Mostrar mensagens com a etiqueta CCAV 3366. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta CCAV 3366. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15606: Inquérito 'on line' (27): "Em 2016 prometo enviar mais fotos e/ou textos para o blogue"... Sim, respondem cerca de 20 a 25 num total (magro) de 57 respondentes...


Guiné > Região de Cacheu > Susana > CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73) > Praia de Varela > Junho de 1971: toureando gado felupe.

[Foto do álbum de um dos nossos mais recentes grã-tabanqueiros, o Armando Costa, de seu nome completo Armando Silva Alvoeiro da Costa (ex-fur mil mec auto, CCAV 3366, Susana, 1971/73)].

Foto (e legenda): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.


A. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "EM 2016 PROMETO ENVIAR MAIS FOTOS E/OU TEXTOS PARA O BLOGUE"


1. Sim, vou enviar mais fotos >  25 
(43,9%)

2. Sim, vou enviar mais textos >   20 
(35,1%)

3. Talvez mande alguma coisa > 16 
(28,1%)

4. Não, não tenciono mandar mais fotos >   3 
(5,3%)

5. Não, não tenciono mandar mais textos  > 1 
(1,7%)

6. Não sei > 7 
(12,3%)

Votos apurados: 57

Sondagem fechada,  domingo, 10, 18h44. O inquérito admitia mais do que uma resposta

B. Comentário dos editores:

A "colheita" não foi exceciocnal, mas em tempo de "vacas magras" [, vd foto acima,] não nos podemos sentir infelizes... Houve camaradas que responderam à nossa chamada e estão prontos para continuar a alimentar o blogue. Aqui ficam algumas mensagens que temos vindo a receber,

Obrigados a todos/as que nos responderam a mais este inquérito de opinião cujo objetivo principal é, afinal, manter o interesse e incentivar a participação dos nossos leitores.



José da Palma Vagues  > 
Vou mandar mais algumas fotos (14). 

José Inácio Leão Varela  > 
Boa noite Amigos e Camaradas: Tudo bem contigo? 
Eu, mais mazela menos mazela, vou andando bem.  
Claro que vou enviar mais coisas para o Blogue... 
talvez não muita coisa mas alguma por certo irá, 
até porque ainda tenho atravessado na mente um assunto 
que merece um pouco mais de aprofundamento; 
trata-se das circunstâncias em que faleceram os meus dois "Homens" 
na estrada de Tite.. 
pois faleceram ambos em combate traiçoeiro 
e não apenas "faleceram por lá" 
como a informação que relata o triste acontecimento parece deixar transparecer. 
Depois disso, não prometo mais assuntos de guerra pura 
mas por certo um ou outro acontecimento (mesmo humano) me ocorrerá.  
Bom Ano Novo de 2016, 
PS - Ah!.. já respondi ao Inquérito 


Armando Costa > 
Aqui segue um lote de fotos (49) das que possuo da Guiné 
(Bissau, Cumeré, Susana e Varela), do período de 1971 a 1973. 
Em próxima ocasião enviarei mais. A qualidade é a que se pode arranjar, 
resulta da digitalização de postais de fotos que tirei, os negativos perdi-lhes o rasto. 

Paulo Salgado  > 
Irei mandar mais fotos...com interesse. 
 que não sejam meramente pessoais...

António José Pereira da Costa 
Olá, Camaradas
É minha intenção enviar todas as minhas fotos da Guiné.
Vou enviá~las por assuntos:
Segue o primeiro - a Btr AA 3434 que defendia heroicamente (digo eu) a Base 12 
contra ataques aéreos e terrestres como aconteceu por duas vezes que me recorde.
Depois do guião e do emblema de peito um portefólio feito numa noite de exercício de defesa AA. 
O Malogrado TCor Brito voava num T-6 
e largou um ou dois flares - dispositivos para iluminação do campo de batalha) 
que ficavam a pairar à vertical da base e os artilheiros, PUMBA! fogo neles.
E até acertaram...
Era incipiente, mas era o que se podia arranjar. 
A defesa AA da Base tinha muitas limitações, como já se disse, 
mas se houvesse tempo era possível pôr tiros no ar 
que é o que faziam todas as AA da II GM que utilizavam os materiais de que dispúnhamos. 
O resto era rezar e esperar que Deus fosse português (e do Benfica de preferência...).
Caso contrário poderia ser uma tragédia. 
Seguem duas fotos do Cumeré, em MAI71. 
Ainda não estava completamente acabado, mas já fazia serviço 
e "embrulhou" na noite de 9 para 10UN71, 
quando foram atacados todos os quartéis à volta de Bissau 
e ao mesmo tempo 6 foguetões de 122 mm caíam à beira do "Pelicano",
 um restaurante bem agradável de que todos nos lembramos.
Voltarei à antena com mais fotos.

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 8 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15594: Inquérito 'on line' (26): "Em 2016 prometo enviar mais fotos e/ou textos para o blogue"... Amigo/a, camarada, até domingo, às 18h44, promete que sim... Precisamos DESESPERADAMENTE de mais fotos e textos em 2016...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15499: Tabanca Grande (478): Armando Silva Alvoeiro da Costa, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAV 3366/BCAV 3846, Susana, 1971/73 - 707.º Grã-Tabanqueiro

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Silva Alvoeiro da Costa (ex-Fur Mil Mec Auto da CCAV 3366/BCAV 3846, Susana, 1971/73), com data de 14 de Dezembro de 2015:

Camarada Luis
Apresenta-se ao serviço, do blogue e para o que for preciso, Armando Silva Alvoeiro da Costa, Furriel "Rodinhas", servi na CCAV 3366 de 1971 a 1973 em Susana no pelotão de manutenção auto, furriel miliciano do Serviço de Material.

Um abraço para ti e para todos os camaradas que tenham acesso ao blogue, e felicito-te pela ideia e pelo trabalho realizado no blogue.
Fico feliz pelo reencontro e estou disponível para partilhar fotos deste período histórico de que fizemos parte.

Armando Costa

************

Susana, extremo noroeste da Guiné. Chão Felupe.

************

2. Comentário do editor

Caro Armando Costa
Sê bem-vindo à nossa tertúlia.
És a prova de que, ao fim de 12 anos, este Blogue ainda tem muito para dar. Como tu, há muitos camaradas que demoram a juntar-se a nós e a dar o seu contributo para refrescar esta página que está necessitada de mais fotos e textos que retratem, e registem, os acontecimentos vividos por nós em terras da Guiné, nos diferentes anos e chãos. Cada um de nós foi uma forma de ver e sentir aquela guerra pelo que todos somos únicos.
Ficamos então receptivos às tuas memórias escritas e fotográficas.
Nesta tua apresentação faltou a jóia de inscrição, uma pequena história passada contigo, ou não, e uma ou outra foto, legendada, daquelas que tens por aí e julgavas já não ter utilidade, mas que podem ser de novo apreciadas pelos teus pares e, quem sabe, reavivar memórias.
Na tertúlia podes encontrar três ilustres camaradas do teu Batalhão, a saber: Luís Fonseca e Delfim Rodrigues da tua Companhia, assim como o Joaquim Cruz da CCS.
Antes de terminar deixo-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores desta página.
O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________

Nota do editor

Poste anterior da série de 15 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15493: Tabanca Grande (477): José Manuel Sarrico Cunté - "mininu" Zé Manel do nosso camarada Manuel Joaquim - 706.º Grã-Tabanqueiro

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11458: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (25): Respostas (49 e 50) dos nossos camaradas Joaquim Cruz, ex-Sold Cond Auto Rodas da CCS/BCAÇ 4512 (Farim, 1972/74) e Luís Fonseca, ex-Fur Mil TRMS da CCAV 3366 (Suzana e Varela, 1971/73)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cruz (ex-Soldado Condutor Auto-Rodas da CCS/BCAÇ 4512, Farim, 1972/74), com as suas respostas ao nosso questionário:

Amigo e camarada Luís Graça
Como não podia deixar de ser aqui estou eu a dizer persente à vossa solicitação sobre o questionário

(1) Quando é que descobriste o blogue? 
R - Nos finais de 2011. 

(2) Como ou através de quem? 
R - Foi através do nosso camarada Manuel Mendes da Ponte que tal como eu pertenceu à CCS do BCAÇ 4512 que esteve sediado em Farim 72/74. 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (tertúlia)? 
R-Sim desde Julho de 2012. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue? 
R - Diariamente só falto se por algum motivo não estiver em casa o que ultimamente tem sido muito raro. 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.? 
R - Já enviei um pequeno resumo do que foi a minha passagem pela vida militar, com varias fotos incluídas, oportunamente penso vir a enviar mais alguns episódios que por lá vivi. 

(6) Conheces também a nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça)? 
R - Sim conheço mas não sou frequentador. 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
R - Ao Blogue como é evidente. 

(8) O que gostas mais no Blogue? E no Facebook? 
R - Das histórias que cada um de nós lá viveu, das fotos, de tudo o que nos faz recordar aquela terra, onde apesar dos sacrifícios que por lá passamos, uns mais que outros, acabamos por ficar ligados a ela para sempre. 

(9) O que gostas menos no Blogue? e no Facebook? 
R - De tudo o que se afaste da realidade do que foi a nossa passagem por aquelas terras. Por vezes surgem alguns comentários que eram dispensáveis, estamos entre amigos camaradas que pisamos os mesmos trilhos que tivemos as mesmas vivências, podemos e devemos narrar as nossas histórias de vida sem azedumes dentro do maior respeito entre todos incluindo os nossos antigos IN. Já passaram muitos anos sobre os factos, a memória vai-nos pregando umas partiditas, também é verdade que não podemos pensar todos da mesma maneira e assim sendo há que ser tolerante e seguir em frente deixando para trás aquilo que não nos interessa. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? 
R - Não nunca senti qualquer dificuldade em entrar na página. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 
R - Não frequento o Facebook. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 
R - Não ainda não houve essa oportunidade. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real? 
R- Não, gostaria muito mas este ano não me é possível. 

(14) E por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra… para continuar? 
R - Claro que sim, basta pensarmos que somos apenas uma pequeníssima parte de uma enorme quantidade de camaradas que por lá passaram durante o conflito, portanto enquanto estiverem vivos ex-combatentes haverá por certo muitas centenas de histórias por contar. 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer? 
R - Criticas não tenho a fazer, pelo contrário tenho muitos elogios a fazer aos digníssimos Editores, pelo grande empenho esforço e dedicação que tem dedicado a esta grande obra que nos enobrece a todos os que por lá passamos, envio-vos os meus parabéns e um grande abraço. 

J.Cruz

********************

2. Mensagem do nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, com as suas respostas ao nosso questionário:


(1) Quando é que descobriste o blogue? 
R - Penso que em fins de 2006 

(2) Como ou através de quem?
R - Por mero acaso por pesquisa na Net 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (tertúlia)? 
R - Desde 23JUL2007 

(4) Com que regularidade visitas o blogue? 
R - Quase diariamente 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.? 
R - Sim. Já enviei algum material. 

(6) Conheces também a nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça)?
R - Sim, tenho conhecimento mas não gosto do FB 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
R - Prefiro o Blogue 

(8) O que gostas mais no Blogue? E no Facebook? 
(9) O que gostas menos no Blogue? e no Facebook? 
R - Não se trata de gostar muito ou pouco. Representa, para mim, além de conhecimento adquirido e informação, o recordar de situações passadas pela nossa geração. Pena que material relacionado com zonas do noroeste da Guiné, Norte do Cacheu, sejam pouco visiveis. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? 
R - Até ao momento sem dificuldades. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 
R - Não. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real? 
R - Ainda não é este ano. 

(14) E por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra… para continuar?
R - Ultrapassdos alguns problemas comunicacionais entre nós, quero acreditar que sim, embora não com a mesma força e dinâmica. 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer? 
R - Quanto a este ponto: Sem comentários a apontar. 

Com um Kasumai
Luís Fonseca
____________

Nota do editor:

Último poste da série de 24 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11453:9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (24): Respostas (nº 45/46/47): Victor Garcia ( CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71), José Carlos Neves (STM, Cufar, 1974]), Sousa de Castro (CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74)

domingo, 10 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11231: Convívios (498): Encontro do pessoal do BCAV 3846, dia 17 de Março em Estremoz e 7 de Abril em S. João da Madeira (Delfim Rodrigues)




1. Em mensagem do dia 6 de Março de 2013, o nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem, CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), enviou-nos para publicação o anúncio do próximo convívio da sua Unidade.






____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 7 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11205: Convívios (497): XIV Convívio da CCAÇ 3549, no próximo dia 23 de Março, em Queirã/Tondela (José Cortes)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 – P9494: Convívios (395): Pessoal do BCAV 3846, Lisboa, 18 de Março de 2012 (Delfim Rodrigues)

1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 15 de Fevereiro de 2012:

Mais uma vez venho pedir a publicação do convite para o almoço de meu Batalhão.
O BCAV 3846, composto pelas CCAV 3364 - Sedengal; 3365 - São Domingos; 3366 - Suzana, Varela e Antotinha, e CCS - Ingoré
Desde já o meu muito obrigado

Um abraço
Delfim Rodrigues


____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9488: Convívios (315): Encontro de ex-Combatentes da Guiné, dia 30 de Março em Fão (Albino Silva)

domingo, 20 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7969: Tabanca Grande (271): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 25 de Fevereiro de 2011:

Boa tarde
Parece que nunca cheguei a enviar os meus dados para o blogue, se enviei fica em duplicado

Data de nascimento: 03/05/1949
Naturalidade: Ílhavo

Na tropa fui: 1.º Cabo Aux de Enfermagem
Estive na Guiné de Abril de 1971 a Março de 1973
IAO: Cumeré
Passei a comisão em Suzana e Varela

Actualmente trabalho em estudos de mercado (recolha de dados no Campo)

Em anexo:
Foto de 1972
Foto actual

III Encontro da Tertúlia > 17 de Maio de 2008 > Rui Alexandrino Ferreira, Idálio Reis, Virgínio Briote e Delfim Rodrigues escutam atentamente o António Batista (ao centro) o nosso morto-vivo do Quirafo.


2. Comentário de CV:

Caro Delfim, estão publicadas as tuas fotos que estavam em falta, embora uma boa parte dos camarigos te conheça pois és uma das habituais presenças nos nossos Encontros.

Se a tua vida profissional te permitir, não esqueças que podes e deves colaborar com o Blogue, contando as tuas experiências como Enfermeiro, Especialidade tão importante quanto digna pelos serviços relevantes prestados aos camaradas vítimas da guerra e populações civis onde a tropa estava integrada.

Deixo-te um abraço e um até breve, já que nos vamos encontrar no próximo mês de Junho em Monte Real.
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2224: Tabanca Grande (38): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

Vd. último poste da série de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7860: Convívios (294): Convivío do BCAV 3846, dia 13 de Março no Restaurante Quinta do Paúl, em Paul, Ortigosa, Leiria (Delfim Rodrigues)




1. O nosso Camarada Delfim Rodrigues, ex-1º Cabo Aux Enf da CCAV 3366 do BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73, enviou-nos com pedido de publicação o seguinte programa da festa anual do seu batalhão para 2011:

Camaradas,

Agradecia que publicassem o programa do almoço anual do Batalhão de Cavalaria 3846, que esteve na Guiné em 1971/73 - Ingoré, São Domingos, Susana, Antotinha, Sedengal e Varela -, e ao qual eu pertenci.

Um abraço
Delfim Rodrigues
Convivío do BCAV 3846
Caros Amigos,


É com enorme prazer que neste começo de novo ano desejamos a Todos e suas Famílias um óptimo ano 2011 e, ao mesmo tempo, aproveitamos para vos comunicar a data e o local do nosso próximo Almoço/Convívio.
Este ano realiza-se no próximo dia 13 de Março num local já nosso conhecido Restaurante Quinta do Paúl em Ortigosa que esperamos seja do vosso agrado, dado o nível de qualidade conseguido há 2 (dois) anos.
Contamos com a vossa presença, para que juntos possamos fazer deste Almoço/Convívio mais um momento inesquecível e de grande confraternização, espelhando a alma de amizade que temos vindo a preservar ao longo deste últimos 38 anos e que perdurará para sempre nas nossas memórias.
Ás 12H00 será celebrada missa pelo nosso Capelão, onde serão recordados Todos aqueles que nos deixaram. Por volta das 13H00 será servido o almoço.


Restaurante: Quinta do Paúl em OrtigosaMorada: Estrada Nacional 109 – Paúl – Ortigosa – LeiriaTelefone: 244 613 438
Os Preços para este ano são:

ð Crianças entre os 5 e 10 Anos = 10,00 €;
ð Para os restantes = 28,00 €
Para qualquer esclarecimento poderão contactar:

- Alberto Toscano: 912381293 – albertotoscano@netcabo.pt
- Carlos Conceição (Xina): 919489378 –
carlosconceicaonovoa@gmail.com
- Laureano: 966452001-
laureano@netmadeira.com

A confirmação da vossa presença deverá ser feita até 8 de Março.
Esperamos contar convosco neste dia e até lá desejamos a Todos Boa Viagem.
Um forte abraço do Toscano, Xina, Laureano e Capelão


PS:
- Pedimos, por especial favor, a quem possui E-mail que o mesmo seja fornecido à Organização. Obrigado.


Como chegar ao Restaurante a partir de Leiria:
  • Leiria – Ortigosa: Distância: 11,7 km (aprox. 17 min.)
  • Ponto de referência: Av. Dom João III (avançar 170 m)
  • Na rotunda, seguir pela 3.ª saída para Av. Dr. Adelino Amaro da Costa
  • Passar 1 rotunda (avançar 1,0 km) Na Rotunda Almoinha Grande, sair na 2.ª saída para N113 (a avançar 350 m)
  • Na rotunda, seguir pela 1.ª saída para N109. Passar 2 rotundas (avançar 9,4 km) em direcção a Figueira da Foz/Monte Real.
  • Virar à direita (avançar 93 m) e está em ORTIGOSA
____________

Nota de M.R.:

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7532: Facebook...ando (5): Natal de 1971 entre os felupes: Delfim Rodrigues (ex-1º Cabo Enf, CCAV 3366, Susana e Varela, 1971/73)



Foto reproduzida, com a devida vénia, da página do Facebook do nosso camarigo Delfim Rodrigues, que em em 27 de Outubro de 2007 se apresentou nestes termos à nossa Tabanca Grande


(...) "Chamo-me Delfim Rodrigues e fui 1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366 do BCAV 3846 que esteve em Suzana e Varela em 1971/73.

Amanhã vou estar na estreia do filme "As duas faces da guerra" (1) na Culturgest pois consegui que me comprassem um bilhete.

Apesar de não ter ainda pedido a minha entrada na Tertúlia, gostaria de vos conhecer pois estarei sozinho deslocando-me de Coimbra onde moro.

Gostaria de entrar para a tertúlia, mas ainda não tenho as fotos digitalizadas, se me aceitarem, enviá-las-ei mais tarde!

 
1.º Cabo Aux de Enfermagem
CCAV 3366/BCAV 3846
Delfim Rodrigues
 (...)



O Delfim, que conviveu com o povo felupe (e esteve nomeadamente destacado em Varela, com o Pel Caç Nat 60) tal como o nosso camarigo Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms da mesma companhia, a CCAV 3366 (que já nos deixou aqui notáveis páginas sobre a etnografia dos felupes), o Defim Rodrigues, dizia,  disponibilizou na sua página do Facebook mais de 130 fotos do seu álfum fotográfico do tempo das Guiné (1971/3), de qualidade  desigual, incluindo estas três, da  famosa Praia de Varela, nas águas do Atântico duas das quais com putos, nas rochas na mariscagem como na minha terra ("apanha de lagostas", diz a legenda, mas devem ser camarões ou lagostins, já que as lagostas preferem andar em bicha de pirilau no fundo do mar...). Mas o nosso querido Pepito, que tem lá casa de praia desde os anos 50 do Séc. passado, deve saber melhor do que eu completar a legenda do Delfim (a quem estamos gatos por estas fotos... prometidas há 3 anos!).








Fotos: © Delfim Rodrigues (2010). Todos os  direitos reservados. (Imagens editadas e reproduzidas por L.G., com a devida vénia...)


________________


Nota de L.G.:


Último poste da série 

29 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7522: Facebook...ando (4): O nosso camarigo Francisco Palma, em Canquelifá (CCAV 2748, 1970/72)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5835: Convívios (189): Convívio dos ex-Militares da CCAV 3366 do BCAV 3846, no dia 14 de Março de 2010, no Cartaxo (Delfim Rodrigues)




1. O nosso Camarada Delfim Rodrigues, ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela - 1971/73 -, enviou-nos uma mensagem solicitando a divulgação do próximo convívio da sua companhia.


Batalhão Cavalaria 3846
Confraternização das CCAV 3364 (Ingoré), CCAV 3365 (S.Domingos), CCAV 3366 (Suzana) e Companhia Independente.
14 de Março de 2010

Camaradas,

Aos 14/03/2010, completarse-ão 37 anos sobre a nossa chegada das terras da Guiné.


Esta mesma data é por coincidência a mesma do nosso tradicional almoço para mantermos o nosso convívio.




À semelhança do ano passado procurámos e encontramos um local de reunião, que nos pareceu estar ao nivel dos últimos anos. Conseguimos mesmo manter os preços do ano passado. Assim podemos com o mesmo nivel de serviço manter a boa qualidade.


Passados que são 37 anos conseguimos manter um evento que não queremos deixar cair, especialmente pelos dados positivos que a todos tem proporcionado.

Chegamos a uma altura que muitos de nós já se encontram reformados e, assim, com maiores disponibilidades para usufruirmos de algo, que deveremos aumentar, nos tempos dificeis que hoje vivemos: a Amizade.

Só com a vossa presença poderemos também desfrutar da renovada alegria de nos voltarmos a ver e recordar as nossas memórias, e, de algum modo, provar aos nossos descendentes que cultivar a amizade é de facto um dos maiores bens das nossas vidas.


Apareçam todos no:

Restaurante: QUINTA DO SARAIVA. Estrada Nacional 3
Alto do Gaio: 2070 - 213 Cartaxo (Frente à fabrica de peles do Cartaxo)
Telef. do restaurante: 243 770 084

Os preços para este ano são:
Crianças dos 3 aos 10 anos: € 10,00
Para todos os outros: € 28,00

Para qualquer esclarecimento necessário poderão contactar:

Alberto Toscano - 912381 293
Carlos Conceição (Xi na) - 919 489 378
E-mail:carlosconceicaonovoa@gmail.com
T.Cor.Bernardino Laureano - 966 452 001
E-mail:laureano@netmadeira.com

A confirmação da presença deverá ser feita até: 07/03 /2010

Esperamos poder contar com a presença de todos vós e, até ao nosso encontro, resta-nos desejar-vos uma boa viagem.

Um abraço,
Toscano, Xina, Laureano, Capelão
CCAV 3366 do BCAV 3846


Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

____________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

sábado, 1 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2598: Estórias avulsas (2): O bom pastor (Luís Fonseca)

Texto de Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms, CCAV 3366/BCAV 3846 (Suzana Varela , 1971/73), enviado em 23 de Fevereiro último.

Caro Luis:
O texto que seguidamente escrevo era para ter tido guia de marcha por alturas do Natal. Tavez pudesse ter sido aceite como história do mesmo período. Mas nem sempre, cá como lá, no primeiro decénio do séc. XXI ou nos princípios dos anos setenta, os planos saiem tal qual as nossas expectativas.

Este episódio nada tem que ver com os indomáveis guerreiros felupes mas apenas com dois anos da nossa vida passados naquele chão.



Portugal> Panorâmica da Serra da Estrela, tão diferente da paisagem da Guiné-Bissau

Guiné> Bonito pôr-do-sol em Suzana

Fotos: © Luís Fonseca e Carlos Vinhal (2007) (Direitos reservados)


1. O bom pastor (1)
Por Luís Fonseca

O personagem chegou a Suzana já era passada, para os velhinhos, mais de metade da comissão de serviço.

De aspecto franzino, o homem era de poucas falas, sendo notório desde o primeiro dia o seu isolamento do convívio com os restantes camaradas.
Com a sua bazuca, acompanhada, raras vezes, por algo de sólido, quando aparece na sala do soldado, afasta-se o mais possível das conversas, parecendo escolher sempre a mesa mais afastada. Se nos primeiros dias se poderia dizer que estaria numa fase de ambientação, com o passar do tempo tal esperança desvaneceu-se.

No desempenho da sua especialidade, reabastecimento de combustíveis, pouco havia que fazer, não só pelo número de viaturas existentes, mas também porque desde o início o nosso Furriel Rodinhas, cognome dado pela população ao responsável pela Mecânica Auto, como acontecia aos restantes responsáveis pelas secções de serviços dependendo da sua especialidade, tinha distribuído aos seus rapazes essa tarefa.

"A" era mais um elemento para a Mecânica e, como os restantes, para todos os serviços que fossem necessários ao bom funcionamento da Unidade. Assim não era raro, quando preciso, vê-lo nos serviços de escolta, ida à água, psico, etc.

Em qualquer deles não deixava transparecer emotividade. Não era preciso pressioná-lo para o desempenho de qualquer das tarefas da estrutura militar. Limitava-se a cumprir e fazia-o exemplar e disciplinadamente.
Nem o campeonato de futebol entre os diversos Grupos de Combate, Formação e População o conseguiam tirar do seu alheamento. Talvez não apreciasse o chamado desporto-rei.

O Maior afirmou, por várias vezes, que tínhamos ganho um problema sério e que seria bom não o perder de vista.

A cada dia que passava a sua forma de agir mais se fechava. Ficava-se pelo sim ou não, como quem pretende não permitir intrusos dentro da concha em que se havia enclausurado. Em termos meramente comparativos dir-se-ia que vegetava.

De quando em vez aproveitava o seu tempo para dar longas caminhadas no perímetro do aquartelamento, sem nunca entrar na tabanca. Sempre só, sem corresponder sequer aos gracejos dialécticos das bajudas. Era vulgar encontrá-lo sentado no banco existente na casa da pista de aviação, onde permanecia até à hora da refeição do jantar.

Uma tarde um elemento da população de Ejatem fez uma entrada apressada no aquartelamento. Da sua expressão sobressaía um nervosismo bem visivel. Apontava na direcção da sua aldeia e apenas era possível entender a palavra soldado na, para nós complicada, linguagem felupe.
A primeira ideia que ocorreu foi a de que os páras senegaleses, com quem os felupes haviam tido alguns desentendimentos (2), tinham voltado a fazer das suas.
O elemento da população mostrava-se cada vez mais nervoso, esgrimindo as suas armas, arco e flechas. Com a chegada de um interprete ficou a saber-se o que, na verdade, se passava. Um militar das NT passeava-se em território senegalês.

Foi de imediato destacada uma Secção de um dos Grupos de Combate para que rapidamente se pudesse pôr cobro a uma situação, no mínimo, delicada. Chegados ao local, guiados e acompanhados por elementos da população de Ejatem, foi confirmada a presença de um militar português e mais, quem era o passeante.

Sentado em cima de um pequeno baga-baga "A", utilizando como arma um longo varapau, fitava, com o mesmo ar distante, um rebanho de gado vacum, pertença, mais que provável, de algum Fula.

Durante a viagem de regresso a Suzana, "A" apenas referia que se encontrava bem e que não percebia o aparato pois se tinha limitado a seguir umas vaquinhas sozinhas que havia encontrado durante uma das suas passeatas habituais (a distância que separa Suzana de Ejatem é de cerca de 5 km) e que tal facto o fizera reviver o seu rebanho de ovelhas na sua querida Serra da Estrela.

Acredito que foi, talvez, a mais longa conversa tida desde a sua chegada. E existia motivo para tal.
Os seus acompanhantes de ocasião, habituados a situações bem mais duras e também diferentes, trataram com o maior carinho o seu camarada. Afinal tratara-se de recolher alguém que havia decidido sonhar com os locais que lhe eram queridos e o melhor, já que tudo havia corrido sem problemas, era não o acordar do seu sonho.

Dias depois o nosso bom pastor seguia a caminho do HM 241 de Bissau, da mesma forma que havia chegado e vivido aqueles meses entre nós, praticamente em silêncio.

O stress pós-traumático de guerra (3), apenas foi reconhecido em Portugal, oficialmente, em 1992 e, pelo que se sabe, existem mais de 50.000 homens que passaram pelos três Ramos das Forças Armadas, a sofrerem, com maior ou menor notariedade, de tal síndroma.
A esse número pode e deve ser acrescentado um número indeterminado de apanhados pelo clima e outros que, exteriorizando ou não o que lhes ia na alma, foram actores, num pedaço de história do Império Mali, reino de Gabu, a que desde o séc. XVIII chamam de Guiné, a que, de alguma forma, ficámos ligados sentimentalmente.

Kasumai

Luis Fonseca
ex-Fur Mil Tms

Nota: Espero que a coluna para Guileje se faça sem problemas e que o restante programa decorra o melhor possível.


2. Comentário de C.V.

A propósito deste trabalho, enviado pelo Luís Fonseca, venho lembrar que os camaradas da Tertúlia e os nossos habituais leitores, que apresentam algum sintoma de stresse pós-traumático, devem procurar ajuda psicológica.

Nunca é tarde para encetar uma recuperação e proporcionar aos familiares algum sossego. Como se sabe, não são só os doentes que padecem, mas também quem os acompanha, especialmente as esposas e os filhos.

Podem começar por se dirigir a uma das Delegações da ADFA existentes, desde Bragança até ao Funchal e Ponta Delgada, onde poderão solicitar informações sobre os passos a dar.

O site da ADFA está em http://adfa-portugal.com/

_________________

Notas dos editores:

(1) Título da responsabilidade do editor

(2) Vd. post do último trabalho do camarada Luís Fonseca de 23 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2474: Cusa di nos terra (14): Susana, Chão felupe - Parte IX: Os indomáveis guerreiros felupes (Luís Fonseca)

(3) Vd. Posts relacionados com stresse pós-traumático:

de 9 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2089: O stresse pós-traumático dos veteranos da guerra colonial

de 15 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1663: Recortes de imprensa (1): As nossas mulheres e o stresse pós-traumático de guerra (Zé Teixeira)

sábado, 27 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2224: Tabanca Grande (38): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

Guiné> Região do Cacheu> Susana> Vista aérea do Aquartelamento

Foto: © Major J.Mateus (BCAV 3846) (2007). Direitos reservados


1. Em mensagem de 18 de Outubro de 2007, o nosso camarada escrevia:

Boa noite:
Chamo-me Delfim Rodrigues e fui 1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366 do BCAV 3846 que esteve em Suzana e Varela em 1971/73.

Amanhã vou estar na estreia do filme "As duas faces da guerra" (1) na Culturgest pois consegui que me comprassem um bilhete.

Apesar de não ter ainda pedido a minha entrada na Tertúlia, gostaria de vos conhecer pois estarei sozinho deslocando-me de Coimbra onde moro.

Gostaria de entrar para a tertulia, mas ainda não tenho as fotos digitalizadas, se me aceitarem, enviá-las-ei mais tarde.

Como não sou grande coisa a escrever não tenho preparado qualquer texto para vos enviar.

Delfim Rodrigues
1.º Cabo Aux de Enfermagem
CCAV 3366/BCAV 3846

2. Em 20 de Outubro o Editor Luís Graça escrevia no Post 2197: [...]
(xvii) Também tive a oportunidadade de conhecer novos camaradas, dos quais não fixei lamentavelmente o nome, no meio daquela multidão toda (espero que me contactem, e se apresentem ao resto da tertúlia). Um deles foi o Delfim Rodrigues, que veio propositadamente de Coimbra, e estava acompanhado de um amigo de Lisboa. [...] Dei um abraço ao Delfim e as boas vindas à nossa tertúlia.[...]


3. Em 25 de Outubro de 2007 CV respondia

Caro Delfim Rodrigues:

Estou a dar-te as boas vindas em nome do Editor Luís Graça, co-Editor Virgínio Briote e restante tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

É bem-vindo à nossa Tabanca Grande quem combateu na Guiné e quem se interessa pela actual Guiné-Bissau. Tu és indiscutivelmente uma dessas pessoas.

Já faz parte da nossa tertúlia o teu camarada, da CCAV 3366, ex-Fur Mil Luís Fonseca (2), que tem contribuído para o nosso Blogue com os seus apontamentos sobre os usos e costumes do povo Felupe.

De ti esperamos estórias e fotos para aumentar o nosso espólio histórico sobre as campanhas da Guiné entre 1963 e 1974.

Quando tiveres as fotos da praxe para a fotogaleria, manda-as para o endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com, em formato JPEG.

Recebe um abraço de todos os camaradas.
Carlos Vinhal
___________________

Notas de CV:

(1) Vd. Post de 21 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2198: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (5): Agradecimento de Diana Andringa

(2) Vd. Post de 14 de Agosto de 2007> Guiné 63/74 - P2047: Tabanca Grande (32): Apresenta-se José Luís Soares da Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2215: Cusa di nos terra (11): Suzana, Chão Felupe - Parte VI: Princípio e fim de vida (Luís Fonseca)

Guiné> Região do Cacheu> Susana> Vista aérea do Aquartelamento

Foto: © Major J.Mateus (BCAV 3846) (2007). Direitos reservados

1. Em mensagem do dia 22 de Outubro de 2007, o nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73), enviou-nos a VI Parte de Suzana, Chão Felupe (1).

Caros camaradas
As minhas notas anteriores disseram respeito ao Casamento.
Agora é a vez da sequência lógica: Princípio e Fim da Vida.

2. Comecemos pelo "Princípio".

Quando uma mulher engravida, a sua actividade sexual é interrompida até que nasça a criança. O mesmo não acontece nas suas actividades normais, mesmo as mais pesadas, que se prolongam práticamente até ao acto de parir.

Existem alguns tabus, quanto ao nascimento. O costume é a mulher prestes a dar à luz ir para um local reservado da tabanca (maternidade?). Ela é semi-despida na entrada do local, sendo as suas roupas abandonadas no exterior para depois serem removidas e queimadas.

O marido não é informado desta deslocação, nem tão pouco do seu estado de saúde ou do sexo do bébé, até que a mãe volte para casa com a criança.

A mãe e o filho apenas podem aparecer em público quando o cordão umbilical cair e, para tal aparecimento, ambos terão a cabeça rapada.

Se a criança nascer morta ou morrer antes da apresentação pública, o seu corpo é enterrado sem qualquer cerimónia especial e o pai é informado de que não nasceu filho algum.

Se a mãe morrer durante o parto, o seu corpo é levado para casa tendo lugar uma cerimónia pública.


Fim de vida

Quando morre um Felupe, o seu corpo é enterrado, no máximo, no fim do dia seguinte ao falecimento. Toques de bombolom são o meio utilizado para anunciar o acontecimento e todos os que podem interrompem o seu trabalho para visitar a família do falecido, cujo corpo é lavado, vestido e exposto.

O toque de bombolom era utilizado para este fim e muitos outros, embora para o meu ouvido, habituado aos Beatles e aos Rolling Stones, o toque fosse sempre igual. Só para o fim da comissão é que comecei a detectar algumas (poucas) diferenças.
Se o morto é um adulto, todos, exceptuando os familiares dançam. Quem não tem vontade ou não quer ou não pode dançar, canta. O corpo é envolto em panos e depois numa esteira sendo levado ao terreiro da dança.

Para os Felupes a morte de um adulto é um sinal de que o Emitai havia decidido que o seu ciclo de passagem terrena tinha sido concluído. Daí haver lugar a Ronco (festa), podendo ser morto um animal em honra do defunto.

Se pelo contrário, a morte for de uma criança ou adolescente, incluindo mulher nova mas casada, haverá lugar para Choro, que será de dois dias se se tratar de um recém -nascido.

Tive a oportunidade de assistir a alguns. O choque foi grande, mormente no primeiro. Devo dizer, por ser verdade, que não estava preparado para aquele tipo de cerimónias, muito embora estivesse avisado do que se iria desenrolar.

A presença de militares graduados era, desde que suficientemente discreta, considerada uma honra para a família. Não me apercebi em qualquer das situações da presença de outras etnias, embora vizinhos.

No primeiro funeral, em Bujim, a falecida foi colocada sentada sob o maior poilão da tabanca, vestida com pano novo, que pode ser substituído pelo pano que ela mais gostava em vida, nada diferente do que se passa em muitos dos funerais realizados nas nossas terras.

O tempo do funeral é, se possível, de um dia solar. Durante todo esse tempo um pequeno grupo de mulheres roda em circulo, no sentido contrário ao ponteiro do relógio, para os Felupes no sentido do ocaso para o nascer do sol. Um outro circulo exterior ao referido e com um número mais elevado de mulheres roda no sentido oposto.

Todas as mulheres pertencem à família da falecida, à tabanca onde tinha morança ou eram amigas da família. O significado, tal como me foi explicado, é bem simples. O circulo interior (menor número de mulheres) representará a morte, o retrocesso. O circulo maior, exterior, representa a vida, o seu contínuo avanço, a vitória. E a vida leva sempre a melhor.

Existe uma diferença significativa entre um Choro de um recém-nascido e o de uma criança ou adolescente. A diferença é que no do recém-nascido não existem circulos de mulheres, aparecendo apenas os familiares e amigos com a cabeça coberta de lama, sinal de luto.

Devem situar-se, normalmente, na periferia do terreiro onde se realizam as cerimónias do funeral.

O tumulo é circular, alargando abaixo da superfície. Foi-me referido que a posição final seria a sentado na posição de nascimento (posição fetal). Foi-me impossível confirmar tal facto, bem como se acompanham o morto quaisquer objectos ou alimentação, embora tal me fosse sugerido.

Foto 1> Túmulo circular Felupe

Foto 2> Familiares de Felupe falecido


Tudo o que tenho escrito corre o risco de não corresponder à total realidade.

Os motivos são vários e podem ir da minha falta de percepção até erros de tradução fortuitos ou involuntários.

Devo acrescentar que a jornalista Isabel Silva Costa, fez um óptimo trabalho em meados dos anos 90, do século passado, exactamente sobre o funeral de Mulher Grande na etnia felupe.

Por hoje terminado
Kassumai
Luis Fonseca
ex-Fur Mil Trms
CCAV 3366

Texto e fotos: © Luís Fonseca (2007). Direitos reservados)
_______________

Nota do co-editor CV:

(1) Vd. Posts anteriores desta série:

15 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2052: Cusa di nos terra (5): Susana, Chão Felupe - Parte I (Luís Fonseca)

31 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2074: Cusa di nos terra (6): Susana, Chão Felupe - Parte II: Religião (Luís Fonseca)

5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2081: Cusa di nos terra (7): Susana, Chão Felupe - Parte III: Trabalho, lazer, alimentação, guerra, poder (Luís Fonseca)

16 de Setembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2110: Cusa di nos terra (9): Susana, Chão Felupe - Parte IV: Mulher e Comunitarismo (Luís Fonseca

6 de Outubro de 2007 >Guiné 63/74 - P2156: Cusa di nos terra (10): Susana, Chão Felupe - Parte V: Casamento (Luís Fonseca)

sábado, 6 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2156: Cusa di nos terra (10): Susana, Chão Felupe - Parte V: Casamento (Luís Fonseca)

Foto 1 > Guiné-Bissau > Chão Felupe > 2 de Novembro de 2006 > A magia do pôr do sol na África Ocidental...

Foto: © Jorge Rosmaninho (20906). Africanidades > 2.11.06 > Por aí... (com a devida vénia e o nosso Alfa Bravo para o Jorge...).



Foto 2> Pôr-do-sol no Chão Felupe


Foto: © Luís Fonseca (2007) (Direitos reservados)


1. Mensagem do dia 1 de Outubro de 2007, do nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73)

Caros editores:

Enviadas que estão algumas notas(1) chegou, talvez, a altura de questionar sobre o real interesse das mesmas, no presente contexto, para a maioria dos camaradas. Para isso conto com a vossa habitual frontalidade.

É evidente que todas elas, com todas as imprecisões que possam conter, resultam da possibilidade de, durante a minha comissão de serviço, procurar conhecer, em curtas e espaçadas incursões, com alguma (bastante) diplomacia à mistura, um pouco do mundo de uma etnia que, para os próprios guinéus, é praticamente desconhecida e, como consequência, motivo de medos e desconfianças.

Terminada a minha permanência naquele chão, o bichinho da curiosidade e, porque não dizê-lo desde já, admiração, já exponenciado, aumentou pelo que, de uma forma ou outra, tentei manter-me ao corrente, com grandes dificuldades na obtenção de informação fidedigna, do que ali se passava.

Africanidades, do Jorge Neto [opu melhor, Jorge Rosmaninho], foi o meu blog de sustentação e através dele tomando conhecimento do esquecimento a que, voluntária ou involuntariamente, votaram aquela gente e aquela região. Ela só surgia nas notícias dos media quando existiam problemas, na sua grande maioria envolvendo os vizinhos do norte, já antigos, e a que voltarei quando se afigurar oportuno.

No espaço que mantenho, 5ª Rep, já fiz sentir algumas opiniões sobre tal facto.

Mas voltemos ao que me propus.
Desta feita para falar em: Casamento.
Luis Fonseca
(ex-Fur Mil Trms CCAV 3366)

2. Comentário dos editores

Caro Luís Fonseca:

Os editores não têm qualquer dúvida em afirmar que os teus apontamentos sobre a etnia Felupe, com que nos tens presenteado regularmente, são do interesse da esmagadora maioria das pessoas que acedem à nossa página, combatentes ou não, porque dão a conhecer uma etnia com costumes muito próprios e desconhecidos de quase todos nós.

A África toca todos os portugueses e a Guiné, particularmente, a nós tertulianos do Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné.

O Casamento (Felupe), que nos mandas agora, é um exemplo do que se acaba de escrever.
A tua narrativa é tão sugestiva que dispensa imagens.

Se cada um de nós tivesse recolhido elementos sobre o uso e costumes do Chão que pisou e o transmitisse nestas páginas, teríamos um fabuloso compêndio de antropologia sobre a Guiné dos nossos tempos.

Já agora fica a sugestão para que se houver entre nós mais alguém, a exemplo do Luís Fonseca, que tenha escritos sobre os usos e costumes dos povos da Guiné, apresente os seus trabalhos e contribua assim para aumentar o nosso conhecimento.
CV


Foto 3> Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Varela > Iale > 2004 > Festa da saída da Cerimónia de Circuncisão (fanado, em crioulo) da etnia Felupe em Iale.

Foto: © Guiné-Bissau, portal da AD - Acção para o Desenvolvimento (2007) (Com a devida vénia)


3. Casamento (Felupe)
por Luís Fonseca

O casamento na etnia Felupe tem regras muito especiais que demoram anos a cumprir. Os preliminares podem começar quando um rapaz tem entre 10 e 14 anos. Ele pode escolher uma rapariga para sua namorada ou ser aconselhado nessa escolha pelos pais, mantendo, no entanto, a possibilidade de não aceitar as sugestões. Tal sucede com pouca frequência, embora a partir dos 15 anos os rapazes não necessitassem de autorização paternal para andar por qualquer lado do território.

Uma vez feita a escolha, o rapaz, pede ao seu pai para falar ao pai da rapariga escolhida que, por sua vez, perguntará à mesma se quer ficar "amiga" do rapaz em questão. Normalmente e por uma questão de pudor, simulado, a rapariga dirá que não conhece o rapaz pelo que numa próxima festa a sua mãe lhe dirá, indicando-o às escondidas, quem é o pretendente. Em qualquer altura posterior a rapariga tem a liberdade de recusar.

Depois da festa, o pai do rapaz leva ao pai da rapariga uma cabaça de vinho de palma e retira-se. Se a cabaça for devolvida vazia significará que o namoro foi aceite. Se a rapariga não aceitar o namorado devolverá o vinho.

A cerimónia do Edjurorai

Quando o rapaz tiver entre 15 e 16 anos tem lugar a cerimónia do Edjurorai. O rapaz tem que arranjar um galo (castrado) e uma galinha e irá, com alguns amigos da tabanca, antes do sol nascer, acordar a rapariga.

Esta deve matar o galo, batendo com a cabeça do animal no chão ou num tronco de árvore, enquanto o rapaz fará o mesmo com a galinha. Após esta cerimónia o rapaz trará os animais para a sua morança e vai comê-los com os amigos.

O Edjurorai é uma cerimónia colectiva feita na mesma madrugada por rapazes (cerca de 15) com namorada já escolhida. Depois desta cerimónia o pai do rapaz começa a criar um ou vários porcos, conforme o seu poder económico, para, passado cerca de um ano, ter lugar a cerimónia do Ebandai.

O porco ou porcos são mortos e divididos rigorosamente, exceptuando as cabeças. Uma das metades da carne é levada, no dia seguinte, muito cedo, pelas mulheres da tabanca do rapaz, à casa da rapariga, onde é distribuída pelos moradores. A família da rapariga retribui a oferta com mandioca e bananas, géneros que são consumidos pelas mulheres carregadoras, uma vez regressadas a casa do rapaz. A outra metade da carne de porco é distribuída pelos moradores da tabanca do rapaz. Nesse mesmo dia, começa a cozinhar-se, para serem comidas no dia seguinte, a cabeça ou cabeças dos porcos, com arroz fornecido por todos os elementos da tabanca do rapaz. A essa refeição assistem, como convidados, os elementos da tabanca da rapariga.


A cerimónia do Bubapassabu


Quando atingir os 21/22 anos, o rapaz começa a construir a sua casa nova, com o precioso auxílio dos amigos e outros rapazes da tabanca e o pai a juntar vinho de palma e galinhas para a cerimónia do Bubapassabu. O vinho e as galinhas são levados para casa do pai da rapariga, procedendo-se a várias cerimónias num santuário anteriormente combinado. Quando se acabam as galinhas o pai da rapariga avisa o pai do rapaz que pode ser realizado o casamento (Buiabu).

Quando existe já suficiente vinho de palma, o pai do rapaz avisa os moradores da sua tabanca enquanto os pais da rapariga fazem igual aviso aos seus, relativamente à data certa do casamento, realizado normalmente num Domingo Felupe (salvo erro Quinta-Feira no nosso calendário).

A cerimónai do Buiabu

Na manhã do dia do casamento há um toque especial do Bombolom, na tabanca do rapaz, após o que os jovens, rapazes e raparigas, vão ao mato buscar o vinho de palma que o noivo juntou, transportando-o para a casa nova. Ao princípio da tarde desse dia, a família da noiva leva para a casa nova um balaio com arroz, um pilão e o respectivo pau de pilar. Nessa noite os homens que são pais, levam o noivo para a mata. Igualmente na tabanca da noiva, as mulheres casadas, que já são mães, levam a noiva para a mata.

Os dois grupos ministram, separadamente, conhecimentos sobre o casamento. Passadas algumas horas, a noiva, chega à casa nova onde espera, acompanhada pela família, a chegada do noivo. A noiva tem, obrigatoriamente, de entrar na casa nova pela porta da frente. A chegada do noivo, que entra pelo quintal, carece do ritual de atravessar a casa seis vezes. Depois disso, o ritualista do Fanado conduz o noivo, para junto da noiva, ficando ambos sentados.

Segue-se a festa em que todos cantam, dançam e... bebem o vinho do noivo. Quando este terminar todos abandonam a casa ficando apenas o Arrontchenau, escolha do pai do noivo. Esta figura é uma espécie de encarregado do casamento e ao mesmo tempo padrinho. A mulher do padrinho leva a noiva ao quarto e ambas colocam uma esteira no chão, a mulher deve ficar sempre do lado da parede. Depois os padrinhos retiram-se, sendo consumado o casamento.

Na manhã seguinte, antes do nascer do sol, a noiva vai novamente para a casa paterna.

A cerimónia do Etuiai.


Nos dias seguintes, à noite, e durante cerca de três semanas, a noiva vai a casa dos padrinhos, pedir-lhes para a acompanharem à casa nova, onde dorme, voltando a sair na madrugada seguinte. Passadas as cerca de três semanas a noiva avisa a mãe que vai começar a fazer comida para o marido.

Esta avisa a sua tabanca e o pai do noivo, que por sua vez avisa a sua tabanca, que vai ter lugar a cerimónia do Etuiai.

O noivo deve arranjar arroz, peixe e vinho de palma. As mulheres da tabanca da noiva é que cozinham, só elas, não a noiva, e só se alimentam os jovens da tabanca do noivo, mas não este. No final da refeição toda a gente lava as mãos numa grande panela de barro com água que entretanto se tinha aquecido.

Após ter sido posta mais lenha no lume, de modo a fazer uma grande fogueira, o rapaz mais velho da tabanca do noivo, sem a presença de testemunhas, levanta a panela no ar e larga-a de modo a que ele se parta e apague o lume.

Depois disso todos saiem, com excepção dos padrinhos que transmitem à noiva que já pode cozinhar. Todavia, embora cozinhando, durante a primeira semana não come na sua casa, indo fazê-lo a casa dos padrinhos.

No final da semana, entra finalmente na rotina diária.

Tanto quanto consegui entender a lei Felupe não admite poligamia. Os casamentos são monogâmicos, permitindo-se no entanto a separação dos casais. O mais comum, contudo, é ver casais que permanecem unidos até morrer um dos conjuges.

Depois desta longa dissertação, o melhor é dizer
Kassumai

Luis Fonseca
(ex-Fur Mil Trms CCAV 3366)
___________________

Nota do co-editor CV

(1) Vd. posts anteriores:

16 de Setembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2110: Cusa di nos terra (9): Susana, Chão Felupe - Parte IV: Mulher e Comunitarismo (Luís Fonseca

5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2081: Cusa di nos terra (7): Susana, Chão Felupe - Parte III: Trabalho, lazer, alimentação, guerra, poder (Luís Fonseca)


31 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2074: Cusa di nos terra (6): Susana, Chão Felupe - Parte II: Religião (Luís Fonseca)


15 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2052: Cusa di nos terra (5): Susana, Chão Felupe - Parte I (Luís Fonseca)

domingo, 16 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2110: Cusa di nos terra (9): Susana, Chão Felupe - Parte IV: Mulher e Comunitarismo (Luís Fonseca)


Guiné> Susana> Recolha de lenha para a população

Em mensagem do dia 10 de Setembro de 2007, o nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73), enviou-nos a IV Parte de Susana, Chão Felupe (1).

Dizia, então:

Caríssimos editores:
A prosa de hoje versa a mulher Felupe.

Parte IV: Mulher Felupe

Comecemos por dizer que a povoação mais importante do Chão Felupe, que não da zona norte do Cacheu, tem nome de mulher: Suzana (com z).

Tendo em atenção os nossos padrões de sociedade, poderemos afirmar que a mulher felupe é uma mulher emancipada. Recebe todas as honras e desenvolve um papel extremamente importante na sociedade em que se integra.

Como exemplo, as suas actividades na família estão claramente definidas.
Ocupam-se dos trabalhos ligados à casa (fazer cestos, esteiras, redes de dormir, bem como trabalhos de olaria: vasos, potes e panelas). Podem, igualmente, ocupar-se da extracção do óleo de palma para ser vendido ou trocado, ou ainda proceder à colheita de palha nova para a substituição da existente na cobertura da casa. Cabe-lhes também armazenar madeiras e fabricar carvão para uso na cozinha.

É responsável pela culinária da morança, que pode ser providenciada também pelo marido, faz a limpeza da casa que o marido construiu, tira a água do poço que o marido cavou.

É sempre consultada pelo marido no que diz respeito à educação dos filhos ou outros assuntos do âmbito familiar.

Pode ainda, em determinadas condições, tornar-se uma sacerdotisa.

Quando casa, conserva o nome de solteira, o que de certa forma a faz ainda mais emancipada, tomando como termo comparativo as mulheres de outras etnias e de outros continentes.

Ocorrendo a morte do marido, a casa que ele construiu, os campos de arroz que ele plantou e todos os demais bens não são entregues à viúva mas sim ao irmão mais velho do falecido, que, por norma e bondade, permite que ela continue a habitar a morança. Confesso que nunca me ocorreu questionar o que seria feito se o falecido não tivesse irmãos, dado tratarem-se de famílias, normalmente, numerosas. Também nas pesquisas feitas não encontrei, até ao momento, resposta a tal dúvida.

Se a viúva for ainda jovem, regressará a casa dos pais e voltará a casar. Temos que ter em consideração o significado de jovem na etnia felupe, quando a esperança média de vida é de 47 anos e apenas 3% atingem os 65 anos.

Se for já de idade terá os cuidados dos filhos que além de casa onde morar providenciam também o seu sustento.

Em termos de direito de propriedade o Felupe só admite como privado a sua própria casa e os objectos de uso pessoal, nomeadamente os utensílios de lavoura, caça e pesca. São igualmente propriedade privada um reduzido número de cabeças de gado e os galináceos.

Pertencem à tabanca: a bolanha, as matas e a manada de gado bovino. A bolanha encontra-se distribuída em lotes atribuídos pelo homem grande (ancião mais velho) aos vários elementos da aldeia. As colheitas dos lotes são propriedade de quem a trabalha.

As palmeiras das várias matas, propriedade colectiva, são distribuídas a cada um dos moradores que se entregam à sua limpeza e donde só os próprios podem extrair o vinho.

A manada pode incluir as poucas cabeças de gado particular, mas só com o conhecimento e consentimento dos restantes moradores da tabanca. A manada é entregue ao cuidado dos jovens, alguns mesmo muito jovens, e pasta livremente porque as pastagens não têm dono.

Por decisão do Comandante da nossa Unidade, foi estipulada uma rotatividade das tabancas que entendessem fornecer um animal da sua manada para abate e alimentação da Companhia. Com as tabancas que aceitaram nunca se manifestou qualquer problema, sendo a carcaça pesada e o pagamento feito, à boa maneira Felupe, em géneros (farinha, açucar, muito raramente batatas, que apenas engordam e não criam força e músculos, como o arroz - afirmação felupe).

A grande dificuldade residia no apanhar do bicho que, desde longe, era indicado pelo chefe de tabanca. Tinha que ser aquele e só aquele, sem hipótese de troca. A tropa lá tinha que se preparar para uma pega de caras ou cernelha, com técnica TM (tudo a monte) com a ajuda de cordas, de forma a capturar o animal para o transportar para o aquartelamento. Sinal de melhoria de rancho.

Guiné> Susana> Caçar o bicho era uma autêntica tourada... para a nossa tropa

Os poços ou outros bens de utilidade pública são, como é bom de ver, propriedade de toda a tabanca. Uma bolanha está sempre vinculada a uma dada família, existindo um laço místico com os antepassados. Mesmo que uma dada família não tenha, temporariamente, homens válidos para o cultivo da sua bolanha, esta será explorada, depois de cerimónia religiosa para o efeito, por alguém estranho à mesma que voltará à "sua" família quando esta tiver individuo apto para retomar o seu cultivo.

Que melhores provas de espírito comunitário e solidariedade podemos pedir ?!

Por hoje terminado.
Kassumai

Luis Fonseca
Ex-Fur MilTrms
CCAV 3366

Texto e fotos: © Luís Fonseca (2007). Direitos reservados.
_________________

Nota do co-editor CV

(1) Vd. post anterior, de 5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2081: Cusa di nos terra (7): Susana, Chão Felupe - Parte III: Trabalho, lazer, alimentação, guerra, poder (Luís Fonseca)