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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Guine 63/74 - P10404: In Memoriam (127): Luiz Goes (1933-2012), figura incontornável da canção de Coimbra, foi ten mil médico, BCAÇ 506 (Bafatá, 1963/65), e conviveu com o nosso camarada António Pinto




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > BCAÇ 506 > Abril de 1964 > Da esquerda para a direita: o alf mil António Pinto (, membro da nossa Tabanca Grande, que vive atualmente em Vila do Conde), o Mário Soares, o popular comerciante de Pirada, o alf ou ten mil médico Luiz Goes (já então conhecido como um dos grandes e promissores  intérpretes da canção de Coimbra)  e o alf mil Spencer.  Foto do álbum de António Pinto.

Luiz Goes acaba de falecer, em Mafra, aos 79  anos, vítima de doença prolongada, sem que conseguíssemos prestar-lhe, em vida, uma pequena homenagem, na série Os Nossos Médicos...Faltaram-nos depoimentos de camaradas, seus contemporâneos, no TO da Guiné (,com a honrosa exceção do António Pinto, seu camarada de batalhão). O seu funeral será amanhã, em, Coimbra, onde os seus mortais restos deverão chegar por volta das 13h00. A foto que publicamos da Guiné é. até agora, a única que conhecemos dele como militar, disponível no nosso blogue.

Foto: © António Pinto (2007). Todos os direitos reservados.


Resenha biográfica:

(i) Luiz Fernando de Sousa Pires de Goes [, foto à esquerda, cortesia do blogue  Guitarra de Coimbra III], cantor, poeta e compositor português,  nasceu a 5 de janeiro de 1933, em Coimbra, no seio de uma família com sensibilidade e cultura musicais;

(ii) Sem nunca se ter profissionalizado como artista, é uma das principais referências da canção de Coimbra e um dos artistas portugueses  com maior currículo internacional (há quem o considere mesmo a melhor voz da canção de Coimbra da sua geração);

(iii) Começou a cantar e a compor muito cedo por influência do seu tio, o coimbrão Armando Goes,  sendo já aos 14 anos considerado um menino-prodígio;

(iv) Ainda na adolescência chegou a seracompanhado pelo grande Artur Paredes, pai de Carlos Pasresm, duas referências maiores da guitarra portuguesa;

/(v) Aos 19 anos gravou o seu primeiro disco, a convite de António Brojo;

(vi) No liceu foi colega e amigo de José Afonso e António Portugal, tendo gravadovários álbuns em conjunto com ambos; mas a sua maior influência sempre foi Edmundo Bettencourt;

(vii) Licenciou-se em Medicina, em Coimbra, em 1958;

(viii) Nos seus anos de estudante cruzou-se com muitas figuras do meio literário e cultural (v. g., Manuel Alegre, Miguel Torga, Bernardo Santareno, Teolinda Gersão, Yvette Centeno);

(ix) No final da década de 50 formou o Coimbra Quintet, com os instrumentistas António Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista;

(x) O disco Serenata de Coimbra (1957) é um dos álbuns mais vendidos da música portuguesa, em Portugal e no estrangeiro; o referido quinteto teve uma projeção ímpar, mas uma vida breve; [, imagem da capa do LP,  Philips, 1957, à direita, cortesia do blogue A Nossa Rádio: "Serenata de Coimbra é o primeiro LP de música portuguesa a ser lançado à escala internacional (pela Philips) e ainda hoje o disco de música de Coimbra mais vendido em todo o mundo" ];

(xi) Com a mobilização de Luiz Goes para a guerra colonial, e já casado (1º casamento), o  grupo desfez-se;

(xii) Luiz Goes é colocado na no TO da Guiné, como alf mil médico (BCAÇ 506, Bafatá, 1963/65) (*), tendo passado pelos piores sítios da zona leste; mas essa experiência, dura, recorda-la-á mais tarde, em entrevistas, foi também uma aprendizagem da fraternidade,solidariedade e camaradagem entre combatentes;

(xiii) No regresso, muda-se para Lisboa, onde exerce a profissão de médico-estomatologista  até à sua reforma (em 2003);

(xiv) É um dos artistas portugueses mais internacionais;

(xv) Tem um extenso reportório, com muitas canções da sua autoria, algumas delas com mensagens subliminares de oposição ao regime salazarista; entre outros temas, ficaram célebres "Homem Só", "Meu Irmão", "Balada do Mar", "É preciso acreditar", "Canção do Regresso", "Canção da Boneca de Trapo", "Canção para quase todos", "Canção Pagã" ou "Cantiga para quem sonha".

(xvi) Da sua extensa discografia, destacam-se os álbuns:

Coimbra do mar e da vida (1969), 
Canções de Amor e de Esperança (1969) 
Canções para quase Todos (1983);

(xvii) Em 1998 foi editado, em livro, uma autobiografia sua:  Luiz Goes de Ontem e de Hoje, de Luiz Goes,  com a colaboração do poeta e seu amigo  Carlos Carranca (Lisboa, Universitária Editora, 43 pp.):

(xviii) Em 2003, a Emi-Valentim de Carvalho lançou, numa caixa de quatro CDs, a sua obra completa (Canções Para Quem Vier);

(ix) Luiz Goes, que sempre defendeu que não existia um fado coimbrão, mas sim uma balada ou uma canção de Coimbra, recebeu as mais altas distinções, entre as quais a de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, a Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra, a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Cascais e o Prémio Amália Rodrigues 2005, na categoria Fado de Coimbra.

_________________

Fonte: Adaptado de:

Luiz Goes. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-09-18].
Disponível em http://www.infopedia.pt/$luiz-goes

________________


Notas do editor:

Último poste da série > 5 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10334: In Memoriam (126): António Rodrigues Soares da CART 1689/BART 1913 (Guiné, 1967/69)


(*) Nota sobre o BCAÇ 506, coligida pelo nosso colaborador permanente José Martins:

BCAÇ 506 (1963/65)

(i) Mobilizado no Regimento de Infantaria 2, em Abrantes, era seu Comandante o Ten Cor Inf Luís do Nascimento Matos;



(ii) Desembarcou em Bissau em 20 de Julho de 1963, recebendo os elementos do recompletamento do BCAÇ nº 238, que rendeu, assumindo a mesma zona de acção, que passou a ser designada por sector D;

(iii) Em 1 e 8 de Agosto de 1963 e 8 de Julho de 1964, foram criados no sector, pela chegada de novas unidades, os subsectores de Piche, Xitole e Fajonquito; a zona de acção foi reduzida em 24 de Agosto de 1964 dos subsectores de Bambadinca e Xitole, e aumentada do subsector de Pirada (onde se incluía Bajocunda) em 29 de Outubro de 1964;

(iv) Em 11 de Janeiro de 1965 a zona D passou a designar-se por Sector L2, abrangendo os subsectores de Bafatá e Fajonquito;

(v) Foi rendido pelo BCAV  nº 757 em Bafatá e regressou à metrópole em 29 de Abril de 1965.

sábado, 19 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4976: Memória dos lugares (43): Madina do Boé e Beli (António Pinto, ex-Alf Mil, BCAÇ 506, 1963/65)

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > BCAÇ 506 > Abril de 1964 > Da esquerda para a direita: O Alf Mil António Pinto, o Mário Soares, comerciante de Pirada, o Alf Médico (e hoje conhecido como o grande intérprete do fado de Coimbra) Luiz Goes e o Alf Mil Spencer. Luis Goes fez 76 anos em 10 de Janeiro de 2009. Gostaríamos de o homenagear na série Os Nossos Médicos (*)... Alguém mais o conheceu como Alf Mil Médico ? Depoimentos precisam-se!...

Foto: © António Pinto (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem dos nossos António Pinto, um dos camaradas da velha guarda (BCAÇ 506 , 1963/65) (**) (Vive actualmente em Vila do Conde, telef. 252 653 094) (Na foto, à esquerda, em Pombal, por ocasião do nosso II Encontro Nacional, 2007).


Caro Camarada Armandino Alves (***), já há bastante tempo que não escrevo nada para o nosso Blogue, apesar de quase todos os dias o vá visitar, primeiro para acompanhar as notícias e novidades que sempre vão aparecendo e segundo se vejo alguém do meu tempo (1963/65) a aparecer, facto que não se concretizou ainda.

A minha idade (já lá vão 70) e outros factores (duas operações à coluna) têm-me impedido de ser mais activo e não relatar tantos episódios por mim vividos nos tempos por que lá passei. Fiquei admirado e agradavelmente surpreendido por ver uma mensagem endereçada a mim directamente e em que falavas de Madina e Beli.

E porquê? Porque foi o nosso Pelotão (não passava disso mesmo, embora reforçado por soldados oriundos da Guiné) a construir (!) os Destacamentos nessas Povoações. Primeiro em Madina, local onde fomos atacados uma só vez, mas colunas nossas sofreram bastante nas várias deslocações que fazíamos.

Assisti e, ao fim de tantos anos, ainda relembro bem, as mortes de camaradas nossos vítimas de emboscadas e minas. Era nessa altura nosso médico o Luiz Goes (****) e nem ele, nem eu, nem ninguém poderia fazer o que quer que fosse a não ser confortar, nos últimos momentos, os nossos Camaradas, que, estupidamente deixaram lá as suas vidas.

Deixei Madina e fui para Beli num local perto da casa do Chefe de Posto (não sei se no teu tempo ainda lá estava) que tinha realmente quatro casas e onde morava, salvo erro, um enfermeiro. Tivemos que abrir as valas, duas cercas de arame farpado e dar condições de habitabilidade mínima para todos nós.

Foi aqui em Beli que fui ferido com estilhaços de uma granada de morteiro que caiu mesmo na vala onde eu me encontrava na altura. Ainda andam comigo muitos desses estilhaços (felizmente dos que não matavam) misturado com areias e pedras.

Felizmente dos nossos que ficaram feridos, uns mais do que outros, todos nos safámos.

Respondendo finalmente à tua pergunta, não é do meu tempo os versos escritos numa das casas, nem tão pouco o Luiz Goes esteve comigo em Beli (só em Madina) (*****).

Caríssimo Armandino, não te esqueças que mandam as norma do Blogue tratarmo-nos por tu!.

Não me alongo mais, obrigado por me contactares e um grande quebra-ossos do António Pinto

_______

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série: 8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4923: Os nossos médicos (6): Homenagem ao Alf Mil Med Barata (Binta) e ao HM 241 (Bissau) (JERO, ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 675, 1964/66)


(**) Vd. poste de 18 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1378: António de Figueiredo Pinto, Alf Mil do BCAÇ 506: um veterano de Madina do Boé e de Beli

O BCAÇ 506 (14 de Julho de 1963 / 29 de Abril de 1965) esteve sediado em Bafatá. O Comandante foi o Ten Cor Inf Luís do Nascimento Matos. Unidade mobilizadora: RI 2.

Alguns dados sobre o nosso camarada António Pinto:

(i) Embarquei para a Guiné em Novembro de 1963, em rendição individual ("Fui substituir um colega que se pirou para o Senegal");

(ii) Passou por Nova Lamego, tendo ao fim de algum tempo sido destacado para Pirada ("onde reconstrui o aquartelamento");

(iii) Estive algum tempo em Geba ("zona na altura um bocado perigosa, mas sem problemas");

(iv) Veio de férias em Outubro de 1964;

(v) No regresso, foi destacado para Madina do Boé, "tendo sido o primeiro pelotão a chegar lá onde montei o primeiro aquartelamento";

(vi) Depois foi para Beli , o primeiro pelotão também a lá chegar e a montar o destacamento;

(vii) Em Maio de 65, Beli é atacado tendo o António Pinto sido um dos sete feridos companheiros), no caso dele devido a rebentamento de uma granada de morteiro;

(viii) Esteve um mês internado no HM 241, em Bissau;

(ix) Seguiu depois para Bolama, para dar instrução e terminar a comissão.


(***) Vd. postes de:

16 de Junho de 2009> Guiné 63/74 - P4536: Memória dos lugares (31): Béli, CCAÇ 1589 (1966/68) (Armandino Alves)

6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4468: Memória dos lugares (28): Beli e Madina do Boé, CCAÇ 1589, 1966/68 (Armandino Alves)

(****) Vd. ppste de 4 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1492: O Álbum das Glórias (7): Eu, o Mário Soares, o grande cantautor de Coimbra, Luiz Goes, e o Spencer (António Pinto)


(*****) Vd. postes sobre Madina do Boé e Beli, da autoria do António Pinto:
17 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1437: Estórias de Madina do Boé (António Pinto) (1): a morte horrível do Gramunha Marques e o ataque a Beli em que fui ferido

3 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1397: Ataque ao destacamento de Beli em Maio de 1965 (António Pinto, BCAÇ 512)

20 de Dezembro de 2006> Guiné 63/74 - P1384: Com o Alferes Comando Saraiva e com o médico e cantor Luiz Goes em Madina do Boé (António de Figueiredo Pinto)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4758: Parabéns a você (15): Francisco Palma da CCAV 2748 e Júlio Abreu do BCAÇ 506 e Companhia de Comandos do CTIG (Editores)

Hoje, dia 30 de Julho de 2009, fazem anos os nossos camaradas:
Francisco Palma da CCAV 2748 e
Júlio Abreu do BCAÇ 506 e Grupo de Comandos "Os Centuriões".



1. Francisco Palma foi Condutor Auto Rodas na CCAV 2748, Canquelifá, 1970/72 (*).

A escassos meses de terminar a sua comissão, ficou com mais de 30% de incapacidade quando o seu burrinho (Unimog 411) accionou uma mina AC.
É hoje DFA.




Dizia-nos o Francisco aquando a sua apresentação em Novembro de 2007:

[...]
Notícias da minha malta... Bem, como deves calcular, houve muita porrada, foram 22 meses de Canquelifá com todas as noites de sono incompletas (reforços e ataques).

Sofremos 15 ataques nocturnos directos mais dois com foguetões 122, chamados mísseis, 4 de cada vez... Estes eram respondidos com Obus 14. O alvo era o aquartelmento, mas as flagelações foram sem consequências graves, com raros feridos, tanto para as nossas tropas com para a os indígenas do aldeamento, que conviviam connosco dentro do arame farpado.

Há a registar ainda o rebentamento de uma mina anticarro, onde eu fui o único ferido. Sofri fracturas múltiplas em ambos os pés, quando conduzia um Unimog 411 (Burro do Mato) que transportava mais 11 Camaradas. Faltavam só 3 semanas para o regresso. Hoje sou DFA com 30,58% de deficiência. Com a idade as sequelas agravam-se, mas estou vivo.

[...]

Ao nosso camarada Francisco Palma desejamos a melhor saúde possível dentro dos seus condicionalismos. Que passe este dia de aniversário acompanhado de seus familiares e amigos, festejando a longa vida que ainda tem pela frente. Nós, deste lado, fazemos força para em 2048 haver uma formatura geral dos centenários. Aquela colheita de 1948 foi mesmo excelente.

Canquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O Francisco Palma posando junto ao brazão da CCAÇ 1623.
__________


2. Júlio da Costa Abreu, ex-1.º Cabo Radiomontador do Batalhão 506, Bafatá, e Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos "Os Centuriões".

Este nosso camarada escolheu a Holanda para viver, um país civilizado e aberto, no mais lato sentido da palavra.

Daqui de Portugal os teus amigos e camaradas desta Tertúlia, desejam-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos, e enviam-te um abraço de parabéns.

Como irás comemorar os 100 anos primeiro que nós editores, cã estaremos nessa altura para dar o devido relevo ao acontecimento.

Moínho típico da Holanda. Este país tem parte do seu território abaixo da cota do nível médio do mar. Estes moínhos drenavam a água dos canais.

Foto: © Carlos Vinhal (2009). Direitos reservados.


Recordemos as palavras de Júlio Abreu aquando da sua apresentação à Tertúlia em 23 de Maio de 2008:

[...]
Caros amigos, estando hoje no meu computador, deu-me a ideia de através do Google procurar saber se haveria alguma coisa sobre o meu antigo Grupo de Comandos Centuriões.

Qual não foi a minha surpresa ao encontrar bastantes artigos sobre o meu grupo assim como muitas notícias dos meus tempos de Guiné!

Quando fui para lá, fiquei no Batalhão 506 em Bafatá, como Radiomontador. Meti os papéis para frequentar o curso de Sarg Radiomontador em Paço de Arcos e, quando abrisse o curso, seria automaticamente graduado em Furriel, pois na altura era 1.º Cabo.

Pouco tempo depois fui transferido para as oficinas de rádio do Batalhão de Transmissões no Quartel-General em Bissau. Ao fim de poucos meses como iam ser criados os Comandos na Guiné, ofereci-me como voluntário para os Comandos.

Depois das provas fui incorporado no Curso em que foi criado o meu Grupo de Comandos Centuriões do Alf Rainha. A partir da criação do grupo fui chefe de equipa.
[...]
Quando voltei para a Metrópole e depois de ter estado empregado no representante da marca JVC em Portugal, resolvi vir para a Holanda onde estou há 36 anos, tendo trabalhado sempre na Companhia de Aviação KLM como técnico de Rádio.
[...]


Algumas fotos ao acaso:

Quartel dos Comandos - Brá - Dia em que recebemos o emblema dos Comandos

Quartel de Brá, fim de comissão

Partida para o mato com a minha equipa

Parada no Quartel de Brá - Dia em que recebemos o emblema dos Comandos

No meu quarto em Brá

Fotografia de 'Ronco'

Despedida dos Comandos, Abraço Cap Rubim

À porta do gabinete do Comandante dos Comandos Capitão Rubim

Fotos: © Júlio Abreu (2008). Direitos reservados.

__________

Notas de CV:

(*) Sobre Francisco Palma, Vd. postes de:

24 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2211: O monumento da CCAÇ 1623, Canquelifá, 1966/68 (Francisco Palma, CCAV 2748, 1970/72)

5 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2242: Tabanca Grande (39): Francisco Palma, ex-condutor auto, ferido em combate, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá (1970/72)

25 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2303: Tabanca Grande (42): Francisco Palma, Soldado Condutor Auto da CCAV 2748/BCAV 2922 (Canquelifá, 1970/72)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2684: Convívios (43): CCAV 2748, dia 1 de Junho de 2008 em Almeirim (Francisco Palma)


(**) Sobre Júlio Abreu, Vd. poste de 23 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2876: Tabanca Grande (71): Júlio Abreu, ex-1.º Cabo da Companhia de Comandos do CTIG (1964/66)


Vd. último poste da série de 17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4701: Parabéns a você (14): Dia 17 de Julho de 2009 - Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CART 3492

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3810: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (3): Unidades de comando em Bajocunda

Continuação da publicação do trabalho de pesquisa do nosso camarada José Martins (*):

Copá, na fronteira com o Senegal (1965-1974) - Parte III: Unidades de comando no subsector de Bajocunda (**)

Unidades de comando:

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 506 (BCAÇ 506, 1963/65)

Mobilizado no Regimento de Infantaria 2, em Abrantes, desembarcou em Bissau em 20 de Julho de 1963, recebendo os elementos do recompletamento do BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 238, que rendeu, assumindo a mesma zona de acção, que passou a ser designada por sector D.

Em 1 e 8 de Agosto de 1963 e 8 de Julho de 1964, foram criados no sector, pela chegada de novas unidades, os subsectores de Piche, Xitole e Fajonquito. A zona de acção foi reduzida em 24 de Agosto de 1964 dos subsectores de Bambadinca e Xitole, e aumentada do subsector de Pirada (onde se incluía Bajocunda) em 29 de Outubro de 1964.
Em 11 de Janeiro de 1965 a zona D passou a designar-se por Sector L2, abrangendo os subsectores de Bafatá e Fajonquito.

Foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 757 em Bafatá e regressou à metrópole em 29 de Abril de 1965.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 512 (BCAÇ 512, 1963/65)

Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 7, em Leiria e desembarcou em Bissau em 22 de Julho de 1963, composto por Comando e Companhia de Comando e Serviços.

Em 20 de Agosto de 1963 seguiu para Mansoa para preparar a sua zona de acção – Sector C - cuja responsabilidade assumiu em 1 de Setembro de 1963, englobando as companhias estacionadas nos subsectores de Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, sendo acrescentados os subsectores de Enxalé e Bigene em 08 e 23 de Dezembro de 1963.

Por remodelação do sector, foi reduzido em 23 de Maio de 1964 dos subsectores de Farim e Bigene e em 31 desse mês foi reduzido dos subsectores de Mansabá e Bissorã.

Em 22 de Julho de 1964 foi substituído pelo Batalhão de Artilharia nº 645, tendo sido deslocado para Bissau (Brá) onde assumiu a responsabilidade da segurança do Centro de Instrução de Comandos.

Em 29 de Dezembro de 1964 foi transferido para o então criado sector L3, com sede em Nova Lamego e abrangendo os subsectores de Nova Lamego, Piche e Pirada, assumindo a responsabilidade do mesmo em 11 de Janeiro de 1965.

Foram criados, sucessivamente os subsectores de Canquelifá em 25 de Fevereiro de 1965, de BAJOCUNDA em 11 de Março de 1965, de Madina do Boé e o de Buruntuma em 23 de Maio de 1965, estes três subsectores foram criados com recurso a unidades de intervenção do Comando-Chefe.

Foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 705 em 1 de Junho de 1965, regressando a Bissau, onde embarcou de regresso em 12 de Agosto de 1965.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 705 (BCAV 705, 1964/66)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa, desembarcou em Bissau em 24 de Julho de 1964, ficando nesta cidade como força de intervenção às ordens do Comando– Chefe, sendo as suas companhias atribuídas como reforço e para realização de operações noutros sectores.

Em 15 de Fevereiro de 1965 foi deslocado para Bafatá, onde comandou a actividade operacional das suas companhia e preparou a rendição do Batalhão de Caçadores nº 512.

Em 1 de Junho de 1965, rende o Batalhão de Caçadores nº 512, estacionado em Nova Lamego, e assume e responsabilidade do Sector L3, que inclui os subsectores de Pirada, BAJOCUNDA, Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e Nova Lamego

Em 1 de Maio de 1966, rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 1856, regressa a Bissau, embarcando de regresso à metrópole em 14 de Maio de 1966.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 1856 (BCAÇ 1856, 1965/67)

Mobilizado do Regimento de Infantaria nº 1, na Amadora, desembarcou em Bissau em 6 de Agosto de 1965, ficando aquartelado em Brá (Bissau), às ordens do Comando – Chefe, orientado para a zona Leste, sendo as suas subunidades atribuídas de reforça a outros batalhões para diversas operações.

Em 2 de Março de 1966 o comando instalou-se em Nova Lamego, enquanto a Companhia de Comando e Serviços era instalada em Piche até 23 de Abril de 1966.

A 1 de Maio de 1966 e substituindo o Batalhão de Cavalaria nº 705, assumiu a responsabilidade do Sector L3, que englobava os subsectores de BAJOCUNDA, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego.

Rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 1915, tendo embarcado para a metrópole em 15 de Abril de 1967.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 1915 (BCAV 1915, 1967/69)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 14 de Abril de 1967, não dispondo de companhia operacionais no seu quadro orgânico.

Em 15 de Abril de 1967 rende o Batalhão de Caçadores nº 1856, assumindo o Sector L#, sedeado em Nova Lamego, ao qual pertenciam os subsectores de BAJOCUNDA, Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e Nova Lamego.

Em 1 de Julho de 1967 o subsector de Piche foi integrado no Sector L3, tendo sido retirado ao Sector do Batalhão de Caçadores nº 1877.

Foi rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 1933 e transferido para o Sector O1, com sede em Bula. Em 18 de Fevereiro de 1969 foi rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 2861 e regressou à metrópole em 03 de Março de 1969.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 1933 (BCAÇ 1933, 1967/

Mobilizado no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, desembarcou em Bissau em 02 de Outubro de 1967. Foi colocado no Sector L3 em sobreposição com o Batalhão de Cavalaria nº 1915, assumindo a responsabilidade deste sector em 11 de Outubro de 1967, que abrangia os subsectores de BAJOCUNDA, Buruntuma, Canquelifá, Piche, Pirada, Madina do Boé e Nova Lamego. Neste sector, de 23 de Outubro a 4 de Dezembro de 1967, foi criado o subsector temporário de Canjadude.

Foi rendido na missão que desenvolvia pelo Batalhão de Caçadores nº 2835, em 21 de Fevereiro de 1968, recolhendo a Bissau a guardar colocação. Em 02 de Abril de 1968, rende o Batalhão de Caçadores nº 1894 no Sector O1-B, designado por Sector 06 a partir de 04 de Outubro de 1968, até 1 de Agosto de 1969, data em que é rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 2876.

Regressou à metrópole em 20 de Agosto de 1969.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 2835 (BCAÇ 2835, 1968/70)

Mobilizado no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, desembarcou em Bissau em 4 de Janeiro de 1968, permanecendo em Bissau, tendo as suas companhias sido atribuídas em reforça de outros batalhões.

Em 21 de Fevereiro de 1968 assume a responsabilidade do Sector L3, com sede em Nova Lamego e subsectores em Canquelifá, Piche, Pirada, Buruntuma, BAJOCUNDA, Madina do Boé e Nova Lamego, rendendo o Batalhão de Caçadores nº 1933.

Em 14 de Julho de 1968 este sector foi aumentado com a criação dos subsectores de Canjadude e Cabuca.

Tendo sido criado o Sector L4, em 24 de Novembro de 1968, este batalhão foi reduzido dos subsectores de Piche, Canquelifá, Buruntuma e BAJOCUNDA.

Em 4 de Fevereiro de 1969, foi reduzido do subsector de Madina do Boé com a retirada das nossas forças no território a sul do Rio Corubal, nesta zona.

De 15 de Março a 11 de Outubro de 1969, este batalhão esteve integrado no Comando Operacional nº 5.

Foi rendido em Nova Lamego em 29 de Novembro de 1969 pelo Batalhão de Caçadores nº 2893, regressando à metrópole em 4 de Dezembro de 1969.

BATALHÃO DE ARTILHARIA Nº 2857 (BART 2857, 1969/71)

Mobilizado no Regimento de Artilharia Ligeira nº 5, em Penafiel, desembarcou em Bissau em 15 de Novembro de 1969, assumindo a responsabilidade do Sector L4, com sede em Piche e criado em 24 de Novembro de 1968, em área retirada ao Sector L3 sedeado em Nova Lamego, abrangendo os subsectores de Piche, Buruntuma, Canquelifá e BAJOCUNDA. Este sector é integrado no Comando Operacional nº 5, entre 15 de Março e 11 de Outubro de 1969.

Em 27 de Junho de 1970, o subsector de BAJOCUNDA é integrado no Comando Operacional Temporário nº 1.

Este batalhão é rendido em 12 de Agosto de 1970 pelo Batalhão de Cavalaria nº 2922, regressando a Bissau em 27 de Agosto de 1970 e embarcando de regresso em 04 de Outubro de 1970.

COMANDO OPERACIONAL TEMPORÁRIO Nº 1

Foi criado em 27 de Junho de 1970, para fazer face à intensa actividade IN, levada a cabo na região de Pirada – BAJOCUNDA, a partir de 13 de Julho de 1970.

Assume a responsabilidade da zona com sede em BAJOCUNDA e integrando os subsectores de Pirada e Bajocunda, retirados ao Batalhão de Caçadores nº 2863 e Batalhão de Caçadores nº 2857, ficando na dependência do Comando de Agrupamento nº 2957.

Em 20 de Agosto de 1970 o sector foi aumentado com um novo subsector instalado em Paúnca por atribuição de uma nova subunidade.

Em 12 de Novembro de 1971 assume a responsabilidade desta zona de acção o Batalhão de Cavalaria nº 2834, passando a ser designado por Sector L6, tendo o Comando Operacional nº 1 sido extinto em 22 de Novembro de 1971.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 3864 (BCAV 3864, 1971/73)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 30 de Setembro de 1971, realizando a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro de Instrução Militar, em Cumeré, entre 04 e 21 de Outubro de 1971.

Em 12 de Novembro de 1971 assumiu a responsabilidade do sector atribuído ao Comando Operacional nº 1 abrangendo os subsectores de BAJOCUNDA, Paúnca e Pirada.

Com a extinção do Comando Operacional nº 1 em 22 de Novembro de 1971, a zona passa a designar-se por Sector L6, aumentado do subsector de Mareué, retirado ao Batalhão de Caçadores nº 2854, sendo este subsector extinto em 11 de Março de 1973 e o seu território integrado nos subsectores já existentes.

Em 25 de Novembro de 1973 foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 8323/73, recolhendo a Bissau e regressando à metrópole em 15 de Dezembro de 1973

BATALHÃO DE CAVALAEIA Nº 8323/73 (BCAV 8323/73, 1973/74)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 29 de Setembro de 1973 e realizou a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro de Instrução Militar, em Bolama, de 05 de Outubro a 31 de Outubro de 1973.

Assume a responsabilidade do Sector L6, com sede em Pirada, em 25 de Novembro de 1973, abrangendo os subsectores de BAJOCUNDA, Paúnca e Pirada.

Coordenou e comandou o movimento de retracção do dispositivo as Nossas Tropas, a partir de 21 de Agosto de 1974, com a entrega ao PAIGC dos subsectores de Paunca, em 21 de Agosto de 1974; de BAJOCUNDA, em 22 de Agosto de 1974; e de Pirada em 27 de Agosto de 1974; iniciando o deslocamento para Bissau, regressando à metrópole em 10 de Setembro de 1974.

José da Silva Marcelino Martins
josesmmartins@sapo.pt

Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria
Companhia de Caçadores nº 5 – CTIGuiné
Nova Lamego e Canjadude - Jun1968 a Jun1970
__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

26 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3795: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (1): O princípio do fim, a história do Soldado António Rodrigues

26 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3797: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (2): Unidades de intervenção no subsector de Bajocunda

(**) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3809: Os últimos dias do destacamento de Copá, Janeiro/Fevereiro de 1974 (Helder Sousa / Fernando de Sousa Henriques)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2876: Tabanca Grande (71): Júlio Abreu, ex-1.º Cabo da Companhia de Comandos do CTIG (1964/66)

Júlio da Costa Abreu, ex-1.º Cabo Rádiomontador do BCAÇ 506 (Bafatá) e Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos "Os Centuriões".


1. Mensagem de Júlio da Costa Abreu, de 20 de Maio:


Grupo de Comandos Centuriões (Guiné)

Caros amigos, 

Estando hoje no meu computador, deu-me a ideia de através do Google procurar saber se haveria alguma coisa sobre o meu antigo Grupo de Comandos Centuriões.

Qual não foi a minha surpresa ao encontrar bastantes artigos sobre o meu grupo assim como muitas notícias dos meus tempos de Guiné!


Quando fui para lá, fiquei no Batalhão 506 em Bafatá, como Radiomontador. Meti os papéis para frequentar o curso de Sarg Radiomontador em Paço de Arcos e, quando abrisse o curso, seria automaticamente promovido a Fur Graduado, pois na altura era 1.º Cabo.
Pouco tempo depois fui transferido para as oficinas de rádio do Batalhão de Transmissões no Quartel-General em Bissau. Ao fim de poucos meses, como iam ser criados os Comandos na Guiné, ofereci-me como voluntário para os Comandos.

Depois das provas fui incorporado no Curso em que foi criado o meu Grupo de Comandos Centuriões do Alf Mil Rainha. A partir da criação do grupo fui chefe de equipa.


O GrCmds "Centuriões", em Setembro de 1965, na guarda de honra ao Palácio do Governo.


Numa esplanada em Bissau (Hotel Portugal?), Abreu, Briote e o Toni Ramalho (médico no Porto, depois do regresso). Finais de 1965.


Saída para uma operação da equipa que o Júlio Abreu chefiava.

No regresso, o descanso e a calma na companhia do cigarro...

Em Bissau, Júlio Abreu, Carlos A. Silva, João Parreira e Mário Dias. Finais de 1965?

Capitão Nuno Rubim, 1º Cabo Júlio Abreu e o Alf Mil Vítor Caldeira (adjunto do Cmdt da CCmds para os assuntos administrativos e mais tarde, por impedimento do Alf A. Vilaça, Cmdt do GrCmds "Vampiros").

Em Brá, na entrega dos crachás, em Set. 1965. Podem ver-se, entre outros, o Alf Rainha, o 1º Cabo Abreu e o 1º Cabo Marcelino da Mata (de costas).

Brá, Setembro 1965. Entrega dos crachás. Distinguem-se, entre outros Camaradas, na 1ª fila o Alf Rainha e o 1º Cabo Júlio Abreu atrás do 1º Cabo Marcelino da Mata.


No final da comissão, o abraço do Capitão Rubim ao 1º Cabo Júlio Abreu. Na imagem reconheço o Soldado António Kássimo, o 1º da esquerda.

Cerimónia da despedida em Brá dos que, terminda a comissão, regressam à Metrópole. O Cap Nuno Rubim, o Alf Mil Vítor Caldeira ao fundo e o grupo em que se reconhecem o Soldado António Kássimo (que continuou nos "Centuriões" e mais tarde nos "Diabólicos") e o 1ª Cabo Júlio Abreu (o 3º da esq. para a dirª).


No restaurante do Geraldes, em Bissau. Da esqª para a dirª: sentados, o Júlio Abreu e um camarada que não reconheço. De pé, os Furr Matos, Carlos Alberto Silva, Sargento Mário Dias e o Furriel Valente de Sousa.

Quando voltei para a Metrópole e depois de ter estado empregado no representante da marca JVC em Portugal, resolvi vir para a Holanda onde estou há 36 anos, tendo trabalhado sempre na Companhia de Aviação KLM como técnico de Rádio.

Presentemente já estou reformado, mas gostaria de entrar em contacto com antigos Camaradas da Guiné. Ocasionalmente, encontrei-me há dois 2 anos com o Furriel Marques de Matos (dos Diabólicos) na Lourinhã, tendo ele dito que, por vezes, havia encontros dos ex-Comandos.
Seria com bastante prazer que eu gostaria de saber, com antecedência, quando houvesse um desses encontros pois gostaria de me encontrar com alguns camaradas não só do meu grupo como também de outros conhecidos. Por sinal, há bastantes anos, estive no quartel dos Comandos na Amadora onde tive o prazer de falar com o Sarg Mário Dias.

Junto o meu endereço electrónico (costaabr@gmail.com) para, se esta carta for lida, algum camarada me possa contactar.
Junto também algumas fotos do meu tempo da Guiné, (tenho muito mais fotos que mais tarde poderei mandar) e assim dessa maneira será mais fácil reconhecerem-me.

Sem mais de momento e esperando um bom acolhimento a esta mensagem, despeço-me por hoje.
Júlio A. A. da Costa Abreu

__________

2. Mensagem de vb:

Caro Júlio,
Foi uma agradável surpresa a que tive hoje ao ver a tua mensagem. O nosso pessoal desapareceu... e de ti nunca mais tivemos notícias. Alguns de nós vamo-nos vendo e falando, pessoalmente e por telefone. Encontrámo-nos regularmente com o Mário Dias, o ex-Furriel Miranda (lembras-te?), o Caetano Azevedo (Diabólicos), o Rainha, o Parreira e alguns outros.

Temos também enterrado um ou outro, como é natural, que o tempo é um grande vindimador. O Fur Carlos Alberto Silva que aparece numa das tuas fotos já foi há uns anos, bem como o Saraiva, o Godinho, o Moita, o Vilaça, o Cordeiro, o Caleiro, o Albino da MG-42... o ano passado foi o velho Tudela, aquele cabo-avô dos Vampiros, lembras-te?

Tenho muito gosto em apresentar-te à Tabanca Grande. Ainda te lembras da data da tua chegada à Guiné? Foste em rendição individual ou com alguma unidade? Desde quando estiveste nos "Comandos" e quando regressaste? Se não te lembrares das datas exactas, dá-me pelo menos uma ideia aproximada.
(…)

Um abraço
vb

__________

3. Resposta do Júlio Abreu

Amigo Briote,
Para começar e em resposta ao teu e-mail:


Mário Dias: Há já bastantes anos e estando eu na altura na Amadora, fui ao quartel dos Comandos na Amadora, (um dos meus filhos queria ver o quartel (tenho 3 filhos, o mais velho do meu primeiro casamento tem agora 41 anos, e do segundo casamento tenho 2, um rapaz de 32 anos e uma rapariga de 30 anos) e encontrei lá o Mário Dias (tens o e-mail dele?). 
Foi um tempo bem passado e pudemos recordar algumas coisas dos nossos tempos. O Rainha já me deu a morada dele mas não o e-mail.


Miranda: se bem me lembro, era um Furriel bastante alto, era esse não é verdade?
 

Azevedo: está nesta foto que te mando hoje, estando tu sentado na cama dele. O que é feito do Valente que está na mesma foto?


O Rainha já entrou em contacto comigo ontem, assim que recebeu o teu e-mail respondeu-me logo, e foi com bastante alegria do meu lado que entrámos em contacto.


Parreira: o Rainha já me deu o e-mail dele e vou-lhe escrever.
(…)


Cheguei à Guine em 17 Janeiro 1964, em rendição individual e fui colocado como Rádio-montador no Batalhão 506 em Bafatá. Meses depois e como tinha pedido para frequentar o curso de sargento-radiomontador, fui transferido para o Comando de Transmissões no Quartel-general em Bissau.
Entretanto ofereci-me como voluntário para os Comandos, tendo passado nas provas depois de ter levado uma carga de porrada na prova de boxe com o Marcelino que era um calmeirão comparado comigo, seguidamente fui nomeado chefe de equipa do Grupo Centuriões do Rainha. 
Regressei a Portugal em 27 de Janeiro de 1966.

Espero que tenha respondido às tuas perguntas. Penso ir a Portugal por volta de 27 de Junho, e espero podermo-nos encontrar para recordar os bons tempos. Desculpa alguns erros ortográficos, mas depois de 36 anos na Holanda, nem sempre consigo escrever bem Português.

Por agora nada mais, despede-se o amigo,
Júlio Abreu.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1384: Com o Alferes Comando Saraiva e com o médico e cantor Luiz Goes em Madina do Boé (António de Figueiredo Pinto)

Guiné > 1964 > Brá, Comandos > Equipa Os Fantasmas. "Foto do Furriel Artur Pereira Pires (ao meio, de bigode), a quem fui substituir, e da sua equipa, os Fantasmas, composta por António Joaquim Vieira Ferreira, Manuel Coito Narciso, José da Rocha Moreira e João Ramos Godinho. Foram umas das vítimas do rebentamento da mina em 28 de Novembro de 1964 [, na estrada de Madina do Boé para Contabane, a uma escassa centena de metros do pontão sobre o rio Gobige]" (JSP).


Foto: © João S. Parreira (2005). Direitos reservados.

Mensagem do novo membro da nossa tertúlia, o ex- Alf Mil António de Figueiredo Pinto, BCAÇ 506 (1963/65) (1):

Caro José Martins:

Foi por mero acaso que, pesquisando na Internet assuntos sobre a Guiné, encontrei o site do Amigo Luís Graça (feliz acaso !), apartir do qual e em pouco tempo começo a receber notícias de Amigos, que, como eu, passaram por terras da Guiné.

És o primeiro que eu constato que palmilhou muitos dos caminhos por onde andei. Já estou quase nos 68 anos, um bocado entradote na idade mas um novato nestas andanças de computadores e Internet.

A memória já me vai traindo um bocado, mas há momentos que jamais poderei esquecer e com certeza que me acompanharão para sempre. Guardei alguns documentos daquele tempo e, vasculhando-os, verifico que pertenci à 3ª Companhia de Caçadores, em Nova Lamego, e aos Batalhões de Caçadores, sediados em Bafatá, nºs 506 e 512 e finalmente ao Batalhão de Cavalaria nº 705.

Sobre Madina do Boé (2) estive lá no 2º ano de comissão, lembro-me que fomos os primeiros a lá chegar e montar o 1º aquartelamento que ficou ao fundo da estrada, onde havia uma escola desactivada. Os primeiros tempos passámo-los sem sobressaltos de maior até que houve o 1º ataque, não posso precisar a data. Não tivemos feridos.

Há um episódio, no entanto, entre vários, que me marcou bastante. Vou tentar resumi-lo:

Uma tarde estávamos no Destacamento, quando, de repente, ao fundo da tal estrada vimos chegar, com grande alarido dois ou três jipes com uma velocidade inusitada e alguém aos gritos, que só conseguimos entender quando chegaram à nossa beira. Era um grupo de Comandos, chefiados pelo alferes Saraiva (um homem tremendamente marcado pela guerra em Angola, onde assistiu à morte de familiares seus ) . Aos berros, pediu-nos viaturas e homens para efectuar uma operação (de que eu não tinha conhecimento ) nos arredores de Madina. De tal maneira ele estava transtornado que chegou a puxar de pistola para um Furriel do Destacamento, que esta a apertar as botas, tal era a sua pressa.

O que não posso esquecer é o pedido que um dos nossos soldados fez para substituir o condutor duma viatura, salvo erro, uma Mercedes, argumentando que, sendo ele pequeno ( e era-o de facto) se uma mina rebentasse ele saltava com mais facilidade, pedindo só para deixar tirar a capota da viatura. Não me recordo do nome dele mas vejo-o constantemente...

Essa patrulha, em que não participei, pois o Saraiva não o permitiu, foi atacada, após o rebentamento de minas. Morreram vários camaradas nossos, entre eles o referido condutor, que teve uma morte horrorosa.

Alguns desses camaradas deixaram este mundo nos meus braços e nos do médico que, na altura, estava conosco e que é por demais conhecido - o Luiz Goes, que todos conhecem, com certeza, pelos seus fados de Coimbra (3).

Este foi um dos momentos mais dramáticos que vivi na Guiné (4), para além de outros, especialmente em Beli, onde fui ferido e que noutra altura relatarei.

Penso não estar a ser fastidioso.

Tu mo dirás se posso relatar outros factos que agora se estão a soltar e vir ao consciente.
Fiquei bastante emocionado ao ver no teu contributo de Memórias da Guiné ao ver o nome do meu maior Amigo, dentre tantos Amigos que lá tive - Martinho Gramunha Marques. Sobre ele também gostaria de falar um dia.

Amigo José Martins, breve voltarei, se não fôr inconveniente.
Um grande abraço.Tudo de bom para ti e toda a tua Família.

Pinto

_________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 18 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1378: António de Figueiredo Pinto, Alf Mil do BCAÇ 506: um veterano de Madina do Boé e de Beli

(...) "Alguns dados sobre a minha estadia na Guiné:

(i) Embarquei em Novembro de 1963, em rendição individual. Fui substituir um colega que se pirou para o Senegal.

(ii) Estive algum tempo em Nova Lamego, tendo sido, em seguida destacado para Pirada onde reconstrui o aquartelamento.

(iii) Estive algum tempo em Geba, zona na altura um bocado perigosa, mas sem problemas.

(iv) Vim de férias em Outubro de 1964, conhecer o meu primeiro filho, com 3 meses de idade.

(v) No regresso, fui destacado para Madina do Boé, tendo sido o primeiro pelotão a chegar lá onde montei o primeiro aquartelamento.

(vi) Depois fui para Beli, onde ao fim de algum tempo, e depois também de ter sido o primeiro pelotão a lá chegar e ter montado o destacamento, em Maio de 65, fomos atacados tendo aí sido ferido (mais seis companheiros) mas, felizmente ninguém morreu. Os meus ferimentos foram motivados pelo rebentamento de uma granada de morteiro, que me encheu o corpo de pequenos estilhaços, mas depois de um mês no hospital em Bissau, fiquei OK" (...).

(2) Vd. posts recentes do José Martins:

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1292: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte I)

15 de Dezembro de 2006> Guiné 63/74 - P1370: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte II)

(3) Vd. blogue Fado de Coimbra e... > Luiz Goes

(...) "Luiz Fernando de Sousa Pires de Goes nasceu em Coimbra, em 1933 e licenciou-se em Medicina, em Outubro de 1958.

"Sobrinho de Armando Goes (que foi contemporâneo de Edmundo de Bettencourt, António Menano, Lucas Junot, José Paradela de Oliveira, Almeida D’Eça e Artur Paredes), Luiz Goes cedo se iniciou nas cantorias do fado por influência de seu tio.

(...) "Terminado o curso de Medicina em 1958, Luiz Goes fixou-se em Lisboa como médico estomatologista. De 1963 a 1965 o cantor prestou serviço militar na Guiné, na guerra colonial, como alferes-médico. Mas depois, continuou a sua carreira artística, como aliás se demonstra pela quantidade de discos que gravou a partir dessa altura.

"Nesta segunda fase, Luiz Goes foi acompanhado, à guitarra, por Carlos Paredes (que com ele participou na gravação de discos, embora sob pseudónimo), por João Bagão, António Andias, Aires de Aguiar e esporadicamente, por Jorge Tuna e Octávio Sérgio; à viola, por Fernando Alvim, João Gomes, António Toscano, Fernando Neto, e Durval Moreirinhas.

"Para além de excelente intérprete, Luiz Goes é também autor da música e da letra de muitos fados e baladas de Coimbra (25 e 18 respectivamente)" (...).

(4) Julgo tratar-se do mesmo episódio já aqui evocado pelo Virgínio Briote (que comandou o Grupo de Comandos Diabólicos):

Vd. post de Virgínio Briote, de 13 de Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXV: Brá, SPM 0418 (3): memórias de um comando (Virgínio Briote).

Extracto:

"Novembro de 64, dia 28. Na estrada de Madina do Boé para Contabane, a uma escassa centena de metros do pontão sobre o rio Gobige, os Fantasmas detectaram uma mina anti-carro. Levantaram a mina e simularam o rebentamento. Ficaram emboscados nas proximidades cerca de 2 horas. Viram um grupo IN aproximar-se e afastar-se logo que deram pela presença de mulheres na estrada. Uma hora depois viram um elemento IN a fugir. Afinal, estavam em igualdade de circunstância, todos sabiam da presença uns dos outros.

"No dia seguinte voltou com o grupo ao local. Meteu-se com alguns soldados no Unimog mais pequeno à frente, e encaixou dezasseis militares no Unimog maior atrás. A 1ª viatura passou, a outra, uma dezena de metros atrás, não. Pisou uma mina. Ao mesmo tempo que em cima deles caía uma chuva de balas de armas automáticas, o Unimog incendiou-se e as munições explodiram como foguetes num arraial minhoto. Quase todos os homens foram projectados a arder. 7 mortos logo ali e três feridos graves. Tinham partido 22 de Bissau, regressaram doze. Com o grupo dizimado, poucos dias depois arrancou com os restantes para uma operação".

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1378: Tabanca Grande: António de Figueiredo Pinto, ex-Alf Mil do BCAÇ 506: um veterano de Madina do Boé e de Beli

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Legenda das Fotos > 1ª do lado esquerdo > Algures, perto de Pirada, zona leste; 2ª do lado direito > Travessia do Rio Corubal em direcção a Madina do Boé; 3ª do meio, lado esquerdo e as duas de baixo > como ficaram algumas das viaturas em Beli, quando fui atacado e onde fui ferido; 4ª do meio do lado direito > Algures em Nova Lamego.
1. Mensagem do António de Figueirdo Pinto:
Amigo Luís Graça,

Pertenci ao Batalhão de Caçadores 506, como alferes miliciano.

Fiquei satisfeito por saber que as mensagens e as fotos foram bem recebidas. De facto, o meu e-mail está em nome da minha mulher [, Maria Amália]. Julgo que não há inconveniente.

Alguns dados sobre a minha estadia na Guiné:
(i) Embarquei em Novembro de 1963, em rendição individual. Fui substituir um colega que se pirou para o Senegal.

(ii) Estive algum tempo em Nova Lamego, tendo sido, em seguida destacado para Pirada onde reconstrui o aquartelamento.

(iii) Estive algum tempo em Geba, zona na altura um bocado perigosa, mas sem problemas.

(iv) Vim de férias em Outubro de 1964, conhecer o meu primeiro filho, com 3 meses de idade.

(v) No regresso, fui destacado para Madina do Boé, tendo sido o primeiro pelotão a chegar lá onde montei o primeiro aquartelamento.

(vi) Depois fui para Beli, onde ao fim de algum tempo, e depois também de ter sido o primeiro pelotão a lá chegar e ter montado o destacamento, em Maio de 65, fomos atacados tendo aí sido ferido (mais seis companheiros) mas, felizmente ninguém morreu. Os meus ferimentos foram motivados pelo rebentamento de uma granada de morteiro, que me encheu o corpo de pequenos estilhaços, mas depois de um mês no hospital em Bissau, fiquei OK.

(vii) Depois de sair do hospital, mandaram-me para Bolama, dar instrução onde terminei a comissão.

Quis sintetizar, mas acho que já escrevi demais, desculpa...Concerteza que podes dar este e-mail para eventuais contactos, explicando todavia que está em nome da minha mulher.
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Legendas das Fotos: De cima para baixo, da esquerda para a direita

(i) Dezembro de 1963: Com o Cap Maltez Soares, comandante da CCAÇ 3, de Nova Lamego. Fotografia tirada em Sonaco.

(ii) O Navio Mercante Manuel Alfredo que me levou para a Guiné.

(iii) 1 de Janeiro de 1964: Festa de Ano Nivo no quartel de Nova Lamego.

(iv) Janeiro de 1964: visita do Governador-Geral a Nova Lamego, brigadeiro Louro de Sousa.

(v) Janeiro de 1964: igreja de Nova Lamego.

(vi) Janeiro de 1964: sede da companhia.

Gostaria de saber de camaradas da altura em que lá estive.

Embora tenha trabalhado sempre no Porto, vivo agora perto de Monção, deixo aqui o meu endereço:

Um abraço,
Pinto