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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Guiné 63/734 - P13970: História da CART 3494 (3): A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494 (XIME / ENXALÉ–[N]AS DUAS MARGENS DO GEBA) - A única presença no Enxalé (Jorge Araújo)

 1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974), com data de 4 de Novembro de 2014: 


Caríssimos Camaradas Luís Graça e restantes Tabanqueiros,

Os meus melhores cumprimentos.

Durante treze meses, espaço temporal em que a CART 3494 marcou a sua presença no Aquartelamento do Xime [margem esquerda do Geba], muitas foram as flagelações que sofreu, quase todas elas com armas pesadas e, maioritariamente, à noite, período que era aproveitado para escrever algumas linhas, nos aerogramas ou cartas, para enviar para a “Metrópole”… muitas vezes como prova de vida.

O primeiro ataque de armas pesadas ocorreu num domingo [19MAR1972], cinco dias após concluída a sobreposição com a CART 2715, e o seu início verificou-se por volta das 23 horas, com uma duração superior a meia hora.

A narrativa que hoje vos trago ao conhecimento é uma dupla efeméride, por um lado está relacionada com o primeiro e único ataque ao Enxalé [margem direita] onde se encontrava instalado o 2.º GComb e, por outro, relata com imagens aquela que acabou por ser a minha primeira e única passagem por esse Destacamento.

Obrigado.

A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494
(XIME / ENXALÉ–[N]AS DUAS MARGENS DO GEBA)
-A única presença no Enxalé-

I– O DESTINO DA CART 3494 EM 1972

I.1–XIME E ENXALÉ

ACompanhia de Artilharia 3494, a terceirae última unidade operacional do contingente do BART 3873, chegouà localidade do Ximeno dia 28JAN1972, 6.ª feira. Na margem esquerda do Rio Geba, sede do Aquartelamento, ficaram instalados três GComb [1.º, 3.º e 4.º] e na margem direita, para se fixarem no Destacamento do Enxalé, seguiu o 2.º GComb, sob o comando do Alf. Mil. Art. José Henriques Fernando Araújo [1946-2012], coadjuvado pelos furriéis: Luciano José Jesus, Manuel Benjamim Dias e António Sousa Bonito e mais vinte e duas praças.


II – A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494

II.1 – XIME / ENXALÉ – [N]AS DUAS MARGENS DO GEBA

Em 19 de Julho de 1972 – uma quarta-feira – já lá vão quarenta e dois anos, encontrava-me em trânsito de Bissau para o Xime, viagem realizada à boleia em barco civil, na sequência de me ter deslocado ao Hospital Militar Principal [HM241] para extracção[cavalar: - método utilizado sem anestesia; porque esta cá tem] de um molar que, volta e meia, me tirava o sono e alguma tranquilidade.

A opção pelavia marítima era, com efeito, a única alternativa que dispunha para chegar ao Leste de forma expedita e, consequentemente, à minha Unidade e à minha Tabanca – o Xime.

Depois de algumas horas sulcando as águas do Geba passadas à torreira do sol, resistindo ao ruído dos motores da embarcação e lutando com os mosquitos que, tal como nós, aproveitaram esta oportunidade de viagem, avistámos, na margem direita, o Aquartelamento de Porto Gole onde “residiam”, à época, os camaradas da CCAÇ 3303. Faltava, então, percorrer uma dúzia de milhas marítimas [22 kms.] para o final da prova.

À medida que íamos avançando na navegação, a intensidade do sol ia diminuindo, e do nosso lado direito [margem esquerda] começámos por avistar Gampará, as águas do Corubal a fundirem-se com as do Geba e a orla mítica da Ponta Varela até ao Xime.

Estávamos com o pontão do cais no horizonte visual, por isso quase a chegar ao destino. Até lá… chamou-nos à atenção a quantidade de canoas que se deslocava no Corubal em direcção ao Xime, seguindo depois em direcção ao Enxalé. Havia mais mulheres que homens e a maioria delas transportavam à cabeça, cobertos com panos tradicionais, recipientes redondos tipo cabaças. O que tinham no seu interior?… Não dava para ver… mas levantou-me muitas dúvidas. Será que esta movimentação tinha/teve alguma relação com o narrado no ponto seguinte? Talvez…, pois ocorrera entre uma hora e uma hora e meia antes.

Chegado a “casa emprestada” [quartel], e logo a seguir a ter dado sinais de vida distribuindo as naturais saudações por quem surgia no meu itinerário, impunha-se tomar um merecido duche com água[escura] do poço, antecedendo o normal jantar de “arroz de estilhaços”,na messe.

Logo… logo… quase em simultâneo… começou o arraial. Os camaradas do 2.º GComb, no Enxalé, estavam a embrulhar… e de que maneira… com armas pesadas e ligeiras… a coisa estava/esteve mesmo muito assanhada.

II.2 – ATAQUE AO ENXALÉ COM ARMAS PESADAS E LIGEIRAS

- 19 DE JULHO DE 1972 -

Eram aproximadamente vinte horas e trinta minutos quando se iniciou o combate, em que a adrenalina subia a cada batimento cardíaco, mesmo para quem não estava a viver deperto aquela situação.

Como apenas fomos testemunhas oculares… da outra margem; a esquerda,socorremo-nos, neste contexto, do documento dactilografado da História da Unidade [BART 3873], no 4.º fascículo; Julho de 1972, ponto 31. «INIMIGO»; alínea d) Subsector do Xime; em que se refere o seguinte [P13488]:

- “Em 192030, o Destacamento do ENXALÉ foi intensamente atacado e durante 20 minutos. A nossa reacção surgiu pronta e ajustada. Sofremos 1 morto [Milícia] e 2 feridos [Milícias]. O inimigo: 4 mortos, 7 feridos e 1 prisioneiro. Salienta-se o tiro acertado de Artilharia do XIME em apoio às forças atacadas.Em 241130, 1 elemento da população, recém-apresentado, quando se dirigia a MADINA para trazer a família sob controlo IN, accionou 1 mina A/P reforçada, em [Xime 3A2-83] que lhe provocou morte imediata” (p.22).

No mesmo documento, ponto 33. «NOSSAS TROPAS», alínea b); conclui-se que a acção contra o ENXALÉ foi uma retaliação à Operação «AGARRA CABRITOS», realizada de 10 a 12 de Julho pelos GEMIL’S 309 e 310, mais uma Sec do COE, com percurso ENXALÉ-MADINA, em que os resultados foram 1 morto e 3 feridos IN e capturada 1 «Kalashnicov», sem consequências para as NT.


Foto 3 – Enxalé [Julho/1972] – Panorâmica exterior do Destacamento após o ataque.

II.3 – A MINHA ÚNICA PRESENÇA NO ENXALÉ

- 21/22 DE JULHO DE 1972 -

Já não sei precisar as razões que levaram a deslocar-me ao Destacamento do Enxalé dois dias após o ataque sobredito. Talvez para substituir alguém provisoriamente… ou…?O que é facto, é que por lá passei uma única vez e onde dormi uma noite. Esta primeira e única travessia do Gebafoi uma experiência marcante pois foi feita em canoa [bailarina], como as imagens abaixo documentam.

Navegar naquele tronco de árvore “desventrado”, em que tudo podia acontecer nomeadamente por influência do fenómeno da natureza designado por «macaréu», só deve ser comparável com a sensação de um funambula quando se movimenta no cimo de um fino arame, particularmente na actividade circense.

É que vinte dias depois desta primeira experiência no Geba, outra ocorreu como foi o caso do «Naufrágio no Rio Geba - 10AGO1972», esta mais dolorosa e violenta, e que já tive a oportunidade de narrar [P10246 + P13482 + P13494].

Eis algumas imagens da única viagem e estadia no Enxalé em JUL/1972.


Foto 4 – Rio Geba [Julho/1972] – Travessia em canoa entre o Xime e o Enxalé. Ao fundo é a margem esquerda, observando-se a embarcação “Bubaque”, antiga LP4 [Lancha Patrulha 4 – 1963/1964], antiga traineira de pesca algarvia…comprada como sucata à Marinha [P13914, com a devida vénia], em direcção a Bambadinca. Esta embarcação, depois de abatida ao efectivo, foi comprada pelo pai de Manuel Amante da Rosa, hoje embaixador da República de Cabo Verde, em Roma. 


Foto 5 – Enxalé [Julho/1972] – Margem direita do Geba… agora em terra firme.


Foto 6 – Enxalé [Julho/1972] – Na companhia do Furriel Benjamim Dias e dois elementos da população, que desconheço, em visita de cortesia. 


Foto 7 – Enxalé [Julho/1972] – Tabanca… com o Furriel Benjamim Dias em amena cavaqueira com alguns elementos da população.


Foto 8 – Enxalé [Julho/1972] – Tabanca... elementos da população em interacção com os camaradas militares do 2.º GComb.


Foto 9 – Enxalé [Julho/1972] – Ruínas de uma destilaria de aguardente de cana que foi pertença de um português, de nome Pereira, natural de Seia, e que ali funcionou até 1962. 


Foto 10 – Enxalé [Julho/1972] – Imagem das ruínas de uma destilaria de aguardente de cana que funcionou no Enxalé até 1962.


Foto 11 – Região do Oio (Mansoa) > Jugudul > Abril de 2006 > O antigo aquartelamento das NT, em Jugudul, cujas instalações foram cedidas, a seguir à independência, ao Sr. Manuel Simões, guineense branco de Bolama, para a sua fábrica de aguardente de cana [P6116-LG com a devida vénia].
Foto 12 – Enxalé [Julho/1972] – Imagem de despedida daquela que foi a primeira [e única] passagem pelo Enxalé.

Agora que cheguei ao fim de mais uma viagem pelas memórias do Xime e do Enxalé, nos idos anos de 1972/1973, espero que tenham gostado de as recordar, não só os camaradas membros da CART 3494, como todos aqueles que por lá passaram.

No nosso caso, foram treze meses em que, aqui,nas duas margens do Rio Geba, se contabilizaram um número significativo de grandes emoções e tensões, nomeadamente pela perda de vidas humanas – quatro: três no Geba e um na Ponta Coli.

Um abraço,
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
___________
Nota de M.R.: 


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)


Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca >  CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) > O meio, o furriel de transmissões, à direita de costas, o capitão Pires e à esquerda o fur mil op esp António dos Santos Mano, que irá morrer em 6/10/1966, na sequência de uma mina  A/C, na estrada Missirá-Enxale.


Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do soldado Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67]. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3 kg) ficaram no cemitério de Bambadinca, talhão militar, fileira 2, campa 1, Guiné-Bissau.

 Henrique Matos reviu a sua versão inicial em relação o que ocorreu nesse dia 6/10/66:

(i)  a primeirra mina, na coluna Missirá-Enxalé, [ comandada pelo af ml Luís Zagallo],  causou a morte do Fur Mano [, decepou-lhe  a perna,  acabando por morrer por falta de assistência];

(ii) há uma  2.ª min,  na coluna que foi em socorro,  a partir do Enxalé,  comandada pelo [alf mil João] Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco;

(iii) "foram os únicos mortos e, se a memória não me falha, não houve feridos com muita gravidade".

Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados.



Adicionar lAntónio dos Santos Mano (194-1966).
Foto de João Crisóstomo [c. 1965/66]

1. Do nosso leitor Armando Gonçalves, professor do Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo:


Data: 20 de abril de 2016 às 13:26

Assunto: Furriel Miliciano António dos Santos Mano


Sr. Luís Graça


Sou professor da Escola dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo e pretendemos fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar. Pelo facto todas as informações são importantes. Tenho estado em contacto como sr. Carlos Vinhal, José Casimiro Carvalho e, principalmente, Manuel Augusto Reis.

Desta feita, procuro saber informações de António dos Santos Mano, verifiquei que há camaradas dessa companhia [, a CCAÇ 1439].

Nasceu no Larinho, a 25 de junho de 1943;

Filho de Manuel dos Santos Mano e de Clementina do Nascimento Ferreira;

Posto: Furriel Miliciano Atirador Operações Especiais 01595964;

BII 19 (Batalhão Independente de Infantaria 19-Funchal)

Companhia de Caçadores 1439 / Batalhão de Caçadores 1888

Embarque a 2 de agosto de 1965;

Causa da morte: combate.

Faleceu em Enxalé, província da Guiné, pelas 7 horas e 30 minutos do dia 6 de outubro de 1966

Local de sepultura: freguesia natural


Precisava de saber das suas funções, qual a sua área de ação e em que circunstâncias se deu a sua morte.


Grato pela atenção,

Armando Manuel Lopes Gonçalves

Telemóvel (...) 966844876


2. Nota do editor:

O Mano era fur mil op esp. Temos dois postes sobre as circunstâncias em que morreu... Aliás, temos duas versões, de camaradas que lhe estavam próximos: José Martins Pereira, nosso grã-tabanqueiro nº 635 (,  natural de Paredes, vive em Campo, Valongo), e que era  sold trms, da CCAÇ 1439, estando destacado em Missirá, com o Gr Com do alf mil Luís Zagallo, de que fazia parte o fur mil op esp Mano (*).   Outra versão é do Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (qu estava no Enxalé) (**).

Segundo o portal  Ultramar Terraweb, o António dos Santos Manos é dos um 29 mortos, na guerra colonial, naturais do concelho de Torrre de Moncorvo.  Vamos naturalmente ajudar o professor Armando Gonçalves, os seus alunos e a sua escola a fazer a justa homenagem, 50 anos depois, a este nosso bravo camarada que deu o melhor de si, a sua vida, morrendo aos 23 anos, em circunstâncias que imaginanos horrorosas: com a perna decepada, esvaiu-se em sangue, sem assistência médica... (***).

O João Crisóstomo (que vive em Nova Iorque desde 1975) acaba de nos mandar um depoimento sobre esse dia fatídico para a sua  antiga companhia,  CCAÇ 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67], ... Nesse dia, na 2ª mina, ele perdeu um dos seus homens, o Manuel Pacheco Pereira Junior, quando iam em socorro do Gr Comb do Luís Zagallo. É dele a única que temos com o infortunado camarada António dos Santos Mano. Esperemos por outros contributos dos nossos leitores, camaradas nomeadamente desse tempo e dessa companhia.



Algarve > Faro > Julho de 2015 > "Vilma e eu encontramo-nos [,da esquerda parta a direita,] 

com o Chico, Henrique Matos, Teixeira e Viegas".



[Recorde-se que o Henrique Matos, açoriano a viver no Algarve, foi alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68),e que o José António Viegas, algarvio, foi fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68). Os três são membros da nossa Tabanca Grande. Nesse mesma nao e mês o o novaiorquino João Crisóstomo e a sua esposa Vilma foram à Madeira. O João teve ocasião de estar com o pessoal da CCAÇ 1439, "uma companhia toda madeirense (com exceção dos graduados e especialistas; o Antonino Freitas era o único alferes madeirense)"]

Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona leste > Carta de Bambadinca (1955)  > Escala 1/50 mil  >  Estrada Missirá-Enxalé > Local provável do rebentamento da mina A/C que provocou a morte , em 6/10/1966, do fu rmil op esp Mano, a cerca de 800 metros a sul do cruzamento para Canturé e Finete, antes do Mato Cão, na margem direita do Rio Geba Estreito. A sede do batalhão era em Bambadinca. A CCAÇ  1439 estava em Enxalé, com destacamentos em Missirá (a nordeste do Enxalé) e em Porto Gole (a oeste de Enxalé)  junto ao R Geba. Em frente ao Enxalé, na margem, esquerda o R Geba ficava o Xime.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016).

3. Resposta imedidata,  de hoje, de João Crisóstomo, a partir de Nova Iorque onde reside desde 1975:


Caro Luís Graça, Armando e demais camaradas,

Não poderei ajudar muito, já que não tenho muita confiança na minha memória; de vez em quando verifico ter as coisas baralhadas, pois a minha memória por vezes parece lembrar duma maneira e verifico que outros dão um relato diferente do que me parece lembrar. Mas, dentro do que posso, aqui vai o que relembro.

Aqui envio uma foto ( a única que tenho em que sou capaz de identificar sem qualquer dúvida o furriel Mano). Não sou capaz de lembrar o nome do “operação” nem a data, mas recordo-me bem das circunstâncias: andávamos no mato e o Capitão Pires, comandante da CCAÇ 1439 (, de costas, no canto direito da foto; era ele mesmo que estava a comandar esta operação no mato), a certa altura concluiu que estávamos "perdidos",l  sem saber para onde seguir, pois os próprios !"guias" discutiam e não davam com o caminho. 

Foi talvez mesmo a única vez que me lembro que eu vi o nosso Capitão Pires "desnorteado". Mandou parar a coluna e chamou o furriel de comunicações para contactar os “bombardeiros” [, T 6,] para ver se conseguíamos deles a nossa posição e a direção a seguir. E eu resolvi tirar a foto ao furriel de transmissões, quando este tentava montar o rádio de transmissões ; ( já não me recordo do nome dele, mas talvez alguém o reconheça e identifique; só sei que,assim me disseram,ele continuou na tropa depois da companhia ter voltado a Portugal): o furriel Mano é o segundo do lado esquerdo da foto.

Posso confirmar o que o Henrique diz, como a versão, segunda a minha memória, mais de acordo com o que aconteceu: "Em relação às minas de 6/10/66 em Mato Cão, aqui vai um resumo: a 1.ª na coluna Missirá-Enxalé causou a morte do Fur Mano; a 2.ª na coluna que foi em socorro a partir do Enxalé comandada pelo Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco. Foram os únicos mortos e se a memória não falha, não houve feridos com muita gravidade. Também lá fui de seguida como já relatei anteriormente."

Não me recordo dos detalhes da morte do furriel Mano, a não ser pelo que me contaram e que é mais ou menos o que está descrito. Devo esclarecer/confirmar o desenrolar cronológico do acontecido de que o primeiro a sofrer a mina foi a coluna do Zagalo; a companhia, sob o comando do Capitão Pires tinha acabado de chegar do mato; a “malta” estava toda estafada e o capitão Pires depois de saber que o Zagalo tinha sofrido uma mina, com baixas - não sabíamos detalhes - e precisava de ajuda,  disse-me, sabendo bem que estávamos todos estafados, para juntar todos os que tinham ficado no quartel (pessoal de serviços) e “pedir” voluntários para ir em socorro de Zagalo.

Eu juntei o primeiro,  o meu pelotão,  e disse-lhes que antes de falar com o resto da companhia queria saber primeiro com quantos eu podia contar do meu pelotão. E todos sem excepçao se prontificaram a ir comigo…

Um dos soldados do meu pelotão era o Manuel (o único açoreano da companhia); sofremos uma mina e na altura até pensamos que tinhamos tido sorte, pois “não tinha havido baixas”. Só demos pela falta do Manuel Açoreano, quando de manhã no rol de chamada o Manuel não respondeu e começamos a perguntar se alguém sabia onde ele estava. Foi nesse momento que alguém disse que a ultima vez que tinha visto o Manuel ele estava no Unimog que ia na coluna de socorro ao Zagalo e era o Unimog  que tinha ido pelos ares quando a mina rebentou. Conforme descrito e confirmado depois, ele havia sido "literalmenet pulverizado por uma mina" .

E sem querer estar a ensinar o Padre nosso ao vigário, pois é natural que até tenha sido isso a primeira coisa que fizeram: com certeza que há-de haver, nos arquivos das Forças Armadas, informação de todos os que foram vítimas das guerras ultramarinas… e informação de nomes completos, datas , unidades a que pertenciam etc. Com esses dados será depois muito mais fácil encontrar quem possa dar mais detalhes sobre esses nossos camaradas, cuja memória em boa hora vocês se propõem lembrar e honrar.

Se alguém me quiser contactar por favor usem o email e mandem-me o vosso contacto telefónico que eu terei muito gosto em lhes ligar; eu sei que para voçês ligarem para mim fica caro ( quando vou a Portugal tenho de estar sempre com cuidado ao ligar para fora…) mas por outro lado custa-me muito pouco ligar daqui dos USA para a Europa. Portanto, se quiserem,  e eu terei muito gosto, deem-me os vossos contactos telefônicos, eu sou pouco de “facebooks” e coisas assim. Quando tenho tempo (ainda ando sempre envolvido em coisas que me exigem muito tempo, basta fazer o Googgle com o meu nome e podem verificar o que digo) ainda vejo alguns blogues, como é o caso do nosso Luis Graça e camaradas da Guiné.  Mas fora disso,... só mesmo o telefone e email.

Entretanto, deixem-me dizer que foi uma surpresa muito gratificante saber da vossa iniciativa. E por isso é com admiração, direi mesmo gratidão,  que a todos envio um grande abraço.

João Crisóstomo
Alferes Miliciano, CCAÇ 1439

 ________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2830: Aqueles que nem no caixão regressaram (4): O Açoriano, da CCAÇ 1439, desintegrado por uma mina (Henrique Matos)

(...) No dia 6 de Outubro de 1966 numa coluna [da CCAÇ 1439] que saiu do Enxalé para reabastecimento de Missirá (sorte minha, porque não foi a minha vez de a comandar) e no fatídico lugar de Mato Cão, o soldado Manuel Pacheco Pereira Júnior, mais conhecido pelo Açoriano pois era o único natural dos Açores naquela companhia que era de madeirenses, foi literalmenet pulverizado por uma mina A/C.

Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes. A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância. (...)

(...) Mas a tragédia não acaba aqui. A coluna foi descarregar a Missirá e regressou a abrir, isto é, o mais depressa que podia andar e sem picar. Então muito próximo do mesmo local outra mina A/C tirou a vida ao fur mil ranger António dos Santos Mano, que vinha ao lado do condutor mas com uma perna para o lado de fora do assento. E foi isso que lhe causou a morte, pois a perna foi decepada e não houve forma de o salvar. Nessa noite foi preciso acalmar muita gente no Enxalé,  pois a companhia, [a CCAÇ 1439,] só tinha tido uma baixa até essa ocasião e já ia a caminho de 15 meses de comissão. (...)



[Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439, Enxalé, Missirá e Porto Giole, 1965/67, foto à esquerda]

(...) De Bambadinca fomos para o Enxalé e daqui uns foram para Missirá e outros para Porto Gole. Eu fui para Missirá, no pelotão comandado pelo já falecido alferes [Luís] Zagallo. Na ocasião a morada no continente do alf Zagallo era na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. 

No dia 6 de outubro de 1966, por volta das 7 horas da manhã, íamos nós de Missirá a caminho do Enxalé em coluna com um jipe e um unimogue, íamos buscar alimentos e outros produtos pró pessoal. Depois de passar o cruzamento que dava para Finete, aproximadamente, 800 metros à frente havia uma poça d’água. O jipe que ia na frente desviou-se, nesse jipe ia o motorista, o alf Zagallo, o enfermeiro e mais dois soldados. A seguir ia o unimogue que não se desviou da poça d’água e aí rebentou a mina. Na frente, no unimogue, ia o furriel Mano, de pé, do lado esquerdo do condutor e ao lado deste mais 2 ou 3 soldados, na parte de trás. Nos bancos laterais onde eu ia, iam os bancos completos.

Rebentada a mina, eis que alguns de nós tal como eu, encontrámo-nos dentro daquela cratera, cheia de lodo e gasóleo. Nós, sem armas, os mais conscientes ainda conseguímos gatinhar para encontrar armas para nos defendermos de qualquer eventualidade, no meio de toda aquela gritaria, todos aqueles berros, os choros, todos aqueles, mortos e feridos... Apesar de tudo só ouvimos lá longe uma rajada de costureirinha, a querer dizer-nos algo sobre o que nos tinha acontecido...

Como não houve mais nenhuma reação, demos início à procura e recolha dos nossos mortos e feridos. Estes encontravam-se espalhados, quer no capim encharcado de cacimbo (orvalho noturno), quer nos destroços do unimogue que ficou virado em sentido contrário e retirado da cratera.

Ainda hoje me lembro de ter retirado um camarada nosso, pegá-lo por baixo dos braços e encostá-lo ao taipal para que outros o pusessem no chão. Era preciso retirá-los daquele sofrimento e acalmá-los e procurar todos os outros.

Entretanto o jipe onde ia o alf Zagallo volta para trá. Passado aquele tempo de possível reação [do IN ], entretanto, eu já tinha ido procurar os meus/nossos companheiros, quando fui ter com o alf Zagalo, e lhe disse onde estavam alguns dos nossos mortos e feridos, incluindo o furriel Mano, todo esventrado, esfacelado, só a carne dava sinais porque ainda estava quente. 

A partir daqui começamos a recolher os restos dos mortos, e a pô-los no fundo do jipe, por cima os feridos mais graves, a estes amarrámos ligaduras do enfermeiro para que não caíssem com o andamento do jipe, que ia transformado num autêntico carro de horrores.

Iniciada a marcha de retorno, esta na direção de Finete, fui eu, então a pé, desde o local da mina até Finete. A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente a Bambadinca. 

O comandante das tropas aí aquarteladas [, em Finete], depois de me ouvir, mandou 4 soldados [africanos] acompanharem-me até Bambadinca [, sede do batalhão,], para pedir socorro, mas ao mesmo tempo começam a emitir mensagens para o interior da bolanha no sentido de avisarem, a muita população que ali estava a trabalhar, que tinha rebentado uma mina ali perto. E estes, em debandada, encaminham-se para o rio Geba para fugirem para Bambadinca a bordo. Claro, das canoas, aí tive de pedir que retirassem cinco elementos da população para que eu e os meus quatro camaradas que me acompanhavam pudéssemos chegar ao batalhão que aí estava aquartelado [, em Bambadinca].

Dali fui pedir apoio a Bissau para virem os helicópteros, e também à minha companhia, CCAÇ 1439. Prá companhia fui eu que fiz o ponto da situação. Ali, o comando do batalhão fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação.

Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciámos a marcha de regresso a Finete em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros, e eu a sintonizá-los no meu rádio, eis que ouço um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passassem pela zona de Mato Cão, pois que o rebentamento ouvido instantes atrás podia ter a ver com a CCAÇ 1439 que vinha em nosso socorro. 

Infelizmente veio logo a seguir a confirmação dos pilotos dos hélios, que era verdade, a CCAÇ 1439 tinha tido no dia 6 de outubro de 1966 duas minas, as duas não muito longe uma da outra... Aí em Finete ainda consegui falar com os pilotos dos hélios, aquando das evacuações da 1ª mina, a quem pedi que comunicassem a Bissau a pedir evacuação rápida para o pessoal que estava em Mato Cão, na 2ª mina.

A quantidade de soldados mortos e feridos não sei ao certo, só procurando nos arquivos do BII 19, no Funchal. Digo eu, ou então o capitão, comandante da companhia, ou o alf Freitas ou o alf [João] Crisóstomo, ou o 1º [sargento] da secretaria ou o [1º cabo ] cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto. (...)


(***) Último poste da série > 12 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P15966: In Memoriam (252): Júlio Rafael Moreira Assis (1948-2016), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)

terça-feira, 15 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7949: Memória dos lugares (147): Enxalé, a desilusão... Onde está a arquitectura colonial ? (Henrique Matos / João Crisóstomo)




Guiné - Bissau > Região do Oio > Mansoa  > Enxalé >  Novembro de 2010 > "Este edifício cheira a instalação do comando, seja para tratar do expediente ou local de convívio. Aqui também se ouviram opiniões díspares, houve quem argumentasse que era a casa de um antigo comerciante, nada da Casa Gouveia ou Ultramarina, um comerciante que ali viveu. Seja como for, tem função e está preservada. Agora, os antigos habitantes do Enxalé que se pronunciem."


Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados. 




1.  Troca de mensagens, com data de 29 de Dezembro último,  entre o Henrique Matos, o João Crisóstomo  o Beja Santos, comentando fotos do Enxalé,  publicadas depois no poste P7557 (*)



Caro Mário:

 Que desilusão o Enxalé, aliás como o resto... que é feito da casa tipo colonial onde cresceu a D. Helena, aquela senhora que esteve connosco em Coruche [, filha do Pereira do Enxalé] ? Nessa casa ficava a secretaria, o capitão, a messe de oficiais e sargentos, o posto rádio, etc. Do outro lado da parada havia várias instalações: Bar, casernas, oficinas, sei lá....

A "avenida de poilões" na entrada do Enxalé já no meu tempo era bem bonita. A foto 2 é aparentemente uma parte da oficina. O Crisóstomo confundiu a foto 4; trata-se realmente da saída do Enxalé para a bolanha em direcção ao Xime, aquele poço era um dos locais onde as lavadeiras faziam o seu serviço. A foto 5 é o memorial construído pela CCaç 1439 (tenho uma foto)ao lado havia o memorial da Companhia antecessora,  a 556.

Grande abraço Henrique


(ii) João Crisóstomo (para Henriques Matos, c/c Beja Santos)


 Assunto: Operação Tangomau


Meus caros,


Tem razão o Henrique. O local que lembrei ( #4) embora parecido e por isso me fez recordar o que mencionei não pode ser este; lembro-me que demorou-nos bastante tempo para chegar ao quartel e este pela descrição fica bem perto, embora francamente não me lembro dos pormenores ( poço das lavadeiras? ) mencionado pelo Henrique. ...


Depreendo pelo feedback do Henrique Que desilusão o Enxalé, aliás como o resto... que é feito da casa tipo colonial onde cresceu a D. Helena, aquela senhora que esteve connosco em Coruche? Nessa casa ficava a secretaria, o capitão, a messe de oficiais e sargentos, o posto rádio, etc. Do outro lado da parada havia várias instalações:Bar, casernas, oficinas, sei lá... que há uma outra foto ( #1) que não recebi . Eu apenas recebi a #2 e seguintes. Podem mandar-me essa primeira?


Abraço grande,


João Crisóstomo



(iii) Beja Santos:

Assunto: Operação Tangomau: João Crisóstomo, da discussão nasce a luz. O fundamental é comunicarmos entre nós até se chegar à identificação. Haverá mais imagens na Operação Tangomau de hoje. Grande abraço, Mário (**)
______________


Notas de L.G:


(*) 5 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7557: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (10): O dia no Enxalé, em Madina e Belel

(**) Último poste da série > 13 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7938: Memória dos lugares (146): Bedanda 1972/73 - Natal de de 1972 (António Teixeira)

sábado, 13 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22000: Memórias cruzadas da região do Xime: a Op Garlopa e o ataque ao Enxalé, em 19 de julho de 1972, ao tempo da CART 3494 (Jorge Araújo)


Imagem de satélite da região do Xime/Enxalé [Sector L1] com infografia da área percorrida durante a «Operação Garlopa» e o modo como foi pensado/executado o ataque IN ao Enxalé, factos ocorridos ao longo do dia 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, e que fazem parte das muitas memórias gravadas pelo colectivo da CART 3494 (1971/74).

 


Foto 1 - Enxalé (Jul'72). Uma das áreas atingidas durante o ataque IN à tabanca e ao Destacamento do Enxalé, onde se encontrava o 2.º Gr Comb da CART 3494, ocorrido em 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, a partir das 20h20, e que teve uma duração de 20 minutos (aproximadamente). 

 


Foto 2 - Xime (19Jul72). Grupo de elementos da população sob controlo do PIAGC, no subsector do Xime, capturado em 19 de Julho de 1972, no decurso da «Operação Garlopa», num total de 10 indivíduos.


Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, CART 3494

(Xime-Mansambo, 1972/1974)

MEMÓRIAS CRUZADAS DA REGIÃO DO XIME EM 19 DE JULHO DE 1972 (4.ª FEIRA) NO TEMPO DA CART 3494

- A «OPERAÇÃO GARLOPA» E O ATAQUE IN AO ENXALÉ -

► ADENDA AO P21960 (02.03.2021)

1.   - INTRODUÇÃO



Previno, desde já, que a presente adenda ao poste acima mencionado, não está directamente relacionada com a narrativa "do baú de memórias" do camarada José Ferraz de Carvalho, ex-fur mil op esp da CART 1746, titulada "não matem a bajudinha!", mas aproveita a legenda da foto que nela consta para a cruzar com outras "Memórias do Xime", em que estivemos envolvidos três anos depois, eu e o camarada cmdt António J. Pereira da Costa… entre outros, naturalmente!


2. - «OPERAÇÃO GARLOPA» EM 19 DE JULHO DE 1972.  


●► A «OPERAÇÃO GARLOPA I», também designada por "Acção", foi agendada para o dia 19 de Julho de 1972, 4.ª feira, para a qual foram mobilizadas as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 4 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ CCP 121 – a 2 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


Segundo o livro da "História do BART 3873", p. 75 (capa ao lado), apenas consta o seguinte: "o percurso definido para esta operação/acção foi: "Bambadinca - Xime - Ponta do Inglês - Ponta Varela e Xime, consistindo numa batida, precedida de batimento da Artilharia do 20.º Pel Art (sediado no Xime) e heli-colocação (CCP 121). 


As NT destruíram oito tabancas, vários celeiros e recuperaram dez elementos da população (sob controlo do PAIGC). As NT não sofreram consequências.


Nota: Os locais anteriormente citados estão identificados na infogravura acima.


▬ OUTRAS «OPERAÇÕES» COM O MESMO NOME


●► «GARLOPA II» = Em 22 de Julho de 1972, sábado, envolvendo as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 4 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ CART 3493 – a 1 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


A mesma fonte (pp 78-79) refere: "desencadeou-se a "operação/acção" com patrulhamento, emboscada e prévio batimento da Zona, na área de Xime - Madina Colhido - Ponta do Inglês e Poindom. Destruíram-se uma tabanca com dezassete moranças e capturaram-se peças de fardamento usado.


O IN flagelou com RPG-2 a CART 3494, causando-lhe um ferido ligeiro.


Além disso cumpre assinalar o denodo e destemor com que os Militares empenhados encaram os momentos de perigo, tal como sucedeu na flagelação havida no desenrolar da acção «GARLOPA II», aspecto este que se pode e deve reputar uma constante.


●► «GARLOPA III» = Em Setembro de 1972 (?), envolvendo as seguintes forças:


■ CCAÇ 12 – a 3 Gr Comb

■ CART 3494 – a 3 Gr Comb

■ Apoio aéreo de DO-27 e Helicanhão.


Sobre a 3.ª «GARLOPA», segundo a mesma fonte (p 81), é referido: "consistiu em patrulhamento e emboscada na zona Xime - Madina Colhido - Estrada da Ponta do Inglês e Poindom. As NT foram atacadas duas vezes no espaço de meia hora, sofrendo um ferido ligeiro.


3. - «ATAQUE AO ENXALÉ» EM 19 DE JULHO DE 1972.


Para o desenvolvimento deste ponto, recuperamos alguns factos historiográficos já publicados no Blogue, em particular a narrativa do meu/nosso camarada e amigo Luciano de Jesus (ex-fur mil art da CART 3494), escrita na primeira pessoa, por nele ter estado envolvido numa dupla missão: a primeira, por ser mais um elemento do grupo; a segunda, por ser o seu líder.

◙ Cito do P14022:

"Eram vinte horas e vinte minutos da data supra, estava eu a jantar na companha do furriel Benjamim Dias, quando rebentou o fogachal que logo fez estoirar com toda a iluminação do quartel. No céu via-se o rasto das balas tracejantes que tinham por missão orientar o fogo das armas pesadas em direcção do quartel. O furriel Dias saltou de imediato para o abrigo do nosso morteiro e fez um trabalho exaustivo de bater toda a zona circundante.

Eu fui ao gabinete buscar o mapa dos pontos marcados pela nossa bateria de obuses do Xime (20.º Pel Art), com o objectivo de orientar o nosso fogo pesado, logo que se localizassem os pontos de origem do fogo pesado IN. Nesse percurso passou uma canhoada a cerca de dez metros de mim que entrou pelo depósito de géneros, causando alguma destruição. Entretanto, o nosso posto mais acima no quartel, onde tínhamos alguns elementos utilizando também um morteiro pesado, fazia o seu trabalho de contenção, a um eventual avanço, respondendo em conformidade.

O ataque durou cerca de vinte minutos.

O grupo de assalto IN movia-se perto do arame farpado, fazendo fogo. O nosso pessoal despejava metralha. Uns enchiam carregadores e outros disparavam. A bazuca não funcionou. Esperámos nova vaga… mas ela não aconteceu… porque eles tiveram algumas baixas, graças à competência do nosso camarada Fur Art Josué Chinelo, do 20.º Pel Art [obuses 10,5] instalados no Xime, onde este observava perfeitamente, em posição privilegiada da margem esquerda do rio Geba, o desenrolar dos acontecimentos.

Com a sua experiência e saber, ainda que a olho nu, apontou ao ponto de origem do fogo pesado IN (canhão s/r) e… foi na muche. Acertou no posto de comando e fez algumas baixas entre os quais o comandante. Entretanto eles já tinham despejado o fogo todo.

Nessa altura chegou a milícia da tabanca com um ferido grave, um sargento de um dos pelotões. Ainda enviamos um grupo até ao rio para evacuar o ferido para o Xime e recolher mais munições, pois o stock tinha ficado muito em baixo. O ferido entretanto veio a falecer durante a caminhada.

No dia seguinte, como seria de esperar, fizemos o reconhecimento do terreno. Encontrámos um ferido IN junto ao arame farpado; tinha um ferimento grave nas costas e outro na perna e estava em mau estado, crivado de estilhaços.

É de assinalar que este ferido pertencia ao grupo de assalto; tinha vindo da zona do Morés. Estava ferido, mas que eles julgaram morto por isso levaram a sua arma. Vestia uma farda de nylon verde azeitona, calçava bota de lona francesa e as calças tinham elásticos nas bainhas para passar por baixo do pé. Estava, pois, devidamente equipado.

Viemos a saber dias depois, por informantes privilegiados, que o IN, constituído por uma força de 150 unidades (3 bi-grupos, sendo 1 CE), reforçados com 1 canhão s/r, dois morteiros pesados, mais de uma dezena de RPG e um grupo de assalto, tinham feito a sua aproximação durante o dia. Ficaram na orla da bolanha e quando anoiteceu montaram o dispositivo. Um grupo de assalto [o do ferido] oriundo de um mangal e outro arvoredo do lado esquerdo do quartel [para quem está de costas para o Xime, logo a seguir ao final da bolanha).

O mais curioso é que montaram o canhão s/r na bolanha, junto a uma árvore isolada, e que não era visível do quartel mas amplamente observada do Aquartelamento do Xime e que foi [bem] aproveitado pela experiência do Josué Chinelo.

Dois dias depois fui de férias e foi aí que o Jorge Araújo se deslocou ao Enxalé até à chegada do Alferes José Henriques Araújo (1946-2012)".

Para além do guerrilheiro ferido, foram recuperadas cinco dezenas de invólucros de granadas de canhão s/r, um deles ainda com a respectiva granada, que não foi retirada devido ao facto de estar amolgado, e muitas dezenas de invólucros de outras munições, nomeadamente 7,62.

Do ataque ficaram, também, mais duas imagens "memórias" desse combate nocturno, que seguidamente se reproduzem.

 


Foto 3 - Enxalé (Jul72). Um chapéu "cubano" recuperado após o ataque de 19Jul72.




Foto 4 - Enxalé (Jul72). Imagens dum RPG-7 destruído durante o ataque de 19Jun72.



 

▬ O QUE DIZ A "HISTÓRIA" DO BART 3873 SOBRE ESTA OCORRÊNCIA


●► No 4.º fascículo; Julho de 1972, ponto 31. «INIMIGO»; alínea d) Subsector do Xime; refere-se o seguinte:


● "Em 192030, o Destacamento do ENXALÉ foi intensamente atacado e durante 20 minutos. A nossa reacção surgiu pronta e ajustada. Sofremos 1 morto [Milícia] e 2 feridos [Milícias]. O inimigo: 4 mortos, 7 feridos e 1 prisioneiro [ferido]. Salienta-se o tiro acertado de Artilharia do XIME em apoio às forças atacadas.


● Quanto ao ferido [prisioneiro], foi evacuado, primeiramente, para a enfermaria do Xime, sendo aí prestados, pelo camarada Fur Mil Enf Carvalhido da Ponte, todos os actos de enfermagem que se impunham, dos quais fui testemunha, seguido do pedido de evacuação para o Hospital Militar de Bissau (HM 241).

Estava, de facto, muito mal tratado, e ainda hoje me interrogo como é possível um ser humano resistir tanto tempo, sempre a perder sangue. O seu corpo mais parecia um "mapa político" onde, em cada estilhaço, estavam projectados vários espaços. 

Enquanto aguardava pela sua evacuação, perguntei-lhe se queria comer algo. Com um sinal positivo transmitido por um pequeno movimento de cabeça, pedi ao cozinheiro Machado algumas batatas cozidas, que já estavam prontas para o almoço desse dia, vindo a comer algumas metades… mas com muita dificuldade. Enfim… lá foi; mas a minha/nossa melhor expectativa era muito baixa.

Segundo informação oral dada, recentemente, pelo camarada Luciano de Jesus, algum tempo após o ataque, um elemento do seu Gr Comb, ao deslocar-se ao HM 241 em consulta externa, acabou por encontrar este guerrilheiro ferido, estando ele em franca recuperação.

    

▬ A MINHA IDA PARA O ENXALÉ DOIS DIAS DEPOIS


●► Dois dias após o ataque fui "convidado", pelo camarada Cmdt Pereira da Costa, para ir dar uma ajuda ao 2.º Gr Comb do Enxalé, aliás como é referido acima. E lá atravessei o Rio Geba, que as imagens abaixo confirmam.




Foto 5 - Rio Geba (21Jul72). Travessia em canoa entre o Xime e o Enxalé com o objectivo de apoiar o 2.º Gr Comb da CART 3494,  na sequência do ataque IN.

 


Foto 6 - Enxalé (22Jul72). Eu na companhia do camarada Fur Benjamim Dias e de dois elementos da população da tabanca, onde estes fizeram questão de partilhar connosco algumas porções de carne, como reconhecimento do nosso apoio.




Foto 7 - Enxalé (22Jul72). O Furriel Benjamim Dias em amena cavaqueira com alguns elementos da população, onde se falava, ainda, do episódio da antevéspera. 


 

4. - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 3494

       = XIME - ENXALÉ - MANSAMBO - BAMBADINCA - PONTE DO RIO UDUNDUMA (1971-1974)


Mobilizada pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 [RAP2], de Vila Nova de Gaia, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Artilharia 3494 [CART 3494], a terceira e última Unidade de Quadrícula do BART 3873, do TCor Art António Tiago Martins (1919-1992), embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, em 22 de Dezembro de 1971, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (o 1.º; até 22Abr72), Cap Art António José Pereira da Costa (o 2.º; de 22Jun72 a 10Dez72) e Cap Mil Inf Luciano Carvalho da Costa (o 3.º; de Dez72 a 03Abr74), tendo chegado a Bissau em 28 do mesmo mês.



4.1 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494


Após a realização da Instrução de Aperfeiçoamento Operacional «IAO», que decorreu no CMI do Cumeré, de 30Dez71 a 26Jan72, a CART 3494 seguiu em 28Jan72, em LDG, para o Xime, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2715 [25Mai70-25Mar72; do Cap Art Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014) - (1.º)], assumindo, em 15Mar72, a responsabilidade do respectivo subsector do Xime com um Gr Comb (o 2.º) destacado em Enxalé. 

Em finais de Mar73, foi substituída pela CCAÇ 12 [do Cap Mil Inf José António de Campos Simão] e foi colocada no subsector de Mansambo, onde rendeu a CART 3493 [28Dez71-02Abr74; do Cap Mil Inf Manuel da Silva Ferreira da Cruz], tendo destacado um Gr Comb para Bambadinca em reforço da guarnição local. 

Em 09Mar74, foi rendida no subsector de Mansambo pela 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4616/73 [05Jan74-12Set74; do Cap Mil Inf Augusto Vicente Penteado] e recolheu seguidamente a Bissau a fim de aguardar o embarque de regresso, tendo ainda colaborado na segurança de operações de descarga de navios. 


O regresso à metrópole realizou-se em 03 de Abril de 1974, a bordo do TAM (Transporte Aéreo Militar), (CECA; 7.º Vol; pp. 236-237).


Fontes consultadas:

Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

03Mae2021

sábado, 10 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2830: Aqueles que nem no caixão regressaram (4): O Açoriano, da CCAÇ 1439, desintegrado por uma mina (Henrique Matos)


Guiné >Zona Leste> Sector L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de Outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do Soldad Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3kg) ficaram no Cemitério de Bambadinca, Talhão Militar, Fileira 2, Campa 1, Guiné-Bissau. NO regresso de Missirá, a mesma coluna accionou outra mina A/C que decepou a perna do Fur Mil Op Esp António dos Santos Mano, acabando por morrer por fa

Foto: ©
Henrique Matos (2008). Direitos reservados.


1. Texto do Henrique Matos, o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé e Porto Gole, 1966/68), açoriano de São Jorge, que vive hoje em Olhão (1):

Caro Luís:

Respondo ao teu mail para dizer que enquanto estive com o [Pel Caç Nat] 52 não se registaram baixas e não me recordo de qualquer funeral de militares tanto no Enxalé como em Porto Gole. O mesmo não se pode dizer da CCaç 1439, companhia a que estava adstrito.

No dia 6 de Outubro de 1966 numa coluna que saiu do Enxalé para reabastecimento de Missirá (sorte minha, porque não foi a minha vez de a comandar) e no fatídico lugar de Mato Cão, o soldado Manuel Pacheco Pereira Júnior, mais conhecido pelo Açoriano pois era o único natural dos Açores naquela companhia que era de madeirenses, foi literalmenet pulverizado por uma mina A/C.

Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontraámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes (2). A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância.

E como é que isto aconteceu numa estrada (se é que àquilo se podia chamar estrada) que era sempre picada. Mato Cão era uma zona problemática porque havia ao lado da estrada uma pequena colina que era propícia a emboscadas. Por isso mesmo, e sobretudo quando não avistávamos macacos nas árvores (se houvesse macacos não havia gente), mandávamos umas morteiradas para as traseiras da colina ou avançava uma secção para fazer o reconhecimento.

Nesse dia coube à secção do Açoriano fazer o reconhecimento e este escondeu-se ao lado do pneu do Unimog que ia rodando lentamente. E foi nesse mesmo pneu que rebentou a mina que não fora detectada pelos picas.

Mas a tragédia não acaba aqui. A coluna foi descarregar a Missirá e regressou a abrir, isto é, o mais depressa que podia andar e sem picar. Então muito próximo do mesmo local outra mina A/C tirou a vida ao Fur Mil Ranger António dos Santos Mano, que vinha ao lado do condutor mas com uma perna para o lado de fora do assento. E foi isso que lhe causou a morte, pois a perna foi decepada e não houve forma de o salvar. Nessa noite foi preciso acalmar muita gente no Enxalé pois a companhia, [a CCAÇ 1439,] só tinha tido uma baixa até essa ocasião e já ia a caminho de 15 meses de comissão.

Mando uma fotografia da cratera que uma das minas deixou, e que não sei se terá algum interesse. As fotografias das viaturas desapareceram mas também não tinham nada de especial pois via-se apenas que tinham ido parar longe e tinham a chapa retorcida.

Grande abraço e até Monte Real
Henrique Matos

___________

Nota dos editores:

(1) Vd.postes do Henrique Matos:

14 de Setembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2105: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (1): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte I)

14 de Setembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2107: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (2): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte II)

6 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2158: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (3): O famigerado granadero do Enxalé, da CCAÇ 1439 (1965/67)

11 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2173: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (4): O capitão de 2ª linha Abna Na Onça, régulo de Porto Gole

18 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2191: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (5): O baptismo de um periquito no Enxalé

23 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2376: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (6): Insularidade e solidariedade no Natal dos açorianos

31 de Dezembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2392: Memórias dos Lugares (3): Porto Gole (Henrique Matos, Pel Caç Nat 52, 1966/68)

Vd. também poste de 22 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1871: Tabanca Grande (15): Henrique Matos, ex-Comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68)

(...) Em 10 de Agosto de 1966 (recordo-me por ter sido 4 dias após a inauguração da Ponte sobre o Tejo, então Salazar) embarquei para a Guiné no Rita Maria, na chamada rendição individual.
Depois Bolama, que foi o meu curto IAO, onde já me esperava o Pel Caç Nat 52, composto por pessoal metropolitano (Furriéis Milicianos Vaz, Altino e Monteiro e 1ºs Cabos Cunha, Castanheira e Pires) e o restante pessoal do recrutamento local englobando três 2ºs Cabos (um era caboverdiano, penso que se chamava Félix).



Passados alguns dias, saímos numa LDM para o Enxalé, ficando em reforço à CCAÇ 1439, independente, de madeirenses, adstrita ao BCAÇ 1888, sediado em Bambadinca (...).


(2) Vd. poste de 5 de Maio d 2008 >
Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)

Há pelo menos 4 militares da CCAÇ 1439, que morreram na Guiné e por lá ficaram enterrados (dois em Bambadinca e dois em Bissau, sendo três madeirenses e um açoriano):

(i) José Manuel Mendonça, Soldado, CCaç 1439, morto em 30.08.65, no Xime, por ferimentos em combate; era natural de Santa Maria Maior, Funchal; está sepultado o Cemitério de Bissau, Campa 1952, Guiné-Bissau;

(ii) Tolentino Gouveia, Soldado, CCaç1439, falecido em 30.08.65, em HM241, Bissau, na squência de ferimentos em combate, no Xime; era Santo António da Serra, Machico, Madeira; foi enterrado no Cemitério de Bissau, Campa 1926, Guiné-Bissau;

(iii) Juvenal Gonçalves, Soldado, CCaç 1439, morto em 28.02.66, em Bambadinca, por afogamento; era natural de São Vicente, Madeira; repousa no Cemitério de Bambadinca, Fila 1, Campa, 9, Guiné-Bissau;

(iv) Manuel Pacheco Pereira Junior, Soldado, da CCaç 1439, 06.10.66, morto na estrada Enxalé-Missirá, no sítio d Mato Cão, por ferimentos em combate; era natural de São Miguel, Açores; os restos mortais ficaram no Cemitério de Bambadinca, Talhão Militar, Fileira 2, Campa 1, Guiné-Bissau.