segunda-feira, 11 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11239: Memória dos lugares (225): Olossato, anos 60, no princípio era assim (8) (José Augusto Ribeiro)

1. Oitava série de fotos do Olossato que o nosso camarada José Augusto Ribeiro (ex-Fur Mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal,  Outubro de 1963 a Julho de 196464) e Guiné (Olossato) (Julho de 1964 a Outubro de 1965), nos enviou em mensagem do dia 13 de Fevereiro de 2013.


MEMÓRIA DOS LUGARES

OLOSSATO - O princípio (8)



Foto 216 > Antes de dormir, uma cachimbada


Foto 217 > Carnaval de 1965


Foto 218 > A máscara do feiticeiro


Foto 219 > Ao pôr-do-sol um passeio solitário


Foto 220 > Depois do trabalho há tempo para trocar experiências


Foto 221 > Uma carta para a família


Foto 222 > A carta da namorada


Foto 223 > Vista aérea do Olossato


Foto 224 > Uma carta para matar saudades


Foto 225 > Mais armamento capturado ao IN


Foto 226 > Rodas elementares de uma metralhadora apreendida


Foto 227 > As mesmas rodas


Foto 228 > À janela da casa do chefe de posto


Foto 229 > No final de uma operação pelo mato, as calças estavam rotas

Fotos: © José Augusto Ribeiro (2013). Direitos reservados
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Notas do editor

Vd. último anterior de 8 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11213: Memória dos lugares (222): Olossato, anos 60, no princípio era assim (7) (José Augusto Ribeiro)

Vd. último poste da série de 11 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11235: Memória dos lugares (224): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em Maio de 1969, com "graduação" em Capitão do Exército Português (Raul Abino / Vargas Cardoso)

Guiné 63/74 - P11238: Notas de leitura (464): O arquiteto Luís Possolo na Guiné, pelos anos 50 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Novembro de 2012:

Queridos amigos,
Andava a coscuvilhar aqui na Almedina do Saldanha quando deparei com um sujeito inequivocamente ao lado de um Felupe, logo quis saber quem era este Luís Possolo.
Achei as ilustrações tão admiráveis, deste Possolo que andou pela nossa Guiné que logo procurei saber mais. Li o artigo sobre a arquitetura em Bissau, que recomendo e pus-me em contacto com um neto de Possolo, o Prof. José Saldanha, do ISCTE, que me referiu a natureza do projeto em que se insere esta publicação dedicada a Possolo.
Estou absolutamente seguro que todos o confrades, portugueses e guineenses, vão gostar desta revelação. A fotografia da capa é um achado de que não vou largar mão tão cedo.
Desfrutem!

Um abraço do
Mário


O arquiteto Luís Possolo na Guiné, pelos anos 50

Beja Santos

Nos finais de 1944, foi criado em Lisboa um organismo exclusivamente dedicado à execução de projetos de arquitetura e de urbanismo para os territórios coloniais, o Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), que se veio a tornar a peça central dos programas de obras públicas das colónias.

Bissau tornou-se capital da Guiné em 1941, era flagrante a carência absoluta de infraestruturas, havia que transformar uma praça ou entreposto comercial numa capital moderna. O GUC concebeu importantes infraestruturas na colónia, mobilizou uma plêiade de arquitetos que adaptaram o Palácio do Governo, transformaram a Sé Catedral, apresentaram projetos não executados para o mercado municipal, para a Câmara Municipal, alteraram o projeto do edifício dos CTT, bem como o Pavilhão de Tisiologia do Hospital de Bissau, mais tarde o HM 241. Para quem quiser aprofundar esta matéria e conhecer com todo o rigor o que estes arquitetos fizeram na Guiné, recomenda-se a leitura do artigo “Arquitetura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização Colonial (1944 – 1974)", consultando o sítio: (http://www.usjt.br/arq.urb/numero_02/artigo_ana.pdf).

Um dos arquitetos envolvidos nestes projetos foi Luís Possolo, que vai ficar ligado projetos de casas para a Praia de Varela, o projeto de um quiosque em madeira, provavelmente pensado para a Avenida Marginal e à decoração da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné, hoje sede do PAIGC. Acaba de sair o livro “Luís Possolo, um arquiteto do Gabinete de Urbanização do Ultramar” edição do Centro de Investigação de Arquitetura das Áreas Metropolitanas, ligado ao ISCTE (o livro está a ser distribuído nas livrarias Almedina). Possolo obteve o diploma de arquiteto pela Escola Superior de Belas Artes, em 1953. Frequenta no ano seguinte em Londres o primeiro curso em Arquitetura Tropical, depois ingressa no Gabinete de Urbanização Colonial. Os seus primeiros projetos dizem respeito ao Lobito, edifício da Capitania do Porto e Escola Comercial e Industrial. Segue-se o projeto de um conjunto de casas germinadas para a Praia de Varela, casas de fim de semana de funcionários administrativos coloniais. O autor apresenta duas soluções de cobertura para cada tipo de casas. Resta acrescentar que este complexo turístico da Praia de Varela se tornou rapidamente na coqueluche da sociedade de Bissau. O governador tinha ali a sua casa de férias. No meu livro “Mulher Grande” refiro como a estância era frequentada até pela alta sociedade da Gâmbia e do Senegal. Em Julho de 1961, as forças de François Mendy, depois de atacarem S. Domingos vandalizaram Suzana e Varela de tal modo que o turismo se tornou impraticável e a partir de 1963, por razões de segurança a estância de férias fechou.

Possolo trabalhou em diferentes territórios africanos. Elaborou um projeto de uma estação de camionagem para S. Tomé e Príncipe, para o mercado de Quelimane, mas a lista não se fica por aqui. Trabalhou igualmente em regime liberal e nessa qualidade é dele o Projeto da Fábrica de Cimentos de Nacala, Moçambique, porventura o seu projeto mais grandioso. Dedicou-se igualmente à decoração de interiores, é dele a decoração da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1964, a entidade tornou-o sócio efetivo por tal prestação.

O quiosque em madeira (que nunca viu a luz do dia) era bastante amplo, com balcão para uso dos clientes e era envolvido por uma esplanada, conforme desenho que aqui se publica. Possolo deu asas à imaginação, este desenho remete para um imaginário tropicalista que certamente teria mais que ver com Miami ou Rio de Janeiro.


O livro que é dedicado tem uma fina conceção e a sua capa acolhe uma das mais belas fotografias que até hoje vi: Possolo terá ido a Varela, tirou uma fotografia no meio de Felupes e depois esta em que está com um Felupe tendo a avioneta por fundo, há ali um sabor de passado, presente e futuro dado pelo jogo de perfis serenos mas resolutos dos dois principais fotografados, símbolos do antigo e do moderno, do perene e do transformado. Quando vi o livro disse logo para mim que estes elementos tinham que chegar à tertúlia. Contatei o seu neto, o professor José Saldanha que amavelmente digitalizou a fotografia da capa e o desenho do quiosque. Espero que desfrutem a altíssima qualidade destas fotografias e não resisti a juntar, extraído do referido artigo “Arquitetura em Bissau” uma fotografia muito singular do monumento sito na antiga Praça do Império, hoje Praças dos Heróis Nacionais, trabalho do fotógrafo Eduardo Costa Dias, em 2009. É um angulo soberbo, parece que a escultura se está a mover graças a uma misteriosa contorção cilíndrica. E nada mais há a dizer para além desta alegria dos sentidos!

 Desenho do quiosque

Vista parcial da base do monumento da antiga Praça do Império
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 8 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11211: Notas de leitura (463): Lilison di Kinara, um artista de quem aqui não se fala; Liberdade ou Evasão de António Lobato (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11237: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte VI): De Lisboa a Contuboel...


Foto s/ nº > Lisboa > 1969 > Furrieis da CART 2479 > "Jantar de despedida antes do embarque para a Guiné, com o nosso 1º sargento, Ferreira, que chegou a major e já falecido".


Foto s/ nº > Chegada da CART 2479 ao Xime... "A LDG afastou-se da terra e a GMC foi a banhos"...


Foto s/ nº > "O acidente no Xime"...




Foto s/ nº > "O meu pelotão de instrução [, na recruta,] em Contuboel. Alguns destes soldados foram depois transferidos para a CCAÇ 2590/CCAÇ 12".


Foto s/ nº > s/ l > "Eu e as minhas lavadeiras"...




Foto s/nº > O Abílio Duarte em Contuboel



Foto s/ nº > Em Contuboel, junto à capelinha da vila...


Guiné > Zona leste > CART 11 (Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/1970) > Fotos do álbum do Abílio Duarte.

Fotos (e legendas): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Abílio Duarte, ex-fur mil art da CART 2479 (mais tarde CART 11 e finalmente, já depois do regresso à Metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa companhia de “Os Lacraus de Paunca”) (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (*).

Estas fotos fazem parte de um segundo lote que o Abílio Duarte nos acaba de mandar, em 7 do corrente, com a seguinte mensagem:

Olá, Luís.

Tomo a liberdade de te enviar mais umas fotos [, 26,] do pessoal da minha companhia, para agregares á série do meu álbum fotográfico, para agora e mais tarde recordar...

Apesar de tuod, passámos bons tempos em Contuboel. Depois é que foi o pior. Mas tudo na vida passa, e o impprtante é recordar os amigos e camaradas com quem convivemos em terras distantes, e longe dos nossos parentes. Tenho muitas saudades daquela camaradagem e bom convívio entre todos.
Vais recordar Co0ntuboel, Bafatá,,, e talvez alguns soldados a quem dei instrução e foram para a tua companhia [, a CCAÇ 2590, mais tarde CCAÇ 12].
Algumas das fotos foram cedidas pelo meu camarada, o fur mil Queiroz da Silva.

Não te incomodo mais, e recorda aqueles tempos.
Um abraço, Abílio Duarte.
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Guiné 63/74 - P11236: In Memoriam (145): Domingos de Sousa Torres, sold cond Berliet, CCAÇ 3549 (Fajonquito, 1972/74)...Funeral, hoje, às 10h30, Capela do Senhor dos Aflitos, Canelas, Vila Nova de Gaia... Até sempre, camarada! (José Cortes)


1. Mensagem de ontem, do nosso camarada José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884,Fajonquito, 1972/74 [, foto atual, à esquerda]:


Companheiros: 

É com bastante pesar que informamos da morte do nosso companheiro, Domingos de Sousa TORRES, que era o condutor da Berliet, na nossa companhia.

O funeral realiza-se 2ª feira, dia 11 de Março de 2013.

Amigo Luis, envio duas fotos do nosso amigo Torres, uma da Guiné e outra mais recente,

O corpo encontra-se em câmara ardente, na Capela do senhor dos Aflitos em Canelas, Vila Nova de Gaia, e o funeral é no dia 11/03/13, às 10.30 .









Mais um dia triste. Mais um companheiro da família da CCAÇ 3549,  "Doixós Poisar", que nos deixa. Saibamos honrar a sua memória e a memória dos demais camaradas que da lei da morte já se libertaram. Até sempre, camarada Torres!




Convívio CCAÇ 3549/BCAÇ 3884 (Fajonquito, 1972/74) > Canelas, Vila de Gaia >  O Torres é o que está em primeiro plano, ao centro,  de pé, junto da bandeira.


Guiné > Zona leste > Fajonquito > CCAÇ 3549/BCAÇ 3884 (Fajonquito, 1972/74) >  Da esquerda para a direita: Torres, Sérgio e Moreira... E quem serão aqueles dois "djubis", ao canto superior direito ? Um deles poderá ser o Cherno Baldé...


Guiné > Zona leste > Bafatá > CCAÇ 3549/BCAÇ 3884 (Fajonquito, 1972/74) >Almoço em Bafatá.  Da direita para a esquerda:  (1) Fur Mil Cortes, (2) Fur Mil Trms Farraia (já falecido) , (3) Torres, (4) (?), (5) Fur Mil Coelho, (6) Lobinho (Padeiro), (7) Magalhães, (8) Brás e (9) Paulo Matos.




Guiné > Zona leste > Fajonquito > CCAÇ 3549/BCAÇ 3884 (Fajonquito, 1972/74) > > Mecânicos e Condutores: da direita para a esquerda: Pinto (Mecânico), Sérgio (Combustíveis), Torres e Araújo (falecido)...

Fotos (e legendas):  © José Cortes (2011/13). Todos os direitos reservados

Guiné 63/74 - P11235: Memória dos lugares (224): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em Maio de 1969, com "graduação" em Capitão do Exército Português (Raul Abino / Vargas Cardoso)

1. Mensagem do nosso camarada Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70), com data de 6 de Março de 2013:

Carlos,
Embora com algum atraso, consegui obter do Cor. Inf. na Reforma Mário José Vargas Cardoso, o artigo que ele me tinha prometido sobre como nasceu a "promoção" a Capitão da Cilinha Supico Pinto, no Olossato*, cuja origem da graça tanta curiosidade causou.
Isto se é que ela também não foi promovida em mais algum lugar...
O texto e as fotografias da visita vão em anexo.
Diz ao Luís Graça que o artigo tardou mas não faltou.
Pena o desfasamento no tempo.

Um abraço para o pessoal coordenador.
Raul Albino


CECÍLIA SUPICO PINTO – “CILINHA” 

“GRADUADA” em Capitão do Exercito Português 

Data: 11 de Maio de 1969 

Em 24 de Julho de 1968, a CCAÇ 2402 – “LYNCES” – embarcou para a Guiné a bordo do UÍGE.

Entrámos em sector a 1 de Agosto, na guarnição de CÓ, Batalhão de Bula, na margem norte do rio MANSOA.

Em Março de 1969, a companhia juntou-se ao Comando do seu Batalhão (BCAÇ 2851) no sector e guarnição de MANSABÁ, onde permaneceu pouco mais de um mês.

Rodámos para o OLOSSATO em Abril, por ordem do próprio Comandante-Chefe, com a missão, atribuída directamente pelo Comandante-Chefe, de recuperar populações no sub-sector do OLOSSATO.

Na primeira quinzena de Maio 69, tive de me deslocar a Bissau, em serviço.

A 10/Maio, fui informado pelo QG, de que a Presidente do MNF, presente na Guiné, ia visitar a minha Companhia, pelo que poderia aproveitar a viagem no heli.

Como os assuntos a tratar em BISSAU estavam resolvidos, prontifiquei-me a acompanhar a “CILINHA” (como era conhecida pelas nossas tropas), nessa sua deslocação ao norte da Guiné.

Tive oportunidade de passar pelas guarnições de CUNTIMA – FARIM – K3 e finalmente OLOSSATO onde estavam os meus “Lynces de Có”.

Conforme as fotos juntas o testemunham, a nossa visitante, foi calorosamente recebida pelos militares da CCAÇ 2402 e pela população nativa que vivia junto à guarnição local.

No regresso a BISSAU, a “CILINHA” mandou o helicóptero descer junto ao destacamento da ponte MAQUÉ, que era ocupado pelos militares do OLOSSATO, que a receberam com natural surpresa.

De referir, que na minha segunda comissão em Angola (Out64 a Jan67) tive oportunidade de conhecer a Presidente do MNF, quando da sua visita ao BCAÇ 725 em NAMBUANGONGO, onde desempenhei as funções de Oficial de Operações (fazendo mesmo operações).

Na possibilidade de acompanhar a nossa visitante nessa viagem a 11 de Maio de 1969, pude confirmar, a forma como a “CILINHA” conseguiu cativar a simpatia e consideração da generalidade dos militares portugueses em qualquer das guarnições, corroborando assim a opinião com que ficara, quando em 1965 a conheci em NAMBUANGONGO.

Ao agradecer à nossa visitante e sua secretária, a presença na minha CCAÇ 2402, as lembranças que nos entregara, as palavras que nos dirigira de apoio e estímulo e a simpatia da sua visita, decidi “promover” a “CILINHA” ao posto de “Capitão Honorário”, da nossa CCAÇ 2402, com o aplauso dos “Lynces de Có”.

Sendo a Senhora Presidente do MNF, que à época e após o 25/Abril, gerava alguma polémica, acho que é justo referir nesta oportunidade, um episódio que chegou ao meu conhecimento, quando em 72/74 cumpri a 2ª comissão seguida na Guiné.

Na 4ª e última comissão (Mar72 a Jul74), fui oficial de operações do BCAÇ 3884, responsável pelo sector de BAFATÁ, e a partir de Nov73 já major, acumulei com o Comando de Batalhão.

Em data que não consigo precisar (final de 73 princípio de 74), a Cilinha visitou BAFATÁ e algumas unidades do sector, tendo pernoitado uma noite na cidade.

Após o jantar, foi convidada para uma sessão de fados em casa do Capitão Médico, a qual se prolongou noite fora, num agradável e moralizante serão, com muitos oficiais e sargentos da guarnição.

Todo o “mundo” militar, sabia das qualidades de “fadista” da Presidente do MNF.

No dia seguinte, a nossa visitante, seguiu viagem para NOVA LAMEGO, com escolta do meu Batalhão, sendo apresentada ao Comando de Agrupamento.

Soubemos dois dias depois, que a coluna militar que a escoltava em visita à guarnição de CANQUELIFÁ (se a minha memória não me falha), fora emboscada pelo PAIGC.

Em resultado desse contacto, a “CILINHA” , como enfermeira (que era) da CRUZ VERMELHA, procurou ajudar um dos nossos feridos, o qual terá falecido nos seus braços.

Aqui deixo os episódios que vivi ou conheci, com a Presidente do então Movimento Nacional Feminino, nas 4 comissões que me orgulho de ter cumprido, na Guerra do ULTRAMAR (a 1ª em ANGOLA – Outº59 a Nov61) e tive oportunidade de ter a sua visita, nas unidades a que pertenci nas restantes 3 comissões.

MÁRIO JOSÉ VARGAS CARDOSO
COR. INF. (Reforma)


Imagens da Passagem da “CILINHA” pelo OLOSSATO em 11 Maio 1969

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10982: Memória dos lugares (207): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em maio ou junho de 1969 (Raul Abino)

Vd. último poste da série de 9 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11219: Memória dos lugares (223): Capó, na estrada Bachile-Cacheu. uma das estações do calvário da CCAÇ 2444: ali morreram em combate três camaradas açorianos em 6/2/1969, no mesmo dia da tragédia no Rio Corubal, no Cheche (João Rebola / J. C. Resendes Carreiro / Manuel Carvalho)

Guiné 63/74 - P11234: Parabéns a você (544): Artur Soares, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 3492 (Guiné, 1972/74) e Joaquim Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de Guiné 63/74 - P11225: Parabéns a você (543): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor Auto da CCS/BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

domingo, 10 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11233: Convívios (499): 5º Encontro de Gerações de Lanceiros Policia Militar/Policia do Exército, Portalegre – 20 de Abril de 2013 (Nuno Esteves )

1. Recebemos do nosso Amigo e visitante, Nuno Esteves, ex-Soldado PE do 1º Turno 94, o pedido de divulgação do seguinte programa festivo.

5.º Encontro de Gerações de Lanceiros 
Polícia Militar (PM) / Polícia do Exército (PE) 


Saudações Lanceiras Caros camaradas.

Venho pelo presente email,fazer chegar ao vosso conhecimento e se assim o entenderem divulgar na vossa Tabanca,o programa do 5º Encontro de Gerações de Lanceiros Policia Militar/Policia do Exército que se irá realizar em Coimbra no dia 20 de Abril do presente ano.

Programa do Encontro:

11h00 - Recepção de todos Lanceiros PM/PE no QG da Brigada de Intervenção que sita na Rua de Infantaria 23 em Coimbra.
11h30 - Visita às instalações do Pelotão PE.
12h00 - Foto de grupo.
12h30 - Deslocação para o Restaurante "Virabrasa".
13h00 - Inicio do almoço.
13h30 - Entoação do Hino do Lanceiro no Restaurante

Almoço:

- Buffet de Entradas
- Sopa
- Prato de Peixe: Bacalhau Espiritual
- Prato de carne: Terra e Mar
- Buffet de Sobremesas
- Bolo alusivo ao Evento
- Café e Digestivo. - Grito do Lanceiro (Efectuado pelo mais novo da Familia dos Lanceiros)

Preço por pessoa é de 20 Lanças;
As crianças até aos 5 anos de idade: Grátis
As crianças até aos 6 aos 12 anos de idade: 10 Lanças

Confirmação de presença bem como o nº de acompanhantes até ao dia 14 de Abril de 2013 para: pimenta_moises@hotmail.com ou para o tlm 916528334,

Com os melhores cumprimentos e com um forte abraço Lanceiro para todos.
Nuno Esteves
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Nota de MR: 

Vd. último poste da série em:


Guiné 63/74 - P11232: Prosas & versos de Ricardo Almeida, ex-1º cabo da CCAÇ 2548, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71) (3): Homenagem à minha lavadeira em Farim


Guiné > Zona leste > Setor L1 < Bambadinca < CCAÇ 12 (1969/71) > Lavadeiras... no rio Sindangola, um afluente do Rio Geba em Bambadinca...  Foto do álbum do Arlindo T. Roda ex-fur mil at inf, 3º Gr Comb da CCAÇ 12.

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados.

1. Poema enviado ontem pelo Ricardo Almeida (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71)



Homenagem à minha lavadeira, em Farim


Vou p'ro baile, vou bailar.
Para acalmar meu coração,
Contigo quero dançar
E tua mão apertar,
Perdoa se é sedução.

Quero sentir o suor da tua delicada mão
E tua face rosada beijar,
Do calor que me transmites!
E espero que nada omitas,
Que sejas franca comigo,
Que eu sou franco contigo;
E viver mais não consigo
Se não te tiver a meu lado,
E dizer ao vento que passa
O teu nome soletrado;
Para ele levar recado
A outros ventos e sois,
Que fico com saudades
De afagar teus caracóis.

De afagar teus caracóis,
Que fico com saudades,
A outros ventos e sois
Para ele levar recado
O teu nome soletrado
E dizer ao vento que passa.

Marques de Almeida
CCAÇ 2548
BCAÇ 2879


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Guiné 63/74 - P11231: Convívios (498): Encontro do pessoal do BCAV 3846, dia 17 de Março em Estremoz e 7 de Abril em S. João da Madeira (Delfim Rodrigues)




1. Em mensagem do dia 6 de Março de 2013, o nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem, CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), enviou-nos para publicação o anúncio do próximo convívio da sua Unidade.






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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 7 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11205: Convívios (497): XIV Convívio da CCAÇ 3549, no próximo dia 23 de Março, em Queirã/Tondela (José Cortes)

Guiné 63/74 - P11230: Em busca de ... (218): O meu amigo Inhatna Biofa, um dos jovens guineenses que gravitavam à volta da tropa (Henrique Cerqueira)

Inhatna Biofa com o pequeno Miguel Nuno

1. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), com data de 4 de Março de 2013:

Olá Boa noite camarada e amigo Carlos Vinhal.
Hoje deu-me para a nostalgia, pois que andei a ver umas fotos da nossa Guiné e veio parar às minhas mãos precisamente uma fotografia que para nós cá em casa é muito importante. É que esta foto conta-nos estórias da nossa passagem pela Guiné.
Eu aqui falo no plural porque esta fotografia é muito importante para mim, para a NI e para o Miguel Nuno que na altura tinha dois anitos.
Foi então e como do costume ao  "correr da pena” e com o coração nas mãos que resolvi escrever uma espécie de homenagem ao “meu” Inhatna Biofa.

A foto não tem grande qualidade de imagem, a escrita também não lhe fica a dever nada em qualidade mas, o sentimento é verdadeiro e como tal se achares por bem gostaria de ver publicado esta singela homenagem e como sempre darás o tratamento que achares por bem.
Sei que tens imenso trabalho, daí ficará ao teu critério a oportunidade da publicação.

Um abraço
Henrique Cerqueira


INHATNA BIOFA, MEU AMIGO

Hoje ao rever velhas fotografias dos meus tempos na Guiné deparei com esta que aqui será publicada. Mas antes narrarei uma breve estória sobre o meu amigo Inhatna Biofa.

O Inhatna era mais um dos muitos jovens da Guiné que gravitavam à volta das nossas tropas, sobrevivendo com algum dinheiro que nós lhes íamos pagando por pequenos trabalhos que eles estavam sempre prontos a executar. Iam conseguindo também alguma alimentação que algumas das vezes levavam para a sua tabanca para repartir com familiares, quando os tinham.

O "meu" Inhatna foi-me "passado" no Biambe por um Furriel que eu rendi. Já era muito querido pela malta antiga e sentiram-se na obrigação de garantir a continuidade do bom tratamento desses rapazinhos .

Passado muito pouco tempo de convivência com o Inhatna ganhei logo muita admiração pelo empenho e seriedade do seu comportamento isto no que se relacionava com as atividades "domésticas" ou seja cuidar da minha roupa junto das lavadeiras mas muito especialmente ele me acompanhava sempre para o mato carregando um bornal com granadas e munições suplementares para o caso de ser necessário. Foi o que veio a acontecer.

Certo dia numa operação de patrulha o nosso grupo caiu numa emboscada. Eu ia na frente juntamente com três milícias e logo atrás de mim, como sempre, o meu amigo Inhatna. Nós só tínhamos três meses de mato e como é natural nos primeiros momentos do ataque pelo menos deitei-me no chão e só não escavei um buraco porque não sabia se devia usar as mãos para escavar ou tapar a cabeça. Eis que passados alguns eternos minutos olho para o lado e vejo o meu Inhata a municiar a minha arma com as instalaza e a preparar-se para disparar. Aí senti alguma "vergonha" saquei-lhe a arma das suas mãos e toca a disparar e o Inhatna sempre a meu lado a municiar. Este, numa breve acalmia do ataque, teve o cuidado de me confortar dizendo que já estava habituado e que só queria municiar a arma . Eu acho que ele se apercebeu que inicialmente eu estava era todo acagaçado e na verdade estava mesmo.

A partir daí se eu gostava dele fiquei ainda mais seu amigo. Tentei sempre que nada lhe faltasse dentro das nossas carências. Até porque era "fácil" satisfazer algumas das suas necessidades, eles davam-nos muito mais que aquilo que nos pediam... daí ainda hoje me sinto em dívida com o "meu" Inhatna.

Mais tarde fui para Bissorã para a CCAÇ 13 e como não poderia deixar de ser o Inhatna me acompanhou continuando a ser sempre o Fiel amigo e de certo modo "servidor" para os trabalhos relacionados com lavadeiras. Até porque ele se recusava a receber esmolas queria sempre justificar o pagamento que lhe dava em dinheiro.

Mais tarde eu chamei para junto de mim a minha mulher e filho, já todos sabem, e como não poderia deixar de ser, o Inhatna foi desde logo "adotado" pela família até porque eu tanto nas primeiras férias como por cartas já tinha falado muito sobre ele.

Então se até aí ele estava próximo de mim, muito mais tempo passou a conviver com todos nós, passando mesmo a fazer parte da família. Tínhamos um prazer enorme em lhe ensinar hábitos de comportamento tanto à mesa como outros que na altura pensávamos serem úteis. Até porque ele era extremamente inteligente e de trato delicado. E além disso era um excelente jogador de futebol.

O Inhatna tinha ainda um poder de partilha incrível e uma sensibilidade humana que a mim e aos meus nos serviu de alguma lição.

Certo dia estávamos à mesa e poisaram duas moscas a acasalar. Como eu pensava ser natural preparo-me para matar as ditas "desavergonhadas" e de imediato o Inhatna disse-me :
- Furiel não mata, elas só estão a falar e já vão embora. Foi tão sentida aquela sua intervenção que embora eu considerasse que mesmo assim era pouco saudável ter moscas na mesa de jantar eu não resisti à sua pureza de sentimentos, pois ele era assim com todo o tipo de animais ou insetos.

O seu sentido de partilha era de igual modo surpreendente. Como em nossa "casa" havia sempre uma ou outra guloseima, se por acaso ele estivesse a comer algo do género e aparecesse alguma visita da população, o que era muito frequente, ele partilhava sempre o que estava a comer mesmo tirando da própria boca. A minha família e eu aprendemos também com o Inhatna.

Há ainda a realçar o facto que ele era uma ótima companhia para o meu filho Miguel, estava constantemente alerta a todas as suas traquinísses e brincadeiras. Nós tínhamos total confiança no Inhatna, era como se fosse um irmão mais velho. Até ensinou algumas palavras em Balanta e crioulo ao Miguel e ele só tinha dois anos de idade!

Inhatna meu amigo, onde estás tu?
Quero aqui te prestar esta singela homenagem e quero que saibas que jamais sairás dos nossos corações.
Haveria muito mais a escrever sobre ti mas seriam necessárias muitas palavras para te descrever mais profundamente .

Bom caros camaradas do blogue de certeza muitos de vós também tiveram o vosso "Inhatna" o mais "famoso" aqui no blogue é precisamente o nosso camarada e amigo Cherno Baldé que teve a felicidade de conseguir construir um futuro e é hoje muito respeitado inclusive por mim que muito gosto tenho em ler os seus artigos e comentários.
Aliás sempre que ele escreve aqui no blogue eu me lembro ainda mais do "meu "Inhata Biofa.

E já agora, nem sei se é assim que se escreve o nome dele pois que eu o escrevo conforme se prenunciava. Ele era mais um dos que nem identificação tinha, creio até que nem família biológica tinha.

MAS O INHTNA ERA FAMILIAR DE TODOS.

Termino por aqui com um abraço saudoso ao Inhatna, esteja ele onde Deus quiser.
Partilho, tal como ele me demonstrou, este abraço com todos os "INHATNAS" que existiram na Guiné.

Henrique Cerqueira
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 5 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11193: Em busca de ... (217): Faltam 4 elementos para completar a lista nominal dos 184 camaradas que integraram a CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72)... Um deles é o Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues... Quem saberá do seu paradeiro ? (Ricardo Lemos, Matosinhos)

Guiné 63/74 - P11229: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (28): 29.º episódio: Memórias avulsas (10): Ninguém me ama

1. O nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), em mensagem do dia 4 de Março de 2013, enviou-nos mais esta história para publicar na sua série "Os melhores 40 meses da minha vida".


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA (28)

GUINÉ 65/67 - MEMÓRIAS AVULSAS 

10 - NINGUÉM ME AMA

Na anterior missiva, falei da visita que fiz à Sé de Bissau, mas olvidou-se-me acrescentar, que nessa altura (Julho de 1966), falei com quem manda lá no sítio, combatente d'outras causas mas que injustiçado tem também sido, tal como nós os que combatemos com G3.

Conversámos sobre o 21 de Fevereiro de 2013; do Blog Luís Graça & Camaradas da Guiné onde eu iria ser e com muita honra, o grã-tabanqueiro 581 e dialogámos ainda sobre o facto de me irem votar ao ostracismo, nem me dando os parabéns pelo 71º aniversário e pior ainda... o não me ofertarem e publicitarem o costumado quadro de aniversariante.

Tal, originaria que mais 580 camaradas me presenteassem com os seus votos.

Compreendendo a minha profunda mágoa, respondeu-me lá do alto do seu púlpito:
1 - Fá-los chorar cantando-lhes com a tua tonitruante voz, o "Adeus Guiné" ;
2 - E só lhes perdoarás, quando te enviarem meia dúzia de seis garrafas do tinto "Barca Velha 2004".

- Ó MEU, não não e não disse-lhe eu... trata-se de GENTE muito atarefada, são apenas dois Administradores e simultâneamente Editores com muita categoria... que tanto farão (estávamos em 1966) para a memória colectiva futura.

Parece-me um castigo demasiado duro, por isso te peço que lhes perdoes 50% e a que eu acrescento os outros 50. E mais lhe disse:
-Eles passarão, decerto, também por aqui um dia mais tarde, pois que embora muito novos ainda, terão essa sorte malvada e por isso cá estou a desbravar e a pacificar os terrenos que pisarão a fim de que tenham uma melhor estadia.

Quando tal acontecer podes ser tu a admoestá-los? Intransigentemente não aceitou a minha proposta e ordenou-me que só relapsasse o acontecido, contra a entrega duma dúzia de Dão Meia-Encosta 2010 (substituíndo a meia dúzia antes imposta), e com o que tive de concordar dada a suavidade da pena.

Mais me disse:
- E mesmo fora de tempo que publiquem a moldura, que mais bonita ficará com uma embelezante tua foto.

Disse... está dito.

O postalinho que não foi publicado (CV)


O CÉU - 2ª parte Bissau pois então.

Apesar da minha nova tarefa, um descanso quanto a guerras, a coisa não era fácil, tanto que perdi o sono d'algumas noites.

Iniciava o dia papando meio quilo de rim cortado ós códradinhos e frito em manteiga com alho, regando continuadamente com os 6 dcl da Cuca. A molhança era ensopada em pão e absorvida qual açorda fosse. Passava pelo "escritório", actualizava o expediente e lá ia para os contactos mais urgentes. Eles eram com o cangalheiro civil, com o Hospital, com o Senhor Capelão Militar, com o cemitério onde havia conseguido que um grupo de pedreiros e pintores militares, o alindassem com muros de 30cm à volta das sepulturas, dispusessem relva por cima e que na limpeza se esmerassem.

Ritual se tornou a minha visita diária à capela mortuária, visita que a mim próprio impusera, para acompanhar camaradas que partiram ao serviço da Pátria ingrata. Fi-lo sempre até à entrega da urnas de chumbo nos navios. Sofri que nem um perdido com algumas das notícias vindas da Metrópole (raros casos) dando conta que ninguém se interessava (ou recusava até) receber o corpo e este haveria de ser sepultado ali mesmo.

Na época todos seriam trasladados sem quaisquer despesas para as famílias enlutadas.

Para aguentar e chegada a hora do almoço, tomava uns alcoóis duplos em vez dos adormecedores Vallium's.

Passadas foram, tardes e noites, salvo quando em emergências, compilando, organizando, pressionando para que tudo corresse rápido e com o respeito devido àqueles HERÓIS.
Respeito merecido que alguns tiveram enquanto vivos e outros nem tanto. Respeito e consideração que também nós que regressámos pelos nossos próprios pés deveríamos merecer, mas o que não aconteceu ainda e até hoje, pelos poderes instituídos, que são bem minorcas como sabemos.

O que lá vai, lá vai, mas nada de bom, desejo a tais políticos.
Por isso o ódio se foi em mim instalando, aumentando e anseio para que a terra lhes não seja leve.

Revolto-me todo cá por dentro e exteriorizo-o mais, quando ao ler loas aos mandantes inimigos, afinal os principais, senão únicos, culpados da guerra para onde nos mandaram e que nos foi imposta.

(continua)
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2. Comentário de CV:

Cabe aqui e agora um breve comentário à "indirecta" do nosso camarada Veríssimo Ferreira quanto ao deixarmos passar em branco o dia do seu aniversário.

1.º - Não me lembro de ter lido em lado nenhum deste Blogue que o camarada Veríssimo tivesse nascido a 21 de Fevereiro de um qualquer ano da graça da primeira metade do século XX. Se foi escrito e não reparei, as minhas desculpas pelo lapso.

2.º - Se o camarada Veríssimo estava crente que nos iríamos basear na data escrita no seu facebook, pois não voltamos a cair noutra. Este "esforçado" editor, (ir)responsável, entre outras tarefas, pelos aniversários, uma vez publicou, baseado nos dados do facebook, os parabéns de um camarada que afinal não fazia anos naquele dia, que tinha escrito aquela data como podia ter escrito 30 de Fevereiro de mil novecentos e troca o passo. E o editor ficou com cara de cu.

3.º - Mais se informa que, para memória futura, já consta da vastíssima base de dados deste Blogue a data de 21 de Fevereiro como dia de aniversário do nosso ilustre tertuliano Veríssimo Ferreira.

O "esforçado" editor
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11188: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (27): 28.º episódio: Memórias avulsas (9): Do inferno para o céu

Guiné 63/74 - P11228: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (40): O sr. Dr. Matos

1. Em mensagem do dia 13 de Fevereiro de 2013, o nosso camarada Belmiro Tavares (ex-Alf Mil, CCAÇ 675, QuinhamelBinta e Farim, 1964/66), enviou-nos mais uma memória do seu tempo de estudante.


HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES 

40 - O Sr. Dr. Matos

Li atentamente e gostei bastante do interessante artigo do José Alberto sobre o ilustre médico do Colégio, o Sr. Dr. Joaquim T. de Matos; como é apanágio do autor, deixou pouca margem para acrescentar o quer que seja acerca de tão ilustre galeno. O José Alberto estava noutro patamar – que não nós – e lidava de modo diferente com as pessoas que trabalhavam no COA – e foram muitas e, regra geral, acima da média – connosco não era a mesma coisa! Eu tinha pensado escrever algo sobre o Dr. Matos, mas não descortinei tão ampla matéria que justificasse a minha vontade; isto, talvez, porque eu, Graças a Deus, não fui utilizador assíduo dos seus serviços. Posso afirmar que (não é apenas no caso do Dr. Matos) os médicos em geral não têm tido soberanas oportunidade de enriquecer, desalmadamente, à minha custa. O futuro a Deus pertence!
Acrescento apenas um caso em que ele me acompanhou, desveladamente, durante várias horas, em serviço noturno, a tratar do meu caso; e outro em que, sem nos “encontrarmos” estivemos envolvidos numa decisão tomada pela Dª Adília. Ele agiu, na prática, como fiel da balança.

No dia 11 de Novembro de 1952, durante o intervalo da tarde - hora da merenda - numa louca correria desenfreada no velho e exíguo recreio, antes de haver o ginásio, tropecei não sei em quê ou em quem, caí com o braço esquerdo debaixo do corpo, que, naquela altura, já era pesadinho: fraturei os dois ossos (rádio e cúbito) do antebraço. Não pensem que isto é um estranho caso de memória e elefante! Na verdade, aquele acidente ocorreu àquela hora, no dia de S. Martinho, do ano em que entrei no COA – tão simples quanto isso.

Senti dores horrorosas (mais ou menos), mas para que um qualquer PPC da época não me declarasse piegas, ou que alguém entendesse e manifestasse que eu era mais assustadiço que uma senhora grávida (certamente, àquele tempo eu nem sabia o que aquilo era) decidi engolir em seco e aguentei firme e hirto… como um adulto robusto e serrano. Alguns alunos sentenciaram que não havia osso(s) fraturado (s) porque eu movia, embora muito ligeiramente, os meus dedos tenros.

Cumpri o horário até às 19h00. Depois de jantar, como as dores não davam sinais aceitáveis de abrandar, solicitei a simpática colaboração do meu conterrâneo, Valdemiro, Amaral, (já falecido) para que me ajudasse a despir o casaco. O meu braço, o sinistro, quase não saía da manga, de tão inchado que estava; tinha já ma cor avermelhada… feia q.b.

O prefeito (creio que ainda era o Sr. Fernandes, o antecessor do velho Correia) levou o caso à Direção; avisaram logo o Dr. Matos que ordenou que eu me dirigisse, sem mais delongas, ao seu consultório; ele aguardaria ali até que eu chegasse. O Dr. Matos logo diagnosticou uma fratura. Telefonou a um tal Dr. Fernando, ortopedista, e solicitou a presença do Sr. Almeida que logo compareceu de carro no consultório. Na viatura, fui sempre carinhosamente amparado pelo nosso médico; com palavras meigas, dava-me ânimo e alegava que não era grave, que era coisa passageira.

O consultório do Dr. Fernando ficava numa rua cujo nome nunca soube mas sei que desembocava, vindo de baixo, na Estrada Nacional, junto ao jardim; ficava num 1º andar, no mesmo prédio ou ao lado do velho e já desaparecido Foto Paúl. Há uns meses percorri aquela rua e encontrei, creio que no mesmo rés-do-chão, ou muito próximo, um restaurante bastante razoável e agradável.

A radioscopia pareceu-me uma coisa engraçada. Nunca tinha visto nada assim! Foi divertido ver as quatro metades dos meus dois ossos a “bailarem”, um tanto desconexadamente. O Dr. Fernando não queria que eu olhasse, porque podia assustar-me, mas eu mirei sempre, pois tinha todo o interesse em observar com que “linhas iriam coser-me”. O Sr. Almeida segurava com firmeza o meu úmero esquerdo, junto ao cotovelo; o Dr. Matos puxava com força a minha frágil mão; o Dr. Fernando entrelaçava os dedos e, com as palmas das mãos, comprimia, duramente, o meu braço no local da fratura. Depois de cada aperto/esticadela, eu voltava à radioscopia e achava aquela “caranguejola” sempre engraçada.

Já depois da meia-noite o serviço de corregimento estava concluído. De seguida, envolveram o meu braço desde o meio do úmero até à base dos dedos, com uma espessa e resistente camada de gesso, fazendo um ângulo reto entre o braço e o antebraço.

O Sr. Dr. Matos – nunca esquecerei – acompanhou-me até à camarata e, com muito carinho e cautela, e dedicação, ajudou-me a despir e a deitar. Foi a minha primeira noite de braço ao peito. No dia seguinte, o Sr. Almeida levou-me ao Porto para ser observado pelo então famoso ortopedista Dr. Abel Portal; o exame teve lugar no edifício da Europeia Seguros. Depois da observação cuidada e exaustiva, o doutor ortopedista transmitiu ao Sr. Almeida o seguinte recado: - Diga lá ao Dr. Fernando e ao Dr. Matos que, por muito que se esforcem, nunca mais farão um trabalho melhor que este! Está absolutamente perfeito! Se estivesse melhor… não prestava! As últimas palavras não foram proferidas pelo hábil Dr. Abel Portal, são da minha lavra.! Um certo domingo o Senhor Almeida repreendeu-me , severamente, porque eu fazia de goleiro durante uma brincadeira com bola; nem Keeper podia ser.

Na verdade, depois de me ser retirado o gesso, nunca senti qualquer mazela naquele braço que pudesse ser atribuída à fratura e já lá vão uns anos; até parece que me aproximo da velhice.

O outro caso que vou narrar, é bem diferente. Parece-me que eu frequentava o 5º ano. Mas, seja qualquer for a data, isto ocorreu no ano em que fomos flagelados por um surto alargado da perigosa e fortemente contagiosa gripe asiática.

Alguns alunos (internos e externos) estavam já de baixa faltando, justificadamente, às aulas. O Sr. Almeida estava fora! Talvez nalguma caçada. Um grupo de alunos propôs à Srª Dª Maria Adília que encerrasse o Colégio durante uns dias ou até que o flagelo fosse debelado. Ela não concordou! No dia seguinte de manhã aconselhámos, insistimos, quase obrigámos (ou impusemos mesmo ?!) alguns alunos a não comparecerem às aulas da tarde desse dia. Entretanto mais uns alunos receberam baixa médica. Parecia que a artimanha iria proporcionar bons frutos. Conversámos novamente com a Srª Diretora, enumerando (com exagero) o número de baixas e a sua progressão. A Srª Dª Adília conferenciou com o Dr. Matos e… o Colégio foi encerrado durante não sei quantos dias. Costuma dizer-se que a justiça divina pode tardar… mas não falta! Na verdade, eu fui um dos mais acérrimos defensores do encerramento da escola e consegui manter-me imune à gripe. Quando cheguei a casa, supondo ter uns dias extra de livre brincadeira, adoeci com a dita gripe, passando, na cama, aqueles dias de encerramento do Colégio. Quando tive “alta” estava na hora de voltar ao COA. Triste sina a minha!

Castigo merecido!

Dizem as velhas da minha terra que… “Deus castiga sem pau nem pedra! Mas bem que podia não ser tão rigoroso comigo!

Saudações colegiais.
Fevereiro 2013
BT
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11184: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (39): Uns alunos foram à matança

Guiné 63/74 - P11227: In Memoriam (144): João António Branquinho Caramba, ex-1.º Cabo TRMS da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

João António Branquinho Caramba
06 de Abril de 1950
07 de Março de 2013
 ex-1.º Cabo TRMS do PEL REC/CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74


Falecimento do nosso camarada João Caramba

Juvenal Amado*

Quanta vezes fiz o caminho até Beja?

Era sempre com uma alegria que passava Vila Franca , reta de Pegões, avistava Grândola, Ferreira do Alentejo e quando entrava em Beja virava para o Penedo Gordo, uns poucos quilómetros percorridos apontava direito à estação. Lá estava o meu camarada Caramba mais a sua Rosa e filhos, sempre de braços abertos e o tempo deixava de contar.

Falava-se de tudo e de nada, era tal o prazer de estarmos juntos, que guardo muitas dessas conversas para sempre.

O João Caramba figura incontornável, foi meu camarada no 3872 e desde tenra idade habituado a lidar com as vicissitudes do meio rural do seu Alentejo. Habituado às grandes distâncias, muita horas sozinho no seu trabalho, sabia o valor de uma boa conversa, era por isso grande contador de estórias e sabia contá-las como ninguém.

Nos almoços da companhia juntava-se sempre uma roda de camaradas para o ouvirem.
“Uma vez em Castro Verde…
“Quando fui fazer uma carrada de melão…
“O mê pai fazia os mercados de….. 
“Uma vez na feira da Cuba fui à tourada e…
“Uns tipos de Trigaches andavam roubando-me os figos mas um dia quando lá chegaram, eu estava lá esperando por deles e preguei-lhes um cagaço com uma espingarda velha. Agora por via disso tão depressa não posso lá ir, não vá algum reconhecer-me…

Quantos serões onde ele contava com imensa graça as suas andanças? Quantas gargalhadas até às lágrimas? Estar com ele em Alcobaça, Fátima ou no Penedo Gordo, era não dar pelo o tempo passar.

Com ele conheci fisicamente, pois antes já eu as conhecia de nome que ele não se cansar de as nomear, Vidigueira, Cuba, Viana do Alentejo, Évora e relíquias que são as capelas por vezes perdidas na planície
Fui ao casamento dele, conheci os filhos bebés, viu-os crescer e tornarem-se homens que eram o orgulho dele e ver o amor que eles lhe dedicavam, foi sempre inspirador.

Falar do meu camarada Caramba é ter medo de não lhe fazer justiça, é falar de um amigo muito querido, é falar de alguém insubstituível, é dizer que conhecê-lo fez mim um homem melhor e por fim, perdê-lo faz parte dos dias tristes que a vida sempre nos reserva.

Quer queiramos ou não, esse dias tristes chegam e vão-se juntado à medida que avançamos na idade. Nesses momentos pensamos, como será possível a vida continuar sem a presença física dos nossos entes que partem? Como é que continuamos a caminhar a viver e a respirar, depois do desaparecimento físico de quem foi tão importante para nós?

Sem os termos conhecido tudo teria sido diferente.

No dia 8 de Março, dia da mulher, voltei a Beja, mas desta vez foi uma viagem dolorosa onde se juntaram as lágrimas da sua mulher com as que o céu derramou todo o dia, ali me despedi para sempre do meu camarada, amigo e irmão João António Branquinho Caramba, que em vida nunca me regateou a amizade e a saudade tenho dele espero eu, que o tempo a venha atenuar.

Descansa em paz,  amigo.

João Caramba

Monte Real, 21 de Abril de 2012 > VII Convívio da Tabanca Grande > João Caramba, ao centro, escuta o nosso editor Luís Graça. À direita da foto, o nosso camarada Belarmino Sardinha


2. Comentário de CV:

No passado dia 1, véspera do VII Encontro dos ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, foi o funeral do Esteves, meu colega de empresa e também nosso camarada de Guiné. Este ano foi a primeira vez que não participou no nosso Convívio.

No ano passado, no VII Convívio da Tabanca Grande, participou pela primeira vez o nosso camarada João Caramba, que se fez acompanhar da sua esposa Rosa, motivado, sabemos, pelo Juvenal Amado seu particular amigo. Quem adivinhava que nunca mais participaria daquele nosso evento?

É duro, mas muitos de nós temos alguém já na "secretaria" a preencher a nossa "guia de marcha".

Vem isto a propósito de que cada vez somos menos, e os que ainda cá estão devem desfrutar da amizade e camaradagem que une os ex-combatentes, afinal a nossa maior riqueza, já que as reinvindicações materiais se esfumaram face à actual conjuntura económica. Exijamos ao menos o respeito que nos é devido pela nossa condição, sendo que para tal temos que manter a nossa união.

À família enlutada no nosso camarada João, especialmente à sua esposa, filhos e netos, apresentamos os nossos sentidos pêsamos. Cada camarada que vemos partir é como se um irmão nosso partisse. Ficamos mais tristes, mais sós.

Uma palavra especial para o nosso amigo Juvenal, que sabemos sentiu muito fundo a partida do seu especial amigo, e compadre se não estamos enganados. Já há muito o Juvenal tinha escrito sobre o João e sobre a relação de fraternidade que os unia desde os tempos de Guiné. Um belíssimo exemplo.

Camarada João, até um destes dias.

(*) -  Juvenal Amado foi 1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 2 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11179: In Memoriam (143): Soldados Domingos do Espírito Santo Moreno e João Amado, e 1.º Cabo João António Paulo, da CCAÇ 3489, mortos em combate, em Cancolim, no dia 2 de Março de 1972 (Juvenal Amado)