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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24812: Efemérides (409): 1 de novembro, dia de lembrar e homenagear os nossos queridos mortos


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério > Talhão da Liga dos Combatentes > 1 de novembro de 2017 > "Conforme convite da nossa Embaixada, estive presente na homenagem aos nossos mortos.  As campas estavam pintadas e arranjadas. Foram benzidas por um padre. Estavam os nossos militares da cooperação militar, adido militar e funcionários da nossa Embaixada, o representante da Liga dos Antigos Combatentes, assim como alguns empresários portugueses que cá exercem a sua actividade." (*)

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. No dia em que, na nossa cultura cristã e ocidental, lembramos os nossos queridos mortos e visitamos as suas campas nos cemitérios, não podemos deixar de evocar aqui os membros da Tabanca Grande, amigos e camaradas da Guiné que este ano "da lei da morte já se foram libertando": foram 14 de um total que já vai em 141 (16% dos 881 membros registados). De aguns, só tardiamente tivemos a notícia do seu falecimento (vão assinalados com #).
  • António Branquinho (1947-2023)
  • António Cunha (Tony) (c.1950-c. 2022) (#)
  • António Eduardo Ferreira (1950-2023)
  • Armando Tavares da Silva (1939-2023)
  • Carlos Alberto Cruz (1941-2023)
  • Carronda Rodrigues (1948-2023)
  • Cunha Ribeiro (1936-2023)
  • Celestino Bandeira (1946-2021)
  • Fernando Costa (1951-2018)(#)
  • Fernando Magro (1936-2023)
  • José António Paradela (1937-2023)
  • José Carlos Suleimane Baldé (c.1951-2022)(#)
  • José Marcelino Sousa (1949-2023)
  • Manuel Gonçalves (Nela (1946-2019 (#)
 (#) Só soubemos da sua morte este ano.


2. É dia de lembrar, mais uma vez, e em especial neste dia (**), que há ainda centenas de antigos combatentes, inumados em vários dos antigos teatros de operações da guerra de África, como é o caso do cemitério de Bissau, Talhão Militar Português. Eram cerca de 350 até 2008  (***). 

Ver aqui aqui o vídeo do antigo sargento comando Julde Jaquité, do Batalhão de Comandos da Guiné, reproduzido na página do Facebook de Raul Folques (17 de Outubro às 16:34). 

Acrescenta o antigo comandante do BCmds da Guiné:

 (...) "Este talhão é tratado, graciosamente, pela Associação dos Antigos Combatentes da Guiné que é presidida por Amadu Dhjau. Bem hajam." (...) 

Muitos outros antigos camaradas nossos, falecidos em combate, ou por doença ou acidente,   ficaram inumados em condições indignas )e que ferem a nossa sensibilidade), em cemitérios "ad hoc" que já foram invadidos pelo mato e pelo crescimento urbano, desde Bambadinca a Catió.
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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24790: Efemérides (408): Já lá vão 55 anos! (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS, Op MSG, STM/QG/CTIG)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Pinheiro (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 23 de Outubro de 2023:

Já lá vão 55 anos!

Como recordar é viver, há dias que nunca esqueceremos, e o dia 23 de Outubro de 1968 é um desses dias.
Era meio-dia em ponto quando o UÍGE silvou várias vezes a querer dizer que estava pronto para mais uma viagem.
O pessoal já tinha embarcado ao som de marchas militares. Os cumprimentos oficiais, da praxe, já tinham sido feitos. As escadas já tinham sido retiradas. O cordame também já tinha sido recolhido. E os dois rebocadores que o haviam de levar até ao meio do Tejo já estavam a postos.
No cais a multidão ainda era imensa. Os lenços acenavam das varandas da gare a corresponder aos lenços que das amuradas do barco também acenavam. Eram as despedidas.

Navio Uíge - Com a devida vénia a http://navios.no.sapo.pt/

A banda militar estava a acabar os seus acordes e o UÍGE lá se encaminhou para o melhor local do Tejo para iniciar mais uma viagem de 5 dias até às terras da Guiné. Depois foi o passar sobre a Ponte Salazar a caminho do Oceano e tudo isso pareceu muito rápido. Depois foram cinco dias de mar e céu, com mais ou menos acompanhamento dos chamados peixes voadores, a passagem relativamente perto das Canárias e a chegada ao largo de Bissau a 28 de Outubro.
A Ponte Salazar em 1966 - Com a devida vénia a http://www.skyscrapercity.com/

Foram só cinco dias, mas dias inesquecíveis. E como a maioria viajou nos porões, nessas grandes caves fechadas de onde só se via a luz do dia pela buraco por onde entrávamos, nem vale a pena dizer nada sobre essas “maravilhosas” acomodações.

Foi um bom princípio, sem dúvida, para o que nos estava guardado. Depois, bem depois, foram vinte e cinco meses e dez dias, passados todos naquela terra quente que, ao fim deste tempo todo, nunca mais consegue encontrar a paz a que tem direito e de que tanto precisa.

Carlos Pinheiro
23.10.2012

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24624: Efemérides (407): Rescaldo da homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar naturais da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão, Concelho de Resende, levada a efeito no passado dia 2 de Setembro de 2023 (Fátima Soledade / Fátima Silva)

domingo, 15 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)


São mais de três décadas de solidariedade com a Guiné-Bissau. Cartaz (adaptado) da Fundação João XXIII - Casa do Oeste, com sede em Ribamar, Lourinhã. Tem página no Facebook


1. O fundador e presidente da Fundação é o Padre Joaquim Batalha, mafrense de nascimento, lourinhanense de adoção,  fez 85 anos, em 13 de julho de 2023. Continua, firme, à frente da sua paróquia, em Ribamar, Lourinhã, apesar de alguns problemas do foro múscul0-esquelético. 

Queixa-se sobretudo, em entrevista recente ao jornal regionalista "Alvorada", dos efeitos perversos da pandemia de Covid-19: fez muitos estragos, para além da saúde/doença dos corpos, também nas almas... As pessoas fecharam-se no seu casulo, saem menos, participam menos, tornaram-se mais invidualistas, calculistas e securitárias... E estão mais velhas...

A Fundação perdeu receitas e ativismo. Há projetos em perigo. Não somos eternos. Somos também vítimas da usura (física e mental) do tempo, dos tempos que correm, que também trouxeram crise,  falta de dinheiro e de motivação para distribuir abraços, abrir os braços aos outros que precisam mais de nós... 

É altura de dar a conhecer, um pouco mais, o trabalho solidário desta ONG na Guiné-Bissau.


Base - FUT (Frente Unitária de Trabalhadores) > Notícías > Fundação João XXIII -30 anos de Solidariedade com Guiné Bissau

26 de Abril de 2021 | Ofélia Batalha*

Faz este ano 30 anos que um grupo de amigos, militantes da Acção Católica Rural (ACR) do distrito de Lisboa, se deslocaram pela primeira vez à Guiné-Bissau em férias solidárias.

Estiveram durante 15 dias a restaurar as casas e o poço comunitário, dum bairro social, das Conferências São Vicente de Paulo de Bissau.

Nestes últimos 30 anos muitos foram os grupos de voluntários que se deslocaram à Guiné Bissau em missões de solidariedade.

Foram inúmeros, também, os contentores enviados, com os mais diversos materiais, para serem doados à população ou aplicados nos diversos projectos apoiados pela Fundação João XXIII – Casa do Oeste.

Fomos aprendendo ao longo destes anos que, para os projectos vingarem e terem continuidade, têm de nascer das necessidades sentidas pela população, só assim é que se empenham e se esforçam e ultrapassam as muitas dificuldades burocráticas e outras.


Apoios para a educação, agricultura e saúde

Neste momento estamos empenhados essencialmente em três áreas, educação, agricultura e saúde.

Quanto à educação, temos apoiado desde 1992, o actual diretor da Cooperativa Escolar São José de Mindará, das mais variadas maneiras, com dinheiro, com materiais de construção e didáticos, bem como apoio na formação de professores e com viaturas para serviço de escola e nas obras da mesma.

Esta escola começou debaixo de árvores com cerca de 300 alunos e atualmente tem três polos escolares com cerca de 3.500 alunos, em todos os graus de ensino desde a pré-primária até ao 12.º ano. É considerada uma das melhores da Guiné-Bissau.

Neste momento a sua direção, na pessoa do seu diretor, professor Raul Daniel da Silva, está empenhado em criar uma rádio online, para proporcionar aos seus alunos, aulas à distância, já que a pandemia também os tem afetado muitíssimo.

Solicitou, também, à Fundação a doação de manuais escolares para todos os níveis de ensino, bem como livros de consulta e de biblioteca. Isto porque as escolas públicas da Guiné-Bissau não têm livros nas suas bibliotecas, nem para os professores lecionarem, nem para os alunos estudarem.



Os livros que temos em casa a ganhar pó podem ser úteis

Está neste momento a decorrer uma campanha de angariação de livros e muitos já estão encaixotados e prontos para seguirem viagem, sendo que muitos outros seguirão o mesmo destino. Todos os livros que temos em casa a apanhar pó, fazem falta na Guiné Bissau.

Atualmente o Professor Raul tem outro sonho.

Sonha que a próxima quinzena de formação de professores, que habitualmente decorre entre o final de Agosto e o inicio de Setembro, seja feita online com a colaboração de professores portugueses.

Por enquanto é um sonho, mas realizável, tenho a certeza.

Quanto à agricultura, a Fundação tem actualmente e desde alguns anos, uma granja agrícola na região de Quinhamel, COAGRI, cooperativa agrícola.

Temos várias construções, uma para alojamento dos trabalhadores (sócios da cooperativa), outra para alojamentos dos grupos de voluntários e temos ainda um aviário, onde se cria galinhas poedeiras e de carne.

Uma boa parte do terreno está dividido em pequenas parcelas, onde as mulheres de tabanca (aldeia) próxima, fazem a sua horta o ano inteiro, já que têm água à disposição, do furo por nós feito.

Existe ainda um espaço, onde as mães deixam os filhos pequenos, para não trabalharem com eles às costas. Há uma senhora que toma conta deles e têm brinquedos para se divertirem e aprenderem.

A granja está em expansão, com um grande terreno adjacente, que está a ser desmatado e vedado. O nosso sonho é sermos um motor no desenvolvimento agrícola da região.

Quanto à saúde, ao longo de todos estes anos, temos enviado muito material hospitalar e ortopédico, que distribuímos por vários hospitais e centros de saúde.

Reabilitamos e, durante vários anos, apoiamos a manutenção, inclusive com medicamentos, de uma maternidade na região do Biombo, a maternidade Bom Samaritano.


Apoio a crianças com cardiopatias

Recentemente, há perto de 5 anos, fomos desafiados a fazer mais. Fomos desafiados a acolher em Portugal, crianças com cardiopatias, que precisam de ser operadas e às quais o seu país não tem condições de tratar e salvar a vida.

Atualmente existe um protocolo entre várias entidades, Ministério da Saúde da Guiné-Bissau, Fundação João XXIII, Fundação Renato Grande (centro pediátrico de Bissau) e a ONG AIDA (trata das evacuações), e reconhecido pela Direção Geral da Saúde de Portugal, para que o processo de evacuação das crianças seja o mais célere possível.

Depois de feita a avaliação e a triagem na Guiné-Bissau e de todos os (muitos) procedimentos burocráticos, as crianças dos zero aos 18 anos são enviadas para o nosso país para serem operadas no Hospital Pediátrico de Coimbra.

Para que isto seja possível, até porque a maioria tem de passar três ou mais meses em Portugal, é necessário uma família que as acolha e cuide de cada uma delas, como se de um filho se tratasse.

Cerca de 50 famílias, que denominamos de “famílias do coração”, já fizeram a experiência e muitas já repetiram 3 ou 4 vezes. Temos até algumas que acolheram 2 crianças ao mesmo tempo.


Apoio a crianças com doenças oncológicas

Não é fácil acolhermos na nossa casa uma criança com cultura e hábitos tão diferentes dos nossos, mas muito mais difícil ainda é deixá-la ir para o seu país, para a sua família, depois de curada, já que o apego e os laços que foram criados são muito fortes. Assim muitas famílias optam por acolher outra criança, sabem que estão a dar oportunidade a mais uma de ficar curada e ter uma vida mais longa e com saúde. Há sempre mais amor para dar.

Ao longo destes anos, cerca de 110 crianças com cardiopatias já passaram por Portugal e mais de 100 já regressaram curadas ao seu país de origem. A percentagem de sucesso é quase de 100%.

Estamos a dar a estas crianças uma maior longevidade e a hipótese de uma vida com saúde e com qualidade.

Também já foram acolhidas 10 crianças com outros problemas, nomeadamente do foro oncológico.

Como a estadia em Portugal é muito mais prolongada, normalmente vêm acompanhadas por um familiar, o que torna o processo de acolhimento muito mais difícil, pelo que é necessário encontrar alternativas, já que as famílias não têm disponibilidade para acolher adultos.

Assim, recorremos a instituições ou são alojadas em casa de algum familiar que viva em Portugal.

Por último, refiro que as famílias do coração são essencialmente das regiões de Coimbra, de Leiria-Fátima, da Lourinhã e de Mafra.

Todos os projetos que temos na Guiné são importantes e melhoram a vida do seu povo, mas este último enche o nosso coração de satisfação, já que ESTAMOS A SALVAR VIDAS e a contribuir para dar um futuro com qualidade a essas crianças.

*Ofélia Batalha-Fundação João XXIII-CASA DO OESTE

(Seleção / adaptação / revisão  e ficação de texto, para efeitos de publicação deste poste: LG) (Com a devida vénia...)
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Para apoiar os projectos com a Guiné-Bissau pode depositar na conta da Fundação.

NIB:0033.0000.45308228096.05

IBAN: PT50.0033.0000.45308228096.05 

SWIFT/BIC: BCOMPTPL


Nota: Os donativos terão recibo e serão considerados no IRS
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24728: Ser solidário (259): Convite para o Encontro/Almoço da Associação Anghilau, dia 22 de outubro de 2023, às 12h30, perto de Malveira da Serra (Manuel Rei Vilar, Presidente da Associação)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24684: Manuscrito(s) (Luís Graça) (234): O nosso vizinho Eça de Queiroz (1845-1900), cujos restos mortais repousam em campa rasa no cemitério de Santa Cruz do Douro, Baião (deveriam ser trasladados para o Panteão Nacional no próximo dia 27, por decisão unânime da Assembleia da República)







Baião > Santa Cruz do Douro > Cemitério local > 20 de setembro de 2023  Aqui repousam, desde 1989 os restos mortais do escritor José Maria Éça de Queiroz (Póvoa do Varzim, 1845 - Paris, 1900).  Estavam originalmente no cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Serão transladados para o Panteão Nacional, no próximo dia 27 de setembro por decisão da Assembelia da República. A decisão tem o apoio da Fundação Eça de Queiroz e da maior parte dos herdeiros. (Alguns porém terão aparecido a contestar, à última hora, a decisáo parlamentar)

Na lápide, em pedra de granito, pode ler-se em letras já muito descoloridas e praticamente ilegíveis: "Aqui descansa entre os seus, José Maria Eça de Queiroz (1845-1900)".








Baião > Santa Cruz do Douro > Quinta de Tormes > Fundação Eça de Queiroz  > 20 de setembro de 2023 > Eu, a Alice. e os nossos amigos Laura Fonseca e Jaima Silva fizemos uma visita à Quinta de Tormes e sede da Fundação Eça de Queiroz. Uma visita virtual pode também ser feita aqui, comodamente, sem sair do sofá... Ao fim de muitos anos, fizemos pela primeira vez uma visita ao cemitério de Santa Cruz do Douro onde sabíamos que repousavam, desde 1989,  os restos mortais do escritor, em jazigo de família. (*)

O acesso à Quinta de Tormes faz-se pela Estrada Nacional nº 108.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Já aqui viemos, a Alice e eu, há muitos anos, ainda muito antes da criação da Fundação Eça de Queiroz (em 1997). A Alice era amiga da família,  e em especial da dona Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015) (**).  (Ela e o marido, o neto de Eça de Queiroz, Manuel Benedito de Castro, foram pioneiros na construção de uma das primeiras vinhas de cruzeta na regão dos Vinhos Verdes; além disso,  a Maria da Graça Salema de Castro foi a entusiástica criadora da "Obra do Bem-Estar Rural de Baião", juntamente com o marido, o neto do Eça,  o "Dom Manuel", como lhe chamavam carinhosamente as gentes desta terra tão esquerida durante décadas. )

Somos vizinhos, da Quinta de Candoz à Quinta de Tormes, são uns escassos quilómetros. Gostamos de cá trazer os nossos amigos. Além do espaço museológico queirosiano, a casa que remonta ao séc. XVI, a quinta, etc., há um restaurante que também se recomenda. servindo alguns dos famosos pratos queirosianos. 

Vale a pena fazer uma visita guiada, à Quinta de Tormes, bem como conhecer (sem canadianas) o(s) caminho(s) do Jacinto:

(...) Proposta de percurso pedestre que de acordo com o relato do romance “A Cidade e as Serras”, tem início na Estação de Tormes (Aregos) prolongando-se serra acima por caminhos de natureza até Tormes ou Quinta de Vila Nova. A Estação é um dos elementos fundamentais do itinerário, pois é neste cenário que a expectativa urbana se confunde com a rusticidade do lugar, onde a curiosidade sobranceira de Jacinto se verga perante a graciosidade acolhedora da pequena infra-estrutura instalada entre a serra omnipresente e a, agora, calmaria das águas do rio. (...)

Em suma, meus amigos, há mais mundo, para além do Algarve, Lisboa, Porto e Coimbra... E Baião é uma concelho, fabuloso, a descobrir.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de setembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24676: Manuscrito(s) (Luís Graça) (233): Quinta de Candoz, as primeiras cores outonais...

(**) Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015):

(...) Nascida em Lisboa em 1919, frequentou o Curso de Assistente Social e a Alliance Française, casando-se aos 21 anos. Depois de uma estada de cinco anos em Luanda, Angola, o casal fixou definitivamente residência em Baião, na casa materna de Manuel de Castro, a Quinta de Vila Nova, na freguesia de Santa Cruz do Douro.

Maria da Graça Salema de Castro participou na “Obra do Bem-Estar Rural”, um movimento para o desenvolvimento local do concelho que criou uma escola, abriu acessos rurais no concelho, realizou colónias de férias para crianças, fez acompanhamento social e criou o primeiro centro de saúde. Já depois da morte do marido, e dando seguimento a um projeto de ambos, criou, em 1990, a Fundação Eça de Queiroz, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, cuja atividade é a divulgação e promoção nacional e internacional da obra do escritor, um dos maiores nomes da literatura portuguesa. A ação da Fundação, que completa 25 anos a 9 de setembro, tem-se desenvolvido nas áreas cultural, educativa, artística e de promoção do desenvolvimento social. (...)


Fonte: Centro Nacional de Cultura > 7 de setembro de 2015 >MARIA DA GRAÇA SALEMA DE CASTRO (1919-2015)

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24624: Efemérides (407): Rescaldo da homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar naturais da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão, Concelho de Resende, levada a efeito no passado dia 2 de Setembro de 2023 (Fátima Soledade / Fátima Silva)

São Cristóvão. Vista panorâmica


HOMENAGEM AOS ANTIGOS COMBATENTES DA GUERRA DO ULTRAMAR NATURAIS DA UNIÃO DAS FREGUESIAS DE FELGUEIRAS E FEIRÃO, CONCELHO DE RESENDE

No dia 2 de setembro de 2023, os combatentes naturais da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão do concelho de Resende e todos os seus amigos e familiares e demais pessoas conseguiram vivenciar um momento ímpar na valorização da coragem dos Homens que cumpriram missão no Ultramar.

O local que foi eleito para a cerimónia é irrepreensível. Nele o Céu, a Lua, as estrelas e demais elementos da Natureza se combinam e partilham as melhores confidencias que por vezes se fazem ouvir aqueles que o visitam e se deixam baloiçar pela beleza que o rodeia. Num só dia, o São Cristóvão pôde oferecer ao ser humano as quatro estações do ano e foi isso que aconteceu no dia em que os combatentes naturais dessas freguesias foram homenageados. Era por este local que os Combatentes passavam, a pé, quando se dirigiam para o Regimento de Infantaria 14, em Viseu ou para o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), atual Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), em Lamego.

O segundo momento da homenagem decorreu no recinto da Capela de S. Cristóvão e teve início às 15h00, com a celebração de uma missa em que se homenagearam os dois Combatentes de Feirão: Augusto Pereira Dias, soldado aplicador de metralhadora, que cumpriu comissão em Angola, integrando a Companhia de Caçadores 773 do Batalhão de Caçadores 774, tendo sido ferido em Combate e falecendo no dia 4 de agosto 1967, no Hospital Militar em Lisboa, após ter sido evacuado e Armando Pereira Coelho, 1.º Cabo Mecânico Auto que cumpriu comissão em Angola, integrando a Companhia de Caçadores 1311 do Batalhão de Caçadores 2855, falecendo no dia 25 de outubro de acidente e todos os restantes que ainda se encontram vivos e os que já faleceram durante a visa civil.

Também foram lidos pelos netos os testemunhos reais recolhidos, em vida, de dois combatentes: Albino Rodrigues Rocha, que cumpriu comissão de 1973- 1974 ,em Moçambique, pertencendo à CCS do Batalhão de Cavalaria 8421, tendo sido evacuado para a metrópole, após ter sido gravemente ferido e Manuel Fernando de Almeida Matos, 1.º Cabo, cumpriu comissão na Índia de 1960-1962, integrando a Companhia de Caçadores 12, onde foi feito prisioneiro em Goa.

No último momento do evento, todos aos presentes foram abrilhantados com um delicioso lanche, onde foram possíveis vários reencontros e partilha de experiências que perduram na memória dos combatentes.

Estiveram representadas várias instituições civis e militares, entidades autárquicas e Hugo Carvalho, deputado da Assembleia da República eleito pelo Distrito de Viseu.

Também se salienta a presença dos representantes do CTOE, Capitão Pereira; da GNR de Lamego, Capitão Luís Moreira e, ainda, um dos assessores do Sr. Presidente da República, coronel Pedro Leandro. Similarmente o Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes, esteve representado por elementos dos seus órgãos sociais, associados e respetivo Estandarte Heráldico.

Em suma, as emoções vividas e os afetos partilhados foram possíveis graças à colaboração de todos os combatentes, aos seus familiares e amigos, que com seriedade acreditaram, desde o primeiro momento, no objetivo de tal evento. Indiscutivelmente, foram colaboradores confiáveis e veículos de muito conhecimento.

Combatentes falecidos que foram homenageados
Quadro de fundo
Memorial. Placa evocativa
Memorial inaugurado no São Cristóvão
Autoras do projeto e Presidente da União das Freguesias
Capitão Pereira do CTOE de Lamego, Capitão Luís Moreira da GNR de Lamego e Coronel Pedro Leandro, Assessor do Gabinete da Casa Militar da Presidência da República
Cap Luís Moreira e Cor Pedro Leandro
Coronel Valdemar Lima, Presidente da Direcção do Núcleo de Lamego da LC; Nuno Pereira, Presidente da União das Freguesias e  Bruno Carvalho, Deputado da Assembleia da República.
Convívio
Lembranças oferecidas pelo senhor Presidente da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão
Luciano Carneiro testemunhou a emboscada de que foi vítima Augusto Pereira Dias
O neto Bruno Pereira lendo o testemunho do avô Albino Rocha
O neto José Diogo Matos Silva lendo o testemunho do avô Manuel Fernando Almeida Matos
Os quatro irmãos Loureiro que foram ao Ultramar
Rafael Loureiro, Presidente da Assembleia das Freguesias; Jorge Duarte, Presidente da Junta e Vereadores
O senhor Presidente da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão oferece a lembrança ao Presidente da Assembleia Municipal
O senhor Presidente da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão oferece a lembrança ao senhor Coronel Pedro Leandro
O senhor Presidente da União das Freguesias de Felgueiras e Feirão oferece a lembrança ao senhor Coronel Valdemar Lima
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Fotos: © Foto Ideal (Editadas por CV)
Texto: Fátima Soledade e Fátima Silva

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Nota do editor

Vd. post de 10 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24545: Efemérides (406): Homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar naturais da União de Freguesias de Felgueiras e Feirão, Concelho de Resende, a levar a efeito no dia 2 de Setembro de 2023 (Fátima Soledade / Fátima Silva)

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24545: Efemérides (406): Homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar naturais da União de Freguesias de Felgueiras e Feirão, Concelho de Resende, a levar a efeito no dia 2 de Setembro de 2023 (Fátima Soledade / Fátima Silva)


1. Mensagem das nossas amigas Fátima Soledade e Fátima Silva, filhas de antigos combatentes do ultramar, enviada ao nosso Blogue no dia 9 de Agosto de 2023, com um convite para a cerimónia de homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar naturais da União de Freguesias de Felgueiras e Feirão, Concelho de Resende, a levar a efeito no dia 2 de Setembro de 2023:

Caro amigo, Carlos Vinhal
Espero que se encontre bem e de boa saúde.
Mais uma vez, as Fátima`s solicitam a vossa colaboração, no sentido de dar a conhecer a próxima cerimónia que ocorrerá, no dia 2 de setembro, pelas 15h, no S. Cristóvão, em plena Serra de Montemuro de onde partiram muitos resendenses.

Serão homenageados todos os combatentes, onde se inclui dois mortos no cumprimento do seu dever em terras africanas - Augusto Pereira Dias, falecido no hospital militar em Lisboa, após ter sido gravemente ferido em Angola, no dia 4 de agosto de 1967, e Armando Pereira Coelho, falecido por motivo de acidente em Angola, no dia 25 de outubro de 1970.

Em anexo, enviamos o Convite de publicitação, ficando à Vossa Consideração.
Esperamos brevemente pela Vossa visita.
Recomendações sinceras para todos os responsáveis e colaboradores do blogue.

Muito gratas e com toda a estima,
Fátima Soledade e Fátima Silva (Fátima´s)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24543: Efemérides (405): No dia 8 de Agosto de 1970, zarpou de Lisboa o N/M Carvalho Araújo, levando a bordo a açoriana CCAÇ 2753, aportando em Bissau no dia 17 do mesmo mês (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf)

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24543: Efemérides (405): No dia 8 de Agosto de 1970, zarpou de Lisboa o N/M Carvalho Araújo, levando a bordo a açoriana CCAÇ 2753, aportando em Bissau no dia 17 do mesmo mês (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf)

José Carvalho, a bordo do N/M Carvalho Araújo, ao avistar a Ilha de S. Vicente


1. Mensagem do nosso camarada José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), com data de hoje:


8 de Agosto de 1970

Decorrido mais de meio século, recordo a data de 8 de Agosto, pois foi nesse dia que a CCAÇ 2753, embarcou no N/M Carvalho Araújo, com destino a Bissau - Guiné.

A CCAÇ 2753, maioritariamente constituída por bravos militares açorianos e enquadrada por continentais, com excepção de três sargentos do quadro permanente, era uma companhia independente e muito miliciana.

A Companhia formada no BII 17, em Angra do Heroísmo, deixou aquela cidade em meados de Maio, com destino ao continente, sendo colocada no RI 1, Amadora. O IAO foi realizado na zona de D. Maria – Caneças.

Fez a CCAÇ 2753 parte das forças em parada nas cerimónias do Dia de Portugal, 10 de Junho, no Terreiro do Passo - Lisboa, dia em que as alterações climáticas já se faziam sentir.

Concluído o treino operacional, a Companhia no início de Julho, foi transferida para umas instalações militares desactivadas, situadas na margem sul, no Pragal, a curta distância do Cristo Rei, que eram utilizadas para alojar efectivos, enquanto aguardavam embarque para as ditas Províncias Ultramarinas.

Assim durante cerca de um mês, a independente CCAÇ viveu em independência absoluta, havendo no local rotativamente somente a presença de um sargento e de um oficial, que enquadravam os militares açorianos, que na esmagadora maioria não tinham familiares continentais, para onde se pudessem desenfiar!

Havia necessidade de alimentar a rapaziada e também manter actividades físicas, que não somente as praticadas nas praias da Caparica.

Não foi fácil manter alguma disciplina e controlo dos rapazes açorianos, vendo que os continentais gozavam fins-de-semana prolongados em casa dos seus familiares, desfrutando mais uns dias de férias. 

Assim era raro o dia em que a PM não ia ao Pragal, quase sempre durante a noite, entregar uns tantos que vagueavam por Lisboa e mesmo dada a novidade que para eles eram os comboios, encontravam-se perdidos algures, até na Figueira da Foz… 

 Durante este período registou-se o óbito do Prof. Oliveira Salazar [em 27 de julho de 1970] e a CCAÇ na madrugada do dia seguinte, foi mobilizada para formar três pelotões para as cerimónias fúnebres. Seriam recolhidos por viaturas do RI 1 no final dessa manhã. Gerou-se o pânico nos presentes, pois só estavam nas instalações um aspirante, um furriel e soldados quase só os açorianos.

Depois de alguns contactos telefónicos, a maioria mal sucedidos, com alguns dos ausentes a mais de 200 Km. No meu caso, o telefonema foi recebido em casa dos meus Pais, estando no Baleal a mais de 100 km e aonde na altura só havia um ou dois telefones públicos. Depois de várias diligências, fui “capturado” por um primo que me transportou ao Pragal, aonde cheguei por volta do meio-dia.

Deparo com várias viaturas já com os militares sentados nas mesmas e para meu espanto e sossego já havia aspirantes e furriéis promovidos naquela manhã… Uma meia dúzia ou mais de soldados, tinham tirado das instalações dos oficiais e furriéis os galões e divisas! Era este o grande espírito de corpo desta companhia!

Depois de tudo preparado para seguirmos a caminho dos Jerónimos, eis que surge nova ordem, a libertar a companhia daquela missão!

Chegou por fim a alvorada do dia 8 de Agosto, desta vez fomos transportados para embarque no navio, que havia chegado dias antes, carregado de gado bovino, precisamente dos Açores.

Depois das cerimónias oficiais habituais, lá partiu no final da manha N/M Carvalho Araújo, creio que na sua ultima viagem, rumo a Bissau, com uma escala na Ilha de S. Vicente, aonde desembarcariam umas dezenas de afortunados militares.

José Carvalho, segundo a partir da direita, na Ilha de S. Vicente, Cabo Verde, acompanhado por 3 outros alferes milicianos, companheiros de viagem a caminho da Guiné.


Antes do navio transpor o Bugio, já os nossos soldados protestavam pelas condições que lhe eram proporcionadas, nomeadamente o odor a gado vacum, que se respirava no convés e não só. Somente nos apercebemos que algo não estava bem quando visualizámos alguns colchões a voar para o mar… Serenados os ânimos,  conseguimos acalmar a “rebelião”, mas durante a viagem muitos soldados dormiram sempre no tombadilho.


A 17 de Agosto atracámos em Bissau.

Fotos (e legendas): © José Carvalho  (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24530: Efemérides (404): Foi há 60 anos que o padre missionário italiano Antonio Grillo (1925-2014), do PIME, foi preso (em 23/2/1963), "sob a acusação de atividades subversivas", e depois expulso de Portugal (libertado, em 4/6/1963, em homenagem ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI)

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24530: Efemérides (404): Foi há 60 anos que o padre missionário italiano Antonio Grillo (1925-2014), do PIME, foi preso (em 23/2/1963), "sob a acusação de atividades subversivas", e depois expulso de Portugal (libertado, em 4/6/1963, em homenagem ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 23 de fevereiro de 2008 > Visita a Bambadin5ca > Pe. Antonio Grillo com o tradicional barrete balanta




Guiné > Zona leste < Setor L1 (Bambadinca)  Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Ruinas da casa onde nasceu o guerrilheiro referido por A. M. Sucena Rodrigues (1951-2018) ( no poste P14055).  Ao fundo, à direita, devidamente sinalizada a vermelho, pode ver-se a cruz que, segundo esse guerrilheiro, foi erigida antes da guerra [nos anos 50], por um tal missionário que lá viveu e que ele chamava padre António [Grillo, acrescentamos nós]. (Foto do álbum do A. M. Sucena Rodrigues,  ex-fur mil da CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74).

Foto (e legenda): © A. M. Sucena Rodrigues  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem cvomplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Carta manuscrita, enviada pelo Padre António Grillo ao Amílocar Cabral, datada de Acerenza (Potenza, Itália), 20 de julho de 1963. Foi recebida em 5 de agosto de 1963.

Citação:
(1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36402 (2023-8-2)

Transcrição da carta manuscrita (revisão / fixação de texto: LG)

20-VII-63 

Exmo. Sr. Engenheiro Cabral:  Também jornais africanos têm publicado [a notícia de ] a minha prisão. Penso que o senhor [estará ] bem imformado do meu caso do qual lhe falarei com pormenores quendo o senhor me [anviar] o seu endereço.

Mais dois padres italianos foram expulsos mas somente eu passei [pelas ] prisões de Bissau e de Lisboa. Agora me encontro em Itália.

Não calhará ao senhor de vir  [a] Itália ? Saiba qeu estou aqui e me faria uma grande prazer avisar-me da sua vinda.

Cumprimentos e desejo [de sucessos ] para o seu partido. Padre António Grillo, Itália - (Potenza) Acerenza.



Carta (datilografada) do Padre Antonio Grillo, dirigida ao Secretário Geral do PAIGC, engº Amílcar Cabral, com data de 18 de outubro d3 1970. Cabarl responde-lhe de imediato, a 27 desse mês e ano.

Citação:

(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34635 (2023-8-2)

Citação:
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34633 (2023-8-2)

Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares | Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia...)


1. Alguns dos missionários italianos do PIME - Pontifício Instituto para as Missões Exteriores, no território da Guiné,   tiveram problemas com as "autoridades portuguesas" durante a guerra colonial: o primeiro caso terá sido  o padre Antonio Grillo (1925-2014), que esteve na missão católica de Bambadinca e que era particularmente acarinhado pelos balantas de Samba Silate, uma enorme tabanca, com quase duas mil almas, que terá sido destruídas pelas NT no princípio da guerra, no subsetor do Xime, obrigando a população a procurar refúgio noutras zonas (e nomeadamente ao longo da margem direita do rio Corubal, entre a Ponta do Inglês e a mata do Fiofioli) (segundo a versão do nosso camarada Alberto Nascimento, contemporâneo e testemunha dos acontecimentos, ex-sold cond auto, CCAÇ 84,  1961/63).


Recorde-se: 

(i) chegou à Guiné no início da década de 1950, integrado no PIME, na mnissão católica de Bambadinca;

(ii) foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE, a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas; 

(iii) esteve preso em Bissau e depois em Lisboa;

(iv) acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem, de Portugal, ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro;

(v) com a independência da Guiné-Bissau, o padre Grillo voltou  a Bambadinca, onde trabalhou, de 1975 a 1986, associado ao PIME, regressando depois à Itália;

(vi) visitou Bambadinca em 2010, quatro anos antes de morrer;

(vii) foi dado o seu nome ao liceu de Bambadinca, criado em 2008, numa iniciativa conjunta da comunidade local, da Missão Católica de Bafatá e do Ministério da Educação, e com o apoio de benfeitores portugueses e italianos.


2. No Arquivo Amílcar Cabral, há pelo menos duas cartas do padre Antonio Grillo, dirigidas ao secretário-geral do PAIGC,  que reproduzimos acima, datadas respetivamente de 20/7/1963 (manuscrita) e de 18/10/1970 (datilografada), a par de uma outra, de resposta,  do Amílcar Cabral  (datilografada, com data de 27/10/1970).

Na segunda carta, Grillo faz alusão  ao encontro de Amílcar Cabral com o Papa Paulo VI (no Vaticano, em 1 de julho de 1970) e evoca, com saudade, os "meus balantas",  de Samba Silate, Enxalé, Bambadinca ("de cuja missão fui afastado à força"), Finete, Ponta do Inglès, Ponta Luís Dias, Nhabijões ou Nha Bidjon, etc. (provavelmente também Mero, Santa Helena, Fá Balanta...).
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Notas do editor:

Último poste da série > 2 de agosto de 2023 > Guiné 51/74 - P24528: Efemérides (403): Foi há 53 anos, em 1 de julho de 1970, que o papa Paulo VI teve um breve encontro, "no final da audiência geral semanal", com Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) e Marcelino dos Santos (FRELIMO)... A notícia só foi dada no dia 5, na imprensa portuguesa, e originou uma dura nota de protesto do governo de Marcello Caetano que "chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, geralmente antecedendo o corte de relações diplomáticas".