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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23681: Agenda cultural (818): doclisboa'22- festival internacional de cinema, 6-16/10/2022: Retrospectiva - A questão colonial: 35 filmes - Parte II: Guiné, Angola, a memória e as novas batalhas. Mesa redonda, dia 8, às 15h00 (Cinema São Jorge) e às 19h00 (Cinemateca)






Fotogramas, com a devida vénia, do filme de Flora Gomes, o pai do cinema guineense (n. Cadique, 1949), "Mortu Nega" (Morte Negada, em português, ou "aqueles a quem a morte recusou")... Voltou a passar no doclisboa, este ano, no passado dia 6 de outubro.. Mas está aqui disponível, no You Tube (falado em crioulo, com legendas em inglês e em português), em versão integral. Tem como protagonista uma poderosa e bela figura feminina, Diminga, uma "mãe coragem" (interpretada por  Bia Gomes). Ver aqui sinopse, enquadramento histórico, ficha artística e técnica do filme.

Na caixa de comentários ao poste P23676 (*), escreveu o António Rosinha: "Conheço de Flora Gomes dois filmes sobre a Guiné, este, "Mortu Nega", e os "Olhos Azuis de Onta". Muito interessantes. Penso que já poderia ter produzido outros sobre a sua terra" (6
de outubro de 2022 às 17:06).

A "primeira longa-metragem do realizador guineense Flora Gomes" já passou em tempos ba RTP, mas não o encontro na RTP Play, possivelmente por causa dos direitos de autor). Sinopse:  "Este filme, nas palavras do seu autor, é uma parábola africana. Conquistada a independência das colónias e eliminado o colonialismo português, a questão que se levanta é a África do século XXI. Uma África ? e é isso que Flora Gomes insinua ? que África não será sem as suas crenças, os seus mitos, a sua filosofia, a sua cultura." 

1. Este ano, na sua 20ª edição, o doclisboa tem na secção "Retrospectiva", dedicada à "questão colonial", um total de 35 filmes (de curta, média e longa metragem), que vão passar entre 6 e 16 deste mês. Continuamos, a título meramente informativo, a listar os filmes que vão passando cada dia. Neste caso, no próximo dia 8, sábado.

08 Out — 10:30 / 87’
Culturgest Pequeno Auditório

15 Out — 19:00 / 87’
Cinemateca Portuguesa Sala M. Félix Ribeiro

A obra de Mario Marret, só recentemente reencontrada e restaurada, filmada em plena guerra na Guiné, já aflorava a questão das escolas de mato – um eixo fundamental da acção do PAIGC nas zonas libertadas. A relação entre a terra, a luta e a aprendizagem estão no coração dos dois filmes de Filipa César e Sónia Vaz Borges, a partir do arquivo em Navigating the Pilot School e da experiência física e sensorial em Mangrove School.


Nossa Terra
Mario Marret
1966/Guiné Bissau/35’

Nossa Terra é um filme de combate, um filme urgente, rodado durante a guerra de guerrilha na luta pela independência da Guiné-Bissau em meados dos anos 1960. “Era um testemunho. Não interessava o formato, a câmara, essas coisas todas. Estava um cineasta presente. O cineasta tem de estar no lugar onde o mundo se [...]


Navigating the Pilot School

Navigating the Pilot School
Filipa César, Sónia Vaz Borges
2016 /Portugal /12’

Frequentemente subestimadas enquanto tal, as guerras de libertação anti-coloniais foram também empreitadas de educação a grande escala. Considere-se as estratégias educativas seguidas pelo agrónomo Amílcar Cabral e o PAIGC. Entre elas, a Escola Piloto para “formar os melhores estudantes das nossas escolas nas zonas libertadas e [serem] integrados no nosso [...]

Mangrove School

Mangrove School
Filipa César, Sónia Vaz Borges
2022/Alemanha, França, Portugal/35’

“Voltámos à Guiné-Bissau para investigar as condições dos estudantes nas escolas da guerrilha nos mangues. Em vez disso, rapidamente nos tornámos nós próprios os alunos e a primeira lição era como andar. Se se caminhar direito, colocando primeiro o calcanhar no chão, imediatamente se escorrega e cai nas represas dos [...]

08 Out — 15:00 / 90’
Cinema São Jorge Sala 2

MESA REDONDA: A QUESTÃO COLONIAL

08 Out — 19:00 / 97’
Cinemateca Portuguesa Sala M. Félix Ribeiro


A beleza que atravessa o Carnaval da Vitória, que regista o primeiro Carnaval de Angola independente em 1976, não esconde o trauma de vinte anos de guerra colonial, que se prolongará na violência da guerra civil. Vinte anos mais tarde, Sissako parte em busca de um amigo, e de si mesmo, e encontra um país cujas feridas resistem às simplificações históricas.

Esta sessão decorre no âmbito do projecto FILMar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, integrado no Mecanismo Financeiro de Apoio EEA Grants 2020-2024.



Carnaval da Vitória

Carnaval da Vitória
António Ole
1978/Angola/39’

Filmado nas ruas de Luanda, Lobito e Benguela, o filme foca em particular os trabalhadores que se dividem entre os seus locais de trabalho e os preparativos e ensaios que culminam no dia da primeira grande festa da Angola independente: o “Carnaval da Vitória”. Esta sessão decorre no âmbito [...]




Rostov-Luanda

Abderrahmane Sissako
1997/Alemanha, Angola, Bélgica, França, Mauritânia/60’

Abderrahmane Sissako saiu da Mauritânia para Rostov, na Rússia, em 1980, para estudar cinema. Aí, fez amizade com Baribanga, um combatente pela liberdade angolano. 16 anos mais tarde, com uma fotografia de Baribanga no bolso, Sissako decide ir a Angola, um país ainda em convulsão, e procurar o seu companheiro há muito perdido. O [...]

(Continua)

[Seleção / revisão / fixação de texto / subtítulos / negritos / itálicos, para efeitos de edição deste poste: LG. ]
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Nota do editor:

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23676: Agenda cultural (817): doclisboa'22- festival internacional de cinema, 6-16/10/2022: Retrospectiva - A questão colonial: 35 filmes - Parte I: Lugares: Guiné-Bissau, Senegal, Argélia, Angola, dias 6 e 7


Fotograma do filme "J'ai huit ans" (França, 1969, 10'). Cortesia de doclisboa2022


1. Aí está o nosso querido e aclamado doclisboa, na sua 20ª edição. Um  slogan que já se tornou um ícone: "Em Outubro todo o mundo cabe em Lisboa"... É uma referência a nível mundial este festival do cinema (documental). Organização notável da Apordoc - Associação pelo Documentário. Palmas para eles e elas que fazem estas coisas acontecer na nossa terra. 20 edições é obra. E a continuidade sem quebra da qualidade...

Das diversas secções (são 12), destacamos, para os leitores do nosso blogue, a Retrospectiva > A Questão Colonial. 

Vão passar, só nesta secção 35 filmes de curta, média e longa metragem.  Todos os filmes são legendados em português. Com a devida vénia, selecionámos os filmes que vão ser exibidos hoje e amanhã, na Cinemateca Portuguesa e no Cinema São Jorge.   

Eu, que sou fã do doclisboa, desgraçadamente, vou estar, durante a semana, na Lourinhã, a fazer fisioterapia... Espero que alguns dos nossos cinéfilos possam lá dar um salto e escrever duas linhas (críticas) sobre um ou mais destes filmes... Alguns, seguramente, serão polémicos...

Vamos apresentando, ao longo dos dias, a programação relativa a esta secção. Destaque para o filme "Mortu Nega" do realizador Flora Gomes (Guiné Bissau, 1988, 93’), considerado o filme "fundacional" da cinematografia guineense. Passa hoje, dia 6 de outubro, às 15:30, na Cinemateca Portuguesa,  Sala M. Félix Ribeiro.

Quem não puder vê-lo na sala de cinema, tem-no aqui, no You Tube. Falado em crioulo, com legendas em inglês e em português. Versão integral. 

Flora Gomes nasceu em Cadique, em 1949. Ver aqui sinopse, enquadramento histórico, ficha artística e técnica do filme "Mortu Nega", que em português quer dizer "morte  negada"). 

2. O texto  e as imagens, a seguir, são extraídos do programa do doclisboa'22, incluindo as sinopses dos filmes que aqui se reproduzem para mera informação dos nossos leitores. Como não os vimos, a não ser alguns excertos do "Mortu Nega", não podemos ter opinião sobre eles:

Parafraseando Sartre, algumas reflexões sobre a questão colonial… no cinema. No caso, cingimo-nos à história recente, ao continente africano e às antigas colónias portuguesas e francesas. 

O ponto de partida é o fim da Guerra da Argélia – simbolizando o fim das colónias francesas, habilmente mantidas sob o jugo neocolonial – que coincide com a decisão do Estado Novo de avançar para a guerra colonial. 

Rapidamente, a revisitação dos materiais das “colecções coloniais” revela-se desajustada, condicionada à recontextualização, que reduz o cinema ao documento. 

A viagem deriva, então, para os cineastas solidários e sobretudo o nascimento dos cinemas africanos. Resta saber se, como Ousmane perguntava a Rouch, quando houver muitos cineastas africanos, os cineastas europeus deixarão de fazer filmes sobre África.

Dois momentos fundacionais do cinema guineense e da colaboração de Flora Gomes e Sana na N’Hada, gestos híbridos entre ficção e reconstrução, em busca da imagem de um país e de um povo. O funeral de Amílcar Cabral, finalmente realizado com honras de Estado após a independência, simboliza o nascimento da nação e "Mortu Nega" o seu nascimento cinematográfico.

06 Out — 15:30 / 117’
Cinemateca Portuguesa Sala M. Félix Ribeiro




O Regresso de Amílcar Cabral
Djalma Fettermann, Flora Gomes, José Bolama, Josefina Crato, Sana na N'Hada
1976/Guiné Bissau, Suécia/32’

Primeira produção de cineastas guineenses após a libertação do colonialismo português em 1974, O Regresso de Amílcar Cabral documenta a transferência dos restos de Amílcar Cabral de Conacri (onde foi assassinado em Janeiro de 1973) para Bissau em 1976. Uma cobertura intrigante do evento solene, gravações de canções guineenses e [...]

Mortu Nega

Mortu Nega
Flora Gomes
1988/Guiné Bissau/93’

Mortu Nega cobre o período entre Janeiro de 1973, durante os meses finais da guerra contra os portugueses, até à consolidação de uma Guiné-Bissau independente, em 1974 e 1975. O filme começa no mato com um transporte na rota de abastecimento de Conacri para a frente. A heroína, Diminga, e [...]

06 Out — 19:00 / 86’
Cinemateca Portuguesa Sala M. Félix Ribeiro



Africa on the Seine

Afrique sur Seine
Mamadou Sarr, Paulin Soumanou Vieyra
1955/Senegal/21’

De acordo com o Decreto Laval dos anos 1930, os projectos de filmes estavam sujeitos a censura prévia. Neste contexto, os realizadores não obtiveram autorização para filmar em África e, em vez disso, fizeram esta curta sobre as vidas de africanos em Paris. O filme revela questões de estudantes sobre [...]


La Noire…
Ousmane Sembène
1966/França, Senegal/65’
Diouana, uma jovem de uma aldeia senegalesa, deambula por Dacar todos os dias à procura de trabalho. Apesar da enorme oferta de mulheres desempregadas, dada a sua subserviência, é “escolhida” para ama de uma família francesa rica. Quando tem autorização para se mudar para França para viver com eles, parece [...]



07 Out — 16:45 / 68’
Cinema São Jorge Sala 3

Nestes filmes, rodados por cineastas militantes e solidários que desafiaram a censura em França, condensam-se os anos de violência da Guerra da Argélia – vividos no presente e na frente de combate em Algérie en flammes ou nas imagens que dela trazem as crianças exiladas na vizinha Tunísia em J’ai huit ans – e a força de esperança do país no Ano Zero da independência.


J'ai huit ans

J'ai huit ans
Olga Baïdar-Poliakoff, Yann Le Masson
1962/França/10’

Crianças argelinas, sobreviventes da Guerra da Argélia e refugiadas em campos tunisinos, mostram os acontecimentos trágicos que viveram através de desenhos que elas próprias fizeram. Banido em França durante 12 anos e apreendido 17 vezes, o filme foi sobretudo exibido clandestinamente.


Algérie en flammes

Algérie en flammes
René Vautier
1958/França/23’

Primeiro filme rodado no maqui do Exército de Libertação Nacional em 1956-57. O objectivo destas imagens da guerra, filmadas na zona de Aurès-Nementcha, era manifestar apoio popular à organização armada e encorajar o diálogo para a paz. O filme circulou imediatamente pelo munto inteiro, excepto em França, onde foi exibido [...]

Algérie, année zéro

Algérie, année zéro
Jean-Pierre Sergent, Marceline Loridan-Ivens
1962/França/35’

Seis meses após o fim da guerra, o filme esboça um retrato comprometido de uma Argélia recém-independente a braços com a enorme tarefa de reconstrução social e económica. O país é retratado pelas suas vozes rurais e urbanas, carregando as cicatrizes do colonialismo e a ameaça do terrorismo da OAS [...]


07 Out — 19:30 / 68’
Cinemateca Portuguesa Sala Luís de Pina

Uma sessão no limiar da história de Angola, entre a independência duramente conquistada e a ameaça da guerra civil, num breve momento de esperança no futuro da jovem nação. A passagem da câmara das mãos dos camaradas cineastas europeus para os jovens cineastas angolanos acontece também neste momento que o futuro não concretizou.


Nascidos na Luta, vivendo na Vitória
Asdrúbal Rebelo
1978/Angola/18’
Retrato das crianças nascidas ainda durante a guerra, membros dos Pioneiros – a organização juvenil do MPLA. Como o título prenuncia, o filme é feito num momento em que, no rescaldo do trauma da Guerra de Independência, se vive um momento de esperança no futuro de Angola e da revolução.


Guerre du peuple en Angola

Guerre du peuple en Angola
Antoine Bonfanti, Bruno Muel, Marcel Trillat
1975/França/51’´

O filme centra-se na situação vivida em Angola em Junho de 1975, quando a declaração de independência desencadeia uma guerra civil. Os cineastas, que aí se deslocaram para formar jovens angolanos, regressam com este filme, apresentando de forma inequívoca a guerra como a luta das pessoas e do seu movimento [...]

(Continua)

[Seleção / revisão / fixação de texto / subtítulos / negritos / itálicos, para efeitos de edição deste poste: LG. ]
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Notas do editor:

Último poste da série > 5 de outubro de  2022 > Guiné 61/74 – P23675: Agenda cultural (816): "Despojos de Guerra", mini-série da SIC, a ir para o ar nos próximos dias 6; 13; 20 e 27 de Outubro, no fim do Jornal de Noite. No dia 20, o episódio é dedicado aos nossos camaradas Giselda e Miguel Pessoa, "o casal mais strelado do mundo"