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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16096: Álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69) - Parte I: Bissau e Bissalanca, 1968


 Foto nº 1 > 1968 > Bissau, numa esplanada, á espera do embarque para férias. O José Salvado é o primeiro da direita


Foto nº 2 > 1968  > Bissau: porto, com a estátua de Nuno Tristão, no final
da Av da República, hoje, Av Amílcar Cabral...  Era a principal artéria da cidade, vinha da Praça do Império ao Cais do Pidjiguiti.



Foto nº 3 > 1968 > Bissau: Praça do Império e palácio do Governador


Foto nº 4 > 1968 > Bissau, av da República


Foto nº 5 > 1968 > Bissau, rua


Foto nº 5 > 1968 > Aeroporto de Bissalanca. Na pista, um Super Constellation, da TAP


Fotos: © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados



1. Primeira parte do álbum de fotografias do novo membro da nossa Tabanca Grande, José Salvado, ex-fur mil arm pes inf, CART 1744 (São Domingos, 1967/69). É natural da Covilhã, vive hoje nas Caldas Raínha onde é advogado. Também passou por Angola onde foi administrador de posto (1969-1975).

A CART 1744 chegou ao TO da Guiné  em 25 de julho de 1967, sendo colocada em S. Domingos, na região do Cacheu, como companhia de intervenção. Fez operações em S. Domingos, Susana, Ingoré, Cacheu e Sedengal.

O José Salvado veio de férias à metrópole em 1968. Regressou a casa no T/T Niassa, com partida a  15 de maio de 1969, e desembarque  em Lisboa no dia 21.

_______________

Nota do editor:

Vd. poste de 15 de maio de 2016 >  Guiné 63/74 - P16091: Tabanca Grande (486): José Salvado, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CART 1744 (São Domingos, 1967/69); foi também Administrador de Posto em Angola, é hoje advogado, vive nas Caldas da Rainha, e passa a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 715

domingo, 6 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15452: (Ex)citações (303): Eu e o marinheiro a bordo de um avião da TAP, a caminho de Lisboa... Um conto do vigário: o 'negócio chorudo' das fotografias do deserto do Sara... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

1. Comentário do Valdemar Queiroz ao poste P15445 (*)


[Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; , foto à esquerda, em Contuboel, 1969]


Viva, caro Juvenal Amado.

Este teu conto do vigário foi muito 'contado' e 'cotado', naqueles anos em que havia tantos filhos na guerra colonial. Era fácil ao vigário — o que faz as vezes do outro — burlar os pais, principalmente as mães, que só queriam o melhor para os seus filhos.

Mas, o que se passou comigo brada aos céus dos contos do vigário. Brada aos céus por ser o mais totó, o mais naif, o mais inocente dos contos do vigário. Senão vejamos.

Vinha no avião da TAP, passar as minhas férias a Lisboa, quando se avistou, nas janelas do lado direito do avião, o deserto do Saara. Todos fomos ver, cá de cima, o deserto lá em baixo e até houve fotografias do deserto. 

O deserto do Sara visto de satélite. Foto da NASA, imagem do domínio
público. Cortesia da Wikimedia Commons.
Acabou o visionamento do deserto e eis que chega ao pé e mim um tropa, com uma máquina fotográfica, dizendo:
— Não vendo estas fotos a ninguém!.

Sentando-se ao meu lado,  propôs-me logo um negócio garantido:
— Tirei umas fotos ao deserto que são vendidas como água. 
—  Se calhar... —, respondi eu.
 — Eu sou marinheiro, vou de férias e se o... o furriel avançar já com mil pesos para se fazer, em Lisboa, muitas cópias que são facilmente vendidas...  — dizia ele. — E eu também regresso à Guiné, daqui a um mês, depois das férias... Vamos ganhar um dinheirão e logo fazemos contas.
— Pois é, não digas isso a ninguém, o que a rapaziada mais gosta é fotos do deserto, e é pena não teres do oceano Atlântico — disse eu,  e lá seguimos até Lisboa sem mais conversa.

Evidentemente, que no regresso de férias, a Bissau, do marinheiro/fotógrafo nem pó. Mas, esta das fotografias do deserto é boa e não lembra ao diabo num conto do vigário. (**)

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15211: O nosso querido mês de férias (17): Vim a casa uma vez, em agosto de 1965, na TAP, num Super Constellation, como simples passageiro... e estava longe de imaginar que cinco anos depois estaria aos comandos de um Caravelle, como piloto da mesma, saudosa, companhia... (João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)


O João Sacôto, em 1965, vinha de Catió para fazer férias de verão na metrópole. Embarcou em Bissau num Super Constellation L1049. Muito longe de imaginar que, em 1970, viria a pertencer aos quadros da TAP como Piloto de Linha Aérea.

Fotos: © João Sacôto (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem de ontem do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes [, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66): comandante da TAP, reformado]

Assunto - O meu querido mês de férias

Vim de férias à Metropole uma vez, no verão de 1965. Coincidiu com uma carga de paludismo intensa, mas, com tudo já planeado há meses, e a ansiedade de umas férias com a família (meus pais, mulher e filha com 3 anos) não quis alterar nada. 

Embarquei em Bissau num Super Constellation L1049 da TAP.

Nessa altura estava bem longe de imaginar que, mais tarde, em 1970, viria a pertencer aos quadros da empresa com a profissão de Piloto de Linha Aérea. Já não voei o Super Constellation L1049 mas antes o saudoso Caravelle da Sud Aviation, o Boeing 707, o Lokeed Treestar, o Boeing 737 e finalmente o Airbus 310.

Durante a viagem para Lisboa ia causando, involuntariamente, um incêndio a bordo. Após a refeição e, como na altura fumava viciadamente e era permitido fumar a bordo, ainda antes de me tirarem da frente o tabuleiro da refeição, que, na altura era encaixado nos braços da cadeira, acendi o meu cigarro que devido ao meu estado palúdico, me soube tão mal, que logo o quis apagar. O facto de o cinzeiro se encontrar implantado no braço da cadeira, portanto de difícil acesso devido à colocação do tabuleiro da refeição e provavelmente, também aos meus tremores, a beata acabou por se introduzir entre o braço da cadeira e a antepara do avião.

Apesar dos meus esforços para o recuperar, isso não me foi possível e a solução foi chamar uma hospedeira, mais tarde designada por assistente de bordo, que, munida de uma cafeteira, despejou alguma água no sítio para onde tinha caído a ponta do cigarro. 

Chegado a Lisboa, matei as saudades e curei o paludismo assim como uma anemia que se associou ao meu estado de saúde. Passado um mês, acabaram as férias e regressei à Guiné e à minha unidade em Catió a CCaç 617.

Sobre a TAP e sua História, posso acrescentar que em 1974 e, após a nacionalização, a Companhia entrou numa recessão, que durou cerca de dez anos.

Foram vendidos à PIA (Pakistan International Airway) os 3 Boeing 747 e o pessoal deixou de receber os tão apreciados dividendos no fim de cada ano (foram, para não mais voltar).
________________

Nota do editor:

Último poste da série 6 de outubro de 2015 > Guiné 63/73 - P15209: O nosso querido mês de férias (16): Férias em Bissau para tirar a carta de condução de pesados (Abel Santos)

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Guiné 63/73 - P15205: O nosso querido mês de férias (15): em agosto de 1971, entre a praia da Nazaré e as tertúlias de Vila Franca de Xira... enquanto em Lisboa, tudo na mesma, isto é, a vida corria... (Hélder Sousa)













Nazaré > Sítio da Nazaré > 24 de novembro de 2007 >  A terra que é, toda ela,  um magnífico "postal ilustrado",  e onde o Hélder Sousa,  passou 15 dias das suas férias da Guiné em agosto de 1971...

Fotos: © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]



1. Mensagem de Hélder Valério de Sousa [ ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche eBissau, 1970/72]


Data: 30 de setembro de 2015 às 15:21
Assunto: Ainda as "viagens de férias". A propósito da "sondagem/inquérito".

Caros camaradas

Incentivado pelo comentário do Carlos V e, já agora, pelo que ele escreveu relembrando as suas férias, posso acrescentar mais alguma coisa às minhas, que entretanto foram sendo relembradas. Enquanto escrevia vi o comentário do Luís sobre o casamento, mas sobre esse assunto, as razões, os motivos, podem ficar noutro artigo.

Realmente o custo das viagens de ida e volta deveria ter sido então os tais 6.190$20 que foram liquidados em prestações. Acho que sim.

É bem verdade que isto que nos foi proposto para relembrarmos as nossas férias (*), onde foram passadas, se é que foram, e quantas vezes, não é uma verdadeira sondagem (palavra agora muito em voga), é apenas um inquérito, um incentivo à participação e que também pode servir para 'medir' mais coisas, por exemplo os nossos "estados de alma", a situação da chegada, a ansiedade, ou não, do regresso, e também sobre a capacidade económica de quem veio gozar férias à "Metrópole".

Não é certamente surpresa para ninguém que naqueles tempos a diferenciação 'social' e por extensão a hierarquia militar originasse situações de potencial económico diferentes para as diferentes 'camadas'. Por isso as respostas ao "inquérito" acabam por reflectir isso mesmo, não vejo razão para criticar a existência, em si mesmo, da "sondagem", basta mudar o nome e concluir o que já foi referido e que é que também, ainda hoje é assim, aqueles que tinham um enquadramento mais baixo tinham, em regra, menores habilitações, menores rendimentos e como tal, também de um modo geral, acedem menos a estes meios informáticos, pelo que a sua "amostra" fica prejudicada. Mas explicada.

Voltando às viagens...

A Guiné tinha a 'vantagem' em relação aos outros TO (Angola e Moçambique) de ser mais perto e os custos das viagens serem menores. Daí que, para aqueles que tinham meios económicos próprios, ou que os conseguiram obter, a partição (quando possível) do período da comissão em três permitia as tais duas viagens. Foi o que aconteceu comigo. Cheguei lá na primeira metade de Novembro de 70 e vim de férias na segunda metade de Julho de 71, oito meses depois, sensivelmente. A 2ª viagem foi de meados de Março a meados de Abril de 72, também sensivelmente.

Quanto às reacções quando cheguei e às vésperas do regresso, acho que não foi muito diferente do que já li por aqui, claro que com a 'nuances' próprias.

O Hélder Sousa no seu quarto em Bissau
(c. 1971/72)... Elegantíssimo
Não me recordo se avisei da data exacta da chegada para me irem buscar ao aeroporto mas acho que sim pois já tenho ouvido dizer que vinha 'muito magro e que um braço dava para agarrar pela cintura' (tomara agora essa 'elegância'....).

Retenho que no imediato me sentia como se estivesse num local estranho, as coisas, o movimento à minha volta não se encaixavam no meu (re)conhecimento. Parecia que estava 'no ar'. 

Aos poucos fui-me habituando mas o que mais me caracterizava era o meu mutismo, coisa estranha para a maioria dos amigos, já que eu era um tanto expansivo. Visitei os vários familiares procurando vincar que 'estava bem'. Fiz uma quinzena de férias na Nazaré, na casa do costume, da D.ª Maria José e do Sebastião Pinto Caneco.

Lembro-me de olhar por vezes à volta e aquela alegria toda do pessoal na praia, ao sol, no mar, etc., me incomodava quando o pensamento voava para a Guiné (e isso acontecia frequentemente), sendo que aí recordava uma passagem dum poeta português que, estando em Angola, reflectia sobre o que se passava na rectaguarda e escrevia ".... em Lisboa, na mesma, isto é, a vida corre!". Assim era ali também.[O poeta é o Manuel Alegre, que escreveu o já clássico "Nambuangongo, meu amor", e que curiosamente voltou a Nambuangongo, 48 anos depois, em 2010.] [LG].

O emblema da UDV - União
Desportiva Vilafranquense
Estive com amigos da "vida artística", de várias interpretações de como a sociedade devia evoluir.

Tive uma longa confraternização (quase um dia) com um amigo que entretanto tinha mudado de nome e de morada, onde se discutiu muito sobre a situação do País e da guerra, em particular da Guiné. Estive com outros que me davam outras perspectivas. Cada um procurava captar a minha atenção e simpatia. Fui-me mantendo equidistante, mas atento.

Em Vila Franca, terra da minha formação de cidadania, fiquei também um tanto perplexo como as coisas evoluíam. Antes de me ir embora havia uma Pastelaria, a "Lezíria", que era um local normalmente frequentado pela classe média e onde as 'mães de família' passavam o tempo com as suas meninas, bebendo chá, bolos, galões e outras coisas próprias das pastelarias. Era um local com pesados reposteiros a decorar os vãos de janela.

Pois esse local foi-se transformando aos poucos num 'ponto de encontro' em horas mais tardias, para aqueles de nós que saíam
 da Secção Cultural da UDV  [, União Desportiva Vilafranquense] 
e que iam beber um copo de leite quente retemperador, em tempo de inverno. Esse local rapidamente passou a ser conhecido entre os jovens como o "Kremlin", como alusão à actividade conspiratória que ia acontecendo.

Aquando dessas minhas férias, em Agosto de 71, já era mais conhecido como "Mesopotâmia".... acho que injustamente, mas era um 'sinal dos tempos'....

Quando se aproximou a data do regresso as coisas ficaram um bocado mais tensas. Os silêncios maiores. O olhar mais vago, mais "ausente". Mas a determinação mantinha-se e com maior ou menor angústia lá se embarcou para o regresso a Bissau, com passagem e paragem sem saída, no Sal. À chegada o tal choque térmico já por várias vezes aqui relatado, foi tal e qual como descrito.
Depois,.... depois foi o retomar da actividade!

Da 2ª viagem darei conta depois.

Abraços

Hélder Sousa

__________________

Nota do editor:

(*) Último poste da série >  5 de outubro de 2015 > Guiné 63/73 - P15204: O nosso querido mês de férias (14): À procura de aconchego, e de amor temperado com algumas paródias, que um mês, naquele tempo, passava muito depressa (José Manuel Matos Dinis)

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Guiné 63/73 - P15178: O nosso querido mês de férias (11): vim duas vezes... e na segunda casei-me (Hélder Sousa); vim duas vezes... e na segunda já não regressei (António Murta)

Mais dois depoimentos sobre o tema "férias na metrópole" (*)

(i) Hélder Valério [ex-fur mil trms TSF, PicheBissau, 1970/72]

Caros camaradas

Em relação ao inquérito sobre as férias na metrópole (*), tenho a dizer que fiz a minha votação, e que vim duas vezes, a casa, a primeira em julho/agosto de 71 e a outra em março/abril de 72 durante a qual ocorreu o meu casamento.

Eram voos TAP directos Bissau-Lisboa e via Sal na volta. Não me recordo do valor correto mas tenho comigo, em mau estado, documentos da Agência de Viagens Costa em que é referido um valor de 2.190$20 relativo ao "fornecimento de passagens" entre BXO/LIS/BXO para os quais estou a entregar 1.000$00, ficando um saldo de 1.190$20.

No entanto, num outro documento é referido que "entreguei para crédito da conta “ o valor de 4.000$00”. Deste modo, como não tenho mais informação e não me lembro, não chego a nenhuma conclusão sobre o real valor das passagens. [Talvez 6190$20, acrescenta o editor]. (**)

Abraço.
Hélder Sousa


(ii) António Murta [ex-alf mil inf Minas e Armadilhas, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)]

Amigos e camaradas.

Fui dos que puderam vir duas vezes de férias. A primeira em novembro de 1973 após 9 meses de comissão e, a segunda, em agosto de 1974 (sem regresso),  numa altura em que estava nos limites da minha resistência.

Arrependi-me das duas vezes: na 1ª, embora me tivesse sabido bem rever os meus, não tinha contado com o engulho de um regresso sabendo ao que ia. Porque na ida inicial havia expetativa e curiosidade por África que, para mim, era uma paixão (e foi) mas nesse regresso sabia que ia para o inferno.

Ao aproximarmo-nos de Cabo Verde e ao sentir o começo dum suorzinho no corpo, que eu sabia ser para uma eternidade, apoderou-se de mim uma agonia como se o destino fosse o calvário ou o tal inferno. Quando se abriu a porta do avião (da TAP) em Bissau e eu ali mesmo em frente, senti um bafo quente e húmido tão violento no corpo e na alma como se tivesse sido atingido por uma luva de boxe. Não chorei por vergonha.

Da 2ª vez vim por já não aguentar o impasse no nosso destino e no da Guiné. Como já tinha a viagem paga há muito, pensei que vinha desopilar e depois voltava para juntar os tarecos e fazer as malas. Não voltei mais. Também ignoro, ainda hoje, se o meu Batalhão já regressou.

Já agora deixo um alerta ao camarada J. Cabral [que diz que veio duas vezes mas que lhe falta pagar metade da segunda viagem]. Por favor,  não pagues o resto da viagem porque eu já ta paguei e só agora é que me lembrei! É que, como não regressei e a TAP se recusou a restituir-me a metade da viagem, eu disse-lhes que não fazia mal porque ficava para saldar a conta do meu amigo J. Cabral.

E se a dívida era a uma agência de viagens? Não interessa porque eu, furioso, rasguei o bilhete e atirei-o para cima do balcão na sede da TAP... (**)

Um grande abraço a todos.
A. Murta

(**) Último poste da série > 29 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15173: O nosso querido mês de férias (10): Eu fui um dos que nunca teve férias...Razão: por ser o "eterno comandante interino"... No máximo, passei oito dias em Bissau a tratar de assuntos oficiais... e a descansar não ficar de todo "apanhado do clima"! (Manuel Vaz, ex-alf mil, CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15171: O nosso querido mês de férias (9): Fui a Lisboa, a casa, com 6 meses, em outubro de 1969, conhecer a minha filha mais velha que tinha acabado de nascer em setembro (Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 2590/ CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)



Guiné > Bissau> Outubro de 1969> Café Avenida> "Uma mesa cheia de criptos"... Do lado direito, o ex-1º cabo cripto da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuiboel e Ba,badinca, 10659/71), o Gabriel Gonçalves, mais conhecido por GG; do lado esquerdo, o autor da foto, o grã-tabanqueiro Luís Camões, 1º cabo op cripto da CCAÇ 2589 (Mansoa, 1969/71).

Foto: © Luís Camões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Texto do nosso querido amigo e camarada Gabriel Gonçalves (*):

Caros amigos editores da nossa Tabanca Grande:

A propósito da sondagem sobre as férias na metrópole, aí vai uma foto tirada em Bissau, em outubro de 1969, no conhecido Café Avenida, com o título "Uma mesa cheia de criptos".

Esta foto foi-me enviada  pelo nosso camarada e tertuliano Luís Camões, que pertencia à CCAÇ 2589 sediada em Mansoa, onde se encontrava o BCAÇ 2885.

Nesta foto, pode reconher-se, da esquerda para a direita;  

o (i) Camões;

 (ii) o nosso camarada a seguir não nos lembramos do nome, mas pertencia ao batalhão dos velhinhos de Mansoa e era das transmissões; 

(iii) a seguir o Brazão que também era operador cripto da companhia do Camões; 

(iv) depois o Gabriel Leal , op cripto de rendição individual, QG, Bissau;

e, por fim,  (v) eu, em primeiro plano, do lado direito.

Podem  ver, por baixo do meu banco, um saco da TAP [, assinalado na foto, com um retângulo a vernelho].. No dia seguinte [, já não posso precisar o dia em que a foto foi tirada, mas foi em outubro de 1969, quando eu já tinha cerca de seis meses de Guiné,], ia eu apanhar o avião para Lisboa, para ir conhecer a minha filha mais velha que tinha nascido no mês anterior (**).

Um abraço
GG

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Notas do editor:

(*) Sobre o GG, vd. postes de;


domingo, 27 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15165: O nosso querido mês de férias (7): Entre 15 de Fevereiro e 21 de Março de 1971, a ilusão de estar longe da guerra (Carlos Vinhal)

Como disse há dias num comentário, na minha Companhia só se começou a gozar férias a partir de Outubro de 1970, completados que foram seis meses de comissão.
Como eu era o furriel "mais novo" e como havia muitos interessados em vir à metrópole, fiquei com as sobras, ou seja os últimos 15 dias antes da data limite em que toda a gente tinha que estar presente na Companhia por causa da época natalícia. Claro que não vinha gastar dinheiro por metade do tempo normal de férias. Por outro lado, como julgo, só se podiam gozar 30 dias de licença uma vez em cada ano civil, e nós terminávamos a comissão oficialmente a 17 de Janeiro de 1972, optei por vir mais ou menos a meio da comissão, Fevereiro/Março de 1971.

De que me lembro?
Vir para Bissau uns dias antes do dia 15 de Fevereiro, acompanhado de dois ou três camaradas madeirenses, ficarmos hospedados no Chez-Toi, que na altura tinha virado casa séria.
De não nos apresentarmos nos Adidos.
De ter ido à Agência de Viagens Fernando Correia pagar a viagem e levantar o respectivo voucher.

 

Da noite de 14 para 15 de Fevereiro, que não dormi, tal era a ansiedade.
De ter chegado a Lisboa, onde estava frio, e eu mal agasalhado, trazia apenas uma camisa branca de meia-manga e um blusão de veludo canelado.
De depois ter apanhado um voo de ligação para o Porto, onde cheguei já ao fim da tarde e onde o frio ainda mais se fazia sentir, lembro-me perfeitamente de anunciarem a bordo que a temperatura local rondava os 9º centígrados. Ainda de manhã teria suportado temperatura bem mais elevada em Bissau.
Chegado a casa, jantei e, já devidamente agasalhado, fui ver a namorada que não via há um ano.

Cheguei muito abatido pois tinha perdido alguns quilos, a minha mãe quase não acreditava no que via. Nos dias que se seguiram recuperei peso para voltar como devia ser, porque a guerra esperava-me de novo, em boa forma se possível.

Logo na manhã seguinte fui ao Porto e apresentei-me no Quartel General da Região Militar Norte dizendo que estava cá de férias vindo da Guiné. Que tivesse boa estadia e boa viagem de regresso no dia previsto. Que não precisava de voltar lá.

Visitei amigos e soube de notícias muito trágicas.
Fui à empresa onde trabalhava e entre outros colegas, encontrei um cujo filho, também nosso colega, tinha embarcado em Maio de 70 para Moçambique. Com a maior naturalidade deste mundo perguntei-lhe:
- Senhor Luz, como está o Nuno?

O senhor Luz desatou num choro convulsivo e virando costas afastou-se. Alguém me disse que o nosso jovem colega tinha morrido em combate ao fim de dois meses de comissão e que o senhor Luz não se conformava com a perda do filho.

Outra missão que tinha, era visitar um amigo de infância, colega de escola primária, camarada de recruta nas Caldas e de especialidade em Vendas Novas, que, também em Moçambique, havia pisado uma mina AP, do que resultou a amputação de uma perna. Sem jeito e sem palavras de ânimo para lhe dizer, fui por ele confortado, "que afinal ele já estava safo da guerra e que eu ainda tinha que voltar". Mais me disse que a sua cama no Hospital da Estrela era ao lado da de outro nosso camarada de especialidade em Vendas Novas, que vítima de uma explosão na Guiné, tinha fica cego e sem mãos.

As férias passaram rapidamente, quando dei conta era domingo 21 de Março, dia de apanhar o avião para Lisboa, para na madrugada seguinte apanhar outro para Bissau.

Um dos meus futuros cunhados, que tinha carro, foi-me buscar a casa nesse domingo à tarde, e lá fomos para o Aeroporto de Pedras Rubras, hoje Sá Carneiro, eu, a minha namorada, a sua irmã e o meu futuro cunhado. Falou-se pouco durante a espera e a hora da despedida foi complicada. A primeira vez que tinha embarcado para a Guiné não sabia bem ao que ia, agora era diferente, tinha a consciência exacta dos perigos que me esperavam.
Eles subiram para o terraço, então existente, que permitia ver o percurso dos passageiros, que naquele tempo se fazia a pé, até ao avião, tentando registar com o olhar os derradeiros momentos antes da partida.

Gare do Aeroporto de Pedras Rubras
Com a devida vénia a Restos de Colecção

Em Lisboa tinha à minha espera um primo que cumpria o serviço militar na Trafaria, o sortudo safou-de ir para a guerra, que me propôs irmos ao cinema para "matar" o tempo. Não me lembro a que sala fomos, sei que o filme se chamava algo como Os Últimos Dias de Katmandu. Saímos a meio da sessão e vagueámos pelas ruas algo desertas. Entretanto o meu primo deixou-me porque tinha de entrar no quartel da Trafaria antes da 1 hora da madrugada e eu fui para o aeroporto ver se os meus camaradas madeirenses já por lá se encontravam.

A viagem de regresso foi péssima, com uma escala no Sal onde nem do avião nos deixaram sair. Chegámos a Bissau ao princípio da manhã, e o que eu ainda recordo, foi a sensação, ao sair do avião, de estar a entrar numa fornalha. Já não me lembrava daquele calor insuportável que contrastava com o ar condicionado da aeronave.
Julgo que ainda nesse dia segui para Mansabá. No sábado seguinte iria fazer 23 anos, já no mato, em plena guerra e de novo longe da família.
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15164: O nosso querido mês de férias (6): Vim duas vezes a casa... Da primeira vez, regressei a 18/12/1968, para passar obrigatoriamente o Natal em Bambadinca... Apanhei uma boleia no DO 27 do meu amigo Honório (Ismael Augusto, ex-alf mil, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70)

Guiné 63/74 - P15163: O nosso querido mês de férias (5): vim uma vez a casa, a Vila Nogueira de Azeitão, em 18/9/1965, mas o Super Constellation da TAP, por avaria, só partiu a 22... A viagem custou-me 6160$70 (António Bastos, ex-1º cabo, Pel Caç 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66)







Fotos: © António Bastos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. Mensagem do António Bastos, ex-1º Cabo do Pelotão Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66

Data: 24 de setembro de 2015 às 22:00

Assunto: Inquérito sobre as férias


Boa noite, camarada Luís, e a toda a Tabanca Grande.


Companheiro, também vim de férias à Metrópole.  Tive 30 dias de licença, nos termos do art. 109º do RDM.

Era para embarcar no dia 18-9-1965, mas, devido ao avião que vinha com avaria,  só embarquei no dia 22-9-1965.

Foi num Super Constellation e a passagem foi 6.160$70 e nessa altura não tinha direito aos cinco dias como os Sargentos e oficiais, e mais também fiquei prejudicado com a avaria do avião em quatro dias Junta-se documentação que ainda guardo.

Um abraço a toda a Tabanca Grande. 

 António Paulo S. Bastos.

Ex. 1º Cabo do Pelotão Caçadores 953.

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15160: O nosso querido mês de férias (4): Vim duas vezes à metrópole: na 2ª vez, beneficiei de mais 5 dias de licença, por ter tido um louvor em combate... (E, mais tarde, beneficiei da isenção do pagamento de propinas dos meus filhos quando entraram na universidade) [José Augusto Miranda Ribeiro, ex-fur mil da CART 566 (Cabo Verde, Ilha do Sal, 1963/64, e Guiné, Olossato, 1964/65)]

sábado, 26 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15161: Inquérito online: "Durante a comissão, nunca vim de férias à metrópole"... Votação (direta, "on line", no canto superior esquerdo) termina 2ª feira, 28, às 14h05

Guiné > Bissau > Bissalanca > TAP > 1964 >
Avião Super Constellation.
Foto do nosso camarada José Eduardo
Oliveira (JERO),  o primeiro à direita...
Cortesia do seu blogue JERO >
10 de dezembro de 2009 >
Lisboa-Bissau em nove horas.
A. Mensagem enviada hoje, por volta das 20h40, através do correio interno da Tabanca Grande:

Camaradas:

1. Obrigado pela vossa colaboração, inestimável, na resposta à "sondagem", ou melhor "inquérito de opinião" 'on line'... (como aqueles que qualquer jornal, por exemplo, "a bola" - faz, e cujos resultados valem o que valem...).

Ainda podem votar, quer tenham vindo ou não de férias a casa... Os resultados preliminares (n=174) transcrevem-se a seguir, em baixo.

2. Afinal,  quanto custava o bilhete de ida e volta na TAP ? 4 contos, segundo uns, 6 contos e picos, segundo outros... 

E histórias e fotos não há, desse "nosso querido mês de férias" ?... Já publicámos 4, mas há mais na forja (*)...

Um alfabravo valente do Luís Graça e demais editores


B. Sondagem: "Durante a comissão, nunca vim de férias à metrópole" 

Resultados provisórios (em 26/9/2015, às 20h30)

1. Vim uma vez > 54 (31%)


2. Vim duas vezes > 69 (39%)


3. Vim três vezes > 7 (4%)

4. Fiz férias em Bissau > 7 (4%)

5. Fiz férias nos Bijagós > 1 (0%)

6. Fiz férias no interior > 1 (0%)

7. Nunca tive férias > 35 (20%)

Votos apurados: 174 

Guiné 63/74 - P15160: O nosso querido mês de férias (4): Vim duas vezes à metrópole: na 2ª vez, beneficiei de mais 5 dias de licença, por ter tido um louvor em combate... (E, mais tarde, beneficiei da isenção do pagamento de propinas dos meus filhos quando entraram na universidade) [José Augusto Miranda Ribeiro, ex-fur mil da CART 566 (Cabo Verde, Ilha do Sal, 1963/64, e Guiné, Olossato, 1964/65)]

1. Mensagem de José Augusto Miranda Ribeiro [, ex-fur mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal, Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965)]:

Data: 21 de setembro de 2015 às 23:51
Assunto: Sondagem: férias na metrópole


Vim de férias à "Metrópole" duas vezes.

1ª vez: 

Tinha autorização pelo CTI de Cabo Verde para passar férias em Portugal. 

Estive em Cabo Verde em 1963/64. Chegado à Guiné fui informado que essa autorização não era válida para a Guiné. Aceitei. 

Dias depois veio ter comigo o ex-alferes Vitor (mais tarde falecido como capitão) que estava na mesma situação, a informar-me que podíamos ir de férias, porque a dita autorização do CTI de Cabo Verde, continuava a ser válida mesmo na Guiné. 

Nesse dia, durante a manhã, como ainda estava em Bissau, preste a partir para o mato (interior), marquei uma chamada telefónica para minha casa em Coimbra. A minha namorada foi dormir em minha casa à espera da minha chamada telefónica. Como tudo se alterou com a informação do ex-alferes Vitor, fui aos correios anular a referida chamada. 

Tratámos de tudo muito rapidamente e lá partimos. Tivemos uma paragem em Cabo Verde, Ilha do Sal, de onde tínhamos partido alguns dias antes. Quando desci, aquelas enormes escadas, estava a hospedeira de terra, minha conhecida, muito íntima, que todos tratavam por "chuvinha". É curioso que na Ilha do Sal não chovia. Era raro chover. Então porque lhe chamavam "chuvinha"? Porque ela era tão magra,  tão magra,  que se chovesse não se molhava, conseguia passar por entre as gotas da chuva. 

Cheguei a minha casa eram cerca das 5 da manhã. Todos ficaram surpreendidos,  em especial a minha namorada, hoje minha mulher. 

O "Caravela" da TAP (Sud Aviation Caravelle VIR,  aeroporto de LondresHeathrow, 1966).  Fonte: Cortesia de Wikipedia
Quando regressei, encontrei no aeroporto de Lisboa dois cabos de transmissões, que tinham ido ver a
família, porque eram casados. A partida de Lisboa foi muito difícil. Entrámos no avião Caravela de 4 hélices. Tivemos de sair do avião muitas vezes porque o avião não estava em condições de voar. Isto entre a meia-noite e as 6 horas da manhã. 

Por fim lá partimos. Cerca de uma hora de viagem, mais ou menos sobre as Canárias, vem uma hospedeira mandar apertar os cintos. O avião dava salto que nós quase que batíamos com a cabeça no tejadilho. Foi uma tempestade, informou no fim o comandante, e aquela turbulência era provocada pela baixa altitude a que tivemos de voar. Acordei os meus conhecidos companheiros de companhia, que não apertaram os cintos e disseram-me: "Ó meu furriel, se nós não morrermos aqui, vamos morrer na Guiné com um tiro nos cornos" e lá se viraram para o outro lado e continuaram a dormir.

2ª vez.

Aproveitei mais umas férias em Portugal, e desta vez, porque tive um louvor em combate tive direito a mais 5 dias, portanto foram 35 dias de férias. 

Os louvores não têm valor nenhum, mas neste caso até deu jeito e mais tarde, os meus filhos foram dispensados do pagamento de propinas, no ensino superior porque eu tive um louvor em combate. Esta lei já vem da 1ª Guerra Mundial. Quem me informou foi o meu antigo comandante de companhia. Eu apresentei cópias de documentos e fui isento de pagar as propinas dos filhos. 

Depois regressei e dias depois estávamos em Morés, a operação que a nossa companhia, a CART 566, se honra ter realizado.

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15159: O nosso querido mês de férias (3): 10 de março de 1970: eu a partir e o ministro do ultramar, Silva Cunha, a chegar, no mesmo Boeing 707, da TAP ( Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Saída dos passageiros

Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Aguardando a chegada do 707 da TAP, com o ministro do Ultramar, Silva Cunha



Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 >  Sessão de cumprimentos. [Joaquim Silva Cunha foi ministro do ultramar, de 1963 a 1973; a visita à Guiné nessa altura foi de 10 a 19 de março de 1970].



1. Texto do Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Estive em Jolmete desde maio de 1969 até março de 1971. Fui de férias, uma vez,  à metrópole, no período de 10 de março a 10 de abril de 1970 [, e não em julho de 1970, como escrevi por lapso no poste P5246 (*)].

Quando fui de férias embarquei no mesmo 707 da TAP que tinha trazido Silva Cunha à Guiné, daí as fotos que tirei no aeroporto [, vd acima].

No aeroporto de Bissalanca havia grande agitação. Esperava-se a chegada do avião da TAP com o senhor ministro do ultramar, e não dos deputados da metrópole que vinham visitar a Guiné, e que depois irão morrer num acidente de helicóptero (. A minha confusão deveu-se aos 40 anos de esquecimento quase total das coisas da Guiné, só quando descobri o nosso blogue é que me comecei a entusiasmar.)

Tirei algumas fotos no aeroporto,  mas como a minha meta  era embarcar (**), não liguei muito a essa visita. Era um dia de semana, 3ª feira, o 10 de março de 1970.

Silva Cunha irá depois visitar Jolmete no dia 16 de março, 2ª feira. Silva Cunha dirigiu-se ao CAOP em Teixeira Pinto, e de lá foi a eventualmente ao Pelundo, sede do meu Batalhão. A comitiva foi depois a  Jolmete em três helicópteros.

Chegado a Jolmete, depois das férias, em abril de 1970,  fui informado  da visita do ministro do ultramar. Como havia fotos da visita,  tiradas pelo furriel Rodrigues,  da minha Companhia, eu adquiri cópias, que são as que mostro a seguir.

Terminada a visita,  os helis saíram de Jolmete para Teixeira Pinto depois do almoço, para deixarem o pessoal do CAOP. Como não estive lá,  não sei quem foi do CAOP, mas pelo menos o sr. coronel Alcino, comandante, esteve lá, como se pode ver em quase todas as fotos.

Jolmete era um aquartelamento exemplar no mato. O sr. general Spínola tinha um fraquinho por Jolmete; esta mensagem foi-nos transmitida logo à chegada. Os nossos antecessores, CCaç 2366 comandada pelo sr. cap Barbeites, construíram o quartel de raiz, nós continuamos e aperfeiçoamos. Eles tiveram uma forte actividade militar, nós continuamos e aumentamos, com saídas praticamente diárias, o que nos privou de ataques ou flagelações ao aquartelamento durante toda a comissão.

Construímos, entre outras coisas, dois abrigos, a vala de defesa em volta do quartel, uma escola e 24 casas para a população civil, graças à nossa equipa de pedreiros, como o Firmino (Régua), o Ramos, o Lima, o Spínola (não confundir com o nosso General), o Risadas e outros que não me recordo os nomes, mas que de seu modo, deram o corpo ao manifesto, erguendo obra que após a independência foi toda destruída.

A companhia que nos sucedeu, foi a CCAÇ 3306.

Manuel Resende


Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Abre-se a porta e vê-se o gen Spínola. No banco de trás o cor Alcino, cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Do outro heli saem outras individualidades



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cap Almendra, cmtd  da CCAÇ 2585 cumprimenta e dá as boas-vindas ao gen Spínola e ao ministro do ultramar, Silva Cunha





Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cumprimentos ao oficial de dia, alf mil Marques Pereira, pelo ministro Silva Cunha e gen Spínola. Vemos distanciado, à esquerda, o cor Alcino,l cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita da comitiva à cozinha. Além de Siva Cunha e coronel Alcino, vemos dois furriéis dos helis e dois repórteres

Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita à Capela



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Despedidas finais, regresso a Bissau



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete >  O capitão Almendra, cmdt da companhia, a CCAÇ 2585. Era alferes mil graduado em capitão, tendo substituído, em agosto de 1969, o capitão QP, António Tomás da Costa, promovido a major.

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15147: Inquérito online: resultados preliminares, num total de 110 votos, 1 em cada 5 nunca teve férias; 3 em cada 4 veio à metrópole, uma ou mais vezes... Encerramento das "urnas": 2ª feira, 28/9/2015, 14h05


Guiné > Bissau > Bissalanca > Transportes Aéreos Portugueses  > Avião Super Constellation. Foto do nosso camarada José Eduardo Oliveira (JERO), o primeiro à direita... Cortesia do seu blogue JERO > 10 de dezembro de 2009 > Lisboa-Bissau em nove horas. (Foto editada e reproduzida por LG, com a devida vénia).

A. Resultados preliminares da nossa sondagem desta semana, quando faltam 4 dias para fechar as "urnas"... Nº de votos apurados (até às 14h00): 110


SONDAGEM: "DURANTE A COMISSÃO, NUNCA VIM DE FÉRIAS À METRÓPOLE"


1. Vim uma vez  > 37 (33,6%)


2. Vim duas vezes  > 39 (35,5%)



3. Vim três vezes  > 6 (5,4%)



4. Fiz férias em Bissau  > 6 (5,4%)


5. Fiz férias nos Bijagós > 0 (0%)

6. Fiz férias no interior > 0 (0%)

7. Nunca tive férias  > 22 (20,0%)



Votos apurados: 110
Dias que restam para votar: 4 (até 28/9/2015, às 14h05)

Comentário do editor: mais uma vez se comprova que os leitores deste blogue (ou, pelo menos, os que votam neste tipo de sondagem digital) não representam (nem têm a veleidade de representar) o universo dos nossos combatentes que passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974...

Os resultados finais deste tipo de  "sondagem" dependem sempre da oportunidade e vontade do leitor (ou visitante) em responder... Por outro lado, nunca sabemos quem responde (e quem não responde): por exemplo, posto, arma, especialidade, ano em que foi mobilizado, etc.   Nem podemos garantir que não haja duplicações, ou até votações feitas com má fé (por ex., leitores ou visitantes que não foram combatentes no TO da Guiné, durante a guerra colonial).

No caso da licença de férias, no TO da Guiné, podemos partir de uma hipótese (meramente teórica): só 1 em cada 5 muito provavelmente estava em condições (nomeadamente financeiras) de ir passar férias à metrópole... Não esquecer que as passagens áereas custavam, na época, 4 contos, o que era o pré de 4 meses para os nossos soldados...

Numa companhia (grosso modo, 150 homens), estamos a falar de um máximo de  20% de elegíveis (ou sejam, 30, incluindo 1 capitão, 4 alferes, 15 furrieis e sargentos, e mais uns tantos cabos)... Ora esta sondagem sugere um resultado inverso: 3 em cada 4 de nós (75%) fomos de férias à metrópole... A explicação só pode ser esta: a amostra dos "graduados" (oficiais e sargentos) está sobrerrepresentada em relação às "praças" (soldados e cabos)...

Posso estar a "ver mal" o problema,. já que a minha companhia (CCAÇ 2590/ CCAÇ 12) só tinha um máximo de 60 quadros e especialistas metropolitanos, sendo os restantes (uma centena) soldados do recrutamento local,,, Não sei se a totalidade (ou a grande maioria) dos meus camaradas metropolitanos da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 vieram de férias à metrópole em 1970...

Desafiamos os nossos leitores a comentar os resultados preliminares desta "sondaem" que, à partida, estarão "enviesados"...  LG


B. Comentários dos nossos camaradas (*):



21 set 2015 14:44 

Nunca tive férias e nunca pensei vir à Metrópole.
Mas tive conhecimento de camaradas que vieram cá e já não voltaram à Guiné.

21 set 2015 16:16

Lamentando muito, sinceramente, quem não pôde vir e,
como já contei numa das minhas estórias no blogue (P4675),
vim à metrópole 3 vezes (30 + 5 dias cada).

21 set 2015 16:24

Fui para a Guiné em fins de Outubro de 1971 e vim de férias à Metrópole no dia dos meus anos, 21 de Maio de 72. Em Fevereiro de 73 voltei novamente de férias, na altura do carnaval. Sabendo o que me esperava na Guiné, foi preciso ter alguma coragem para voltar ao "local do crime", mas nunca me passou pela cabeça em dar à sola. Vim duas vezes de férias em avião da força aérea, beneficiando do facto de ser furriel paraquedista. Os soldados mais valorosos geralmente vinham uma vez de férias pela força aérea. Neste aspecto éramos uns privilegiados,mas também se pode dizer que éramos os mais sacrificados, não acham?

21 set 21015 16:26

Camaradas, esta pergunta para mim torna-se amarga, vim cá à metrópole uma vez, por morte do meu pai, faleceu em Novembro de 1967. Estava eu há sete meses na Guiné, como tinha direito à viagem gratuita pela força aérea, concorri e foi abrangido para vir cá em Março de 1968, estive cá um mês, de formas que foram uma férias amargas que nunca mais esquecem.

21 set 2015 16:29
Vim de Férias Em Outubro de 1971 para o casamento do meu irmão de quem fui padrinho.
Foi na TAP num Boeing 727 que vim e que regressei.
Penso que já existiam ou estarei enganado?
De Bafatá para Bissau vim nessa altura num JU.

21 set 2015 16:34

Vim 2 vezes, em Janeiro de 1970 e Janeiro de 1971.
O curioso é que, só agora me lembrei,
me falta pagar metade da segunda viagem...  

21 set 2015 19:23 

Não vim nenhuma vez, por motivos de ter sido ferido
e também por não ter disponibilidade financeira.

Carlos Vinhal
 21 set 2015 19:56 

Não sei se era norma oficial, mas na minha Companhia só se podia vir de férias após completados 6 meses de comissão, uma vez em cada ano civil, e toda a gente tinha que estar presente na época do Natal e Ano Novo.  Como chegamos à Guiné em 17 Abr 70, só depois de 17 de Outubro é que a malta pôde começar a vir à Metrópole. Como eu era o furriel mais novo (NM 19551569) só me tocavam 15 dias em Dezembro. Optei por vir só em Fev 71 (mais ou menos a meio da comissão), não tendo possibilidade de vir mais vezes, já que a nossa comissão acabava oficialmente em 17 Jan 72. Regressámos a 19 Mar 72.

Luís Graça
21 set 2015 21:45

Dá para perceber, pela tendência de voto, ao fim de quase meia centena de votações, que passar férias no interior (na tabanca, no quartel, no destacamento onde se estava colocado...) é uma hipótese meramente teórica... Mesmo Bubaque, nos Bijagós, devia ser um luxo, já nessa época...
Mas também havia, sim, senhor, quem fizesse férias [, de páscoa, por exemplo, ] em Bubaque...
A malta que estava em Bissau, podia tirar uns dias e dar um salto aos Bijagós...
Quem estava no mato, queria mas era ir a casa..

21 set 2015 23:19 

Vim duas vezes de férias.

22 set 2015 00:56

Vim uma vez, no mês de Maio de 1962,
um ano após a minha chegada.


Luís Graça
22 set 2015 06:02

Vim de férias em meados de 1970, uma ano depois do início da comissão, se a memória me não falha... Lembro-me de o avião da TAP fazer escala na ilha do Sal... Uma a duas horas... A TAP não podia, por razões "políticas", sobrevoar o continente africano...  O avião ia por "nossa" conta... Ver as pernas às hospedeiras de bordo estava "incluído" no preço... E tenho ideia que o consumo de bebidas a bordo era "generoso"... Começávamos as férias na "desbunda"... De Lisboa até casa (70 km) fui de táxi... Vir de férias, da guerra, era um luxo que não tinha preço!...

Carlos Silva
carlospintazevedo@gmail.com
22 set 2015 07:43

Férias,  nunca as tive ! ... Mas passei bons momentos em Bedanda, e outros menos bons como tudo na vida, nunca me arrependi do tempo que passei lá,  conheci nova gente com outra maneira de vida. Gente Humilde e tambem com sabedoria, sempre aprendi algo . Direi sempre não à guerra.

Vasco Pires [Brasil]
22 set 2015 13:13  

Vim duas vezes de férias. No GAC 7 permitiam um mês de férias por ano.  Lembrei-me que nas primeiras férias encontrei [ o ...], aliás, ele me procurou. A companhia dele embarcou, ele conseguiu uma licença pois havia o nascimento iminente de um filho; como soube que eu conhecia o quartel onde estava a companhia dele, queria saber como eram as coisas por lá.  Procurei fazer um relato realista,  não sei se foi pelo meu relato, mas ele resolveu cumprir a comissão
nas "bolanhas"... de Paris. 

___________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 21 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15137: Sondagem: "Durante a comissão nunca vim de férias à metrópole"... A responder até ao dia 28

Vd. também: