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domingo, 3 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17727: In Memoriam (304): Faleceu o Comandante Pombo, José Luís Pombo Rodrigues, uma figura lendária dos céus da Guiné. As cerimónias fúnebres terão lugar segunda e terça-feira, no Carregado e Póvoa de Santa Iria (Manuel Resende / Maria João Alves Pombo Rodrigues)


Comandante José Luís Pombo Rodrigues
Foto: Manuel Resende

IN MEMORIAM

O nosso camarada Manuel Resende, através de contacto telefónico, deu conhecimento ao Blogue do falecimento do Comandante José Luís Pombo Rodrigues.

Contactada a sua filha Maria João, pela Magnífica Tabanca da Linha, foi-lhe remetida a seguinte mensagem:

Estimados amigos, 

Cumpre informar das cerimónias fúnebres do Capitão José Luís Pombo Rodrigues:

Segunda-feira - Velório a partir das 12 horas nas capelas mortuárias do Centro Paroquial do Carregado, Rua Vaz Monteiro, 55 - Carregado. 

Terça-feira - Missa das 10h30 às 11h na Igreja Paroquial do Carregado e posterior cremação às 12 horas no crematório da Póvoa de Santa Iria - a cerca de 20 minutos de carro - Rua Quinta da Piedade, 13, - 2625-099 Póvoa de Santa Iria. 

Maria João Alves Pombo Rodrigues


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > A esposa do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o Capitão Pombo, na pista de Bubaque na Páscoa de 1974...  O da ponta esquerda é o nosso amigo e grã-tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz.

Foto: © Henrique Gonçalves Vaz.


O Comandante Pombo Rodrigues com a sua filha Maria João.


Dois Gloriosos Malucos da Máquinas Voadoras, TGen António Martins de Matos e Comandante Pombo Rodrigues.

Fotos: © Manuel Resende

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Comentário do editor CV:

À amiga Maria João Pombo Rodrigues, filha do Comandante Pombo Rodrigues, assim como à restante família, a tertúlia e os editores deste Blogue deixam o seu abraço solidário e apresentam os mais sentidos pêsames.

O comandante Pombo tem já cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue. Por proposta do fundador, administrador e editor do blogue, Luís Graça, ele passa doravante a integrar,  a título póstumo, a nossa Tabanca Grandem  sob o nº 752.  Enfim, é uma figura lendária dos céus da Guiné e muitos de nós guardam dele uma grata recordação. Falta-nos saber o ano em que nasceu, para completar o processo da sua inscrição na Tabanca Grande
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17700: In Memoriam (303): Faleceu António Pedro Carneiro de Miranda da CART 1689/BART 1913. O seu funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Agosto, pelas 18h45, na Igreja de S. Pedro, em Amarante (José Ferreira da Silva / Alberto Branquinho)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15697: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1971/73): Parte VI: O aeródromo de Susana e uma DO 28 dos Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa, possivelmente pilotada pelo nosso comandante Pombo


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4 


Guiné > Região do Cacheu > Susana > CCAV 3366 (Susana, 1971/73) > O aeródromo de Susana. [A areonave não é um Cessna, como julgávamos, mas uma DO 28, segundo o nosso camarada E. Esteves Oliveira; de qualquer modo, talvez o piloto que a levou até Susana possa ter sido o Comandante Pombo, nosso grã-tabanqueiro, ao serviço dosTransportes Aéreos da Guiné Portuguesa; fomos levados pela inscrição, CR - GBK; as nossas desculpas aos leitores].

Fotos: © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.


1. Sexta parte da publicação de uma seleção de  fotos do álbum do
Armando Costa,  ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAV 3846, Susana, 1971/73) (*) [, foto atual à direita]:

Recorde-se, sumariamente, o historial da Companhia, a CCAV 3366:

(i) Chegada a Bissau em 9 de março de 1971;

(ii)  IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) no Cumeré:

(iii) colocação, em maio de 1971, no subsetor de Susana, na região do Cacheu, no noroeste da Guiné, no coração do chão felupe;

(iv)  regressou à metrópole em 8/3/1973.

Há, pelo menos, mais dois camaradas da CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73), formalmente registados na nossa Tabanca Grande:

(a) o Luís Fonseca, ex-fur mil trms, que vive em Vila Nova de Gaia; e
(b) o Delfim Rodrigues, ex-1.º cabo aux enf, que mora em Coimbra, e é um dos nossos habituais participantes do Encontro Nacional da Tabanca Grande.


2. Do nosso leitor e camarada Esteves de Oliveira, mensagem acabada de chegar às 19h56:_

 Caro Camarigueiro Luís Graça,
Não me levem a mal estar a fazer reparos, mas o avião fotografado pelo Armando Costa não é um Cessna ianqui, é antes um germânico Dornier 28 (DO 28) Skyservant.
Um alfa-bravo para todos,

E. Esteves de Oliveira
Ex-Oficial miliciano de infantaria, 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15322: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (100): Reencontrando o comandante Pombo, em 17/10/2015, na sede da AFAP - Associação da Força Aérea Portuguesa, em Lisboa, 41 anos depois da viagem que fiz com ele no seu Cessna dos TAGP, de Bissau até Catió, em 31/3/1974 (António Graça de Abreu)



Lisboa, sede da AFAP - Associação da Força Aérea Portuguesa > 17 de outubro de 2015 > Ao centro, o nosso grã-tabanqueiro, António Graça de Abreu, proferindo a conferência "Entender a China 2015. Viajar pelo mundo chinês”. Ele foi o convidado especial da AFAP na comemoração do seu XXXII aniversário (*). Foto: Cortesia da página da AFAP. [Edição: LG]



Mensagem do António Graça de Abreu [ex-alf mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74, poeta, escritor e conhecido sinólogo]:


Data: 19 de outubro de 2015 às 15:28
Assunto: Com o comandante Pombo, na Guiné 1974 e em Lisboa, 2015


1. Sábado passado, dia 17 de Outubro, fiz uma conferência sobre a China (entusiasmante e participada) na Associação da Força Aérea, na Av. Gago Coutinho, Lisboa. Havia mais de vinte generais, e outros tantos coronéis. Até eu, pobre alferes, me senti importante com tão excelente assistência.

E estava lá o Pombo, dos TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa), o Pombo, grande senhor dos aviões e da vida, voando como um príncipe nos céus da Guiné no seu Cessna branco e vermelho dos TAGP.

Um abraço fortíssimo a esse homem de eleição, voando um dia comigo, ou melhor, eu com ele, em Março de 1974, desde Bissau até Empada e depois Catió.

O grande Pombo, excepcional piloto e extraordinária figura dos céus guineenses, antes e depois da guerra, agora algo alquebrado pela inevitável passagem dos anos, encostado por bem, à sua fascinante e colorida vassourinha brasileira.

Que gosto, que prazer estar, mesmo ao de leve, com esta boa gente, pedaços à solta de todos de nós! (**)


2. Do meu Diário da Guiné (Lisboa, Guerra e Paz ed., 2007, pag. 209), respigo o texto que escrevi na altura sobre voar com o comandante Pombo..


Cufar, 31 de Março de 1974

Prometi que só regressava a Cufar depois de ter resolvido o problema do meu substituto. Pois agora é verdade, já desencantaram o homem. É o alferes Lopes, apenas com quinze dias de Guiné. Tem a especialidade de Secretariado, estava exactamente destinado à 1ª. Repartição, em Bissau, e ou porque têm gente a mais ou porque eu os chateei demasiado nestes últimos dez dias, desviaram-no para Cufar. 

Encontrei-o na piscina do Clube de Oficiais, almocei com ele, animei-o –- está um bocado abalado com a vinda para o mato,–-  disse-lhe que Cufar é mauzinho mas se ele fosse atirador de Infantaria e tivesse sido colocado em Cadique ou Jemberém ou Gadamael, seria bem pior.

Tentei trazê-lo comigo mas não foi possível, vim na avioneta civil, o Cessna dos TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) e só havia cinco lugares, todos ocupados. O Lopes chegará assim que houver disponibilidade de transporte.

Ainda não tinha experimentado voar nestes aviões pequeninos, mais bonitos e confortáveis do que as DOs. De manhã, no Depósito de Adidos onde se trata das viagens dentro da Guiné, ouvi falar num avião civil fretado pelo exército para transportar oficiais com destino a Empada e Catió. Agarrei-me logo. De Catió a Cufar podia fazer os dez quilómetros por estrada.

O Cmdt Pombo aos comandos do seu Cessna dos TAGP,
c. 1972/74  (Foto de Álvaro Basto, 2008)
Saímos de Bissau, voámos sobre Tite e a região do Quínara, atravessámos o rio Grande de Buba direitinhos a Empada, um aquartelamento importante já no sul da Guiné. Descemos em Empada, onde saíram dois alferes e entrou o meu coronel que estava na povoação numa espécie de visita de inspecção.

Fiquei admirado com a forma como voam os aviões civis. Já havia constatado que não tomam aquelas precauções todas contra os mísseis terra-ar do PAIGC, ou seja voar a mais de dois mil metros ou a "rapar", logo acima do solo, ou subir e descer em parafuso sobre as pistas de aviação. Foi a vez de experimentar pelos céus do sul da Guiné um voo quase normal, embora estivéssemos perfeitamente ao alcance dos mísseis IN, tanto mais que sobrevoámos à descarada zonas onde os guerrilheiros se movimentam com algum à vontade. Deve ser verdade, eles não atacam aviões civis e a avioneta, vermelha e branca é facilmente identificável cá de baixo. Se nos tivessem mandado abaixo seria um grande "ronco", éramos quatro alferes e, de Empada para Catió, ainda um coronel, o meu chefe (coronel pára-quedista João José Curado Leitão). Estas avionetas civis continuam a voar quase como nos bons velhos tempos e como o Cessna vinha relativamente baixo, distinguiam-se  trilhos utilizados pela população e pelos guerrilheiros nas áreas que controlam. Semi-escondidas nas florestas, adivinhavam-se umas tantas aldeias.

Em Catió, enquanto aguardávamos a escolta, bebi uns whiskies velhíssimos com o meu coronel e o tenente-coronel comandante do batalhão de Catió. Depois viemos para Cufar por estrada com vinte homens armados da CCaç 4740 a guardarem-nos as costas. Se tivéssemos sofrido uma emboscada, eu, que nem espingarda tinha, ficava logo ali como um passarinho. Esta deve ter sido a minha última "saída" para o mato.

António Graça de Abreu

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15253: Agenda cultural (430): Conferência de António Graça de Abreu, "Entender a China 2015. Viajar pelo mundo chinês”, sábado, dia 17, pelas 11h30, em Lisboa, na sede da AFAP - Associação da Força Aérea Portuguesa, nas comemorações do seu 32º aniversário

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15156: Convívios (711): Tabanca da Linha, Cascais, estrada do Guincho, Oitavos, a "rentrée", 5ª feira, 24 de setembro de 2015: fotos do Manuel Resende (Parte I)


Foto nº 1 > O prato de marisco que já é um ícone dos serviços de "catering" da Tabanca da Linha...  O segredo está bem guardado, diz o régulo da tabanca, o Jorge Rosales



Foto nº 2 > O comandante Luís Pombo (Bucelas) e a sua filha Maria João Rodrigues Pombo (1): "Como é bom regressar a casa, depois de uma vida de aventuras e canseiras"...



Foto nº 3 > O comandante Luís Pombo (Bucelas) e a sua filha Maria João Rodrigues Pombo  (2): "Adoro-te, meu pai e meu comandante!"...




Foto n º 4 > A Maria João Rodrigues Pombo e o António Martins de Matos (Lisboa) (ten gen pilav ref)...  "Vocês são os meus heróis!"...


Foto n º 5  > A Maria João Rodrigues Pombo e o Avelar de Sousa (Bucelas)  (maj gen paraquedista ref, BCP 12, Bissalanca, BA 12, 1972/74; grande amigo do comandante Pombo)... 

"Pára-quedista que andas em terra: Pára-quedista  / Que andas em terra  / A tua alma encerra / Saudades do ar / E na conquista / Beijam-te as moças / Só p'ra que não ouças / Teu peito a vibrar"...


Foto nº 6 > Carlos Cruz e a esposa Irene (, moram em Paço d'Arcos)... "Que ternura!"...


Foto nº 7 > José Rodrigues  e a esposa, Maria de Lurdes (vivem em Belas): "A vida é bela!"



Foto nº 8 > Carlos Cruz, o Zé Manel Dinis e a Teresa (Cascais)... "A melhor messe que já conheci"...



Foto nº 9 > Mário Fitas e Jorge Rosales,  dois "homens grandes" da Tabanca da Linha... "Comandante, o negócio não está mau"...



Foto nº 10 > Mário Fitas e José Rosales, mano (mais novo) do Jorge... Está de perfil, a conversar com um empregado de mesa, conhecido dos Rosales... "Mesa VIP!"...


Foto nº 11 > O António Graça Abreu (à direita) (S. Pedro do Estoril) e o Manuel Rocha (Lisboa), jornalista, convidado  pelo Armando Pires (que não veio, por razões de agenda)... Segundo o fotógrafo, o Manuel Rocha "veio para ficar"... "Aqui sou o único sínico", diz o Abreu China...



Foto nº 12 > Três camaradas de Bambadinca: da esquerda para a direita, Luís R. Moreira (Mem Martins), Zé Fernando Almeida (Óbidos), António Fernando Marques  (Cascais) (estes dois últimos, ex-fur mil  da CCAÇ 12, 1969/71)... "Da peste, da fome, da guerra... e das minas, libera nos, domine!"...



Foto nº 13 >  O Marques e  a esposa Gina (Cascais), mais a esposa do Zé Fernando Almeida, a Suzel (Óbidos)... "Alinhamos sempre!",,,




Figura nº 14 >  João Martins (Lisboa), mais um camarada que veio pela primeira vez (e cujo nome me escapa)  e, à direita,   o Diniz Sousa e  Faro (São Domingos de Rana)... "O repouso do guerreiro"...


Figura nº 15 > Da direita para a esquerda: Joaquim Nunes Sequeira (Colares), Carlos António Rodrigues e César Pacheco (novos, na Tabanca da Linha, moram em S. Pedro do Estoril)... "A água de Lisboa é que é boa"...


Foto nº 16 > O Marcelino da Mata (Cacém) e o José Felício (à esquerda), o decano da Tabanca da Linha: tem nada mais nada menos do que 93 anos...  "Mais uma missão cumprida!", parece dizer ele!...



Foto nº 17  > O Marcelino, o  Diniz Sousa e Faro  e  mais um elemento novo da Tabanca da Linha... "Pois é, camaradas, nunca pensei aos 75 anos, voltar a dormir no mato!" (Marcelino da Mata, em voz "off record")


Cascais > Estrada do Guincho > Oitavos > Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 >


1. Mais um esplêndido dia de convívio que juntou uma meia centena de tabanqueiros, jovais, bem dispostos, sempre prontos a continuar a viagem pela picada da vida fora,  mau grado as emboscadas, as minas e armadilhas, as sacanices, as deceções, as deserções, as baixas... Alguns são novos, isto é, vieram pela primeira vez... E logo prometeram ficar.

Muitos dos tabanqueiros da Linha  são membros da nossa Tabanca Grande...  Outros, mais preguiçosos, ainda não se deram ao trabalhar de fazer o seu registo... para a eternidade. É bom lembrar que a Tabanca Grande não é o panteão nacional, é muito  melhor... porque "mais vale um camarada vivo do que um herói morto"...

A lista dos tabanqueiros da Linha tem vindo a engrossar, pelo que pude ver na folha de Excel que o Manuel Resende me facultou: são perto de 130 os tabanqueiros da Linha (dos quais 110 camaradas e 20 acompanhantes). E uns mais regulares do que outros... Quase todos oriundos da Grande Lisboa (Cascais, Sintra, Oeiras, Amadora, Loures, Lisboa...) mas também os há da outra banda, de Almada até Setúbal.

Aguardamos a tradicional crónica, sempre genial e bem humorada, e (ex)pirada, do talentoso secretário da Magnífica Tabanca da Linha, o Zé Manel Matos Diniz.

A II parte (fotográfica) deste convívio seguirá  oportunamente, com a ajuda (fundamental) do empenhado, dedicado e competente fotógrafo Manuel Resende. (LG)


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15142: Convívios (710): XVII Encontro do pessoal da CCAÇ 4544, levado a efeito no passado dia 13 de Setembro de 2015, em Alcobaça (António Agreira)

Guiné 63/74 - P15153: FAP (90): Para acabar de vez com o mito dos MiG em Conacri: nunca os houve no nosso tempo, garantiu-me o comandante Pombo, no convívio da Tabanca da Linha (António Martins de Matos, ten gen pilav ref)


Cascais > Estrado do Guincho > Oitavos > Almoço da Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 >  Selfie de dois bravos da FAP, o António Martins de Matos e o comandante Pombo...


Foto: © António Martins de Matos  (2015). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do António Martins de Matos


Data: 24 de setembro de 2015 às 18:41

Assunto: MiG


Caros amigos

Para terminar o assunto dos MiG

Dos postes anteriores (e foram muitos) (*), houve de tudo, MiG em Conacri, patrulhando a fronteira, picando aqui e ali, com pilotos guineenses, cubanos ou russos, em momentos cruciais escondidos ou deslocados para outras pistas (Labé), retaliando a quando da operação Mar Verde ….

Como não gosto de assuntos meio feitos, meio por fazer, tive que aprofundar o tema com quem tivesse uma visão mais completa do assunto.

E quem melhor para nos elucidar que o nosso amigo comandante José Pombo, piloto de caça e piloto dos TAGP [, Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa,] durante alguns anos, e depois de 1974 amigo do Presidente da Guiné Bissau e piloto privativo do Presidente Sékou Touré durante mais uns 5 ou 6 anos ?  (Interessante que, com tantos pilotos pró PAIGC, tenha escolhido um piloto portuga.)

Aproveitei o almoço, de hoje,  da Magnífica Tabanca da Linha e abordei-o. E ele disse-me o seguinte:

(i) nunca houve qualquer MiG em Conacri;

(ii) a coisa mais parecida com um avião de caça que vira em Conacri eram os restos da asa do Fiat G 91 [R/4 5419] do falecido ten cor pilav [Almeida] Brito, que o PAIGC tinha levado a título de troféu (**);

(iii) à  excepção de Conacri, mais nenhuma pista da Guiné tinha (tem) condições para receber os MiG;

(iv) confirma que a Rússia tinha dado treino a pilotos guineenses e, já depois da independência da Guiné Bissau, oferecido a este país  2 MiG;

(v) em data que não pode precisar, ao voar de Dacar para Conacri, descobriu que, no mar e à revelia do Governo de Bissau, alguém estava a fazer exploração petrolífera na águas da Guiné Bissau; avisou Bissau, saíram os 2 MiG pilotados por guineenses, não deram com a exploração, à volta e devido ao mau tempo, esmerdaram-se os dois, um ao pé do aeroporto, outro junto à estrada de Nhacra;

(vi) com tal performance,  a Rússia nunca mais lhes deu novos aviões.

E pronto, acho que está tudo dito.

Abraços

AMM


2. Esclarecimento:


(i) António (c/c Maria João), hoje:

Dizes que o comandante Pombo foi "piloto privativo" do Sékou Touré a seguir á independência da Guiné-Bissau ?... Nas conversas que já tive com ele, não me apercebi desse facto relevante...Sabia que tinha pilotado o pequeno Falcon da presidência da Guiné-Bissau; tendo estado ao serviço do Luís Cabral e depois do 'Nino"... Provavelmente querias dizer que foi "piloto privativo" do Luís Cabral de quem, além disso, era amigo. Como era amigo do 'Nino', a quem tratava por tu (***)...

António, é importante que me confirmes este facto... Peço a ajuda da Maria João.


(ii) Maria João Rodrigues Pombo, hoje

Bom dia,

Falei agora com ele [, o meu pai,] e diz que nunca foi piloto do Sékou Touré. Disse-me que chegou a levar várias vezes o presidente de São Tomé. no avião que era do Luís Cabral e que emprestava a aeronave.

Um grande bj e bom fds! Até breve.

______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15103: FAP (89): Op Mar Verde: e se os MiG, que existiam de facto, mesmo que pouco operacionais, tivessem sido localizados e destruídos ? (José Matos)


(**) Vd, Fundação Mário Soares >  Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral

Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 05360.000.142
Título: Combatentes do PAIGC junto aos destroços de um avião Fiat G-91, abatido por um míssil terra-ar Strela
Assunto: Combatentes do PAIGC junto aos destroços de um avião Fiat G-91 abatido por um míssil SA-7 Grail (Strela), que resultou na morte do piloto José Fernando de Almeida Brito, Comandante do Grupo Operacional 1201.
Data: c. Março de 1973
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: FotografiasDireitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.
Arquivo Amílcar Cabral > 11. Fotografias > 3.PAIGC > Luta Armada

[Nota de LG: O documento está irremediavelmemte danificado, só se aproveitando a metade dop lado esquerdo. Tomámos a liberdade de o edirtar. Com a devida vénia...

[Disponível em: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43093]

(***) Vd. poste de 4 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14218: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (32): Falei ao telefone com o comandante Pombo, amigo de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira... e sobretudo um orgulhoso sobrevivente dos Strela (em 1973/74) e da "Operação Atlas", em agosto de 1961 (travessia, com uma esquadra de F-86F “Sabre”, Monte Real-Bissalanca, num total de 3888 km e o tempo de 7h50 sobre o Atlântico) (Luís Graça, com José Cabeleira, cap TMMA ref, Leiria)

(...) O Pombo é hoje capitão pil, reformado Fez, segundo bem percebi, 4 comissões na Guiné. Voltou há pouco para Portugal, vive hoje em Bucelas, e é amigo pessoal do major gen paraquedista Avelar de Sousa, que passou pelo TO da Guiné, integrando o BCP 12, como comandante da CCP 123 (1970/71), e foi ajudante de campo, entre 1976 e 1981, do gen Ramalho Eanes, 1º presidente da república eleito democraticamente no pós 25 de abril. E esse fato é relevante para se perceber a influência, discretíssima, que o comandante Pombo terá tido na libertação do ex-1º primeiro ministro da Guiné-Bissau, Luís Cabral, depois do golpe do ‘Nino’ Vieira em 1980.

O comandante Pombo privou com os dois, e dos dois era amigo. Ao ‘Nino’ Vieira tratava-o inclusive por tu. E o Pombo continuou a ser o comandante Pombo, depois da independência da Guiné-Bissau. Terá havido um acordo entre as novas autoridades de Bissau e o governo português para que ele ficasse na Guiné... O PAIGC não tinha pilotos. O comandante Pombo pilotava o pequeno Falcon que fora oferecido ao Luís Cabral. Este gostava muito dele, e sempre que viajava com ele trazia-lhe uma garrafa de.. champagne.

Depois veio o golpe do ‘Nino’ e o Luis Cabral ficou preso na Amura… Sem cinto!... O comandante Pombo foi visitá-lo e encontrou-o sem cinto, com as calças na mão… Diziam-lhe, os seus carcereiros, que era para ele não poder fugir. Achando essa uma situação indigna, o Pombo foi falar ao seu amigo ‘Nino’, que lhe deu razão…

Mais tarde o Pombo moveu as suas influências, junto do Avelar de Sousa… O presidente Ramalho Eanes, como é sabido publicamente, exerceu forte influência junto de ‘Nino’, no sentido de obter a libertação de Luís Cabral que, primeiro, foi para Cuba e mais tarde para Portugal, onde veio a morrer. Ramalho Eanes e Luís Cabral tinham muita estima mútua.

Mas, e contrariamente ao boato que corria na Guiné, no tempo da guerra colonial, o comandante Pombo não estava feito com os “turras”… E a prova disso é que umas das aeronaves (não era um Cessna, era uma outra avioneta tipo DO 27…) foi perseguida por dois mísseis Strela, já depois do último avião da FAP ter sido abatido . (...) 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15095: (Ex)citações (291): Os célebres MiG russos que o PAIGG nunca teve mas que foram uma ameaça percebida no final da guerra... (José Matos / Luís Gonçalves Vaz / Manuel Lomba)

1. Comentário de José Matos ao poste P15090 (*):

[José Matos, membro recente da nossa Tabanca Grande; investigador independente, especialista em história militar]


Olá Luís e restantes amigos

Agradeço os vossos comentários, que acrescentam sempre novos dados à discussão.

Começando pelo Augusto Silva Santos,  tem toda a razão no comentário que faz, de facto circularam informações entre a tropa quanto à possibilidade de um ataque aéreo a Bissalanca. Falava-se mesmo na possibilidade de esse ataque acontecer em janeiro de 1974. Como se viu, esses receios eram exagerados. O que descobri é que nem os cubanos, nem os guineanos, estavam interessados em atacar Bissalanca ou qualquer outro ponto na Guiné.

O comentário do Henrique Cerqueira também é interessante, pois as autoridades portuguesas pensavam mesmo que os guineanos tinham MiG 19 e até 21, quando na verdade não tinham nada disso, apenas o MiG 17. Também há alguma razão no comentário sobre a aselhice dos guineanos no uso dos MiG, basta dizer que praticamente só voavam com os cubanos e habitualmente a asa, tendo tudo o que dizia respeito à manutenção dos aviões numa lástima. Se não fossem os cubanos, os MiG nem levantavam.

O grau de operacionalidade dos MiG sempre foi baixo e só melhorou com os cubanos.

Quanto aos pilotos do PAIGC que o Luís refere, de facto estavam a ser treinados na URSS para pilotar MiG, mas com a independência voltaram à Guiné, sem aviões. Provavelmente a ideia, no tempo da guerra, seria usarem os MiG guineanos enquadrados pelos pilotos cubanos, no mesmo tipo de missões que os cubanos já faziam, ou seja, patrulha e vigilância da fronteira. Não estou a ver que os guineanos os deixassem usar os MiG para um ataque a posições na Guiné. Outra hipótese eram os russos forneceram dois ou três MiG para o PAIGC usar, mas não estou a ver isso a acontecer.

O relato do Marinho também é muito interessante, pois está de acordo com os avistamentos e mesmo detecções que a malta fazia na altura. O problema é que não sabemos se eram ou não helicópteros ao serviço do PAIGC, pelo menos não há informação nenhuma segura sobre isso. Quanto a incursão de um jacto também nada se sabe sobre a sua origem. Seria guineano? É possível, mas não me parece que tivesse intenções ofensivas.

Ab, José Matos

2. Comentário de Luís Gonçalves Vaz 
ao poste P15090 (*):

[Membro da nossa Tabanca Grande, filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG, 1973/74), e que tinha 13 anos e vivia em Bissau quando se deu o 25 de abril de 1974, que derrubou o regime do Estado Novo]


Caros Amigos:

Lembro-me muito bem que em finais do ano de 1973, eu próprio (com 13 anos) e um irmão mais velho com 15 anos,  construimos um "abrigo antiaéreo" em pleno quintal da casa onde vivíamos,  na Base Militar de Santa Luzia, com abastecimentos e tudo ....... 

Enfim era sem dúvida um entretimento de jovens adolescentes, mas fruto também do "clima psicológico" da altura e dos tais "boatos" sobre um eventual ataque aéreo a Bissau que se esperava a qualquer altura.

Em plenas férias escolares do Natal de 1973, os "boatos de um ataque aéreo" intensificaram-se ao ponto da minha mãe, que na altura era professora na Escola Comercial em Bissau, ter entrado em casa com uma colega professora, toda preocupada que se esperava o "dito ataque" a qualquer momento! 

Eu não altura não me preocupei muito, pois como já referi, tinha um abrigo antiaéreo (por mim construido e pelo meu mano mais velho) e nesse mesmo dia resolvi melhorá-lo. 

De facto nós sabíamos que se realmente houvesse "o dito ataque aéreo", as instalações do QG de Santa Luzia seriam logo dos primeiros alvos a atingir, para conseguirem comprometer todo o tipo de logística das diversas operações militares em curso na altura ...

Lembro-me muito bem que nesse Natal de 1973, o meu falecido Pai (CEM/CTIG) saiu cedo de casa (logo a seguir à ceia de Natal que foi realizada muito cedo) para se deslocar para o QG onde passou toda a noite a desempenhar as suas funções, já que nessa noite os militares estiveram de Pprevenção... Seria fruto desses "boatos" ou de "informações mais credíveis" dos Serviços de Inteligência Militar ? Não sei,  só me lembro destes factos!

Grande Abraço
Luís Gonçalves Vaz


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > lha de Buibaque > "A esposa do coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o capitão Pombo, na pista de Bubaque na Páscoa de 1974... Fotografia de Henrique G. Vaz. [O Luís é o da esquerda].

Foto (e legenda): © Luís Gonçalves Vaz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



3.  Comentário de Manuel Luís Lomba (*) [ex-fur mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66; autor do livro "Guerra da Guiné: a batalha de Cufar Nalu". Faria, Barcelos, Terras de Faria, Lda: 2012, 314 pp. [Capa, imagem à direita, em baixo]

Reitero as minhas saudações ao "mestre" José Matos, ora valioso activo corpóreo e incorpóreo da tertúlia Tabanca Grande.

Em 1981, com o B 707 Combi (passageiros e carga) da carreira TAP a percorrer a pista de Bissalanca, eu fixar-me nas metralhadoras enferrujadas jazidas nas valas ao longo dela e acabei a contemplar 4 MiG  negros na placa, qual palco de um Dakota, mais quatro ou cinco T 6 e DO, cobertos de pó e muito degradados, mas em que sobressaía a cruz de Cristo, tendo por pano de fundo um grande letreiro "Presas capturadas ao Inimigo".

Então "os meus olhos ficaram mar"...

Ao voltar ao aeroporto, no âmbito do exercício profissional, perguntei ao meu dedicado anfitrião, alto quadro do partido e do governo, esforçado em convocar o sentido de humor:
- Foram aqueles MiG que caçaram aqueles aviões tugas?
- Não, eles é que deixaram. Na guerra russos não deram aviões. Vieram depois da independência.(Para a generalidade dos guineenses, a independência era contada a partir da entrega das chaves de Bissau ao PAIGC, em 10 de Setembro de 1974 e não a independência do Boé, em Setembro de 1973).

Quanto à veracidade do corpo de pilotos guineenses, o testemunho do comandante Pombo constituirá suficiente meio de prova.

Com perguntas directas, em regra obtinha-se respostas líquidas ora de ardor revolucionário ora evasivas; mas a revelação pelos nossos interlocutores do seu verdadeiro conhecimento dos factos não resistia à "bebida gelado" franqueda - o verde branco Gatão ou Aveleda.

Relativamente à ameaça dos MiG  na guerra da Guiné, fiquei com a ideia e adquiri relativa certeza de que Sekou Touré não os aceitava "graciosamente" no seu território e a Rússia exigia parqueá-los em base nos dois terços do território libertado pelo PAIGC - Cufar ou Nova Lamego! - enquanto o ocupante, Portugal,  não desamparasse a sua loja, em  Bissau... Dialéctica interessante.

Como nossa inimiga, a Rússia não permitia que cooperante seu pusesse o pé por terra, mar ou ar na Guiné Portuguesa, sub-empreitava tal empresa aos seus dominados na Europa de Leste e a Cuba. 

Quanto aos nossos aliados, suecos, noruegueses, holandeses, filandeses, americanos - temos dito.
A Operação Mar Verde legou à História a coragem e valentia dos portugueses ao serviço da sua pátria e e a graduação da ousadia das suas elites investidas no mando. Se quem mandou fazer aquilo ousasse arriscar a cobertura de uma esquadrilha de F86 ou coisa parecida, poderia ter sido outra a História da catastrófica descolonização. (**)

Um abraço a todos os comentaristas.
Manuel Luís Lomba

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15086: Sondagem: "No meu tempo já se falava da existência de aviões inimigos sob os céus da Guiné"... Primeiro comentário: "Quando estive no Depósito de Adidos, em Brá, na secção de justiça, em finais de novembro de 1973, lembro-me de chegarmos a receber informação para estarmos preparados para a eventualidade de um ataque aéreo"... (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14929: Convívios (698): A Magnífica Tabanca da Linha, Oitavos, Guincho, Cascais, 23 de junho de 2015 - Parte I: Quando os chefes são mais do que os índios... (Crónica de José Manuel Matos Dinis; fotos de Manuel Resende;legendas de LG)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), Amanuense da Magnífica Tabanca da Linha, em efectividade de serviço, com data de hoje, 24 de Julho de 2015:

Exercício Cronicante sobre o XX Encontro da Magnífica Tabanca da Linha

Neste dia quente, mas sob ligeira e confortável brisa, 23 de Julho, do ano 41.º do P. C. - período colonial, reuniu novo plenário da Magnífica, para nova sessão confraternizante e manducante, desta vez com o valioso acréscimo de um animador de grande garbo e versatilidade, pois canta, toca, declama, conta anedotas, e o mais que não se sabe, como andar de bicicleta.

Pelas 12H30, quando cheguei, já havia uma certa azáfama na colocação da escrita em dia. Até às 13 horas chegaram praticamente todos. Devo registar, que pela primeira vez o nosso confrade AGA não compareceu nem fez marcação, o que é tão mais de acentuar, quanto em vezes anteriores só não fazia a inscrição. Acho que anda nas terras amarelas do fim da Ásia, mas não imagina o arroz que aqui perdeu, quiçá o mais sápido e bem acolitado que ali tenha sido servido.

Outra nota a registar, tem a ver com a adesão de novos atabancados, alguns aproveitando a licença sabática da Tabanca do Centro, mas susceptíveis de confirmarem o estatuto de permanentes e assíduos confrades desta Magnífica, tais as manifestações de satisfação que nos transmitiram em clima de grande comunhão com os veteranos da Linha. A verdade é que a quase todos nos conhecíamos do antecedente, e já manifestávamos frequentes concordâncias sobre preferências estomacais e demais prazeres da vida, designadamente vinhos tintos Esteva, e diferentes digestivos de diferentes estirpes, que alguns dos nossos melhores (não há piores atabancados, mas fica sempre bem ao discurso, a inclusão de generosas dádivas com tão bons efeitos dietéticos).

Antes do inicio das hostilidades mastigantes, S. Exa. o Senhor Comandante Rosales, voluntariamente ausente deste evento, mas preocupado com o bom andamento e a boa impressão a causar aos novatos, encarregou-me de lhes apresentar uma mensagem de boas vindas, igualmente extensiva aos que não se cansam de comparecer. Fiz o que pude, arranjei a tanga que me pareceu mais adequada para justificar o injustificável, e transmiti a tanga com tanta veemência, que no final até recebi aplausos, ao ponto de ter que solicitar o fim da manifestação apoteótica. No final, a assembleia decidiu arquivar uma manifestação de censura a S. Exa., tendo em conta o imenso prazer que ele não desfrutou, considerado aqui como sanção bastante para o acto faltoso.

Naturalmente informado com antecedência sobre as condicionantes e expectativas que incidiram desta vez, S. Exa. o Comandante-Chefe Luís Graça não se fez representar, mas compareceu "lui-même", à cautela e na confirmada desconfiança de que desta vez é que seria. E foi. Foi bom. E quando o "shope" é bom, o convívio também corresponde com brilhantismo. Convenço-me de que S. Exa. não ficou envergonhado desta reincidência da Magnífica em Oitavos. E assim, aproveito para referir que o pessoal de Oitavos contribuiu decisivamente para o sucesso do XX Encontro.

Chamo a atenção dos estimados e viciados seguidores do Blogue, para avaliarem as caras alegres de antes e depois do acto refeiçoeiro, o que já atesta sobre a confiança dos confrades na partilha destes momentos de camaradagem franca e feliz. Até parece que sou parte interessada e que estou a engraxar alguém da hierarquia, e é verdade: sou parte interessada pela satisfação que possa obter destes encontros. E o que posso aqui afirmar. é que vi permanentes grupos em manifestações de cortesia e partilha de sentimentos alegres. Mesmo no serviço de tinto ou branco, a contrariar as normais manifestações de egoísmo. Lindo de se ver! Não bebe mais um copinho? Muito obrigado, mas depois de o camarada se servir! Só comparável com a nobreza britânica.

Nestes termos pretensamente croniqueiros, dispensada a adesão ao badalado acordo ortográfico e às reguadas do professor Salgueiro, que bem se esforçou por me ensinar alguma coisinha, dá-se a reportagem por concluída, ainda antes do antipático aumento de impostos para quem navega na net e possa ser dedicado adepto das estórias das derradeiras campanhas de África. Com votos para que todos se apresentem nas melhores condições físicas e psicológicas no próximo evento a realizar em data oportuna, dou por terminado este trabalho lixado e mal pago.

Abraços fraternos
JD



Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Noblesse oblige: ausência do régulo Jorge Rosales (que foi a banhos...), o secretário J. M. Matos Dinis teve as honras de palanque... Aqui com a sua simpatiquíssima quão disccreta Teresa...


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > (E)ternos apaixonados: o Manuel Joaquim e a Deonilde de Jesus


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Estão, circunstancilamente, de costas voltadas um (João Sacôto, sentado) para o outro (João Martins) mas são tio e sobrinho, respetivamente, e estiveram os dois no TO da Guiné...


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 &gt Dois "pesados pesados" da nossa galeria de heróis: a história da FAP na Guiné não pode ser escrita sem a a sua história, a do Miguel Pessoa (à esquerda) e a do António Martins de Matos (à direita; estreante na Tabanca da Linha)...


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Dos "periquitos" que foram recebidos com muita ternura... e tiveram agradáveis surpresas: o comandante Pombo e a sua querida filha Maria João que fez questão de acompanhar o pai, regressado há um ano do Brasil, que mora em Bucelas, na quinta do Avelar de Sousa, e que acaba de superar alguns problemas de saúde.



Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Uma "panorâmica",  do fotógrafo de serviço e homem-de-todo-o-terreno da Tabanca da Linha: o Manuel Resende. O espaço, fabuloso, não encheu como de outras vezes, mas a sala estava composta, com cerca de meia centena de conivas. A lotação anda à volta dos 80 lugares.


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > O prato emblemático da casa, o "arroz de marisco à Tabanca da Linha"... 


Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > E no final cantou.se o fado: Hernâni Teixeira (voz e viola)  e o "veteraníssimo" Carlos Cruz (amante do fado)... O Hernâni foi enfermeiro militar, no HMP, não chegou a ir ao Ultramar... Hoje atua em convívios e festas. Tem reportório para dar e duar... Belíssima voz: fiquem o n.º de telemóvel (919 353 024) e endereço de email: hernanifado@hotmail.com. 



Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Um foto de grupo para mais tarde recordar: da esquerda para a direita, 1.ª fila: Zé Rodrigues, Luís Graça, António Matos Martins ("pira", na Tabanca da Linha), Avelar de Sousa (outro "pira") e Manuel Resende; 2.ª fila,  Juvenal (mais um "pira", de passagem por Lisboa, inscreveu-se na 25.ª hora), O Manuel Joaquim e mais dois adoráveis "periquitos", o comandante Pombo (como a gente carinhosamente vai continuar a tratá-lo, a história da sua vida é uma enciclopédia) e a sua filha mais nova, a Maria João (que é formada em direito e trabalha em eventos relacionados com a moda e a televisão, SIC Mulher). 

Fotos: © Manuel Resende  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


2. Comentário de LG:

Dizem (ou diziam, no tempo do régulo Rosales)  as más línguas que na Tabanca da Linha são (ou eram)  mais os chefes que os índios... mas não é verdade... Pelo menos ontem não foi verdade... E eu confesso que ainda conheço mal a tabanca, sou visita esporádica...  Ainda houve um almirante que ameaçou vir, e o mais graduado era um tenente general da FAP, o nosso querido António Martins Matos, que ficou na mesa ao lado do comandante Pombo, o que deu para viver e reviver os bons velhos tempos, de ambos,  de Bissau...lanca. 

Na mesma mesa, à direita, ficou o Avelar de Sousa, que andou pela Guiné entre 1968 e 1971, tendo comandado tanto a CCP 123 como a CCP 122, do BCP 12... É hoje major general na reforma. Tem a cartografia da Guiné na cabeça... Passou também por Angola, donde regressou em 23 de novembro de 1975 com 600 homens, esses sim, os últimos guerreiros do império... 

No final, o Avelar de Sousa, manifestou-me o seu agrado por ter vindo, a este convívio,  com o seu amigo do peito, o comandante Pombo. Espero que o Avelar de Sousa aceite o meu convite para, formalmente, integrar a nossa Tabanca Grande onde todos cabemos com tudo o  que nos une e até com aquilo que nos pode separar. O nosso conceito de camarada vai até comandante operacional... 

O comandante Pombo, por sua vez,  já aceitou o meu convite. Aguardo que a Maria João nos mande alguns fotos digitalizadas do álbum do pai (que, além da Guiné e Guiné-Bissau, viveu e trabalhou em Angola, República Democrática do Congo e Brasil), É um adorável contador de histórias, e tive pena de não ter gravado algumas... (LG)
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Nota do editor:

21 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14911: Convívios (697): Encontro do pessoal da CCAÇ 3327, dias 24 e 25 de Julho de 2015, em Fazenda, Laje das Flores, Ilha das Flores, Açores (José da Câmara)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14904: Lembrete (12): Repasto da Magnífica Tabanca da Linha, em Oitavos, Guincho, Cascais, dia 23, 5ª feira... O prazo de inscrição termina hoje à meia-noite... Espera-se meia centena de convivas, entre eles, três "periquitos": (i) o mítico comandante Pombo; (ii) a sua dedicada filha Maria João; e (iii) o maj gen PQ Avelar de Sousa (que foi cmdt da CCP 123 / BCP 12, 1972/74)

1. A pedido da "troika" que agora comanda as "tropas" da Magnífica Tabanca da Linha (Jorge Rosales, José Manuel Matos Diniz e Manuel Resende; há ainda um quarto elemento, o "lassa" Mário Fitas, que está no "back office"...), serve o presente lembrete (*) para... lembrar que:

Comandante Pombo aos comandos de um Cessna dos TAAG,
c. 1972/74. Foto do Álvaro Basto
(i) realiza-se no próximo dia 23, 5ª feira, mais um almoço convívio da Tabanca da Linha (, magnífica, sulista, mas não elistista: basta dizer que aqui os chefes são sempre mais do que... os índios) (**)

(ii) espera-se cerca de meia centena de convivas, o que é bom, tendo em conta que já estamos em período de férias de verão (para os felizardos que as têm);

(ii) entre os "periquitos", vamos ter, entre outras, a feliz presença do mítico comandante Pombo. da sua dedicada filha Maria João Rodrigues Pombo e do major general PQ Avelar de Sousa (ex-cmdt da CCP 123/BCP, Bissalanca, BA 12, 1972/74);

(iiii) camaradas e amigos que ainda queiram inscrever-se, têm o dia de hoje para o fazer através do nº de telemóvel 919 458 210 que o Manuel Resende põe amavelmente à vossa disposição:

(iv) recorde-se que o local de encontro é no Restaurante panorâmico Oitavos, estrada do Guicnho, Cascais... na Quinta da Marinha.[Vd. localização no Google].



Manuel Resende, um rapaz da linha
2. Localização do restaurante Oitavos 

Situa-se numa rua que vai  no sentido Cascais-Guincho: 
(a) depois de ultrapassado o farol da Guia e as bombas; 

(b) corta-se  na 3ª. derivação à direita (à esquerda é sempre mar), e está assinalada numa indicação em frente a um forte antigo da Guarda Fiscal; 

(c) sobe-se essa rua pela esquerda até ao final; (d) aqui há um largo espaço de estacionamento, encimado pelo restaurante de Oitavos;

 (e) atenção: antes do estacionamento há um desvio à direita para o hotel, a que não se deve dar importância... 

A "memória descritiva" do sítio é feita pelo 1º secretário da Magnífica Tabanca da Linha; ele omitiu a referência à Quinta da Marinha,,, para não assustar os novatos: 

(i) a vista do sítio é deslumbrante; 

(ii) a comidinha cinco estrelas; 

(iii) o preço ?... mais barato que na messe do céu; 

(iv) os tabanqueiros são do melhor; 

(v) o régulo... é o nosso veteraníssimo e popular Jorge Rosales; 

(vi) o Matos Diniz, além de (co)mandar, faz a cobertura jornalística: as suas reportagems são já peças de antologia; 

(vii) por fim, mas não menos importante, o Manuel Resende, por delegação do 1º secretário,  é o sete em um: faz o marketing e as relações públicass, recebe as chamadas de telmóvel e os emails, faz as inscrições, fala com o cozinheiro, recebe os convidados, está atento aos detalhes, e por fim faz, de m´+aquina em punho, a competente e completíssima cobertura fotográfica do evento social.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14218: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (32): Falei ao telefone com o comandante Pombo, amigo de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira... e sobretudo um orgulhoso sobrevivente dos Strela (em 1973/74) e da "Operação Atlas", em agosto de 1961 (travessia, com uma esquadra de F-86F “Sabre”, Monte Real-Bissalanca, num total de 3888 km e o tempo de 7h50 sobre o Atlântico) (Luís Graça, com José Cabeleira, cap TMMA ref, Leiria)

1º Srgt Pombo, piloto de F-86-F Sabre,
BA 5, Monte Real, 1961.
Cortesia de José Cabeleira (2011)
1. Tive anteontem o privilégio de falar com o comandante Pombo. A filha, Maria João, ligou-me e passou-me o telemóvel. Ela tinha ido com o pai a uma consulta médica.

O nosso camarada, José Luis Pombo Rodrigues, popular e carinhosamente conhecido como o comandante Pombo, começou por falar-me dos problemas de saúde que o preocupam de momento, mas que vai superar, seguramente. Foi a convicção que lhe transmiti, em meu nome e em nome dos amigos e camaradas da Guiné. Depois disso, recuperada a saúde, ele arranjará, por certo, disposição para passar à escrita muitas das suas histórias e memórias e partilhá-las connosco.

Nunca nos encontrámos pessoalmente na Guiné, embora no tempo em que eu lá estive (CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, maio de 1969/março de 1971), o comandante Pombo já fosse uma figura conhecida e respeitada. Aliás, eu transmiti-lhe (e reforcei) essa ideia, que pode ser colhida pela leitura do nosso blogue. A filha tem-lhe falado do blogue.

O Pombo é hoje capitão pil, reformado Fez, segundo bem percebi, 4 comissões na Guiné. Voltou há pouco para Portugal, vive hoje em Bucelas, e é amigo pessoal do major gen paraquedista Avelar de Sousa, que passou pelo TO da Guiné, integrando o BCP 12, como comandante da CCP 123 (1970/71), e foi ajudante de campo, entre 1976 e 1981, do gen Ramalho Eanes, 1º presidente da república eleito democraticamente no pós 25 de abril. E esse fato é relevante para se perceber a influência, discretíssima, que o comandante Pombo terá tido na libertação do ex-1º primeiro ministro da Guiné-Bissau, Luís Cabral, depois do golpe do ‘Nino’ Vieira em 1980.

O comandante Pombo privou com os dois, e dos dois era amigo. Ao ‘Nino’ Vieira tratava-o inclusive por tu. E o Pombo continuou a ser o comandante Pombo, depois da independência da Guiné-Bissau. Terá havido um acordo entre as novas autoridades de Bissau e o governo português para que ele ficasse na Guiné... O PAIGC não tinha pilotos. O comandante Pombo pilotava o pequeno Falcon que fora oferecido ao Luís Cabral. Este gostava muito dele, e sempre que viajava com ele trazia-lhe uma garrafa de.. champagne.

Depois veio o golpe do ‘Nino’ e o Luis Cabral ficou preso na Amura… Sem cinto!... O comandante Pombo foi visitá-lo e encontrou-o sem cinto, com as calças na mão… Diziam-lhe, os seus carcereiros,  que era para ele não poder fugir. Achando essa uma situação indigna, o Pombo foi falar ao seu amigo ‘Nino’, que lhe deu razão…

Mais tarde o Pombo moveu as suas influências, junto do Avelar de Sousa… O presidente Ramalho Eanes, como é sabido publicamente, exerceu forte influência junto de ‘Nino’,  no sentido de obter a libertação de Luís Cabral que, primeiro, foi para Cuba e mais tarde para Portugal, onde veio a morrer. Ramalho Eanes e Luís Cabral tinham muita estima mútua.

Mas, e contrariamente ao boato que corria na Guiné, no tempo da guerra colonial, o comandante Pombo não estava feito com os “turras”… E a prova disso é que umas das aeronaves (não era um Cessna, era uma outra avioneta tipo DO 27…) foi perseguida por dois mísseis Strela, já depois do último avião da FAP ter sido abatido…

Ele contou-me os pormenores ao telemóvel: deve ter sido, deduzo eu, por volta de março ou mesmo abril de 1974, um ano depois do aparecimento dos Strela. O comandante Pombo vinha de Bissau para Farim, na “carreira normal” dos TAGP… O PAIGC conhecia o horário e os apontadores do Strela estavam à espera dela nas imediações de Farim… Havia a indicação de que a guerrilha queira mesmo cortar todas as ligaçãoes aéreas com nordeste da Guiné. Deve ter havido falhas na segurança militar, nas imediações da pista de aviação… Para iludir os guerrilheiros, o comandante Pombo vinha coma sua avioneta a baixa altitude e a baixa velocidade. Mas antes de chegar ao destino ele fez uma mistura de combustível que não deixava rasto, isto é,  fumaça…  E, antes de aterrar, terá feito uma manobra de subida, na vertical,  seguida de um voo a pique… Foi o que eu percebi, desculpem-me se o relato é tecnicamente grosseiro… Mesmo assim não se livrou de ver passar-lhe, por perto,  dois Strelas que lhe vinham dirigidos…

Mas, finalmente, conseguiu aterrar em segurança… "Não ganhei para o susto: os auscultadores saltaram-me da cabeça!" ...

Enfim, é uma história incrível que merece ser, deste já, registada e partilhada aqui, com os nossos leitores.

Espero que o comandante recupere rapidamente a saúde e aceite o meu convite para se sentar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande e nos poder contar, na primeira pessoa,  estas e outras histórias da sua longa vida na Guiné…


2. O que muita gente não sabia (e eu também não …) é que o comandante Pombo é um orgulhoso sobrevivente da “Operação Atlas”, a primeira (e única) travessia Monte Real – Bissalanca, feita pela Esquadra 51/201 (BA 5), constituída por aviões F-86F “Sabre”, realizada em agosto de 1961… Era então um jovem 1º sargento piloto...

Fiquei com o bichinho da curiosidade e fui tentar saber mais, depois da nossa conversa ao telefone, que demorou ainda uns bons 20 minutos.

José Cabeleira, cap TMMA ref, Leiria
E a propósito encontrei um referência a este marco da história da FAP num blogue do cap TMMA ref José Cabeleira (que vive em Leiria, terra onde tenho bons amigos). O blogue chama-se Trajecto de uma vida entre o mar e o ar – Memórias. E tem apenas um poste com data de 17 de novembro de 2011 > Operação “Atlas” fez 50 anos (1961-2011).

José Cabeleira, que veio da aviação naval, é um histórico da Esquadra 51 da BA5 (Monte Real). É  autor do livro “Trajecto de uma vida entre o mar e o ar – Memórias 1948-83” (edição de autor, J. Cabeleira, Leiria, J. Cabeleira, 2005).

O poste acima referido é uma transcrição do seu livro (que não consta da PorBase - Biblioteca Nacional)… Nele descreve os preparativos desta arrojada missão e as etapas emocionantes vividas pelos seus protagonistas (pilotos e mecânicos) desde o dia da partida (8 de agosto de 1961) ao dia de chegada a Bissalanca (15 de agosto de 1961), com várias escalas técnicas (Base do Montijo, aeroporto de Gando, nas Canárias, aeroporto do Sal, em Cabo Verde).

À guisa de conclusão escreve o José Cabeleira:

“Quero ainda sublinhar que foi a primeira e única “travessia” em aviões de “reacção” (F-86F “Sabre”) de Monte Real para a Guiné-Bissau (no total de 3.888 km e o tempo de 07H50 sobre o Atlântico) e pelo menos não é do meu conhecimento que estas aeronaves estando ao serviço de Forças Aéreas de outros países, nomeadamente os da NATO, tivessem percorrido distância semelhante sobre os Oceanos.”

Participaram na “travessia” Monte Real – Guiné-Bissau os seguintes pilotos:

 (i) cap pilav Ramiro de Almeida Santos, chefe de missão;

(ii) cap pilav José Fernando de Almeida Brito;

(iii) ten pilav Aníbal José Coentro Pinho Freire;

(iv) ten pilav Alcides Telmo Teixeira Lopo;

(v) 1sgrt pil António Rodrigues Pereira;

(vi) 1Srgt pil José Luís Pombo Rodrigues

(vii) 1sgrt pil Humberto João Cartaxo da Silva; e

(viii) 2sgrt pil Rui Salvado da Cunha.



Oito gloriosos "malucos" das máquinas voadoras, alguns infelizmente já desaparecidos (como o Almeida Brito, abatiodo por um Strela em 1973)... 


Para além da perícia e coragem dos seus pilotos,  esta façanha da FAP foi possível graças a uma vasta equipa que o José Cabeleira evoca e enumera individualmente, e com toda a justiça: (i) equipa técnica de apoio durante o movimento (escalão prrecursor); (ii) equipa técnica do escalão de apoio no destino; e (iii) equipa técnica de apoio às aeronaves do “ferry” na BA6 – Montijo.

Estes homens, nossos camaradas da FAP, reunem-se anualmente em Monte Real para relembrar e celebrar este feito. Imaginei um brilhozinho nos olhos do comandante Pombo quando ele me falou deste feito e do encontro anual dos que ainda estão vivos.

E conclui o nosso camarada José Cabeleira (que deve ser um "jovem" camarada com 80 e picos anos e para quem envio um abraço com votos de grande apreço, homenagem e muita saúde):

“Finalmente, alguns militares que tiveram a alegria de participar neste evento, que na época foi um risco, mas como ficou provado muito bem calculado e superiormente executado (com o factor sorte do nosso lado), já não estão connosco em corpo, aqui lhes presto a minha singela e comovida homenagem e quem sabe, talvez ainda haja tempo de lhes prestar uma justa e merecida homenagem a título póstumo.”

Paraq quem quiser saber mais, a pormenorizada descrição da Operação Atlas está disponivel aqui. [E, a propósito, é triste que não haja um único comentário, de aplauso e de apreço pela partilha destas memórias, no blogue do José Cabeleira].




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