Mostrar mensagens com a etiqueta música. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta música. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20924: 16 anos a blogar (8): Outro combate (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Porto - Parque da Cidade
Foto: Com a devida vénia ao autor


1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), autor do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", com data de 29 de Abril de 2020:


OUTRO COMBATE

Francisco Baptista

Os dias de confinamento vão passando devagar, com algumas leituras agradáveis, algumas passagens breves pela televisão e pela internete e com algumas saídas ao Parque da Cidade ou às ruas próximas de casa, para desentorpecer as pernas, renovar o ar dos pulmões e viver a ilusão de caminhar só pela Terra a sentir, a liberdade, a paz e o silêncio, que esses momentos de solidão proporcionam. Anteontem foi o dia da Terra, essa entidade suprema, que criou todas as formas de vida e nos criou, que aprendi a amar por viver tantos anos em contacto próximo com ela, que na minha filosofia de vida, depois de muitos anos elegi como a justificação plausível e satisfatória para compreender os princípios e os fins, o nascimento e a morte.

Interrompo a escrita porque me telefona um camarada da Guiné, que vive em Santarém com a Boneca, uma cadela mais velha do que ele pois já tem 16 anos. Foi sempre um aventureiro, foi corredor de automóveis, teve um bom hotel numa pequena cidade do litoral, em Buba foi um organizador de paródias, criou no quartel uma emissora de rádio, com microfone e colunas potentes com discos pedidos e bailes fandangos e carnavalescos de militares na messe de sargentos. Continua a ser um bom amigo

Volto ao computador, e eu, que gosto de música, para preencher os espaços vazios que o meu pensamento um pouco letárgico cria, escolho no Youtube "Hasta Siempre Camarada" uma canção melódica e nostálgica sobre um guerrilheiro que sonhou e morreu a lutar por um ideal. Nathalie Cardone, com os requebros melódicos da sua voz jovem e com o bambolear ritmado do seu corpo esbelto, transmite prazer e emoção estética. a quem a ouve e a quem a vê.

A Terra, como uma Deusa indiferente à vontade dos humanos, continua a girar em torno do sol e em torno do seu eixo há milhões de anos, já teve somente um grande continente que por fenómenos geológicos vários ao longo de milhões de anos se foi fraccionando até tomar a forma actual com cinco continentes e cinco mares, até um dia muito distante. Na sua transformação foi criando as vidas mais simples e as mais complexas, até criar o homem que inventou a escrita, o amor, a informática, a arte e a bomba de hidrogénio.

Na Terra, o nosso adorável planeta azul e verde já houve cataclismos terríveis, grandes vulcões em erupção, terramotos, maremotos, idades de gelo implacáveis, epidemias, pandemias, pestes e outras grandes calamidades em que morreram milhões de seres vivos, de muitas espécie e muitos humanos também. A peste negra que veio também da China, nos meados do século XIV, terá matado 30 a 60% dos habitantes da Europa, a gripe espanhola que surgiu em 1918, terá matado entre 20 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo, em quase todos os séculos houve grandes gripes e pandemias. Houve guerras terríveis entre os homens os filhos mais inteligentes da Terra. Bem perto de nós, no século vinte, na 1.ª Guerra Mundial morreram cerca de 40 milhões de pessoas: na 2.ª Guerra Mundial terão morrido 80 milhões de pessoas. Na Europa houve também a guerra civil espanhola, a guerra dos balcãs com muitos milhares de mortos e em Portugal, país de brandos costumes, houve a guerra do Ultramar com mais de 8 mil mortos.

Esta pandemia do covid-19 que nos altera as rotinas e obriga ao recolhimento , terá em comum com as outras que se têm sucedido talvez a omnisciência da Terra em procurar equilibrar os seus recursos de acordo com os seus habitantes.

Os homens por pensarem ser entidades superiores sonham com a vida eterna por não quererem aceitar o destino dos restantes habitantes da Terra. Dizem-nos que temos espírito, dizem-nos que temos alma, mas a nossa alma ou espírito volatiza-se quando o corpo, que é feito de água, de carbono, de ferro, de enxofre e doutras matérias-primas que a terra nos deu, morre e regressa às origens. Depois do dia da Terra tivemos o dia do livro, livros que vieram acrescentar a minha curiosidade em me compreender e conhecer a Terra que no sítio onde me criei se alongava por horizontes a perder de vista, que ainda me enchem a memória de sonhos. Os livros têm-me dado muito prazer muitos conhecimentos e têm também sido fontes de muitas dúvidas e interrogações de que nem sempre encontrei respostas. Penso muitas vezes se não teria sido mais feliz se fosse como os rapazes da minha aldeia e da minha idade, todos trabalhadores valentes e musculados que somente leram os livros da escola primária porque a isso foram obrigados. A esses que nunca foram curiosos e aceitaram o destino procurando melhorá-lo embora, aceitando os poderes e os deuses dos pais sem discussão, desejo longa vida ou mais breve se já vos pesarem os anos.

Os velhos portugueses do meu tempo, os da minha aldeia e doutras aldeias e cidades de Portugal, que regressaram e ainda se conservam vivos, agora vêem-se ameaçados pela clausura e pela segregação para sobreviverem, sem armas de defesa eficazes contra um inimigo que não dá a cara. Fragilizados pelas doenças das guerras africanas e pelas outras que vão surgindo com a idade, não quererem esconder-se por muito tempo debaixo das saias das mulheres, longe dos filhos, dos netos e dos amigos. Quando a vida lhes prometia realizações e aventuras, foram mandados para longe ouvir o troar assustador dos canhões e dar o corpo às balas com coragem, por uma Pátria que nunca lhes agradeceu. Que ninguém queira agora quando os seus filhos já estão criados e os seus netos são promessas de futuro, arrumá-los em casa como se fossem trastes velhos, fora de prazo. Há rumores, temos que estar atentos.

Para quem gostar de ler recomendo dois livros que estou a ler e outros dois que já li:
"Origens - Como a Terra Nos Criou" autor Lewis Dartnell;
"O Naufrágio das Civilizações" de Amin Maalouf

Acabei de ler já em Abril o romance "Um Milionário em Lisboa", de José Rodrigues dos Santos, que continua a história do "Homem de Constantinopla" sobre a vida de Calouste Gulbenkian.

Interessantes.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 29 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20921: 16 anos a blogar (7): Os camiões Volvo... e outras peripécias da cooperação com Bissau (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20124: Os nossos seres, saberes e lazeres (352): A festa da Atalaia, Lourinhã: oito dias pantagruélicos porque aqui o marisco é rei... Na festa da Atalaia, alarga-se o cinto e aperta-se a saia... (Luís Graça)


















Fotos: cortesia da página do Facebook da Associação de Festas da Atalaia


1. É uma pena, mas  acaba já amanhã, sexta feira dia 6 de setembro... A Festa da Atalaia, Lourinhã, 2019, em honra de N. Sra. da Guia. A mais popular e concorrida festa anual do concelho de Lourinhã, a 70 km a norte de Lisboa.

Há muitos anos, dezenas de anos, que tem fama e proveito. Ainda me recordo, no regresso da Guiné, em 1971, lá ir comer os famosos mexilhões das Berlengas assados na brasa!... Agora, já não são das Berlengas, são  cozidos à espanhola... Dizia-se que os pescadores e mariscadores da terra tinham um privilégio real, do tempo da Dona Maria II, o de poder ir apanhar mexilhões às Berlengas por ocasião da festa anual...

Nessa altura, a Lourinhã era seguramente o concelho onde mais se pescava e comercializava a lagosta. Tinha portos pesqueiros: porto das Barcas, porto Dinheiro e Paimogo, onde ainda se podem hoje observar o que resta dos numerosos viveiros de rocha...Mas a tradição dos viveiros mantem-se, a Lourinhºa continua a ser um dos grandes fornecedores das marisqueiras de Lisboa...

A festa de N. Sra. da Guia coincide sempre com o primeiro domingo de setembro: este ano começou a 30 de agosto e prolonga-se até 6 de setembro... São oito dias pantagruélicos, porque aqui o marisco é rei!... E, como diz o povo, na festa da Atalaia alarga-se o cinto e aperta-se a saia...

Não tenho estatísticas, mas em anos anteriores, ouvi falar em 10 toneladas de mexilhão... E seguramente centenas e centenas  de quilos de lagosta, sapateira,  camarão, gambas, polvo, amêijoas, búzios, etc. Para não falar das bebidas, da cerveja, da sangria, do vinho leve,  ao litro, ao metro... Do pão com chouriço, das bifanas, etc.

Durante 8 dias, a ribeirinha vila da Atalaia (, que tem como praia e porto de pesca, o antiquíssimo Porto das Barcas), a escassos 2 ou 3 quilómetros da sede do concelho, Lourinhã, é um ventre gigante!... Milhares e milhares de pessoas, do concelho e de toda a região Oeste, passam por aqui todos os anos, sobretudo por causa da "manjedoura de mariscos"....

A relação qualidade/preço é imbatível: a travessa maia cara (38 euros) é a "mariscada" que leva diversas iguarias, incluindo uma lagosta inteira... Apanha-se uma barrigada de mexilhões por 5 ou 6 euros... A sapateira recheada é a oito e meio... Idem uma salada de polvo... Um litro de cerveja, quatro euros... Tudo por conta da santa que nos guia nos dias de mar calamo e nas noites de temporal,

Fui lá na segunda feira, às 20h00, e já não havia mesas vagas...A lotação, não faço ideia, mas é da ordem das muitas centenas de lugares, sentados incluindo dentro do recinto do Pavilhão Multiusos da Atalaia e tendas anexas, à volta... Este pavilhão acolhe outras iniciativas ao longo do ano, como, por exemplo,  o Festival da Abóbora (em outubro) e o Festival do Marisco da AMA (Associação Musical da Atalaia) (em julho).

Naturalmente vai-se à festa da Atalaia, em grupo, com os amigos, que vêm de perto e de longe. Sou fã desta festividade, há mais de meio século. Mais dos que os milhares de forasteiros, o que me impressiona é o trabalho voluntário da comissão organizadora, que mobiliza cerca de duas centenas de pessoas da terra... Nada disto seria possível sem o entusiasmo e a competência desta gente trabalhadora, que tem o mar e o campo no seu ADN... e que também já tem a sua conta na história trágico-marítima de Portugal...  Tenho cá bons e velhos amigos!

A vila da Atalaia está dividida em quatro setores,  cada um dele organiza, à vez. a festa, que é anual. Homens, mulheres e jovens fazem todos os anos uma verdadeira maratona: importa que tudo corra bem e que o pessoal volte sempre e traga mais cinco...

Os lucros da festa, que movimenta muito dinheiro,  revertem para a comunidade... É um exemplo extraordinário de dedicação e amor à terra, o que se passa todos os anos, por esta altura, na vila da Atalaia. Terminda a festa a 6m, começa logo a 7 a do Seixal da Lourinhã: eu e os meus amigos lá estaremos, no sábado... LG

PS - A festa da Atalaia já é objeto de letras de música, como a do nosso jovem amigo e conterrâneo Diogo Picão, que lançou, em 2018, o seu álbum de estreia, "Cidade de Saloia". Trocou a Lourinhã pela cidade grande e pelo mundo, mas não esquece as suas raízes telúricas e afetivas. Um grande poeta, músico, cantor, saxofonista.  Com a devida vénia reproduzo aqui uma das suas bem humoradas letras,  ora irónicas, ora divertidas, ora sarcásticas, justamente a do tema que dá o título ao álbum.

CIDADE SALOIA

Eu não sou mais do campo, acuso minha origem
Recuso enxada e pão, fruta madura e fisga
Recluso da cidade e da doce vertigem
Ter tudo a toda a hora, adormecer na bisga

Que horror, unhas com terra, desleixo no trato
Beijocar os parentes, comer bom e barato
Ser filho do fulano e fulana de tal
Recordarem quem me pariu no hospital

Agora sou da cidade e dos seus miradouros
Vitrines luminosas e avenidas largas
Sibilando palavras-chave citadinas
Recalcando saloias memórias amargas

Na noite glamorosa até horas decentes
Bebendo um cocktail, palrando entredentes
Ou no Cais do Sodré, mão apontada à saia
Creio que sou superior à festa da Atalaia

Mas às vezes tropeço no antigo sotaque
Sou gemada sem gema e me dá um baque
Sou couve, não alface, e penso nos avós
Na canja de galinha e na velha filhós

Se eu brinquei entre as canas, nelas fiz cabanas
Se a cabra e a carraça entraram no meu conto
Quem quero eu enganar, memória por quem chamas
Se entro ao serviço engravatado às oito em ponto

(Fonte: Com a devida vénia, Diogo Picão > Letras > Cidade Saloia)

sábado, 20 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P19996: Agenda cultural (695): o fabuloso grupo musical Galandum Galundaina, 4 vozes, 20 instrumentos, os sons únicos, ancestrais, das Terras de Miranda, Nordeste Transmontano, hoje, às 24h00, na "Batalha do Vimeiro, 1808", Vimeiro, Lourinhã


Foto do grupo Galandum Galundaina: da esquerda para a direita: (i) Paulo Preto:  voz, sanfona, gaita de fole mirandesa, dulçaina, flauta pastoril e tamboril; (ii) Paulo Meirunho: voz, bombo, rabel, gaita de fole, realejo, garrafa, castanholas, pandeireta, pandeiro mirandês; (ii) Alexandre Meirunhos: voz, caixa de guerra, bombo, pandeireta, pandeiro mirandês, tamboril, cântaro, almofariz; (iv) João Pratas: voz, flauta pastoril , flauta de osso, tamboril , saltério, flauta transversal, bombo, pandeiro mirandês, charrascas


Hoje, 20 de julho, às 24h00, no Vimeiro, Lourinhã, no âmbito do Programa da Recriação Histórica da Batalha do Vimeiro de 1808 e Mercado Oitocentista, Vimeiro, Lourinhã, 19, 20 e 21 de julho de 2019 (*).

Entrada gratuita!




Sobre o Galandum Galundaina:

Faz parte da genealogia de uma região com um património musical e etnográfico único, que durante muito tempo ficou esquecido. 

Ao longo dos últimos 20 anos o grupo contribuiu para o estudo, preservação e divulgação da identidade cultural das Terras de Miranda, Nordeste Transmontano.

O seu trabalho de investigação e recolha, junto de pessoas mais velhas com conhecimentos rigorosos do legado musical da região, a par da formação académica na área da música, concretizou-se num sentido renovado no modo de entender as sonoridades que desde sempre conheceram. 

Com a sua música não procuram criar novos significados, mas antes descrever os lugares e a vida; encontrar as raízes que permitem que a cultura se desenvolva.

Para além da edição de três discos e um DVD ao vivo, o trabalho do grupo inclui:

(i) a padronização da gaita-de-foles mirandesa;

(ii) a construção de instrumentos tradicionais (usados em concerto);

(iii)  a organização do Festival itinerante de cultura tradicional “L Burro i l Gueiteiro”;

(iv) bem como a produção e programação de outros festivais/eventos relacionados com a cultura tradicional.

Em palco os quatro elementos apresentam um repertório vocal e instrumental na herança do cancioneiro tradicional das Terras de Miranda, onde as harmonias vocais e o ritmo das percussões nos transportam para um universo atemporal. 

Das memórias da Sanfona, da Gaita-de-foles Mirandesa, da Flauta pastoril, do Rabel, do Saltério, do Cântaro, do Pandeiro mirandês, do Bombo e da Caixa de Guerra do avô Ventura, nasce uma música que acumula referências, lugares, intensidades, tempos. 

Para Galandum Galundaina a música não se inventa; reencontra-se.

Os álbuns editados têm tido uma excelente apreciação pela crítica especializada. Em 2010 para além da atribuição do Prémio Megafone, o álbum Senhor Galandum foi reconhecido pelos jornais Público e Blitz como um dos dez melhores álbuns nacionais. 

Do seu roteiro fazem parte alguns dos mais importantes Festivais de World Music/Folk em Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Alemanha, Marrocos, Cuba, Cabo Verde, Brasil, México e Malásia.

Fonte: Página do Galandum Galundaina
__________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 10 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19965: Agenda cultural (694): Programa da Recriação Histórica da Batalha do Vimeiro de 1808 e Mercado Oitocentista, Vimeiro, Lourinhã, 19, 20 e 21 de julho de 2019: entrada gratuita (Eduardo Jorge Ferreira)

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19334: Memórias dos lugares (382): Bissau, 1952, quando lá passei o meu primeiro Natal, aos 15 anos: uma tradição crioula que se perdeu, as crianças de Bissau, vindas do Chão Papel, Alto do Crim, Cupilon, Gã Beafada, Santa Luzia e outros bairros, que inundavam as ruas com as suas casinhas luminosas ou com os “kinkons” articulados e garrafas para marcar o ritmo, "tintim, tintim, kinkon, kinkon"... (Mário Fernando Roseira Dias, compositor musical, ex-srgt 'comando' reformado, Brá, 1963/65)


Portugal > s/l, algures, >  de Setembro de 2005 > Um reencontro de velhos camaradas, militares portugueses que estiveram na Guiné, tendo participado na Op Tridente (Ilha do Como, de 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964)... Quarenta anos depois... Alguns dos bravos da mítica batalha do Como... Entre eles, está o nosso Mário Dias (o segundo, a contar da direita). ... Já agora aqui fica a legenda completa (Os postos, referentes a cada um, são os que tinham à época dos acontecimentos): Da esquerda para a direita: (a) sold João Firmino Martins Correia; (b) 1º cabo Marcelino da Mata (hoje tenente-coronel, na situação de reforma); (c) 1º cabo Fernando Celestino Raimundo; (d) fur mil António M. Vassalo Miranda; (e) fur mil Mário Fernando  Roseira Dias (hoje sargento na reforma); (f) sold Joaquim Trindade Cavaco.

Foto (e legenda): © Mário Dias (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Angola > Luanda > 1963 (?)  >  Em primeiro plano, o fur mil 'comando' Mário Dias, em segundo plano, da esquerda para a direita, o fur mil Artur Pereira Pires, o sold Adulai Jaló e o alf mil Justino Coelho Godinho (, estes três últimos já falecidos). No  aeroporto de Luanda à espera de transporte para o QG. Foto cedida por Vassalo Miranda, ex-fur mil,  Gr Cmds ‘Panteras’

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > A catedral de Bissau símbolo do catolicismo, que sempre teve fraca penetração num país  em que predominam o islamismos e o animismo.

Foto: © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Mensagem de Mário Dias 

(i) Mário [Fernando Roseira] Dias [, foto de 2005, à direita]

(ii) nasceu em 1937 em Lamego;

(iii) foi pra a Guiné, com a família, em 1952, ainda adolescente;

(iv)  assistiu à modernização e crescimento de Bissau, capital da Província desde 1943;

(vi) conheceu, entre outros futuros dirigentes e combatentes do PAIGC,  Domingos Ramos, de que se vai tornar amigo, na recruta e depois no 1º Curso de Sargentos Milicianos [CSM], que se realizou na Guiné, em 1959;

(vii) com o posto de fur mil, partiu, em 29 de outubro de 1963, para Angola, integrando num grupo de Oficiais, Sargento e Praças, do CTIG, a fim de frequentarem um curso de Comandos, no CI 16 na Quibala - Norte, e on se incluía o major inf Correia Diniz; alf mil Maurício Saraiva;  alf mil Justino Godinho, 2º srgt Gil Roseira Dias, fur mil cav Artur Pereira Pires, fur mil cav António Vassalo Miranda, 1.º  cano at inf Abdulai Queta Jamanca  e Sold. At. Inf.ª Adulai Jaló.

(viii) este grupo esteve na origem da criação, em julho de 1965,  da Companhia de Comandos do CTIG (CCmds/CTIG), tendo sido nomeado seu comandante o cap art  Nuno Rubim, substituído em 20 de fevereiro de 1966 pelo cap art Garcia Leandro;

(ix) em 1966, seguiu para Angola, onde prestou serviço, seguindo a carreira militar.
(x) depois de reformado dedicou-se à música: dotado de grande sensibilidade e talentos artísticos,  é mais  conhecido por M. Roseira Dias, no meio musical, é autor de inúmeros arranjos musicais de canções populares  a açoriana Olhos Negros, e tantas outras que por aí circulam em Portugal e no Brasil: são e  dezenas e dezenas de arranjos para coro, saídos do talento musical do nosso camarada: por exemplo, Granada, de Agustin Lara; Minha História, de Chico Buarque; Morte que mataste lira (Popular, Açores); Natal de Évora (Popular); Lembranças do Douro (Folclore do Alto Douro); Perdigão perdeu a pena (Cancioneiro da Alta Estremadura); Tempo suão (Cancioneiro da Alta Estremadura)... Mas não só arranjos como músicas orignais: por exemplo, Dança do vento (poema de Afonso Lopes Vieira); Regresso ao lar (poema de Guerra Junqueira); Cantiga das tristes queixas (poema de Afonso Lopes Vieira)...só para citar uns tantos exemplos.

Escreveu ele na altura, nas proximidades do Natal de 2005 (*):

(...) Aqui vai, não propriamente uma estória, mas o que poderemos chamar uma crónica ou memória de como era celebrado o Natal pelos rapazes (nunca vi raparigas a participar) de Bissau.

Caros camaradas de tertúlia:

Tintim, tintim, tintim,… “Bom festa pa tudo dgenti. Prança Deus bó iangaça tudo quê que bó misti”

Traduzo, ou não é preciso? Então lá vai: Boas-festas para todos. Queira Deus que alcanceis tudo quanto desejais.

Mário Dias

Nota do editor: Achámos por bem reproduzir aqui, hoje, esta sua descrição do Natal de Bissau de 1952. É reveladora da sua grande sensibilidade socioantropológica.  Com votos de bom ano de 2019 e um alfabravo fraterno ao Mário, que é dos um membros da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Muitos dos mais recentes grã-tabanqueiros nunca tiveram oportunidade de ler os seus notáveis textos (como por exemplo as crónicas da Op Tridente, 1964 ou as "memórias do antigamente" de Bissau ou "o segredo"..., o seu reencontro no mato com o amigo Domingos Ramos...)


2. Memória dos lugares > O Natal de Bissau nos tempos do "antigamente"

por Mário Dias

Tinha 15 anos no tempo já distante de 1952. Ia passar o meu primeiro Natal em Bissau (**) e nem calculava, nesses meus verdes anos, quão verdadeiro é o ditado popular: “cada terra com seu uso; cada roca com seu fuso”.

Em casa de meus pais, reunida a família para celebrar a consoada, comecei a escutar na rua sons e cantigas que me eram de todo estranhas, bem diferentes das que, em Portugal, celebravam o Natal. Curioso, vim à varanda e deparei com um cenário que me encantou de tal forma que ainda hoje dele me recordo com muita saudade.

Toda a rua onde morava (ia dar à avenida principal, perto do cinema da UDIB) era um mar de luzinhas e de sincopados sons. Não resisti e fui ver. Não queria perder o espectáculo para mim novo e bem longe do que poderia imaginar pudesse existir.

Grupos de 3 ou 4 crianças, transportavam pequenas casas feitas com armações de finas tiras de cana ou material semelhante revestidas com papel de seda de várias cores. Com um coto de vela aceso no seu interior, resplandeciam como se de vitrais se tratasse. E como havia algumas tão bem construídas e belas!... A catedral de Bissau, a casa do governador, o edifício da Administração Civil, ou simples casas saídas da fértil fantasia do seu construtor.

Também havia quem desse asas à criatividade e aparecesse com navios, aviões e de quanto a imaginação fosse capaz.

Iam parando em cada casa, ora à porta quando situada ao rés do passeio, ora penetrando nos pequenos jardins das mais recuadas, e um deles, portador de uma garrafa vazia e de um pequeno ponteiro de ferro batia o ritmo: tintim, tintim. tintim…

Então, ao compasso que o “tocador de garrafa” ordenava, todos rompiam nesta cantilena: (por sinal bem afinados)

S. José, sagrada nha Maria,
e quando foi, quando foi para Belém,
a resgatar o Menino de Jesus,
lá ao pé, lá ao pé da santa cruz.


(refrão)

Adoro mistério sobrinho da minha alma (1)
sobrinho da minha alma louva o Senhor.
Coração Santo todo ruminado
Todo vez em quando sempre a chorar
ai, ai, ai de vez em quando sempre a chorar,
ai, ai, ai de vez em quando sempre a chorar. (2)


O Angelino, Angelino já morreu,
e não queria confessar senão do Papa,
e nem do Papa nem do Bispo confessou
para nos dar boas-festas boa sorte. (3)

(repetiam o refrão)

Terminada a cantilena, dirigindo-se aos donos da casa, soltavam o inevitável “partim festa” (dê-nos as festas), querendo com isso pedir dinheiro ou algo que lhes fosse útil. Um deles estendia a mão para o donativo que sempre surgia e enquanto iam a caminho de outra casa algum perguntava:

- Kanto qui dá-bo? (quanto te deu)
- Dôs peso e meio.
- Esse i bom branco.

Desta maneira corriam todas as ruas de Bissau, visitando as casas ou abordando quem passava nas ruas:

- Partim festa.
- Kanto que dá-bo?
- Só cinco patacon (20 centavos)
- Bé… rijo mon (bolas…que avarento)


Intercalados, outros grupos diferentes surgiam. Eram os rapazes do “Kinkon”. Traziam também uma garrafa para marcar o ritmo, (tintim, tintim, tintim,) mas o “chamariz” apelativo ao “partim festa” era outro. Um boneco recortado em papelão, com braços e pernas articuladas por um engenhoso sistema de cordéis e montado numa vara, era transportado por um dos miúdos que o fazia movimentar ao ritmo da batida na garrafa “tintim, tintim, tintim”.

O portador do boneco atirava:

- Kinkon, kinkon.

Respondiam os outros em coro:

- Rabada di kon.

De novo o líder:

- Kinkon, Kinkon.

Resposta do coro:

- Nariz di Kon.

E sempre alternando, líder e coro iam acrescentando à cega-rega diversas partes do corpo:

Kinkon, kinkon,
Cabeça di Kon.
Kinkin, kinkon,
Orelha di Kon.


Por vezes, os mais ousados lançavam alusões a partes anatómicas menos próprias. Alguns dos companheiros riam-se, outros não gostavam e protestavam:

-Abó ka t’a burgonho (tu não tens vergonha).

Mantinham a cantilena o tempo necessário a que alguém viesse oferecer as desejadas “festas” e seguiam para outro lado.

Por ali me quedava embevecido, admirando estas encantadoras cenas tão inesperadas e atraentes.

E por ter ficado de tal forma apaixonado com tão extraordinária tradição, todos os anos, mal se aproximava o Natal, não continha em mim a ânsia da sua rápida chegada, para mais uma vez veras crianças de Bissau, vindas do Chão Papel, Alto do Crim, Cupilon, Gã Beafada, Santa Luzia e outros bairros, inundarem as ruas com as suas casinhas luminosas ou com os “kinkons” articulados e garrafas para marcar o ritmo: 

…tintim, tintim… São José, sagrada nha Maria…
…tintim, tintim… Kinkon, kinkon,… rabada di kon…


Certamente que muitos dos que passaram por Bissau assistiram a esta tradição e dela se devem recordar. Quanto a mim, já passaram mais de 50 anos e ela continua tão viva na minha memória que, quando chega o Natal, dou por mim a cantarolar aquela lenga-lenga e nos meus ouvidos ecoa o “tintim, tintim”. Involuntariamente sinto-me transportado ao passado e perante mim desfila, com toda nitidez e riqueza de pormenores, o encanto de cores e de sons que os rapazes de Bissau me proporcionavam.

Falando há tempos com um amigo que lá esteve recentemente, por ele fui informado que esse costume se perdeu e que as actuais gerações nem o conhecem. Se assim for, é pena. Nenhum povo deve esquecer e, menos ainda, menosprezar as sua tradições.

Caros amigos guineenses: Vamos restaurar esta tão bela tradição?

Torna-se talvez conveniente explicar o significado da cantiga que, como devem ter reparado, não é crioulo. É pretensamente cantada em português, com versos de cânticos religiosos que os rapazes, na sua ingenuidade deturparam.

Notas do autor:

(1) “Adoro o mistério sobrinho da minha alma…” corresponde a: “Adoro o mistério sublime da minha alma…”

(2) “Coração santo todo ruminado, todo vez em quando, sempre a chorar” é do cântico “coração santo, tu reinarás, o nosso encanto, sempre serás”.

(3) Quanto a esta alusão ao tal Angelino, nunca consegui saber do que se trataria.
___________

Notas do editor:

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19065: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (57): Charles Aznavour (1924-2018), em Luanda

Antº Rosinha, II Encontro Nacional
da Tabanca Grande,Pombal, 2007.
Foto: LG
1. Mensagem do nosso "mais velho" Antº Rosinha, 

Date: terça, 2/10/2018 à(s) 19:15
Subject: Charles Aznavour em Luanda

Em plena guerra fria e em plena "guerra do Ultramar", este enorme artista francês, quando em sua plenitude como cantor, esgotou dois cine-Restauração, na cidade de Luanda.

Esta visita a Luanda não teve nada de "inocente", de parte a parte. Levantou o moral da gente,  embora nós, o povão, não tivéssemos "chegado a tempo", às bilheteiras do Restauração.



Luanda > 1956 > O  cinema Restauração > "Construído no tempo colonial português, na cidade alta de Luanda, foi projectado pelos irmãos arquitectos João Garcia de Castilho e Luís Garcia de Castilho e passou a funcionar como Palácio dos Congressos e sede do parlamento angolano com a proclamação da independência, a 11 de Novembro de 1975 [até 2015]"... .Cortesia de Diário Imobiliário.


Penso que também actuou em Nova Lisboa no Ruacaná, como já tinha feito  a Amália Rodrigues.

Tentou-se o mesmo sucesso "colonial" com outro enorme francês, Gilbert Becaud. Mas foi surpreendido pelo 25 de Abril, e imagine-se este grande artista, em junho de 1974 a actuar com o seu piano em Malange com uma sala vazia, apenas vinte  ou trinta espectadores, porque o público já não queria ouvir mais "cantigas" .

Eu fui a esse espectáculo, o homem interpretou 2 canções, quase a chorar...mas apresentou-se.

Aconteceu o mesmo com o Tony de Matos em Serpa Pinto, ele que esgotava salas, mas após o 25 de Abril, estes artistas já não contavam.

Também o vi desesperado, com 20 ou 30 espectadores, cantou dois ou três números.

Esta também foi a minha guerra.

Cumprimentos
Antº Rosinha


(i) beirão, tem mais de 110 referência no nosso blogue;

(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como autor e comentador;

(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;

(iv) fez o serviço militar em Angola, sendo fur mil, em 1961/62;

(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário' (sic);

(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil, já sem ouro, nem pedras preciosas...), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';

(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;

(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';

(ix) pelo seu bom senso, sabedoria, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 'chamar os bois pelos cornos';

(x) ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ]
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 11 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18834: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (56): Entre 1394 e 1974, a História de Portugal deve ser reescrita e ir para o Museu?

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18366: Agenda cultural (631): Lisboa, Bairro Alto, Teatro do Bairro, hoje, 28, às 21h30: Lançamento do álbum de estreia do músico e compositor lourinhanhense Diogo Picão, "Cidade Saloia"



Cortesia da página oficial do Diogo Picão.


1. Álbum "Cidade Saloia":

"É o meu álbum de estreia.

"Gravado com músicos de várias nacionalidades residentes em Lisboa, este disco espelha o meu interesse por vários estilos musicais, e a influência das viagens na minha escrita, e na maneira de observar o mundo rural e citadino. É composto por doze canções autorais.

"O concerto de lançamento será no dia 28 de Fevereiro, às 21h30, no Teatro do Bairro com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores.

"Disponível nas plataformas digitais e em formato físico por encomenda no site."


2. Diogo Picão  tem página também no Facebook.

Apresenta-se de maneira bem humorada e originail:

(...) Nascido no oeste [, Lourinhã, distrito de Liosboa], apaixonado pelo sul, com a cabeça virada a norte. A leste mas orientado pela música. Canta, toca saxofone, e percute o que lhe aparecer à frente.
Chama-se Diogo Picão e gosta da canção mas nunca se nega a uma livre improvisação.

 (...) Influências: Cantautores Portugueses e Brasileiros, Música de Intervenção, Samba, Bossa Nova, MPB, Jazz, Blues, Salsa, Son Cubano, Música Clássica Indiana.

Press contact: Joana Garcia
email: joana@constroisons.com
telefone: +351 218 404 062
telemóvel: +351 961 357 906


3. Sinopse do espetáculo, hoje, no Teatro do Bairro [ Rua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto),1200-246 Lisboa, Portugal]

Diogo Picão, um dos autores de canções mais promissores da sua geração, apresenta-nos agora o álbum de estreia Cidade Saloia.

Nascido na vila da Lourinhã, começou a aprender saxofone na Escola de Jazz de Torres Vedras, seguindo depois para a ESMAE, no Porto. Mais tarde viajou pela América Latina, território que influenciou fortemente as suas composições.

Filho de professora primária [, a trabalhar há muito em Macau], desde cedo se habituou a divertir com as palavras. O jogo completou-se quando as juntou à música. Em Lisboa, encontrou a sua mais recente morada, povoada de músicos em trânsito, com quem partilha e descobre afinidades musicais. 

Cidade Saloia é um disco que usufrui dessa família alargada. Composto por doze canções da sua autoria, todas em português excepto uma em espanhol, o disco conta com a participação do seu trio (Olmo Marín, Anders Perander e Matteo Bowinkelmann) e a de vários convidados incluindo Salvador Sobral, com quem partilha a interpretação da canção Sem Respostas.

Fonte: Bilheteira FNAC (com a devida vénia)


4. Comentário do editor:

O Diogo é meu conterrâneo e meu amigo. É filho e sobrinho de amigos meus, de uma grande família que deu combatentes para a(s) guerra(s) de África, pelo menos dois, das  minhas relações,  o tio paterno José F. Oliveira Picão (que esteve em Canquelifá, na Guiné, 1973/74) e o tio materno Jaime Bonifácio Marques da Silva, do BCP 21 (Angola, 1970/72), nosso grã-tabanqueiro.

É um jovem músico de grande talento, cantor, saxofonista, compositor, que merece o apoio da nossa Tabanca Grande. Eu vou lá estar esta noite do Teatro do Bairro, no Bairro Alto, a aplaudi-lo.

_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 28 de fevereiro de 2018 >  Guiné 61/74 - P18364: Agenda cultural (630): Seminário "Nos Mares da Memória", 4ª feira, dia 7 de março, às 15h00, em Paço de Arcos, Escola Superior Náutica Infante D. Henrique... Aberto a todos os que se interessam pela história dos portugueses nos mares da Terra Nova e da Gronelândia.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18345: Fotos à procura de... uma legenda (100): quem não tem "turpeça", senta-se no chão... e quem "turpeça" também cai...



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Jufunco ou Djufunco > 9 de maio de 2013 > Os régulos da Tabanca, Alberto Sambú (o mais novo) e o Necolá Djata, com os seus "banquinhos"  [, em crioulo, "turpeças") que os acompanham sempre.


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Jufunco ou Djufunco > 9 de maio de 2013 > O local sagrado das reuniões da comunidade, que neste dia se abriu pela primeira vez para reunir com a comunidade de brancos que visitou a tabanca, vendo-se os régulos no lugar que ocupam habitualmente, sentados nas suas "turpeças".

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Na sua visita a Jufunco, no chão felupe, em maio de 2013, o José Teixeira, régulo da Tabanca de  Matosinhos, fez as seguintes observações sobre os seus "pares", os régulos locais, e os seus símbolos do poder:

(...) O régulo faz-se acompanhar de um pequeno banco em madeira, onde só ele se pode sentar, sob pena de perda de vida. Mesmo quando nos acompanharam pela tabanca, levavam o banco debaixo do braço e, quando parávamos, sentavam-se nele. Cada terra tem seus usos e costumes, mas este é, com o devido respeito, deveras estranho.

Pudemos visitar o chão sagrado debaixo do poilão onde o povo simples vai encontrar-se com o Irã, o espírito superior, para implorar proteção e cura dos seus males, bem como o local sagrado onde os homens grandes se reúnem para decidir sobre as grandes questões que afetam o seu povo.

Neste local sagrado, os dois régulos sentados no seu banco tradicional explicaram como se desenvolvem as reuniões da comunidade, cujas decisões são seladas com um jantar bem regado com vinho de palma e aguardente de cana. Do animal morto para o repasto ficam ali guardados a cabeça ou parte da dentuça como sinal de que houve acordo e o mesmo deve ser posto em prática. Isto fez-me lembrar os meus tempos de criança quando os homens de negócios nesse interior de Portugal selavam os seus acordos com uma caneca de saboroso vinho".(...)


2. Em crioulo, este "banquinho" (que é mais do que um adereço da casa que serve para a pessoa se sentar-se) chama-se "turpeça"... Em fula, é "ciran" ou "cirange" (no plural). Alguns de nós, como o António J. Pereira da Costa ou eu próprio, temos em casa objetos destes, feitos em madeira, com função de adorno ou peça de artesanato "guineense"...

O termo apareceu-nos no subtítulo de um livro, da autoria de Santos Fernandes, recenseado pelo Beja Santos: "Lideranças na Guiné-Bissau: avanços e recuos". Na capa vem um destes banquinhos tradicionais, de que todos estamos lembrados: com a seguinte legenda: "a imagem de 'turpeça',  símbolo de poder na Guiné-Bissau" (**).

O nosso querido amigo e grã-tabanqueiro Cherno Baldé, contou-nos, a propósito, a seguinte históira: "O caso mais insólito que observei com este fenómeno das 'Turpeças', aconteceu em 2004 quando o Ministério das Obras Públicas, onde trabalhava, convidou as autoridades locais das ilhas dos Bijagós para uma reunião de concertação em Bissau. Estranhamente, todos traziam consigo uma 'turpeça', a sua 'turpeça',  porque na sua tradição estava consignado que deveriam utilizar sempre aquela e não outra qualquer. Fiquei estupefacto, mas é a realidade. Não conhecia e nunca tinha visto" (**).

3. O vocábulo ainda não vem nos dicionários da língua portuguesa, e nomeadamente no Houaiss. Mas acho que o temos de grafar. Não era, que me lembre, usado no tempo colonial... Mas hoje é usado, pelos guinenses, urbanizados. Ou faz parte do "calão político":  tenho-o encontrado com significado  equivalente à nossa "cadeira do poder"... Fala-se por exemplo dos dirigentes partidários instalados nas suas "turpeças", de costas viradas para o povo... 

E é nesse sentido que temos de entender as argustas observações etnográficas registadas pelo "régulo" Zé Teixeira, quando foi em 2013 a Jufunco em visiat aos seus colegas... O tal "banquinho" é, antes de mais, um símbolo de poder... Quem tem poder, tem "turpeça"... Quem não tem, senta-se no chão... O chão é o plano da igualdade... O chefe, nas línguas latinas, vem do "caput" (cabeça): chefe é aquele cuja cabeça sobressai da multidão de cabeças, o povo, o grupo, os outros... Daí o "banquinho", o "cirã", a "turpeça", a "cadeira", o "trono", o "penacho", o "chapéu", a "coroa", as "divisas", os "galões", as "dragonas", enfim, todos os símbolos de status que conferem poder, autoridade... (Mas há uma diferença semântica e conceptual entre líder e chefe: liderança é uma relação, chefia um atributo).

O grande músico guineense Binham tem uma canção chamada "Turpeça de mortu"... Tenho pena de não "apanhar" a letra... Julgo que ele vem da melhor tradição da grande música guineense, de crítica social e de intervenção cívica e política (Zé Carlos Schwarz, etc.)... Talvez aqui o Cherno Baldé nos possa, mais uma vez, dar uma ajudinha a perceber a letra... Há um videoclipe disponível no You Tube...

O crioulo é fascinante. A(s) língua(s) humana(s) é(são) fascinante(s). Infelizmente não podemos dominá-las todas... Mas acho que o termo "turpeça" deve ser grafado e enriquecer a nossa lusofonia. Mas pergunto, na minha "santa ingorância": o vocábuo "turpeça" (em crioulo) não será uma corruptela do português "tripeça", assento, também baixinho, composto de 3 pés, e sem encosto ? 

Aqui fica mais uma pista para os nossos leitores, amigos e camaradas da Guiné. (***)

_________________

tripeça | s. f.

tri·pe·ça |é|
(tri- + peça)
substantivo feminino
1. Assento de três pés e sem encosto. = TRIPÉ

2. [Figurado] Ofício de sapateiro.

3. [Burlesco] Grupo de três pessoas que andam sempre juntas.

cair da tripeça
• Ter idade avançada e indícios de senilidade.

"tripeça", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/tripe%C3%A7a [consultado em 22-02-2018].


(***) Último poste da série > 29 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18267: Fotos à procura de... uma legenda (99): Porque é que este(s) barco(s) nunca poderia(m) chamar-se Luís Graça? Ou Virgílio Teixeira? Ou Carlos Vinhal? Ou outro nome de grã-tabanqueiro, macho?

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17423: Agenda Cultural (564): Há Arraial da Mouraria, 10ª edição: atuação da banda musical portuguesa "Melech Mechaya", sexta-feira, dia 2 de junho, às 19h00, no Largo da Rosa, Mouraria, Lisboa


Página do Facebook de Renovar a Mouraria




Sexta feira, dia 2 de junho, às 19h00,
no coração da Lisboa  popular, festiva, 
inclusiva, pluriétnica e pluricultural

Lisboa (metro: Martim Moniz)
Espetáculo: Entrada de borla!...



1. Com a devida vénia à RTP  Notícias, de 29 de maio de 2017 > Nova "Aurora" dos Melech Mechaya passa por Lisboa e Castelo Branco


(...) Os Melech Mechaya já estão na estrada a apresentar o novo álbum "Aurora". O próximo concerto está marcado para dia 2 de junho no Arraial da Mouraria, em Lisboa. No dia seguinte é a vez do Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco. A comemorar 10 anos de carreira, o 4º álbum do quinteto conta com muitos amigos e algumas estrelas.

O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O'Conner e Verve), "que lhe emprestou uma sonoridade tão peculiar que primeiro estranhamos, mas que rapidamente se entranhou em nós", revela Miguel Veríssimo. (...)


O quarto álbum de originais dos Melech Mechaya inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv que para além de emprestar a voz fez a letra do tema "Boom", e da cantora espanhola Lamari de Chambao que cantou o tema "Un Puente".

"Hoje somos praticamente uma banda Ibérica. Para nós Espanha é quase como uma segunda casa. Nos últimos cinco, seis anos, damos quase tantos concertos lá como em Portugal. A participação de Lamari de Chambao neste disco é para nós algo e muito especial", explica no Jornal 2 Miguel Veríssimo. (...)


2. Vd. ainda Melech Melechaya > 


_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17416: Agenda Cultural (563): Apresentação das obras literárias: "Revisitar Goa, Damão e Diu", pelo Prof Doutor Valentino Viegas; "Memórias do Oriente", do Coronel Luís Dias Antunes; "De Bragança a Macau", do Superintendente Isaías Teles; e "Radiografia Militar e os 4 DDD", do Dr. Manuel Barão da Cunha, dia 3 de Junho de 2017, na Casa de Goa, Lisboa

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17329: Manuscrito(s) (Luís Graça) (117): Festa, alegria e folia no XII Festival Internacional da Máscara Ibérica (Lisboa, Praça do Império, Belém, 4-7 maio 2017)... O fascínio da gaita de fole!


XII Festival Internacional da Máscara Ibérica (FIMI), Lisboa, 6 maio 2017, Praça Império, Belém: Real Banda de Gaitas de Oviedo, Astúrias, Espanha.. Uma  referência cultural, um ícone,


Vídeo 1' 45''. Luís Graça (2017). Disponível em You Tube > Luís Graça


1. O Festival Internacional da Máscara Ibérica (FIMI), que se realiza em Lisboa,  já vai na sua 12ª edição. Este ano, pela primeira vez, foi no  Praça do Império, em Belém, um espaço cénico por excelência, enquadrado pelo mosteiro dos Jerónimos, o Centro Cultrural de Belém e o estuário do Tejo, um espaço mais imponente do que  a baixa lisboeta. (*)  

Fui lá, na tarde de sábado, para assistir ao desfile das máscaras ibéricas,  mas só levava uma das pilhas da máquina fotográfica meio carregada. A outra já tinha sido gasta num evento anterior, ao fim da manhã e almoço. Ainda  deu para fazer vários vídeos e bater algumas chapas.

Não posso, mais uma vez, deixar de mostrar, aos nossos leitores, através do vídeo  que  junto, o meu fascínio por este  instrumento, a gaita de fole (ou foles ou apenas gaita), da família dos aerofones. Fico feliz por,.  no nosso país a gaita mirandesa, em risco de se perder, nos anos 60 do séc. passado, devido à "modernização" da sociedade portuguesa, a emigração, a guerra colonial, a concorrência do acordeão, etc., conhecer hoje uma revitalização excecional, graças ao trabalho de muita gente, desde os etnomusicólogos aos artesãos locais.

O FIMI, este ano, contou com 36 grupos (metade portugueses) e mais de 650 participantes, que deram a Lisboa um clima de festa, alegria, magia e folia... a que se associaram milhares e milhares de lisboetas e turistas, numa comunhão de cumplicidade e universalidade (**).  Na paz ou na guerra,  no templo ou no teatro, a máscara foi usada e continua a ser usada para nos transfigurar, fazendo a  necessária ligação entre o profano e o sagrado, entre a vida e a morte, entre o racional e o irracional que há em nós. A gaita é um instrumento indispensável neste cenário.  Mas o festivale não é só desfiles, exibições e concertos...Este ano havia uma parte gastronómica fortíssima em que cada terra ou região pôde mostrar os seus trunfos em matéria de comidas e bebidas...E aqui o Portugal profundo continua a surpreender-nos com os seus vinhos, os seus azeites, o seu pão, os seus quejs, os seus enchidos, os seus doces... 

_______________

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17309: Agenda cultural (556): Banda "Melech Mechaya" (de que faz parte o nosso grã-tabanqueiro João Graça): Lançamento do novo disco "Aurora", 10 anos de carreira. Agenda de 2017: o próximo concerto é já a 5 de maio, 6ª feira, em Ponte de Lima, teatro Diogo Bernardes


Página do  Facebook dos Melech Mechaya > Foto de cronologia: "Com o novo disco 'Aurora' tentamos, uma vez mais, chegar mais alto e alcançar as nuvens! Mais uma foto pelos mestres Rodrigo Lameiras e Ivo Cordeiro."




Página oficial da banda Melech Mechaya (lê-se: Mé-leque Mé-caia), de que faz parte o nosso grã-tabanqueiro João Graça (violino)



1. BANDA "MELECH MECHAYA": LANÇAMENTO DO NOVO DISCO, "AURORA", 10 ANOS DE CARREIRA


AGENDA 2017

05 Maio

Ponte de Lima, PT | Teatro Diogo Bernardes

20 Maio
Lisboa, PT | Festival de Telheiras

02 Junho
Lisboa, PT | Arraial da Mouraria

03 Junho 
Castelo Branco, PT | Cine-Teatro Avenida

16 Junho
Évora, PT | Festival Lá Fora

30 Junho
Idanha-a-Nova, PT | Being Gathering

15 Julho
A anunciar

20 Julho 
Ciudad Rodrigo, ES | Fiestas de Verano

06 Agosto 
Lubián, ES | A anunciar

01 Outubro
Almada, PT | Fórum Romeu Correia


2. Sobre o "making of" do novo disco, ver aqui os vídeos:




Sinopse (cortesia de Viral Agenda Viana do Castelo)

João Graça: violino; Miguel Veríssimo: clarinete; André Santos: guitarra; João Novais: contrabaixo; Francisco Caiado: percussão. 

 A comemorar 10 anos de carreira, os Melech Mechaya estão de regresso aos discos com o surpreendente “Aurora”, o quarto longa-duração do grupo. O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O’Conner e Verve), e inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv (voz), e da cantora espanhola Lamari de Chambao. Depois dos bem-sucedidos “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” e “Gente Estranha”, discos que foram apresentados em mais de 150 concertos em 10 países de 3 continentes, “Aurora” representa o trabalho mais inovador e original do quinteto, alargando os horizontes da música klezmer para uma sonoridade única que é só deles.
________________


Nota do editor:

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17284: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XII: O "cancioneiro" da Ilha do Sal



Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1942 > Militares expedicionário da 1ª companhia do 1º batalhão do RI 11 (Setúbal).  O primeiro à esquerda é o 1º cabo Feliciano Delfim Santos,  pai do nosso camarada e membro desta Tabanca Grande Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






[65]


[66]


[64]




[63]



1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)
José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943). Faria depois da Escola de Sargentos de Águeda. Promovido a alferes, comandou a GNR em Tavira, até 1968. Colaborava com regularidade, no jornal "Povo Algarvio", onde o nosso camarada Manuel Amaro o conheceu, pessoalmente. Em 1969, já capitão, sendo o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa.

É provável que já não esteja entre os vivos [, e no caso de estar vivo, terá os seus 96/97 anos]. De qualquer modo, é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão, cabendo-nos por isso honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluíram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

[Foto, à esquerda,  do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

Recorde-se que se trata de  um conjunto de crónicas publicadas originalmente no semanário regional,  "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. 

A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos nessa altura, tem 76 páginas, inumeradas.  

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [cap XVIII,  das pp.  63 a 66ap ] não vêm numeradas no livro.

______________

Nota do editor:

Último poste da série  > 11 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17234: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XI: trinta e nove anos depois, homenagem aos mortos, em 1981, em Setúbal