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sábado, 21 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4061: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (3): Do Trópico de Câncer à Mauritânia (2.ª Parte)








Fotos: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.

1. Continuação da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá, 1972/74)

24 de Fevereiro

Às 9 horas estamos de partida, percorridos apenas 12 Kms uma paragem num controle, mais um “cadeau”, logo a seguir aos 16 Km.s outra paragem, na travessia da Mauritânia foram, nada mais nada menos que 15 em 561 Kms. Ao km 495 após Nouadhibou, passamos por Nouakchott a capital da Mauritanea, seguindo logo em direcção à fronteira com o Senegal, pois o objectivo era ir ficar a St. Louis. Para evitar a travessia do rio em Rosso, onde a burocracia da passagem é muito complicada, tivemos de fazer um desvio de mais 100 Kms numa estrada de terra muito difícil e já de noite. Controlados na fronteira em Djama seguimos até St Loius para o Niji Hotel Souwo, o grupo separou-se indo os de Coimbra jantar a casa de um comerciante português, depois de uma cena caricata em que o sujeito nos tentava despachar (ao grupo de Matosinhos), e lá se foi o jantar surpresa anunciado em Coimbra.. A malta de Matosinhos jantou muito bem num restaurante ali ao lado servidos por 3 bonitas emigrantes da Guiné Conakry, simpáticas e eficientes. St. Louis é uma cidade bonita com um movimento muito intenso, constituída por uma ilha e um istmo aos quais se chega por duas bonitas pontes provavelmente da autoria de Eiffel, muito semelhantes às que existem no Porto, na Régua e no Pinhão. A cidade tem uma actividade piscatória muito grande e pela quantidade de camiões deve fornecer peixe para todo o Senegal e países vizinhos.

Percorridos 854 Kms


25 de Fevereiro

Logo pela manha saímos de St. Loius, mas já o transito era muito intenso. Depois da travessia das pontes, houve que trocar Euros por CFAS, na proporção de 1€ por 650 CFAS, atestar as viaturas e andar que já se fazia tarde. A paisagem ia mudando, mais vegetação, mais gente e mais povoações, andados 73 Kms passamos por Louga, aos 196 Kms Thies uma grande cidade a visitar com tempo, andados 272 Kms Diourbel, depois Kaulach após 336 e finalmente Tambacounda com 654 Kms percorridos após St. Louis. A viagem foi mais longa pois contornamos a Gambia, mas a estrada estava em construção e o caminho paralelo estava lastimoso. Por breves períodos na parte final íamos pela estrada já construída, mas estava impedida frequentemente por barreiras de arvores, havia que descer o talude até à estrada lateral, por vezes com algum risco. Chegamos já de noite a Tambacounda. Neste percurso se passou um episódio desagradável. Um militar demasiado zeloso pretendeu multar duas viaturas que ao desviar-se duma vaca que atravessava a estrada, pisaram o risco continuo, numa recta enorme que atravessava uma povoação. Irregularidade feita a pequena velocidade (20 a 30 Kms/hora), mas o senhor estava irredutível e não recuava nas suas pretensões. O Santos protestava, em sua ajuda aproxima-se o condutor do Nissan e deita a culpa para a vaca, e a vaca era mesmo culpada, atravessou sem dar cavaco a ninguém onde não havia passadeira, numa estrada feita para carros e ela nem ia a puxar carroça.

O militar estava intransigente e alguém diz “isto é uma merda” em português, sem se lembrar que merda em francês é muito parecido. O militar toma-se de brios confisca as cartas dos condutores e o caldo está entornado. Então aparece o António, Guineense radicado em Coimbra, que foi de uma utilidade extrema, e com paciência fala suponho que em Fula com o militar e muito diplomaticamente resolve o conflito. António tem a família em Buba para irá com o grupo de Mampata. Pessoa afável, bom companheiro e com quem trocamos impressões sobre a Guiné, as suas potencialidades na agricultura e no turismo.

A Guiné precisa de investidores e mais Antónios e muita paz, para trilhar o caminho certo.

Percorridos 654 Kms


26 de Fevereiro

Estamos perto da Guiné Bissau, mais precisamente a 200 Kms da fronteira e depois serão 235 até Bissau. A ansiedade nos “periquitos” é enorme e a vontade de partir até Pirada ainda maior. Na fronteira da parte do Senegal enquanto esperávamos metemos conversa com alguns Senegaleses, falavam português e um deles conhecia Lisboa e tinha vivido 10 anos em Nova York. Simpáticos e conversadores, ainda se tornaram mais afáveis quando lhes dissemos que éramos ex- combatentes e o que nos trouxe até à Guiné. Não foi difícil esta ultima fronteira e em Pirada os militares foram muito simpáticos, um deles acompanhou-nos até Bissau. De Pirada seguimos para Gabu (ex Nova Lamego), depois Bafatá que a malta dos Unidos não conhecia, pois apenas estivemos em Bolama e depois no Sul em Mampata Forrea. Bafatá é uma cidade bonita, mas em mau estado de conservação. A estrada é boa e a viagem segue até Bambadinca, Conturé, Matu Cão, Porto Cole, Mansoa, Nhacra e depois Bissau. Parece muito maior a cidade, mas algumas ruas estão muito más, nem sei como dizer, se são alcatrão com buracos, ou buracos com alcatrão. Vamos almoçar a um restaurante dum português de Campanhã na rua da Pensão Coimbra, local muito agradável e de boa comida. Nota-se a presença de muitos portugueses e encontro um Reguense de Alvações. Os vendedores ambulantes são mais que muitos. Depois do almoço vamos até João Landim onde ficaremos dois dias antes de partir rumo à “nossa” terra Mampatá. Gostava de encontrar Bissau melhor, mais asseada e limpa, estou confiante que as novas gerações se houver mais Antónios vão melhorar o aspecto da cidade. De Bissau para João Landim também há um controle militar. È agradável o local onde vamos ficar, com várias casas de um dois e quatro quartos, uma sala para almoços e uma piscina. Depois de um banho está na hora de jantar, o que fazemos nesta unidade hoteleira de João Landim.

Foram percorridos desde a Covilhã 5.725 Kms. Portugal, Espanha, Marrocos, Mauritânia, Senegal (contornamos a Gambia) e Guiné Bissau.

Depois de jantar alguns foram até Bissau, a maioria preferiu recuperar da viagem e deixar para o outro dia a visita à capital.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia

domingo, 15 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia



Imagens do Saará Ocidental, a caminho da Guiné-Bissau, depois de passar o Cabo Bojador e o Trópico de Câncer...

Fotos: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.


1. Continuação da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá 1972/74) (*)


23 de Fevereiro de 2009, domingo:

Partida pela manhã, após visita ao Cabo Bojador, pois quem o quiser passar terá de o fazer para além da dor. Não foi o caso e a viagem prosseguia com agrado de todos. E lá seguimos numa estrada paralela ao Atlântico, do outro lado o deserto, aqui e ali com muitos camelos. Uma vegetação muito pobre, que comem as cabras e bois que vimos pelo caminho? Um aspecto muito negativo, a quantidade de lixo que se encontra nas bermas da estrada.

Passamos Dakla e em seguida cruzamos o Trópico de Câncer, justamente quando passavamos ao lado de Elargoub. Por aí o almoço, atum, enchidos e queijo.

Às 17,51 horas o tormento de passar mais uma fronteira, estávamos a chegar à Mauritânia. Do lado de Marrocos carimbo aqui, carimbo ali, carimbo acolá. Torna a carimbar e esperar, que tempo e paciência têm de sobra estes Marroquinos. E que levas ai? Vinho não pode ser!!! É proibido tem que ficar tudo cá.

Porra! é para nosso consumo, a nossa religião permite e eu até nem sou religioso, caraças. Pode , não pode, fica, não fica, bem podem passar, mas não podes deixar uma garrafa, alguns de nós também gostam. Bem, fica lá com duas.

Eis a terra de ninguém, o espaço que separa as fronteiras de Marrocos e Mauritânia. Indescritível pedra, buraco, pedra, buraco vão conseguir passar a Toyota e o Mercedes? E não é que passam. Diz o Carvalho, vem para aqui estes vaidosos, como se viessem para o Dakar de jipes artilhados e o Leça e o Pires dão-lhes uma lição com carros normalíssimos.

Na parte da Mauritânia repete-se o ritual anterior, carimbo mais carimbo, tempo de espera sem fim, olho em frente e vejo um forte antigo, tiro uma foto e sou detido, confiscam-me a máquina. Mais conversa fiada, depois de muito argumento e paciência, acabam por apagar as fotos e devolver a máquina, era uma instalação militar, dizem eles, de muito interesse estratégico. Mas eu não sou nem gosto da CIA nem KGB. Tudo bem, mas nada de fotos. Seguimos para Nouadhibou onde vamos jantar e dormir.

Percorridos 781 Kms

Mauritânia > Imagens já do dia 24 de Fevereiro... Os inevitáveis (e exóticos) camelos, a autenticar a veracidade (e o exotismo) das fotos, tiradas pelo Zé Manel... (que, como ele próprio nos confessou, é um fotógrafo de ocasião, levou uma máquina digital, com pouca memória, não tendo tirado mais do que centena e meia de chapas; o que vale, diz ele, é o nosso Silvério Lobo, mecânico reformado, que fez uma boa reportagem fotográfica desta aventura).

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador

Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador

Matosinhos > 19 de Fevereiro de 2009 > Na garagem do Silvério Lobo, arruma-se resto da tralha que irá no jipe do Nina (ex-Fur Mec Auto, da CART 6250)... Na foto, vê-se em primeiro plano o Carvalho (ex-Fur Mil Enf) e em segundo pplano, o Nina (de costas) e o Lobo (que esteve em Aldeia Formosa).


Coimbra > 20 de Fevereiro de 2009 > Prontos para a grande aventura... 7 viaturas e 22 elementos...

Espanha > 21 de Fevereiro de 2009 > Em Tarifa, onde se apanha o ferry boat que faz a ligação com Tânger...

Fotos: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.


1. Início da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá 1972/74)


19 de Fevereiro de 2009, 5ª feira:

Sai da Covilhã Francisco José Rebelo Pereira Nina, conduzindo um jipe Ford Maverick, em direcção à Régua onde pelas 17 horas se junta ao José Manuel de Melo Alves Lopes. De seguida partem para Matosinhos onde se juntam ao António Carvalho e Silvério Lobo.

Chegaram por volta das 19 horas e na garagem do Lobo carregam o carro com o material que vão levar até à Guiné. Roupas, sapatos material escolar, etc., que irão distribuir nos locais onde estiveram em 1972-74 .

Percorridos de Covilhã-Matosinhos 300 Kms


20 de Fevereiro de 2009, 6ª feira:

Pelas 6,30 horas seguem 4 carros com 13 elementos da Tabanca de Matosinhos para Coimbra, onde se juntarão a mais 3 viaturas com mais 9 companheiros de viagem, elementos da Associação Humanitária Memórias e Gentes, que organizou esta Expedição Humanitária à Guiné Bissau.

Na frente já seguiu um contentor por via marítima com diverso material. Em Coimbra, após uma conferência de imprensa na Praça da Portagemem, em que estiveram presentes o Governador Civil e o Presidente da Câmara , reinicia-se esta aventura, inédita para alguns, enquanto para outros é mais uma viagem à Guiné, terra que marcou bem fundo na suas almas. Pois não é fácil fazer uma viagem destas.

Saída de Coimbra pelas 11 horas, em Grândola faz-se uma paragem para um ligeiro almoço de leitão, acompanhado com cerveja e vinho branco. Aí vamos nós mais confortados e animados até ao Algarve, a todo o gás, pois era nossa intenção apanhar o barco em Tarifa ainda hoje e dormir já em Marrocos. Chegamos tarde, não foi possível apanhar o Ferry e tivemos de pernoitar em Tarifa, no “Hostal las Margaritas”.

Percorridos 1.058 Kms

Marrocos > 21 de Fevereiro de 2oo9 > Paragem em Kanitra, onde 'pôr combustível'... O Fernando, em segundo plano, de avental...

21 de Fevereiro de 2009, sábado:

Logo pela manha há que partir, pois a jornada vai ser longa de Tanger até Agadir. Pela hora do almoço estávamos em Kanitra, onde o incansável Fernando prepara umas deliciosas fêveras e salsichas com pão, acompanhadas de vinho tinto que o Xico Allen comprou a um amigo do Douro, mas que, cá para nós, não era grande pinga. Bom, bom, era o branco do dia anterior.

Às 15,55 estamos de partida e pelas 16,30 um polícia marroquino manda-nos parar. Segundo ele íamos a 70 Kms/hora e o limite era de 60. São muito rigorosos em Marrocos. Argumentamos que deveria haver uma tolerância e que a nossa velocidade era quase normal , a tolerância é de 10%, ou seja, 66 estava dentro do limite, setenta não, havia que pagar a multa.
- Oh monsieur gendarme... nós vamos numa missão humanitária e estamos com uma certa pressa de o fazer...

O guarda olha para a porta do jipe onde seguia o autocolante da Associação, abre um grande sorriso e deseja-nos boa viagem. Em Ovalidia metemos gasóleo e em passamos em Safi pelas 20,58 horas. Logo depois chegamos a Agadir.

Percorridos 940 Kms.



Marrocos > 22 de Fevereiro de 2009 > Imagens do deserto, para lá de Agadir, já no Saará Ocidental (O fotógrafo não mandou legendas...)

Antes de partir de Agadir, há que atestar os carros, gasóleo a 7,64 Dirhams, asneira pois mais ao sul, apesar do País ser o mesmo, passa a ser a 4,70 Dirham (1 Euro = c. 11 Dirhams). São 8,30 horas iniciamos mais uma etapa, as crianças acenam com simpatia, as pessoas são afáveis e olham curiosas a nossa caravana.

74 Km após a partida um Nissan avaria, mas no grupo vão três experientes mecânicos, o Lobo, o Leça e o Nina, homens da ferrugem aquando da comissão na Guiné. Resolvido o problema, recomeça a viagem. Passamos Tiznit, Tan Tan, e começam os controles do exército, mais um em Layonne, outro no Cabo Bojador onde vamos dormir, depois de um jantar de peixe que estava delicioso, acompanhado de vinho branco.

Percorridos 838 Kms.

(Continua)

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3884: Poemário do José Manuel (26): O regresso a Mampatá, 35 anos depois...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3812: Dicas para o viajante e o turista (7): Viagens pelo sul da Guiné-Bissau (Patrício Ribeiro)

1. Publicamos este belo trabalho do nosso tertuliano Patrício Ribeiro (*) que ilustra as suas andanças por terras da Guiné-Bissau. Embora extenso, preferimos publicá-lo de uma só vez para não interromper a sequência da apresentação. 

  Contactos de Hotéis do mato Viagens pelo Sul da Guiné, de Cátio a Iembérem, (Jembérem) Viagem de Cátio para Iembérem, no final do mês de Novembro de 2008. 

 Junto mais algumas fotos dos meus passeios mais recentes, pelo Sul. Saída de Cátio, (ligando o nosso GPS), já com as cartas militares da Guiné, (voltarei a falar mais tarde neste assunto); os primeiros quilómetros são feitos na estrada asfaltada em direcção a Cufar/Impungda, em que são mais os buracos que o asfalto; aí, virámos no cruzamento à esquerda, para Buba. 

 Percorremos a estrada de terra batida, picada, que já conheço há mais de vinte anos, nunca a encontrei em tão mau estado! A natureza tomou conta da estrada, e o Jeep teve que abrir o capim para poder passar… muitos buracos, lagoas com muita lama, viaturas atoladas, etc., foram três horas de mau caminho, muita aventura, e tentar não ficar atolado também! 

 De Buba até ao cruzamento de Mampatá, perto de Quebo (Aldeia Formosa), o percurso é feito por uma boa estrada asfaltada de novo, desde há poucos meses, onde virei à direita para uma boa estrada em terra batida, 70 a 80 km/h, até à ponte sobre o Rio Balana, a precisar de um pequeno arranjo (já vimos no blogue algumas fotos do antigamente). 

 Um pouco mais à frente, lá estavam as placas de sinalização, (perto do antigo de Gandembel (ver fotos 14 e 15) a indicar passagem de elefantes, onde a nossa amiga Cristina Schwarz/UICN/IBAP, diz que atravessam a estrada um pouco a sul da ponte. Eu sei que eles andam perto, do lado da nascente do rio. Quando do Simpósio sobre Guiledge, uns dias antes, fui informado de que lá andavam cinco.

 
Foto 14 > Gandembel
  Foto 15 > Gandembel Já tive oportunidade de demonstrar à nossa amiga que eles andam por ali num passeio que fizemos juntos há poucos anos, ao vendú de Bolianga, que está dentro do Projecto do Parque Natural do Dulombi, que a Cooperação Canadiana através do CECI, tentou passar à prática há alguns anos, mas ficou parado, embora os Canadianos tenham feito a investigação da fauna que por lá anda. Para onde mais tarde, se chegou a pensar criar um Parque Transfronteiriço. Desde há vinte anos, gosto de fazer passeios de fim de semana com amigos, nesta zona, onde há animais selvagem de grande porte, já que não há Tabancas. Onde um amigo, o que se perdeu durante dois dias, depois de muitas buscas, encontrámo-lo, junto à fronteira desidratado, sem já poder caminhar. Como actualmente, uma empresa angolana mandou abrir uma estrada de Contabane até ao Boé num percurso de 100km, penso que é o alargamento da picada existente, até Madina, (Ver foto 11) para exploração e transporte de bauxite, até ao porto de águas profundas de Buba, que vai ser feito a norte do rio, (ver foto 1). Veremos se não vão correr dali com os bichos…

 
Foto 11 > Fonte de Madina do Bóe
  Foto 1 > Estrada nova para o porto de Buba Não sei se os nossos amigos bloguistas, também encontraram elefantes quando da vossa passagem pela Guiné. Lá seguimos sempre para o Sul, passando pelo cruzamento de Guiledge (que tem uma antena de telemóvel a funcionar recentemente), até Gadamael Porto, para lá deixar o jovem Fernando, investigador de chimpanzés, que percorreu a pé as matas de Gadamael à procura dos vestígios dos chimpanzés. Esteve aí durante a época das chuvas nas suas tendas, instaladas em frente da casa do Régulo. Sabemos que foi muito bem acolhido pela população, durante os meses que lá esteve. Já era noitinha, quando saímos de Gadamel Porto, a caminho do Quartel de Guiledge, (futuro Museu, onde já existe um furo de água que está a trabalhar com um painel solar); aqui, a picada tem alguns rios com muita água, que tivemos que ultrapassar já de noite, e a picada passa a ser percorrida entre 40 a 20km/h; passámos pelo Medjo, (o meu GPS não tem esta carta) e lá seguimos na direcção de Bedanda, até ao Cruzamento; virámos à esquerda, e passámos a viajar entre 10 a 30km/h; passámos na Missão Católica de S. Francisco da Floresta e seguimos para o Sul, (o GPS já tinha a carta); até que comecei a avistar muita luz, no meio da floresta; estávamos a aproximarmo-nos dos candeeiros públicos de iluminação das ruas da Tabanca de Iembérem, que a ONG AD instalou em toda a tabanca. Dirigimo-nos às instalações da ONG AD/Parque de Cantanhez, onde o nosso amigo Abulai, responsável pelo alojamento, nos instalou num bonito bungalow, (ver fotos 3 e 13) muito confortável e fresco. Depois de um bom banho de chuveiro o que já não acontecia há muitos dias, dirigimo-nos ao refeitório/Jembérem, (construção mais antiga da ONG), onde servem as refeições.

 
Foto 3 > Bungalows
  Foto 13 > Na Piscina de Iemberém A Maimuna brindou-nos, com um belo repasto como sempre, com umas boas cervejas bem frescas a acompanhar, que há muitos dias não encontrávamos... Aí encontrámos 3 jovens médicos portugueses, nova equipa, também acabados de chegar à floresta, que com a ONG AD, têm um projecto de cooperação de Saúde para o Cantanhez. Combinei com eles um passeio até à Ilha de Melo, onde tínhamos trabalho a fazer. (ver fotos 2 e 3).

  Foto 2 > Bungalows de Iemberem Nos dias seguintes, percorremos algumas Tabancas do Cantanhez, em trabalho nos Centros de Saúde: Cafal Nalú, Lautchandé, Caiquene, Botche MBali, etc. Fomos no dia combinado de madrugada, para o porto de Canamina, passando junto ao trilho que segue para a barraca do Osvaldo Vieira, (o acampamento fica em linha recta no GPS, a 3km de Iembérem ). Chegados ao porto, avistámos do outro lado do rio, a cidade de Cacine. Dividi a minha equipa em dois grupos, um viajou para Cacine de canoa, para ir trabalhar em Cassacá; o outro grupo, seguiu comigo juntamente com equipa de médicos, noutra canoa . Navegámos pelo rio Cacine (ver foto 4) até à foz, junto ao acampamento dos pescadores, entrámos por um pequeno rio para interior da Ilha, até que encontrámos o porto mais próximo da tabanca da Ilha, ao fim de 3 horas de navegação; descarregámos os materiais e a canoa ficou no meio do rio, para não ficar em seco com a maré baixa, para podermos regressar ao final da tarde.

 

Foto 4 > Médicos no Rio Cacine Chegados à tabanca de casas cobertas a palha, (ver foto 5) em duas filas de casas de cada lado, com muito espaço no meio cheio de coqueiros, ( para mim é a quarta vez ) iniciámos os nossos trabalhos, (ver foto 6, 7). Iniciei a instalação do rádio e do resto dos equipamentos. Para a equipa de médicos, começou a organizar-se uma fila de crianças e mulheres grávidas, junto às mesas de consultas. (foto 8)

 
Foto 5 > Tabanca da Ilha de Melo
 
Foto 6 > Centro de Saúde da Ilha de Melo
 
Foto 7 > Médicos na Ilha de Melo

  Foto 8 > Criança da Ilha de Melo Mal tínhamos iniciado os nossos trabalhos fomos chamados com grande aflição, porque uma cobra tinha mordido uma criança de aproximadamente 10 anos. Era tudo novidade para os jovens médicos… mandou-se que o pai da criança chupasse o sangue onde a cobra o tinha mordido, depois de se ter feito um pequeno corte; imediatamente os médicos iniciaram o tratamento com os medicamentos que tinham! Estavam no ar algumas dúvidas: qual o tipo de cobra, quanto tempo a criança poderá viver ??? Por sorte, através do rádio que tinha instalado há alguns minutos no Centro de Saúde em construção na Tabanca, consegui falar com um médico do Hospital de Catió, que ajudou a tirar as dúvidas e com a experiência que tem do assunto, aconselhou o melhor tratamento, já que não foi possível pedir à cobra o BI, para a identificar, que seria o procedimento certo… (A rede de telefone não chega à Ilha, assim como a 70% do território da Guiné). Uma jovem médica portuguesa da AMI, há dois anos, viu morrer, por mordeduras de cobra, duas pessoas em Bolama em três meses, sem nada poder fazer. No fim da tarde voltámos, mas para entrar na canoa que estava no meio do rio e tivemos que entrar no lodo. O costume de quem anda normalmente por estes caminhos, é o que melhor aproveito dos treinos que tive para caminhar no lodo, em Vale do Zebro em 68/69, (ver fotos 9,10).

 
Foto 9 > Médicos a embarcar na Ilha de Melo

  Foto 10 > Médicos na Ilha de Melo Transportámos a criança picada pela cobra na nossa canoa, até ao porto de Canamina, e dali até à Tabanca de Cachamba. Nas vésperas do Natal de 2008, tive a informação de que estava internada no Hospital Simão Mendes (Hospital Central de Bissau), com a perna engessada…

 
Foto 12 > Quartel de Cabedú 

  Hotéis com comida e dormida: 

 AD/Parque - Bungalows ou quartos em Iembérem. Através da ONG AD, em Bissau – 00245 3251365 ou directamente para o responsável dos alojamentos em Iembérem , Abulai Sanunci, 00245 6637263 

 Pensão Raça Banana (Associação das mulheres da Tabanca), em Iembérem – podem utilizar os mesmos contactos de cima . 

 Pensão em Cabedú (Associação das mulheres da Tabanca), – podem utilizar os mesmos contactos de cima. (ver foto 12) 

 Hotel do Saltinho – Rui – 00245 5900693 

 Conforme me têm solicitado por e mail Patricio Ribeiro 

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3732: Fauna & flora (6): A mensagem da Maria Joana e a resposta do Patrício Ribeiro

o Babuíno da Guiné, conhecido entre nós por Macaco Cão


1.
Recordamos a mensagem da Maria Joana Ferreira Silva, de 9 de Janeiro de 2008:

Boa noite Sr. Luís Graça

O meu nome é Maria Joana Silva e sou uma aluna de doutoramento da Universidade de Cardiff (Reino Unido). O meu projecto de doutoramento é acerca da genética do babuíno da Guiné (mais conhecido na Guiné-Bissau por macaco Kom).

Tenho-me deslocado à Guiné-Bissau, mais propriamente a Cantanhez, onde comecei por fazer uma recolha de amostras biológicas exploratória. Logo percebi que a história demográfica desde primata está intimamente ligado à história daquele local.

Fiz algumas entrevistas a antigos caçadores da tropa portuguesa que me falaram do tempo da guerra, do facto dos babuínos terem sido caçados principalmente por tropas do PAIGC e que durante o tempo da guerra era relativamente fácil encontrar babuínos.

Gostaria de pedir a ajuda dos bloguistas para obter informações acerca dos babuínos daquele tempo (1963-1974). O que gostaria de saber é:

(i) Onde foram avistados os grupos de babuínos;

(ii) quantos animais existiriam num grupo social e quantos machos adultos;

(iii) se os babuínos eram caçados pelos caçadores das tropas para os portugueses;

(iv) se as crias de babuínos eram levadas para os quartéis;

(v) se os bloguistas ouviram falar de medicinas tradicionais que usassem peles de mamíferos (nomeadamente babuínos);

(vi) onde se comeria "cabrito pé de rocha" na Guiné;

(vii) e outras informações deste teor que considerem relevantes.

Estas informações poderão ser enviadas para o meu e-mail: silvamaria_ju@hotmail.com.

Por outro lado, os antigos caçadores referiram alguns nomes de antigos combatentes (e também amigos). Gostaria de saber se algum dos bloguistas conhece as seguintes pessoas (com quem gostaria de ser posta em contacto):

- do destacamento de Cabedú, da milícia G3, o coronel Peixoto;
- Do grupo caçador 6 de Bedanda/1974, companhia 34/1993, o capitão Pimenta e o capitão Miliciano Pereira da Silva.

Estas pessoas que entrevistei pareceram-me bastante saudosistas dos portugueses e gostariam de saber notícias dos seus amigos!
Agradeço qualquer ajuda que vocês possam prestar.
Atenciosamente,

Maria Joana Silva

2. A resposta do Luís Graça

Joana

Já tens aqui a nossa Tabanca Grande, solidária, a funcionar... O Patrício Ribeiro respondeu-me, de imediato, ao apelo que lancei no meu/nosso blogue... Prometo, a ele e a ti, fazer chegar um CD-ROM com as cartas digitalizadas que não estão 'on line' (nomeadamente de todas as ilhas...).

Obrigado aos dois.

Luís

3. Mensagem do Patrício Ribeiro, de 9 de Janeiro de 2008

Luís Graça,

Joana, o teu colega, Fernando de Gadamael Porto, é o padrinho da Badjuda. Ela está hospedada, no Hotel / Restaurante do Senegalês, junto à UICN.

Junto fotos dos finais do mês de Novembro de 2008 do Sul. Por lá andei nos meus passeios, entre Tite e Catió, passando por Banta e Ilhéu de Colbert. A instalar equipamentos solares e rádios de comunicação, em 14 Centros de Saúde, em Vilas e Tabancas de Quínara e Tombali.

A Bic em Buba, no Hotel do Senegalês, junto à ICN (Instituto da Conservação da Natureza?)

Junto mais alguns contactos de Hotéis, para o Blogue:



- Hotel da Boa Vista(ou Bela Vista?), Buba, junto ao rio – Sra. Gabi, tel. 00 245 6647011, (18,00€ quarto).



- Hotel do Filipe, em Catió, tel. 00 245 6624455 (10,00€ quarto)

Um abraço Patrício Ribeiro

IMPAR Lda. Av. Domingos Ramos 43D – C.P. 489 – Bissau, tel. / Fax 00 245 214385 – Guiné-Bissau

Lisboa , tel. / Fax 00 351 218966014 – Portugal impar_bissau@hotmail.com
__________

Notas de vb:

Último artigo em

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P3727: Fauna & flora (5): Coluna de Macacos Kom dizimada na estrada de Cutia para Mansabá. (Jorge Picado)

sábado, 5 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3024: Dicas para o viajante e o turista (6): Ecoturismo em Iemberém, no Cantanhez (Pepito)

Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 5 de Maio de 2008 > "A aposta num turismo ecológico e responsável no Parque Nacional de Cantanhez é uma das prioridades para o desenvolvimento desta região do sul da Guiné-Bissau.

"De há dois anos a esta parte têm vindo a ser concretizada a construção de uma série de infraestruturas de acolhimento que permitem às pessoas que demandam estas paragens, instalarem-se de forma agradável, em casas que recuperam a forma de habitat tradicional e que garantem condições de higiene e limpeza.

"Gradualmente o número de turistas tem vindo a aumentar, sendo de assinalar a reserva já feita para este ano para a passagem do Natal e Ano Novo de um grupo de 7 pessoas"... Na foto os bungalows (em português legítimo, bangaló...) contribuídos em Iemberém no âmbito de um projecto de ecoturismo no Cantanhez.

Foto e legenda: Cortesia de: ©
AD- Acção para o Desenvolvimento (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do nosso amigo Pepito:

Luís

Não te esqueças que, tal como a AD é do Blogue, todo o pessoal da Tabanca Grande é da AD.

Claro que teremos o máximo prazer em apoiar a vinda da malta de Cacine (*).

(i) Podemos fazer a reserva para eles em Bissau (no site da AD estão as ofertas e preços que é natural que mudem com a subida do gasoleo, etc. e tal)

(ii) Asseguramos alojamento e comida em Iemberem (em Cacine não há nada) aos preços em vigor no ecoturismo:

- Bungalow de 2 camas: 15.000 CFA por dia
- Bungalow de 4 camas: 25.000 CFA por dia
- Casa de passagem: 5.000 CFA cada cama por dia
- Refeição: 2.500 CFA por refeição

(iii) Eles terão de alugar um carro em Bissau (nós podemos apoiar) para irem ao sul e estarem à vontade (**).

abraços e boas vindas ao pessoal
pepito
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 4 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3020: Notícias da CCAÇ 799 (Cacine, Cameconde, 1965/67) (Arménio Vitória)
(...) "Assunto - Pedido de informação sobre viagem a Cacine

Caros amigos:

"Sou um dos muitos militares que cumpriu a sua comissão na Guiné, mais propriamente em Cacine.

"Organizamos regularmente os nossos encontros e sempre vem à baila o desejo de alguns em se deslocarem a Cacine. Por este facto já por várias vezes fiz algumas diligências tentando encontrar soluções e preços, não tendo até aqui sido muito feliz na procura. Apenas uma organização – o Hotel Rural de Uaque – me respondeu mas não fiquei muito convencido.

"Verifiquei agora que acabam de fazer uma deslocação ao Sul da Guiné em que todos estes problemas logísticos – transportes, alojamento, alimentação – tiveram de ser resolvidos. Daí este meu mail. Será que me podem indicar alguém que, tendo esta experiência, me possa ajudar a estudar a questão de uma eventual deslocação de um grupo que estimo ser de cerca de 20 pessoas a Cacine?" (...)


(**) Vd. postes anteriores desta série sobre dicas:

6 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2508: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (16): Dicas para o viajante (Vitor Junqueira)

15 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1281: Dicas para o viajante e o turista (5): em Bissau, procurem os poetas (Paulo Santiago)

8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1259: Dicas para o viajante e o turista (4): Um cheirinho a alecrim & rosmaninho (Luís Graça / Jorge Neto)

8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1258: Dicas para o viajante e o turista (3): transportes colectivos: o táxi, o toca-toca e o candonga (Luís Graça / Sofia Branco)

7 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1255: Dicas para o viajante e o turista (1): A experiência e o saber do Vitor Junqueira

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2530: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (18): Meios de pagamento, câmbios, telemóveis, Net e saúde (Pepito)


Guiné-Bissau > Bissau > Bissalanca > Abril de 2006 > Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira (um dos históricos dirigentes do PAIGC, morto durante a guerra de libertação)

Foto: © Hugo Costa (2006). Direitos reservados.


Guiné > PAIGC > "Grupo de dirigentes do PAIGC distinguindo-se Mussa Fati, Francisco Mendes, Lay Seck, Amílcar Cabral, Constantino Teixeira, Osvaldo Vieira e Bobo Keita"...
Guiné > PAIGC > "Grupo de dirigentes da luta, distinguindo-se Amílcar Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Constantino Teixeira e Domingos Ramos"

Fotos e legendas: Documentos Amílcar Cabral/ Fundação Mário Soares (com a devida vénia...).



1. Mensagem do Pepito, em resposta a pedidos de esclarecimento do editor do blogue, sobre a estadia em Bissau:

Luís

Aqui seguem algumas das informações que pediste e que julgo poderem responder às duvidas existentes. Seria bom que todos os participantes nos pedissem informações práticas deste tipo, pois muitas vezes não nos apercebemos das dúvidas a esclarecer.
abraço

pepito


2. Guileje: Simpósio Internacional > À atenção dos participantes que vêm do Exterior


Mais informações úteis para todos os participantes que vêm da Europa (1):

Meios de pagamento:

Em Bissau só existe uma caixa multibanco, recentemente inaugurada, e que só serve para levantar dinheiro dos clientes que tenham uma conta nesse Banco (BAO).

Aconselham-se os participantes que o pretendam, a trazer consigo dinheiro líquido, euros de preferência.

Câmbios:

Aconselha-se que a troca de euros por CFA (moeda nacional) se faça em casas de câmbio onde a taxa de conversão é de 1 euro por 650 CFA (a taxa oficial é de 655 CFA). Cambiar na rua não é recomendável, uma vez que se corre o risco de receber notas falsas.

Telemóveis:

Quem trouxer o seu telemóvel, deve primeiro desbloqueá-lo para poder comprar em Bissau um número das duas redes funcionais que operam, a MTN e a Orange. O custo de cada número é de 1.000 CFA, para qualquer delas. Ambas têm acesso internacional directo.

Para quem quiser comprar localmente um telemóvel da rede Orange, o mesmo custa 35.000 CFA para um conjunto de 2 telemóveis. No entanto, através da organização do Simpósio pode-se comprar cada um a 7.500 CFA [,cerca de 11,5 euros].


Internet:


Há vários cibercafés espalhados pela cidade. Para quem ficar instalado no Hotel Azalai (antiga messe dos oficiais), local onde irão residir todos os oradores do Simpósio, o acesso à Internet é gratuito.

Saúde:

Embora ainda não seja a grande época dos mosquitos, é sempre conveniente trazer um repelente e um pequeno saco de medicamentos com o essencial (eventual diarreia ou dor de cabeça). Convém só beber água engarrafada.

Temperatura:

A época do calor veio mais cedo este ano. Deve-se trazer a roupa mais ligeira e fresca.

____________

Nota dos editores:

(1) Vd. último poste desta série: 10 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2522: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (17): Notícias do Nuno Rubim e do Xico Allen (Pepito)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2508: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (16): Dicas para o viajante (Vitor Junqueira)

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Um rua, esburacada, da capital... Foto do nosso querido amigo Hugo Costa, filho do Albano Costa, de Guifões, Matosinhos. O Hugo já foi duas vezes à Guiné-Bissau, em Novembro de 2000, com o pai e outros camaradas nossos, e em Abril de 2006, com um grupo onde se incluía o A. Marques, o Xico Allen e a Inês Allen (1).

Foto: © Hugo Costa (2006). Direitos reservados.

1. Penso que será útil voltar a reproduzir aqui um poste em que o nosso querido amigo e camarada Vitor Junqueira nos deixou as suas dicas de viajante que conhece a África e a Guiné-Bissau onde tem ido com alguma frequência. Além da sua experiência de andarilho do mundo (o Vitor foi, em tempos, oficial da marinha mercante), o Vitor é um homem de bom senso e de grande sensibilidade humana, generosidade e camaradagem.

O Vitor, que vive em Pombal e que é médico, tem estado afastado do nosso convívio por razões técnicas: está há meses sem computador pessoal e, portanto, com mais dificuldades em visitar o nosso blogue e ver os nossos mails. Todos temos sentido a sua falta. Mas eu respeito o seu silêncio, embora esperando que seja transitório. Recorde-se que o Vitor foi o entusíastico e generoso organziador do 2º encontro da nossa Tertúlia, em Abril de 2007 (2)

Em jeito de pequena homenagem ao nosso Vitor - de cujos poestes temos saudades (3) - , aqui ficam as dicas que ele escreveu, em tempos, em resposta a um pedido de ajuda , feito à nossa tertúlia por um ex-combatente, António Osório, de Vila Nova de Gaia, que estava a pensar em ir voltar à Guiné, em viagem organizada (que eu não cheguei a saber se concretizou)...

É de ter em conta que o texto, embora datando de há um ano e picos, não perdeu actualidade, frescura e pertinência... E só podia ter sido escrito por ele, que é dos nossos tertulianos mais talentosos em matéria literária... Outros achegas, de camaradas e amigos da Guiné-Bissau que lá tenham ido recentemente, também serão bem vindas para publicação aqui no nosso blogue... Ver também o portal do nosso amigo e camarada Carlos Fortunato> Guiné-Bissau > Viagens (actualizado em 31/08/2007). (LG).


2. Poste de 7 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1255: Dicas para o viajante e o turista (1): A experiência e o saber do Vitor Junqueira

(...) Prezado Osório,

Eu sou o Vitor Junqueira de Pombal e estou a responder ao pedido de esclarecimento acerca da eventual programação de uma viagem que pretende fazer à Guiné Bissau, na companhia de sua esposa.

De facto já viajei por diversas vezes para a Guiné, mas não vou fazê-lo no próximo dia 17 Novembro de 2006 (e como eu gostaria!). Posso no entanto dar-lhe algumas indicações baseadas na minha experiência pessoal. Assim

1- Viagem:

Vai a qualquer agência de viagens e compra as passagens na TAP, que é actualmente o único operador. Os preços subiram muito nos últimos tempos devendo rondar os 700 euros + taxas [Actualmente andará pelos mil euros, tudo incluído].

2- Vistos:

A própria agência que vender as passagens, deverá encarregar-se desse assunto. O preço anda à volta de 40 euros por pessoa + o trabalho da agência. Deverá entregar os passaportes + duas fotografias de cada passageiro com uma semanita de antecedência, que é para não haver surpresas.

3 - Hotel:

Recomendo o Hotel 24 de Setembro (4). Fica localizado na zona de Sta. Luzia sendo as suas instalações resultantes do aproveitamento, para esse fim, do antigo clube de oficiais. A baixa fica à distância de um agradável passeio a pé. A zona é calma e segura, mas os cuidados habituais não podem ser descurados.

Note que pelos padrões europeus, os hotéis são maus e caros. Lençóis limpos, ar condicionado ainda que barulhento e água para o banho (quantas vezes despejando o caneco por cima da cabeça!), é tudo quanto podemos exigir. No hotel que referi, se optar por ele, vão pedir-lhe por um quarto duplo cerca de 50.000 CFA, equivalente a 16 contos, com pequeno almoço. Mas se negociar um pouco e disser que é amigo do Sr. Manuel Neves, um empresário meu amigo com bons contactos junto da gerência, talvez lho deixem por 35.000 (11 contos). Para fazer a reserva, contacte o sr. Moisés que é uma espécie de subdirector através do telef. 00.245.7237570.

Em Bissau, existem vários restaurantes, aceitáveis, com preços que não sendo baratos também não são exorbitantes. Quando forem para o interior, previnam-se com água, fruta e conservas. Até podem (e devem) levar umas latitas de cá.

4 - Bagagem:

A roupa deve ser apenas a estritamente necessária para a estadia, transportada em sacos que caibam nos porta-bagagens da cabine (evitar as malas de porão), e adequada ao clima: dias quentes e relativamente húmidos sem chuva durante o dia, mas frescos à noite durante o mês de Janeiro.

Não esquecer de meter no saco uma pequena quantidade de sabão rosa ou azul. Uma T shirt, umas cuecas ou um par de meias, lavam-se à noite e deixam-se a secar frente ao ar condicionado. No dia seguinte ... é só vestir. E na falta de sabonete, champô ou creme de barbear, entra o sabãozito. De resto, quanto menos tralha, melhor.

5 - Segurança:

Na Guiné não há registo de criminalidade violenta exercida contra os turistas. Eu nunca tive qualquer problema, e posso garantir que se pode viajar tranquilamente por todo o território sem qualquer receio. No entanto, água benta e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Como é sabido, a pequena delinquência existe em todo o mundo. Vamos então tomar algumas precauções. Em primeiro lugar, é fundamental não dar nas vistas. Para tanto, comecemos pelas roupas, que devem ser tanto quanto possível idênticas às das pessoas que lá vivem e trabalham. São de excluir os calções, roupas ou calçado de marca, objectos de ouro, relógios caros (ou de estimação!), máquinas de filmar ou fotogáficas a tiracolo (sempre no bolso, excepto quando estão a ser utilizadas ...). O mesmo para o telemóvel.

Relativamente aos documentos, eu costumo levar apenas o passaporte e uma fotocópia do BI para trazer no bolso no país de destino, para além dos meios de pagamento que tenciono utilizar. Note que isto é válido para os países pouco desenvolvidos, como para os ditos civilizados. Toda aquela carteirada de documentos que habitualmente nos acompanha para todo o lado, fica de férias em Portugal. E no cofre do hotel (quando existe), ficarão guardados, o passaporte, os valores em dinheiro, o cartão de crédito e os objectos valiosos. Nunca deixe quaisquer valores à vista no quarto. As malas devem ter fecho de segurança ou um bom cadeado.

O regresso ao hotel ser feito a pé, deve ocorrer antes do anoitecer. Na rua, as conversas ou qualquer comentário entre si e a esposa devem ser feitos de modo a que outras pessoas não se apercebam do seu conteúdo ou da razão da vossa presença no país (turismo, visita a familiar, trabalho etc.), nem mesmo da nacionalidade. Para qualquer digressão nocturna, chamem não o António (!) mas o táxi.

6 - Saúde (5):

Não recomendo a profilaxia anti-palúdica. É preferível fazer a prevenção através da observação de algumas regras e comportamentos. Durante o dia pas de problème! Mas se a zona a visitar for particularmente húmida (pantanosa), pode usar-se um bom repelente, comprado em Portugal. Existem à venda de diversas marcas, com excelentes características cosméticas.

À noite, no restaurante, discoteca ou simples passeio, usar sempre roupa com mangas compridas e calças, cobrindo as partes expostas (mãos e face) com o repelente (spray ou stick).

As meias de desporto (Sportzone, por ex.) são também uma boa opção, pois oferecem algum conforto aos pés durante as caminhadas e à noite, dada a sua espessura, impedem que o ferrão dos mosquitos nos atinja a pele dos tornozelos. Até podemos meter as calças por dentro delas.

Para aquelas pessoas que se sentem mais seguras se tomarem o comprimido contra a malária (ou paludismo, é a mesma coisa), o medicamento que recomendo é o MEPHAQUIN. Toma-se um comprimido uma semana antes do embarque, outro na véspera da partida e daí para a frente, um por semana sempre no mesmo dia. Mínimo: 4 semanas de tratamento.

Do estojo de primeiros socorros deve constar também o paracetamol como analgésico e antipirético, um anti-inflamatório - por ex., Donulide, ou Voltaren para quem não sofre do estômago - , um anti-diarreico que pode ser o Imodium, um antibiótico multi-usos de que uma boa referência continua a ser o Clavamox, Augmentim, etc. Um ligadura de 7 cm (largura) e alguns pensos rápidos podem ser úteis.

Mas tão importante quanto isto tudo, é fazer um bom seguro de viagem, que garanta a evacuação aérea de urgência e/ou repatriamento em caso de doença súbita ou acidente.

7 - Meios de pagamento:

EURINHOS, muitos! Notas de 5, 10, 20 e 50. E algumas moedas para dar, muito parcimoniosamente, aos putos que constituem a comissão de boas vindas, logo à chegada ao aeroporto e que não deixarão de ser bastante persuasivos em algumas ruas de Bissau, mas não no mato.

Os câmbios fazem-se na rua em Bissau, onde aparecem os angariadores. Eu prefiro as Casas de Câmbio que se encontram praticamente todas concentradas numa rua da cidade. Cada euro vale à roda de 650 francos CFA (Communauté Francofone Africaine). [Actualmente, 1 Euro = 655,597 CFA].

Para as crianças das aldeias a visitar, é conveniente levar alguns rebuçados, que não derretam com o calor. Esferográficas e outro material escolar assim como roupas são muito apreciados mas muito difíceis de distribuir visto que é impossível levar quantidades que contemplem mais do que uma dezena ou duas de crianças, e elas caem-nos em cima como um enxame. Fica ao critério de cada um, mas se optarem por levar, então entreguem a alguém da tabanca e essa pessoa é que fará a distribuição.

[Vd. também, nas Informações Úteis, a informação sobre Bancos, em Bissau, no sítio oficial do Simpósio Internacional de Guiledje (6)].

8 - Deslocações:

Táxi ou Toca-Toca (transporte colectivo). O táxi, bem negociado, pode ser uma boa solução e vai a todo o lado. Em Bissau, numa papelaria próxima dos Correios vendem-se óptimos mapas rodoviários da Guiné de que convém adquirir um exemplar logo à chegada, a fim de planear as viagens.

Uma boa norma consiste em viajar sempre na companhia de um guineense da sua confiança que lhe poderá ser recomendado por um amigo, alguém do hotel, um comerciante ...

9 - Nota final:

Os tempos mudaram, e a nossa relação com os guineenses não pode ser a mesma que se verificava quando por lá passámos há trinta e tal anos, com uma guerra então em curso. Eles estimam-nos, mas apreciam muito o tratamento de igual para igual.

Nunca se descuide com qualquer atitude de sobranceria ou arrogância tão frequente em pessoas que visitam África pela primeira vez. Evite o tratamento por TU, mesmo tratando-se de jovens ou crianças.

Nunca desdenhe dos produtos ou das intenções dos vendedores de rua. Sorria, converse com eles sem lhes transmitir a falsa ilusão de que está interessado se não for esse o caso, mas nunca lhes vire as costas. Nem os ignore baixando a cabeça e seguindo em frente. Uma moedita, nem que seja apenas de 20 cêntimos, que se dá a um garoto por aqui, a outro por ali, pode operar milagres no campo da comunicação.

Corresponda sempre a uma saudação e tome a iniciativa de cumprimentar quando achar que a bola está do seu lado. Para isso basta levantar o braço e fazer um ligeiro aceno de cabeça. Por outro lado, são proscritos os salamaleques bem como as atitudes de subserviência. Mostre compreensão pelas manifestações de pobreza ou mesmo miséria, material e humana, que vai sem dúvida encontrar. Não escarneça delas através do riso ou do gesto.

Do mesmo modo, situações ou atitudes que para nós podem parecer caricatas ou mesmo condenáveis, como por exemplo a abordagem por uma autoridade maltrapilha e ignorante, devem ser tratadas com pézinhos de lã. E muita compreensão.

Não se esqueça que estas pessoas podem não ter recebido um único salário desde há meses encontrando-se em situação desesperada. O lado positivo da coisa é que um qualquer berbicacho se pode resolver-se com uma discreta gratificação de 500 ou 1000 CFA. A melhor forma de lidar com esta gente é nós próprios deixarmos a cabeça de europeu aqui em Portugal e no seu lugar atarrachar uma de africano à chegada.

Durante a viagem é que não sei como vai ser! Em qualquer lado, cidade ou interior, não deixe de manifestar um particular respeito pelos idosos a quem tratará por Tio ou Tia. Sendo a população maioritariamente muçulmanna (2/3), a família tem para eles um valor que entre nós já lá vai. Por isso leve fotografias dos filhos e netos que mostrará quando achar oportuno. Vai ver quanto sobe no patamar da consideração desta gente simples. Se a sua máquina fotográfica ou de filmar é digital, mostre-lhes no display algumas das fotos que tirou e recolha um endereço para mais tarde enviar as cópias. Nunca prometa nada se não tenciona cumprir. Um africano nunca esquece o bem ou mal que lhe fizerem.

Dito isto, resta-me desejar-lhe boa viagem e uma óptima estadia.

Cumprimentos

Vitor Junqueira,
ex-Alf Mil da CCAÇ 2753 - Os Barões

(Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá , 1970/72).

________

Notas de L.G.:

(1) Vd. postes de:

28 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVIII: A tertúlia do Porto (Albano Costa)

4 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Do Porto a Bissau (1): o jipe está de saída (Albano Costa)

(2) Vd. poste de:

9 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1649: 2º Encontro da nossa tertúlia: Pombal, Restaurante Manjar do Marquês, 28 de Abril de 2007 (Vitor Junqueira / Luís Graça)

29 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1709: Tertúlia: Encontro em Pombal (1): Malta de cinco estrelas (José Martins)

(3) Vd. postes do Vitor Junqueira:

18 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1084: O guerrilheiro desconhecido que foi 'capturado' no K3 por um básico da CCAÇ 2753 (Vitor Junqueira)

23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1110: Do Bironque ao K3 ou as andanças da açoreana CCAÇ 2753 pela região de Farim (Vitor Junqueira)

30 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1133: Origem da expressão 'Siga a Marinha" (Vitor Junqueira)

31 de Outubro de 2006> Guiné 63/74 - P1224: Blogue: não ao politicamente correcto (Vitor Junqueira)

11 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1266: Estórias de Bissau (1): Cabrito pé de rocha, manga di sabe (Vitor Junqueira)

31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)

10 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1581: O elogio dos pára-quedistas das 121ª e 122ª CCP (Nuno Mira Vaz / Vitor Junqueira)

30 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1716: Tertúlia: Encontro em Pombal (7): Camaradas radicais (Paulo Santiago / Vitor Junqueira)

3 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1725: Tertúlia: Encontro em Pombal (10): O nosso bom gigante J. Mexia Alves (Vitor Junqueira)

3 de Maio de 2007 > Guine 63/74 - P1728: Tertúlia: Encontro em Pombal (11): A parábola do porco e da tesoura de barbeiro (David Guimarães / Vitor Junqueira)

(4) Vd. poste de 4 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2503: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (15): Chegada a Bissau, 29 de Fevereiro, formalidades, recepção, hotéis

(5) Sítios sobre Consulta do viajante / Medicina tropical

(i) UCS - Unidade de Cuidados Integrados, SA (Grupo TAP) > Consulta do viajante

Vd. folhetos da UCS sobre:

Quando Viaja de Avião,

Doenças Tropicais - Malária

Diarreia do Viajante.


(ii) Instituto de Higiene e Medicina Tropical > Consulta do viajante / medicina tropical

Rua da Junqueira, 96,
1349-008 Lisboa
Telefones: 213652600 geral - 213627553 directo

(iii) Outros sítios (em inglês):

http://www.who.int/ith/en/

http://www.cdc.gov/travel/

http://www.istm.org/

http://www.safetravel.ch/safetravel/

http://www.astrium.com/


(6) Lista dos bancos existenets em Bissau:

Banco da África Ocidental (BAO)Rua Guerra Mendes, 18A/18C, C.P. 1360 – Bissau;
Tel: (245) 20 34 18 / 19 Fax: (245) 20 34 12

Banco Regional de Solidariedade (BRS)
Rua Justino Lopes
Tel: +245 20 71 12 /3

Banco da União (BDU)
Av. Domingos Ramos
Tel: +245 20 71 60

Ecobank Guiné-Bissau
Avenida Amílcar Cabral
Tel: +245 20 73 60 / 1

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1281: Dicas para o viajante e o turista (5): em Bissau, procurem os poetas (Paulo Santiago)


Montemor-o-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > Encontro da tertúlia Luís Graça & Camaradas da Guiné > 14 de Outubro de 2006 > Intervenção, emocionada, do Paulo Santiago, ao evocar a sua viagem de regresso à Guiné, em Fevereiro de 2005, a viagem de todas as emoções...


Foto: © Luís Graça (2006) . Direitos reservados.


1. Mensagem do Paulo Santiago , com data de 18 de Outubro de 2006, para a qual chamo a particular atenção dos nossos tertulianos por duas razões: (i) há aqui uma dica (implícita) para o viajante e o turista que vai à Guiné-Bissau (1), país lusófono onde, apesar das enormes dificuldades do quotidiano e das sombras que pairam sobre o seu futuro, há gente que teima em escrever contos e poesia em português (!), numa região de África, fortemente francófona, tradicionalmente de forte influência cultural, económica e política da França; o mínimo que podemos fazer pelos nossos amigos da Guiné-Bissau que escrevem em português, é conhecê-los e lê-los; por isso, façam o favor de comprar pelo menos um livrinho de um escritor guineense, na próxima viagem; (ii) por outro lado, mesmo com o atraso de um mês, é de registar e divulgar esta nota de apreço, por parte do durão Santiago, pelo nosso encontro na Ameira (2)... (LG)


2. Obrigado, Luís! Obrigado a todos os Tertulianos! A festa da Ameira foi bonita...pá! (2)... Eu, que dizem duro, emocionei-me muito. Cada vez as minhas recordações da Guiné são mais fortes.

Um forte abraço para todos
Santiago

PS - Transcrevo a seguir um poema do livro Um cabaz de Amores, de Carlos-Edmilson M. Vieira (Noni). O livro foi-me oferecido pela mãe do Dr. Miguel Nunes, proprietária da residencial Coimbra e da casa Nunes e Irmão. É o primeiro livro do autor (1998) (3). Em 2000 publicou Contos de N'Nori, com prefácio de Leopoldo Amado, nosso tertuliano (4).


POETA

Não!
Não me chamem poeta... porque
aquele de barriga grande
cheia de nada

Tem poema no corpo

Não!
Não me chamem poeta... porque
aqueles olhos perdidos de desespero
cara de criança sem infância

Tem poema no rosto


Não!
Não me chamem poeta... porque
aqueles pés descalços
que caminham léguas de esperança
na ânsia de sobreviver

Tem poema na alma

Não!
Não me sinto poeta...porque
aquele que na tabanca
com engenhos de trapos faz brinquedos a
toda sua vida
são poemas
dedicados a quem nunca os lê


Carlos-Edmilson (Noni),
poeta guineense

_________

Notas de L.G.

(1) Vd. último post desta série (Dicas para o viajante e o turista): 8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1259: Dicas para o viajante e o turista (4): Um cheirinho a alecrim & rosmaninho (Luís Graça / Jorge Neto)


(2) Vd. post de 15 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)

(3) Carlos Edmilson Vieira - Um Cabaz de Amores/Une corbeille d’amours. France, Ivry Sur Seine: Nouvelles Sud. 1998.

Carlos Edmilson Vieira - Contos de N’Nori - Edição do autor, Bissau, 2000.

(4) Vd. texto de Filomena Embaló, de Novembro de 2004 > Breve resenha sobre a literatura da Guiné-Bissau, inserido página de Fernando Casimiro (Didinho) > Guiné-Bissau Contributo

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1259: Dicas para o viajante e o turista (4): Um cheirinho a alecrim & rosmaninho (Luís Graça / Jorge Neto)

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O Jorge algures em África: um homem entre homens... Fonte: © Africanidades (2006) (com a devida vénia...). O autor deste blogue é membro da nossa tertúlia e mantém connosco uma política, mutuamente vantajosa, de troca de serviços, de ideias, de afectos e de roncos...
Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

Para quem chegou agora ao blogue e/ou à nossa caserna virtual, o Jorge Neto (aliás, Rosmaninho, em auto-homenagem à sua costela alentejana) é um branco, um tuga (não sei se ele gosta do termo), da nova geração - e que portanto não fez a guerra colonial, como nós-, que vive e trabalha em Bissau, e que dá voz (e imagem) aos guineenses que a não têm.
Há uns meses atrás (1), eu disse-lhe que continuava a apreciar (e a invejar) o seu trabalho como jornalista independente, lúcido, sensível e corajoso e sobretudo o seu blogue, o seu Africanidades (que agora mudou de poiso)... (Eu penso que ele é também mais coisas, como professor, formador...).

Continuo a pensar que o nosso Jorge (e mais um punhado de gente heróica e solidária, como o Pepito ou o Paulo Salgado) continua a fazer mais pela língua de todos nós, pela lusofonia, pela cultura portuguesa, e pela amizade luso-guineense do que todos os burocratas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, de cá e de lá, juntos e atirados aos jacarés do Rio Corubal... Dir-me-ão que é uma hipérbole, uma caricatura, uma metáfora... Seja. A verdade é que eu continuo a ser fã do Jorge, o nosso Alecrim & Rosmaninho em terras da Guiné...

Não resisto, por isso, a roubar-lhe, de tempos a tempos, um cheirinho daquelas terras por onde passámos nos nossos verdes anos (ou onde deixámos os nossos verdes anos)... Hoje transcrevo um saborosíssimo texto que ele postou, no seu blogue, no dia 1 de Maio de 2006, sob o título Buracos e Decibéis...

O Jorge não é um coleccionador do anedótico e do exótico, é um cidadão do mundo que ama sobretudo a aventura humana e que é capaz de se emocionar com o quotidiano dos homens e mulheres que (sobre)vivem em países tão belos e tão precários como a Guiné-Bissau... Conhecedor de África como poucos jovens da sua geração, não mete todos os africanos, povos e países, no mesmo saco da globalização pós-modernista, sendo capaz de fazer juízos diferenciais como este: "Na Guiné-Bissau admirei-me com o civismo (em geral acima da média africana) com que grande parte dos condutores locais conduz os seus veículos"...

Acho que esta é uma também boa dica, para a reflexão e a acção dos nossos camaradas e amigos que se preparam dentro de dias - no dia 17 - para partir para a Guiné (estou a pensar mais concretamente no Carlos Fortunato e no José Bastos) (2)... Enfim, é também uma pequena achega às valiosas dicas que o Vitor Junqueira, outro andarilho e amigo da Guiné e dos guineenses, já aqui nos deixou (3)... Mais dicas de outros tertulianos serão bem-vindas.
PS - Poder-me-ão acusar de paternalismo e de estar a projectar no Jorge - que eu, por infelicidade, ainda não conheço pessoalmente - os fantasmas, as culpas, as frustações, as expectativas e as ilusões da geração da guerra colonial (ou do Ultramar, como queiram)... Até pode ser, mesmo que ele, coitado, não tenha costas tão largas para arcar com tremenda responsabilidade... Mas não é isso: sendo da geração pós-colonial, só tendo conhecido a Guiné pós-independência, o Jorge está naquele país por vontade própria e em missão de paz, como paisano... E se acaso eu o invejo, é apenas porque ele substituiu a G-3 pelo portátil, a máquina digital e o gravador... Como eu gostaria de ter estado nessa situação em 1969/71!...


2. Buracos e decibéis
por Jorge Neto (aliás, Jorge Rosmaninho)

Fazendo por alto a soma do conta-quilómetros pessoal em transportes públicos africanos, calculo que a coisa se situe entre os 10 e os 15 mil. A estes ainda poderei juntar cerca de 10 mil quilómetros, palmilhados no conforto de veículos próprios, alugados ou emprestados.

Horas a fio de estrada. Incontáveis esperas sonolentas em paragens de pó e gasóleo (aqui um carro só anda depois de a lotação estar completa). Cansaço acumulado em estradas pavimentadas a buracos. Avarias na berma, pedidos de boleia à sombra de embondeiros. Furos. Um despiste e uma ressurreição, no Niassa, Moçambique, quando alguns companheiros de viagem morreram abalroados por um camião. Tinha deixado o local minutos antes.

No Zimbabué, cretinocracia habitada por gente com fome, decadentes autocarros mostraram-me um país de capim dourado e elefantes. No centro e norte de Moçambique visitei o paraíso em oxidados machimbombos e trôpegas chapas (as de caixa aberta e as históricas Toyota Hiace). Nas sept places [sete lugares] senegalesas (as também históricas carrinhas Peugeot 504) provei o sabor de um país bonito, recheado de gente oportunista. As neuf places [nove lugares] mauritanas (as mesmas Peugeot, mas com dois passageiros mais que no vizinho Senegal) fizeram-me voar, literalmente, pelas areias do deserto. Nos autocarros estufa (sem janelas ou ar-condicionado) do tórrido Mali desfiz-me em suor, procurando o sul do Sahara. Na Guiné-Bissau admirei-me com o civismo (em geral acima da média africana) com que grande parte dos condutores locais conduz os seus veículos.

No fim de tantas viagens aprendi uma máxima que guardarei para sempre no livro das errâncias por estradas africanas: aqui (como em todo o continente), um transporte público pode não ter faróis, piscas, seguro, chapa de matrícula ou travões, mas tem, de certeza, um potente rádio de colunas roufenhas a debitar decibéis e a desfazer, desta forma, a angústia de longas jornadas a consumir buracos. No interior de uma candonga todos se abanam, não ao som dos acordes, mas ao sabor das covas da estrada. Também poucos falam, que o condutor sempre faz questão de mostrar a potência das roufenhas colunas que adornam o veículo. A foto e o som do interior de uma candonga guineense para ver e ouvir em baixo. Boa Viagem! Boa Viagem!
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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLV: Ajudar os guineenses a fazer o luto (Luís Graça / Jorge Neto)

(2) Vd. post de 15 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)

(3) Vd. post Guiné 63/74 - P1255: Dicas para o viajante e o turista (1): A experiência e o saber do Vitor Junqueira

Guiné 63/74 - P1258: Dicas para o viajante e o turista (3): transportes colectivos: o táxi, o toca-toca e o candonga (Luís Graça / Sofia Branco)

Guiné > Zona Leste > Bambadinca > 1969 > A festa do fanado. Imagem enviada em 19 de Setembro de 2006, pelo Beja Santos. Fazia parte de um conjunto de três fotografias que, dizia ele no e-mail, tinha um significado especial para ele. "A primeira refere-se a um fanado de raparigas e a fotografia foi tirada na rua principal de Bambadinca, na área comercial, e espero que te possas recordar do chão avermelhado da laterite. Seria bem interessante que se escrevesse sobre o fanado (se por acaso não haja já nenhum desses escritos no blogue)" (1)... De qualquer modo, hoje em dia para se ir de Bissau a Bambadinca ou a Bafatá, por exemplo, tem que se alugar um jipe (o que é caríssimo, talvez 200 euros por dia) ou então apanhar um candonga (2)...

Foto: © Beja Santos (2006). Direitos reservados.


1. A jornalista Sofia Branco publicou, no Público.pt, de 6 de Outubro de 2003, um delicioso, bem-humorado e muito útil - para o viajante e o turista - artigo sobre os transportes colectivos da Guiné-Bissau: os táxis, os toca-toca e os candonga, que segundo ela são os heróis do asfalto (eu diria: depois dos peões)...

Façam o favor de ler o artigo na íntegra, que eu não posso publicá-lo aqui, sem autorização da autora e do editor... É também uma pequena homenagem à Sofia Branco que tem sido a jornalista que mais tem investigado e escrito, em português, sobre a Mutilação Genital Feminina. Ela é, de resto, uma observadora atenta, sensível e profunda da realidade sociocultural da Guiné-Bissau de hoje.

O dossiê do Público.pt sobre este tema - a Mutilação Genital Feminina - está disponível em linha. Já aqui chamámos para a actualidade e a importância do trabalho, de resto, premiado, da Sofia Branco, e para a persistência desta prática cultural que viola os direitos humanos da mulher, na Guiné-Bissau, entre alguns grupos étnicos, bem como noutros sítios de África (1).

2. Mas vamos ao tema deste post sobre dicas para o viajante e o turista em terras (e águas) da Guiné-Bissau: afinal, o que é que são os toca-toca e os candonga ? Aqui ficam alguns excertos do artigo da Sofia Branco (Táxis, toca-toca e candongas: os heróis do asfalto na Guiné-Bissau) (negritos meus):

(...) "À semelhança de muitos outros países, na Guiné-Bissau, os táxis são verdadeiros transportes colectivos. Os lugares vagos podem ser ocupados por gente totalmente desconhecida do primeiro cliente. Uns minutos na estrada e parecem já grandes amigos, tal a intimidade com que se tocam e roçam de cada vez – que é constantemente – que o carro dá um solavanco. Esta proximidade é ainda maior num toca-toca – aliás, o próprio nome vem do facto de as pessoas estarem constantemente a tocar-se. Nos toca-toca, a entrada só é vedada a um cliente quando os rabos dos outros passageiros já saem pelas janelas e quando alguns rapazes já vão de pendura nas portas de trás da carrinha, pé dentro, pé fora. Até que isso aconteça, pode entrar, sem saber, no entanto, se vai conseguir sair" (...).

(...) "Para sair ou entrar em Bissau, com destino às principais cidades, como Bafatá ou Gabú (Nordeste), os guineenses usam um meio de transporte ao qual chamam candonga. É uma carrinha semelhante ao toca-toca, mas com licença para passar os inúmeros postos de controlo espalhados pelo país. Se for em carro particular, poderá ter a sorte de ter apenas de abrandar antes de seguir caminho. Mas as candongas param sempre junto ao homenzinho que, à sombra de uma árvore, segura uma corda presa ao tronco de uma outra árvore, do outro lado da estrada. Os passageiros são obrigados a sair para voltarem a entrar, do outro lado da corda" (...).

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Notas de L.G.:

(1) Sobre o fanado nas raparigas (ritual de passagem onde se inclui a prática da MGF, e nos rapazes, a circuncisão), já se escreveu aqui alguma coisa...Vd. posts de:

4 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XII: O silêncio dos tugas face à MGF (Mutilação Genital Feminina) (Luís Graça)

15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLVII: A festa do fanado ou a cruel Mutilação Genital Feminina (Jorge Cabral)

15 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLVI: Conferência sobre a Mutilação Genital Feminina

(2) Candongueiro, em Angola:

(...) O cheiro fétido do humano
Viaja nos candongueiros
Que atravessam de lés a lés
A tua rede de túneis-formigueiros,
As tuas entranhas,
O teu tutano,
A tua essência.
Alguém poderia achar essas correrias loucas
Se não soubesse quem tu és,
Mas tu tens o teu tempo e a tua medida,
Ó cidade das mulheres empreendedoras,
Peritas na arte da sobrevivência. (...)


Glossário de termos do falar local: Candongueiros > Os endiabrados táxis colectivos de Luanda. Param um qualquer sítio e levam sempre mais um passageiro para além da sua lotação máxim. Cada viagem custa 30 kwanzas. O termo vem de candonga (contrabando). "Inicialmente o contrabando de peixe seco. Só muitos anos mais tarde se passaria a usar o termo candongueiro para designar os contrabandistas de diamantes ou, mais tarde ainda, os novos taxistas luandenses do chamado processo dos 500" (Segundo leio no sítio de um brasileiro sobre os países e comunidades de língua portuguesa).

Vd. Blogue-Fora-Nada ... e Vão Dois > post de 7 de Novembro de 2005 > Blogantologia(s) II - (12): Luanda (re)visitada

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1255: Dicas para o viajante e o turista (1): A experiência e o saber do Vitor Junqueira




Guiné-Bissau > Região de Báfatá > Cidade de Bafatá > 16 de Fevereiro de 2005 > José Couto (ex-furriel milicano de transmissões, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego), um turista (o)(a)cidental, nas ruas desertas da bela Bafatá...

Fotos: © José Couto / Tino Neves (2006). Direitos reservados.



1. Há dias (29 de Outubro de 2006) recebemos uma mensagem de António Osório, de Vila Nova de Gaia, do seguinte teor:

Caríssimos:

Não tenho o prazer de os conhecer mas vi algumas coisas vossas na Internet sobre a Guiné-Bissau, daí recorrer à vossa ajuda.

Vai para dois ou três meses li uma reportagem no Jornal de Notícias sobre uma viagem à Guiné para ex-combatentes organizada por um indivíduo de nome José Arruda, que não conheço, cujo preço é de 1450,00 Euros/pessoa.

Recebi ontem um e-mail do Sr Arruda, morador na Amadora que me pede a entrega imediata de 1.450,00 Euros x 2( para mim e para a minha mulher) de modo a garantir-me a viagem à Guiné com partida a 3 de Janeiro de 2007, 8 dias de estadia no Hotel Residencial Coimbra, em Bissau, em regime de alojamento e pequeno almoço e visita a todos os locais onde estivemos(eu pessoalmente estive em Gadamael Porto e Cacine entre Novembro de 1970 e Dezembro de 1972).

Diz o Sr Arruda que esta viagem tem o apoio da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal. Todavia eu através de consulta ao 118 da PT não consegui obter a morada ou telefone da referida embaixada. Será que conhecem a morada e telefone da embaixa da Guiné-Bissau em Portugal?

Agradecia muito a vossa ajuda já que eu tenho uma vontade enorme de visitar a Guiné, mas como compreendem o dinheiro custa muito a ganhar e eu queria confirmar a idoneidade dos dados que então me foram forneceidos pelo Sr Arruda.

Grato pela atenção, recebam um abraço do António Osório.

Telm: 918817443
Casa: 227114936 (V.N.Gaia)


2. Através do e-mail de José Costa (ou José Arruda ?), já tinha recebido em recebido em 28 de Julho de 2006 a seguinte mensagem:

Prezados colegas ex-combatentes:

Junto em anexo programa para uma viagem á Guiné. Vamos realizar o sonho da nossa vida, voltarmos aos locais onde nos anos 60/70 andámos.

Para qualquer informação adicional, por favor contactem comigo

José Arruda

Telef/Fax. 214974410 - Telem. 939594546
e-mail: aguiareal46@hotmail.com

Cumprimentos

José Arruda

3. Reproduzo aqui, a título meramente informativo, o Programa nº 166/06 - Guiné > Viagem à Guiné para ex-combatentes e familiares, a realizar no mês de Outubrod e 2006

Organizador: José António Arruda
Av.Padre Himalaia, 7-1º.Dtº.
2720-435 Damaia/Amadora

Telef/Fax. 214974410
Telemóvel 939594546
email: aguiareal46@hotmail.com

1º Dia 6ª.Feira- Concentração de todos os participantes no Aeroporto de Lisboa, pelas 7,15 h, para as formalidades de embarque e ás 9,30 h, em voo TAP, seguimos para Bissau, chegada prevista para as 12,40 h,transfert para o Hotel Residencial Coimbra e resto dia livre.

Do 2º ao 7º Dia. ( De Sábado a 5ª.Feira) Dias destinados às diversas visitas em carro privado a toda a Guiné, indo aos locais onde todos os participantes estiveram.

8º Dia. 6ª.Feira- Saída de Bissau ás 14,35 h, em voo TAP com destino a Lisboa, chegada prevista para as 19,40 h.

Observações - Esta viagem tem o apoio da Embaixada da Guiné em Portugal.

Documentos Necessários: Passaporte válido, 2 fotos e 60 € para o visto

Cuidados Médicos: Todos os participantes devem consultar o seu médico/ou Instituto de Medicina Tropical, para efeitos de vacinas e medicação.

Preço da Viagem: O preço é de 1.450, € por pessoa e inclui: Todos os voos de avião a partir de Lisboa, Taxa de Aeroporto Lisboa/Bissau, Transferts, Carro privado para as diversas deslocações e visitas, Hoteis quarto duplo em regime de alojamento e pequeno almoço.

3. Já vários camaradas já deram dicas ao António Osório, procurando responder ao seu pedido. De todos os e-mails que passaram por mil destaco o do nosso camarada Vitor Junqueira, que tem uma larga experiência de viagens: é um andarilho do mundo, incluindo à Guiné-Bissau. A experiência e o saber do Vitor nesta matéria podem ser muito úteis a muitos de nós. Aqui ficam pois as primeiras dicas para turistas e viajantes na Guiné-Bissau. (LG).

Prezado Osório,

Eu sou o Vitor Junqueira de Pombal e estou a responder ao pedido de esclarecimento acerca da eventual programação de uma viagem que pretende fazer à Guiné Bissau, na companhia de sua esposa.

De facto já viajei por diversas vezes para a Guiné, mas não vou fazê-lo no próximo dia 17 Novembro de 2006 (e como eu gostaria!). Posso no entanto dar-lhe algumas indicações baseadas na minha experiência pessoal. Assim:

1 - Quanto à viagem: vai a qualquer agência de viagens e compra as passagens na TAP, que é actualmente o único operador. Os preços subiram muito nos últimos tempos devendo rondar os 700euros + taxas.

2 - Quanto aos vistos: a própria agência que vender as passagens, deverá encarregar-se desse assunto. O preço anda à volta de 40 euros por pessoa + o trabalho da agência. Deverá entregar os passaportes + duas fotografias de cada passageiro com uma semanita de antecedência, que é para não haver surpresas.

3 - Quanto ao hotel: recomendo o Hotel 24 de Setembro. Fica localizado na zona de Sta. Luzia sendo as suas instalações resultantes do aproveitamento, para esse fim, do antigo clube de oficiais. A baixa fica à distância de um agradável passeio a pé. A zona é calma e segura, mas os cuidados habituais não podem ser descurados.

Note que pelos padrões europeus, os hotéis são maus e caros. Lençóis limpos, ar condicionado ainda que barulhento e água para o banho (quantas vezes despejando o caneco por cima da cabeça!), é tudo quanto podemos exigir. No hotel que referi, se optar por ele, vão pedir-lhe por um quarto duplo cerca de 50.000 CFA, equivalente a 16 contos, com pequeno almoço. Mas se negociar um pouco e disser que é amigo do Sr. Manuel Neves, um empresário meu amigo com bons contactos junto da gerência, talvez lho deixem por 35.000 (11 contos). Para fazer a reserva, contacte o sr. Moisés que é uma espécie de subdirector através do telef. 00.245.7237570.

Em Bissau, existem vários restaurantes, aceitáveis, com preços que não sendo baratos também não são exorbitantes. Quando forem para o interior, previnam-se com água, fruta e conservas. Até podem (e devem) levar umas latitas de cá.

4 - Quanto à bagagem: a roupa deve ser apenas a estritamente necessária para a estadia, transportada em sacos que caibam nos porta-bagagens da cabine (evitar as malas de porão), e adequada ao clima: dias quentes e relativamente húmidos sem chuva durante o dia, mas frescos à noite durante o mês de Janeiro.

Não esquecer de meter no saco uma pequena quantidade de sabão rosa ou azul. Uma T shirt, umas cuecas ou um par de meias, lavam-se à noite e deixam-se a secar frente ao ar condicionado. No dia seguinte ... é só vestir. E na falta de sabonete, shampoo ou creme de barbear, entra o sabãozito. De resto, quanto menos tralha, melhor.

5 - Quanto à segurança: na Guiné não há registo de criminalidade violenta exercida contra os turistas. Eu nunca tive qualquer problema, e posso garantir que se pode viajar tranquilamente por todo o território sem qualquer receio. No entanto, água benta e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Como é sabido, a pequena delinquência existe em todo o mundo. Vamos então tomar algumas precauções. Em primeiro lugar, é fundamental não dar nas vistas. Para tanto, comecemos pelas roupas, que devem ser tanto quanto possível idênticas às das pessoas que lá vivem e trabalham. São de excluir os calções, roupas ou calçado de marca, objectos de ouro, relógios caros (ou de estimação!), máquinas de filmar ou fotogáficas a tiracolo (sempre no bolso, excepto quando estão a ser utilizadas ...). O mesmo para o telemóvel.

Relativamente aos documentos, eu costumo levar apenas o passaporte e uma fotocópia do BI para trazer no bolso no país de destino, para além dos meios de pagamento que tenciono utilizar. Note que isto é válido para os países pouco desenvolvidos, como para os ditos civilizados. Toda aquela carteirada de documentos que habitualmente nos acompanha para todo o lado, fica de férias em Portugal. E no cofre do hotel (quando existe), ficarão guardados, o passaporte, os valores em dinheiro, o cartão de crédito e os objectos valiosos. Nunca deixe quaisquer valores à vista no quarto. As malas devem ter fecho de segurança ou um bom cadeado.

O regresso ao hotel ser feito a pé, deve ocorrer antes do anoitecer. Na rua, as conversas ou qualquer comentário entre si e a esposa devem ser feitos de modo a que outras pessoas não se apercebam do seu conteúdo ou da razão da vossa presença no país (turismo, visita a familiar, trabalho etc.), nem mesmo da nacionalidade. Para qualquer digressão nocturna, chamem não o António (!) mas o táxi.

6 - Saúde: não recomendo a profilaxia anti-palúdica. É preferível fazer a prevenção através da observação de algumas regras e comportamentos. Durante o dia pas de problème! Mas se a zona a visitar for particularmente húmida (pantanosa), pode usar-se um bom repelente, comprado em Portugal. Existem à venda de diversas marcas, com excelentes características cosméticas.

À noite, no restaurante, discoteca ou simples passeio, usar sempre roupa com mangas compridas e calças, cobrindo as partes expostas (mãos e face) com o repelente (spray ou stick). As meias de desporto (Sportzone, por ex.) são também uma boa opção, pois oferecem algum conforto aos pés durante as caminhadas e à noite, dada a sua espessura, impedem que o ferrão dos mosquitos nos atinja a pele dos tornozelos. Até podemos meter as calças por dentro delas.

Para aquelas pessoas que se sentem mais seguras se tomarem o comprimido contra a malária (ou paludismo, é a mesma coisa), o medicamento que recomendo é o MEPHAQUIN. Toma-se um comprimido uma semana antes do embarque, outro na véspera da partida e daí para a frente, um por semana sempre no mesmo dia. Mínimo: 4 semanas de tratamento.

Do estojo de primeiros socorros deve constar também o paracetamol como analgésico e antipirético, um anti-inflamatório - por ex., Donulide, ou Voltaren para quem não sofre do estômago - , um anti-diarreico que pode ser o Imodium, um antibiótico multi-usos de que uma boa referência continua a ser o Clavamox, Augmentim, etc. Um ligadura de 7 cm (largura) e alguns pensos rápidos podem ser úteis.

Mas tão importante quanto isto tudo, é fazer um bom seguro de viagem, que garanta a evacuação aérea de urgência e/ou repatriamento em caso de doença súbita ou acidente.

7 - Meios de pagamento: EURINHOS, muitos! Notas de 5, 10, 20 e 50. E algumas moedas para dar, muito parcimoniosamente, aos putos que constituem a comissão de boas vindas, logo à chegada ao aeroporto e que não deixarão de ser bastante persuasivos em algumas ruas de Bissau, mas não no mato. Os câmbios fazem-se na rua em Bissau, onde aparecem os angariadores. Eu prefiro as Casas de Câmbio que se encontram praticamente todas concentradas numa rua da cidade. Cada euro vale à roda de 650 francos CFA (Communauté Francofone Africaine).

Para as crianças das aldeias a visitar, é conveniente levar alguns rebuçados, que não derretam com o calor. Esferográficas e outro material escolar assim como roupas, são muito apreciados mas muito difíceis de distribuir visto que é impossível levar quantidades que contemplem mais do que uma dezena ou duas de crianças, e elas caem-nos em cima como um enxame. Fica ao critério de cada um, mas se optarem por levar, então entreguem a alguém da tabanca e essa pessoa é que fará a distribuição.

8 - Deslocações: Taxi ou Toca-Toca (transporte colectivo). O táxi, bem negociado, pode ser uma boa solução e vai a todo o lado. Em Bissau, numa papelaria próxima dos Correios vendem-se óptimos mapas rodoviários da Guiné de que convém adquirir um exemplar logo à chegada, a fim de planear as viagens.

Uma boa norma consiste em viajar sempre na companhia de um guineense da sua confiança que lhe poderá ser recomendado por um amigo, alguém do hotel, um comerciante ...


9 - Nota final:

Os tempos mudaram, e a nossa relação com os guineenses não pode ser a mesma que se verificava quando por lá passámos há trinta e tal anos, com uma guerra então em curso. Eles estimam-nos, mas apreciam muito o tratamento de igual para igual.

Nunca se descuide com qualquer atitude de sobranceria ou arrogância tão frequente em pessoas que visitam África pela primeira vez. Evite o tratamento por TU, mesmo tratando-se de jovens ou crianças.

Nunca desdenhe dos produtos ou das intenções dos vendedores de rua. Sorria, converse com eles sem lhes transmitir a falsa ilusão de que está interessado se não for esse o caso, mas nunca lhes vire as costas. Nem os ignore baixando a cabeça e seguindo em frente. Uma moedita, nem que seja apenas de 20 cêntimos, que se dá a um garoto por aqui, a outro por ali, pode operar milagres no campo da comunicação.

Corresponda sempre a uma saudação e tome a iniciativa de cumprimentar quando achar que a bola está do seu lado. Para isso basta levantar o braço e fazer um ligeiro aceno de cabeça. Por outro lado, são proscritos os salamaleques bem como as atitudes de subserviência. Mostre compreensão pelas manifestações de pobreza ou mesmo miséria, material e humana, que vai sem dúvida encontrar. Não escarneça delas através do riso ou do gesto.

Do mesmo modo, situações ou atitudes que para nós podem parecer caricatas ou mesmo condenáveis, como por exemplo a abordagem por uma autoridade maltrapilha e ignorante, devem ser tratadas com pézinhos de lã. E muita compreensão.

Não se esqueça que estas pessoas podem não ter recebido um único salário desde há meses encontrando-se em situação desesperada. O lado positivo da coisa é que um qualquer berbicacho se pode resolver-se com uma discreta gratificação de 500 ou 1000 CFA. A melhor forma de lidar com esta gente é nós próprios deixarmos a cabeça de europeu aqui em Portugal e no seu lugar atarrachar uma de africano à chegada.

Durante a viagem é que não sei como vai ser! Em qualquer lado, cidade ou interior, não deixe de manifestar um particular respeito pelos idosos a quem tratará por Tio ou Tia. Sendo a população maioritariamente muçulmanna (2/3), a família tem para eles um valor que entre nós já lá vai. Por isso leve fotografias dos filhos e netos que mostrará quando achar oportuno. Vai ver quanto sobe no patamar da consideração desta gente simples. Se a sua máquina fotográfica ou de filmar é digital, mostre-lhes no display algumas das fotos que tirou e recolha um endereço para mais tarde enviar as cópias. Nunca prometa nada se não tenciona cumprir. Um africano nunca esquece o bem ou mal que lhe fizerem.

Dito isto, resta-me desejar-lhe boa viagem e uma óptima estadia.

Cumprimentos

Vitor Junqueira,
ex-alf mil da CCAÇ 2753 - Os Barões

(Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá , 1970/72) (1) .

Hoje é médico e vive em Pombal.

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Nota de L. G.:

(1) Vd. post de 23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1110: Do Bironque ao K3 ou as andanças da açoreana CCAÇ 2753 pela região de Farim (Vitor Junqueira)