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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13513: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (1) (Carlos Cordeiro)




Começamos hoje a publicar um trabalho do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, na situação de Reforma, intitulado "Unidades Militares Mobilizadas nos Açores Para a Guerra no Ultramar (1961-1975) - Notas Para Uma Investigação.












(Continua)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13138: Tabanca Grande (434): Luís Cândido Tavares Paulino, ex-Fur Mil da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72) - Grã-Tabanqueiro 655

Mensagens enviadas ao nosso Blogue pelo nosso camarada Luís Cândido Tavares Paulino, ex-Fur Mil da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72):

Primeira mensagem:
Amigo e Camarada Luís Graça,
Tenho vindo a abrir com alguma frequência o blogue, que é o ponto de encontro de muitos que como eu, cumpriram as suas comissões de serviço nas Ex-Colónias desde o início da década de 60 até 1974 e sempre tive o desejo de um dia poder vir a contribuir para o seu enriquecimento, - por entender que muitas das memórias que aqui são narradas, irão pertencer à história da época colonial - e também para continuar a manter ligações com os que como eu, também palmilharam aquelas terras africanas.

Fui Fur. Mil. e pertenci à C.Caç. 2726, que cumpriu a sua comissão de serviço na Ex-Colónia da Guiné, tendo ficado estacionada em Cacine e Cameconde, desde Abril de 70 a Fevereiro de 72.

Esta unidade formada no BII18 em Ponta Delgada, era maioritariamente constituída por naturais dos Açores e comandada pelo Capitão David Magalhães, (hoje Coronel).

Em 2004, por mera casualidade, foi possível reencontrar um número significativo de elementos e a partir dessa data temo-nos reunido anualmente em convívios, cuja duração nunca foi inferior a 3 dias. Durante estes 10 anos, já percorremos desde o Minho e Trás-os-Montes ao Algarve e as Ilhas de S.Miguel, Terceira, Pico e Faial.
Para este ano já está praticamente organizado o 10.º Convívio, que vai ocorrer em Lisboa, de 20 a 22/6.

Do Programa constam visitas a lugares de interesse histórico e turístico, culminando com o habitual almoço convívio, abrilhantado por um conjunto de guitarra e viola que irão acompanhar uma fadista e organista que irá transmitir uma animação própria para estas ocasiões.

Saudações fraternas,
Luís Paulino



Segunda mensagem:
Amigo e Camarada Luís Graça,
Enviei ontem um email para o blogue e hoje ao proceder à sua abertura e após uma leitura pormenorizada, verifico que o médico Bernardo Silva, que passou pela nossa Companhia em Cacine, tem referido os nomes do Comandante - Capitão David Custódio Gomes Magalhães, o meu e de outro médico Mário Bravo, que também deu assistência à nossa Companhia.
Atendendo a que está para breve o nosso 10.º Convívio, seria interessante se fosse possível contactá-lo para o poder convidar.

Saudações fraternas,
Luís Cândido Tavares Paulino
Ex-Fur. Mil. C.Caç.2726


Com Este Sinal Vencerás


Terceira mensagem:
Caro Amigo e Camarada Vinhal,
Como já ontem referi num email que enviei para o blogue Luís Graça, sou o ex-militar que pelos vistos está a ser badalado no blogue dos que como eu prestaram serviço militar na Guiné.

O meu nome é - Luís Cândido Tavares Paulino e fui Furriel Miliciano na C. Caç.2726, que esteve estacionada em Cacine de 1970/1972.
Não sendo minha intenção desvalorizar os eventos de outras unidades que se têm organizado por todo o país, é de realçar a forma quase "profissional" como organizámos os 9 Convívios já passados. Como também referi, já percorremos o continente desde Minho, Trás-os-Montes, Beira Litoral, Estremadura e Algarve. Nos Açores já visitamos S. Miguel, Terceira, Pico e Faial.

Lembro-me que na viagem a S. Miguel faziam parte do grupo mais ou menos 90 pessoas. - Viagens de avião, alojamento em hotéis, transportes terrestres locais, para visitas turísticas, almoços extra-convívios, cerimónias religiosas, animação musical, (organistas, conjuntos de violas e guitarras com fadistas, ranchos folclóricos locais), tudo isto para animar o formal Almoço Convívio.

O meu amigo poderá questionar-se: se será possível que estes malucos ainda tenham pedalada para estas actividades? Podem acreditar que é mesmo esta a realidade dos nossos Convívio.

Também já li no blogue do Luís Graça que o médico Bernardo Amaral, que prestou assistência médica à Companhia, já fez referência à nossa singular dos nossos eventos. Gostaria que ele nos acompanhasse este ano em Lisboa, por ocasião do nosso 10.º Convívio de 20 a 22 de Junho. Também já contactei via telefone, o médico Mário Bravo, nesse sentido, pelo que a sua presença poderá ser uma realidade.

Agradeço, se for possível, que me contactem.

Saudações Fraternas.
Luís Cândido Tavares Paulino
Ex-Fur. Mil. C.Caç.2726

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine vista de uma embarcação no rio... à esquerda o antigo posto de socorros no tempo da CART 1692... Ainda hoje a povoação, embora degradada, está coberta de magníficos poilões e cabaceiras.

Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


2. Comentário do editor

Caro camarada Luís Paulino,
Muito obrigado pelo teu contacto e por seres um dos leitores do nosso Blogue.
Em conversa telefónica, ontem à tarde, pudemos trocar imensas recordações dos nossos tempos de militares e dos caminhos que trilhámos quase ombro a ombro.
Para que quem me leia fique a saber tanto como nós, passo a explicar.
Fizemos ambos a recruta do CSM no RI 5 das Caldas da Rainha no segundo turno de 1969, de 21 de Abril a 3 de Julho, dia em que Juramos Bandeira. Tu pertencias à 2.ª Companhia de Instrução e eu à 6.ª. No meio ficava a 4.ª.
Tu foste depois fazer a Especialidade na arma de Infantaria (CISMI) Tavira e eu Artilharia (EPA) Vendas Novas.
Voltámos a andar juntos no XXXIII Curso de Minas e Armadilhas, na Escola Prática de Engenharia de Tancos (EPE), entre 20 de Outubro e 28 de Novembro de 1969. Eu na Turma B, tu não te lembras da tua.
Durante o Curso ambos fizemos amizade com o então Aspirante Couto que viria a integrar a minha Companhia na Guiné, onde viria a falecer no dia 6 de Outubro de 1970, vítima de uma mina antipessoal IN.
Findo o curso foste para os Açores e eu (em Dezembro) para a Madeira.
Quando mobilizados, ambos para a Guiné, tu saíste de Lisboa no dia 11 de Abril de 1970 com a tua açoriana CCAÇ  2726, no navio Ana Mafalda, que fez escala no Funchal no dia 13 para embarcar a minha madeirense CART 2732. De novo reunidos, desta vez num espaço bem mais pequeno.
Por certo fizemos as refeições juntos a bordo e dormimos em camarotes contíguos.
Chegados à Guiné, seguiste o teu destino para os Resorts de Cacine e Cameconde e eu, mais modesto, estive 23 meses nas Termas de Mansabá.
Regressaste a 27 de Fevereiro de 1972, sortudo, véspera do dia em que eu havia de abandonar definitivamente Mansabá para aguardar, em Bissau, embarque para a Metrópole, o que veio a acontecer só no dia 19 de Março.

Disse que te receberemos na tertúlia com todo o gosto, desde que prometas enviar-nos algumas das tuas memórias escritas e em fotos. Já sabes que para formalizar a tua admissão na Tabanca Grande, nome por que também é conhecido o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, nos deves mandar uma foto "daquele tempo", fardado, e outra actual (de preferência tipo passe, em formato JPEG) que se destinam, não só aos nossos arquivos, como também a ilustrar os teus postes, que como te expliquei também, somos nós a publicar.

As tuas mensagens com textos e/ou fotos a publicar devem ser enviadas para o Blogue, endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para um dos co-editores: eu ou o Eduardo Magalhães.

Já que estamos em contacto, passo a informar, se ainda não sabes, que no próximo dia 14 de Junho se vai levar a efeito o IX Encontro da Tabanca Grande, convívio este aberto a todos os camaradas que palmilharam aquela terra vermelha, que molharam as fardas nas bolanhas e as secaram sob aquele tórrido sol. Isto nos une e nos faz irmãos. Por isso nos tratamos por tu, independentemente do que fomos (patentes militares) e do que somos agora como civis.

Caro Luís, já me alonguei muito. Logo que me mandes as fotos da praxe, publicá-las-ei neste mesmo poste para que te possamos conhecer aí pelos caminhos de Portugal.

Recebe um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.
Fico por aqui ao teu dispor
Carlos Vinhal

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Setor de Cacine > Cameconde > 1968 > Três aspetos gerais do destacamento.

Fotos: © António J. Pereira da Costa (2013). Todos os direitos reservados


3. Em tempo

Fotos da praxe publicadas em 4 de Junho de 2014.
A propósito, posso dizer-te, caro Luís Paulino, que "a tua cara não me é estranha".
Carlos Vinhal
 ____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12991: Tabanca Grande (433): Lucinda Aranha, filha de Manuel Joaquim dos Prazeres que viveu em Cabo Verde e na Guiné entre os anos 30 e 1972, e que era empresário de cinema ambulante

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12079: Os nossos médicos (70): Amaral Bernardo, do Porto, foi o primeiro médico da açoriana CCAÇ 2726, que era comandada pelo cap inf David C. Gomes de Magalhães (Cacine, 1970/72)




Guiné > Região de Tombali > Rio Cacine a caminho de Gadamael > c. 1970 > O alf mil méd Amaral Bernardo esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72). Amaral Bernardo pertencia  à CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), e passou cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6).

Foto: © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]



1. Mensagem de Amaral Bernardo, acabada de chegar às 07:18:

Luís:

Há cerca de dois anos enviei-te os crachás das companhias por onde andei na Guiné (e que nunca foram referenciados neste blogue) e penso (mas vou verificar, e gostava que o fizesses também) que o da CCaç 2726 que hoje mostram,  pertence a essa colecção. (Caso não seja assim, este mail não existiu).

Essa foi a primeira companhia que tive na Guiné em conjunto com Gadamael. Depois estive os tais 11 meses em Bedanda com apoio ao Guilege e esporadicamente a Cacine.

Era comandada pelo capitão Altino (penso) de Magalhães[, não,  era o cap inf David C. Gomes de Magalhães] (**)

Dessa época não me lembro de nenhum colega de Coimbra que estivesse lá estado. O apoio a Cacine era feito pelos médicos de Catió, como é sabido. 

O Mário [Silva] Bravo substitui-me em Bedanda quando fui para Tite. Cruzámo-nos no "Aeroporto Internacional de Bedanda", na rendição.

Somos da mesma Faculdade [de Medicina do Porto] e amigos de longa data.

Desculpa este flashback.

Abraço rijo

Amaral Bernardo

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Amaral,  pela tua pronta resposta ao solicitado no nosso último poste,  P12078, de hoje (*).  Aqui tens mais uns elementos informativos sobre a tua primeira companhia,  onde  estiveste como médico.  O pessoal era açoriano. É pena que não tenhamos ninguém a representá-la aqui, na nossa Tabanca Grande.

Encontrei, no portal Dos Veteranos da Guerra do Utramar [Ultramar Terraweb]  um contacto de um militar dessa companha, o Luís Cândido Tavares Paulino, que organizou o 7º convívio do pessoal da  CCAÇ 2726, no Faial e no Pico, em 2011. Telefone: 214 102 686. Talvez esse camarada nos possa dizer quem, além de ti, foram os médicos que passaram por Cacine, entre 1970 e 1972, ao tempo da CCAÇ 2726.

Quanto ao mail que me terás enviado há cerca de 2 anos, com os crachás das tuas companhias, é bem possível que se tenha estraviado ou esteja algures, ainda por abrir,nalgumas das minhas caixas de correio que já não está ativas. Numa primeira rápida pesquisa não encontrei nada. Se ainda te for possível, reencaminha-me, por favor, esse mail. Saúde da boa para ti!... De Lisboa, com um alfa bravo. Luis.
_____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 24 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12078: Os nossos médicos (69): Quem foi o colega de Coimbra que em 1970 passou pela açoriana CCaç 2726 (Cacine, 1970/72) ? (Flávio Rodrigues, médico, Loures)

(**) A CCAÇ 2726, independente, foi mobilizada p'elo BII 18, partiu para o TO da Guiné em 11/4/1970 e regressou a 27/2/1972. Esteve sempre em Cacine. Era comandada pelo cap Inf  David Custódio Gomes de Magalhães.

Vd. poste de 16 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4961: Histórias de Juvenal Candeias (4): Há periquitos no Quitáfine

(...) A CCaç 3520 tinha chegado ao porto de Cacine, a bordo da LDG Montante, em 24 de Janeiro de 1972, para render a CCaç 2726, companhia açoriana comandada pelo Capitão Magalhães, o homem que retorcia as pontas do bigode com cera e a quem o tabaco nunca faltava! Dizia-se mesmo, à boca pequena, que, quando o tabaco acabava em Cacine, o PAIGC deixava, no mato, uns macitos para o Capitão! Rumor ou realidade… ninguém sabe! Ficou por provar! (..:)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11946: Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Canjambari" (1): Capítulo I (Manuel Lima Santos)




Capítulo I do Resumo dos Factos e Feitos Mais Importantes da CCAÇ 3476 - "Bebés de Cajambari", enviado pelo nosso camarada Manuel Lima Santos (ex-Fur Mil Inf.ª nesta Companhia açoriana que esteve em Canjambari e Dugal, nos anos de 1971 a 1973.





CCAÇ 3476
BEBÉS DE CANJAMBARI

RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES

CAPÍTULO I

A – UNIDADE MOBILIZADORA E NATURALIDADE DO PESSOAL

A Companhia constituída na sua grande maioria por Soldados naturais das várias ilhas dos Açores, com predominância para as de S. Miguel e Terceira, teve como Unidade Mobilizadora o Batalhão Independente de Infantaria Nº 18, na Ilha de S. Miguel.
A maior parte das Praças especialistas, assim como os Oficiais e Sargentos são de quase todos os distritos do Continente, nomeadamente Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila real e Viseu, sendo o Comandante de Companhia natural da Província de Macau.


B – CERIMÓNIA DE DESPEDIDA, PARTIDA PARA LISBOA E CONCENTRAÇÃO 

Efectuou-se no dia 6 de Setembro de 1971, no Quartel do BII18, a cerimónia de despedida, presidida por Sua Exa. o Governador Militar Interino dos Açores. Foi entregue à Companhia o seu Guião, oferta da Câmara Municipal de Ponta Delgada, tendo a Comissão de Apoio ao Soldado Açoriano oferecido na mesma cerimónia um Oratório do Senhor Santo Cristo dos Milagres para ser colocado no futuro Aquartelamento da Companhia.
 
Ao mesmo tempo que desembarcavam em Ponta Delgada, debaixo de chuva copiosa, duas Companhias que haviam cumprido a sua Missão na Guiné – as CCaç 2636 e 2637, no dia 13 de Setembro de 1971 a CCaç 3476 embarcava juntamente com a CCaç 3477, no navio “Uíge”, a caminho de Lisboa.
A chegada à Capital verificou-se a 16 do mesmo mês, tendo a Companhia seguido logo, em viaturas Militares, atravessando a ponte Salazar, para o RI 11 em Setúbal, que serviu de Unidade de Concentração, até à partida para a Guiné. Aí juntaram-se à Companhia um Oficial, todos os Sargentos Especialistas e as Praças Especialistas formadas nas Unidades do Continente.
 
Aproveitaram-se os dias de permanência em Setúbal para continuar a instrução do pessoal, a qual incidiu então mais em aspectos relacionados com “acção psicológica” e informações.


C – PARTIDA DE LISBOA E ACTIVIDADE NO DECORRER DA VIAGEM

A partida para a Guiné foi aprazada para 25 de Setembro no navio “Angra do Heroísmo” onde embarcaram também a CCaç 3477 e o BCav 3864, com o mesmo destino.
Um Oficial Superior, em representação de Sua Exa. o Ministro do Exército, apresentou a bordo do navio os cumprimentos de despedida às tropas embarcadas.
 
Aproveitaram-se os poucos dias de viagem para actividades recreativas (jogos de sala, piscina, campeonatos de ténis de mesa e outros), tendo a Companhia conquistado vários primeiros e segundos lugares nos torneios realizados.
 
Organizou-se também uma festa de variedades que contou com a activa participação de elementos da Companhia.
 
Mau grado as muito deficientes instalações para praças, a viagem foi agradável, em mar quase sempre calmo e com vento bonançoso.


D – DESEMBARQUE E INSTALAÇÃO INICIAL

Na tarde de 30 de Setembro, já se avistava terra e um navio-patrulha que começou a escoltar o navio à medida que se aproximava do Rio Geba. Fundeado pouco depois diante do Cais de Bissau, tiveram início as operações de desembarque em lancha, após rápida reunião com Oficiais de várias Repartições do Quartel General. Já noite efectuou-se o deslocamento de todo o pessoal e respectiva bagagem em viaturas civis, para o Campo Militar de Instrução no Cumeré onde se realizaria o IAO.

(Continua)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6007: Em busca de... (120): Fotos que documentem Unidades mobilizadas pelo BII 18 (José Grave)

1. Mensagem do nosso camarada José Grave, com data de 16 de Março de 2010:

Caro Carlos Vinhal
O Cor. José Salgado (ref) está a fazer, ou a tentar, uma "história" do Regimento de Guarnição nº 2, Ponta Delgada. Ora isso inclui todas as unidades, de que este regimento herdou o historial. Ora o BI 18 é fundamental. E ele precisa de fotos que documentem as unidades mobilizadas pelo BI 18 para as campanhas no ultramar.

Se for possivel a divulgação desta necessidade no blog, seria uma colaboração valiosa.

Abraço
José Grave
jograve@sapo.pt

__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5894: Em busca de... (119): Afilhado de guerra, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64 (Felismina Costa)

sábado, 22 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4853: Dando a mão à palmatória (23): Verdadeira causa da morte de três camaradas açorianos da CCAÇ 2444 (Carlos Cordeiro/Carlos Vinhal)

1. Mensagem de Carlos Cordeiro (*) com data de 21 de Agosto de 2009, enviada ao nosso Blogue:

Exmo. Senhor
Carlos Vinhal
Editor do mês do blogue

Por poder ser do vosso interesse, envio o link do jornal "Correio dos Açores" num artigo de homenagem à memória de três militares açorianos mortos em combate em 6 de de Fevereiro de 1969 (que contradiz o post 2819 sobre as circunstâncias da morte daqueles militares): http://www.correiodosacores.net/view.php?id=18945&poll=11&resposta=2.

A companhia era a 2444, mobilizada pelo BII18.

Como assíduo leitor do vosso blogue, saúdo-vos pelo vosso excelente trabalho.

Com os meus cordiais cumprimentos,
Carlos Cordeiro


2. No mesmo dia foi enviada resposta a este nosso leitor

Caro senhor Carlos Cordeiro
Desculpe não retribuir o Exmo. Senhor que julgo ser dispensável.

Agradeço o link que teve a amabilidade de me enviar.

Consultando a pág. 423 referente ao camarada José Bento Veiro; pág. 427 referente ao camarada Manuel Carreiro e pag. 429 referente ao camarada Manuel Costa Almeida do Livro I - Guiné - Tomo II - 8.º Volume - Mortos em Campanha, confirma-se a morte deles em combate na estrada Cacheu-Bachile, em emboscada do dia 6 de Fevereiro de 1969.

Pedi já a devida autorização ao meu camarada Coronel Marques Lopes, responsável pelo post 2819, para se proceder à devida correcção.

Julgo ser açoriano, pelo que peço que aceite na sua pessoa a minha homenagem a todos os açorianos, valente povo ilhéu que eu admiro muito mais desde que vos visitei há relativamente pouco tempo.

Permita que lhe deixe um abraço,

Carlos Vinhal
Ex-Fur-Mil
CART 2732 (madeirense)
Guiné 1970/72


3. No poste > Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes), pode ler-se:

Aqueles que nem no caixão regressaram - Parte IV (Final)

(Organização por ordem cronológica da data de morte: A. Marques Lopes, Cor DFA, Ref) (Continuação) (2)

[...]
José Bento Pacheco Aveiro, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Nordeste, São Miguel, Açores / Corpo não recuperado.
[...]
Manuel Amaral Carreiro, Furriel / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / São José, Ponta delgada, Açores / Corpo não recuperado.
[...]
Manuel dos Santos Costa Almeida, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Arrifes, Ponta Delgada, Açores /Corpo não recuperado.
[...]


4. Dando a mão à palmatória e depois de consultado o Livro 1 - Guiné - Tomo II do 8.º Volume - Mortos em Camapanha da Resenha Historico-Militar das Campanhas de África - Edição do Estado-Maior do Exército - Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), aqui fica a verdade acerca da morte destes três malogrados camaradas:

Nome: José Bento Pacheco Aveiro
Posto: Soldado Atirador
Unidade: CCAÇ 2444
Unid Mobilizadora: BII18 - Ponta Delgada
Estado civil: Casado
Freguesia: Achadinha
Concelho: Nordeste - S. Miguel - Açores
Local de Operações: Na estrada Cacheu-Bachile
Local da sepultura: Cemitério Municipal de Nossa Senhora da Estrela - Ribeira Grande

Nome: Manuel Amaral Carreiro
Posto: Furriel Miliciano
Unidade: CCAÇ 2444
Unid Mobilizadora: BII18 - Ponta Delgada
Estado civil: Solteiro
Freguesia: S. José
Concelho: Ponta Delgada - Açores
Local de Operações: Na estrada Cacheu-Bachile
Local da sepultura: Cemitério Municipal de S. Joaquim - Ponta Delgada

Nome: Manuel dos Santos Costa Almeida
Posto: Soldado Atirador
Unidade: CCAÇ 2444
Unid Mobilizadora: BII18 - Ponta Delgada
Estado civil: Solteiro
Freguesia: Arrifes
Concelho: Ponta Delgada - Açores
Local de Operações: Na estrada Cacheu-Bachile
Local da sepultura: Cemitério de Arrifes
__________

Notas de CV:

(*) Carlos Carneiro, ex-combatente em Angola, é professor de História Contemporânea em Ponta Delgada e é irmão do malogrado Cap Pára-quedista João Manuel da Costa Cordeiro da CCP 123 (**). É um leitor atento do nosso Blogue.

(**) Sobre o Cap Pára João Cordeiro, Vd. postes de:

19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4216: Comentários que merecem ser postes (4): Homenagem à memória do Capitão Pára-quedista João Costa Cordeiro (João Seabra)

16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)

17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4700: Meu pai, meu velho, meu camarada (7): Cap Pára João Costa Cordeiro: Um homem de carácter (António Santos / Carlos Matos Gomes)

17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4703: Meu pai, meu velho, meu camarada (8): Sobre o Capitão-Pára João Costa Cordeiro (Manuel Peredo)

18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4705: Meu pai, meu velho, meu camarada (9): Testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (João Seabra)

18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4706: Meu pai, meu velho, meu camarada (10): Depoimento e fotos sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (Miguel Pessoa)

24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4731: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): Mensagem do filho do Cap-Pára João Costa Cordeiro (Pedro Miguel Pereira Cordeiro)

Vd. último poste da série Dando a mão à palmatória de 23 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4728: Dando a mão à palmatória (22): Nota Prévia em defesa do bom nome de Luís Rainha (Rui A. Ferreira)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3465: O meu enquadramento sócio-político-financeiro, religioso e académico na Guerra do Ultramar (II). António Matos.

No BII 18, a formar a CCaç 2790

BII 18, Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Os então asp of mil Marques Pinto e António Matos (1).
Ano de 1970. Verão. É-me dado um bilhete de avião na TAP para os Açores. Foi o meu baptismo de voo. Destino: Ponta Delgada – Arrifes – BII 18. Missão: formação da Companhia Independente 2790 Paralelamente, outros camaradas iam aparecendo e aquela permanência de 3 meses tornou-se extremamente agradável. Juntámo-nos alguns alferes (recordo o Urze Pires, o Marques Pinto e eu) e alugámos uma casa no centro da cidade.
Os dias eram passados em instrução mas sobejava-nos tempo para uma vida civil prazenteira. A vida social era intensa e o assédio das moças gaiteiras na expectativa de "pescarem" um continental era medonho! Valeu-me ser já um homem comprometido e cumpridor das promessas deixadas em Lisboa.... Com o primeiro vencimento comprei um ainda hoje belíssimo relógio Ómega Seamaster! Custou 3.500$00!!!! (menos de 20 €). O meu gosto pela actividade física recebia eco da parte dos soldados que se prontificavam a longos crosses desde os Arrifes até à cidade e volta. Com a Mauser às costas!
Mas nem tudo foram favas contadas! A minha grande dificuldade foi a que constatei de imediato ao tentar perceber aquela gente. As viagens de GMC no fim do dia de instrução para a cidade eram um verdadeiro suplício de tradução! Aos poucos fomos limando essa "questão de pormenor" e no final já era um verdadeiro açoriano...
Desenfianço antes do embarque
Chega o mês anterior à partida. Sem dizer água vai, meti-me na SATA até Stª Maria (na altura a TAP ainda não voava para Ponta Delgada) e daí apanhei o TAP vindo de Boston para Lisboa. Ia "desenfiado"! Sei que criei muita perplexidade ao tenente-coronel Mexia Leitão (comandante do BII 18) com esta "deserção" e a dúvida sobre uma não-comparência ao embarque esteve-lhe na ideia. Dois dias antes do levantar ferro do Carvalho Araújo, apareci em Ponta Delgada e nessa noite fui ao cinema ao Teatro Micaelense. Pontuava no 1º balcão a fina-flor açoriana e o Tenente-Coronel também lá estava. Foi notório o alívio que transpareceu na sua cara e lembro-me do abraço afectuoso que me dispensou. No fundo percebi o seu sentimento de camaradagem em não ter participado de mim na expectativa de que eu voltaria. Por acaso voltei. Por acaso, pois houve tentativas de aliciamento para fazer as malas e dar o salto. Foi numa altura em que estavam vários tenentes nas companhias vindos como antigos oficiais da GNR. Na C.Caç 2790 tínhamos o tenente Lucas e na 2789, o tenente Freitas. O primeiro cedo abalou para a Suécia. O segundo não conseguiu arregimentar pessoal para o acompanhar na acção. Recordo uma noite que passámos no cais de embarque de Ponta Delgada a congeminar a fuga para as Flores e daí "pedir boleia" à Força Aérea Francesa que, julgo, teria por lá uma sucursal... Não foi patriotismo nenhum! Foi mera incompatibilidade com a minha estrutura de vida que não me deu forças para tal. Tive, isso sim, o desejo de ter a experiência vivida de ter estado numa guerra e sobreviver. Hoje, e uma vez que consegui superar essa dificuldade, continuo a agradecer a oportunidade que tive e faço dela muitos paralelismos para a minha vida do dia-a-dia, regra geral com bons resultados.
Chegou, enfim, o embarque Como alferes miliciano e no ultramar, se a memória me não atraiçoa, auferia de um salário de 5.500$00 (27,5 € - hoje não compro uma camisa!).
Na medida em que não pagávamos as balas nem os estragos que provocávamos no capim e pouco havia onde gastar dinheiro, era-nos permitida uma poupança na Metrópole que se alimentava, mensalmente, de uma transferência de parte daquele valor. Tabaco, whisky, pequenos rádios que se adquiriam nas idas a Bissau, uma ou outra máquina fotográfica, um jantarzinho melhorado e outros pequenos nadas (...) seriam as desculpas para "derreter" os escudos remanescentes. Era, pois, uma vida sem problemas de créditos mal parados e não me apercebi nunca de situações delicadas motivadas por falta de dinheiro.
Sistematicamente eu dispensava (em carácter rotativo) uns quantos soldados de alinharem em operações numa tentativa de criar um ambiente menos tenso e de, as deslocações a Bissau que a maioria aproveitava para fazer, servirem para "aliviar a tensão" acumulada. As diferenciações académicas não eram demasiado críticas uma vez que o pelotão era constituído por homens de grau de conhecimentos semelhantes e os debates culturais não tinham, pura e simplesmente, lugar. Na caserna, a revista Corin Tellado era disputada a murro entre os soldados e havia mesmo um capitão que se perfilava na tentativa de conseguir o empréstimo do último número...
uma missão impossível
A iliteracia absoluta era propriedade de um soldado do meu pelotão que, numa determinada época, e após ter percebido que atribuir a missão de escrita e posterior leitura dos aerogramas para a namorada a outro magala era motivo de grande chacota na caserna, me promoveu a seu confidente. Esse soldado, a seu pedido e com a anuência do furriel Benigno Abreu, passou a ter aulas que lhe permitiriam desenhar as letras e ler. Veio mais tarde a perceber-se que sofria duma espécie de dislexia curiosa: conseguia conhecer as letras, conseguia juntá-las e constituir as sílabas, mas não conseguia juntar as sílabas para a formação final da palavra.
Ficou conhecida a seguinte peripécia: (Estava-se no estudo da letra "P". O livro de instrução primária mostrava a figura dum pato) O Abreu perguntava: oh Zebedeu (nome fictício), que letra é esta?
Zebedeu – É um "p", meu furriel! Abreu – Boa! E esta? Zebedeu – É um "a", meu furriel! Abreu – Então um "p" e um "a", como se lê? Zebedeu – Um "p" e um "a" lê-se pa, meu furriel! Abreu – Fantástico! E esta outra letra, como se chama? Zebedeu – É um "t", meu furriel! Abreu – E esta? Zebedeu – É um "o", meu furriel! Abreu – Muito bem, e como se lê um "t" e um "o"? Zebedeu – Um "t" e um "o" lê-se to, meu furriel! Abreu – Mas o "o" no fim da palavra lê-se.... Zebedeu – Lê-se "u". Abreu – Muito bem, Zebedeu, então já sabemos que um "p" e um "a" se lê pa; já sabemos que um "t" e um "o" se lê tu; então como se lê tudo? Zebedeu – "bufa", meu furriel! Escusado será dizer que a espontaneidade da gargalhada geral soou a uma só voz e ficámos na convicção de que o "Zebedeu" estava a gozar connosco. Não era, de facto, a situação, e só mais tarde vim a saber da existência dessa anomalia chamada de incapacidade de juntura silábica ou intervocabular. Já na vida civil, num jantar de confraternização, consegui localizar o "Zebedeu" e recordámos esta e outras situações e compreendi a grandeza humana que nos permite ser realmente AMIGOS. A minha companhia em geral e o meu pelotão em particular, era constituído maioritariamente por homens açorianos. Só os oficiais, os sargentos e os cabos especialistas é que eram metropolitanos (mais tarde os reforços de rendição individual também eram da Metrópole). O cariz religioso era, portanto, elevado. O capelão do batalhão, Padre Antero, irmão marista, homem calmo, sabedor, culto, simpático e amigo, cuidou das suas almas e confidenciou-os tendo angariado a generosidade daqueles corações. Esteve presente nos momentos difíceis e era um refúgio espiritual que particularmente tenho pena de não ter explorado. Muitos anos mais tarde, também o localizei e pedi-lhe que viesse celebrar a missa de bodas de ouro do casamento dos meus Pais, o que concordou e dirigiu palavras agradabilíssimas ao cruzar recordações do tempo da Guiné... Os meus Pais gostaram imenso e os restantes participantes na cerimónia/festa congratularam-se em conhecê-lo também. Fim deste capítulo
António
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Notas:

1. António Matos, ex-Alf Mil da CCaç 2790, Bula 1970/72

2. Artigo anterior em