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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23800: Memória dos lugares (445): O Xitole que eu conheci em 1971/72, no tempo da CART 3492 / BART 3873 e do "tio" Jamil Nasser (Joaquim Mexia Alves)


Foto nº 1



Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 6 de abril de 1972  > Um almoço de chabéu que o Jamil (fotos nºs 1 e 4)  me ofereceu no dia dos meus anos,  precisamente no alpendre da frente da sua casa (Fotos nºs 2 e 3). .Foram convidados o Capitão Godinho e a sua mulher, bem como os alferes da companhia a que se juntou , por ter vindo em coluna do Saltinho,  o alf Armandino (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo  [em 17 de abril de 1972]. Está sentado na ponta da mesa, juntamemte  com  o Chefe de Posto (Foto nº  2 e 4, aqui junto ao cap Godinho)..

Fotos (e legendas):  © Joaquim Mexia Alves  (2022). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves.  Nessas colunas logísticas integravam-se viaturas civis de diversos comerciantes da zona leste. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).


Foto (e legenda):  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp / ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real):

Data - 21 nov 2022 10:09

Assunto . - Xitole: Serração do sr. Henrique Martinho, amigo do Jamil, que deixou a Guiné em 1962 (*)

Caro Luís

Como sabes o Jamil e eu tínhamos uma forte relação de amizade. Tratava-o muitas vezes por Tio Jamil! (**)

Enquanto estive no Xitole, praticamente todos os dias ia a casa do Jamil ao fim da tarde e, sentados no seu alpendre, bebíamos whisky com água Perrier acompanhado de bocados de tomate só com sal.

Ele ouvia as notícias em árabe e comentava comigo o que se ia passando no seu Libano.

Tenho para mim que a casa que na foto tem o alpendre em ruínas, era a casa do Jamil, só que essa vista é de lado ou seja é do lado que dava para o quartel e assim o David Guimarães terá razão.

A frente da casa tinha a continuação desse alpendre e dava para a estrada que vinha de Bambadinca.

Do outro lado da estrada, mais ou menos em frente da casa, e um pouco afastado da estrada, ficava o armazém de venda do Jamil, que poderia muito bem ter sido a tal serração de que fala Maria Augusta Martinho Antunes.

Anexo fotos de um almoço de chabéu que o Jamil me ofereceu no dia dos meus anos em 6 de abril de 1972, precisamente no alpendre da frente da sua casa. Foram convidados o Capitão e a sua mulher, bem como os Alferes da Companhia a que se juntou por ter vindo em coluna do Saltinho o Alf Armandino, (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo, sentado na ponta da mesa, e também o Chefe de Posto.

A minha amizade com o Jamil era tal que numas férias da Guiné em Lisboa, por coincidência ele estava também em Lisboa, (ficava num hotel encostado ao então cinema Tivoli, Hotel Condestável?), e então fomos almoçar juntos, se bem me lembro.

Depois perdi completamente o rasto ao Jamil Nasser, mas a sua amizade e a sua companhia foram um bálsamo naqueles primeiros meses de Guiné.

Podes, obviamente, servir-te deste email para o que quiseres.

A foto nº 4 somos o Jamil e eu no dia do almoço.

Um abraço para ti e para todos do
Joaquim Mexia Alves

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23799: Memória dos lugares (444): Xitole, onde cresci desde bebé até 1957, quando vim para a metrópole estuda... O meu pai, Henrique Martinho, tinha lá uma serração, e era amigo do comerciante libanês Nasser Jamil... (Maria Augusta Martinho Antunes)

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23655: Os bu...rakos onde vivemos (15): O destacamento da Ponta do Inglês que tinha um gerador que nunca funcionou e onde havia um poço a 700 metros do arame farpado, que servia três clientes: as NT, o IN e a população sob o seu controlo (e que, por isso, nunca foi envenenado) (António Vaz, 1936-2015, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)



Guiné > Região de Bafatá > Xime > Ponta do Inglês > O destacamento da Ponta do Inglês, um dos muitos "bu...rakos" onde viveu gente nossa, neste caso de dezembro de 1964 e outubro de 1968. Ilustrações de Vera Vaz (2012).


1. Houve muitos sítios "desgraçados" onde vivemos, ao longo da guerra da Guiné... Temos uma série a que chamámos "Os bu...rakos em que vivemos"... Publicaram-se 14 postes, em março e agosto de 2009. 

Pela amostra (*), vê-se que estamos longe de ter um painel representativo dos nossos aposentos "bunker...izados", sítios onde nem sequer havia geradores nem muito menos "climatizadores de pesadelos"... Muitos outros postes dos já 23 mil e tal que já publicámos, podiam caber nesta série...

Às vezes redescobrimos alguns e achamos que vale a pena "refrescá-los" e pô-los nesta série... Por uma razão ou outra. É o caso do poste P10009 (**), primorisamente escrito pelo nosso saudoso António Vaz (1936-2015) (***) e ilustrado pela sua filha (salvo erro) Vera Vaz. Eze topónimo, "Ponta do Inglês", tem mais de quatro dezenas de referências no nosso blogue.


O destacamento da Ponta do Inglês

por António Vaz (1936-2015) 
(ex-cap mil, CART 1746. Bissorã e Xime, 1967/69)

− Não tenho a certeza de ter aterrado no sítio certo… − disse, ao aterrar  [no seu heli] o brigadeiro Spínola. 

−  Saiba V. Exa. que está na Ponta do Inglês − respondeu o alf mil João Mata, da CART 1746,  que usava na ocasião calções, barba, tronco nu e uma extraordinária boina de cor verde alface com uma estrela de metal.

[É com este saboroso diálogo, entre o novo "homem grande de Bissau" e um oficial miliciano já completamente "apanhado do clima", que poderei  contar a história ou o resto da história do destacamento da Ponta do Inglês.]  A Cart 1746 saiu de Bissorã a 7 de janeiro de 1968,  seguindo de Bissau para o Xime via Bambadinca,  a bordo da barcaça Bor. Um grupo de combate seguiu directamente para a Ponta do Inglês onde rendeu o pessoal da CCAÇ 1550.

Este pelotão da Cart 1746 era comandado pelo alf mil Gilberto Madail [mais tarde, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, entre outros cargos], e que lá permaneceu [naquele bu...rako,] cerca de 4 meses, sendo substituído por outro, comandado pelo alf Mil João Guerra da Mata que lá esteve até outubro [de 19681], data em que este destacamento foi abandonado,[por ordem de Spínola] .

A Ponta do Inglês foi ocupada e os abrigos construídos em dezembro de 1964 na Op Farol pela CCAÇ 508,  comandada pelo malogrado capitão Torres de Meireles, morto em combate na Ponta Varela.

Não controlavam nada na foz do Corubal e nada podiam fazer em conjunto com o pessoal do Xime para manter aberto o itinerário Ponta do Inglês / Xime porque a Companhia do Xime ocupava também Samba Silate, Taibatá, Demba Taco e Galomaro. Assim o seu isolamento era, foi, praticamente total.

Os géneros só a Marinha os podia levar e o mesmo se pode dizer das munições, correio, tabaco, combustível, etc.

A chegada dos abastecimentos era motivo de alegria geral como se pode ver nas imagens que junto.

Por muito que o pessoal controlasse os gastos, a falta de quase tudo fazia-se sentir. Bem podia o Comando da Companhia pedir insistentemente pela vias normais a satisfação dos pedidos que não conseguíamos nada. Cheguei a tentar meter uma cunha directamente na Marinha, mas as prioridades eram outras. Como alguns géneros recebidos da Companhia que lá tínhamos rendido, estavam deteriorados, a situação ainda foi pior. Esta situação originou, a pedido do alf Madail, o Fado da Fome, que o Manuel Moreira ilustrou nas quadras populares da sua autoria.

O destacamento da Ponta do Inglês era a pequena distância da margem do Rio Corubal e tinha a forma quadrangular. A guarnição era formada por 1 Gr Comb + 1 Esq Pel Mort 1192 e pelo Pel Mil 105.

O destacamento era formado por 4 abrigos principais nos vértices para o pessoal, para a mecânica e rádio. O combustível e as munições ficavam na parte mais perto do rio Corubal; na parte central sob uma árvore frondosa (poilão?) um abrigo mais pequeno onde ficava o alferes, o enfermeiro e, logo ao lado, o forno do pão e uma cozinha, tudo muito rudimentar. Tinha o espaldão do morteiro na parte central. Não tinha, ao contrário do Xime, paliçada e apenas duas fiadas de arame farpado.

Os abrigos eram de troncos de palmeira com as indispensáveis chapas de bidão, terra e não eram enterrados. Uma saída na direcção do rio e outra no lado oposto para as idas à água e à lenha. No destacamento havia um Unimog para estas tarefas.

A água era tirada a balde de um poço existente a cerca de 700 metros do arame farpado que também era utilizado pela população, totalmente controlada pelo IN, e pelo próprio IN, sem nunca este ter aproveitado as nossas idas à água e à lenha para nos incomodar e vice-versa

Diz o Manuel  Moreira  [1945-2014]

O poço era um só,
Estava longe do abrigo,
Dava a água para nós
E também p’ro inimigo.

As noites eram passadas como se calcula, com as sentinelas nos quatro cantos do quadrado e a malta a ver e a ouvir os rebentamentos que vinham da direcção de Jabadá, de Tite, Porto Gole e do Xime, claro. Pode ser sinistro mas não é difícil pensar que muitos diriam.
Este destacamento teve sempre uma triste sina porque não tinha meios senão para... "estar". A dispersão de meios que encontramos no 
[sector] L1 a isso conduzia. Nunca serviu de nada a não ser castigar, sem culpa formada, as guarnições que para lá eram enviadas.

− Antes eles do que nós.

Como de costume, depois das tarefas de rotina, quando o calor era menos intenso seguia-se o eterno futebol com bolas dadas pelo MNF, de péssima qualidade, substituídas pelas tradicionais trapeiras. Num dos reabastecimentos que se fizeram, conseguimos levar para, além de gado mais miúdo, algumas vacas, que como sabemos, na Guiné são de pequeno porte. Como o futebol também farta, houve alguém que sugeriu tourear uma das vacas que ainda estava viva para tardios bifes.

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A vaca tísica... Ilustração de Vera Vaz (2012)

Foi uma festa com as peripécias inerentes à Festa Brava e todos os dias “a las cinco en punto de la tarde” soltava-se a vaca e era um corrupio de faenas com cornadas… incompetentes. O tempo foi passando e já só restava um dos pobres animais para animar os fins da tarde.

Como o reabastecimento nunca mais chegava e o atum com arroz já não se podia ver e muito menos comer, o alf Mata teve de decidir entre o partido pró-tourada e o partido pró-bife. Não foi fácil, mas acabou por vencer este último. Convocou-se o soldado condutor J. Viveiro Cabeceiras que também era padeiro, magarefe e pau para toda a obra, que procedeu à matança. Começando a esquartejar a rês, vai ter com o alferes e informa-o que a vaca estava tísica, pulmões quase desfeitos.

− Come-se a vaca... ou não se come a vaca?

Nova discussão e resolveu-se não aproveitar as vísceras e apenas o músculo. Assim se comeu carne assada sem problema de maior. Quando esta acabou voltou-se ao atum aos enlatados, tudo coisas que já escasseavam mas o pessoal andava triste com a falta dos fins de tarde taurinos. Então o Cabeceiras foi ter com o Alferes e disse-lhe:

− Meu alferes, a malta anda tão triste que se quiser e autorizar eu faço de vaca pois guardei os... cornos.

E assim de conseguiram mais uns fins de tarde…

Nunca percebi por que razão se fez o destacamento, afastado do único poço com água potável... Uma proposta de sã convivência? O caso é que resultou.

O que se passou nos tempos infindáveis em que o gerador esteve avariado, assunto já abordado neste Blogue, por quem o foi substituir, depois de aturados pedidos a Bissau sem que se resolvesse em tempo útil, é inenarrável. : [Em comnetário ao poste P7590 (****), o José Nunes, ex-1º cabo mec eletricidade, BENG 447, 1968/70; escreveu:  

(...) "O aquartelamento da Ponta do Inglês estava operacional em abril de 1968, quando aí nos deslocámos pra montar o grupo gerador, ficava junto ao rio e não havia cais, o Unimogue avançou rio dentro até da LDP [Lancha de Desembarque Pequena] de onde se descarregou o gerados a pulso. A iluminação era feita [, até então,] com garrafas de cerveja com uma mecha, cheias de combustível, e as havia a servir de alarme, havia muitos macacos na zona que causavam problemas, ao agarrar o arame farpado da zona de protecção. Foi uma permanência de horas por causa das marés." (...) 

As garrafas de cerveja penduradas no arame farpado, cheias de combustível, tinham que ser continuamente acesas nas noites de chuva forte ou de vento. O risco que a malta corria nessas circunstâncias, sendo a única coisa iluminada na escuridão, tornando-se um alvo fácil, era enorme, embora, que me lembre, nunca tenha havido flagelações nessas alturas.

Flagelações houve muito poucas - seis - sem grandes consequências, a água do poço nunca foi envenenada e, mesmo sabendo que a resistência oferecida pelas NT, aquando dos ataques, fosse de nutrido fogo mantendo o IN em respeito, penso que este nunca empenhou efectivos suficientes e capazes para provocar danos consideráveis. No fundo o IN sabia que enquanto aquele pessoal ali estivesse enquistado, a tropa do Xime, com a dispersão acima referida, estaria muito menos apta a fazer operações complicadas.

As relações entre o pessoal podem considerar-se muito boas, não havendo atitudes condenáveis, que até seriam possíveis num ambiente concentracionário como aquele. A convivência com a milícia logo de início se mostrou muito favorável porque, abastecendo-se de géneros junto das NT, passaram a pagar muito menos do que anteriormente porque os preços eram os mesmos que nos eram debitados sem alcavalas de qualquer espécie.

Não me recordo da existência de familiares a viverem com o pessoal africano, mas, segundo o testemunho do tabanqueiro Manuel Moreira, uma mulher deu à luz na época em que lá esteve e foi o 1.º cabo aux enf Cordeiro Rodrigues, o "Palmela", ajudado por ele, que assistiu ao parto.

Com a falta de géneros tudo se aproveitava incluindo a caça, que se resumia a tiro de rajada para bandos de aves grandes, pernaltas (não sabemos quais) e, se caíam nas redondezas, eram o pitéu desse dia.

Felizmente com a redistribuição das Forças no terreno, iniciada pelo brig Spínola, foi a Ponta do Inglês evacuada sem problemas em 7/8 de Outubro de 1968, pondo-se fim ao disparate da sua existência.

Há uma enorme falta de informação (para mim) sobre a evacuação da Ponta do Inglês; nem na história do BART 1904, nem na da CART 1746, apenas é mencionada a data em que se efectuou. Tenho ideia que, para além do pelotão da 1746, Secção de Morteiros e Milícia, estiveram na Ponta do Inglês pessoal de outras unidades a montar segurança (mas quais?) enquanto o pessoal carregava a barcaça Bor de todo o material e bagagem da rapaziada. Estivemos nas imediações da Ponta Varela a assegurar a passagem da Bor a caminho de Bambadinca. Foi uma operação, para mim sem nome, que envolveu mais meios que não recordo.



Guiné > Carta de Fulacunda (1955) > Escala de 1/ 50 mil > Posição relativa da Ponta do Inglês, na maregm direita do Rio Corubal, fente à pensínsula de Gampará.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)


Segundo informação de oficiais do BART 1904, o brig Spínola com o respectivo séquito aterrou na Ponta do Inglês, já ia adiantado o carregamento da Bor, mandando evacuar a segurança, depois de se ter armadilhado o que estava determinado, e só depois reparou que já não havia segurança nenhuma e que ele e os outros oficiais que o acompanhavam tinham ficado, como hei-de dizer, abandonados na margem do Corubal com o pessoal do ou dos helis a chamá-los quando se aperceberam da situação.

O pelotão da Cart 1746 chegou ao Xime sem problemas e todos tivemos uma enorme alegria por voltarmos a estar juntos. ...E na verdade o que vos doi... É que não queremos ser heróis (Fausto).

António Vaz, ex cap mil

PS - Esta estória da Ponta do Inglês só foi possível com as recordações do Manuel Moreira (releiam o Fado da Fome), do João Guerra da Mata, o ex-Alferes – último comandante daquele destacamento, e de Vera Vaz nas interpretações desenhadas.

[ Revisão / fixação de texto / parênteses retos,  efeitos de publicação deste poste: LG ]


Leiria > Monte Real > Palace Hotel de Monte Real > VII Encontro Nacional da Tabanca Grande >  21 de Abril de 2012> O ex-alf mil João Mata (à esquerda) e o ex-cap mil António Vaz, à direita, ambos da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69). 

O João Guerra da Mata foi o último comandante do destacamento da Ponta do Inglês, um dos míticos topónimos da guerra da Guiné.  Julgo que vive em Évora. Infelizmente, não é membro da Tabanca Grande.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados   [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]
_________

Notas do editor:

 (*) Vd. postes de:

21 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4850: Os bu... rakos em que vivemos (14): O meu abrigo em Mampatá (Zé Teixeira)

3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4632: Os bu... rakos em que vivemos (13): Sare Banda um dos bu…rakos em que morremos! (A. Marques Lopes)

8 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4481: Os bu...rakos em que vivemos (12): Cafal Balanta contribui para o desenvolvimento nacional (Manuel Maia)

18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4369: Os bu...rakos em que vivemos (11): Banjara City, capital do Oio (Fernando Chapouto, CCaç 1426, 1965/66)

14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4346: Os bu...rakos em que vivemos (10): Também havia um em Nova Lamego (Luís Dias)

11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4321: Os Bu...rakos em que vivemos (9): No Mato Cão, com o Ten-Cor Polidoro Monteiro, em finais de 1971 (Paulo Santiago)

11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4317: Os Bu... rakos em que vivemos (8): Estância de férias Mato de Cão, junto ao Rio Geba (J. Mexia Alves)

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4252: Os Bu... rakos em que vivemos (7): Destacamento de Rio Caium (Luís Borrega)

19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4211: Os Bu...rakos em que vivemos (6): Banjara, CART 1690 (Parte II): Lugar de morte (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)

12 de abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4175: Os Bu...rakos em que vivemos (5): Guileje bem se podia considerar um hotel de 5***** (Manuel Reis)

10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4168: Os Bu... rakos em que vivemos (4): Acampamentos de apoio à construção da estrada Mansabá/Farim (César Dias)
7 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4153: Os Bu... rakos em que vivemos (3): Acampamentos de apoio à construção da estrada T.Pinto/Cacheu (Jorge Picado/José Câmara)

5 de Abril de 2009 Guiné 63/74 - P4141: Os Bu... rakos em que vivemos (2): Bula, CCCAÇ 2790 (António Matos)

31 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4115: Os Bu... rakos em que vivemos (1): Banjara, CART 1690 (Parte I) (António Moreira/Alfredo Reis/A. Marques Lopes)

(**) Vd. 7 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10009: Memória dos lugares (185): Saiba V. Excia que está na Ponta do Inglês!, disse o Alf Mil João Mata para o Brig Spínola (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)

(***) Vd. 30 de 20 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15553: In Memoriam (243): António [Gabriel Rodrigues] Vaz (1936-2015), ex-cap mil art, cmdt CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69); nosso saudoso grã-tabanqueiro nº 544, desde 2012

(****) Vd. poste de 11 de janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7590: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (13): Os mistérios da estrada da Ponta do Inglês

terça-feira, 29 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23122: (In)citações (202): Criei o Pel Caç Nat 57, construi o destacamento de Bindoro, a pá e pica, e vivi diaramente, ombro a ombro, com esses fantásticos balantas da região do Oio (Fernando Paiva, ex-alf mil, cmdt Pel Caç Nat 57, Mansoa, Bindoro e Bolama, 1967 / 1969)


Brasão do Pel Caç Nat 57, "Os Intocáveis".
Imagem da coleção do © Carlos Coutinho (2011),
reproduzida com a devida vénia...
Também disponível aqui,


1.  Comentário  do Fernando Paiva ao poste P23099 (*)

Data - terça, 22/03/2022, 21:48

Assunto - Bindoro

Caro Luís Graça,

Muito obrigado por esta mensagem (*).

Cheguei ao Bindoro, em maio de 1967, com o Pel Caç Nat 57, para lá instalarmos um Destacamento. 

O objetivo principal era impedir o abastecimento de arroz por parte do PAIGC, junto daquela aldeia balanta, de facto abundante em arroz, dada a grande fertilidade das suas bolanhas. 

Por lá fiquei, até julho de 68. Nesse período, o comando militar era exercido pelo BCaç 1912, sediado em Mansoa.

Por pouco tempo, o acompanhamento espiritual foi exercido pelo Padre Mário de Oliveira (recentemente falecido) a quem não deram tempo para ir ao Bindoro.

Das fotos (Missa no Bindoro) (*), reconheço aquela barraquinha feita de adobes. Era onde eu dormia e guardava documentação. Depois de três meses a dormir ao relento, seguidos de outros  seis no abrigo subterrâneo, era um hotel de 3 estrelas. Até cortinas tinha (pano que servira de saco para a farinha!).

Tive um Furriel Mexia. Será este Joaquim Mexia Alves? Pelo sim, pelo não, agradecia uma nota de esclarecimento do próprio.

Tenho alguns apontamentos escritos daqueles 14 meses que passei no Bindoro e que posso partilhar com aqueles que, também, por lá passaram. Mas onde estão eles? Onde estamos nós?

Um abraço
Fernando Paiva

2. Mensagem, mais antiga, do Fernando Paiva (**)
Data - domingo, 20/11/2011, 19:03



Caro Luís Graça,

Tomei conhecimento deste seu trabalho de promover ligações entre gente que esteve na Guiné, através duma sua amiga, Laura Fonseca,  que conheci, recentemente.

Também estive na Guiné, de Abril de 67 a Abril de 69.

Fui, em rendição individual, para criar o Pelotão de  Caçadores  Nativos 57, em Mansoa. A pá e pica, construímos o Destacamento de Bindoro, onde permaneci, até Julho de 68, quando fui transferido para Bolama.

Vivi, diariamente, quase ombro a ombro, com aqueles fantásticos Balantas, gente muito boa e corajosa, que aprendeu, às suas custas, a melhor maneira de coexistir com a tropa e o PAIGC, num “jogo de cintura” que eu julgo ser muito comum, em períodos de guerra civil, como foi aquele em que se viveu, na Guiné.

Gostava de ter alguma informação, quer da gente do Bindoro, quer dos militares, de cá e de lá, com quem partilhei alguns dos momentos mais emocionantes da minha vida.

Muito obrigado pela sua iniciativa e pela sua dedicação. (***)

Fernando Paiva
Amarante

3. Comentário do editor LG:

Camarada Paiva: volto a repetir em parte o que te escrevi em 2011, e que não sei  se chegaste a ler, uma vez que nunca deste sinais de vida, a não ser há dias...

Destaquei, na altura, o facto de teres: 

(i) sido um dos fundadores do Pel Caç Nat 57, e o seu primeiro comandante;

 (ii) andado por Mansoa e por Bindoro (cujo destacamento construíste, a pá e pica); 

e (iii)  e falado dos balantas com tão grande apreço e inteligência.

E, a propósito, também concordo contigo e assino por baixo, relativamente ao que escreveste sobre os teus balantas: "gente muito boa e corajosa, que aprendeu, às suas custas, a melhor maneira de coexistir com a tropa e o PAIGC, num 'jogo de cintura' que eu julgo ser muito comum, em períodos de guerra civil, como foi aquele em que se viveu, na Guiné").

Logo na altura, em 20/11/2011,  te  convidei para te "sentares aqui ao nosso lado, à sombra do nosso poilão, nesta Tabanca Grande que não tem muros, nem arame farpado, nem cavalos de frisa, nem abrigos, nem espaldões, nem ninhos de metralhadora... É um espaço de partilha de memórias e de afetos, onde cabem todos os camaradas da Guiné, sem qualquer distinção".

Por outro lado, e mais de dez anos passados, continuamos a não ter, na Tabanca Grande, nenhum representante do Pel Caç Nat 57, temos gente de (ou referências a) todos os Pel Caç Nat do 50 ao 70, com exceção do 62, 64, 66 e 68  (que também existiram). 

Serás o camarada certo para nos falares dessa unidade que ajudaste a criar.  O mesmo se passa com esse topónimo, Bindoro, um lugar de que também sabemos pouco. Se tens alguns apontamentos sobre as tuas vivências desses 14 meses que aí passaste, então partilha-os connosco, agora sentado à sombra do nosso poilão. 

Tenho o lugar n.º 860 disponível para ti, se me responderes na volta do correio. Só te peço que nos mandes as duas fotos, digitalizadas, da praxe: uma do "antigamente", e outro mais ou menos atual. Temos algumas "regras de convívio bloguístico" que já deves conhecer, e que podes reler aqui: as 10 regras da política editorial do blogue... (E uma das regras mais elementares é o tratamento por tu como antigos camaradas de armas, que beberam a água do Cacheu, do Mansoa, do Geba, do Corubal, do rio Grande de Buba, do Cumbijã, do Cacine....)

Um abraço de boas vindas. Ficarei muito feliz se te decidires juntar aos 859 "amigos e camaradas da Guiné", entre vivos e mortos. Um beijinho para a Laura Fonseca se a voltares a encontrar pelas tuas bandas: tem casa na Lixa, Felgueiras, era vizinha e amiga do saudoso padre Mário de Oliveira (1933-2022), que foi capelão, por 4 meses, do BCAÇ 1912, a que estiveste adido. Vejo a Laura com frequência (e falo com ela regulamente).

Luís Graça

Aproveito para te esclarecer que o Joaquim Mexia Alves, que vive hoje na Marinha Grande, não é nem podia ser o teu furriel Mexia, embora tenha também passado por Mansoa. É mais novo do que tu. É um histórico do nosso blogue, com quase 300 referências, foi Alf Mil Operações  Especiais da CART 3492/BART 3873, Xitole/Ponte dos Fulas; comandante do Pel Caç Nat 52, Ponte Rio Udunduma, Mato Cão e passou ainda pela CCAÇ 15, Mansoa, entre 1971 e 73. É o "regulo" da Tabanca do Centro (sediada em Monte Real, tertúlia que antes da pandemia se reunia todos os meses em almoço-convívio).


(***) Último poste da série > 24 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23107: (In)citações (201): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (3): Similitudes (Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22942: O que é feito de ti, camarada ? (15): Abel Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68), autor do livro, "Entre paraíso e inferno, de Fá a Bissá, memórias da Guiné, 1967/68... O João Crisóstomo manda-te um "hello", de Nova Iorque



O Abel Rei, foto atual  da sua página no Facebook.



Abel de Jesus Carreira Rei – Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968. Prefácio do ten gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. (Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002).



O Abel Rei autografando o seu livro (, presume-se que pro volta de 2002, numa sessão de lançamento). Foto da sua página no Facebook.



Almeirim > 10 de maio de 2014 > XXIII Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 54, e Pel Mort 1028, que passaram pelo Enxalé (1965/67). 

 O Abel Rei é o primero da primeira fila, do lado direito. Alguns camaradas nossos conhecidos (e membros ds Tabanca Grande): Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), José António Viegas (Pel Caç Nat 54), Júlio Pereira (CÇAÇ 1439). 

O "Mafra" é a alcunha do Manuel Calhanda Leitão, também já convidado para integrar a Tabanca Grande: foi o organizador do último encontro do pessoal em 18 de maio de 2019, na Ericeira... 

Em 2010, houve um encontro histórico, deste pessoal, o 19º Encontro, onde estiveram presentes, entre outros, o Henrique Matos, o Mário Beja Santos, o Jorge Rosales, o João Crisóstomo, o madeirense António Freitas (um dos quatro alferes da CCAÇ 1439), o João Neto Vaz, o Luís Cunha, e outros.

Foto (e legenda): © Henrique Matos (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo (ex-alf mil at inf, CCAÇ 1439, 1965/67; a viver em Nova Iorque, desde 1977):

Data - sábado, 22/01, 17:01 (há 4 dias)
Assunto - Contacto do Abel Rei


Meus caros Luis Graca e Carlos Vinhal,

Numa das vezes que estive em Portugal num dos encontros/convívios em que tive oportunidade de estar presente ( deve ter sido em Monte Real, mas não tenho a certeza) deparei com o Abel Rei que na altura até me autografou o seu livro “Entre o Paraíso e o Inferno”. 

 Quando cheguei arrumei o livro com intenção de o ler logo que oportunidade surgisse mas o tempo foi passando e o livro acabou mesmo por ficar esquecido no meio de muitos, alguns deles esperando que tempo e ocasião se proporcionassem. 

Tenho quase vergonha do meu lapso mas a verdade é que, tendo várias vezes ouvido e lido das duas memórias me esqueci completamente que tinha o livro dele comigo. E ontem ao procurar algo na estante deparei com o livro dele. Comecei logo a lê-lo e já vou quase a meio.

Procurei mas o nome do Abel Rei não consta na lista que o Carlos Vinhal fez o favor de me enviar em Julho do ano passado. Talvez vocês ou algum outro camarada tenha essa informação. Se for o caso podem-me ajudar?

Embora tarde quero-o contactar; não só para o felicitar pelo seu livro, como para lhe pedir desculpa de só agora o fazer. Foi falta grande da minha parte, "mea culpa mea culpa”, mas... antes tarde do que nunca! 

 Até porque ao ler o livro verifico que nos meses de Fevereiro e Março de 1967 andamos pelos mesmos sítios: eu ainda estava na Guiné, quase de saída; e ele, ainda periquito descreve as suas primeiras impressões de Enxalé, Finete, Porto Gole, Mato Cão… escrevendo :” fiz a mais dura viagem… numa estrada com quase trinta quilómetros… cheia de buracos…com perto de um metro de fundo…"

Nas páginas 38 e 39 descreve uma saída, que já eu tinha esquecido, mas que ao ler o livro me veio à memória com muita nitidez. Porque na zona de Bissá havia muito gado bovino era lá que a nossa companhia “ se abastecia” … Recordo bem que nessas saídas ao mato, procurando víveres,   nunca faltava o nosso furriel/enfermeiro Geraldes que a si mesmo tinha chamado o cargo de cuidar das vacas e bezerras,( o que deu azo a muitas peripécias de morrer a rir, que agora me vêm à lembrança.

Eu fiz parte dessa saída que o Abel Rei menciona e que me parece merecer ser descrita: ”Saímos a pé, por uma enorme bolanha, toda coberta de capim com mais de dois metros de altura, pelas três e meia da madrugada, com destino a Bissá, onde chegámos às sete meia, para fim, quase exclusivamente, de compra de gado bovino.”

Lembro bem que o capitão Pires ( da nossa CCaç 1439) fazia questão de ser sempre ele mesmo a fazer essas negociações, como muito bem descreve o Abel Rei : 

”Instalámo-nos em redor das tabancas, para montar segurança ao capitão da CCaç 1439 ( ele diz Cart nº 1439) enquanto (este) negociava com os nativos , vistos os mesmos tanto nos venderem a nós, como aos nossos inimigos. “ (...).  “foram mais de cindo horas, de aldeia em aldeia"… “o calor era intenso”…” e com imenso desgaste de energias até à exaustão”. 

E o Abel Rei, então ainda periquito, pergunta-se e pondera:” hoje pude avaliar quão grandes teriam sido as dificuldades que os nossos antecessores sofreram, e eu ainda terei de sofrer(?)”…" bebia-se todo o líquido que nos aparecia, quer nas poças do terreno, ou nos poucos cursos de água, fosse ela da cor que fosse”...

Nas páginas 55 do seu livro menciona:  “...a 26 de Março ( 1967) esta companhia passou do aquartelamento de Fá para o de Enxalé a fim de render a CCaç 1439….”

 Ora eu lembro-me ter partido/saido de Missirá onde estive estacionado nos últimos dias antes do regresso; portanto não estava em Enxalé quando ele chegou, com a Companhia dele,  para render a CCaç 1439. Por isso não recordo ter feito conhecimento com ele na altura . Mas gostava mesmo de o chamar pelo telefone; e se não for pelo telefone será mesmo por E-mail...( talvez ele me forneça depois o número dele ).

(...) Se tiverem não se esqueçam do contacto do Abel Rei, OK?

Aos dois, e às vossas melhores metades, e demais queridos um grande abraço
João e Vilma


 2. Comentário do editor LG:

João, o Carlos Vinhal já te forneceu o endereço de email do Abel Rei. Não temos o seu número de telemóvel. Sabemos que mora na Marinha Grande, mas o nosso camarada Joaquim Mexia Alves, seu vizinho,  também não tem notícias dele. Faz anos a 30 de março, mas não tem feito a competente "prova de vida"... 

A sua página no Facebook está inativa desde 31 de março de 2021, o que pode não ser bom sinal...  Nessa altura agradeceu os parabéns que lhe deram amigos  e camaradas, incluindo o José António Viegas, do Pel Caç Nat 54, e o Henrique Matos, do Pel Caç Nat 52.

O Abel de Jesus Carreira Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (1967/68), ou simplesmente Abel Rei, tem 17 referências no blogue, é amigo da página do Facebook da Tabanca Grande, é autor de um livro de memórias sobre a sua passagem na Guiné, já participou num dos nossos encontros nacionais, o IV, em Ortigosa, Monte Real, Leiria, em 2009. Mas, por lapso nosso, só foi registado formalmente como membro da Tabanc Grande em 2019 (**)


3. Mensagem do João Crisóstomo dirigida ao Abel Rei:

Data - domingo, 23/01/2022, 14:13  
Assunto - Hello de Nova Iorque



Caro Abel Rei,

Estou em dívida para contigo. Num encontro passado tive a oportunidade de te cumprimentar e na altura até me autografaste o teu livro diário sobre a tua experiência na Guiné. Tinha intenção de o ler logo que chegasse, pois várias vezes tinha ouvido falar de ti; mas não o fiz logo e…mea culpa mea culpa, o tempo foi passando. 

Ontem ao vascular prateleiras deparei com ele. Peguei-o e comecei a ler. Só interrompi a leitura porque tinha de ir a Nova Iorque. Mas quando voltei peguei nele de novo e foi de uma assentada até à ùltima página. 

Verifico que calcorreamos muitos lugares comuns, novidade para mim. Foi uma enxurrada de emoções. Mas sobre estas coisas não dá para falar muito por E mail. Na próxima oportunidade que estiver em Portugal , dentro de alguns meses, espero, temos de nos encontrar, pode ser? Entretanto, se não te importas, dá-me o teu contacto telefónico e eu ligo para ti.

Quero-te dizer pessoalmente da minha admiração, quase inveja , pela tua ideia de ires escrevendo as tuas impressões e experiências na Guiné quando as ias vivendo. Ao fazê-lo enriqueceste a tua vida e a de muitos outros , como a minha agora. Obrigado.
Um grande abraço com muita amizade

João Crisóstomo, Queens, Nova Iorque 

[ Seguem na mensagem os contactos e a morada do nosso camarada luso-americano, que não publicamos por razões de privacidade e segurança, embora ele se nos autorize a sua divulgação ]

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Notas do editor:
 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22827: In Memoriam (420): Jaime Brandão, ex-Fur Mil Pil da FAP, falecido em 18 de Dezembro de 2021 - Adeus e até já, Jaime. Partiu hoje um dos maiores amigos que tive na minha vida! (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp)

1. Com a devida vénia ao nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Especiais da CART 3492/BART 3873, Xitole/Ponte dos Fulas; Pel Caç Nat 52, Ponte Rio Udunduma, Mato Cão e CCAÇ 15, Mansoa, 1971/73) e ao Blogue da Tabanca do Centro, reproduzimos o Poste 1321 de 19 de Dezembro onde o Joaquim se despede do seu velho amigo Jaime Brandão, ex-Fur Mil Piloto da FAP, recentemente falecido por doença.


ADEUS E ATÉ JÁ, JAIME!

Partiu hoje um dos maiores amigos que tive na minha vida!

As histórias com o Jaime Brandão são inúmeras desde garotos, passando pela Guiné, pela dita revolução e até aos dias de hoje.

Por causa da nossa amizade passei fins de tarde quase contínuos na BA5, mormente na Esquadra dos Falcões, e por isso mesmo me foi concedido algo único na minha vida: um voo de A7.

Claro que, embora houvesse outros “candidatos” amigos que me queriam levar, não poderia deixar de ser o Jaime a dar-me esse raro prazer, quase impossível a civis.

Foi um dia memorável.

Tal como o dia em que, envolvido na primeira Operação Militar na Guiné, no segundo mês da minha chegada, com o camuflado ainda a “cheirar a goma”, desembarco no quartel de Porto Gole e quando estou a subir a rampa para as instalações vejo o Jaime vir direito a mim a sorrir e abraçando-me com toda força.

Perguntei-lhe como era possível ao que ele me respondeu a sorrir que sabia que eu estava envolvido naquela Operação e que ia desembarcar em Porto Gole para passar a noite e como vinha de regresso a Bissau, declarou que tinha a porta aberta do DO27 e que tinha de aterrar em Porto Gole.

As histórias são inúmeras, (de dia ou de noite), e todas elas são memórias fantásticas que me trazem agora lágrimas aos olhos

O Jaime era um homem franco, honesto, sério, que não pedia licença para dizer o que pensava e sentia, mesmo que isso lhe acarretasse incompreensões ou mesmo problemas.

Amigo do seu amigo, levava a amizade muito a sério, tão a sério que não se coibia de me dizer algo que eu fizesse mal, como eu lhe dizia também a ele.

É assim a amizade verdadeira!

Mas tinha também um humor muito especial e vivemos momentos hilariantes ao longo de todo este tempo que Deus nos deu de amizade verdadeira e vivida.

Muitas vezes as nossas conversas eram quase um monólogo tal a identidade de pensamento e opinião que tínhamos os dois.

Em bom e antigo português era quase um: “se um diz mata o outro diz esfola”!

Espero, (fazendo humor), que no Céu haja cerveja, porque ele tem que ter uma esplanada onde a beber esperando por mim e por muitos mais que nos faziam companhia.

Pouco apreciador do cozido que habitualmente nos era servido nos nossos convívios, isso limitou a sua presença à mesa connosco. Mas não deixou de estar presente por várias vezes, satisfazendo-se com a sopinha do cozido ou, numa situação pontual, com uma feijoada vegetariana trazida de propósito de Lisboa pela sua camarada e amiga Giselda.

Há homens que nunca fizeram nada por Portugal e são recordados como se o tivessem feito.

O Jaime foi voluntário para a Força Aérea, serviu o seu país na Guiné e em Portugal, serviu o seu país na sua profissão como civil, lutou por um país melhor do que o “politicamente correcto”, e ninguém, com certeza desta gente que nos governa terá uma palavra para ele, o que ele, julgo eu, até agradece.

Envolvo a sua família, mulher, filhas, netos, irmãs e irmão no meu estreito e muito amigo abraço, sem palavras que as não tenho para dizer.

Estou profundamente triste, embora acredite que aos homens bons como o Jaime, Deus tem sempre junto de Si, mas isso ainda não mitiga a saudade imensa que já sinto em mim.

Como dizemos em Monte Real, pelo menos no tempo em que eramos garotos, quando as pessoas se encontram: Adeus!

Eu digo-te, Jaime meu querido amigo, adeus e até já!

Marinha Grande, 18 de Dezembro de 2021

Joaquim Mexia Alves

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Notas do editor:

À família do nosso camarada Jaime Brandão, a tertúlia e os editores do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné apresentam as suas mais sentidas condolências.

O Jaime Brandão participou no V e VI Encontros Nacionais da Tabanca Grande em Monte Real. Nesta foto em conversa com o Victor Barata, também ex-militar da Força Aérea Portuguesa e também ele recentemente falecido.

Último poste da série de 25 DE NOVEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22749: In Memoriam (419): Tibério Paradela (1940-2021), capitão da marinha mercante, um "lobo do mar" ilhavense, que nos deixa um notável testemunho da epopeia da pesca do bacalhau, no seu romance "Neste mar é sempre inverno"

sábado, 11 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22798: O nosso blogue por descritores (6): "O meu Natal no mato": tem mais de 80 referências... Por curiosidade, o poste P5522, de 8 de dezembro de 2009, da autoria do Joaquim Mexia Alves ["Era lá noite de se embrulhar!"...] bateu o recorde de visualizações de páginas (n=4627) e de comentários (n=15).

 

Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65) > No Xime, esteve destacado um grupo de combate.

Foto: © Libério Lopes (2008).  Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nast 52 (1973/74) > Natal de 1973 > A garrafeira e a doçaria... Não faltou nada, a não ser o cartão de boas festas e feliz ano novo dos nossos vizinhos de Madina / Belel

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Inaugurámos em maio passado uma nova série, "O nosso blogue por descritores" (*)... Com mais de 5 700 "descritores", de A a Z, torna-se difícil (se não impossível) aos nossos leitores fazer uma pesquisa exaustiva de um determinado tema ou assunto no nosso blogue que já tem 17 anos de existência e quase de 22 mil e oitocentos  postes.

O descritor "O meu Natal no mato” tem mais de 8 dezenas de referências. Nesta listagem. que a seguir se publica,  além de uma mini-imagem, cada poste é refenciado por:

(i) data;
(ii) número de ordem (cronológica) (do mais recente ao mais antigo);
(iii) série em que vem inserido;
(iv) título (e subtítulo);
(v) autor(es) (dentro de parênteses, no final) (não aparecendo este campo, o poste é, por defeito, da autoria de um ou mais editores do blogue)

A listagem só não traz o link de cada poste, porque seria muito consumidor de tempo para os editores recuperá-lo. Mas os nossos leitores podem consultar o poste inserindo o seu número na janela do canto superior esquerdo do blogue, antecedido sempre da consoante P, de poste: por exemplo P21675.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/12/guine-6174-p21675-o-meu-natal-no-mato.html


Esperemos que esta lista seja útil a autores e leitores. (Alguns autores infelizmente já  não são vivos. João Rebola, Raul Albino,  Torcato Mendonça, Jorge Teixeira / Portojo...)

Refira-se, por simples curiosidade, que, quanto a este descritor "O meu Natal no mato", o poste P5522, 8 de dezembro de 2009, da autoria do Joaquim Mexia Alves [...Era lá noite de se embrulhar!...] bateu o recorde de visualizações de páginas (n=4627) e decomentários (n=15). (**)

Segue-se o poste P5512 (***) com 2927 visualizações de páginas mas zero comentários. É da autoria do Libério Lopes, um dos veteranos da Guiné, de 1963/65: (...) Apanhados em flagrante, a pôr duas minas no 'sapatinho', na estrada Xime-Bambadinca-

Mas recordemos também aqui, em época natalícia, a mensagem, gravada para a RTP, no Natal de 1968, pelo alf mil pil, AL III, BA 12, Bissalanca, 1968/70, Jorge Félix, então ainda  "periquito" (****):

A minha mensagem de 1968 na RTP: Um 69 em grande para os meus amigos
 

(...) Eu também falei na RTP. Vou contar...

Naquele tempo, 1968, os Canibais residentes não estavam interessados em aparecer na televisão. Não havia voluntários, logo, foram os mais periquitos que tiveram que representar a classe de Pilotos da Esquadra. Por tal motivo tive que ser eu e recordo-me que também gravou mensagem o Sargento Piloto Marta. Eu por ser o mais novo, ele porque iria partir em breve.

Não estava nada interessado em falar e arranjei uma maneira de ser censurado. Então que fiz eu? Debitei uma laracha que não fosse transmitida e disse o seguinte:

" Um beijo para os meus pais e um sessenta e nove em grande para os meus amigos".

O Operador, Serra Fernandes, homem que vim a encontrar passados anos na RTP, disse logo:
- Tem que dizer outra mensagem que isso não vai para o ar.

E eu respondi:
- Ou vai isto ou não vai nada.

Sempre fiquei com a ideia que não iria passar nos ecrãs da TV mas a verdade é que passou. Na altura, 1969, contaram-me alguns amigos que foi uma barraca muito comentada.

Há dias a falar com o nosso Amigo, Belarmino Gonçalves, alferes Piloto em Bissalanca nos mesmos anos que eu, recordou-me esta história, quando lhe desejei um Bom Natal ele atirou o "um 69 em grande para os meus amigos". (...) (****)


O nosso blogue por descritores (6) >  "O meu Natal no mato"
(que tem mais de 8 dezenas de referências)



(****) Vd. poste de 31 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5575: O meu Natal no mato (31): A minha mensagem de 1968 na RTP: Um 69 em grande para os meus amigos (Jorge Félix)