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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10473: Tabanca Grande (363): Veríssimo Ferreira, natural de Ponte de Sôr, ex-fur mil, CCAÇ 1422 (Farim, Mansabá, K3, 1965/67)





Guiné >  Região do Oio >  CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858   (Bissau, Bula, Saliquinhedim/K3, 1965/67) >  O fur mil Veríssimo Ferreira em Mansabá, Setembro de 1965


Fotos:   © Veríssimo Ferreira (2012). Todos os direitos reservados.


1. Em 30 de setembro último, na página da Tabanca Grande no Facebook, o nosso camarada Veríssimo Ferreira manifestou a sua vontade de integrar o nosso blogue e colaborar ativamente na preservação e divulgação das nossas memórias, enquanto combatentes na Guiné:


Caros Senhores Luís Graça, Carlos Vinhal e Eduardo Ribeiro:

Pretendo ser dos 600 "antes do fim do ano" e, assim sendo e porque continuo com dificuldades (burro velho aprende...mas demora) em seguir o caminho normal e recomendado, solicito-vos o seguinte: 
Enviaria para aqui as duas fotos e uma 1ª história e os amigos extrairiam para o blogue.

Pode ser?


Abraços, Veríssimo Ferreira [, foto à esquerda, em Loures, em 1980, vestido "à homem grande"]


2. Os melhores 40 meses da minha vida > Introdução


Após alguns anos a procurar não recordar memórias que incomodavam, resolvi agora fazê-lo e em relação ao tempo prestado na vida militar. Sim. Porque eu fiz o serviço militar, e com honra, cumpri o meu dever.

Certo é que poderia ter desertado e hoje seria considerado "um senhor",  com chorudas reformas e sem nada ter descontado ou trabalhado. 

Certo é que poderia ter "fugido com medinho" para França e ter tocado xilofone, nas ruas e hoje seria um herói, aqui nesta terra que amo e que se chama e chamará Portugal. 

Certo é que poderia ter tido uns pais ricos (mas não...os meus pais sempre foram pobres...mas muito...muito honestos e trabalhadores), pais ricos esses que me mandariam para Londres e hoje eu seria ainda o verdadeiro artista, aplaudido mesmo que não tocasse ou cantasse. 

Só que não!!

O que sou é mal visto quer pelos políticos de ontem, quer pelos d'agora, pois que combati...mas não fugi e estou-me verdadeiramente nas tintas para tais gentes, se é que são gente.  

De nada me arrependo e comigo estão centenas de milhares de veteranos que, tal como eu, cumprimos e sofremos uns mais outros menos, mas que hoje somos uma irmandade e rimos...e lastimamos cada vez mais o desprezo e a sobranceria, com que, repito, "tais gentes, se é que são gente" nos pretendem marginalizar.

Estes maus filhos da Pátria (saberão o que é a Pátria ? acho que sabem apenas o que são Euros), por muitas honrarias que tenham após o 25 do 4, nunca conhecerão o que foi ter disparar para não morrer. Mas desejo que a terra lhes seja leve, antes porém deviam fazer um acto de contrição, embora "perdão",  para estes, seja palavra que não quero saber o que significa. (...)


(Continua)

3. Comentário do L.G.:


Meu caro Veríssimo Ferreira:  

Senhores,  todos somos, e grandes senhores!... Na Tabanca Grande tratamo-nos por tu, como camaradas que fomos e continuamos a ser. É pressuposto conheceres e aceitares as nossas 10 regras de convívio: consulta aqui o Nosso Livro de Estilo

Dás-nos a honra da tua presença, engrossando as fileiras do nosso blogue, com os seus quase  600 magníficos,  camaradas e amigos da Guiné. Serás o grã-tabanqueiro nº 581 e o teu nome passará a figurar no nosso quadro de honra, que vai de A a Z (vd. coluna do lado esquerdo da página de rosto do blogue). Depois de ti, faltarão apenas 19 para chegarmos às 6 centenas. 

Já recuperei as tuas fotos, na tua página no Facebook. Preciso apenas um endereço de email para a gente se comunicar internamente. Contactas connosco através do nosso email oficial:
luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com. 

Sei que já fizeste muitas coisas na vida, e que agora gozas a tua merecida reforma. Que és pai e avô. Que nasceste e viveste em Ponte de Sôr até à tropa. Que trabalhaste na tesouraria da fazenda pública local. Que tiveste um conjunto musical. Que foste para a Guiné como furriel miliciano, integrado na CCAÇ 1422. Que andaste pela região do Oio (Farim, Mansabá, K3), nos idos anos de 1965/67. Que, depois da peluda, foste bancário, mas também árbitro de futebol... E, por fim, que vives em Loures. 

Registe-se a propósito da CCAÇ 1422, de que tu és o primeiro representante no blogue:

(i) foi mobilizada pelo RI 15;

(ii) partiu para o TO da Guiné em 18/8/65 e regressou a 15/4/67; 

(iii) andou por Bissau, Bula, Saliquinhedim ou K3);  

(iv) comandantes:  cap mil  inf Diniz Alberto de Almeida Corte-Real;  alf mil  inf António Fernando da Cruz Macedo; cap inf Daniel Andrade de Carvalho.

O BCAÇ 1858, por sua vez,  esteve em Bissau, Teixeira Pinto e Catió. e conheceu 3 comandantes (ten cor inf Manuel Ferreira Nobre da Silva, ten cor cav Francisco José Falcão e Silva Ramos; ten cor inf António Veiga Fialho). Além da CCAÇ 1422, pertenciam a este batalhão a CCAÇ 1423 (Bolama, Empada, Cachil)  e a 1424 (Bolama, Cachil, Guileje, Sangonhá, Bissau)

 Em meu nome, dos demais editores, colaboradores e membros da Tabanca Grande, és bem vindo e recebido de braços abertos. Vamos seguir a série a que tu próprio chamaste Os melhores 40 meses da minha vida... Senta-te à sombra do fraterno e mágico poilão da nossa Tabanca Grande e conta-nos a(s) história(s) desse tempo, que nós seremos todos ouvidos...
__________________


Nota do editor

Último poste da série > 27 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10443: Tabanca Grande (362): Vasco Pires, ex-Alf Mil, CMDT do 23.º Pel Art.ª (Gadamael, 1970/72)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3082: Convívios (76): Ainda o 18º encontro dos bravos da CCAÇ 726 (Nuno Rubim)

Arados, Benevente, 24 de Maio de 2008 > 18º Almoço/Convívio dos bravos da CCAÇ 726(1)... Devidamente assinalados, da esquerda para a direita: na segunda fila, o Teco e o Nuno Rubim; na terceira fila, o Guedes e o Cavaleiro (este último, tenente general, na situação de reforma, tendo antecedido o Rubim no comando da Companhia).

Foto : © Nuno Rubim (2008) . Direitos reservados.


1. Mensagem do Nuno Rubim, de 14 de Julho:

Obrigado. Pois já vi [a notícia do Convívio da CCAÇ 726] ... Mais vale tarde do que nunca.

Junto uma foto do convívio. Estou à direita, 2ª fila, e atrás, com uma camisola vermelha, o Ten Gen Ref Cavaleiro que substituí no comando da CCaç 726. À esquerda está o Teco ( 2ª fila ) e quase por detrás o Guedes, de camisa azul.

Resumindo [e respondendo à tua pergunta]: comandei a CCaç 726 (2) desde o final de Jan 66 e de Jun até Dez 66 a CCaç 1424. Antes tinha, como sabes, comandado a CArt 644 ( Mansabá) e a CCmds.

O convívio foi excelente e a malta gostou muito de ver as fotos da ida à Guiné que levei, sobretudo a do diorama de Guileje ... e a do rol das lavadeiras do dito-cujo ! (3)

Um abraço
Nuno Rubim

_______

Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 14 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3060: Convívios (74): CCAÇ 726 (Guileje, 1964/66), em 24 de Maio de 2008, Arados, Benavente (Nuno Rubim)

(2) Vd. também o poste de 17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2360: A CCAÇ 726, a primeira Companhia a ocupar Guileje (2): 10 mortos e mais de metade do pessoal ferido em combate (Virgínio Briote)

(3) Em Guileje e em Mejo, o Nuno Rubim [, hoje Cor Art Ref, ] era conhecido como o capitão fula... muito querido entre a população local (e nomeadamente a feminina). Fui testemunha da grande recepção que por lá teve em Março de 2008. Essa alcunha - a de capitão fula - é uma história que ele ainda um dia nos há-de contar, se os seus muitos afazeres de investigador o permitirem...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2687: Cemitério militar de Bissau: homenageando os nossos 350 soldados, uma parte dos quais desconhecidos (Nuno Rubim)


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O Cor Art na situação de reforma Nuno Rubim, participante do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), junto à campa do o Soldado António Gonçalves dos Santos, caído em combate em 4 de Março de 1966, muito perto do cruzamento do corredor de Guileje. Pertencia a um das companhias, a CCAÇ 1424, que o nosso querido amigo Nuno comandou, em Guileje.


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O NUno Rubim com o responsável pela manutenção do cemitério.

Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > Talhão Central >

Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > Talhão Direito.

Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > Talhão Esquerdo > Campas não identificadas: Estes serão porventura os restos mais dolorosos do que restou do nosso Império... (LG).


Fotos : © Nuno Rubim (2008) . Direitos reservados.

1. Texto do Nuno Rubim (Cor Art Ref, com 2 comissões na Guiné) (1):

Caro amigo Luis, conforme o prometido ...

No Cemitério de Bissau

Aproveitando uma folga que me impuz a mim próprio num dos dias em que decorreu o Simpósio Internacional de Guiledje, desloquei-me ao Cemitério de Bissau, onde repousam para sempre Camaradas nossos falecidos durante a guerra (1).

O Cemitério tem três talhões destinados a militares, um à esquerda da porta de entrada, outro à direita e um mais central.

Segundo o responsável (ver foto acima) estarão lá mais de trezentas e cinquenta (?) campas, mas não me soube dizer o número exacto. Parece que os registos estão algures ..., mas não os do talhão esquerdo - homens que infelizmente nunca foram identificados !

As campas estavam recém-caiadas, mas a sobreposição de várias camadas de cal tenderá, no futuro, a obliterar os nomes.

Das unidades que comandei referenciei lá três militares da CCaç 726 e um da CCaç 1424 (ver foto acima), o Soldado António Gonçalves dos Santos, caído em combate em 4 de Março de 1966, muito perto do cruzamento do corredor de Guileje.

Um abraço

Nuno Rubim

_________

Notas de L.G.:

(1) Nuno Rubim > Nota curricular



1- Chefe da Secção de Estudos do Museu Militar de Lisboa, 1981-1984.

2- Organizou a Exposição “Armas em Portugal – Origem e Evolução”, no Mu. Mil. Lisboa, ainda em exibição, tendo elaborado o respectivo catálogo.

3- Fez parte do grupo restrito que planeou e instalou a “Exposição Nacional Comemorativa do 6º Centenário da Artilharia Portuguesa”, que esteve patente ao público no Mu. Mil. Porto, de Julho a Setembro de 1982, elaborando parte do respectivo catálogo.

4- Adjunto do Centro de Estudos da Direcção do Serviço Histórico - Militar, 1984 -1986.

5- Organizador do 1º Curso de Museologia Militar, no ambito da DSHM, 1985.

6- Planeou e dirigiu a execução da exposição “Artilharia Histórica Portuguesa Fabricada em Portugal”, patente ao público no Museu Militar de Lisboa, desde Junho de 1985, sendo autor da respectiva memória histórica .

7- A convite do Exmo. Presidente da respectiva Comissão, realizou trabalho de investigação e posterior instalação da artilharia embarcada a bordo da Fragata “D. Fernando II e Glória”, tarefa iniciada em 1991 e que se prolongou até 1998.

8- De Dezembro de 1991 a Junho de 1993, a convite do então IPPAR, desenvolveu um estudo técnico-militar sobre a Torre de Belém, abrangendo o período que decorreu desde a sua construção até à data da sua desactivação como fortaleza de defesa costeira, entregando nessa última data um pormenorizado relatório.

9- Proferiu, no ano lectivo de 1991-1992 e a convite da Comissão Científica de História da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, uma série de 16 conferências, no âmbito do Mestrado sobre “Os Descobrimentos e a Expansão Portuguesa”, que abordaram disciplinas como a Náutica, a Construção Naval, a Artilharia, a Fortificação, a Organização e Táctica militares.

10- Em conjunto com uma equipa, englobando Oficiais de Artilharia e Docentes Universitários, planeou, coordenou e participou nos trabalhos que levaram à criação do Museu da Escola Prática de Artilharia, aberto ao público em Vendas Novas no dia 4 de Dezembro de 1992. Tem continuado aí a sua colaboração, dirigindo a implementação das seguintes Exposições:
- Operações
- A Defesa Costeira antiga (Portugal, sécs. XV-XVI)

11- Conferencista convidado, no âmbito do 1º Curso de História Militar, Fórum da Maia, Fevereiro de 1993.

12- Comissário Técnico, convidado pela “Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses”, para os aspectos militares da Exposição “A Paz e a Guerra na Época do Tratado de Tordesilhas”, realizado em Burgos, Espanha, em Setembro de 1994, tendo elaborado a notícia histórica, o desenho à escala de un Galeão que possibilitou a feitura de um modelo, em corte, à escala 1:10, e executando ainda os modelos, também à escala, do tipo de peças que guarneciam esse navio, São Diniz, Almirante no Índico na 2ª década do Séc. XVI. Realizou ainda todos os estudos técnicos, englobando desenhos, que possibilitaram a feitura de um filme de animação, em vídeo, sobre o tiro de artilharia na transição dos Sécs. XV / XVI.

13- Professor convidado, Regente da Cadeira de História Militar, Academia Militar, no ano lectivo de 1998 – 1999.

14- Colaborador científico convidado, para os aspectos relacionados com as armas de fogo no período medieval, Exposição “Pera Guerrejar”, no âmbito do Simpósio Internacional sobre Castelos, que decorreu em Palmela de 3 a 8 de Abril de 2000.

15- Responsável pela reconstituição histórico-militar do Forte de Oitavos, à data de 1796, (CM-Cascais), cujos trabalhos decorreram entre 1999 e 2001.

16- Tem proferindo comunicações, conferencias e palestras, sobre temas relacionados com a história militar (incluindo a naval ) nas Universidades de Lisboa e Coimbra (no âmbito de Mestrados ), Escolas Secundárias e outros organismos nacionais.
Tem publicados os seguintes trabalhos:


- “As origens da Artilharia Piro-Balística”, Revista de Artilharia, Nov-Dez 1977

- “Falcões Pedreiros”, Bulletin, Early Sites Research Society, Vol. 10, Nº 2, Dec 1983, Mass., USA.

- “Sobre a possibilidade técnica do emprego de Artilharia na Batalha de Aljubarrota”, Revista de Artilharia, Jan-Fev 1986

- “A Artilharia Portuguesa nas Tapeçarias de Pastrana –A Tomada de Arzila em 1471”, Separata da Revista de Artilharia,1987.

- “Algumas Questões sobre as Munições de Artilharia de Alma Lisa”, in “Bombardeiro, Boletim Nº 15 do RAC, Nov 1989

- “D. João II e o Artilhamento das Caravelas de Guarda-Costas-o Tiro de Ricochete Naval”, Separata da Revista de Artilharia, 1990

- “A Investigação Histórico-Militar Contemporânea em Portugal –Algumas achegas”, Revista de Artilharia, Nov- Dez 1990

- “A Artilharia em Portugal na segunda metade do século XV in “A Arquitectura Militar na Expansão Portuguesa”, CNCDP, Porto,
1994
- “Estudos sobre Artilharia Antiga –I / A Torre de Belém, Revista de Artilharia, nos 835-836, Mar-Abr
1995
- “Estudos sobre Artilharia Antiga –II / Uma Experiência Artilheira ‘Sui Generis’”, Revista de Artilharia, nos 878 a 880, Out a Dez 1998

- “A Artilharia antes da Utilização da Pólvora”, em colaboração com o Engenheiro Tércio Machado Sampaio, Separata da Revista de Artilharia, Jul 2000

- “Novo conjunto de Tapeçarias de D. Afonso V na Igreja de Pastrana em Espanha “, edição do autor, Lisboa 2005

- “Notas sobre os Armamentos Marroquino e Português nos Séculos XV e XVI”, Boletim do Arquivo Histórico Militar nº 66, 2004 – 2005


Em vias de publicação dois artigos:Um, em colaboração com o Dr. Carlos Guímaro, sobre peças de artilharia portuguesa do início do Séc. XVII que foram encontradas no Butão, a publicar na Revista de Artilharia.
Outro sobre a primeira bateria automóvel operacional existente no mundo, 1903-1905, um projecto luso-francês, a publicar no Boletim do Arquivo Histórico-Militar.Fonte: Simpósio Internacional de Guiledje

(2) Vd. alguns dos postes relacionados com este tópico (lista exemplificativa):



30 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes)

28 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

25 de Outubro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

9 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

2 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1488: Vídeos (1): Reportagem da RTP sobre os talhões e cemitérios militares no Ultramar (Jorge Santos)

28 de Janeiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1468: Mortos que o Império teceu e não contabilizou (A. Marques Lopes)

22 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2672: De Guidaje para Bissau, trinta e cinco anos depois (Diário de Coimbra / Carlos Marques dos Santos)

sábado, 10 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P863: Tabanca Grande: O nosso novo tertuliano, o Coronel Nuno Rubim



Guiné > Guileje > O nosso capitão fula Nuno Rubim ... "À minha esquerda o Alf Moura, da CCAC 1424, que viria a morrer em combate, ao meu lado, em Salancaur"....

Foto: © Nuno Rubim (2006)

Caro Luís Graça

Este email já leva algumas respostas para o Pepito.

Folgo muito com o estabelecimento destes nossos contactos.

Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.

O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.

Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento ?

E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...

Vamos então por partes:

(i) Briote. A última vez que o vi foi na reunião da CCmds, já este ano.
Temos trocado emails, mas a partir do último que lhe enviei não obtive mais qualquer resposta.

(ii) História da Artilharia. Já terminei esse estudo há algum tempo, conseguindo fazer o levantamento geral de toda a nossa artilharia desde o final do Séc. XIV até ao presente ! Materiais, Munições, Balística, Tiro, emprego táctico, etc...

Parte destes estudos estão publicados, nomeadamente na Revista de Artilharia e já estão todos digitalizados, pelo que se alguém se interessar posso gravá-
-los e enviá-los. Além de estar a redigir um livro ( medonho !!!- amigo Luís, temos
de falar sobre os cuidados médicos de então, de que já tenho muitos dados... ), sobre as operações militares no Oriente até 1580, tenho últimamente estudado matérias tais como armamento ligeiro, fortificação, navios e estou a realizar uma pesquisa sobre as operações militares portuguesas no Sul de Angola , de cerca de 1870 a 1915.(Os Cuamatos, para mim os adversários mais terríveis que os
portugueses jamais encontraram nas áfricas...).

(iii) Já conheço o Processo Guiledge, tenho-o em pdf, e já li prticamente tudo o que havia ler na Blogueforanada. Acho de facto um projecto interessantíssimo e espero que o nosso amigo Carlos Schwarz consiga levá-lo por diante.

(iv) Obus 14. Curiosamente estou justamente a preparar uma carta
a enviar ao CEME, alertando-o para o facto de se ele não tomar medidas para a conservação de vário material de guerra que está espalhado por vários locais do país ( inclusivamente nos dois Museus Militares, Lisboa e Porto !), em péssimo estado, tomarei a liberdade de levar a questão ao conhecimento público. Esse material pertence à Nação e o Exército é apenas ( isto é, devia ser.. ) o seu curador. Julgo que no Entroncamento ainda existem obuses de 14 cm.

(v) A reunião da CCAÇ 726, no dia 10 de Junho. Além de fazer tenção de colocar o pessoal ao corrente do projecto e do blogue, também vou alertá-los
para que tomem medidas de forma a tentarem salvaguardar a documentação que porventura tenham. E uma das soluções é a de a entregarem formalmente, no Arquivo Histórico Militar, onde justamente ando a fazer uma pesquisa. Outra, fotografias, esquemas, etc... poderiam vir a ser copiadas (digitalmente ) com destino ao Projecto Guiledge.

(vi) Finalmente quanto à Tertúlia. Pois terei muito prazer em dela fazer parte.

Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma ! Por pouco era a título póstumo !!!...

Enviem-me, p.f., as moradas para onde poderei enviar um exemplar do meu último trabalho. Trata de duas tapeçarias portuguesas do Séc. XV, que descrevem parte da operação em Alcácer Ceguer e que estão hoje em Espanha, onde as fui fotografar.

Até breve
Um abraço

Nuno Rubim

Comentário de L.G.:

Amigos & camaradas:

1. Para além de todos vocês, que me merecem um carinho especial, é uma honra passar a ter connosco, a privar connosco nesta já imensa e fraterna caserna virtual, o Coronel Nuno Rubim que é, simplesmente, uma sumidade em história da artilharia portuguesa e, como todos os sábios, um homem que não precisa de puxar pelos galões para se fazer ouvir e respeitar…

2. Nuno: como é da praxe, a partir de agora és nosso camarada com direito a tratamento por tu, à boa maneira da Roma dos cidadãos, porque se entende que isso facilita a comunicação (horizontal) entre nós… Que sejas bem-vindo.

3. Acabei de chegar do encontro com os nossos amigos e camaradas, junto ao Forte do Bom Sucesso: Acabei por não estar com o Hugo Moura Ferreira nem o Lema Santos... Em contrapartida , encontrei o Jorge Cabral (pel Caç Nat 63), o António Duarte (CCAÇ 12), o Carlos Fortunato (CCAÇ 13), o José Martins (CCAÇ 5), o Magalhães Ribeiro, o ranger, o Mário Dias, o João Parreira, dois ou três antigos combatentes africanos (1º Companhia de Comandos, CCAÇ 21...). Disseram-me que o Nuno Rubim estava por lá, mas não deu para procurar mais.

4. Também tive o grato prazer de rever dois amigos e conterrâneos, naturais da Lourinhã como eu, o ex-Alf Mil Piloto Lino (esteve na Guiné, em 1970/72, como piloyto de helicópteros) e o ex-Alf Mil Paraquedista Jaime Bonifácio da Silva (que esteve em Angola e que agora vive em Fafe). Vou gerir as emoções... e depois escreverei mais qualquer coisa. Bom feriado.