Mostrar mensagens com a etiqueta Armandino Alves. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Armandino Alves. Mostrar todas as mensagens

sábado, 9 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8072: Convívios (306): Almoço Convívio da Companhia de Caçadores 1589 - dia 28 de Maio -, no Luso (Armandino Alves)

1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos a seguinte mensagem sob a festa anual da sua companhia.



Companhia de Caçadores 1589 Almoço Convívio 2011
Convite


Camaradas,


É com imenso prazer que te convido a ti, à tua família e Amigos se os quiseres trazer, para o nosso convívio que se realizará no dia 28 de Maio no Restaurante O Cesteiro, no Luso – EN 234.
Espero que nesse dia possas estar connosco nesta festa de confraternização e penso que será um momento de muita alegria e muita satisfação.
Esperamos por ti.
A comissão Organizadora: Manuel Joaquim, C. C. Paulo José Castanho e Carlos Carvalho
Programa
11h00 – Concentração na Alameda do Casino (Fonte de S. João);
12h00 – Almoço. Ementa do Almoço/Convívio 2011.
Aperitivos: Camarão, Salada de Orelheira, Polvo com Molho de Vinagre, Queijo Fatiado, Rissóis de Camarão, Croquetes de Carne Bolinhos de Bacalhau, Presunto Fatiado e Enchidos Assados.
Sopas: Canja de Galinha Creme de Legumes
Peixe: Bacalhau à Cesteiro
Carne: Leitão da Bairrada ou Vitela Assada
Sobremesas: Bolo Comemorativo, Mesa de Doces e Frutas, Cafés e Digestivos
Bebidas: Vinho Tinto e Branco da Região, Refrigerantes, Cerveja, Águas e Espumante da Bairrada
Preços:
Adultos…………………………………….25,00 €

Crianças dos 5 aos 12 anos…....12,50 €

Crianças até aos 4 anos….…….…Grátis

NOTA: Quem viajar pela A1 deve sair na Portagem da Mealhada.
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série:


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 – P7406: Parabéns a você (183): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil do BCAV 8323 e Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589 (Tertúlia e Editores)

1. Neste dia 9 de Dezembro, mês que para a Tabanca Grande foi muito produtivo em nascimentos, estão de parabéns os nossos camarigos tertulianos Amílcar Ventura  (ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323/73, Bajocunda, 1973/74) e Armandino Alves (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589, Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68).

É pois com enorme prazer que vimos junto destes nossos camaradas desejar-lhes um dia alegre, porque festivo. Que se sintam rodeados pelo maior número possível de familiares e amigos e que, mesmo à distância, sintam o calor da nossa amizade.

Votos de uma vida plena de saúde, tão longa quanto possível, na certeza de que têm aqui, companheiros de jornada e camaradas de sofrimento que jamais os esquecerão.

Em nome da Tertúlia e dos Editores, vai um grande abraço de parabéns.

__________

Notas de CV:

9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5430: Parabéns a você (50): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV do BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74 (Editores)

9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5429: Parabéns a você (49): Armandino Alves, ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem, da CCAÇ 1589, Guiné, 1966/68 (Editores)

Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 – P7402: Parabéns a você (182): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/R 2054 (Miguel Pessoa/Editores)

sábado, 22 de maio de 2010

Guiné 63/74 – P6453: Estórias avulsas (35): Os gémeos e o Regulamento Militar (Armandino Alves, ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589)


O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos a seguinte mensagem, em 20 de Maio de 2010:

Camaradas,

Durante o 3º Convívio da minha Companhia, estava o pessoal junto do nosso Capitão (hoje Coronel Reformado) a relembrar os idos tempos da formação da companhia no RI 15, em Tomar, e veio à baila uma história que eu desconhecia, pois não estive lá (fui em rendição individual) e que é a seguinte.

Conforme o pessoal se ia apresentando, o 1º Sargento ia conferindo as papeladas individuais, até que, às tantas, descobriu que haviam dois irmãos gémeos na Companhia.

Pelas leis do exército dessa altura (1966), estava impedido que dois irmãos fossem mobilizados ao mesmo tempo para o mesmo TO e, se não me engano, mesmo para TOs diferentes.

Logo o 1º Sargento foi ter com o Tenente (promovido a Capitão em Fevereiro de 1967, já na Guiné) e expôs-lhe o caso em apreço, isto é, ter dois irmãos gémeos na Unidade.

Como isto se passou antes de um fim de semana, o Tenente mandou chamar os soldados ao seu gabinete e disse-lhes: “Como os regulamentos não permitem a mobilização de vós dois, ide passar o fim de semana e, entre ambos, resolvessem qual o que fica na Metrópole.”

Passou-se o fim de semana e, na segunda-feira seguinte, o Tenente voltou a chamá-los para saber qual deles ia para a Guiné e qual deles ficava.

A resposta inequívoca de ambos foi directa e clara: “Vamos os dois.”

Assim foi e felizmente vieram os dois bem vivos.

Soubemos entretanto que os dois já faleceram (morte natural).

Paz às suas almas.

Penso que esta pequena estória mostra como os nossos serviços de mobilização estavam atentos e cumpriam os Regulamentos do Exército.

Um Abraço,
Armandino Alves (Dr. Jivago)
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

13 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 – P6385: Estórias avulsas (85): Ataque a Jumbembem no dia de Carnaval de 1974 (Fernando C. G. Araújo, ex-Fur Mil OpEsp 2ª CCAÇ/BCAÇ 4512)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6426: Convívios (241): 3º Encontro da Companhia de Caçadores 1589, 15 de Maio de 2010 (Armandino Alves)


1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem, em 17 de Maio, sobre a confraternização anual da sua Companhia que a seguir publicamos:

Foto de família tendo o Comandante ao centro

Camaradas,

Realizou-se no passado dia 15 de Maio, o 3º Convívio da Companhia de Caçadores 1589, que contou pela 1º vez com a presença do seu Comandante, hoje Coronel Reformado do QP, Henrique Victor Guimarães Perez Brandão, o qual nos muito nos honrou com a sua presença.

Informou-nos o mesmo que não lhe foi possível comparecer às 2 anteriores festas devido aos deveres inerentes do seu cargo e à sua sobrecarregada agenda para os dias em que elas se realizaram.

Cada ano vai comparecendo mais malta e as respectivas famílias, o que nos vai dando alento para continuarmos a fomentar estes eventos.

O nosso Comandante fez um discurso deveras comovente, notando-se que este convívio e a maneira efusiva com que todos o receberam, caiu bem fundo no seu coração.

No seu discurso referiu-se a uma entrevista que deu ao Joaquim Furtado, que esteve a ouvi-lo durante 2 horas e que, posteriormente, só passou no ecrã 10 minutos da gravação (a parte que lhe convinha), descontextualizando-a completamente.

A finalizar realçou o nosso espírito de grupo e entreajuda, realçando o sentir do dever cumprido.

Concentração do Pessoal na Alameda das Antas
O Comandante de Companhia discursando antes do almoço
Alf Mil Daniel Velêda (esq.) Coronel Henrique Brandão (centro) e Alf Mil Leitão (dir.)
O meu reencontro com o comandante passados 42 anos
E assim terminou o nosso 3º Convívio. Para o ano haverá mais.

Um Abraço,
Armandino Alves (Dr. Jivago)
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6340: Controvérsias (74): Enfermeiros… mas não por opção (Armandino Alves)


1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem, em 6 de Maio, que a seguir publicamos:

Enfermeiros… mas não por opção
Camaradas,

Como toda a gente sabe, a selecção dos soldados no fim da recruta, para as diversas especialidades era feita de forma aleatória, não havendo qualquer inquérito a fim de se saber a função que cada um gostaria de desempenhar.
Vais para “isto” e bico calado.
Por isso, muitos foram para enfermeiros sem qualquer propensão, para desempenhar esse cargo.
Depois, no Serviço de Saúde em Coimbra, as aulas eram todas teóricas e dadas por Sargentos ou Cabos RD. Quanto a Médicos, que eu me lembre, só lá apareceu um – tenente -, 1 ou 2 vezes, em todo o curso.
E, pelo menos no meu curso, nunca se falou em teatros de guerra.
Era mais um curso para se integrar nos Hospitais, e depois íamos aprender para os mesmos. Mas, aprender o quê?
Tirando aqueles que tiveram a sorte de ir para enfermarias de Ortopedia e Traumas, o que aprenderam os outros?
A dar injecções!
Quanto ao resto eram autênticos “ceguinhos” e só foram aprendendo, com o tempo e a experiência, desenrascando-se o melhor que podiam e sabiam.
Na época 1966-68, não se notou muito essa pecha, pois quando era solicitada uma evacuação ela era feita, fosse por helicóptero nas operações, fosse por DO nos aquartelamentos ou destacamentos com pista de aviação.
A falta de evacuações é que veio pôr a nu esse desiderato.
Haviam enfermeiros, mas não havia o material necessário.
O que eram os garrotes fornecidos com a Bolsa de Enfermeiro?
Um simples tubo de borracha maleável, que era muito bom para tirar sangue e nada mais. Um garrote a sério teria que ser improvisado com ligaduras e um pau, para fazer o torniquete.
Como já aqui se falou a Marinha tinha o último grito em garrotes e não sei se a Força Aérea também os tinha (mas para isso ninguém melhor que a Enfermeira Giselda para melhor nos informar).
Quanto aos atrelados sanitários, tinham muito material lá dentro, mas não era para mexer. Eles estavam apenas à nossa guarda e isto nos aquartelamentos que os possuíam.
O atrelado sanitário era um hospital de campanha e, portanto, pertencente ao Hospital Militar. Certo é que o que lá estava armazenado era intocável.
Vem isto, que acabo de escrever, a propósito do poste P6315.
Tenho a certeza que tanto o Furriel Enfermeiro como o Cabo Maqueiro não iam munidos com soro, pois não o possuíam, e se houvesse lá um atrelado sanitário com soro, com certeza que o prazo de validade já teria caducado há muito tempo.
E quanto tempo aguentaria um soldado ferido?
Que quantidade de sangue já não teria perdido entretanto?
Sem o soro não havia possibilidade de o estabilizar e mesmo que houvesse a remota possibilidade de uma transfusão directa, com outro camarada com sangue do mesmo tipo, no meio daquele inferno, seria quase impossível.
Eu tive um camarada que morreu com um tiro no abdómen, por falta de evacuação, por ser de noite.
À noite não haviam meios aéreos e também não se podia usar o garrote.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589 (1966/68)
____________
Nota de M.R.:

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6095: Os nossos regressos (22): Os cruzeiros da minha vida (Armandino Alves)

1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem, em 1 de Abril, que a seguir publicamos:


Os cruzeiros da minha vida

Camaradas,

Tenho lido muitas descrições sobre o transporte marítimo do pessoal mobilizado para a Guiné.
Eu não sei como o mesmo se processava no Uíge e no Niassa, certo é que, em tempos de paz, esses navios estavam destinados exclusivamente à movimentação de cargas e passageiros.
Não estavam, com certeza, dimensionados para acolher, como muitas vezes o fizeram, um batalhão e outras unidades.
Segundo me apercebi, em algumas viagens chegaram a transportar um batalhão e mais uma ou duas companhias.
Mas eram considerados barcos estáveis em alto mar.
Alguns dos navios empenhados nestas tarefas, de leva e trás, eram adaptados, mal e toscamente, de transporte de cargas para passageiros, transformando os porões de armazenamento de cargas em longas e atrofiadas camaratas.
Agora, aqueles que não viveram esse pesadelo, imaginem o que são cento e tal homens, enfiados num barco que normalmente transportava meia dúzia de passageiros.
A sua vocação era inequívoca, o transporte de cargas.
Então os poucos camarotes eram destinados aos oficiais e sargentos e o restante pessoal ia no porão, apinhado em colchões de palha, alinhados pelo pavimento sem qualquer tipo de cobertura, ou outra protecção. Privacidade zero!
Para os cabos e praças as instalações sanitárias eram construídas em madeira, sobre uma das amuradas do barco e consistiam, basicamente, num caixote em madeira dividido em três, com uma tábua transversal e um buraco no meio onde o pessoal se sentava.
Os resultados das evacuações caiam directos no mar (sem como é óbvio passar por nenhum tratamento residual).
Quanto a banhos estamos falados, até para lavar a cara era preciso levantar cedo para ter direito a água potável.
A alimentação não era da pior, só que a cozinha não estava dimensionada para servir tanta gente.
Eu, à boa moda da tropa de então ”desenrasquei-me”, pois comecei a entabular conversa com o pessoal da cozinha e a ajudá-los no transporte dos congelados da câmara frigorífica, cuja entrada obrigava a vestir um casaco de peles até aos pés, com carapuço e luvas do mesmo, pois o frio era “mais que muito”.
Assim, viajei todo o percurso dentro da casa das máquinas, pois era um dos poucos sítios onde se sentia menos o balanço do barco e, por isso, menos enjoativo.
Havia na parede um dispositivo com uma escala e um ponteiro no meio, que se deslocava ora para a esquerda ora para a direita, indicando o grau de inclinação do barco.
Acompanhei os mecânicos, de uma ponta à outra do barco, ou seja da casa das máquinas até à hélice a inspeccionar o veio principal de transmissão.
No regresso à Metrópole não tive tanta sorte, mas como o tempo era de Verão passei-o bem e, como vinha de retorno a casa nem liguei a isso. Quanto mais depressa chegasse melhor.
A viagem para a Guiné, foi a bordo do navio Manuel Alfredo e o regresso foi no Ana Mafalda (dois transatlânticos do meu tempo).


Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589 (1966/68)
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

1 de Abril de 2010 >
Guiné 63/74 - P6089: Os nossos regressos (21): No dia 1 de Abril de 1970, a CCAÇ 2381 finalmente despede-se em Parada Militar (Arménio Estorninho)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Guiné 63/74 – P6021: Memória dos lugares (75): Recordações de Bambadinca (Armandino Alves, 1º Cabo Aux Enf, CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga, Madina do Boé, 1966/68)


1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem, em 16 de Março, que a seguir publicamos:

Camaradas,


Para conhecimento do Pessoal da Tabanca, queria informar que até Março de 68, no rio Geba com acesso a partidas para Bissau por via fluvial, só existia um cais acostável, em Bambadinca.


Quando havia operações no Enxalé, ou Porto Gole, as LDG ou as LDM ficavam no meio do rio para não encalharem. Se a maré baixava enquanto descarregavam o pessoal e os seus equipamentos, ficavam lá paradas até que ela subisse novamente.

O transporte entre a LDM e a margem era feito por uma ou duas pirogas, que levavam cerca de oito homens cada uma, e que eram literalmente empurradas por um ou dois nativos, pois a profundidade do rio era pouca e a água dava-lhes pelo peito.

Nas zonas mais fundas, as pirogas eram empurradas com o auxílio de varas, que eram cravadas no fundo do rio e impulsionadas à força de braços.

Das pirogas para terra é que eram elas. As margens estavam cobertas por um lodo de cor cinza clarinho, que espelhava os raios do sol.

Éramos avisados para descalçar as botas, amarrar os cordões e pendurá-las ao pescoço, arregaçarmos as calças, ou tirá-las, e para transportarmos a arma acima da cabeça.

Para os primeiros a desembarcar a missão nem era muito má, mas para os últimos, a lama depois de revolvida, era um autêntico calvário. Para movimentarmos as pernas, quanto mais nos mexíamos mais nos enterrávamos pelo lodo abaixo.

Ainda havia pessoal do destacamento que nos atirava cordas para nos içarem, mas com uma mão ocupada com a G3, só nos ficava a outra para nos agarrarmos.

E depois para limparmos aquela lama pegajosa agarrada às pernas?!... Não havia água que chegasse.

Por isso não se admirem de ninguém até essa data falar no cais do Xime. Ele não existia.

Assim como a estrada Bambadinca/Bafatá, que só começou a ser alargada e asfaltada em Jan/Fev 68, pois até aí era uma estrada de terra batida onde não se conseguiam cruzar duas viaturas (GMC ou Mercedes).

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589 (1966/68)
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

11 DE MARÇO DE 2010 >

quinta-feira, 18 de março de 2010

Guiné 63/74 – P6012: Humor de caserna (18): A nossa língua é muito traiçoeira (Armandino Alves, 1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589 - Beli, Fá


1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem de um momento hilariante acontecido com um Camarada da sua Companhia, em 16 de Março, que a seguir publicamos:
Camaradas,

Hoje vou-vos contar uma pequena e humorística estória passada em Béli:
No nosso aquartelamento o reabastecimento mensal (quando o havia), era efectuado por uma DO.

Era habitual eu comissionar os equipamentos e materiais medicamentosos, que encomendava nos meses anteriores, bem como o correio pois também era eu o responsável pela sua recepção e expedição (a mala do acondicionamento e transporte era a mesma).

Também era eu que habitualmente, me dirigia em primeiro lugar para junto das DOs quando elas aterravam.

Aproveitava os tempos de descarga dos reabastecimentos, para tirar um caixote e colocar outro.

Um dia eu tinha mandado para o Lab. Militar uma requisição bastante extensa, que incluía garrafões de álcool 1214, Mercúrio Cromo e outras coisas necessárias ao bom desempenho do Serviço de Saúde.

Quando a DO aterrou, perguntei ao piloto se trazia medicamentos, ao que ele me respondeu afirmativamente.

Depois de entregar o correio e a DO ter levantado voo, dirigi-me para o Posto de Socorros e qual não foi o meu espanto, ao ver que ali não havia nada para eu conferir.

Fui ter com o pessoal que tinha estado a descarregar a DO e perguntei-lhes se tinham descarregado os medicamentos, ao que me responderam que sim. Fiquei perplexo e intrigado, sobre o paradeiro dos ditos medicamentos?

Passado um bocado tudo se descortinou. Como a requisição era grande e comportava os garrafões, o Lab. Militar encaixotou tudo e, para haver cuidado no seu manuseamento, colocou a toda a volta letreiros com a palavra FRÁGIL.

Ora no pelotão tínhamos um soldado que era natural de Freigil (perto de Caldas de Aregos) e quando ele, que estava a assistir à descarga, ouviu dizer a palavra Frágil, pegou no caixote às costas e foi para o abrigo contentíssimo, pensando que era uma encomenda dos seus pais.

Claro que foi uma desilusão total para ele e ainda hoje nos convívios nós falamos nisso.

É caso para dizer que a nossa língua é mesmo muito traiçoeira.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

3 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5585: Humor de caserna (17): Mansambo no seu melhor (Parte 1) (Carlos Marques dos Santos, CART 2339, 1968/69)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5953: Convívios (199): Convívio da CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, em 15 de Maio - Vila Nova de Gaia (Armandino Alves)

1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos o programa da festa anual da sua Companhia, que vai decorrer em 15 de Maio - Vila Nova de Gaia, cujo convite passamos a publicar:


CONVÍVIO ANUAL



CCAÇ 1589


15 de Maio de 2010



Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5937: Convívios (111): Convívio Anual da CCAÇ 3549 “DEIXÓS POISAR”, no próximo dia 27 de Março de 2010 em VISEU (José Cortes)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5481: Estórias avulsas (21): Ainda o Fiolifioli (Armandino Alves)



1. Em 15 de Dezembro de 2009, recebemos um texto do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:


Ainda o Fiolifioli


A operação Lança Afiada, pelo que li, foi uma cópia fiel de uma operação de que, de momento, não me lembro do nome do código que lhe foi atribuído, realizada mais ao menos na mesma data, em 1967, na mata do Saraoul.


Também foram 10 dias empregando um elevado número de efectivos, em que entrou a CCaç 1589, que se encontrava nessa altura em Fá Mandinga.

Nessa altura, segundo vim a saber, parece que não houve tempo para se avaliar a temperatura ambiente (que por acaso era sempre a mesma), as condições físicas do pessoal, para lá arrebanhado, e outros pressupostos fundamentais aos básicos preparativos de uma operação daquela envergadura, que, nessa altura, não eram tidos nem achados, para a melhor condução da guerra que se estava a desenrolar.

Não sei (devido à minha “elevada” patente) o que lá encontraram e porque é que a minha companhia não teve intervenção directa, pois apenas ficou de prevenção para possíveis fugas do IN.

Pelo que ouvi depois, encontraram e destruíram um hospital de campanha do IN, mas sem ninguém lá dentro.

Aqueles que têm possibilidades de consultar os documentos da altura, é que podem afiançar o desfecho desta operação. Sei que foi uma operação a nível de batalhão, com milícias e carregadores, pois nessa altura não havia ainda a CCaç de negros.

As actividades foram apoiadas pela artilharia pesada instalada em Mansoa e pela Força Aérea, que apareceu sempre que foi solicitada. Pelo menos, tal aconteceu com a melhor prontidão e eficácia, num caso de uma evacuação para o HM241, de um soldado vitimado por um ataque de abelhas.

Nota-se, pelos considerandos tecidos à programação da operação, que o oficial, que exarou o planeamento e a estratégia de acção, percebia tanto de Guiné como eu de lagares de azeite. Se calhar queria que estas operações fossem feitas na época das chuvas, ou que, então, houvesse uma súbita mudança de Estação do ano, para a Primavera, ou para o Outono.

Teve azar, pois nenhum destas duas últimas foi “mobilizada”.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

domingo, 13 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5458: Estórias avulsas (20): Formigas vermelhas e formigas castanhas (Armandino Alves)



1. Em 13 de Dezembro de 2009, recebemos um texto do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:


Formigas vermelhas e formigas castanhas

Camaradas,

Eu não sei o que aconteceu depois de eu ter regressado da Guiné. Mas há uma coisa a que eu acho muita graça. Já li muitos postes sobre operações realizadas após eu ter vindo de lá. Já li o que foi escrito sobre os ataques de abelhas (que eu também sofri), mas nunca ouvi falar em ataques de… formigas.

Rainha e obreiras (in Wikipédia, enciclopédia livre)


Entre os vários tipos de formigas, existiam, no meu tempo, dois tipos delas caracterizadas pelas suas cores, umas vermelhas que se encontravam no Pilão, em Bissau, e que, atacando em conjunto, matavam uma galinha em poucos minutos segundo diziam os naturais locais.


Outras eram de cor castanha e encontrávamo-las no mato, quando andávamos em operações ou patrulhas nocturnas, pois elas só apareciam de noite. Se tínhamos o azar de fazer uma paragem junto de um dos seus formigueiros, era um ver se te avias. Toca a despir o camuflado para as arrancar do corpo, pois elas possuíam umas garras em forma de tenaz que se enterravam na carne e, quando as tirávamos, a cabeça ficava lá presa. Cabeça essa, que depois caía, pois, como é óbvio, tinha sido decepada do corpo.

Para evitar que elas trepassem pelas nossas pernas acima, é que os intervenientes nestas operações, eram previamente avisados para apertarem bem os cordões existentes no fundo das pernas das calças do camuflado, por cima dos plainitos, ou por cima dos bordos das botas de lona.

Em Béli, elas atacavam os nossos abrigos aos milhares e a única maneira de nos defendermos, era fugir cá para fora e esperar o regresso delas aos seus ninhos, o que se dava mal nascia o dia.

Nós esperávamos por elas com um bidão de gasóleo, espalhávamo-lo por cima dos seus corposs e lançávamos-lhes o fogo.

Só assim é que as conseguíamos matá-las.

Mas pelos vistos devemos tê-las matado todas, pois, até hoje, não ouvi mais ninguém falar nelas.

Como me parece que de 1966/68, sou o único sobrevivente em acção, não devo ter mais nenhum Camarada que me ajude a comprovar esta "formigada".

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

13 de Dezembro de 2009 >

Guiné 63/74 - P5457: Estórias avulsas (63): O regresso (José Marques Ferreira)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5429: Parabéns a você (49): Armandino Alves, ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem, da CCAÇ 1589, Guiné, 1966/68 (Editores)

1. O nosso camarada Armandino Alves*, ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589, Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68, que teve a mais nobre especilalidade na guerra, completa mais um ano de vida.
Com a mesma consideração que temos pelos camaradas em geral, mais o reconhecimento do serviço prestado por ele enquanto homem do Serviço de Saúde, vimos-lhe dar um enorme abraço multiplicado por quase 390 vezes.


O Armandino não implantou minas nem andou aos tiros ao IN, pelo contrário, era capaz de socorrer qualquer combatente inimigo ferido. Eram estas acções que faziam a diferença entre os que matavam para não serem mortos e aqueles que salvavam no campo de batalha sem olhar à cor da farda.

A Tabanca em peso vem deste modo até ti desejar um dia de aniversário alegre, junto daqueles que mais prezas, familiares e amigos mais chegados. Na hora do brinde não esqueças estas centenas de amigos que se associam a ti neste dia.


2. Armandino Alves, em 30 de Maio deste anos dirigia-se assim ao nosso Blogue:

Camarada Luis Graça
Gostava de fazer parte da Grande Tabanca, mas não tenho possibilidades de enviar fotos do tempo de tropa pois como tive um grande incêndio na casa onde morava, todas as fotos desse tempo, incluindo a Caderneta Militar, se foram.

Por isso não consigo fotos antigas.
Como participar?

Armandino Marcílio Vilas Alves
Ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem
CCAÇ 1589
Guiné 1966/68



Claro que todas as resposta foram dadas com o tempo, e o Armandino, mesmo sem fotos antigas, tem participado activamente no nosso Blogue.
Não prometo que a listagem esteja completa pois o Blogue está a ficar muito complicado para pesquisar o histórico.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

5 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4464: Tabanca Grande (149): Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux de Enfermeiro da CCAÇ 1589, Guiné 1966/68

11 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4510: Memória dos lugares (31): Fá Mandinga, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)

14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4518: Controvérsias (19): Sob a evacuação das NT de Madina do Boé (Armandino Alves)

15 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4533: Controvérsias (20): A minha análise pessoal do desastre com a jangada no Cheche, na retirada de Madina do Boé (Armandino Alves)

16 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4536: Memória dos lugares (31): Béli, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)

2 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4626: Estórias avulsas (37): Quando um cabo da PM me deu ordem de prisão, em Bissau (Armandino ALves)

6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4910: Os Nossos Médicos (3): Os especialistas eram poucos, e não gostavam de ir para... o mato (Armandino Alves, CCAÇ 1589, 1966/68)

7 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4914: Os Nossos Enfermeiros (2): As malditas doenças venéreas e a bendita... penicilina (Armandino Alves, CCAÇ 1589, 1966/68)

9 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4927: Os Nossos Enfermeiros (3): Às vezes até fazíamos o que não sabíamos (Armandino Alves)

17 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5118: Memória dos lugares (48): Béli, Fá Mandinga e Madina do Boé - Independência & Objectos voadores (Armandino Alves)

22 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5323: Estórias avulsas (61): Reencontro de irmãos (Armandino Alves)

28 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5360: Estórias avulsas (62): “O trinta putas” (Armandino Alves)
e
6 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5413: Os nossos camaradas guineenses (18): A morte do Aliu Sanda Candé (Armandino Alves)

Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5421: Parabéns a você (48): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/R 2054 (Editores)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5413: Os nossos camaradas guineenses (18): A morte do Aliu Sanda Candé (Armandino Alves)


1. Em 22 de Novembro de 2009, recebemos mais um texto do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:


Era obrigação da Tutela e do Exército Português

Camaradas,

Estou farto de ouvir falar dos fuzilamentos e que tal aconteceu, porque os nossos ex-combatentes guineenses colaboraram com as nossas tropas.

Isso é mera desculpa.

Eles foram mortos por causa dos eternos e ancestrais ódios tribais. Todos nós sabemos que há na Guiné etnias, que nem pintadas se podem ver umas às outras.

Analisem bem que grupos étnicos é que compunham o PAIGC e quais é que combatiam junto com as nossas tropas e, depois, retirem as devidas e correctas ilações.

Todos sabemos que tínhamos guias e batedores, que se prestavam a colaborar com as nossas tropas e que, muitas vezes, mais não faziam do que nos obrigarem a andar em círculos infrutíferos, sem nunca nos levarem sequer próximo dos objectivos.

Guias esses que nos eram fornecidos pelas populações, que, ainda por cima, nós pensávamos estar a defender.

Se o poder político tivesse sido passado para as mãos dos nossos ex-combatentes guineenses, fornecendo-lhes mais armas e demais meios, teriam acontecido exactamente os mesmos massacres, mas ao contrário, com os guerrilheiros do PAIGC. Eu não tenho dúvidas nesse aspecto.

Uma coisa é certa e que nós os portugueses, Patriotas e Isentos (politicamente falando), não podemos escamotear: Era obrigação da Tutela e do Exército Português oferecer uma hipótese de fuga a uma morte certa, a TODOS aqueles que foram chamados a prestar serviço militar OBRIGATÓRIO e juraram lealdade e fidelidade à bandeira nacional!

É claro que, como se adivinha, muitos desses homens negariam tal hipótese, por motivos diversos, mas aí o problema passava a ser unicamente deles e só deles.

Se,  nos anos 70, conseguimos encaixar, na Metrópole, umas centenas de milhar de “retornados” e lá nos aguentámos, qual era o problema em receber mais alguns milhares?

E, independentemente do que se passou, porque a culpa mudaria de área, continuando a falar para os ex-Combatentes,  Patriotas e Isentos, viveríamos bem mais tranquilos, sem remorsos nem cicatrizes na consciência.

Também começo a estar farto de ver gente que analisa levianamente esta problemática, apenas e só com um olho, unilateralmente, resumindo-se à triste e estúpida frase: “Eles eram uns assassinos”!

“Esquecem-se” muitos desses "unilaterais" que hoje “piam” muitas balelas de barriguinha cheia, por aí nas tascas e bordéis de esquina, contra os excessos desses ex-combatentes guineenses, que se hoje estão vivos e falam, falam... falam… à bravura e valentia desses Homens o devem!

Não nego que soube, por terceiros, de alguns excessos grotescos na guerra, praticados apenas por alguns, como por exemplo os célebres e macabros cortes de orelhas aos mortos e mais um ou outro triste e lamentável abuso, mas a questão que isto me levanta é: Então é a isto que se resume o nosso reconhecimento e gratidão, pela enorme voluntariedade e fidelidade que aqueles Homens devotaram aos portugueses?

Até parece que os excessos eram só cometidos por alguns guineenses das NT, então digo-vos que eu sei, e jamais esquecerei, de um exemplo, que a um desses mais dinâmicos e activos Homens, a quem os guerrilheiros do PAIGC não conseguiam “chegar” de outro modo, lhe mataram apenas por vingança, com requintes da pior malvadez, a primeira mulher e uma filha de tenra idade.

Disso poucos falam, nem lhes interessa, para defenderem as suas tendenciosas, fracas e suspeitas teses do contra e do “bota abaixismo”.

A verdade é que estes negros factos (os excessos), só aconteciam porque as hierarquias militares assim o consentiam (fechando olhos e tapando ouvidos). Não sei se existiu algum caso pontual, mas eu nunca ouvi, até aos meus dias de hoje, alguém dizer que fulano ou beltrano guineense das NT, recebeu uma ordem do género: Cortem as orelhas aos mortos!

Agora os portugueses vão voltando à Guiné ao serviço de ONGs e outras instâncias internacionais, não na qualidade de colonialistas, nem de povo opressor, mas com um único intuito que é ajudar aquele pobre e tão castigado povo.

Não branqueando os tristes acontecimentos do passado, vamos indo e vamos vendo a evolução do Progresso e da tão desejada Paz.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:



sábado, 28 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5360: Estórias avulsas (18): “O trinta putas” (Armandino Alves)


1. Em 22 de Novembro de 2009, recebemos uma divertida estória do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:


Camaradas,

Vou-vos contar uma estória, que não presenciei, mas que ainda hoje, durante os convívios da nossa companhia, se recorda com grande diversão.

Nos princípios de 1967, já a minha companhia estava em Fá Mandinga, quando recebeu ordem para fazer uma batida, a uma certa área, por suspeitas de movimentação de tropas IN. Lá saíram mato fora e, depois de muito andarem, o capitão pediu um voluntário para carregar o rádio AN\PRC 10, que era bastante pesado.

Logo um soldado se ofereceu. Era o nosso apontador do morteiro 60 mm, conhecido pelo “trinta putas” (pois quando a pontaria dele não era a melhor, costumava dizer “Com trinta putas não acertei.”).

Ora o rádio tinha uma antena, que era uma fita de aço vertical, igual á das fitas métricas, esverdeada e que na passagem pelas ramagens se vergava e depois de recolhida voltava à sua posição normal.

Durante o percurso da batida tinham que atravessar um rio (não faço a mínima ideia do seu nome), que se processava por cima de pedras submersas, mas que possibilitavam manter o tronco fora de água e, portanto, não molhar as armas.

Por aí foram o capitão e os outros camaradas.

O nosso “trinta putas” porque estava carregado com o rádio e nunca mais chegava a vez dele, não esteve com meias medidas e meteu-se a atravessar o rio a vau e, como é de prever, começou a desaparecer, ficando submerso, pois o declive era grande, até se ver apenas a ponta superior da antena.

Toda a gente se pôs a gritar e o capitão rapidamente descalçou as botas e atirou-se ao rio, para o resgatar. Outros camaradas que sabiam nadar fizeram o mesmo e lá conseguiram que o homem viesse à tona da água.

Este “trinta putas” não sabia ler uma letra do tamanho da Basílica da Estrela, mas como apontador de morteiro 60 mm, era difícil errar uma granada.

Passou à “peluda” com a 4ª classe.

Mais tarde apareceu um novo rádio nas NT, conhecido na gíria por Racal, que era mais leve e mais bonito que o da nossa companhia.

Não tivemos direito a nenhum.

Assim se viu como um voluntariado poderia ter acabado numa tragédia, por mera estupidez do seu protagonista.

Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
__________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:


domingo, 22 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5323: Estórias avulsas (17): Reencontro de irmãos (Armandino Alves)



1. Em 21 de Novembro de 2009, recebemos uma mensagem do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68):


Camaradas,

Hoje lembrei-me de uma história, passada em Bissau, de que, de vez em quando, me lembro com alguma nostalgia e tristeza, pois apesar de na altura ter constituído para mim uma grande surpresa, não me foi muito agradável e, depois de ter conseguido ultrapassar alguma hesitação pessoal, decidi contar-vos.

Serve esta assim, como a modos de uma pequena homenagem ao meu, entretanto, falecido irmão.

Reencontro de 2 irmãos

Como já vos contei fui em rendição individual, para a CCaç 1589, que, naquela altura, se encontrava aquartelada no 600 em Stª Luzia.

Um dia estava eu na secretaria da Companhia (porque apesar de ser enfermeiro, gostava de ajudar o 1º Cabo Escriturário, o qual aproveitava esta minha “fraqueza” para se desenfiar), quando entrou um 1º Sargento, já de uma certa idade, que me perguntou pelo Comandante de Companhia.

Eu disse-lhe que o mesmo não estava, mas que se me dissesse o que desejava, eu poderia indicar-lhe a quem se dirigir.

Então o 1º Sargento contou-me a história que o levou ali: “Um soldado tinha escrito à mãe, a solicitar-lhe que lhe enviasse uma certa quantia em dinheiro, pois tinha partido a coronha de uma G3, e se não a pagasse ia preso.”

A mãe havia entrado em contacto com ele pedindo-lhe, para a informar se a história era verídica, pois não possuía a quantia solicitada e tinha que pedi-la emprestada.

Eu disse-lhe que não conhecia nenhum soldado nessa situação, mas se ele me dissesse o nome do homem, eu veria a que pelotão pertencia e chamaria o alferes.

O sargento acedeu à minha ideia e, tal como tinha combinado, chamei então o Alferes, que lhe disse que nada tinha acontecido com a arma desse soldado e que, o mesmo, se encontrava detido devido a problemas de deserção.

Depois do 1º Sargento se ir embora, fui ver a sua folha de serviço do soldado em questão e reparei que ele já tinha sido punido, salvo erro na Bateria de Artilharia Anti-Aérea Fixa, situada em Leça da Palmeira, por abandono do seu posto de serviço.

Daquelas instalações foi transferido para Viseu, onde, novamente, abandonou o posto de vigia e o quartel, tendo deixado a arma à sua responsabilidade encostada à parede da guarita.

Daí foi “despachado” para a Guiné, só não sei se com uma Companhia, se em rendição individual.

Quando li com mais atenção o nome dele e depois o da mãe, fiquei petrificado.

Porquê?

Eu sabia que tinha um irmão extra-matrimónio (resultado de “brincadeiras” do meu pai), que era mais novo do que eu, e que apenas havia visto uma vez, quando ele tinha 4 anos, numa altura em que a mãe dele o levou a casa da minha avó paterna, que foi quem me criou. Desde aí, nunca mais o vi nem soube nada dele, pois antigamente os assuntos desta natureza não eram motivo das conversas intestinas, em família.


Como no registo do nome do pai figurava “pai incógnito”, fui ter com ele à cela (na casa da guarda) e perguntei-lhe se ele conhecia o pai, ao que me respondeu que sim.

Perguntei-lhe se ele sabia o nome do pai e ele disse-mo.

Foi a minha vez de lhe dizer que eu era irmão dele.

Entretanto ele foi transferido para a prisão do quartel dos Adidos, à espera de julgamento e a minha Companhia foi movimentada para o mato.

Quando regressamos a Bissau, fui aos Adidos e ele tinha sido punido com 3 anos de cadeia.

O motivo do seu castigo penal deveu-se a ele ter mais uma vez desaparecido, dessa vez por 5 dias e meio, tendo justificado em tribunal a sua ausência devido a ir viver com uma negra, junto do quartel da Amura.

Foi assim que conheci este meu incumpridor e aventureiro irmão...

Depois de regressar à Metrópole e ter passado à peluda, já depois de estar empregado, a PM foi à sua procura e levou-o para Viseu, afim de ser julgado pelo abandono quando ali esteve.

Valeu-lhe a mãe ter alguns conhecimentos que o livraram desse julgamento.

Este meu irmão faleceu entretanto vítima de cancro. Deus dê paz à sua alma.

Um abraço,
Armandino Alves
1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 1589
__________
Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em: