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domingo, 2 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14959: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte X: Bafatá



Foto nº 1  > O burro, que já estava em extinção


Foto nº 2 > Estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá que aqui, se não me engano, atravessava o Rio Cofule,l afluente do Rio Geba,.


 Foto nº 3 > Mercado de Bafatá (1)


Foto nº 4 > Mercado de Bafatá (2)


Foto nº 5 > Mercado de Bafatá (3)



Foto nº 6  > Mercado de Bafatá (4), visto do exterior.  (recorde-se que o nosso especialista de Bafatá, o Fernando Gouveia, já llhe dedicou um poste, P4769, comsideramdo este edifício, de estilo neo-árabe,  como o verdadeiro ex-libris de Bafatá)


Foto nº 7 > Loja da libanesa,a  Dona Vitória  (, se não me engano)


Foto nº 8 > Porto fluvial de Bafatá


Foto nº 9 > Rua principal de Bafatá, vista da piscina; em primeiro, o parque com a estátua do governador Oliveira Muzanty, do princípio do séc. XX, e a casa Gouveia


Foto nº 10 > O Jaime Machado na prancha de saltos da piscina


Foto nº 11 > O Jaime Machado, na esplanada da piscina, tendo atrás de si o Rio Geba


Foto nº 12 > A mesquita de Bafatá


Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Continuação da publicação do magnífico álbum fotográfico do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968/fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1913 e BCAÇ 2852) (*):

[foto atual à direita; o Jaime Machado reside em Senhora da Hora, Matosinhos; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14943: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte IX: Os meus rios, Geba e Udunduma

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14841: Fotos à procura de... uma legenda (58): Varela, 1955: o arquiteto Luís Possolo [1924-1999], o felupe e o "teco-teco"...


Guiné > Região do Cacheu > Varela > 1955 > O arquiteto Luís Possolo [19924-1999], o felupe e o "teco-teco"... [Cortesia de José Luís Possolo de Saldanha, 2012]. 


1. Foto enviada pelo Mário Beja Santos, com data de hoje, e a seguinte legenda:

"Arquiteto Luís Possolo em Varela,1955, para mim,  a mais espantosa imagem luso-guineense, Um Felupe exigiu entrar na fotografia, pôs 2 mundos em presença, há para ali fulgor, pujança e futuro".

O Mário não indica a origem da foto, nem diz se tem créditos... Mas sabemos que se trata da foto da capa do livro “Luís Possolo, um arquiteto do Gabinete de Urbanização do Ultramar”, de autoria de José Luís Possolo de Saldanha (Lisboa: Centro de Investigação em Arquitectura e Áreas Metropolitanas, 2012). O Beja Santos já a tinha reproduzida, há dois anos, quando fez, do livro,  uma nota de leitura (*)

O autor do livro é neto do Luís Possolo. Voltamos voltar a reproduzir a foto, com a devida vénia. O arquiteto Luís Possolo, de seu nome completo, Luís Gonzaga Pimentel Pedroso Possolo, nasceu em Lisboa, a 7 de julho de 1924, e morreu a 20 de abril de 1999, também em Lisboa.

O seu nome também já tinha sido referido por nós, em poste de há um ano atrás, a propósito da recensão do livro de Ana Vaz Milheiro: "2011: Guiné-Bissau. Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp. (Viagens, 5).

Fica o desafio, aos nossos leitores, para acrescentar uma legenda ou melhorar a que é proposta por Beja Santos. (**)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11238: Notas de leitura (464): O arquiteto Luís Possolo na Guiné, pelos anos 50 (Mário Beja Santos)

(**) Último poste da série > 2 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14824: Fotos à procura de... uma legenda (57): Evacuação do Uam Sambu, soldado do Pel Caç Nat 52, gravemente ferido em 1/1/1970: quem era a tripulação da DO 27 ? (Miguel e Giselda Pessoa / Rosa Serra)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14756: Em busca de... (259): Fotos do cinema de Bafatá, c. 1970 (António Martins, arquiteto, Bigarquitectura, Braga)

1. Mensagem do nosso leitor António Martins, arquiteto [, ESBAP, 1978], coordenador da equipa da Bigarquitectura [, foto à esquerda, cortesia da respetiva página na Net]
Data: 19 de maio de 2015 às 17:22

Assunto: cinema Bafatá

Caro Luis Graça


Não fui combatente na Guiné, porque, na altura em que eu teria que cumprir o serviço militar, já tinha acabado a guerra.

Tenho no entanto desde há 5 anos uma ligação forte com a Guiné e, como sou arquiteto, tenho um especial interesse pelos edifícios coloniais ainda existentes e que, infelizmente, estão, na sua maioria, senão destruídos, em muito mau estado de conservação.

Depois de ter visto o magnífico documentário Bafatá Filme Clube, de Silas Tiny, fiquei com imensa curiosidade sobre o edifício. Acontece que, após consulta intensiva na internet, não consegui obter imagens do edifício enquanto este era novo e estava em bom estado de conservação. Todas as fotografias que descobri reportam-se ao edifício em muito mau estado de conservação, ou mostram-no após as (pequenas) obras de recuperação que sofreu para as filmagens.
Um aparte: Curiosamente, consegui imagens interessantíssimas e da época, relativas ao edifício do Sporring Clube de Bafatá.

Assim sendo, agradecia que colocasse no seu blog este meu apelo, no sentido de que me sejam enviadas eventuais fotografias do cinema, isto é, logo após 1968/1970.

Desde já o meu obrigado.

Com os melhores cumprimentos,
A. Martins

big@bigarquitectura.pt

www.bigarquitectura.pt




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 2010 > Aspeto do edifício do cinema local, construído no inícío da década de 1970... O regresso do Fernando Gouveia, 40 anos depois... O nosso blogue e sobretudo o Fernando Gouveia acabaram por estar também na origem do filme, estreado em 2013, do realizador português, de origem santomense...

Recorde-se que o Fernando Gouveia  (i) foi alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; (ii) é autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; e (iii) é arquiteto, reformado, residente no Porto.

Foto: © Fernando Gouveia (2014).Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

2. Comentário do editor:

Meu caro arquiteto, as nossas desculpas pelo atraso na publicação do seu pedido, mas a nossa equipa é curta de recursos (humanos, técnicos, financeiros...). Infelizmente, falta-nos,nos nossos arquivos,  uma foto do cinema quando "jovem" (c. 1970)... Mas o nosso Fernando Gouveia, ele próprio arquiteto e residente no Porto, pode ser que dê uma ajuda preciosa... Ele é contemporâneo da construção do cinema, tendo estado em Bafatá em 1968/70. Vou contactá-lo. Ele tem um álbum fotográfico precioso da nossa querida "princesa do Geba", com muitas fotos, de resto, já aqui publicadas ao longo dos 11 anos de existência do blogue.   Vamos também apelar aos nossos camaradas que passaram por (ou estiveram em) Bafatá nessa época.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14754: Em busca de... (258): Joaquim Santos Viana procura camaradas da CCAV 1748 (Contuboel e Farim, 1967/69)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14213: Historiografia da presença portuguesa em África (57): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: monumentos - Parte I (Mário Vasconcelos): destaque para o edifício da administração civil (Bissau) e o monumento aos pilotos italianos mortos em 1931 (Bolama)











Imagens de zincogravuras, reproduzidas, bem como as legendas,  com a devida vénia, de Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).

Digitalizações: Mário Vasconcelos (2015) / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



1. Trata-se de uma gentileza do nosso camarada Mário Vasconcelos [,ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72,Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita] que descobriu um exemplar, já raro, desta edição, no espólio do seu falecido pai.


A segunda foto, a contar de cima, diz respeito ao edicio da administração civil que ficava na avenida principal de Bissau, a Av da República, que vinha da Praça do Império até ao cais do Pidjiguti (, hoje, Avenida Amílcar Cabral), no lado esquerdo quando se descia... No mapa com os edifícios construídos no tempo do Estado Novo, publicado por Ana Vaz Milheiro, é o nº 17 (Vd. poste P14211, de ontem). Um quarteirão antes, ficava a sé catedral (nº 2), seguida depois pelo cinema UDIB (nº 16) e na praça do Império ao monumento "Ao Esforço da Raça" (nº 14) e o palácio do Governo (nº 1).

O edifício da administração civil data do período de 1950-59, sendo da responsabilidade do Gabinete de Urbanização do Ultramar (GUU). Este e outros edifícios administrativos construídos na época "não inovam tipologicamente em relação aos seus congéneres oitocentistas" da metrópole: apresentam "um composição baeada em volumes depurados e representativa da organização interna".  Exemplos de uma arquitetura "monumental e propositadamenrte figurativa", são todavia bastante simplificados em termos ornamentais, "talvez por influência dos princípios incutidos por Sarmento Rodrigues (grande durabilidade; forte resistência aos maus tratos; baixo custo de manutenção" ) [Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), p. 103].

2. Sobre a primeira foto, com o monumento aos pilotos italianos... Já aqui abordámos o tema (**). Trata-se de um homenagem da Itália de Mussoilini aos seus 5 aviadores, vitimas de queda dos seus aparelhos em 5 de Janeiro de 1931 quando faziam a ligação Itália/Brasil com escala por Bolama.

Não é por acaso que a Itália (e os italianos. incluiindo os seus missionários...) sempre tiveram um olho nos antigos territórios da Guiné e de Cabo Verde... Já em 1939, antes da guerra - se não me engano - o Governo português autorizara o Mussolini a arrancar com o seu ambicionado projecto de construção de uma aeroporto na Ilha do Sal, indispensável para a ligação da Itália com os países da América do Sul onde residiam importantes comunidades italianas... A guerra frustrou os intentos de ambos os Governos.

Mas já antes, no início de 1931,  tinham caído na Guiné, em Bolama, então capital da colónia, dois hidroaviões da esquadrilha de Italo Balbo (o Gago Coutinho italiano...) que tentava fazer a ponte aérea entre Roma e o Rio de Janeiro...

Desse desastre resta na ilha de Bolama, ainda surpreendentemente intacto (?), um monumento em pedra com a legenda "Mussolini ai Caduti di Bolama», inaugurado em Dezembro de 1931...

A esquadrilha, com 14 aparelhos, de Italo Balbo (apontado mais tarde como um rival de Mussolini, e morto em 1940, na Líbia, pela prórpia artilharia antiaérea italiana!), chegou a Bolama no dia de Natal de 1930. Era o último ponto de paragem em África, justamente por ser o mais próximo de Porto Natal, no Brasil. Depois de vários dias em Bolama para reparações e à espera de condições atmosféricas favoráveis, voltaram a levantar voo a 5 de janeiro de 1931. Caíram 2 aparelhos, provocando 5 mortos. Os restantes chegaram ao Rio de Janeiro,  no dia 15. 

3. O jornalista e escritor português Amândio César visitou, em março e abril de 1965, a Guiné, em missão de reportagem para a Emissora Nacional. Visitou naturalmente, Bolama, tendo escrito sobre este monumento o seguinte: 

(...) "Finalmente: Bolama que tem em si um dos raros monumentos ao esforço fascista de paz, quando Mussolini e Ítalo Balbo tentaram o cruzeiro aéreo para unir Roma ao Brasil. Com efeito, dois dos aparelhos despenharam-se em Bolama e a missão esteve em riscos de se malograr. Tal não aconteceu porque a tenacidade de Ítalo Balbo a isso se opoz. Resta desse desastre o belo monumento aos «Caduti di Bolama» no qual se reproduz um aspecto dos destroços dos aviões — duas asas, uma das quais ainda erguida aos céus e a outra quebrada e caída em terra.

O monumento foi feito por italianos e com pedra italiana, vinda de Itália, para esse fim. Mandou-o erguer Mussolini e na sua base lá se encontra a coroa de bronze por ele oferecida, com estes dizeres — Mussolini ai cadutti di Bolama. Ao lado, a águia da fábrica de hidro-aviões Savoia, uma coroa com fáscios da Isotta-Fraschini e a coroa de louros da Fiat. 

É curioso notar que este será um dos raros monumentos do fascismo, no mundo, que no fim de 1945 não foi apeado. Virado para diante e no alto, o distintivo dos fáscios olha ainda com alienaria o futuro, no seu feixe de varas e no seu machado, a lembrar a grandeza da Roma do passado." (...)

Fonte: Extratos de: César, A. - Guiné 1965: contra-ataque. Braga: Pax, 1965.

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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14211: Memória dos lugares (285): Fortaleza da Amura, estátua de Diogo Gomes, ponte cais de Bissau e edifício da Alfândega (Arménio Estorninho / Agostinho Gaspar / António Bastos)


Guiné > Bissau > c. 1970 > Fortaleza da Amura, ao fundo,  vista da ponte cais


Guiné > Bissau > c. 1970 > Muralhas da fortaleza da Amura (aldo sul), junto à avenida marginal; do aldo direito (não vísível da imagem) a praça de Diogo Gomes (navegador português do séc. XV)

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 Guiné > Bissau > c. 1970 > Praça e estátua de Diogo Gomes frente à ponte cais de Bissau... Ao fundo, muralhas da fortaleza da Amura. Segundo Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura colonial do Estado Novo, o pedestal (agora vazio) da estátua do Diogo Gomes ainda lá está, tal como a inscrição, um exerto do canto VII dos Lusíadas, "Mais mundo houvera"... O pedestal é obra do Gabiente de Urbanização do Ultramar. A estátua (removida para o forte do Cacheu) deve ser da autoria do escultor Joaquim Correia, autor de monumento análogo que ainda hoje está de pé na cidade da Praia, Cabo Verde. Esta e outras estátuas (Honório Barreto, Nuno Tristão, Teixeira Pinto) faziam parte de "um escrupuloso programa de 'aformoseamento' do espaço público", integrado nas comemorações do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão. na altura do governo de Sarmento Rodrigues (1945-48). No entanto, a colocação das estátuas destas figuras históricas da colonização só será efetuada na segunda metade da década de 1950 [Vd. Ana Vaz Milheiro - 2011, Guiné-Bissau. Lisboa, Círculo de Ideias, 2012. (Coleção Viagens, 5), pp. 32-33].




Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > c. 1970 > Vista do lado sul, ou seja, do Rio Geba. Entre o rio e a Amura ficava a praça de Diogo Gomes (com a respetiva estátua do navegador da casa do Infante Dom Henrique, tal como Nuno Tristão) e o porto de Bissau (à direita o cais do Pidjiguiti, não vísível na imagem,  e à esquerda a ponte-cais de Bissau onde muitos de nós desembarcámos...).

Fotos do álbum de Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, IngoréAldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70.

Fotos: © Arménio Estorninho (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea da Ponte Cais, e de parte da zona ribeirinha da Bissau Velha: à direita o edificio da Alfândega, em frente a praça e a estátua de Diogo Gomes e portão de armas e as muralhas (lado sul) do forte de São José da Amura (, coberto de seculares poilões)... Do lado esquerdo (e já não visível na imagem) ficava o cais do Pidjuiguiti.

A ponte-cais do porto de Bissau  (obra emblemática do governo de Sarmento Rodrigues, re,omtando o início das obras a julho de 1948) é inaugurada em 1953 por Raúl Ventura, subsecretário de estado do Ministério do Ultramar, sendo Sarmento Rodrigues ministro da tutela.

Pormenor de: Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 119" . (Edição Foto Serra, COP 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).


Guiné > Bissau > s/d > Vista  da ponte-cais (ou porto) de Bissau, a partir da praça Diogo Gomes).

Pormenor de: Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 119" . (Edição Foto Serra, COP 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).

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Guiné > Bissau > s/d  [c. 1960/70] > Pormenor de monumento a Diogo Gomes (às vezes confundido com Diogo Cão) e Edifício das Alfândegas > Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 136". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).


Colecção do nosso camarada, natural do concelho de Leiria, Agostinho Gaspar (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72,  Mansoa, 1972/74),





Guiné > Bissau > s/d > Edifício da Alfândega. Cortesia de Instituto de Investigação Cientifica Tropical, Arquivo Histórico Ultramarino [Calcada da Boa-Hora, nº 30. 1300-095 Lisboa Portugal].  Foto editada por LG.

[Embora o edifício seja estadonovista, e seguramente da autoria de um arquiteto do Gabinete de Urbanização do Ultramar, não sei quem ele é, nem em que data exata foi construído. Pode ser que algum leitor nos ajude... Vd. Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), pp.80-114 [Disponível aqui em pdf ]

O nosso camarada Mário Dias que acompanhou o progresso de Bissau,nos anos 50, na época pós-Sarmento Rodrigues, faz explicitamente referência ao edifício da Alfândega, sito na nova zona portuária: "Outras obras importantes para o progresso de Bissau foram realizadas. As novas instalações da Alfandega e armazéns portuários junto à nova ponte cais, o novo hospital, (hoje Simão Mendes), a nova estação dos correios, renovação de toda a iluminação pública, abertura de novas ruas e avenidas, o quartel dos bombeiros, o novo cinema da UDIB, a sede do Benfica, a sede da Associação Comercial (hoje do PAIGC) e demais realizações que estavam, embora lentamente e com muito atraso, a trazer Bissau para a 'civilização' ".









Cortesia de Vd. Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), pp.80-114 [Disponível aqui em pdf ] (Como se vê da figura acima, o edifício da Alfândega é um dos que não está ainda datado...)



Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho, com as ruas rebatizadas pelo PAIGC > 1975 > Planta da cidade > Localização de: (i) fortaleza da Amura; (ii) cais do Pidjiguiti (à esquerda); e (iii) porto de Bissau (à direita)... Alguns camaradas confundem, por vezes, a ponte-cais de Bissau com o cais do Pidjiguiti (para sempre associado aos acontecimentos de 3 de agosto de 1959)..

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)




Guiné-Bissau > Regão de Cacheu >Cacheu > 3 de Março de 2008 > A estátua de Diogo Gomes, agora em depósito na antiga fortaleza portuguesa do Cacheu...


Foto: © António Paulo Bastos (2009). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14147: Memória dos lugares (282): (i) A fortaleza da Amura, em Bissau, futuro museu... (Patrício Ribeiro); (ii) o arquiteto Luís Benavente (1902-1993) e o seu papel na salvaguarda do património português em São Tomé, Índia, Cabo Verde e Guiné (Vera Mariz)


1. Mensagem da nossa leitora Vera Mariz, doutoranda em História da Arte (Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa)

Data: 13 de janeiro de 2015 às 12:49

Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura

Caríssimo Luís,


Muito obrigada pelo seu gesto, de outra forma não teria qualquer imagem da referida entrada virada à cidade. (*) [Foto acima, de Durval Faria, c. 1962/64].

O vosso trabalho é notável mas mais impressionante ainda é, sem dúvida, a capacidade que o blogue tem de cruzar tantos (e tão interessantes) testemunhos acerca dos mais variados temas.

Quanto ao que me pergunta sobre o arquitecto Luís Benavente... É uma figura interessantíssima mas muito maltratado devido à sua associação com o Estado Novo. Mas a verdade é que, independentemente das motivações do regime, o arquitecto Benavente teve um papel extraordinário no âmbito da salvaguarda do património português ultramarino, tendo passado por São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Índia e Guiné.

Capa do catálogo da exposição
 “Luís Benavente – Arquitecto” ~
ANTT [Arquivo Nacional da Torre do Tombo], 
Lisboa, 1997, pp. 163. 

No ano de 1958, através do Decreto 41.787, a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar viu alargadas as suas incumbências, extrapolando a arquitectura e urbanismo, para abranger, igualmente, os monumentos de interesse nacional. Assim, a partir deste momento, caberia àquela Direcção-Geral o inventário, classificação, conservação e restauro dos monumentos portugueses erguidos no Ultramar ao longo dos séculos da presença nacional.

Foi, precisamente, na sequência deste diploma legislativo que o arquitecto Luís Benavente, Director do Serviço de Monumentos Nacionais na Metrópole desde o ano de 1952 e funcionário em comissão de serviço no Ministério do Ultramar desde 23 de Setembro de 1958, deu início a um programa centralizador de salvaguarda do património arquitectónico português do além-mar.

Além do arquitecto Benavente há a referir (entre outros) os casos de Fernando Batalha e Pedro Quirino da Fonseca, arquitectos que trabalharam também durante o Estado Novo nas comissões de monumentos de Angola e Moçambique, respectivamente. Quirino da Fonseca desempenhou, ainda, missões em Macau, Malaca e Ormuz.

Uma vez mais agradeço a sua simpatia e disponibilidade, bem como de todos os camaradas que tão prontamente acederam ao meu pedido.


2. Apelo dos editores 
Infografia: Miguel Pessoa (2014)
aos membros a Tabanca Grande

Data: 13 de janeiro de 2015 às 11:43

Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura

Amigo/as, camaradas:

O património arquitetónico que os portugueses deixaram pela mundo, desde o início da abertura da "primeira" autoestrada da globalização, é mal conhecido 
pelos próprios portugueses de hoje. 
Mas temos a obrigação de o estudar e divulgar...

Acabámos de colocar, no nosso blogue, dois postes sobre a Fortaleza da Amura (*)... A sua história e o próprio edifício são mal conhecidos. Daí o nosso apelo, mais uma vez, à boa vontade dos membros da Tabanca Grande:

(i) quem tem fotos ou outros documentos sobre a Amura ?

(ii) quem conheceu e eventualmente cumpriu servlço na Amura ?

(iii) quem tem histórias ou memórias relacionadas com a Amura ?

Como sabem, procuramos publicar, de preferência, no blogue, coisas nossas, inéditas, em primeira mão, na primeira pessoa...É também, como a gente  costuma diizer com algum humor negro, a nossa forma de recusa, enquanto geração de ex-combatentes, de irmos parar à vala comum da ignomínia e do esquecimento,,,

Um alfabravo valente para todos/as

 PS - A entrada principal da Amura, mais fotograda no nosso tempo era a entrada sul, virada para o rio e o porto... Já a outra, do lado norte, virada para a cidade, é menos conhecida...  (Vd. acima foto do Durval Faria, que deve ter sido tirada entre 1962 e 1964. Ainda a cidade não estrangulava o forte).


3. Comentário do nosso amigo (e camarada) Patrícío Ribeiro, empresário em Bissau. [, foto à esquerda, em dezembro de 2014, em Farim] (*):

Está a haver mais um movimento, em Bissau, de transformar a Fortaleza da Amura em Museu, pode ser que seja desta, assim como das tentativas de transformar o Bairro de Bissau Velho, numa continuação da Amura... Enfim, tem havido tentativas…

Bissau pouco tem para se visitar, excepto a actual “Casa dos Direitos”, na antiga 1ª Esquadra, junto à porta principal da Fortaleza da Amura. É um projecto da ONG ACP Portuguesa, em que a nossa amiga Fátima Proença o vai desenvolvendo desde o início.

Esperamos que a Amura seja mais visitada que a Fortaleza de Cacheu que mesmo assim é visita dos passeios de domingo das pessoas que saem de Bissau.

Vamos ter o novo Museu dos Escravos em Cacheu (, em que as obras foram pensadas, projectadas, assim comos os primeiros trabalhos do arranque, foram feitos pelo nosso saudoso Pepito). Sabemos que as obras continuam a decorrer e que este ano já vai ter o novo piso e telhado.

Cacheu vai ter dois lugares culturais para visitar. Para não falar dos outros Museus a céu aberto e a que ainda são… as cidades de Bolama (**) e Farim.


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial

Foto: © Patrício Ribeiro (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14143: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (21): A fortaleza da Amura (Vera Mariz, doutoranda em história da arte)




Foto nº 1 

Guiné > Bissau > Fortaleza de São José da Amura ou simplesmente Fortaleza da Amura > Construção iniciada em finais do séc. XVII, arrasada em 1707 e reconstruída em 1753, restaurada em meados do séc. XIX (1858-1860), bem como um século depois, a partir da década de 1970, sob orientação do arquiteto Luís Benavente.

Foi quartel-General durante a guerra colonial. É hoje panteãio nacionalda República da Guiné-BissaU.  Foto nº 17/199 do álbum Guiné, disponível na página do Facebook, do João Martins.


Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Entrada principal, vista do interior da fortaleza.

Foto: © Luis Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


1. Mensagem da nossa leitora Vera Mariz:

Data: 12 de dezembro de 2014 às 12:29
Assunto: Fortaleza Amura

Caríssimo Luís Graça,

O meu nome é Vera Mariz e estou a fazer um Doutoramento em História da Arte acerca do restauro dos monumentos portugueses ultramarinos durante o Estado Novo.

No âmbito de uma das minhas investigações deparei-me com o vosso blog que está repleto de histórias e fotografias interessantíssimas. 

Queria perguntar-lhe se eventualmente terá uma fotografia da Porta de Armas da Fortaleza de São José da Amura. 

Por outro lado talvez possa esclarecer-me uma dúvida que tenho (já que nunca estive em Bissau). Esta Porta de Armas fica depois da entrada que surge na fotografia que lhe envio (encontrei no vosso blog) [foto nº1 ] ?

Agradeço desde já a sua atenção.

Cordialmente,

Vera.

2. Comentário, com data de hoje,  do nosso camarada João Martins, autor da foto acima reproduzida 


[, foto à esquerda: João Martins , ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69 ]


Amigo Luís Graça

Esta, em minha opinião, só pode ser a parte exterior do forte. Por duas razões, porque tem os canhões apontados, e porque tirei esta fotografia  nunca tendo entrado no dito forte.

Aproveito para enviar. por email, as minhas memórias com várias fotografias de estátuas à Vera.

Grande abraço

João Martins

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13429: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (20): Imagens de braços tatuados, do tempo da guerra colonial, precisam-se para trabalho jornalístico sobre a história da tatuagem em Portugal...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13603: Notas de leitura (631): “2011 Guiné-Bissau" por Ana Vaz Milheiro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Fevereiro de 2014:

Queridos amigos,
Aqui vão imagens de nostalgia daquelas últimas décadas do Império da Guiné.
Ficamos a saber que o engenheiro de minas José Guedes Quinhones foi o responsável pelo plano de 1919 de que veio a nascer a Bissau que Sarmento Rodrigues pôs em execução.
Ouvimos falar na Garden City, a cidade jardim dos trópicos, vemos projetos que tinham em atenção as condições do clima e a defesa contra a insolação. Refere-se que o HM 241 tinha um serviço de ortopedia que estava entre os melhores do Império e do continente africano. Há ruínas de edifícios dos CTT, abandonados à sua sorte, a crueldade é tanta que ninguém pensa na sua revalorização.
Enfim, uma amostragem pela arquitetura do Estado Novo que jaz agonizante ou não valorizada.

Um abraço do
Mário


Um olhar sobre a arquitetura da Guiné-Bissau, por Ana Milheiro

Beja Santos

Ana Vaz Milheiro é docente do ISCTE e está a preparar pós-doutoramento em arquitetura luso-africana do período do Estado Novo. É investigadora responsável do projeto “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitetónica”. É dela, em colaboração com Eduardo Costa Dias, Doutor em Antropologia Social e investigador do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, o precioso “2011 Guiné-Bissau”, Circo de Ideias – Associação Cultural, 2012.

Escreve a autora: “Fui à Guiné-Bissau à procura do Estado Novo, em outubro de 2011. Até ao desembarque, a imagem que tinha da Guiné-Bissau baseava-se nas pesquisas documentais iniciadas três anos antes, recolhidas em livros e opúsculos, nos desenhos, projetos e documentos, em fotografias. Em 2009, Eduardo Costa Dias deslocou-se a Bissau, como faz quase todos os anos. Generosamente, acedeu em fotografar uma primeira lista de edifícios públicos construídos na capital guineense depois da Segunda Guerra Mundial. Do cruzamento das imagens dos edifícios com os projetos arquivados em Lisboa saíram as primeiras ‘narrativas’ sobre Bissau. Faltava o confronto com a cidade real. A viagem levou-nos a Safim, Nabijões, Bafatá, Gabu, Sonaco, Contubuel, Bula, Canchungo, Cacheu e Mansoa”. Estamos em Bissau.

Estamos em Bissau, e a arquiteta Ana Milheiro dá-nos uma novidade sensacional: “A cidade contemporânea começa a ser planeada na sequência dos acontecimentos militares de 1913, assinalando os esforços de João Teixeira Pinto para estabilizar a presença portuguesa na região. Com a I República cresce o sentimento de embelezar a cidade. O plano de 1919, do engenheiro Guedes Quinhones, não só dá início ao processo de monumentalização do espaço urbano como corresponde à sua expansão para lá do perímetro primitivo. Cruza a baixa densidade da Garden City, propondo uma praça radial, implantada na cota mais elevada, ligando-se, através de um boulevard, à zona baixa e portuária. A Av. Amílcar Cabral é, então, a Av. 31 de Janeiro. Os limites da cidade são assegurados por uma “Avenida de cintura”, que faz fronteira com os subúrbios, onde a população africana se irá fixar. Identificam-se os lotes das instalações da energia elétrica e abastecimento de água, do Palácio do Governo, do Novo Hospital e do Banco Nacional Ultramarino. Formam um programa mínimo de equipamento (a que se junta a escola primária, c. 1922) que o Estado Novo reforça depois de 1945. A estratégia estado-novista passa por diminuir os vestígios deste urbanismo de perfil republicano, apropriando-se dos seus símbolos”.

Imagem de Bissau inserida no livro de Ana Vaz Milheiro

Três anos após a passagem de Bissau a capital, chega o arquiteto Paulo Cunha, vem com a responsabilidade de construir casas, a capital está muito carente. O padrão unifamiliar marca a escala de Bissau, contribuindo para acentuar uma fisionomia do tipo Garden City

Uma vista das moradias de Bissau construídas entre 1944 e 1946

A deambulação prossegue pelas ruinas do Hospital 3 de Agosto e a autora observa: “O seu estado ruinoso atual não impede a constatação da qualidade da arquitetura da última fase da presença colonial”. Detém-se na Sé de Bissau, urdida por João Simões em 1945. No lado oposto da avenida encontra-se a sede dos correios cuja fachada é monumentalizada à maneira das obras do Estado Novo. E chegamos a um equipamento que os arquitetos muito apreciam: a estação meteorológica de Bissau. E Ana Milheiro escreve: “É a questão do clima e, mais precisamente a necessidade de isolamento térmico, que irá definira opção por uma cobertura plana, desafiando as rotinas habituais que preferem telhados inclinados. Nas especificações construtivas, refere o arquiteto que o revestimento da cobertura é composto por pequenas lajes soltas que produzem o mesmo efeito de uma caixa de circulação de ar”.

Estação Meteorológica, Lucínio Cruz, 1952, Bissau

Seguem-se visitas aos bairros de Santa Luzia e da Ajuda, há também um olhar demorado sobre a sede do PAIGC outrora a Associação Industrial e Comercial de Bissau, e, ali bem perto há o edifício sede da TAP. A visita a Bissau está praticamente concluída, tira-se uma impressiva fotografia ao pedestal da estátua de Diogo Gomes, o que da estátua resta encontra-se no forte de Cacheu.

Seguem para Bafatá, e depois Contubuel. Diz a autora: “É um sítio histórico extraordinário”. O lugar, famoso pelas madrassas da etnia Mandinga, ostenta vestígios coloniais. Ali se fundou uma missão católica nos anos 50. Ainda em Contubuel, há uma paragem no mercado e a autora escreve: Materializa um desenho elementar: “Um pavilhão só parcialmente fechado com elementos cerâmicos vazados, rematado com uma cobertura de duas ou quatro águas. O recurso a projetos-tipo está instalado entre os profissionais dos organismos públicos que desenham para África durante o Estado Novo. Na Guiné, encontramos pelo menos quatro séries. A escola primária. A estação de correios com residência para o chefe de posto. O celeiro comunitário. E o mercado-telheiro”. Impressiona-se com a escola primária de Cacheu, chama-lhe à atenção o Cine-Canchungo e diz o seguinte: “Aparece nos relatos dos antigos combatentes como local de visionamento de filmes improváveis. A Mulher Infiel de Claude Chabrol, exibido em dezembro de 1972, é um deles. Durante a década de 60, o conflito armado determina a escala alcançada pelos equipamentos diretamente ligados ao esforço militar: instalações hospitalares, aquartelamento ou clube militar”.

Cine-Canchungo, década de 1960

E não esconde o seu maravilhamento com a estação dos CTT de Gabu, e comenta: “O gaveto da estação dos Correios, Telégrafos e Telefones de Gabu funciona como expressão arquitetónica da urbanidade ambicionada para as povoações interiores da Guiné no período colonial. Um edifício que se abre em esquina é um edifício que desenha em cidade. O projeto repete-se, pelo menos, em Bissorã, Mansoa e Bafatá, nesta última com maiores dimensões. Visitámos o posto dos Correios, agora encerrado, e entrámos na casa do antigo chefe. De área mínima, a habitação é, todavia, um privilégio concedido pelo Estado Novo aos seus funcionários”.

O melhor é folhear calmamente o que Ana Vaz Milheiro captou e sentiu. O livro faz parte de uma coleção que procura construir um mapa afetivo de viagens. A arquiteta passou o teste e legou-nos uma pequenina joia de edifícios que milhares e milhares de ex-combatentes nunca esqueceram.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13585: Notas de leitura (630): “Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa”, por Alfredo Margarido (Mário Beja Santos)