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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10257: Convívios (463): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte II)

  

Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Da esquerda para a direita, o Eduardo Moutinho Oliveira, advogado, membro da Tabanca de Matosinhos, o João Martinhs, o JERO e o Zé Teixeira... Em primeiro plano, de perfil, a Joana Graça... O grupo está assistir a uma exibição de violino... O João Graça, que é médico, interno de psiquiatria, é também músico, do grupo Melech Mechaya (especialista em música klezmer)... A dra Clara Schwarz, filha de pianista russa, tem por sua vez o curso de violino do Conservatório de Música de Lisboa...

Infelizmente, e por lapso meu, é a única foto em que aparece o Eduardo Moutinho F. Santos, presença habitual dos nossos convívios... Desta vez ele prometeu-me que ia "tratar dos papéis" para formalizar a sua entrada (oficial) na Tabanca Grande... Em conversa com ele, vim a saber que é casado com a doutora Maria José Moutinho Santos, professora e investigadora do Departamento de História da Faculdade de Letras do Porto, com algumas áreas de interesse científico também afins às minhas...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O João Graça e o JERO.



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro >  11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > O JERO fez questão de tirar uma foto com o João Graça, com quem o prazer de conversar com algum tempo e vagar... O JERO tem um pouco afastado estado das nossas lides bloguísticas, por razões de saúde... Aproveito para lhe desejar  um rápido restabelecimento... Ele veio acompanhado da sua filha que, no entanto, não pôde ficar para o almoço-convívio que se prolongou pela tarde dentro...



Alcobaça, São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro 11 de agosto de 2012 > 3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto > Da esquerda para a direita: o João Graça, a Alice Carneiro, a Isabel e o Pepito...


Fotos (e legendas):© Luis Graça (2012). Todos os direitos reservados

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10256: Convívios (462): Tabanca de São Martinho do Porto, sábado, 11 de agosto de 2012 (Parte I)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9813: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte I): um abraço solidário para todos os nossos amigos guineenses, na pessoa do Pepito e do Cherno Baldé, nossos grã-tabanqueiros, que estão em Bissau... Um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!!!


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Os seis magníficos gandembelenses presentes na sala... Ao centro, o Idálio Reis que, juntamente com o Joaquim Gomes Soares (o da ponta direita), eram os únicos representantes da CCAÇ 2317). Os restantes representam outras subunidades que passaram por (ou intervieram em) na mítica Gandembel/Ponte Balana: da esquerda para a direita,   o Eduardo Moutinho dos Santos, ex-cap mil grad inf  (que comandou a CCaç 2381,  "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Buba, Empada, 1968/70),  o José Manuel Samouco, ex-Fur Mil Armas Pesadas, também da CCAÇ 238a (e meu vizinho de Torres Vedras), o Hugo Guerra (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana,Chamarra e S. Domingos, 1968/70, hoje Cor DFA reformado, e que hoje faz anos), o nosso Zé Teixeira, outro Maioral (que nos emocinou a todos, em 1 de março de 2008, na sentida homenagem que fez nas ruínas de Gandembel a todos os combatentes que ali, em pleno "corredor da morte",  lutaram, morreram, foram feridos, sofreram, entre abril de 1968 e janeiro de 1969)... 

Esteve no encontro mas faltou à foto de grupo o José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69)... Faltou também o Alberto Branquinho, que desta vez não poude comparecer ao encontro.Faltou também, infelizmente para sempre, o João Barge (1944-2010)... Faltaram outros camaradas ligados à história de Gandembel, de 1968/69 (os páras do BCP 12, as enfermeiras pára-quedistas, embora uns e outros estivessem representados, e bem,  no nosso encontro, etc.).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A mesa da FAP: ao centro, em segundo plano, entre a Giselda e o Miguel Pessoa, o Victor Tavares, ex-1º cabo pára (CCP 121 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74, um homem que conheceu  alguns dos mais duros e trágicos cenários da guerra da Guiné: Gampará, Guidage, Guileje, Gadamael, quatro topónimos começados por G, tal como Gandembel, que já não é do seu tempo...).

 De costas, o António Martins Matos (AMM) e o Jorge Narciso (, ex-1º cabo especialista, BA 12, 1969/70).  À esquerda deste, de perfil, o Jaime Brandão e o Carlos Campos, ambos pilotos, tal como o AMM.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Victor Tavares, à direita, com o antigo comandante do COP 5, Coutinho e Lima (até à retirada de Guileje, em 22 de maio de 1973)... De que falarão estes dois veteranos ?... 


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Duas  ex-enfermeira pára-quedista Natércia Neves (à direita) e Giselda Pessoa (à esquerda), ambas do mesmo curso. Nenhuma delas conheceu a Gandembel/Ponte Balana do tempo da CCAÇ 2317...



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Lendo (e comentando para mim) o livro do Idálio... O Hugo é um dos sobreviventes de Gandambel / Ponte Balana... Hoje, 27, dia dos seus anos, escrevi-lhe o seguinte bilhetinho:


"Meu caro Hugo: Foi com alegria que te revi em Monte Real, em companhia da tua sempre efusiva Ema e desta vez com um dos teus netos... Foi bonito teres trazido um dos teus netos. Temos um dever de memória para com os nossos descendentes. Gostei particularmente de te ver a perguntar ao neto onde estavas numa das fotos do livro do Idálio Reis, sobre Gandembel. E o puto não teve dúvidas em indicar, no meio da molhada, o então lingrinhas Hugo Guerra, comandante do Pel Caç Nat 55, a tomar o seu banho à fula... Que ternura, a tua, e que cumplicidade, notei eu no teu sorriso de avô babado!

"O tempo é o mais precioso recurso, juntamente com a saúde, que temos. O tempo em Monte Real foi escasso para estar contigo e com cada um dos grã-tabanqueiros. Mas gostei de falar contigo. O que eu aprendi sobre Gandembel/ Balana!... Percebi a grande estima e admiração que tinhas para com o malogrado João Barge...E mais não direi: ficaste de, assente o pó do nosso VII Encontro Nacional, me de mandares algumas das tuas memórias desse tempo...

"Hoje quero-te felicitar pelo teu dia, desejar-te as melhoras da tua saúde, e fazer votos para que a gente se encontre, de novo, um dia destes. Em boa forma! Parabéns, Hugo, herói de Gandembel e Ponte Balana!

"PS - Com a Ema mal falei, mas dei-lhe os parabéns, por ter concluído, com sucesso, a sua licenciatura em serviço social. É uma mulher de armas!... Um beijinho para ti, Ema. E cuida-me bem desse gandembelense, um exemplar de uma espécie em vias de... extinção".


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Em primeiro plano, o Idálio e o Carlos Pires (Amadora), um guineense nado e criado na antigo território português (Filho de comerciantes, fez lá, no TO da Guiné, o seu serviço militar. A Guiné é e será sempre a "sua terra"). Em segundo plano, a nossa querida Giselda Pessoa e o nosso camarigo Joaquim Gomes, dois "ajudantes adhoc" do nosso escritor, nesta sessão de autógrafos.



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Uma dedicatória especial para o nosso "minino" Adilan, nascido na Guiné durante a guerra, e que o Manuel Joaquim resgatou das garras da  guerra.... 




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Dedicatórias a dois grandes guineenses, e grã-tabanqueiros, o Pepito e o Cherno Baldé quem foram particularmente lembrados e acarinhados neste dia. Eu tenho em meu poder os livros autografados pelo Idálio Reis, esperando a melhor oportunidade para os enviar pelo correio. Com um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!... Já hoje telefonei ao Pepito: estava no norte da Guiné! Como sempre, um homem que transborda otimismo pelos poros da pele!...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


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Nota do editor:

Último poste da série >  24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9794: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Tanta gente, camarigos! (Fotos de Jorge Canhão)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9801: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): O abraço camarigo da AORN (Associação dos Oficiais da Reserva Naval) (Manuel Lema Santos), da Tabanca de Matosinhos (Eduardo Moutinho) e da ONGD Ajuda Amiga (Carlos Silva)


Manuel Lema Santos, em nome da direção da AORN: "Guiné uma vez, Guiné para sempre!"

Vídeo 1' 33'': Luís Graça (2012).  Alojado em You Tube > Nhabijoes 


1. Com os cerca de 190 convivas sentados à mesa, para dar início ao almoço, houve uma pequena sessão de boas vindas, com palavras de saudação do nosso editor Luís Graça, em nome da organização (Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa), bem como do Manuel Lema Santos, em representação da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval), do Eduardo Moutinho Santos, em nome da Tabanca de Matosinhos, e ainda o Carlos Silva, em nome da ONGD Ajuda Amiga.

O Manuel Lema Santos (ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, imediato da LFG Orion, Guiné, 1966-1972), e que foi um dos nossos camaradas que esteve no nosso 1º Encontro Nacional, na Ameira, em 2006, ofereceu ao blogue, na pessoa do Luís Graça, um exemplar do "Anuário da Reserva Naval, 1958-1975", da autoria de A.B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado (Lisboa, 1992), um exemplar autografado do "Anuário da Reserva Naval, 1976-1992", de Manuel Lema Santos (Lisboa: AORN, 2011), bem como vários exemplares da última edição da publicação periódica da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval (AORN,  nº 19, outubro de 2011), e ainda uma medalha comemorativa da fundação da AORN, em 1995.




Capa da revista AORN, edição de outubro de 2011, homenageando dois antigos oficiais da Reserva Naval, e destacados cidadãos portugueses,  Hernâni Lopes (1942-2010) e António Rodrigues Maximiano (1946-2008)



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > Luís Graça, saudando os presentes, ladeado à sua esquerda pelo Carlos Vinhal e o Joaquim Mexia Alves (que integraram a comissão organizadora do encontro, juntamente com o Miguel Pessoa).

Foto: © Jorge Canhão (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Ao centro, o Eduardo Moutinho Santos, que falou no início do almoço-convívio, em nome da direção da Tabanca de Matosinhos. Acompanham-no à sua direita o António Graça de Abreu (Cascais) e *a sua esquerda o Zé Manel Lopes (Régua).



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Carlos Silva, falando em nome da direção da ONGD  Ajuda Amiga e dando notícias tranquilizadoras do Carlos Fortunato, em missão solidária na Guiné-Bissau.

Fotos: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

quarta-feira, 28 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9672: Cancioneiro de Gandembel (1): Do Hino de Gandembel ao poema épico Os Gandembéis (Parte I) (Idálio Reis)


Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010 > V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > O saudoso João Barge (1944-2010), ao meio, com o Idálio Reis (à direita, segurando uma cópia das letras do Cancioneiro de Gandembel) e o camarada Eduardo Moutinho dos Santos, ex-capitão miliciano (que comandou a CCaç 2381 "Os Maiorais", 1968/70),  hoje advogado e presidente da Mesa da Assembleia Geral da ONG Tabanca Pequena (Matosinhos).

O João, já o conhecia, superficialmente, de um dos primeiros convívios da Tabanca do Centro. Natural de Aveiro, foi +professor no Instituto Politécnico de Leiria. Agora, o que não imaginava é que ele era também um dos homens-toupeira de Gandembel e um dos famosos letristas do Cancioneiro de Gandembel. Daí ele aparecer ao lado do Idálio Reis que, de resto, me ficou de mandar uma cópia das letras do Cancioneiro (que não se resume ao hino)... Infelizmente, uns meses depois  a morte  roubou-nos o João Barge. 

  

Foto: © Luís Graça (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Nos dia 9 e 10 do corrente, troquei com o Idálio Reis (ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 (Gandembel e Ponte Balana,  Nova Lamego, 1968/69) a seguinte correspondência:

1.1. Idálio: (...) Diz-me se posso publicar,  no todo ou em parte, no nosso blogue, os Gandembéis!... Aliás, gostava que fosses tu a apresentar: (i) o hino de Gandembel; e (ii) Os Gandembéis (incluindo a introdução sobre o vosso quotidiano em Gandembel)...


Ainda não tinha visto nada parecido, uma magnífica paródia dos Lusíadas!... (Bem, o nosso poeta Manuel Maia, o bardo do Cantanhez, fê-lo em relação à história de Portugal, mas é produção recente)...

Arte, mestria, drama, tragédia, epopeia, humor de caserna!... Uma obra-prima que mete o Cancioneiro do Niassa a um canto (sem desprimor para os anónimos autores, dos 3 ramos das forças armadas, da base de Metangula, que escreveram as letras das cerca de 4 dezenas de canções que integram o cancioneiro moçambicano).

Isto foi escrito em 1969, ainda no calor da batalha, seguramente não muito longe de Gandembel... Ainda cheira a pólvora, ainda sabe a sangue, suor e lágrimas:

(...) "Em Gandembel, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas as vezes a morte apercebida,
No arame farpado, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida;
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida ?
Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno. (...)


Isto só pode ter sido escrito por gente com talento (literário), cultura, sensibilidade e... muitos dias de sofrimento e de insónias!!!


Quem são os seus autores ? Tu falas em "2 humildes anónimos"... Isto é claramente "made in Guinea", embora pós-Gandembel, quando vocês foram para o leste, para o Gabu, segundo percebi... Foram escritos em Nova Lamego, é isso, na "ressaca" de Gadembel ?!...Tinhas uma cópia em papel ? Foi reconstituído mais tarde ? De memória, seria impossível... Tens seguramente uma cópia...Nunca me tinhas falado dos "Gandembéis"...

Estou em pulgas para começar a publicar isso, numa nova série, com o teu nome associado... De alguma maneira, estamos ali todos naqueles cantos e naquelas oitavas decassílabas (são cerca de 65 estrofes, divididas por 4 cantos!)... Diz-me qualquer coisa... 


Como sabes, o blogue deu a conhecer ao mundo "o suplício de Sísifo" de Gandembel, há uns anos atrás, na série Fotobiografia da CCAÇ 2317 (*)...Mas hoje temos muito mais audiência: em média, 4 mil visitas por dia (...)

1.2. Respostade Idálio Reis, com data de 10 do corrente:


Meu caro Luís: Em primeiro, aflorarei alguns aspectos quanto à divulgação do livro. Como te referi, atendendo a que o meu primeiro convívio de ex-camaradas da tropa é o de Monte Real, é meu desejo que o início da sua partilha tenha efectivamente aí lugar.

É para a tertúlia da Tabanca Grande, um dia de festa-convívio, e surge a ocasião mais que propícia para se concretizar esta intenção. E terá um digno cicerone, que é o J. Mexia Alves.

Também, como facilmente reconheces, já houve alguns pedidos para o seu envio, e a resposta foi sempre a mesma: (i) se lá estiveres, tudo bem; (ii) acaso não puderes estar presente, pede a um companheiro mais afim para to levar.

Abri, se a palavra for recta, com todo o carinho, duas excepções: há dias, apareceu-me o Paulo Santiago em minha casa, veio propositadamente de Aguada - não é longe da minha aldeia - com quem partilhei um exemplar, com um outro como portador para o seu conterrâneo Victor Tavares. O Torcato Mendonça, para ficar mais sossegado, enviei-lhe a cópia final das provas, em formato pdf.


E sobre isto, julgo que terias o mesmo procedimento, ou haverá algum equívoco da minha parte?

Quanto ao capítulo Os Gandembéis, imodéstia à parte, ficou bem, até porque junta alguma gente da Companhia. Já há muito tempo, o Blogue divulga o Hino. Desde o meu António Almeida, de alguns baladeiros, até aos Furkuntunda, foi uma dádiva muito especial.

Quanto aos Gandembéis, obviamente que sabia da sua existência, mas só consegui obter uma cópia, já em período posterior aos meus apontamentos no Blogue. Como referes, é uma obra-prima. Está lá a história da Companhia, inclusive a do Bigode Reis, que pela Guiné toda faça espanto, de RDMs e recusas singulares, de Gandembel as terras e do Carreiro os ares. E há um fundo de verdade, nestas palavras.

É uma obra que o apaziguador tempo de Nova Lamego proporcionou.  Os seus autores, são anónimos e humildes. De todo o modo, faço-te a revelação: um deles, foi o malogrado e inesquecível João Barge, um filólogo de escol, e que decerto seria a única pessoa capaz de emprestar tanta arte e sensibilidade à sua pena.

Ainda que tivesse surgido em Gandembel, nos finais de outubro/princípios de novembro [de 1968], e num período em que se vivia já numa situação de mais alívio, teve a ajuda de um dos pioneiros da Companhia, um ex-furriel que ao tempo já era professor primário.

Luís, quanto à sua antecipada divulgação, fica ao teu critério. O capítulo tem um texto meu, e o resto já sabes. Para o efeito, faço anexar esse capítulo.


Por fim, uma mensagem. Gostava muito, que o livro fosse inserto da forma que já te enunciei. Ao Blogue, pertence-lhe uma grande quota-parte do seu aparecimento.

Um caloroso abraço do Idálio Rreis.


Guiné > Zona leste >  Nova Lamego (?) > CCAÇ 2317 (1968/69)  > Depois do abandono de Gandembel / Ponte Balana, em 28 de janeiro de 1969, por ordem do Com-Chefe, a companhia  é colocada no leste, no Gabu... 372 ataques e flagelações em menos de 9 meses (abr 68/ jan 69) é capaz de ser um recorde digno do Guiness... Foto nº 223, do álbum de Idálio Reis.



Guiné > Região de Tombali > Gandembel / Balana >CCAÇ 2317 (1968/69) > O Alf Mil Reis, junto à ponte sobre o Rio Balana, Balanazinha, construída em 1946. Foto do álbum de Idálio Reis.

Foto: © Idálio Reis  (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


2. OS Gandembéis: O Nosso Cancioneiro, as nossas músicas, os nossos poetas (Parte I)

por Idálio Reis (*)

Na fria e imensa crueldade dos sofridos tempos de vivência em Gandembel, não seria possível resistir, por inteiro, se um forte espírito de solidariedade e de companheirismo não se irmanassem numa incontida e estóica perseverança. Teria de haver, alicerçada na junção indefectível daqueles homens, tantas e tantas vezes assolados pela perfídia do inimigo, ocasiões a surgirem, para podermos desfrutar de bons momentos de lazer, já que tão essenciais elas se revelavam no alívio de almas angustiosas e inquietantes, que aquele malévolo poiso, acintosa e despudoradamente,  desencadeava.

Se, de todo, jamais poderíamos ficar indemnes a essas incontáveis vicissitudes resultantes das diversas contingências de uma guerra que não dava tréguas, forçosamente teríamos que arranjar formas capciosas de as enfrentar, a fim de serenar os nossos abalados espíritos. A confraternização entre todos, era a mola crucial para o esconjuro, e muito certamente a forma mais enternecedora para superar os fantasmas, que assolavam pungentemente os nossos lídimos sentimentos de aversão e revolta.

No geral, já com a Companhia instalada nas suas casernas-abrigo, e quando as tarefas não se tornavam impeditivas, as tardes propiciavam à junção de grupos mais afins, para reinventarem entretenimentos, e deixar passar o tempo insinuantemente, e que representavam autênticos momentos de um indelével prazer, à mercê da espontaneidade e da imaginação que cada um de nós fazia surtir, para vir a ser a preferida de momento.

Para além de incluir o arranjo de certos artefactos de carácter colectivo, tendentes ao conforto, como os casos de pequenas cabanas muito simples, onde coubessem uma mesa e bancos, de chuveiros em que a água emanasse em maior débito, ou até de zonas da lavagem de roupa ou das marmitas/latas do rancho, havia lugar às brincadeiras de puro divertimento e encanto, que a meninice retivera, mas com um único senão, que era a zona de recreio ser limitativa, imposta por razões de segurança pessoal. É que mesmo durante a claridade do dia, não se inibia a que houvesse olhos e ouvidos permanentemente atentos à emergência de putativos perigos advindos do exterior ao arame farpado.

Mas, se uns tinham mais apetência pelos jogos ao ar livre, outros preferiam os passatempos de caserna, onde preponderava a arte da prestidigitação dos baralhos de cartas, em que o jogo da sueca detinha uma larga primazia. Formaram-se parelhas de grande valia, particularmente difíceis de derrotar nalguns campeonatos que se realizavam a troco de umas cervejas frescas, que era a bebida de maior requinte, que de quando em vez até surgia em Gandembel.


Havia uns quantos, mais propensos a outros tipos de iniciativas, de índole branda e afectiva, que através de um singelo aerograma, buscavam corresponder-se com uma madrinha de guerra de encantamento e sedução, e que em determinadas circunstâncias, muitas vezes se vieram a tornar elementos fundamentais na estabilidade de temperamentos emotivos.

Havia também os mais artífices, que em geral, transformavam produtos utilizados da guerra, em pequenos e preciosos artigos de paz, que se guardavam como adereços de primazia, e ainda hoje perduram como gratificante recordação da comissão.

Mas, os de carácter mais expansivo, talvez os que melhor sabiam contrapor a tolerância às hostilidades, de forma a quietarem as suas incomodidades, entretinham-se no cantarolar ou assobiar as músicas das canções em voga, aprendidas nos bailaricos de há poucos meses atrás.

No trauteio dessas canções, havia uma colectânea vasta para fazer surgir o despique, como forma de reconhecer os mais exímios no ajuste ressonador dessas melopeias.

E daí, surgiu espontaneamente uma ocasião única, singular, um momento particularmente grato, de alguém ter concebido com imaginação e engenho, o hino de Gandembel. Após algumas sessões de requintada afinação, não duraria muito tempo para que não fosse amplamente aceite por toda a Companhia. 


(Continua)
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Notas do editor:

(*) Vd.  postes da série:

16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá

9 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1576: Fotobiografia da CAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (2): os heróis também têm medo´

12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1654: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (3): De pá e pica, construindo Gandembel

2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel

23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1935: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (8): Pára-quedistas em Gandembel massacram bigrupo do PAIGC, em Set 1968

19 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1971: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (9): Janeiro de 1969, o abandono de Gandembel/Balana ao fim de 372 ataques

18 de Setembro de 2007>Guiné 63/74 - P2117: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (10): O terror das colunas no corredor da morte (Gandembel, Guileje)

10 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2172: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/69) (Idálio Reis) (11): Em Buba e depois no Gabu, fomos gente feliz... sem lágrimas (Fim)

(**) Fonte:  REIS, Idálio - A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné: Gandembel / Ponte Balana. Ed. de autor, [Cantanhede], 2012, pp. 197-198.

sábado, 3 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6670: V Convívio da Tabanca Grande (14): Caras novas (Parte III): O João Barge, da CCAÇ 2317, que foi meu actor em A Cantora Careca, com o Rui Barbot/Mário Claúdio... (Carlos Nery)











 Monte Real, Palace Hotel, 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  > (*) Em cima (as três primeiras imagens), o João Barge e o Carlos Nery... Em baixo, o João Barge, ao meio, com o Idálio Reis (à direita, segurando uma cópia das letras do Cancioneiro de Gandembel) e o camarada,  advogado da Tabanca de Matosinhos, que, na Guiné, chegou a ser graduado capitão ou comandou a sua companhia (Imperdoável: não fixei o seu nome, espero que o Carlos Vinhal ou o Eduardo me dêem uma ajuda para colmatar esta branca; é outra cara nova nos encontros da Tabanca Grande, e que não precisa de convite para se juntar aos bravos do pelotão).

 

1. Comentário, com data de hoje,  de Carlos Nery ao Poste P6630:





E não é que, em Monte Real, fui encontrar o João Barge, outro dos "meus" actores de Bissau?!

O João, afinal, faz parte da Tabanca Grande e descobri-o agora, esteve comigo em Buba, também.

Eu explico, houve uma altura em que Buba foi terra de "muitas e desvairadas" gentes. Abria-se aquele "elefante branco" que foi a Estrada Nova, (um dia falarei nessa empresa que custou vidas, sofrimento e imenso esforço e que nunca serviu para nada); uma das unidades que ali esteve, creio que durante três meses, foi a companhia que estivera em Gandembel, a CCaç 2317, a que o Alf João Barge pertencia.

Certamente que o conheci nessa altura mas não me recordo. Mais tarde, quando em Bissau decidimos fazer A Cantora Careca,  creio que não tive a noção daquilo que havia sido a experiência de guerra do João.

Várias vezes o Barbot [hoje, o escritor Mário Claúdio,] me perguntara, mais recentemente, pelo João. Dali mesmo, de Monte Real, lhe comuniquei que o encontrara, finalmente, e que estávamos ali os dois. Pois está "na calha" um encontro, algures, destes três amigos!


2. Comentário de L.G.:

Como a gente costuma dizer, quando estamos sentados debaixo do poilão da Tabanca Grande, à sombrinha, protegendo-nos dos rigores da canícula, e descansando o corpinho da longa e difícil jornada do dia, "o mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande!". 

O João, já o conhecia, superficialmente, de um dos primeiros convívios da Tabanca do Centro. Ele é natural de (ou residente em) Leiria. Agora, o que não imaginava que ele era também um dos homens-toupeira de Gandembel e um dos famosos letristas do Cancioneiro de Gandembel. Daí ele aparecer ao lado do Idálio Reis que, de resto, me ficou de mandar uma cópia das letras do Cancioneiro (que não se resumem ao hino)... 

O João Barge, ex-Alf Mil, de rendição individual, que passou pela CCAÇ 2317 (Gandembel e Ponte Balana, 1968/69), vai honrar-nos, naturalmente, com a sua adesão formal à Tabanca Grande: falta-nos mandar a "chapa da tropa"...  A pouco e pouco, o encenador Carlos Nery vai juntando os actores que deram brado, em Bissau, no QG, na representação da peça A Cantora Careca, de Eugénio Ionesco (1909-1994), o franco-romeno, considerado um dos pais fundadores do Teatro do Absurdo. [Para quem quiser saber mais, vd. aqui o  texto em português de A Cantora Careca].


3. Comentário (posterior) de Arménio Estorninho:

Olá, Camarada e Amigo Carlos Ner  (já conhecemo-nos de Buba e dos almoços-convívio). Lá vai uma ajudinha aqui das bandas do Sul e com forte calmeiro de Sueste.

Na foto quatro, o Camarada e Amigo não identificado, trata-se do ex-Capitão Graduado  Inf Eduardo Moutinho F. Santos, hoje Advogado na cidade do Porto.  Comandou a CCaç 2381 "Os Maiorais", 1968/70 e tomando posse a 09/11/69, em Empada.

Distinto Oficial, Alferes Mil da CCaç 2366/BCaç 2845, foi Graduado em Capitão por actos praticados em combate que ilustram as Forças Armadas, por Despacho de 03/11/69 de S.Exª o General Comandante-Chefe.

Assim como, em 14/12/69, foi atribuído ao Comando da Unidade,  além da responsabilidade Militar, a da Administração Civil do Sub-Sector. Pela primeira vez na Província da Guiné.

Com um abraço amigo
Arménio Estorninho 

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Nota de L.G.:


(*) Vd. último poste desta série > 2 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6669: V Convívio da Tabanca Grande (11): Caras novas (Parte II): Jorge Araújo, Acácio Correia, Manuel Carmelita, Eduardo Campos... (Luís Graça)