-moto Honda, que utilizei para andar por locais onde podia andar e também por outros onde não deveria passar...Era o cacimbo a fazer efeito.

Falámos também da viagem, que ele, Solai, fez a Portugal e da passagem pela casa do Rui, em Viseu. O João gravou na camâra uma mensagem para o Rui.

À tarde não saímos da residencial. Devido ao Carnaval fecham ao trânsito grande parte das ruas de Bissau. É só desfiles. Não é época boa para ir à Guiné.

 Dia 6 de Fevereiro de 2005, Domingo
O meu amigo Sado pediu um Land-Cruiser a um primo para irmos ao Saltinho. Às 8 horas foi buscar-me à residencial e demos início a uma jornada que me marcou profundamente.

Além do João e do Sado, ía o Pedro, um moço impecável, filho de um balanta e de uma fula, o pai guerrilheiro, hoje oficial superior das FA. O Pedro foi o nosso condutor e também cameraman. A pergunta que tinha na cabeça ao sair de Bissau era:
- Como vamos, por estrada, chegar a Bambadinca, a Bafatá, ao Xitole e ao Saltinho ?

Passamos o aeroporto. Daqui para a frente nunca tinha transitado de viatura auto. Passamos por locais, cujos nomes não me são estranhos: Nhacra, João Landim, Jugudul... Aparece uma placa a indicar Portogole, à direita.

Andamos mais uns quilómetros e uma placa indica Circunscrição Florestal do Oio, e lembro a fama desta zona no meu tempo de militar. Outra placa: Matecão. A pulsação acelera-se. Mando parar o jipe. Eu estive aqui nesta zona, talvez em Dezembro de 1972, após a ocupação do Matecão [Mato Cão, na carta de Bambadinca].

A favor da maré, utilizando um Sintex com motor de 80 CV, eu, o Polidoro Monteiro, o Vilar, o Alferes do Pelotão de Morteiros e o soldado barqueiro, descemos a toda a velocidade o Geba, de Bambadinca para o Matecão. Penso que seriam dois grupos de combate da CCAÇ 12 que lá se encontravam [no destacamento]. Os ataques eram quase diários e, por vezes, mais que um, não havia abrigos nem valas, unicamente buracos individuais, dispostos em círculo, onde cabiam os colchões.

Regressamos com a maré, tendo ficado no destacamento o Ten-Cor Polidoro (1). Abro um parêntesis para dizer que conheci vários tenentes-coronéis, mas só dois me mereceram respeito: o Polidoro e o Agostinho Ferreira, de Aldeia Formosa, mais conhecido por Metro e Oito.

Voltemos a 6 de Fevereiro de 2005. Quando menos esperava entramos em Bambadinca, por um sentido completamente desconhecido para mim. Seguimos para Bafatá. Quero ir visitar o Sanhá. Esta estrada já me é familiar, vejo uma placa a indicar a cortada para Cossé (Galomaro). O Sanhá foi cabo no Pel Caç Nat 53 e actualmente é militar da GF [Guarda Fiscal]. Está em serviço para Pirada, fico com pena por não o encontrar.

São horas de almoço, em Bafatá não há restaurantes,voltamos a Bambadinca onde o Sado conhece um. Almoçamos bife e muita cerveja. O Sado, como bom muçulmano, bebe sumo.

Voltamos à estrada e começamos a subir para a parte mais elevada de Bambadinca, dizendo-me o Sado que o quartel continua a ter militares. Peço ao Pedro para virar e parar aí uns 50 metros da porta de armas, a mesma do nosso tempo. Nenhum deles acredita que nos deixem entrar no quartel. Há um militar que se me dirige, e informo-o que estive naquele quartel em fins de 1971 e início de 1972. Será que posso fazer uma visita ? Manda-nos entrar.

Pergunto se podemos filmar e, após consulta a um oficial, autoriza que utilizemos a câmara. Visito, com o Pedro a filmar, a zona ocupada pela messe e quartos. Estou muito emocionado.

Chega entretanto um senhor à civil que me apresentam como Comandante. Muito simpático. Falamos da Bambadinca dos anos 70 e do Xime e do Saltinho. Falamos a mesma língua, diz-me ele. Despedimo-nos com um forte abraço.

O grande centro populacional situa-se agora na parte mais elevada de Bambadinca, na estrada para o Xitole.

O Sado tinha uma surpresa para mim. Manda parar o jipe e pede-me para o acompanhar. Dirigimo-nos a uma casa e eis que aparece o meu antigo soldado Bubacar, o Buba. Vêm-me as lágrimas, trinta e três anos. Estamos os dois muito emocionados. Andamos os dois a pé à beira da estrada. Ele é motorista de camião. Pergunto se há por ali mais algum elemento do 53. O Iero Seidi viveu ali mas já morreu, quem vive perto é o Mamadu Jau. Peço-lhe para o avisar, quando regressar do Saltinho, pararei ali para estar com eles. Acabamos a falar de futebol para descontrair. Despedimo-nos até ao dia seguinte.

Estamos no início da tarde de 6 de Fevereiro de 2005 e vou deixar o resto do dia para outro Post.

Um abraço
Paulo Santiago
ex Alf Mil do Pel Caç Nat 53
SPM 3948

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Notas de L.G.

(1) Vd. post de 26 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P914: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (1): Bissau

O Sado é oficial superior da Guarda Fiscal da Guiné-Bissau e grande amigo do Paulo, visita da sua casa quando vem a Portugal.