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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17639: Os nossos passatempos de verão (19): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte IV: Loas à Tabanca de Porto Dinheiro, ao peixe seco "gourmet" da ACR da Ventosa do Mar, e à sua futura confraria... (Assim Deus queira e o povo ajude!)


Foto nº 1 > Eduardo Jorge Ferreira e Jaime Bonifácio Marques da Silva


Foto nº 2 > Joaquim Pinto de Carvalho e Belmiro Sardinha


Foto nº 3 > A Dijna e o Picão (cunhado)


Foto nº 4 > Maria do Céu e Alice Carneiro


Foto nº 5 > "Sevilhanas" à sobremesa


Foto nº 6 > O famoso "peixe seco" da Ventosa do Mar


Lourinhã > Ventosa (do Mar) > ACR (Associação Cultural e Recreativa da Ventosa) > 31 de julho de 2017 > 35º aniversário > Tradicional batatada de peixe

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Loas à Tabanca de Porto Dinheiro que se reuniu em 31/7/2017 na ACR da Ventosa do Mar, Lourinhã, convocada pelo régulo Eduardo Jorge Ferreira:


Começa logo à segunda feira
Nossa semana cultural,
C’o Eduardo Jorge Ferreira,
Convocando o tabancal.

Senhor do Porto Dinheiro,
És régulo, e muito amigo,
Da Ventosa ao Vimeiro,
Todos querem... estar contigo!

Hoje há festa na Ventosa,
Viemos cá à batatada,
P’ra comer esta maltosa
Nunca se mostra rogada.

Peixe seco é “gourmet”,
Dizem os duques do Cadaval (*)
Mais os amigos da Guiné,
E os primos do Seixal.(**)

João Duarte (***) se faz eco
Na sua terra natal:
Confraria do peix’ seco
É promessa eleitoral.

É terra maravilhosa,
Com vista de serra e mar,
Quem não conhece a Ventosa,
Nada mais tem p'ra contar.

As tabancas geminadas.
Ventosa e Porto Dinheiro,
Passam a ser celebradas
No nosso cancioneiro.

Muita saúde, longa vida,
Para os nossos tabanqueiros,
Foi uma noite divertida,
Camaradas, companheiros.

O João e a Vilma faltaram,
Com pena de todos nós,
Mas de Dubrovnik mandaram
Beijinhos para todos vós. (****).


Associação Cultural e Recreativa da Ventosa, Lourinhã,
31 de julho de 2017.

Luís Graça, secretário da Tabanca de Porto Dinheiro



(*) Embaixada do Cadaval presidida pelo Joaquim Pinto Carvalho, ilustre jurista da comarca de Lisboa, coadjuvado pelo eborense e ex-combatente na Guiné, Belarmino Sardinha que, do peixe seco, só conhecia o bacalhau (da Noruega) e o carapau (da Nazaré). E ficaram fãs, ele e a esposa, do nosso peixe seco da Lourinhã...

(**) Referência ao grã-tabanqueiro Jaime Bonifácio Marques da Silva, um bravo oficial paraquedista, miliciano, do BCP 21, Angola, 1970/72, mais a sua comitiva do Seixal da Lourinhã.

(***) Presidente do município da Lourinhã, natural da Ventosa, e candidato ao próximo mandato. Teve três irmãos a combater em África.

(****) O casal mais famoso da Tabanca de Porto Dinheiro: ele, luso-americano, conhecido ativista de causas sociais (Gravuras de Foz Coa, autodeterminação de Timor, reabilitação de memória de Aristides Sousa Mendes...) e ela a "princesa" eslovena mais portuguesa e mais querida da América...
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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17636: Lembrete (24): Hoje há uma mesa reservada para os amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro, na ACR da Ventosa do Mar, Lourinhã, para o jantar da tradicional batatada de peixe seco... Dois lugares, simbólicos, serão os do par luso-americano-esloveno João e Vilma Crisóstomo que de Dubrovnik nos mandam um alfabravo fraterno (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)

1. Mensagem do João Crisóstomo, com data de ontem:


Meus caros,

Não posso negar que tenho raiva de não poder estar aí com vocês (*): quando eu era miúdo ajudei muitas vezes os meus pais e manas (eram nove) a secar o chicharro e depois tinha de ficar em cima do telhado a enxotar as moscas. (Nove raparigas e um rapaz... e como tal esse trabalho de espantar as moscas cabia-me a mim!).

Quem me dera pois poder estar aí com vocês para os ouvir e compartilhar as vossas memórias também... Mas não pode ser. Vou a Portugal em meados de Agosto, mas agora não dá; a minha Vilma decidiu que era tempo de conhecer Dubrovnik, onde cheguei ontem. Tomamos um interregno das nossas férias em Brestanica, na Eslovénia ( Brestanica é uma pequena cidade vizinha, a 6 quilómetros de Sevnica, terra da “famosa” Melania Trump, em frente de cuja casa ainda passei há dois dias…).

Bom, embora com raiva, atenuada pelas circunstâncias de não me poder queixar do lugar onde estou, aqui vai o meu grande abraço para todos vocês.

Até uma outra ocasião… com a minha eslovena Vilma que alinha sempre para estas coisas portuguesas como se em Portugal tivesse nascido... (**)

João Crisóstomo


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17624: Convívios (819): Estão convocados os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro para atacar a monumental "batatada tradicional de peixe seco" no dia 31 de julho, segunda feira, com concentração por volta das 19h, na Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (do Mar), Lourinhã.... E, já agora, sabem porque é que as tropas de Junot perderem a batalha do Vimeiro em 1808 ? É porque não sabiam que o peixe seco da Lourinhã era um produto "gourmet"... (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)

(**) Último poste da série > 8 de julho de 2017  Guiné 61/74 - P17557: Lembrete (23): Hoje, sábado, na Tabanca dos Melros (Fânzeres, Gondomar), apresentação do II volume do livro do José Ferreira, "Memórias Boas da Minha Guerra"... Daqui a um bocado, às 10h30, que de manhã é que se começa o dia... E como prenda o autor deixa aqui, em reedição, mais um dos seus microcontos, e que, não é por acaso, tem a ver com o tema da atualidade (do nosso blogue...), o Serviço Postal Militar (SPM), e as suas pequenas misérias e grandezas, já depois do 25 de Abril, no rescaldo da guerra colonial

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17624: Convívios (819): Estão convocados os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro para atacar a monumental "batatada tradicional de peixe seco" no dia 31 de julho, segunda feira, com concentração por volta das 19h, na Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (do Mar), Lourinhã.... E, já agora, sabem porque é que as tropas de Junot perderem a batalha do Vimeiro em 1808 ? É porque não sabiam que o peixe seco da Lourinhã era um produto "gourmet"... (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)



Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (ACRV), Lourinhã > Cabeçalho do programa das comemorações do 35º aniversário > Dia  31 de julho, segunda feira, o prato forte do jantar é a "tradicional batatada (peixe seco)"... Para quem só conhece o bacalhau (da Noruega) e o carapau (da Nazaré), este "restaurante gourmet", da ACRV, é um sítio a descobrir... Mas não é todos os dias que há "batatada"... Tomem nota na vossa agenda: Ventosa (do Mar),. Lourinhã, 31 de julho de 2017, 19h00...



1. Manda o régulo da Tabanca de Porto Dinheiro,  Lourinhã, Eduardo Jorge Ferreira [, sargento do RI 19m noutra encarnação], através do seu secretário e editor deste blogue, Luís Graça, convocar os tabanqueiros do costume, e mais outros camaradas e amigos da Guiné, atabancados ou não, que se queiram juntar, para no dia 31 de julho de 2017,  a partir das 19h, dar início à Operação " Batatada Tradicional de Peixe Seco", com que se encerram as cerimónias do 35º aniversário da sempre ativa e simpática Associação Cultural e Recreativa da Ventosa, Lourinhã, onde somos sempre bem acolhidos, acarinhados e tratados. As suas iniciativas são abertas ao público em geral.

Não há inscrições prévias... Há uma fila democrática para a inscrição no jantar, por ordem de chegada... A caixa deve abrir por volta das 19h30. A Tabanca de Porto Dinheiro vai ver se "reserva" uma mesa para os seus apreciadores deste produto "gourmet" da região atlântica da Estremadura (Oeste)... (Felizmente que o Junot não sabia da sua existência...).

A Ventosa (do Mar), que pertence à freguesia de Santa Bárbara, concelho da Lourinhã,  rivaliza com as vizinhas localidades da Marquiteira e do Porto Dinheiro, na confeção desta iguaria...

Esperamos por ti, camarada!  E divulga o evento!
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Nota do editor:

terça-feira, 4 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17545: Convívios (816): encontro da Tabanca de Porto Dinheiro... em Porto das Barcas, com o nosso tabanqueiro nº 1, o João Crisóstomo (, sempre a correr: Timor, Nova Iorque, Portugal, Eslovénia...) e sem o nosso régulo, o Eduardo Jorge Ferreira... Foi no passado sábado, dia 1, com o mar do Serro em frente... e Timor no coração!


Foto nº 1 > João Crisóstomo, o luso-americano que gosta de abraçar causas sociais,  neste caso trata-se de vestir de novo a camisola, pôr o boné e arregaçara as mangas... por  Timor, pelos meninos de Timor, pela lusofonia (, como veremos em próximo poste, da série "Ser solidário").


Foto nº 2 >  Um lutador de causas sociais que até há pouco tempo preferia usar apenas as tecnologias  mais convencionais: o telefone, o fax... Hoje é vê-lo com o seu "Mac", desembaraçado que nem um puto... Aqui ao lado da Alice mostrando a sua "fotogaleria" da recentíssima e empolgante viagem a Timor onde teve honras de (quase) Chefe de Estado,,, Ele mais a sua Vilma!


Foto nº 3 > O jornal da sua terra, o "Badaladas",  de Torres Vedras, na sua edição de 9 de junho de 2017, dedicou-lhe um artigo de 3/4 de página... O enfoque foi o seu livro recente, sobre a origem, o desenvolvimento e a ação  do LAMETA,  o movimento luso-americano em prol da autodeterminação de Timor-Leste, criado em 1996 e ativo até 2002...


Foto nº 4 > Timor leste, Dili > 25 de maio de 2017 > 15º aniversário da independência >  Cerimónia da entrega do dossiê LAMETA ao Museu da Resistência, presidida pelo 1º ministro, dr. Rui Maria Araújo, e na presença dos "históricos" Xanana Gusmão e Mari Alkatiri... Ao fundo vê-se, pendurado na parede, o grande painel “Timor 1975” (4,50 X 1,20 metros) , da autoria do artista luso-americano Fernando Silva, usado frequentemente em frente às Nações Unidas, em Nova Iorque e que, pelo telefone, o dirigente do LAMETA fez questão de oferecer a Xanana quando este saiu da prisão. Para o João Crisóstomo, é a nossa "Guernica". (Imagem fotografada, a partir do ecrã do PC do João.)


Foto nº 5 > Porto das Barcas > Restaurante da Associação dos Amigos do Porto das Barcas 1 de julho de 2017 > Mexilhões como entrada, seguidos de umas belas sardinhas assadas, tudo acompanhado com um refrescante vinho branco leve...e com o mar a bater na rocha...



Foto nº 6 > Lourinhã > Porto das Barcas > 1 de julho de 2017 > Encontro da Tabanca de Porto Dinheiro > Da esquerda para a direita: João Crisóstomo, Alice Carneiro, Dina. Jaime Bonifácio Marques da Silva e Luís Graça... Houve quem tivesse falta (justificada), a começar pelo régulo, o  Eduardo Jorge Ferreira que se anda preparar para pedir meças ao Junot, nos próximas dias 14, 15 e 16, na "batalha do Vimeiro"... (Ao fundo, do lado esquerdo, a praia de Porto Dinheiro, sede da Tabanca de Porto Dinheiro.)


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em trânsito para a Eslovénia (aonde se irá juntar à sua Vilma,  lá na terra a cuidar do seu património familiar...), o João Crisóstomo foi recebido com a proverbial hospitalidade, carinho e calor da gente da Tabanca de Porto Dinheiro, convocada, em cima da hora, para um almoço-convívio, no sábado passado, dia 1. 

Por sugestão do secretário "ad hoc", Luís Graça, a escolha recaiu no Porto das Barcas, com o Porto Dinheiro à vista, já que todo o mundo queria comer sardinhas assadas à beira mar...

João Crisóstomo é, como Deus, manda e o povo obedece... O régulo, Eduardo Jorge Ferreira, já tinha recebido na véspera o nosso ilustre tabanqueiro  que o inteirou das suas últimas andanças pelo mundo  fora, em prol de boas causas, e nomeadamente na sua ida  a Timor, por ocasião do 15º aniversário da independência, a convite do 1º ministro daquele país irmão.

Em mail que entretanto já nos tinha enviado dias antes, o luso-americano  João Crisóstomo não foi parco nas palavas de elogio:

(...) "A minha ida a Timor foi experiência grande para mim. Mesmo 'preparado', fiquei boquiaberto como que vi e senti. Por alguma razão tenho por vezes ouvido dizer que Timor é uma ilha enfeitiçante, que não podes mais esquecer depois de lá ires e a veres. Não conseguia compreender bem o que me diziam, mas agora compreendo. Se antes me interessava por Timor agora o meu interesse redobrou e , embora ainda sem saber como prosseguir, sei que tenho mesmo de tentar fazer algo mais." (...)

As fotos acima documentam as duas horas e meia, descontraídas, que passámos no "porto lagosteiro mais antigo do mundo" (Jean Cousteau "dixit", segundo a Associação dos Amigos de Atalaia - Porto das Barcas).

Ainda se falou da audiência, privada,  que o nosso presidente da República concedeu, no  Palácio de Belém, ao casal João e Vilma Crisóstomo, que lhe foram mostrar  o dossiê original sobre o LAMETA,  agora entregue ao Museu da Resistência, em Dili. O João teve também ocasião de oferecer, autografado, um exemplar do seu livro, "LAMETA", ao prof Marcelo Rebelo de Sousa.

Se não erro, o João Crisóstomo parte amanhã para a Estónia. Ainda tivemos oportunidade de falar, por telemóvel, com a nossa tabanqueira Vilma que andava, atarefada, com obras lá em casa. Ao casal desejamos boa estadia e bom regresso, esperando voltar a ver, pelo menos o João, em agosto... de novo na Tabanca de Porto Dinheiro para a tradicional  caldeirada anual...

2. Esperemos que desta vez não faltem os restantes tabanqueiros, da fornada de 2015,  e que agora não foram convocados, dada a "emergência da situação": 

António Nunes Lopes (ex-fur mil, CCAÇ 1439), Maria Helena Carvalho (, filha do Pereira do Enxalé) e marido, Álvaro Carvalho (, das Caldas da Rainha), Alexandre Rato, presidente da junta de freguesia de Ribamar,  Horácio Fernandes (ex-alf mil capelão, de rendição individual, Catió e Bambadinca, 1967/69) e esposa, Milita, sem esquecer o nosso régulo Eduardo Jorge Ferreira... Naturalmente que qualquer um dos nossos membros da Tabanca Grande pode integrar a Tabanca de Porto Dinheiro, e participar no próximo almoço-convívio...

E a propósito, tomem nota, na vossa agenda, da realização da 3ª edição do Festival do Peixe, de 7 a 16 de julho de 2017, na Praia do Porto das Barcas... Oferta variada, da tradicional caldeirada ao "gourmet" peixe seco... (LG).



Cartaz do Festival de Peixe, Praia de Porto Dinheiro, Ribamar, Lourinhã





(...) Deste nomes de fêmeas aos teus barcos
Que são machos,
Máquinas fálicas de lavrar e violar
O vento, a água, o ar,
Jessica, Mafalda, Sofia,
Inês, Patrícia, Maria. (...)

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16925: Manuscrito(s) (Luís Graça) (108): Com o Eduardo Jorge Ferreira, o Jaime Bonifácio Marques da Silva e outros amigos da Tabanca do Oeste, cantando as janeiras em Pereiro, nas faldas da serra de Montejunto


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Numa da casas da aldeia que abre as suas portas a todos os "reiseiros" de dentro e fora... E são muitos, alguns de fora, como eu e a Alice (na foto., à direita, em segundo plano)... Do lado esquerdo, de boné, por causa do frio da noite, o nosso camarada Eduardo Jorge Ferreira e a seu lado o nosso amigo comum João Tomás Gomes Batista (, engenheiro técnico agrícola, safou-se da guerra, mas estagiou em Angola, enquanto aluno da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém).

Falta, na foto, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, nosso grã-tabanqueiro. O Joaquim Pinto Carvalho, que é natural do Cadaval, foi também convidado (ou, melhor, "desafiado"), mas não pôde comparecer por razões de agenda. 

Na véspera de partir para  a Guiné, em 1973, o Eduardo descobriu aqui essa tradição da  serra de Montejunto: os BRM (os "bons reis magos") cantam-se, há muito, em duas aldeias, Avenal e Pereiro. Em todas as casas onde há vivos, são feitas pichagens (hoje com spray e com moldfes), com 
as seguintes inscrições BRM [Bons Reis Magos] + estrela de David + ano.

Há uns anos atrás, o Eduardo (que vive em A-dos-Cunhados, Torres Vedras) voltou a Pereiro para o "cantar & pintar os reis"... E este ano desafiou alguns amigos e camaradas da Tabanca do Oeste.

Foto: © Eduardo Jorge Ferreira  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Eduardo Jorge e Luís Graça


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Jaime Bonifácio Marques da Silva e  Eduardo Jorge.

Fotos: © João Tomás Gomes Batista  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Lê-se no sítio da Câmara Municipal de Cadaval, a propósito desta tradição, que se mantém viva e se renova todos os anos nas fraldas da serra de Montejunto:


(...) Segundo Alzira [Cordeiro, (...) uma das primeiras mulheres a cantar os reis no Avenal] trata-se(....) de uma tradição que não se pode perder por constituir património imaterial concelhio. «Reza a lenda que os antigos monges desciam do alto das neves (serra de Montejunto) ao povoado, para cantar às portas os votos de boas festas e no dia seguinte iam recolher as ofertas», relata a cantadeira. «No outro dia, pegavam em cestos, passavam pelo lugar e era-lhes oferecido cebolas, alhos, batatas, carne, chouriço, vinho ou dinheiro, e depois fazia-se o almoço dos reis. E aí, sim, eles já pediam colaboração das senhoras ou raparigas para irem ajudar a cozinhar», acrescenta. (...).

(...) "De acordo com Gonçalo Bernardino, cantador dos reis no Pereiro, a festa vai decorrer nos moldes habituais, começando com um jantar, pelas 20 horas, seguido de um cortejo, por volta das 22h, com os tradicionais cantares e pinturas, cortejo esse que decorrerá pela noite dentro, só terminando de madrugada. (...)  «ao longo do cortejo, as pessoas abrem as suas portas, mas depois, à meia-noite, uma hora, chegamos ao largo principal, e temos uma ceia com frango assado, chouriço, vinho, e ali todos os anos há cantares ao desafio, por homens e mulheres. A ceia é promovida pela colectividade mas é quase tudo oferecido através de pedidos que a gente faz localmente.»- 

(...) " No dia 6, haverá o tradicional almoço dos reis na associação local, servindo também este dia para recobro da noite anterior. «A gente diz, por brincadeira, que é feriado no Pereiro. Mesmo as pessoas empregadas, quando podem, metem o dia de férias para participar na festa», refere o “reiseiro”. Para Gonçalo Bernardino está é uma festa que agrada a muita gente, e uma tradição que, apesar de sempre se ter mantido, ganhou maior fulgor nas últimas décadas, recebendo visitantes de diversos concelhos limítrofes. «Está num ponto que não pode voltar para trás, pois já tem uma dimensão muito forte», realça Gonçalo. «Hoje não somos só nós que cantamos, já há muitas pessoas de fora que já estão enquadradas nos cânticos e já lançam as suas quadras», conclui. (...)


(...) Para além dos tradicionais cânticos, voltar-se-ão a inscrever em paredes e muros das casas da aldeia os símbolos tradicionais, que poucos saberão deslindar com exactidão, mas que representam, grosso modo, votos de bom ano e de prosperidade aos respectivos habitantes. -



2. O "Cantar 
e o Pintar os Reis" 
em Pereiro

por Luís Graça 





Que importa a noite fria de janeiro,
Se o desafio é ir a Montejunto,
Os Reis cantar na aldeia de Pereiro
E a amizade celebrar em conjunto?!

E a amizade celebrar em conjunto,
Homens e mulheres, velhos e moços,
E, se não houver salpicão nem presunto,
Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços.

Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços,
Que o Eduardo Jorge é o nosso guia,
Em voltando da Guiné com todos os ossos,
Prometeu que a Pereiro voltaria.

Prometeu que a Pereiro voltaria.
Lá nas faldas daquela bela serra,
As janeiras cantar com alegria,
Com mais alguns camaradas de guerra.

Com mais alguns camaradas de guerra,
Qual frio, qual carapuça, qual nevoeiro,
Viemos de longe cantar os reis nesta terra,
Que Portugal hoje chama-se Pereiro.

Que Portugal hoje chama-se Pereiro,
E tem da brisa atlântica um cheirinho,
Pode não haver, como no Norte, o fumeiro,
Mas há o branco, o tinto e o abafadinho.

Pereiro, Vilar, Cadaval, 5-6 de janeiro de 2016

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Nota do editor:

Úttimo poste da série > 1 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16902: Manuscrito(s) (Luís Graça) (107): As janeiras da tabanca da Madalena: vivó 2017!... (E saudando todas as tabancas e todos/as os/as tabanqueiros/as da Tabanca Grande: AD - Bissau, Ajuda Amiga, Algarve, Bando do Café Progresso - Porto, Bedanda, Candoz, Centro - Monte Real, Ferrel, Guilamilo, Lapónia, Linha - Cascais, Maia, Matosinhos, Melros - Gondomar, Oeste, Ponta de Sagres - Martinhal, São Martinho do Porto, Setúbal, e por aí fora, que o mundo afinal é pequeno!)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14885: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (6): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte III): Álvaro e Helena do Enxalé, sejam bem-vindos à Tabanca Grande!...Oxálá / inshallah / enxalé nos possamos voltar a reunir mais vezes para partilhar memórias (e afetos)... Vocês passam a ser os grã-tabanqueiros nºs 695 e 696



Foto nº 1  - O grupo dos tabanqueiros de porto Dinheiro... Falta o fotógrafo, o Álvaro Carvalho


Foto nº 2  > De pé o Álvaro Carvalho... Sentados, Luís Graça, João Crisóstomo e o António Nunes Lopes (está convidado para integrar a nossa Tabanca Grande, mas não tem endereço de email, aguardo o da esposa)


Foto nº 3 >   João, Luís e António Lopes,  falando do Xime


Foto nº 4 > A Alice a Helena


Foto nº 5 > Luís, Helena e Eduardo: folheando um livro sobre a Guiné-Bissau, editado a seguir à independência, e que a Helena trouxe consigo



Foto nº 5 > Alice, Helena, Luís, Eduardo e Vilma (que ainda não fala português: entendemo-nos em inglês e francês)


Foto nº 6 > Três grandes amigos: João, Horácio e Milita


Foto nº 7 > Luís e João... Raramente o nosso editor aparrece aqui nas fotos de convívios, descontraído, sem máquina fotográfica... Nada como ter um fotógrafo de serviço... E que fotógrafo!


Foto nº 8 > A Dina e o Jaime



Foto nº 9 > Restauarante O Viveiro

Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > Convívio anual da Tabanca de Porto Dinheiro. Régulo:  Euardo Jorge Ferreira, (*)

Fotos: © Álvaro Carvalho (2015)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Seleção de um lote de 100 fotos [, além de vídeos...] que o Álvaro e a Helena Carvalho, nos enviaram com a seguinte mensagem simpatiquíssima:

Tabanca do Porto Dinheiro, passaremos a chamar-lhe ponto de reencontro, dos sentimentos sinceros da Amizade.

A Helena do Enxalé e o Álvaro partilharam com excelentes seres humanos uma tarde onde os temas foram variados. À Vilma e ao João Crisóstomo pediuos-lhes o favor de serem sempre felizes... extensivo a todos.
Enfim recordar também é viver.

Um Abraço ao Grande Régulo Eduardo que se portou à altura, bem escolhido pelo Luís Graça.

Um Fraterno Abraço a toda a "equipa" presente que vamos  citar pela ordem da foto de grupo, acima publicada: da esquerda para a direita, António Nunes Lopes, João Crisóstomo, Helena do Enxalé, Vilma Crisóstomo, Dina, Milita (primeiria fila); Eduardo Jorge Ferreira, Maria Alice Carneiro, Alexander Rato ], presidente da junta de freguesia de Ribamar,], Horácio Fernandes e Jaime Bonifácio Marques da Silva (segunda fila).

Álvaro e Maria Helena
 


2. Comentário de LG:

Obrigado, Álvaro e Helena, pela completíssima e competentíssima cobertura fotográfica da reunião da Tabanca do Porto Dinheiro. Oxala/inshallah/enxalé nos possamos voltar a reunir, mais vezes, nesta ou noutras tabancas. O que vai acontecer seguramente a avaliar pela composição da nossa mesa.. Mais uma vez se comprova que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande. (Tabanca Grande é o nome da nossa comunidade virtual e real, de amigos e camaradas da Guiné, espalhados pelos quatros  do mundo, Portugal, a Gun+e.Bissau e a diáspora lusófona).

Tiro o quico, à boa maneira da tropa, à espantosa naturalidade e grande generosidade com que vocês, Álvaro e Helena, se juntaram a nós, como se nos conhecêssemos há décadas e fôssemos velhos e bons amigos de há muito... É fruto deste sortilégio, desta magia, que é a "nossa" Guiné, essa terra verde e vermelha (e por extensão a Africa lusófona), que nos marcou a todos/as, nos tocou a todos/as, de diferentes maneiras, e cujo espírito procuramos reviver, preservar e promover, sentando-nos à sombra de um secular, protetor, fraterno, simbólico poilão, o poilão da nossa Tabanca Grande...

O Álvaro e a Helena passam, a partir de hoje, a constar na lista alfabética dos membros da nossaTabanca Grande, cujo nº se aproxima já dos 700 (mais do que um batalhão!) e donde já constam, além do meu nome, os nomes do Eduardo, do João, do Jaime, do Horácio, e da Alice... (Vd. fiolha de  rosto do blogue, coluna do lado esquerdo).

Não é preciso "curriculum vitae", civil ou militar, bastam os dois amarem aquela terra e já terem bebido a água do Geba.. Eu mesmo faço questão de os apresentar, formalmente...

Como eu gosto de dizer, não é (felizmente!|) o Panteão Nacional, é melhor... é a nossa Tabanca Grande. O nosso objetivo é muito simples, é o de partilhar memórias (e afetos). E, por outro lado, muito sinceramente, penso que vale muito mais um camarada vivo (e quem diz camarada diz amigo), do que um herói morto...

Nenhum deles é camarada, mas são amigos da Guiné. Os camaradas tratamo-los por tu, o Álvaro e Helena, sem terem sido "tropa", merecem o mesmo tratamento: do general ao soldado, do almirante ao marinheiro, tratamo-nos todos por tu, porque é mais prático e desinibidor... Aqui não há títulos, académicos, sociais, profissionais, tirando os velhos postos do tempo da tropa (que nos ajudam a identificar a malta9... Trato, de resto, a maioria dos amigos da Guiné por tu como sinal de distinção e porque faço questão também que me tratem por tu...

Álvaro e Helena, sejam bem vindos, a esta e às demais tabancas sob a "jurisdição" da Tabanca Grande...

Que Deus, Alá e os bons irãs vos/nos protejam, a todos/as!... Luis



Guiné-Bissau > O Enxalé... In šāʾ Allāh (em árabe: إن شاء الله, [in ʃæʔ ʔɑlˤˈlˤɑːh]),  romanizado como Insha'Allah ou Inshallah ou Inshalá, é uma expressão árabe que quer dizer  "se Deus quiser" ou "se Alá quiser". Deu "oxalá" (em português) e "ojalá" em castelhano.(Fonte: Wikipedia). Parte do coração da Maria Helena ficou lá, no Enxalé...

Infografia; Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné (2015)


PS - A Maria Helena Carvalho, mais conhecida por Helena do Enxalé, nasceu na Guiné, em 1951 (**). O pai, natural de Seia, o "Pereira do Enxalé",  Amadeu Abrantes Pereira era uma figura muito conhecida e respeitada no território. Instalou-se estrategicamente no Enxalé, na margem norte do Rio Geba, frente ao Xime. Lá tinha uma destilaria de aguardente de cana. Fez uma escola e construiu uma pequena capela. Amílcar Cabral foi visita da casa. bem como o poderoso régulo do Enxalé, Abna Na Onça. capitão de 2ª linha.  E alguns futuros guerrilheiros do PAIGC tiveram o Pereira como patrão. 

Em 1962, e com o início da guerrilha, o Pereira mudou-se para Brá. No Enxalé, a dificuldade maior era a livre circulação e o abastecimento da matéria.priama, a cana de acúcar. Em 1958, se não erro, a Helena vem para Bissau e depois segue para a metrópole para poder estudar. Voltava à Guiné nas férias grandes. Foi educada por uma madrinha. Em 1974, com 23 anos, e já casada com o Álvaro, assiste ás festas da independência, sentindo-se perfeitamente em casa... 

Entretanto, a mºae já tinha morrido e o pai acabava de falecer, algumas semanas antes, em agosto de 1974....Voltaria mais tarde à Guiné-.Bissau, creio que em 1989,  para tratar de assuntos da família, incluindo o património edificado no Enxalé e em Bissau. Das coisas mais bonitas que lhe aconteceram  e que ainda hoje recorda com orgulho e emoção foi verificar como o nome da  sua família era respeitada pelas gentes do Enxalé: (i) o régulo veio com uma petição escrita para ela dar autorização aos habitantes locais para poderem  continuar a colher os  citrinos que continuavam a nascer na ponta; (ii) uma bajuda veio-lhe entregar as chaves de casa...

O casal vive e trabalha nas Caldas da Raínha. O pai do Álvaro era ourives. Ele mantém o negócio, que agora já passou para a terceira geração. Adora cicloturismo (apesar de um grave acidente que teve há anos) e fotografia. Tem "slides" da independência da Guiné-Bissau que me prometeu mostrar  um dia quando passar lá por casa... Entretanto a Helena foi adoptada  pela "rapaziada" que passou pelo Enxalé, nomeadamente a CCAÇ 1439 (1965/67) (*). Foi ela que organizou,, este ano, o convívio anual da companhia. É uma mulher de armas!...


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Notas do editor;:


terça-feira, 14 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14874: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (3): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte II): João Crisóstomo e António Nunes Lopes, do mesmo pelotão, da CCAÇ 1439, encontram-se 50 anos depois e falam, com emoção e dramatismo, da violenta emboscada que uma vez sofreram em Darsalame (Baio), no subsetor do Xime



Vídeo (7' 31''). Alojado em You Tube > Luís Graça 

Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > (*) O João Crisóstomo e o António Nunes Lopes encontram-se ao fim de 50 anos... Pertenceram à mesma companhia e ao mesmo pelotão... E evocam aqui, com uma espantosa precisão de detalhes, e grande emoção,  uma dos mais duros episódios de guerra por que passaram, em 1966, em Darsalame (Baio), na zona de Baio/Buruntoni, no Xime, que o PAIGC sempre "controlou" durante toda a guerra, e onde era inevitável haver "contacto" com as NT... Qual o nome verdadeiro do místico soldado, de alcunha "Penálti", de aqui se fala ? Pode ser que alguém saiba mais sobre este homem, que foi herói e desertor...

João Crisóstomo, que é natural de uma freguesia vizinha, A-dos-Cunhados, do concelho de Torres Vedras, fez-se à vida depois do regresso da guerra. Andou pela Europa e Brasil, até se fixar em 1975, nos EUA, onde hoje vive (em Nova Ioprque) e que é a sua segunda pátria.



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Susetor do Xime > Carta do Xime  (1961) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa do Xime e Darsalame (Baio) onde o pelotão do João Crisóstomo (alferes) e do António Nunes Lopes (furriel) sofreram uma violenta emboscada, em 1966, e tiveram um comportamento heroico... Na zona de Poindom / Ponta do Inglês, havia população que cultivava as bolanhas, na margem direita do R Corubal e que "apoiava" a guerrilha... Também eu ali conheci o inferno, três ou quatro anos mais tarde, em 1969/71... (LG).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).


Praia de Porto Dinheiro

por Luís Graça (*)


Finisterra,
pórtico do tempo,
és gare, 
és algar,
porto dos portos das Atlântidas perdidas!

Foste estaleiro de vasos de guerra,
galeões, naus e caravelas
por haver ou nunca havidas,
diz o livro antigo do almoxarife.

Hoje não se constroem mais catedrais,
nas tuas fossas submarinas,
nem moinhos de vento,
nos teus corais de recife,
nem traineiras de grosso cavername,
nas rampas das tuas arribas fósseis.

Dóceis
são as ondas do teu mar com que afagas
a pele 
e apagas
a púbis das raparigas.

Praia de  Porto Dinheiro:
o irresistível apelo das algas
que são as hormonas do mar,
espigas, valquírias, ninfas, najas, canibais,
que vêm do fundo dos tempos imemoriais
para seduzir os filhos dos homens,
inebriar as suas almas,
enlear os seus corpos.

Há olhos que perscrutam a linha do horizonte
e rasgam a colina de neblina, 
por detrás das Berlengas.
É de lá que vêm corsários,
monstros e mostrengas,
dinossauros,
loucos menestréis,
contadores de lendas,
mouras encantadas,
mercadores, invasores, conquistadores,
vikings, vírus,
e os bretões com o seu barco a vapor,
o Bateau ivre.

É de lá que vêm os portadores da peste, da fome e da guerra…
Mercator ergo pestiferus,
mercador logo portador da peste,
de que Deus nos livre!

Deste nomes de fêmeas
aos teus barcos
que são machos,
máquinas fálicas
de lavrar e violar
o vento, a água, o ar,
Jessica, Mafalda, Sofia,
Inês, Patrícia, Maria.

Formidáveis muralhas de palavras e moluscos
emparedam vivas as gentes, ribeirinhas,
na canícula desta tarde de verão
em que esperamos em vão
as hordas bárbaras,
ou tanto faz,
os soldadinhos de chumbo do Napoleão,
os mercadores fenícios,
ou as legiões romanas,
devidamente equipadas 
e alinhadinhas,
nas suas galeras feitas de legos.


Não sabemos quem devemos mais esperar,
se Drácula ou Drake, 
disfarçado da pérfida deusa Europa,
o deslizamento das placas tectónicas,
a erupção do teu gigantesco dinossauro,
o cobrador de impostos

em nome das tribos teutónicas, 
Moisés e a tábua dos dez mandamentos,
a bela e frágil deusa Atena,
o profeta Jesus Cristo 
ou o profeta Maomé,
o último guru do Vale da Sílica, 
ou simplesmente o carteiro 
que nos há-de trazer a carta a Garcia,
com a solução alquímica da vida,
o elixir da juventude,
o algoritmo da felicidade,

a chave do Euromilhões
ou a password do sítio
da gruta de Alibabá e os 40 ladrões.

Estou sentado na esplanada da tasca da Ti Augusta,
depois de saborear uma sopa de navalheiras,
e comer uma posta de arraia frita,
recuando ao tempo dos meus avoengos Maçaricos,
arrebanhados em terra 
para a demanda, por mar,  das Índias…
E aqui penso em como o mundo às vezes é tão simples,
se descartado das métricas todas
com que nos lixam a vida 
e nos roubam o sonho e a poesia: 
a econometria,
a sociometria,

a psicometria,
a biometria…

Dizem que aqui reinou o rei Midas,
o mesmo que transformava lagostas e algas
em barras de ouro.

Porto Dinheiro,
dos casais por detrás das tuas colinas,
até ao mar imenso,
por aqui andaram, labutaram, penaram, 
amaram, lutaram e naufragaram 
os nossos antepassados


Um dia há de desaparecer nas Américas
o teu último carpinteiro de naus, caravelas e traineiras.
Não sobreviveu à industrialização da construção naval,
nem à crise dos anos 30.
Morreu longe, na Califórnia,
longe, muito longe do teu porto de abrigo.

Maldita pátria,
mil vezes amada, 
e outras tantas odiada,
querida mátria
que tantos filhos pariste,

cruel frátria
que tantos irmãos rejeitaste!


Luís Graça

Lourinhã, Praia do Porto Dinheiro, 18/8/2011



(...) À memória dos meus antepassados Maçaricos,
marinheiros, mareantes, navegantes,
pescadores, mercadores, construtores navais... desde Quinhentos

Ao António Fernandes (Patas),
contrutor naval que morreu na Califórnia
E ao seu neto, e meu primo e camarada, Horácio Fernandes,
capelão militar em Catió e Bambadinca (1967/69). (...)

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14872: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (2): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte I): organização 'impex' do Eduardo Jorge Ferreira (ex-1º cabo inf, do exército luso-britânico que se cobriu de glória na batalha no Vimeiro, em 21/8/1808; ex-alf mil, PA, Bissau, Bissalanca, BA 12, 1973/74)


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Da esquerda para a direita, (i) primeira fila, António Nunes Lopes (ex-fur mil, CCAÇ 1439); João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439); Vilma Crisóstomo; Luís Graça; Helena Carvalho (, filha do Pereira do Enxalé, que morreu em Bissau, em agosto de 1974); (ii) segunda fila, Maria Alice Carneiro, Dina (esposa do Jaime), e Álvaro Carvalho; (terceira fila, Eduardo Jorge Ferreira (ex-alf mil, PA, Bissalanca, 1973/74); Alexandre Rato, presidente da junta de freguesia de Ribamar (que, apanhado à boa fila,  teve a gentileza de se juntar a foto de grupo "para mais tarde recordar"; Jaime Bonifácio Marques da Silva (ex-alf mil PQ, BCP 21, Angola, 1970/72); Horácio Fernandes (ex-alf mil capelão, de rendição individual, Catió e Bambadinca, 1967/69) e esposa, Milita.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > João Crisóstomo e o "furriel" que ele não via quase há meio século, o António Nunes Lopes (que mora em Almada,se não erro, e que veio de propósito a este convívio)... Foi um encontro emocionante e emocionado... Além do João, havia mais 3 alferes na CCAÇ 1439, o Freitas (madeirense), o Sousa e o Luís Zagallo (1940-2010). Falou-se aqui destes e doutros camaradas... A madeirense CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19, partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  O António Nunes Lopes.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  A "bajuda do Enxalé", Maria Helena Carvalho (que adotou - e foi adotada por - o pessoal da CCAÇ 1439), e o Eduardo Jorge Ferreira, o organizador do convívio. O Eduardo anda tão entusiasmado com a reconstituição histórica da batalha do Vimeiro, de 17 a 19 deste mês, na sua terra, que até conseguiu convencer o Álvaro Carvalho a fazer a cobertura fotográfico do evento!...


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  O Álvaro Carvalho, marido da Maria Helena, e um apaixonado da fotografia... Fez a cobertura do nosso convívio. Gostei muito de conhecer este simpático casal, e vou "apadrinhar" a sua entrada, formal, na nossa Tabanca Grande. Ambos são apaixonados pela Guiné... Estavam os dois em Bissau aquando das festas da independência... O casal vive nas Caldas da Raínha... A Maria Helena fez questão de fazer uma surpresa ao casal Crisóstomo e ao António Nunes Lopes (ex-fur mil da CCAÇ 1439, Xime  e Enxalé, 1965/79) (que ainda ela ainda conhecia pessoalmente, uma vez que ele não tem vindo aos encontros da companhia).



Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  Aspeto geral da mesa, em primeiro e segundo plano: a Dina e o Jaime, a Milita e o Horácio.



Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  O Horácio Fernandes e, em segundo plano, o Jaime Bonifácio e a Alice.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > O Jaime e a Dina que, agora reformados, dividem o seu tempo entre a Lourinhã e Fafe.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  A praia do Porto Dinheiro, velho e pistoresco porto de pescadores, com passado antiquíssimo que remonta aos romanos... Nas falésias fósseis, foi encontrado o Dinheirosaurus lourinhanensis do Jurásssico Superior (150 milhões de anos), descrito em 1999 por Bonaparte e Mateus. É provavelmente o dinossauro mais comprido até agora encontrado em Portugal.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 >O  Dinheirosaurus lourinhanensis tem direito a rua... Parte do esqueleto axial deste grande  gigante  pode ser visto no Museu da Lourinhã.


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro >  Eramos doze à mesa (não veio o João, não veio a São...). Seis tachos de caldeirada dão para alimentar o estômago e a conversa... Com tudo incluido, deu pouco mais de 20 áereos per capita...


Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > A Maria Helena servindo a sua "ginginha de Óbidos", de fabrico próprio, no final da refeição... Com limão e gelo, é uma delícia...


Vídeo (0' 27'') > Alojado em You Tube > Luís Graça 


Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2015). Todos os direitos reservados.
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