sábado, 14 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8274: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (4): As primeiras fotos da estreia do filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa (Luís Graça)

Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > No hall do Grande Auditório, a realizadora, Marta Pessoa, e a uma das participantes, a ex-Enf Pára-quedista, Cristina Silva, ferida em combate em Moçambique.


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > Outras duas mulheres (das 20) que entram no filme: a Giselda Pessoa, nossa camarada, enfermeira pára-quedista (BCP 12, Bissalanca, 1972/74) e Maria Alice Carneiro, que no filme representa as confidentes e madrinhas de guerra...


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > O nosso camarigo Zé Martins (à esquerda) com a mana, Maria Lurdes Costa que entra no filme, e seu marido Cesário Costa (que esteve na guerra em Angola e que teve a gentileza de me oferecer, autografado, um exemplar do seu livro Memória das Memórias, editado em 2003).


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011) > Giselda Pessoa, ao centro, tendo a seu lado os nossos camarigos Jorge Cabral e António Marques... Não tenho, infelizmente, de outras camaradas pára-quedistas que conheci, pessoalmente nesta ocasião como a Lurdinhas e a Natércia (que estão convidadas formalmente a integrar o nosso blogue, apadrinhadas pelo Miguel Pessoa)...
 

Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa >  O João Graça, o António Santos e a esposa, Graciela (que vieram expressamente de Caneças, Odivelas)


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > O nosso Jorge Cabral, sempre feliz  entre as mulheres (as grandes e as bajudas)... Neste caso, a Maria Alice Carneiro que no filme representa as madrinhas de guerra...

Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > O psiquiatra João Graça, o nosso camarada Sérgio Pereira (co-fundador e dirigente da Apoiar), mais a esposa Catarina... Não vi este simpatiquíssimo casal desde o nosso primeiro encontro nacional, na Ameira, em 2006... Só por lapso, seu e nosso, o Sérgio não faz parte, formalmente, da nossa Tabanca Grande... É leitor assíduo do nosso blogue


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > O  Sérgio Pereira e a Catarina...


Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > Miguel Pessoa e António Paiva.




Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa >  Da esquerda para a direita: A Elisa, a Alice, o marido da Elisa (Manuel Lima, um dos primeiros militares a ir para a Guiné, 1962/64) e o João Graça.

Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > A nossa querida amiga, do Porto, Laura Fonseca, socióloga da educação, professora universitária, escritora, a quem, como especialista em questões de género, "encomendei" uma crítica do filme para o nosso blogue...



Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > A realizadora, na sessão de debate do filme, com uma representante da comissão organizadora do IndieLisboa 2011... Registe-se a excelente equipa de produção, da Real Ficção, a empresa do cineasta Rui Simões... E entre muitos outros nomes, o de Rita Palma, assistente de realização e responsável da montagem do filme... (É prima do nosso camarigo Paulo Santiago).



Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > Intervenção do nosso camarigo Zé Martins, na sessão de debate do filme... Aspecto da assistência que participaou no debate...



Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > Os nossos queridos amigos (meus e da Maria Alice Carneiro) José António Paradela e Matilde Henriques, acompanhados do filho mais novo... O meu amigo Arq Zé António Paradela, de Ílhavo, amigo também do Jorge Picado, fez a sua tropa na pesca do bacalhau, aos 16 anos...



Lisboa > 8º Festival Internacional do Cinema Independente > Culturgest > 13 de Maio de 2011 > Estreia do filme Quem Vai à Guerra (Portugal, 2011), de Marta Pessoa > Maria Lurdes Costa, mana do Zé Martins, que entra no filme, como uma das mulheres que foi à guerra, acompanhando, em Angola, o seu marido, Cesário Costa.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados


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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 11 de Maio de 2011> Guiné 63/74 - P8259: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (3): O(s) discurso(s) feminino(s) (Luís Graça)


Vd. também poste de 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8219: Agenda cultural (118): Quem vai à guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, Documentário, 130' )... A guerra no feminino... Indie Lisboa 11 (8º Festival Internacional de Cinema Independente) - Lisboa, Culturgest, 13 de Maio, 6ª feira, 21h30

Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego




1. Início da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.





História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (1)

Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

O BCaç 2851, constituído por Cmd e CCS e pelas CCaç 2401 - 2402 e 2403, foi formado e preparado no RI1, sediado na Amadora, com os seguintes Oficiais Superiores e Capitães:

- Cmd
- Cmdt – Ten Cor César da Luz Mendes
- Of Info - Maj Bispo
- Of Op - Maj Martins
- Of Pes e Reab – Cap Bento
- CCS - Cap Gamelas
- CCaç 2401 - Cap Mil Maduro (Juiz de profissão)
- CCaç 2402 - Cap Vargas Cardoso
- CCaç 2403 – Cap Peixeiro


Paquete Uige


CCaç 2403 no Leste da Guiné

A 24 de Julho de 1968, aquando do embarque no Paquete Uige, a situação da CCaç 2403, em Oficiais, Sargentos e Praças era a seguinte:

- Oficiais: - o Cmdt, recém-promovido a Capitão, o Alf Mil Brandão, Cmdt do 2.º GComb, e o Alf Mil Tavares, Cmdt do 3.º GComb (este já em Bissau, a receber os materiais da Companhia).
Os Cmdts, nomeados, dos outros dois GComb, não embarcaram, um por motivos de saúde e o outro, Carvalho, natural de Angola, por deserção;

- Sargentos: 2.º Sarg Melo e 2.º Sarg Andrade (este último já em Bissau na recepção dos materiais); Vaguemestre, Transmissões, Enfermeiro e Mecânico, respectivamente, Furriéis Milºs Nelson Rodrigues, Oliveira, Viriato dos Santos e Eusébio Pires; e comandantes de Secção, por ordem alfabética, Furriéis Milºs Almeida, Braga, Brito, Lareiro, Lousada, Marques, Pereira, Rosa, Santos, Silva e Soares.

- Praças: 36 Cabos e 106 Soldados.

A viagem decorreu com mar calmo, sem acontecimentos dignos de registo e com chegada, cinco dias depois, 29 de Julho, a Bissau.


Último jantar a bordo. Na mesa do Imediato os Cmdts da CCaç 2401, CCaç2403 e CCaç 2405. Na outra mesa, de costas, o Cmdt da CCaç 2402

Logo que desembarcou, o BCaç 2851 foi completamente desmembrado: Cmd e CCS foram destinados a Mansabá; CCaç 2401 a Pirada; CCaç 2402 a Có e CCaç 2403 a Nova Lamego.

A CCaç 2403, sem camas, sem colchões e sem mosquiteiros ficou cerca de 10 dias em Bissau a receber materiais e instruções e a aguardar embarque para o destino.

Durante estes dias foi testar-se o armamento para a região de Prabis, um pouco a norte de Bissau e ai a Companhia teve a sua primeira baixa, temporária, devido a um fortíssimo ataque de abelhas. Vá lá saber-se porquê, investiram quase exclusivamente sobre o soldado Maneiras que teve de ser evacuado para o hospital onde permaneceu 4/5 dias.

Depois destes dias a alimentar os biliões de mosquitos de Bissau, a Companhia embarcou numa LDG, rumo a Bambadinca através do rio Geba. Da foz até à Ponta do Inglês, onde recebe o Corubal, o rio é tão largo que as suas margens mal se avistam uma da outra. Da ponta do Inglês à nascente transforma-se em gigantesca serpente em perpétuo movimento ziguezagueante. De doze em doze horas, ou seja duas vezes por dia, ingere tanta água e com tal sofreguidão que arrasta para o seu interior tudo o que nela flutua, incluindo embarcações e outras duas vezes por dia expele, em prolongado vómito, toda essa água ingerida nas seis horas anteriores. Por isso neste rio as embarcações só conseguem navegar em perfeita sincronia com estas fortes correntes, originadas pelo fluxo e refluxo das marés.

A forte corrente da enchente, cria uma onda que se desloca para montante como um enorme tapete rolante, chamado “Macaréu”, que se desenrola ao longo do rio, provocando um aumento instantâneo do caudal de muitos metros e contra o qual não é possível navegar.

Os militares da Companhia sentados no fundo da Lancha não colaboravam na respectiva segurança nem tinham autorização para espreitar para o exterior. Assim o In, quando via passar a Lancha, não sabia, naquele momento, que tipo de carga transportava. Na passagem por locais considerados mais perigosos eram os marinheiros da tripulação que ocupavam os postos de combate para sua defesa.

Cavalgando o “Macaréu”, a Lancha atracou em Bambadinca onde se procedeu ao desembarque do pessoal e descarga do respectivo material, no tempo estabelecido pelo Comandante, sem um minuto de tolerância, porque a navegação para juzante tinha que ser iniciada ao mesmo tempo da corrente da vazante.

Organizada a coluna com as viaturas disponíveis, iniciou-se a marcha para Nova Lamego onde se chegou já noite dentro.


Nova Lamego (Gabú)

Em Nova Lamego a Companhia ficou em instalações precárias, cedidas pela Administração, sem camas para as praças, que receberam colchões insufláveis os quais, algumas semanas depois, já não retinham o ar; estavam todos rotos. Ventoinhas não havia para ninguém.

A Companhia ficou de Intervenção ao Batalhão local, começando a efectuar patrulhamentos de 24 horas na zona, sempre com 2 GComb.

No dia 14 de Setembro quando o Fur Mec Eusébio procedia à reparação de uma máquina de fazer gelo, da Administração, o compressor desta rebentou, causando-lhe ferimentos de tal gravidade que não chegou a ser evacuado no avião que, mesmo de noite, se deslocou de Bissau para o efeito. Não tinham passado 2 meses desde que embarcara em Lisboa. Foi o primeiro morto da Companhia.

Ainda em Setembro a sua vaga foi preenchida pelo Fur Mec Pinto Mendes que, por sua vez, foi rendido em Maio de 69, quando terminou a comissão, pelo Fur Mec Fernandes.

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8252: Tabanca Grande (281): Hilário Peixoto, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851 (Guiné 1968/70)

Guiné 63/74 - P8272: Agenda cultural (122): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (2): Apontamento e fotos do dia 6 de Maio de 2011

1. Mensagem do nosso tertuliano Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, com data 11 de Maio de 2011:

Caros editores e camaradas
Estou a enviar quatro fotos referentes à 1.ª conferência-debate que no passado dia 6 teve lugar na Universidade dos Açores, integrada no ciclo intitulado “Os Açores e Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memórias(s)”, numa organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso, do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais daquela Universidade*.

Foi emocionante ver tanta gente interessada naquela conferência inaugural. Agora há é que pensar na seguinte.

A conferência teve muita qualidade, pois o Ten-General Alfredo Cruz conseguiu fazer o enquadramento geral do papel da FAP, mas, simultaneamente, referindo a sua experiência pessoal enquanto piloto de combate.

Na mesa estão o Reitor, o Conferencista, a Directora do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais e a Directora do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso. Eu apareço também a abrir o período de perguntas e respostas. Começou às 17H30 e acabou por volta das 20.

Um abraço amigo do
Carlos




O Reitor da Universidade dos Açores, Prof. Doutor Avelino de Freitas de Meneses, quando proferia a sua alocução, no início dos trabalhos. Ao seu lado direito vê-se o conferencista e a Prof.ª Doutora Gabriela Castro, Directora do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais, que, ao dirigir-se aos presentes, salientou também o facto de ter namorado e casado com um antigo combatente (Alf Mil em Moçambique) e ser irmã de outro (Cap Mil também em Moçambique). À esquerda do Reitor vê-se a Prof.ª Doutora Margarida Machado, Directora do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso.

Uma perspectiva dos participantes nesta primeira conferência do ciclo de conferências-debate "Os Açores e a Guerra do Ultramar”. Note-se a presença de alguns alunos. O ângulo de tomada da foto (não alcança a ala esquerda do “anfiteatro C”) não permite ver a presença feminina (para além das alunas), que foi significativa.

O Ten-General Alfredo Cruz, enquanto proferia a sua conferência.

O coordenador da Comissão Organizadora (Carlos Cordeiro) recebendo inscrições para o debate, que foi muito participado e enriquecedor.

[Fotos e legendas de Carlos Cordeiro]
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8200: Agenda Cultural (117): Início, no próximo dia 6, do ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar, 1961-1974: história e memórias(s), organizado pela Universidade dos Açores (1) (Carlos Cordeiro)

Vd. último poste da série de 9 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8247: Agenda cultural (121): António Graça de Abreu, no último dia da 81ª Feira do Livro de Lisboa, 15 de Maio, domingo, às 18h00, no Pavilhão da Livraria Turismo de Macau (Stand D44) para autografar os seus livros

Guiné 63/74 - P8271: Ser solidário (106): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos visitou Amindara (José Teixeira)


A alegria no meu coração não tem tamanho

Foi desta forma que uma mulher grande em Amindara começou o seu “discurso” de agradecimento, na recente visita que uma delegação da Associação Tabanca Pequena fez a esta Tabanca em plena mata do Cantanhez - Guiné-Bissau.

Apesar da nossa chegada coincidir com a hora do grande calor, que convida à sesta debaixo do mais frondoso poilão, Amindara esperava-nos em festa. O batuque já se fazia ouvir ainda não se avistava a tabanca.

A festa


De um lado da picada, a juventude. Tocadores e dançarinas, vestidas com a vestimenta de ir à missa, como se diz na minha aldeia, aprimoravam-se a espelhar a sua alegria e gratidão pelo poço de água aberto ali mesmo ao lado. Do outro lado, homens e mulheres mais velhos, as pessoas importantes da terra, também elas vestidas a rigor com o melhor traje, esperavam-nos com a mesa posta.


A mesa posta à nossa espera

O Pitéu

Algumas cadeiras vagas à volta da mesa indiciavam que se destinavam aos “ilustres” visitantes. Cumprimentos afetuosos e prolongados. Olhos nos olhos que teimavam em deixar escapar lágrimas de comoção. Abraços de quem nunca se conhecera antes, mas que se irmanara num sonho – ter água potável ali, mesmo no centro da tabanca.

A palavra “obrigado” era repetida continuamente, enquanto do outro lado da picada o batuque subia de tom para prazer dos nossos olhos e ouvidos enquanto as máquinas fotográficas não se cansavam de fazer clic.

Quão belo é todo este ambiente. Novos e velhos, africanos e brancos em animada festa, passados que são quarenta e tantos anos!

Tempo em que os olhos e ouvidos eram desviados para outros fins que não explorar a beleza do ser humano. Era preciso estar a atento a ruídos ou movimentos estranhos que nos podiam roubar a vida num segundo, e… as máquinas também eram outras.

Somos convidados a saborear um excelente petisco cozinhado para nós com todo o esmero e carinho. Esparguete salteado com ostras. Que saboroso petisco!

Infelizmente não nos avisaram, pois queriam fazer-nos uma surpresa. Para azar nosso tínhamos acabado de almoçar em Faro Sadjuma, ali mesmo ao lado um petisco não menos saboroso. O apetite era pouco, mas deu-se um jeito e lá e se fez o sacrifício. Estive tentado a pedir um taparwere e levar as sobras para Iemberém. eh! eh!

Eu bebi água fresca e potável em Amindara

As crianças de Amindara saboreiam o momento

Ainda há muito a fazer em termos de educação para uma vida saudável

Seguiram-se pequenos discursos em Nalu traduzidos pelo nosso anfitrião, o Abubakar, delegado da AD- Acção para o Desenvolvimento na Região. O Pepito andava atarefado na organização de um acampamento para 100 jovens em Varela e também porque queria que a festa fosse só nossa, pois foi a Tabanca Pequena que investiu em Amindara. Devo dizer que tive oportunidade de por duas vezes visitar tabancas juntamente com o Pepito. Ele é sempre recebido em festa, tal como fomos nós em Amindara, em Medjo e em Farim.

Discursou o jovem chefe de tabanca, que nos contou um pouco da história de Amindara e das dificuldades que têm tido em conseguir água. Até há um ano atrás ela era transportada de uma fonte no interior da mata e quando essa secava iam buscá-la à Tabanca de S. Francisco. Continuam a não ter escola.

Seguiu-se no discurso uma mulher. Começou com uma frase que dá que pensar.

A alegria no meu coração não tem tamanho, porque eu queria água dar de beber às crianças e não tinha; queria água para cozinhar e não tinha, queria água para lavar a roupa e não tinha…

Quando Pepito ouviu o nosso pedido e disse que iam construir um poço fiquei muito contente. Hoje sou uma mulher feliz.

Seguiu-se outra mulher no discurso. O tema foi o mesmo. Os benefícios para a população por ter água na tabanca. A higiene e limpeza, a pureza da água que reduz as doenças tantas delas fatais, sobretudo nas crianças, as hortinhas de legumes...

A mindjer garandi botou discurso pra partir mantenhas gradecer

 
Uma plateia atenta...

Para a posteridade

Agora só falta a escola, dizia-me um homem de cabelo branco.

Depois… as palavras parece que se recusavam a sair da minha boca, talvez um pouco aturdido com tanta alegria. Eu estava encantado e feliz, mas não conseguia expressar por palavras este estado de espírito.

Amindara foi o inicio de um projecto. Temos de seguir em frente. contrariamente ao que alguns afirmam, a Guiné-Bissau precisa de abrir muitos poços de água para poder atender às necessidades de uma população em crescimento, cuja idade média de vida é 47 anos.

[Texto e fotos de José Teixeira, membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), enviado em mensagem do dia 9 de Maio de 2011]
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8126: Ser solidário (105): 10 poços de água potável para o Cantanhez ... No dia Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, dedicado à "Agua, cultura e património"... e 3 dias depois do Zé Teixeira realizar um sonho...

Guiné 63/74 - P8270: Convívios (338): 5º Encontro/Convívio da CCS do BART 2917, em Montemor-o-Velho, 18 de Junho (Benjamim Durães)


1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72), enviou-nos um convite para a festa anual da sua Companhia e de todas as unidades que estiveram sob o comando do BART 2917.
5º ENCONTRO-CONVÍVIO DA CCS / BART 2917MONTEMOR-O-VELHO
18 DE JUNHO DE 2011
Mobilizam-se os ex-Militares, Familiares e Amigos da CCS/BART 2917 e de todas as Unidades Militares que estiveram sob o Comando do BART 2917 [Cart 2714, 2715 e 2716, CCaç 12; Pel Caç Nat 52, 53 e 63, Pel Rec Daimler 2206 e 3085, Pel Mort 2106 e 2268, Pel Intend A/D 2189 e 3050, 20º Pel Art/GAC 7 e Pel Eng do BENG 447 de Bambadinca], para o para o seu 5º ENCONTRO/CONVÍVIO que vai decorrer no próximo dia 18 de Junho de 2011, a partir das 09h00, no Castelo de Montemor-o-Velho.

O Convívio é no Restaurante “Encosta de São Pedro”, que fica no Bairro de São Pedro na Carapinheira. (com as coordenadas N – 40º 12’ 06” / O - 8º 38’ 36”).
O custo é de 35,00 Euros para adultos e 20,00 Euros para crianças (dos 08 aos 12 anos).


Para quem vier pela Auto Estrada, em Coimbra-Norte toma da Auto Estrada 14 (A14) e sai em Montemor-o-Velho. Depois dirige-se ao Castelo de Montemor-O-Velho (ver no mapa).

Quanto à estadia, a Organização sugere o HOTEL IBIS, na Figueira da Foz (a 100 metros do Casino). Se a marcação for efectuada através da Internet no endereço http://www.ibishotel.com/pt/hotel-2104-ibis-figueira-da-foz/index.shtml o custo é de 35,00 Euros/noite, mas se a for por Telefone: 233 408 190 ou por Fax: 233 408 195 o custo é de 45,00 Euros/noite. A estes valores acresce 6,00 Euros se incluir o pequeno-almoço.

Para quem não tiver computador, poderá solicitar à Organização, que marcará o alojamento.

A organização está a cargo de BENJAMIM DURÃES (Fur Mil) e JOSÉ GONÇALVES SILVA (1º Cabo Radiotelegrafista), ambos da CCS/BART 2917.

Solicita-se a todos os ex-Camaradas de armas que confirmem até dia 05 de Junho as suas presenças, para o BENJAMIM DURÃES – Telemóvel: 93 93 93 315 ou pelo e-mail: duraes.2917@hotmail.com

Para outros casos relacionados com o evento liguem para o JOSÉ GONÇALVES SILVA – Telemóvel: 91 725 33 60; Telefone 239 951 359 ou e-ma: geral@iobom.com; ou filipe.iobom@gmail.com

A ORGANIZAÇÃO:

BENJAMIM DURÃES – Telemóvel 93 93 93 315 - E-Mail : duraes.2917@hotmail.com;

JOSÉ ANTUNES GONÇALVES SILVA – Telemóvel 91 725 33 60 – Telefone - 239 951 359 / 239 951 718 (Empr) – e-mail: geral@iobom.com ou filipe.iobom@gmail.com
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Nota de M.R.:

Vd. o último poste desta série em:
13 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8268: Convívios (331): Pessoal da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Os Terríveis), dia 28 de Maio de 2011 em Fátima (Manuel Maia / Vitor Cordeiro)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8269: (Ex)citações (138): Ainda o caso das fotografias das bajudas (Joaquim Mexia Alves)


1. Comentário de Joaquim Mexia Alves [, o mais alteirão, ao centro, na foto acima, em grupo, em Bolama, acabado de chegar à Guiné, em finais de 1971], de 12 de Maio de 2011, ao poste P8239

Meus caros camarigos:

Estive para não comentar o comentário do Filipe, bem com o outro seguinte do Alberto Guerreiro, mas não aguentei e foi mais forte do que eu.

É que, quando se querem ver as coisas apenas para servir certas convicções, sejam elas de que lado forem, a visão estreita-se, e toma-se a excepção pelo todo.

É que, no fundo, estes comentários vêm sustentar a teoria do anónimo/pseudónimo e vêm sobretudo lançar um labéu sobre os militares portugueses, pelo menos na Guiné.

Como muito bem escreve o Carlos Vinhal, o que eu vi na sua esmagadora maioria, foi um entendimento amigável entre as populações, bajudas ou não bajudas, e os militares portugueses.

O que eu vi foi por vezes deslocações urgentes em pequenas colunas perigosas por causa de uma grávida ou qualquer outro problema.

O que eu vi foram evacuações de elementos da população, desde bajudas a gente mais velha, por causa de diversíssimos problemas.

O que eu vi foi até alguns casos de "paixonetas" ou mesmo "paixões" que provocaram desentendimentos saudáveis.

O que vi no fundo foi muito mais positivo do que negativo.

Se houve problemas como os relatados? Com certeza que houve, porque no meio dos homens bons existem sempre algumas "ovelhas ranhosas"!

Agora também sei e também vi, e também eu próprio passei as minhas "piçadas", quando alguns desses casos eram do conhecimento dos comandos.

E depois vêm as comparações sobre o seu próprio comportamento, que claro, está acima de todos os outros! Até havia alguns como ele, poucos, pelos vistos!!!

E depois ainda o inicio, «Se omitirem este comments, agradecia que o referissem, tal como o seu autor».

Porque é que raio os editores haviam de omitir um comentário assinado e perfeitamente referenciado ?!

O que importa perceber, é que lá por não se assacarem aos militares portugueses as maiores "malfeitorias", que afinal foram só de alguns e muito poucos, não significa que se está a fazer a apologia da guerra, ou seja do que for, mas sim a referir a verdade da maioria esmagadora do comportamento dos militares portugueses.

Um abraço ao Filipe ao Alberto Guerreiro e a todos.
Joaquim Mexia Alves
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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8114: (Ex)citações (137): Mansambo, a emoção do Torcato Mendonça, o memorial da CART 2339 (1968/69)...

Guiné 63/74 - P8268: Convívios (337): Pessoal da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Os Terríveis), dia 28 de Maio de 2011 em Fátima (Manuel Maia / Vitor Cordeiro)

8.º CONVÍVIO DA 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72 (OS TERRÍVEIS)
DIA 28 DE MAIO EM FÁTIMA




(Clicar nas imagens para ampliar)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8262: Convívios (330): Ronco do pessoal da CCS/BCAÇ 2845, realizado no dia 7 de Maio de 2011 na Mealhada (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P8267: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (17): O Cabo velho

1. Mensagem José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 27 de Abril de 2011:

Caro Vinhal
Eis mais uma pequena história para integrar as "Memórias boas da minha guerra".
Esta do "Cabo Velho", passou-se em Espinho no Verão de 1966, no Quartel GACA 3.

Espero que contribua para a malta reviver histórias idênticas.

Um abraço do
Silva

13.º Pelotão/3.ª Incorporação de 1966 > Com esta alegria ainda não se pensa ir para a guerra


Memórias boas da minha guerra (17)

O Cabo velho

O GACA 3 (Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 3) de Espinho, também conhecido pelo nome de “Grande Asilo de Crianças Abandonadas”, funcionava como Centro de Instrução e, também, de Recrutamento dos novos mancebos. Ali, recebíamos os jovens provenientes do norte do País, cada um com a sua personalidade bem vincada, também pelos receios bem evidentes. Porém, também uma grande parte deles trazia uma pontinha de manha, normalmente transmitida pelos seus amigos ex-militares. Nós, os “recepcionistas”, fartávamo-nos de nos divertir com as situações que se iam criando. Aliás, a conversa fora do serviço versava exactamente sobre as situações que cada graduado tinha vivido e que trazia para o nosso grupo de Milicianos.

Entre a Torre de Comando (que servia também para o controlo do movimento na pista de aviação) e a messe, havia um pequeno pavilhão pré-fabricado, onde funcionava o Posto Médico. Apenas me lembro que secretária do médico estava virada para a porta, aberta, por onde entravam os mancebos um a um, a fim de ser injectados com a “vacina de cavalo”. Cá fora, em fila, estendia-se o resto do grupo.

Eram mais de 11h30. Estávamos em finais de Junho (1966), na força do calor. Os mancebos, a partir das 8h00, andam de um lado para outro, em grupos, a “oficializar” a sua entrada no serviço militar. Arrastavam consigo as malas e os sacos com os seus haveres. De entre eles, havia um que não largava um embrulho de papel gorduroso, através do qual já se viam umas iscas de bacalhau frito. Estavam todos em tronco nu à espera da “injecção” do maqueiro Carneiro, conhecido também por Carniceiro. Este parecendo querer mostrar a sua “coragem” e desamor ao próximo, tinha prazer em aplicar, em cada ombro esquerdo, uma agulha das grandes, que, com a sua coroa metálica a brilhar ao sol, fornecia um espectáculo digno de um filme de terror. E como era diligente no seu serviço, logo que tinha uma agulha livre, corria para a próxima vítima. Digamos que fazia tudo para esmorecer os mancebos, desde a aplicação da agulha (tipo cavadela de enxada), até ao acompanhamento gutural-sonoro do seu esforço. Conseguia “apunhalar” cerca de 15 em lista de espera (não havia mais agulhas…).

- Que se passa? – perguntou o Comandante, Major Calejo, que passava junto ao Betinho da Foz, sentado à sombra, aparentando desfalecimento.

O Betinho limitou-se a apontar na direcção daquele espectáculo de ombros nus, com as agulhas espetadas e alinhadas, parecendo postes de alta tensão com ninhos de Cegonha, a atravessar o vale do Baixo Vouga.

O Carniceiro, digo, o Carneiro, logo informou-o que aquele já era o terceiro que tinha desmaiado.

O Major foi-se aproximando e ao verificar que o Fernandes, de Paredes do Coura, tinha sobre o regaço o embrulho gorduroso das iscas de bacalhau, já carregado de moscas, virou-se para ele e investiu:

- Ó rapaz larga lá essa merda, que até incomodas os teus camaradas.

Ao mesmo tempo que lhe estendia as mãos, acrescentou:

- Dá cá isso que eu guardo ali.

O Fernandes, que estava de “pé-atrás”, respondeu:

- Vai-te foder, morcão. Não querias mais nada, cabo velho? O meu irmão bem me avisou: tem cuidado com os mais velhos, que eles roubam tudo.

Silva da Cart 1689
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8199: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (16): Galinha? Cá tem

Guiné 63/74 - P8266: Notas de leitura (238): Estudos, Ensaios e Documentos - Contribuição para o Estudo do Problema Florestal da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
Os estudiosos da biologia das essências florestais da Guiné portuguesa deixaram aos leigos um texto totalmente indigesto tanto nas notas agrológicas, nos inúmeros quadros com parcelas de estudo em que as espécies são apresentadas em latim. Usam uma linguagem científica, aqui e acolá percebemos que estão a falar do bissilão, do pau-sangue, do pau-incenso, do pau-conta, do pau-de-sangue-branco. A certa altura o relator deslumbra-se e diz que a tabá é uma essência dominante na biologia da floresta, pelo seu magnífico coberto, como a imagem documenta.
O estudo inclui fotografias espantosas com as farrobas de lala que ouvia quase todos os dias entre Maná e Chicri, quando ia montar vigilância aos barcos que passavam por Mato de Cão. Os estudiosos queixam-se das queimadas que feitas tão arbitrariamente estavam a impedir a regeneração florestal (a situação, ao que parece, agravou-se consideravelmente na Guiné de hoje).

Outro aspecto curioso do estudo é o tom pessimista utilizado, escreve-se mesmo: “O futuro da riqueza florestal da província apresentar perspectivas poucos animadoras, pois a regeneração natural não permite a manutenção das essências valiosas… Dentro de 40 anos o bissilão terá praticamente desaparecido da floresta seca aberta da nossa Guiné ou, pelo menos, deixará de ter valor económico, atendendo a que podem ficar ainda alguns bissilões defeituosos sem interesse madeireiro”.
Pelos vistos, há mais de 60 anos que ronda a apreensão sobre o futuro das belíssimas e riquíssimas florestas guineenses.

Um abraço do
Mário


Feitiço e assombro das florestas guineenses

Beja Santos

Não é de mais insistir que a década de 50 do século passado foi pródiga em levantamentos científicos na então Guiné portuguesa. Quatro estudiosos deslocaram-se à então província para proceder ao reconhecimento florestal, já então a produção madeireira era uma cobiçada riqueza, impunha-se proceder a uma avaliação do coberto florestal e das consequências ecológicas face à exploração madeireira e até às actividades agrícolas. Nos primeiros meses de 1954, uma equipa chefiada pelo engenheiro agrónomo José Diogo Sampayo d’Orey, director agrícola do Museu Agrícola do Ultramar encetou um estudo que ficou limitado às regiões florestais de Farim e do Cantanhez, a primeira caracterizada pelo seu valor económico e a segunda pela sua especial composição florística.

Como se compreenderá, só se carreia para o blogue o fascínio da imagem, não se vai dissertar sobre ciência florestal nem sobre os valores dos solos. Os estudiosos deleitaram-se, sente-se na escrita, satisfeita e exaltada. Falando dos solos da região de Farim, pontificam: a cor do horizonte superficial é geralmente cinzenta a cinzenta-escura; nos horizontes inferiores, a cor é um tanto variável: desde a cinzenta a parda e castanha, podendo nalguns casos apresentar estas cores com tonalidade avermelhada. A textura varia bastante. Os horizontes superficiais têm geralmente textura franco-arenosa a arenosa. Tal como o jargão que utilizam para os solos da região do Cantanhez, a saber: cor normalmente vermelha, podendo passar ao laranja ou pardo-avermelhado. Ainda que o horizonte superficial nalguns casos seja franco-arenoso, em geral o perfil tem textura franco-argilo-arenosa a argilo-arenosa.

Passando para as florestas, o relatório é indecifrável para os leigos, analisam parcela a parcela. Glorificam estratos herbáceos e arbustivos, falam na regeneração dessas espécies, identificam as árvores da floresta seca aberta de Farim e da floresta seca densa da região do Cantanhez. O que não se pode perceber do estudo não impede que se sinta o esplendor dessas matas por onde andámos, cruzadas por lalas, muitas vezes tendo na orla tarrafe emaranhado, fica-se mesmo a meditar nas lanchas que desembarcavam operacionais que tinham muitas vezes à espera os galheiros na orla da mata, favorecidos pela visibilidade e pela sua natural submersão dentro da massa florestal.

O livro “Contribuição para o estudo do problema florestal da Guiné portuguesa” data de 1956 e foi editado pela Junta de Investigações do Ultramar. Do acervo fotográfico seleccionam-se arbitrariamente algumas imagens ligadas ao nosso passado, à antevisão dos perigos, àquelas travessias que fizemos com alma em desassossego. E o que é curioso é o assombro que rescende do Cantanhez. Dizia o almirante Teixeira da Mota (e ele calcorreou muita África e conheceu a Guiné de ponta a ponta) que o Cantanhez é a mais linda floresta do mundo, o facto é que no mínimo a única fotografia a cores do livro deixa-nos extasiados com a altura das copas e a espessura do verde. Pois vejamos as imagens:



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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8253: Notas de leitura (237): Eduardo Malta, a Exposição Colonial Portuguesa (Porto, 1934) e a Guiné (Mário Beja Santos)