Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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domingo, 12 de dezembro de 2021
Guiné 61/74 - P22801: Parabéns a você (2013): Francisco Palma, ex-Soldado CAR da CCAV 2748/BCAV 2922 (Canquelifá, 1970/72) e Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 10 de Dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22793: Parabéns a você (2012): Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700/BCAÇ 2912 (Dulombi, 1970/72) e Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA da BA 12 (Bissalanca, 1967/69)
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Guiné 61/74 - P22478: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XII: Mina A/C em 21/8/1966, e violento ataque ao Enxalé em 9 de setembro
João Crisóstomo
(a viver em Nova Iorque desde 1977)
1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)
CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé,
Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história”
como eu a lembro e vivi
(João Crisóstomo, luso-americano,
ex-alf mil, Nova Iorque) (**)
Parte XII:
Dia 20, 21 e 22 Agosto: Op Gorro
Não me parece que o relatório contenha uma “completa” informação sobre esta operação Gorro. Contudo eu não me lembro de pormenores que me possibilitem contradizer o que está escrito. A info pode estar correta, mas está definitivamente incompleta.
Se me não engano depois do rebentamento do engenho explosivo em que sofremos vários feridos, alguns deles graves, a CCaç 1439 voltou para o quartel no mesmo dia. O relato não menciona isso, mas dá a entender que a operação Gorro se prolongou no dia seguinte, dia 22.
Eu fazia parte deste deslocamento em que sofremos o rebentamento de uma mina, mas não me lembro da finalidade deste deslocamento. Não me lembro sequer se estávamos picando a estrada ; acredito que não. Não sei se era eu que estava a comandar a coluna (, penso que não!), pois a presença do médico de batalhão dá-me a entender que o efectivo das NT era mais do que um simples pelotão e que não era eu quem estava a comandar as NT.
No fim do relato deste dia vem mencionado que, além do Médico , o "Furriel Mil da CCav 1482 Higino F. Silva" também se distinguiu nesta acção ; o que confirma as minhas reservas sobre o relato, como está escrito.
Lembro sim que eu ia na frente ao lado do condutor, o António Figueiredo. Iamos numa GMC, uma viatura pesada. E eu não ia aí por acaso: eu sabia do natural nervosismo dos condutores de viaturas, especialmente em casos assim em que se "confiava” que "aquela estrada” era segura e não havia minas. E quis (, o que tentei fazer sempre durante todo o meu tempo na Guiné), "cutir confiança e descanso” de que não havia motivos para demasiados medos. Não quis nunca que houvesse nos meus homens a percepção de que eu pedia deles o difícil, ficando eu em local ou posição menos perigosa. Isso foi norma que segui desde o primeiro dia até voltar de regresso. E sei que os meus soldados o sentiam assim pois um dia sem querer eu tive disso provas. Como passo a descrever:
Lembro-me de estar em Bambadinca, creio que foi durante o mês que estivemos lá, antes de irmos para Enxalé. Sei que à minha frente apareceu um indivíduo que eu à primeira vista nem sabia quem era , mas logo o reconheci. Era o Jaime, ainda meu primo afastado, que vivia numa aldeia perto do meu casal e tinha sido meu companheiro de escola. Tenho bem vivo o que se seguiu, pois nunca esqueci mais o que me disse nesse dia. Depois de longa conversa (,ele estava no mesmo batalhão que eu, mas numa outra companhi), ele disse-me que "tinha uma coisa para me dizer” . E era que os meus soldados lhe tinham pedido para ele falar comigo; que "eles gostavam de mim, mas que eu era muito afoito”; e que não devia ser assim pois era muito perigoso para todos”. "Oh senhor Alferes", disse , imagine como o seu paizinho ia ficar se ele sabia disto!”.
Retomando o que me lembro: sei que de repente houve um grande estrondo e eu fui pelos ares. Dei comigo batendo com a cara no chão do lado direito da viatura; a minha G3 a meu lado, de cano enterrado no chão. A mina tinha sido preparada para rebentar na segunda passagem: a roda da frente passou, e a mina rebentou com o impacto da roda de trás. Os que vinham atrás, incluindo o médico do batalhão, foram todos pelos ares ; se tivesse sido uma viatura mais ligeira, o impacto teria causado vários mortos com certeza.
Felizmente que tínhamos tido o cuidado de reforçar dentro do possível todas as nossas viaturas pesadas. Havia mesmo uma viatura a que chamávamos "o granadeiro" que foi reforçada com chapas de aço a toda a volta, para a tornar "à prova de bala”; o chão da viatura ficou com duas camadas, de cimento e areia entre as duas camadas. O fim dela era exactamente de ir à frente de colunas para servir de ‘rebenta minas”…neste dia o granadeiro não fazia parte da coluna.
Lembro bem o ter ouvido disparos que me pareceram ser ao longe, como que alguém a dizer que tinha ouvido o estrondo da mina; mas não tenho lembrança de qualquer "emboscada” séria como dá a entender este relatório. Lembro sim de termos tomado posições de seguranca, e embora não lembre o “ tendo-se organizado um grupo de perseguição” acredito que se tenha procedido a buscas nos arredores, para prevenir quaisquer surpresas.
Lembro a chegada do helicóptero, que se destinava à evacuação do 1º cabo José Manuel Afonso Ferreira; e sabíamos que o médico Alferes Francisco Pinho da Costa também apresentava dificuldades; não sabíamos porém a sua gravidade, pois ele não deixava de prestar socorros a toda a gente. Só nos disse da sua gravidade quando o helicóptero já estava a chegar e ele disse que também tinha de ser evacuado: depois de violentamente projectado pelo sopro da mina , ao cair no chão tinha partido as pernas…
Copio literalmente o que está escrito no relatório sobre esta “op. GORRO”:
(...) "Dia 20, 21 e 22 Agosto — A CC 1439 realizou a Op Gorro na zona do chão balanta que consistia numa Batida na região de Colicunda. Tendo sondado o espírito da população balanta , parece o mesmo estar saturado da pressão In. manifestando a mesma popoulação desejar colaborar com NT. Não houve contactos com IN.exerceu-se uma acção de captação e simpatia na população balanta. Foi uma operação de grande desgaste físico.>>
Em 21 de Agosto as nossas tropas acionaram um engenho explosivo tendo simultaneamente sofrido uma emboscada na estrada de Porto Gole-Enxalé entre Porto Gole e Ressunhá. Apesar das NT sofrerem o rebentamento deste engenho explosivo, reagiarm eficazmente à emboscada IN tendo-se organizado um grupo de perseguição e tendo o IN dispersado, urtando-se ao combate.
Do rebentamento do engenho explosivo resultaram danos materiais e físicos:
(i)n Destruição de uma viatura GMC
(ii) Feridos das NT:
- Alf Mil Médico Francisco Pinho da Costa, do BCAÇ 1888, evacuado
- 1º cabo 682 1364 José Manuel Afonso Ferreira, evacuado
- 1º cabo aux. enfer. 647 4664, Alexandrino Pestana F. Leitão
- 1º cabo 182 6865 Carlos Tibúrcio Nunes
- 1º cabo 7351565, José Luís Fernandes Martins
- Soldado condutor 8563364, António de Almeida Figueiredo
- Sold 22665 António Francisco Caneca de Oliveira
- Sold 651 7665 Álvaro de Sousa
- Sold 0483065 José Dionísio Vieira de Castro
- Sold 09/63 Nagna Chete, da 1ª CCaç
- Sold da Polícia Administrativa 241/64 , Buli Mané.
Distinguiram-se nesta acção o Alferes Mil. Médico Francisco Pinho da Costa e o Furriel Mil da CCav 1482, Higino F. Silva.
Dia 9 de setembro de 1966- O Quartel de Enxalé sofreu um violento ataque IN:
Copio o que consta no “relatório":
(...) "Dia 9 de setembro de 1966 - O Quartel de Enxalé sofreu um violento ataque IN tendo este feito uso pela primeira vez nesta zona do canhão sem recuo além da Met Pes 12,7 e toda a gama de armas aut. com bazuca e morteiros 82 e 60.
Todo o pessoal reagiu da melhor maneira, opondo ao IN uma resistência tenaz. O ataque durou duas horas e dez minutos. Durante a madrugada organizou-se um grupo de perseguição, tendo sido detectado um grupo IN o qual depois de alvejado abandonou uma Met Pes 12,7 reagindo à força de perseguição com granadas de mão.
RESULTADOS OBTIDOS- O IN sofreu baixas em número não estimado. Foi apreendido o seguinte material:
- Uma Met Pes. 12,7 Degtyarev m/938/46 (DShK)
- Um cunhete de transporte c/1 G.E. Mort 82 e embalagem c/9 cgr.Blt.
- Uma granada de mão of. (RG4)
- Um carregador c/ cartuchos calibre 9 mm P.M. Beretta
As NT sofreram os seguintes feridos ligeiros:
- Furiel Mil Eduardo José Ferreira de Oliveira
- Soldado nº 56/65 Américo Fernandes
Referência elogiosa do Comandante Int. Militar: “Motivo de muito apreço a captura da Metralhadora Pesada 12,7 mm”. (...)
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Nota do autor:
Para não ser acusado de omissão e "desculpas de mau pagador” , devo acrescentar que tenho ouvido várias vezes que eu tive um papel pouco lisonjeiro neste acontecimento:
Com razão ou não, aqui fica o que várias vezes me têm dito : que o ataque, assim dizem, devia estar a ser preparado para ter lugar na manhã do dia seguinte mas que eu de alguma maneira forcei o IN a atacar mais cedo do que tinham intenção de fazer. Que eu fui à tabanca e aí acendi uma lanterna de mão. E o IN, pensando que eu estava os estava a descobrir, no mesmo momento abriu fogo e começou o ataque. Assim dizem !
Não me lembro mas é natural que fosse eu que estava de oficial de serviço nesse dia; se decidi ir à tabanca estava de serviço com certeza. A verdade é que eu não tinha em Enxalé nenhuma “bajuda” especial; mas, talvez para ajudar a passar o tempo, decidi dar uma vista de olhos pela tabanca de Enxalé que ficava mesmo pegada ao quartel, separada deste apenas uns 50 a 100 metros com uma rede de arame farpado a meio. Não me lembro dos pormenores senão do tiroteio que começou quando eu estava junto do arame farpado; e eu nem a minha G3 tinha trazido comigo. Lembro, sim, do inferno de ataque que de repente explodiu. E lembro de me ter atirado ao chão onde permaneci de cara e barriga contra o chão por muito tempo sem me mexer; e depois, não sei quando nem porquê, decidi que podia voltar-me: e de costas colado no chão eu via as balas tracejantes passando por cima. Eu ouvia bem o inferno do ataque e a nossa resposta; não sei quanto tempo passei nessa posição. Lembro que depois de muito esperar ( meia hora, duas horas? não faço a mínima ideia…) o fogo parou e eu fui a rastejar ( como eu tinha bem aprendido e praticado em Mafra…) e cheguei ao quartel.
Os meus cotovelos e os meus joelhos eram uma chaga… e lembro no dia seguinte o Zagalo todo empolgado a organizar um grupo para ir atrás do IN antes que este tivesse tempo de regressar aos lugares/bases de onde tinham vindo. Não me lembro desta mencionada metralhadora pesada, mas lembro ouvir que tinham visto muitos rastos de sangue, mas que não havia nenhum morto ou ferido, que o IN tinha tido muito tempo durante a noite de os levar com eles.
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 24 de agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6892: Armamento (4): Metralhadoras Pesadas (Luís Dias)
Origem: URSS
Calibre: 12,7 mm
Data de fabrico inicial: 1938
Comprimento: 1,625 m
Velocidade Inicial à Boca do Cano: 860 m/s
Alcance Prático em Tiro Terrestre: 2000 m
Alcance Prátio em Tito Anti-Aéreo: 1000 m
Peso: 35,5 Kg
Alimentação: Fitas de 250
Cadência de Tiro: 540 a 600 tpm
Munição: 12,7 x 108 mm
Peso: 35,5 Kg
Alimentação: Fitas de 250
Cadência de Tiro: 540 a 600 tpm
Munição: 12,7 x 108 mm
Funcionamento: Arma automática, a funcionar por gases.
(**) Último poste da série > 26 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22407: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XI: A partir de junho de 1966, e até 20 de agosto, primeiro ataque a Porto Gole, com metralhadora pesada 12.7
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21778: Fotos à procura de... uma legenda (138): um desertor do PAIGC, uma ave de grande porte e o manual do oficial miliciano, uma raridade (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)
Foto nº 1 > Guerrilheiro do PAIGC, equipado com uma pistola-metralhadora Shpagin PPSH-41 (Costureirinha). que se apresentou a uma patrulha da CCAÇ 3491, perto do quartel do Dulombi, em 8 de Março de 1973, vindo da zona do Boé, donde desertou, após o assassinato de Amílcar Cabral.
Foto nº 2 > O 1º Cabo Avelino, a segurar um pássaro de grande porte (que até hoje não conseguimos identificar), que teve o azar de pousar ou tropeçar num dos arames que ligavam as nossas minas AP, colocadas numa das frentes do quartel, em Dulombi.
Fotos (e legendas): © Luís Dias (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de Mensagem de Luís Dias [, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ
3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), o nosso especialista em armamento; tem cerca de 85 referências no nosso blogue]:
1. Mensagem de Mensagem de Luís Dias [, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ
3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), o nosso especialista em armamento; tem cerca de 85 referências no nosso blogue]:
Date: sexta, 6/11/2020 à(s) 12:27
Subject: Material que pode também interessar
Subject: Material que pode também interessar
Caro Luís Graça
Julgo ser uma ave de mar ou mesmo rio mas, de facto, apesar de ter visto muitas fotos de pássaros africanos não consegui ver o que era este bicho. Pode ser que alguém da nossa Tabanca Grande consiga identificar.
Junto também foto de um elemento do IN, equipado com uma pistola-metralhadora Shpagin PPSH-41 (Costureirinha). que se apresentou a uma patrulha da CCAÇ 3491, perto do quartel do Dulombi, em 8 de Março de 1973, vindo da zona do Boé, donde desertou, após o assassinato de Amílcar Cabral.[Foto nº 1].
Grande Abraço
Luís Dias
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Incluso fotos dos manuais do Oficial miliciano [, foto nº 3], em que o volume sobre operações contra bandos armados e guerrilhas era difícil de obter. Espero um dia destes oferecê-los ao Museu Militar, caso não os tenham.
Também uma foto do 1º Cabo Avelino, a segurar um pássaro de grande porte (que até hoje não conseguimos identificar), que teve o azar de pousar ou tropeçar num dos arames que ligavam as nossas minas AP, colocadas numa das frentes do quartel e que trazido para o quartel, ninguém quis degustá-lo, nem mesmo o pessoal da tabanca, porque não o conheciam. [Foto nº 2]
Junto também foto de um elemento do IN, equipado com uma pistola-metralhadora Shpagin PPSH-41 (Costureirinha). que se apresentou a uma patrulha da CCAÇ 3491, perto do quartel do Dulombi, em 8 de Março de 1973, vindo da zona do Boé, donde desertou, após o assassinato de Amílcar Cabral.[Foto nº 1].
Grande Abraço
Luís Dias
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Nota do editor:
Último poste da série > 17 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21775: Fotos à procura de...uma legenda (130): Pistas de leitura para uma festa do fanado mandinga, em 1973, em Bigene, região do Cacheu (Texto: Cherno Baldé; fotos: António Marreiros)
Último poste da série > 17 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21775: Fotos à procura de...uma legenda (130): Pistas de leitura para uma festa do fanado mandinga, em 1973, em Bigene, região do Cacheu (Texto: Cherno Baldé; fotos: António Marreiros)
sábado, 12 de dezembro de 2020
Guiné 61/74 - P21634: Parabéns a você (1905): Francisco Palma, ex-Soldado CAR da CCAV 2748 (Guiné, 1970/72) e Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491 (Guiné, 1971/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 10 de Dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21627: Parabéns a você (1904): Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700 (Guiné, 1970/72) e Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12 (Guiné, 1967/69)
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Guiné 61/74: P21559: Arte guineense, fula e mandinga (Luís Dias, ex-alf mil inf, CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)
Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > 1972 > O chefe da tabanca, com o traje usado durante o período do Ramadão [detalhe: usa ao peito um colar de prata, trabalho que só podia ser de ourives mandinga, vd. foto nº 8]
Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > 1972 > Cerimónia do Ramadão
Foto nº 3 > Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > s/d [c. 1972/74] > Arte fula; alfange e punhais, com bainha de couro
Foto nº 4 Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > s/d , c. 1972/74] > Arte mandinga, pulseira em prata do ourives de Bafatá
Foto nº 6 Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > 1972 > Arte fula; machados da fertilidade: o masculino, à esquerda;o feminino, à direita.
Foto nº 6 Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > 1972 > Arte fula [?} > O alf mil Luís Dias empunhando um canhangulo de caça grossa
Foto nº 7 Guiné > Região de Bafatá > Bafatá >> 1972 > Arte mandinga:trabalho do ourives de Bafatá, o Tchame, já falecido.
Fotos (e legendas): © Luís Dias (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto nº 8 > Guiné-Bissau > s/l > s/d > Arte mandinga: colares de prata
Fonte: Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Arte e cultura (2006) (com a devida vénia...)
Data - sexta, 6/11, 12:10
Assunto - mais fotos agora de material de arte fula
Seguem mais fotos, agora de arte fula e algumas de arte mandinga:.
(i) Arte fula: machados da fertilidade (representado à esquerda, o macho, e à direita a fêmea) [Foto nº 6];
(ii) Arte guerreira fula: alfange com com bainha de couro [, Foto nº 3];
(iii) Trabalhos em prata do famoso ourives de Bafatá [, de seu nome Tchame] [Fotos nºs 4 e 7];
(iv) Traje de cerimónia do Chefe da Tabanca do Dulombi, no período do Ramadão [Foto nº 1] e o Ramadão na Tabanca do Dulombi, ambas de 1972 [Foto nº 2];
7ª Um canhangulo usado pela população do Dulombi para abater animais de maior porte.
Foto nº 9 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1968/70 > O Tchame, o famoso ourives de Bafatá, em dia de Ramadão frente à Mesquita, com os seus dentes de ouro.
Foto nº 10 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1968/70 > Uma pulseira, executada pelo ourives de Bafatá, , que a minha amiga Regina Gouveia, esposa do nosso camarada Fernando Gouveia.
Por mais que uma vez estive na sua oficina, uma pequena palhota na tabanca da Ponte Nova. No chão uma pequena fogueira ladeada por duas pedras onde eram colocados os cadinhos para derreter os metais e onde, soprando com o auxílio de um maçarico de boca, se iam soldando os fios dos metais preciosos. Completava a oficina, uma pequena mesa com ferramentas rudimentares.
Lamento não ter tirado uma foto das instalações, mas não tinha flash. Numa das vezes fui lá com a minha mulher e comprámos-lhe uma pulseira (ver foto). Mas talvez o mais espectacular é que era o artífice das coroas de ouro dos seus próprios dentes, serviço que não fazia a mais ninguém. (...)
Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5384: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (18): Referências de Bafatá - Figuras típicas
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Guiné 61/74 - P21535: (Ex)citações (378): Talvez por causa de Madina do Boé... (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR, CCS / BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)
1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", com data de 9 de Novembro de 2020:
TALVEZ POR CAUSA DE MADINA DO BOÉ
Talvez como consequência do abandono de Madina do Boé e o grande espaço de progressão que ficou livre até à zona de Galomaro, resultou em 5 mortos no local e mais 3 em consequência dos ferimentos, em emboscada feita à CCS/BCAÇ 2912 nas Duas Fontes em Outubro de 1971.
A CCAÇ 3491 - Dulombi - Fevereiro de 1972
Logo no período de transição teve um encontro de frente durante uma patrulha com IN, do qual só por milagre não resultaram baixas, mas cantis e casacos furados por balas, foram vários tal a violência de parte a parte.
CCAÇ 3489 - Cancolim - 1972/73
Depois seguiu-se Cancolim. Já depois de duas flagelações, a 2 de Março de 1972, Cancolim foi fortemente atacada com morteiros 82 mm tendo daí resultado a morte dos seguinte camaradas:
José António Paulo - 1.º Cabo Atirador - natural de Mirandela.
João Amado - Soldado Aux. Cozinheiro - natural de Carvide - Leiria.
Domingos do Espírito Santo Moreno - Soldado Atirador - natural de Macedo de Cavaleiros.
No final de 1972 a CCAÇ 3489 tinha 60 operacionais.
Não ficou por aí e, assim, morreram ainda em combate, alguns já em 1973:
António Martinho Vaz - Soldado Atirador - natural de Grijó da Parada - Bragança
Álvaro Geraldes Delgado Ferrão - Soldado Ap Morteiro -natural de Silvares - Fundão
Domingos Moreira da Rocha Peixoto - Soldado Atirador - natural de Alto da Vila - Duas Igrejas - Paredes
Califo Baldé - Soldado Milícia - natural de Anambé - Cabomba - Bafatá
Samba Seide - Soldado Milícia - natural de Anambé - Cabomba - Bafatá
Juntamos a este numero duas deserções (um capitão e um alferes) e a captura do Soldado António Manuel Rodrigues, que veio a fugir do cativeiro para o Saltinho já nós estávamos para embarcar para a Metrópole.
CCAÇ 3490 - Saltinho - 1972
Armandino da Silva Ribeiro - Alf Mil Inf - natural de Magueija - Lamego
Francisco de Oliveira dos Santos - Fur Mil Inf - natural de Ovar
Sérgio da Costa Pinto Rebelo - 1.º Cabo Ap Metralhadora - Vila Chã de São Roque - Oliveira de Azeméis
António Ferreira [da Cunha] - 1.º Cabo Radiotelegrafista - Cedofeita - Porto
Bernardino Ramos de Oliveira - Soldado Atirador - Pedroso - V. N. de Gaia
António Marques Pereira - Soldado Atirador - Fátima - V. N. de Ourém
António de Moura Moreira - Soldado Atirador - S. Cosme - Gondomar
Zózimo de Azevedo - Soldado Atirador - Alpendurada - Marco de Canaveses
António Oliveira Azevedo - Soldado - Moreira - Maia (**)
Demba Jau - Soldado Milícia - Cossé - Bafatá
Adulai Bari - Soldado Milícia - Pate Gibel - Galomaro - Bafatá
Serifo Baldé - Assalariado - Saltinho - Bafatá
Juntar o soldado António Baptista feito prisioneiro, bem como os diversos feridos com mais ou menor gravidade.
CCS/BCAÇ 3872 - 1972/73
Manuel Ribeiro Teixeira - 1.º Cabo Rec e Inf - natural Cimo da Vila - Varziela - Felgueiras - Vítima de mina antipessoal na estrada do Saltinho.
Mamassaliu Baldé - Soldado Milícia - natural de Cossé - Bafatá
Mama Samba Embaló - natural de Cossé
Ila Bari - Soldado Milícia - natural de Campata - Nossa Senhora da Graça - Bafatá
Alberto Araújo da Mota - Alf Mil TRMS - natural de Curral - Pico de Regalados - Vila Verde - Evacuado com hepatite, morre 2 dias depois em Bissau.
Antes tinha sido evacuado o Soldado Radiomontador Carlos Filipe e aos 20 meses de comissão é igualmente evacuado com a mesma maleita o Alferes da ferrugem Amadeu.
Para fechar o ano de 1972 foi a CCS/BCAÇ 3872 violentamente atacada ao arame no dia 1 de Dezembro.
Em 1973 uma mina na estrada do Dulombi destrói Unimog e fere gravemente o meu camarada Falé que é evacuado e já não volta.
De referir o aparecimento de minas na estrada do Dulombi e ataques em Bangacia, Campata e Cansamba, tudo na região das Duas Fontes (entre 6 e 9 km de Galomaro).
Posteriormente a CCS bem como Cancolim foram reforçados com pelotões de Dulombi em retracção, que também reforçam operacionalmente Nova Lamego. Fomos também ajudados com grupos de intervenção independentes bem como com Paraquedistas.
Tendo o meu batalhão chegado à Guiné na véspera de Natal de 1971, a sua partida só se viria a efectivar em 28 de Março de 1974. Escrevo isto para situar o período das minhas narrativas e assim dar a perspectiva da alteração e da intensidade da guerra a que estivemos sujeitos. A violência, bem como o equipamento utilizado contra nós, foram assim sendo alterados de região para região.
Enquanto o alcance da nossa artilharia era ultrapassada largamente pelo o alcance da artilharia do PAIGC, também nos vimos privados da normal utilização de meios aéreos, pese a grande coragem com que os pilotos se forçaram a voar após serem confrontados com uma arma da qual ignoravam tudo, ou quase tudo.
E passo citar o TenGeneral António Martins de Matos no seu livro Voando Sobre Um Ninho De “Strelas”:
A guerra estava a entrar numa nova fase, nada de emboscadas e confrontos directos mas sim, de duelos de artilharia e seria de esperar o aparecimento de uma aviação rebelde/mercenária.
Duelos de artilharia? Interroga-se o autor. A grande maioria desses obuses estavam no Sul, autênticos monos da II Guerra com alcance não superior a 14.000 metros. Na maioria dos quartéis da Guiné só tinham direito a morteiros 81 mm (4000 metros) e ainda 11 morteiros 105 mm espalhados por diversos sítios de alcance igual.
O PAIGC usava o 120 (5700 metros) depois haviam os foguetes 122 mm (20.000 metros) e a breve trecho emprestados por Sekou Touré, peças de 130 mm (27.000 metros) e enquanto a artilhara utilizada pela guerrilha só podia ser posta em causa pelo aparecimento da nossa força aérea. Estas últimas peças fariam fogo directamente do Senegal e da Guiné Conácri e sete dos nossos aquartelamentos ficariam assim debaixo de fogo.
Tudo isto para relembrar que aquela guerra era intensificada consoante interesse do PAIGC, uma fez que lhe chegavam abastecimentos cada vez de maior qualidade e quantidade, enquanto a nós há muito enfermávamos de uma penúria franciscana.
PS: Publico os nomes dos nossos mortos porque lembrá-los é honrá-los e é uma obrigação registar os nomes de quem na flor da idade nos deixou.
*******************
O António Tavares que pertenceu à CCS do BCAÇ 2912, que nós fomos render, sobre a emboscada das Duas Fontes fez-me chegar a correcção sobre o numero de mortos e assim:
Na emboscada morreram 5 militares e posteriormente três dos feridos que foram evacuados vieram a falecer em resultado dos ferimentos.
Os mortos foram oito e não seis como eu tinha inicialmente escrito.
Da parte do ex-Alf Mil Luís Dias, que chegou a comandar a companhia do Dulombi, chegaram-me estas informações mais precisas sobre a actividade operacional do Batalhão 3872.
CURIOSIDADES OU NOTAS SOBRE A NOSSA ZONA
Podemos verificar que os 4 quartéis do Batalhão sofreram 22 ataques/flagelações (CCS-1; CCAÇ 3489 - 12; CCAÇ 3490 - 0 e CCAÇ3491 - 9) e que as Tabancas das nossas populações em redor dos nossos aquartelamentos sofreram 23 ataques/flagelações, sendo que 9 deles foram contra populações indefesas e num acto de salteadores de estrada, o IN roubou dinheiro e bens a 16 elementos da população que transitavam na picada Saltinho-Galomaro.
BCAÇ 3872
FLAGELAÇÕES E ATAQUES AOS NOSSOS QUARTÉIS
CCAÇ 3489 - CANCOLIM
8 Flagelações em 1972 (1 delas c/ 3 mortos, 5 feridos graves e 5 feridos ligeiros)
2 Flagelações em 1973
2 Flagelações em 1974
CCAÇ 3490 – SALTINHO
Não sofreram quaisquer ataques ou flagelações durante a comissão
CACAÇ 3491 – DULOMBI
3 Flagelações em 1972
4 Flagelações em 1973
2 Flagelações em 1974
CCS - GALOMARO
1 Ataque/flagelação em 1972 c/1 IN morto confirmado e prováveis feridos IN
MINAS ACTIVADAS E DETECTADAS
Cancolim: Mina A/P reforçada accionada c/1 morto e 1 ferido+mina A/C accionada c/12 feridos graves, 1 ferido ligeiro e 2 feridos pop.+2 minas A/P levantadas
Saltinho: 3 minas A/C levantadas e 1 A/P levantada
Dulombi: 2 minas A/C levantadas e 2 minas A/P levantadas
Galomaro: 1 mina A/P reforçada accionada c/1 morto+1 mina A/C reforçada accionada c/1 ferido grave
EMBOSCADAS/CONTACTOS/FLAGELAÇÕES AUTO
CCAÇ 3489 - 1 contacto com o IN, após flagelação ao quartel, em 1972+1 emboscada aos milícias em Anambé, em 1973 c/2 mortos e 1 ferido
CCAÇ 3490 - 1 emboscada no Quirafo c/ 9 mortos+1 milícia e 2 civis+1 militar capturado. 1 emboscada c/feridos e mortos do IN+1 contacto do IN c/milícias de Cansamange
CCAÇ 3491 - Flagelação numa operação no Fiofioli+1 emboscada/contacto com 4 feridos ligeiros nossos e mortos do IN (s/confirmação de quantos, mas a rádio do PAIGC referiu que tínhamos tido 8 mortos e eles também tinha tido mortos+1 emboscada/flagelação junto à recolha de águas no Dulombi+2 flagelações a coluna de escolta e protecção na estrada Piche-Buruntuma.
CCS - Contacto entre forças milícias e o IN, após ataque a Campata c/elemento IN capturado.
ATAQUES A TABANCAS EM AUTO-DEFESA E TABANCAS INDEFESAS
- Tabanca indefesa de Bambadinca/Cancolim, em 25/1/72;
- Tabanca indefesa de Mali Bula/Galomaro, em 1/2/72;
- Tabanca de Umaro Cossé/Galomaro, c/2 feridos civis, em 7/12/72;
- Tabanca de Campata/Galomaro, em 20/6/72;
- Tabanca indefesa de Sinchã Mamadu/Saltinho, na mesma data de 20/6/72;
- Tabancas indefesas de Sana Jau e Bonere/Saltinho, em 30/6/72;
- Tabanca de Cassamange/Saltinho, em 15/7/72;
- Tabanca indefesa de Guerleer/Galomaro, c/ morte de 3 prisioneiros civis e 1 ferido grave, em 27/7/72;
- Tabanca de Patê Gibele/Galomaro c/ 1 sarg. milícia morto+1 ferido grave e 2 feridos ligeiros da pop., em 11/8/72;
- Tabanca de Anambé/Cancolim c/1 morto (CCAÇ 3489)+3 feridos também da mesma CCAÇ, que ali estava de reforço, em 5/9/72;
- Tabanca de Sinchã Maunde Bucô/Saltinho, c/3 feridos IN confirmados, em 20/9/72;
- Tabanca de indefesa de Bujo Fulpe/Galomaro, em 26/9/72;
- Tabanca ainda indefesa de Bangacia/Galomaro, com 1 milícia e 2 civis mortos, no mesmo dia (26/9/72);
- Tabanca de Dulô Gengele/Galomaro, com 3 mortos IN confirmados e 3 mortos civis (que tinham sido feitos prisioneiros antes do ataque e que foram abatidos+1 ferido grave e 1 ferido ligeiro dos milícias e 4 feridos graves da pop e 5 feridos ligeiros da pop., em 17/10/72;
- Tabanca indefesa de Sarancho/Galomaro, com 2 mortos civis e 2 feridos civis;
- Tabanca indefesa de Samba Cumbera/Galomaro, c/1 ferido grave da pop., em 13/11/72;
- Tabanca de Cansamange/Saltinho, 17/12/72;
- Picada Saltinho-Galomaro c/16 elementos da pop. capturados e roubados dos seus haveres (dinheiro), em 18/1/73;
- Tabanca de Bangacia/Galomaro, c/2 mortos civis+2 feridos civis+2 feridos milícias, em 1/2/73;
- Tabanca de Campata/Galomaro, c/5 mortos do IN e 1 capturado+3 mortos milícias e 3 mortos civis, em 16/3/73;
- Tabanca de Sinchã Maunde Bucô/Saltinho, em 14/5/73;
- Tabanca de Bangacia/Galomaro, em 18/9/73;
- Tabanca de Madina Bucô, em 20/1/74.
09 de Novembro de 2020 às 21:26
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Nota do editor
Último poste da série de17 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21457: (Ex)citações (377): As visitas da D. Cecília Supico Pinto ao leste da Guiné (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)
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Guiné 61/74 - P21534: Armamento (11): Material apreendido ao PAIGC em 1972 e 1973, em Galomaro e Dulombi (Luís Dias, ex-alf mil, CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro, 1971/74)
Foto nº 1 > Mina A/C
Foto nº 2 > Tambor e fita de metralhadora ligeira Dectyarev RPD
Foto nº 4 > Baionetas de Kalashnikov AK-47 e AK-47/51
Foto nº 5 > Estilhaços de RPG 2 e de RPG 7
Fotos (e legendas): © Luís Dias (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Luís Dias |
Date: sexta, 6/11/2020 à(s) 11:56
Subject: Material que pode ter interesse de museu
Subject: Material que pode ter interesse de museu
Caro Luís Graça
Abraço.
Luís Dias
_____________
Atendendo ao teu pedido, seleccionei um grupo de fotos que talvez aches interessantes, relativos às nossas actividades na Guiné.
Assim segue um grupo de "roncos" ou prendas"... do PAIGC.
Foto nº 1 > Mina A/C levantada na picada Dulombi-Galomaro, em Outubro de 1972;
Foto nº 2 > Fita e tambor de metralhadora ligeira Dectyarev RPD, no calibre 7,62 x 45mm, apreendida num ataque a uma das tabancas da área de Galomaro, em 1973;
Foto nº 3 > Material apreendido num contacto com o IN em Março de 1972, em Paiai Lemenei-Dulombi.
Foto nº 4 > Baionetas de Kalashnikov AK-47 e AK-47/51, a primeira apreendida num ataque à tabanca de Campata- Galomaro e a outra, após contacto com o IN, na estrada Piche-Buruntuma, em 1973.
Foto nº 5 > Estilhaços de RPG 2 e de RPG 7, após flagelação ao aquartelamento do Dulombi, em 1972.
A seguir envio e-mail, com objectos da arte fula.
Abraço.
Luís Dias
_____________
Nota do editor:
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Guiné 61/74 - P21346: Notas de leitura (1306): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", livro de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, 2020, 241 pp.): a história escrita com paixão, memória e coração (José Martins)
Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > O 1º cabo Feliciano Delfim Santos, da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11 [Setúnbal], na linha da frente, é o terceiro a contar da direita para a esquerda. (*) Este batalhão foi colocado na Ilha do Sal, integrado no RI 24.
Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Cabo Verde > São Vicente > MIndelo > RI 23 > 1º Batalhão Expedicionário do RI 7 (Leiria) > 10 de setembro de 1944 > Chão de Alecrim > O 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, recordação da despedida de Cabo Verde, com dois 2ºs cabos nativos, seus amigos. (**)
Foto do álbum do pai do nosso camarada Luís Dias [ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872,´Dulombi e Galomaro,1971/74]
Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
José Martins, nosso colaborador permanente;
ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (Canjadude, 1968/70);
profissionalmemnte foi revisor oficial de comtas,
vive em Odivelas,
1. Mensagem.com data de ontem, José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70), nosso colaborador permanente:
Proposta de leitura do livro "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", da autoria de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 2020, 241 pp.) (****)
Se me fosse
proposto resumir, numa simples frase, o livro “Forças Expedicionárias a Cabo
verde, na II Guerra Mundial”, seria:
A história escrita com paixão, memória e coração.
Cabo-verdiano
de nascimento e nabantino ou tomarense por opção, Adriano Moreira Lima, coronel
da situação de reforma e nosso camarigo, transmite-nos, ao longo das quase duas
centenas e meia de texto e fotografias da época, a forma de vida e sentimentos
de dois povos: o metropolitano, na medida em que foi representado pelos
militares que para o arquipélago foram destacados; e o povo cabo-verdiano, nas
populações que tão bem souberam receber os que ali aportaram.
No início dos
anos quarenta do século XX, com o eclodir da II Guerra, numa atitude dissuasiva
do governo português, apesar da neutralidade declarada, enviou para as ilhas
atlânticas milhares de militares, não deixando de continuar a embarcar para
África – Angola e Moçambique – destacamentos de reforço às guarnições locais.
O
maior contingente foi destinado ao arquipélago dos Açores, com cerca de 30.000
militares, sendo o envio para a Madeira de uma força de mais ou menos 1.000
militares, como reforço das unidades recrutadas localmente.
Cabo
Verde foi o destino de quase 6.000 militares, a serem distribuídos pelas ilhas
de S. Vicente, cerca de 3.000; para o Sal, em número de mais de 2.000; e para
Santo Antão, mais de 700 militares.
Não
podemos esquecer que a plataforma continental poderia ser, aliás como se veio a
provar, pretendida não só pelos espanhóis como pelos alemães, para expansão do
território no primeiro caso, apesar da Tratado Ibérico, e na segunda hipótese,
para obstar o desembarque, de forças inglesas, nas costas de Portugal.
Caso
algum desses cenários se verificasse, o governo português rumaria para os
Açores, mas havia que assegurar um efectivo militar que activasse o
retardamento das tropas invasoras, quer pela destruição de estradas e pontes com
utilização de explosivos, pela engenharia, quer pela utilização de forças
combinadas, infantaria e artilharia, em acções de emboscadas
[Ver Rós Agudo, Manuel – A Grande
Tentação, Os Planos de Franco para Invadir Portugal - Casa das Letras, Setembro
de 2009, páginas 228 e 328 a 333, e «https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Felix»
(consultado em 10/09/2020)].
No aspecto social,
não há duvida alguma do impacto que a chegada dos militares teve na vida das
populações. A população da ilha de São Vicente, estava estimada em cerca de
15.000 habitantes; com a chegada de 3.000 militares, houve uma alteração
demográfica, ainda que temporalmente, de mais 20% dos habitantes.
Capa do livro de Adriano Miranda Lima: Preço de capa (incluindo portes
de correio: 12 €). Pagamento através de transferêmcia bancária:
IBAN PT50 0035 0813 00010554900 36
Pedidos ao autor: endereço de email:
limadri64@gmail.com
Como indica no
texto, inicialmente, Adriano Lima, tinha em mente descrever a acção do seu RI
15, mas acaba por fazer menção às outras unidades, a tal ponto que, tendo eu
investigado sobre o batalhão do RI 7 (Leiria), acabarei por encontrar mais
elementos e fotos que, ou me escaparam ou não me “empenhei” tanto quanto devia,
apesar da minha investigação não ser só sobre o período de 1941 a 1944. Há
referências aos batalhões de infantaria saídos de Tomar (RI 15), Caldas da
Rainha (RI 5), Leiria (RI 7), Setúbal (RI 11) e Abrantes (RI 2), assim como de
outras armas, mormente artilharia, que foram guarnecer Cabo Verde.
No serviço de
saúde, que além de servir a população militar foi estendida à população civil,
havia além das enfermarias regimentais, Hospitais Militares em São Vicente e
Sal, tendo como Hospital de retaguarda, o Hospital Militar da Estrela, para
onde seriam enviados os militares que necessitassem de cuidados mais
especializados ou prolongados.
Os que
morreram devido a doença ou acidente, e que foram inumados nos cemitérios
locais, lá estão todos enumerados. Porem o número de baixas mortais poderá ter
sido superior, pois pode ter havido casos de morte nos evacuados para o .HMP [, Hospital Militar Principal, Lisboa].
Os
“protagonistas” deste livro, é a geração imediatamente anterior â nossa. Daí
haver entre os combatentes, que fazem parte da Tabanca Grande, membros cujos
pais ou tios, estiveram nesta expedição.
O livro refere
que não há muita informação, oficial ou oficiosa, que nos permita estudar a
presença de militares portugueses nesta expedição. Tal facto pode resultar da
destruição ou extravio da documentação gerada nesse período, Os batalhões
expedicionários ao serem constituídos, passavam a ter “Ordens de Serviço”
autónomas às dos regimentos; por outro lado, no caso da infantaria que era para
ser constituída em “Comando de Batalhões”, evoluiu para a constituição de dois
Regimentos de Infantaria, os números 23 (São Vicente) e 24 (Sal), agregando as
forças dos batalhões, originando nos arquivos militares, novas cotas.
Faço votos para que, com o aparecimento deste
livro, os descendentes destes militares – nós, os nossos filhos/sobrinhos e
netos – recuperem dos baús da memória, e óptimo seria com fotos com legendas, a
documentação que “está ali” à espera de uma oportunidade para ver a luz do dia.
Sim, porque memórias na primeira pessoa já não deve haver, mas há, ainda, quem
se recorde de factos contados nas reuniões de família, ou naquelas alturas em
que vinham à memória “as mornas de Cabo Verde”, e a saudade «falou para os mais
novos», na altura.
Apesar de ter
sido esse a solicitação do Luís Graça, por não estar tão envolvido nestes
factos como o Luís pois, os seus escritos e o acervo fotográfico foram, sem
dúvida, uma “mais valia” para o texto que nos é apresentado, sendo também, uma
homenagem a quem, até ao fim dos seus dias, sempre recordou a sua passagem por
aquelas paragens agrestes.
Não me achei
com a capacidade de escrever a recensão do Livro (*****), mas tão só uma pequena nota a
incentivar a leitura do mesmo. E não estou tão “longe ou afastado” deste tema,
apesar de não ter tido familiares à época, em condições de ser mobilizado.
Porém, as “buchas” que introduzi neste apontamento, são fruto, de alguma forma,
devidas, ao estudo da matéria em questão.
O livro
“Forças Expedicionárias a Cabo Verde”, reúne e amplia alguns textos do blogue
“Praia do Bote”, assim como se suporta no excelente espólio de “Luís Graça e
Camaradas da Guiné” através da rubrica “Meu pai, meu velho, meu camarada”.
Resumindo:
Dentro de vinte anos comemorar-se-á o centenário desta expedição.
A História Militar deste país pouco tem sobre a matéria, mas os homens que escreveram
estas páginas de glória, não podem ficar no esquecimento.
Esperemos que
as entidades militares e civis, unam esforços, recuperando nos arquivos que
existem – ordens regimentais, cadernos de recenseamento, processos individuais –
o nome de quem foi para as ilhas atlânticas, e se possa dar à estampa, novos
factos e nomes de Portugal.
10 de Setembro de 2020
____________
Notas do editor
(*) Vd. poste de 29 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17000: Meu pai, meu velho, meu camarada (50): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte I: A caminho da ilha do Sal, com chegada, a 23/6/1941 à Ilha de Santiago, no vapor "João Belo"...
(**) Vd. poste de 9 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4926: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, S. Vicente, 1943/44 (Hélder Sousa)
(***) Vd. poste de 25 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9657: Meu pai, meu velho, meu camarada (26): Porfírio Dias (1919-1988), ex-sold aux enf, Cabo Verde, São Vicente, Mindelo (de 18 de julho de 1941 a 7 de maio de 1944) (Luís Dias)
(****) Vd. poste de 8 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (728): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio.
(*****) Último poste da série > 10 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21344: Notas de leitura (1303): "O Cântico das Costureiras", de Gonçalo Inocentes (Matheos) - Parte II (Luís Graça)
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quinta-feira, 25 de junho de 2020
Guiné 61/74 - P21110: Armamento (10): As novas Armas Ligeiras para o Exército (Conclusão) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
1. Lembrando a mensagem de 22 de Junho de 2020 do nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ
3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74):
Caríssimo Luís Graça
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21.
Também uma referência para o novo tipo de camuflado.
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar.
Obrigado e um grande abraço.
Luís Dias
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Nota do editor
Postes anteriores de:
23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
e
24 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21106: Armamento (9): As novas Armas Ligeiras para o Exército (2) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
Caríssimo Luís Graça
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21.
Também uma referência para o novo tipo de camuflado.
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar.
Obrigado e um grande abraço.
Luís Dias
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Nota do editor
Postes anteriores de:
23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
e
24 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21106: Armamento (9): As novas Armas Ligeiras para o Exército (2) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Guiné 61/74 - P21106: Armamento (9): As novas Armas Ligeiras para o Exército (2) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
1. Lembrando a mensagem de 22 de Junho de 2020 do nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ
3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74):
Caríssimo Luís Graça
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21.
Também uma referência para o novo tipo de camuflado.
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar.
Obrigado e um grande abraço.
Luís Dias
(Continua)
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Nota do editor
Poste anterior de 23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
Caríssimo Luís Graça
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21.
Também uma referência para o novo tipo de camuflado.
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar.
Obrigado e um grande abraço.
Luís Dias
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(Continua)
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Nota do editor
Poste anterior de 23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
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